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S14P2 - GLANDULAS SUPRARRENAIS

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S14P2 – GLÂNDULAS ADRENAIS 
EMBRIOLOGIA DAS GLÂNDULAS ADRENAIS 
1. Origem Dual: Uma História de Duas Glândulas 
A glândula adrenal é formada pela união de dois componentes embrionários independentes: 
1. Medula Adrenal (Porção Central): Origina-se do ectoderma, especificamente das células da crista neural. 
2. Córtex Adrenal (Porção Periférica): Origina-se do mesoderma, da lâmina lateral do mesoderma intraembrionário. 
A coexistência de tecidos de origem mesodérmica e ectodérmica na mesma glândula é uma caracterís�ca notável da adrenal. 
2. Desenvolvimento do Córtex Adrenal (Origem Mesodérmica) 
O córtex é a primeira parte a se desenvolver e é responsável pela maior parte do volume da glândula fetal. 
• Formação do Primórdio (5ª-6ª semana): Por volta da 5ª semana, um grupo de células do mesoderma 
epitelial (localizado na parede posterior do corpo, entre a raiz do mesentério dorsal e as gônadas em desenvolvimento) 
prolifera e forma um espessamento. Estas células são de origem mesodérmica e são conhecidas como células 
adrenocor�cais primordiais. 
• Migração e Posicionamento: Essas células se agregam e migram em direção aos pólos craniais dos rins em 
desenvolvimento (os corpos supra-renais embrionários). Aqui, elas se organizam em uma massa compacta, formando 
o córtex adrenal fetal primi�vo. 
• Córtex Fetal e Córtex Defini�vo: O córtex se desenvolve em duas ondas: 
o Córtex Fetal (Zona Fetal): É a camada mais espessa e funcional durante a vida intrauterina. Suas células são 
grandes e eosino�licas, produzindo sulfato de desidroepiandrosterona (S-DHEA), um precursor para a 
produção de estrogênios pela placenta. Esta é a base da unidade feto-placentária. 
o Córtex Defini�vo (Córtex Permanente): Por volta da 10ª-12ª semana, uma segunda leva de células 
mesenquimais envolve o córtex fetal, formando uma camada periférica mais delgada. Após o nascimento, o 
córtex fetal sofre involução rápida (degeneração e desaparecimento), enquanto o córtex defini�vo prolifera e 
se diferencia para formar as três zonas caracterís�cas do adulto: 
 Zona Glomerulosa (mais externa, produz aldosterona). 
 Zona Fasciculada (intermediária, produz cor�sol). 
 Zona Re�cular (mais interna, produz andrógenos). 
3. Desenvolvimento da Medula Adrenal (Origem Ectodérmica) 
A medula tem uma origem completamente diferente e uma jornada de migração notável. 
• Origem na Crista Neural: As células precursoras da medula adrenal se originam das células da crista neural localizadas 
na região torácica do embrião. Estas são as mesmas células que darão origem aos gânglios do sistema nervoso 
simpá�co. 
• Migração e Invasão: Essas células, conhecidas como neuroblastos simpá�cos (ou células cromafins), não se 
diferenciam em neurônios no local de origem. Em vez disso, elas migram ventralmente em direção aos primórdios 
adrenocor�cais. Por volta da 7ª semana, essas células começam a invadir a face medial do primórdio cor�cal em 
desenvolvimento. 
• Penetração e Organização: Os neuroblastos simpá�cos penetram profundamente no córtex, infiltrando-se entre as 
células cor�cais. Eventualmente, eles se agrupam no centro da glândula, formando a medula adrenal. A proximidade 
�sica com o córtex não é acidental; o cor�sol produzido pelo córtex fetal é essencial para a maturação enzimá�ca das 
células da medula, permi�ndo que elas convertam norepinefrina em epinefrina (adrenalina). 
4. Maturação e Mudanças Pós-Natais 
• Tamanho Fetal: As adrenais fetais são desproporcionalmente grandes, representadas principalmente pelo córtex fetal. 
Na época do nascimento, elas são aproximadamente do mesmo tamanho dos rins. 
• Involução do Córtex Fetal: Imediatamente após o nascimento, com a remoção da fonte placentária de estrogênios, o 
córtex fetal entra em apoptose (morte celular programada) e regride rapidamente. Esta é a razão pela qual as adrenais 
do recém-nascido diminuem significa�vamente de tamanho nas primeiras semanas de vida. 
• Crescimento do Córtex Defini�vo: Paralelamente à involução fetal, o córtex defini�vo, que estava em estado 
quiescente, começa a se proliferar e se organizar nas suas três zonas funcionais, um processo que leva vários anos para 
ser completamente concluído. 
5. Anomalias Congênitas e Correlações Clínicas 
• Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC): É a anomalia mais comum e importante. Resulta de um defeito enzimá�co na 
esteroidogênese (geralmente deficiência da 21-hidroxilase). A incapacidade de produzir cor�sol leva a 
um feedback posi�vo excessivo no eixo hipotálamo-hipófise, causando hiperplasia do córtex adrenal. O acúmulo de 
precursores é desviado para a via androgênica, causando virilização em fetos do sexo feminino (genitália ambígua) e 
puberdade precoce em ambos os sexos. Formas graves podem causar perda de sal por deficiência de aldosterona, com 
risco de vida. 
• Anomalias de Posição (Ectopia): Tecido adrenal acessório pode ser encontrado ao longo do trajeto de migração, como 
no ligamento largo uterino, no canal inguinal ou mesmo dentro do rim. Isso é geralmente assintomá�co. 
• Agnesia Adrenal: É extremamente rara e geralmente letal, pois os glicocor�coides e mineralocor�coides são essenciais 
para a vida. 
• Neuroblastoma: É um tumor maligno da infância que se origina dos neuroblastos simpá�cos (a mesma linhagem da 
medula adrenal), frequentemente surgindo na própria glândula adrenal. É um exemplo clássico de tumor pediátrico de 
origem embrionária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTOLOGIA DAS GLÂNDULAS ADRENAIS 
1. Introdução, Localização e Estrutura Macroscópica 
As glândulas adrenais são dois órgãos endócrinos pares, localizados no retroperitônio, imediatamente superiores a cada um 
dos rins, como um "chapéu" sobre eles. Cada glândula é envolvida por uma espessa cápsula de tecido conjun�vo denso que 
emite septos finos para o interior do órgão, fornecendo suporte e conduzindo vasos e nervos. Macroscopicamente, ao ser 
seccionada, a glândula adrenal revela duas regiões dis�ntas, que são funcionais e embriologicamente independentes: 
• Córtex: A região mais externa, de cor amarelada, que corresponde a cerca de 80-90% do volume da glândula. 
• Medula: A região mais interna, de cor marrom-avermelhada, central. 
 
2. O Córtex da Adrenal 
O córtex é derivado do mesoderma e é responsável pela produção de mais de 50 hormônios esteroides diferentes, 
cole�vamente conhecidos como cor�costeroides. Suas células são caracterizadas, ao microscópio eletrônico, por um Re�culo 
Endoplasmá�co Liso (REL) extremamente desenvolvido e por mitocôndrias com cristas tubulares, organelas essenciais para a 
síntese de esteroides. O córtex é dividido em três zonas concêntricas, cada uma com populações celulares e funções específicas. 
2.1. Zona Glomerulosa 
É a camada mais externa, localizada logo abaixo da cápsula. 
• Arranjo Celular: As células se organizam em aglomerados arredondados ou em arcos, semelhantes a glomérulos (daí o 
nome). 
• Tipo Celular e Hormônio: As células da zona glomerulosa são responsáveis pela produção de mineralocor�coides, 
sendo a aldosterona o principal. 
• Função Hormonal: A aldosterona atua nos túbulos renais para promover a reabsorção de sódio (e consequentemente 
de água) e a excreção de potássio. Sua secreção é regulada principalmente pelo sistema Renina-Angiotensina-
Aldosterona (SRAA) e pelos níveis de potássio no sangue. A ACTH hipofisária tem pouca influência. 
• Caracterís�cas Histológicas: 
o As células são colunares ou piramidais, com núcleos rela�vamente densos. 
o O citoplasma é acidófilo (rosa) e menos vacuolado que o das outras zonas, pois contém poucos lipídios. 
 
2.2. Zona Fasciculada 
É a camada mais espessa e central do córtex. 
• Arranjo Celular: As células se dispõem em longos cordões retos ou anastomosados, orientados radialmente em direção 
à medula. Entre esses cordões, existem amplos capilares sinusoides. 
• Tipo Celular e Hormônio: As células da zona fasciculada produzem glicocor�coides, sendo o cor�solo mais 
importante. 
• Função Hormonal: O cor�sol regula o metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios, possui ação an�-inflamatória 
e imunossupressora. Sua secreção é rigidamente controlada pelo hormônio ACTH da adeno-hipófise. 
• Caracterís�cas Histológicas: 
o Estas células são grandes e poliédricas. 
o Seu citoplasma é espumoso ou vacuolizado em cortes de ro�na (H&E). Este aspecto é uma caracterís�ca 
diagnós�ca crucial e deve-se ao fato de as células estarem repletas de go�culas lipídicas que são dissolvidas 
durante o processamento histológico ro�neiro (parafina e solventes). Esses lipídios são ricos em colesterol, o 
precursor para a síntese dos esteroides. 
 
 
 
 
2.3. Zona Re�culada 
É a camada mais interna do córtex, fazendo transição com a medula. 
• Arranjo Celular: As células formam um arranjo em rede (re�culado) de cordões anastomosados irregulares. 
• Tipo Celular e Hormônio: As células da zona re�culada são responsáveis pela produção de andrógenos adrenais, 
principalmente a dehidroepiandrosterona (DHEA) e a androstenediona. 
• Função Hormonal: Estes hormônios são precursores fracos dos hormônios sexuais testosterona e estrogênio. Têm 
maior importância após a menopausa e em situações de excesso (Síndrome de Cushing, Hiperplasia Adrenal 
Congênita). 
• Caracterís�cas Histológicas: 
o As células são menores que as da fasciculada. 
o O citoplasma é acidófilo e pode conter grânulos de um pigmento chamado lipofuscina, que lhe confere uma 
coloração mais acastanhada. 
 
 
 
3. A Medula da Adrenal 
A medula adrenal é derivada da crista neural (ectoderma) e pode ser considerada um gânglio simpá�co modificado. Sua função 
é sinte�zar e secretar as catecolaminas: adrenalina (epinefrina) e, em menor quan�dade, noradrenalina (norepinefrina). 
• Tipo Celular: As células principais da medula são as cromafins ou feocromócitos. Este nome deve-se à sua propriedade 
de corar-se com sais de cromo, tornando-se marrons (reação cromafim), devido ao conteúdo de catecolaminas. 
• Arranjo Celular: As células se organizam em cordões ou aglomerados, formando uma rede extensa e in�mamente 
associada a uma profusa rede de capilares sinusoides e venulas. 
• Inervação: Diferente do córtex, a secreção da medula é controlada por es�mulos nervosos diretos. Fibras nervosas pré-
ganglionares colinérgicas do sistema nervoso simpá�co fazem sinapse diretamente com as células cromafins, 
desencadeando a exocitose dos grânulos de catecolaminas em resposta ao estresse ("luta ou fuga"). 
• Caracterís�cas Histológicas e Ultraestrutura: 
o Ao microscópio de luz (H&E), as células cromafins são grandes, arredondadas ou poliédricas, com um 
citoplasma basófilo granular. Os grânulos são os grânulos de secreção de catecolaminas. 
o Ao microscópio eletrônico, estes grânulos são eletrodensos e são de dois �pos principais: uns contendo 
adrenalina (mais numerosos e menos densos) e outros contendo noradrenalina (mais densos). As 
catecolaminas estão armazenadas em complexo com ATP e proteínas específicas. 
 
• Sistema Venoso Portal Medular: Um aspecto vascular único é que algumas veias da zona re�culada do córtex drenam 
para os sinusoides da medula. Isso significa que as células cromafins são banhadas por sangue com uma concentração 
muito alta de cor�costeroides, em par�cular o cor�sol, que é essencial para a a�vação da enzima feniletanolamina-N-
me�ltransferase (PNMT), que converte noradrenalina em adrenalina. 
4. Vascularização da Glândula Adrenal 
A vascularização da adrenal é complexa e fundamental para sua função: 
1. Artérias: A glândula é irrigada por múl�plas artérias suprarrenais que se ramificam formando um plexo subcapsular. 
2. Circulação Cor�comedular: Desse plexo, os capilares irrigam sequencialmente as três zonas do córtex (glomerulosa -> 
fasciculada -> re�culada). Estes capilares se tornam sinusoides e, ao final da zona re�culada, convergem para duas vias: 
o Entram na medula como capilares medulares. 
o Drenam para veias da medula. 
3. Drenagem Venosa: Toda a drenagem sanguínea da glândula, carregando tanto os hormônios do córtex quanto da 
medula, converge para uma única veia suprarrenal central que emerge do hilo da glândula. 
ANATOMIA DAS GLÂNDULAS ADRENAIS (SUPRARRENAIS) 
1. Conceito Fundamental e Localização 
As glândulas adrenais, também conhecidas como suprarrenais, são duas pequenas glândulas endócrinas situadas no 
retroperitônio, imediatamente superiores a cada um dos rins. O termo "ad-renal" significa literalmente "próximo ao rim", 
descrevendo com precisão sua relação anatômica. 
Cada glândula possui forma triangular direita e forma semilunar esquerda, adaptando-se perfeitamente à topografia dos órgãos 
vizinhos. A adrenal direita repousa sobre o polo superior do rim direito, adjacente ao �gado e à veia cava inferior. A adrenal 
esquerda localiza-se sobre o polo superior do rim esquerdo, em ín�ma relação com o baço, o pâncreas e o estômago. 
2. Estrutura Macroscópica e Relações Anatômicas 
Cada glândula adrenal possui dimensões aproximadas de 5 cm de altura, 3 cm de largura e 1 cm de espessura, pesando entre 
4 e 6 gramas. São envolvidas por uma cápsula fibrosa densa que emite septos para o interior do parênquima. 
A vascularização é extremamente rica, refle�ndo sua função endócrina: 
• Artérias: Recebe sangue de três fontes principais: artéria suprarrenal superior (ramo da artéria frênica inferior), artéria 
suprarrenal média (ramo direto da aorta) e artéria suprarrenal inferior (ramo da artéria renal) 
• Veias: A drenagem venosa é singular - a veia suprarrenal direita é curta e drena diretamente na veia cava inferior, 
enquanto a veia suprarrenal esquerda drena para a veia renal esquerda 
• Inervação: Recebe fibras simpá�cas pré-ganglionares diretamente do tronco simpá�co, que sinapam nas células da 
medula adrenal 
 
3. Organização Histológica: Córtex e Medula 
A arquitetura interna das adrenais revela duas glândulas dis�ntas e funcionalmente independentes em uma única estrutura: 
A) Córtex Suprarrenal 
Compreende aproximadamente 80-90% do volume glandular e origina-se embriologicamente do mesoderma. É dividido em 
três zonas dis�ntas, cada uma especializada na produção de classes específicas de hormônios esteroides: 
• Zona Glomerulosa (Externa): Localizada imediatamente abaixo da cápsula, cons�tui cerca de 15% do córtex. Suas 
células estão dispostas em arranjos semelhantes a glomérulos. É a única zona capaz de sinte�zar aldosterona, o 
principal mineralocor�coide, devido à expressão da enzima aldosterona sintase. 
• Zona Fasciculada (Intermediária): É a camada mais espessa, representando aproximadamente 75% do córtex. Suas 
células organizam-se em cordões ver�cais ou feixes ("fascículos") separados por capilares sinusoides. Estas células são 
ricas em lipídios, dando-lhes aspecto espumoso ou claro ao microscópio. São responsáveis pela produção 
de glicocor�coides, principalmente cor�sol. 
• Zona Re�cular (Interna): É a camada mais profunda do córtex, cons�tuindo cerca de 10% do total. Suas células formam 
um arranjo em rede anastomó�ca. Produz androgênios adrenais, como a deidroepiandrosterona (DHEA) e 
androstenediona. 
B) Medula Suprarrenal 
Representa o componente central da glândula, cons�tuindo 10-20% de seu volume. Origina-se das células da crista neural, 
sendo essencialmente um gânglio simpá�co modificado. Suas células principais são os cromafins, que se coram intensamente 
com sais de cromo. 
A medula é responsável pela produção de catecolaminas: 
• Adrenalina (Epinefrina): 80% da produção 
• Noradrenalina (Norepinefrina): 20% da produção 
As células cromafins recebem inervação colinérgica direta de fibras simpá�cas pré-ganglionares, permi�ndo uma resposta 
rápida ao estresse. 
4. Correlações Clínicas e Importância Prá�ca 
O conhecimento anatômico detalhado das adrenais é fundamental para compreender diversas condições patológicas: 
• Síndrome de Cushing: Resulta do excesso de cor�sol, frequentemente relacionadoa tumores da zona fasciculada 
(adenoma) ou hiperplasia cor�cal 
• Hiperaldosteronismo Primário (Síndrome de Conn): Causado por adenoma da zona glomerulosa, levando a 
hipertensão e hipocalemia 
• Feocromocitoma: Tumor da medula adrenal que produz catecolaminas em excesso, causando hipertensão paroxís�ca 
• Insuficiência Adrenal (Doença de Addison): Destruição progressiva do córtex adrenal, levando à deficiência de cor�sol 
e aldosterona 
A relação ín�ma das adrenais com grandes vasos explica a importância do conhecimento anatômico para procedimentos 
cirúrgicos como a adrenalectomia, onde o risco de sangramento significa�vo está sempre presente. 
MECANISMOS DE FEEDBACK NO EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-ADRENAL (HHA) 
O Eixo HHA é um sistema hierárquico de controle que ilustra magnificamente os princípios de retroalimentação nega�va de 
longa distância. Seu produto final, o cor�sol, é um hormônio vital para a resposta ao estresse, o metabolismo e a modulação 
imunológica. A regulação precisa de sua concentração plasmá�ca é essencial para a homeostasia. 
1. Os Componentes do Eixo e seus Hormônios 
• Hipotálamo (O Centro Integrador Superior): Neurônios neurosecretores localizados principalmente no núcleo 
paraventricular sinte�zam e liberam o Hormônio Liberador de Cor�cotrofina (CRH ou CRF) na veia porta hipofisária. 
• Adeno-Hipófise (Hipófise Anterior - O Mensageiro): Sob es�mulo do CRH, as células cor�cotrofas sinte�zam e 
secretam o Hormônio Adrenocor�cotrófico (ACTH ou Cor�cotrofina) na circulação sistêmica. 
• Córtex da Adrenal (O Órgão-Alvo Final): As células da zona fasciculada do córtex adrenal respondem ao ACTH 
aumentando a síntese e a liberação de glicocor�coides, sendo o cor�sol o principal em humanos. 
2. Os Mecanismos de Feedback Nega�vo: Os "Freios" do Eixo 
O cor�sol exerce feedback nega�vo em pra�camente todos os níveis do eixo para evitar sua própria superprodução. Existem 
três sí�os principais de inibição, que operam em diferentes velocidades e contextos. 
A) Feedback Nega�vo Longo (Tipo 1 - No Hipotálamo e na Hipófise) 
Este é o mecanismo de feedback primário e mais direto, responsável pela regulação basal do cor�sol. 
• Mecanismo: O cor�sol, em concentrações plasmá�cas adequadas ou elevadas, difunde-se passivamente para dentro 
das células do hipotálamo e da adeno-hipófise. 
• Ação Intracelular: Dentro dessas células, o cor�sol se liga ao seu receptor de glicocor�coide (GR). O complexo 
hormônio-receptor atua como um fator de transcrição, migrando para o núcleo. 
• Efeito Genômico (Alteração da Síntese): No núcleo, o complexo liga-se a elementos de resposta específicos no DNA, 
resultando na supressão da transcrição dos genes que codificam o CRH (no hipotálamo) e o ACTH (na hipófise). 
• Resultado: Com menos CRH e ACTH sendo produzidos, o es�mulo para o córtex adrenal diminui, levando a 
uma redução na secreção de cor�sol. Este é um mecanismo lento (minutos a horas), pois depende da síntese de novo 
de RNA e proteínas. 
 
B) Feedback Nega�vo Rápido (Tipo 2 - Na Hipófise) 
Este mecanismo atua de forma mais aguda para amortecer picos abruptos de cor�sol. 
• Mecanismo: Níveis muito elevados e súbitos de cor�sol podem exercer um efeito inibitório na célula cor�cotrofa sem 
necessariamente alterar a transcrição gênica. 
• Ação: Acredita-se que o cor�sol, por meio de mecanismos não genômicos ou pela interação com receptores de 
membrana, inibe a liberação dos grânulos de ACTH prontos para exocitose. Ele também pode reduzir a sensibilidade 
da célula cor�cotrofa ao CRH. 
• Resultado: Uma inibição rápida (segundos a minutos) da secreção de ACTH, impedindo uma resposta excessiva e 
prolongada do eixo. 
C) Feedback Ultra-Short (No Próprio Hipotálamo) 
É um mecanismo de auto-regulação local. 
• Mecanismo: O CRH, uma vez secretado pelo hipotálamo, pode exercer um feedback nega�vo sobre os próprios 
neurônios que o produziram. 
• Resultado: Isso ajuda a modular e limitar a própria liberação de CRH, adicionando mais uma camada de controle de 
precisão ao sistema. 
 
3. Regulação por Feedforward e Ritmicidade 
O Eixo HHA não é controlado apenas por feedback. Dois outros fatores cruciais modulam sua a�vidade: 
• Ritmo Circadiano (Controle Antecipatório): A secreção de CRH e, consequentemente, de ACTH e cor�sol, segue um 
ritmo nictemeral pré-determinado. Os níveis são mais baixos no início da noite, começam a subir durante o sono e 
a�ngem um pico máximo logo após o despertar (por volta das 8h da manhã). Este pico prepara o organismo para os 
desafios do novo dia, sendo um exemplo de controle antecipatório independente dos níveis de cor�sol no momento. 
• Resposta ao Estresse (Feedforward): Es�mulos estressores (�sicos, emocionais, infecciosos) superam 
temporariamente o feedback nega�vo. Através de vias neurais, o estresse aumenta a secreção de CRH, levando a um 
aumento necessário e agudo do cor�sol, essencial para a sobrevivência. Uma vez que o estresse cessa, 
o feedback nega�vo é restabelecido. 
4. Correlações Clínicas e Fisiopatológicas 
A disfunção deste sistema de feedback resulta em doenças endócrinas clássicas: 
• Doença de Cushing (Hipercor�solismo Dependente de ACTH): Geralmente causada por um adenoma produtor de 
ACTH na hipófise. O tumor secreta ACTH de forma autônoma, levando à hiperplasia bilateral das adrenais e excesso de 
cor�sol. O feedback nega�vo está intacto, mas é insuficiente para suprimir o tumor. O cor�sol é alto, o ACTH é normal 
ou alto (quando deveria estar suprimido). 
• Síndrome de Cushing (Hipercor�solismo Independente de ACTH): Causada, por exemplo, por um tumor no córtex 
adrenal que secreta cor�sol de forma autônoma. O cor�sol elevado exerce feedback nega�vo, suprimindo 
completamente a secreção de CRH e ACTH. Neste caso, o cor�sol está alto e o ACTH está indetectável ou muito baixo. 
• Doença de Addison (Insuficiência Adrenal Primária): Destruição do córtex adrenal. A falta de cor�sol remove 
o feedback nega�vo, resultando em aumento compensatório dos níveis de CRH e ACTH. O ACTH está muito elevado, 
mas o cor�sol permanece baixo. 
FISIOLOGIA DOS GLICOCORTICOIDES E A SUA INFLUÊNCIA NO METABOLISMO 
1. O Hormônio Chave: Cor�sol 
O principal glicocor�coide em humanos é o cor�sol. Sua secreção pelo córtex adrenal (zona fasciculada) é governada pelo eixo 
Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA), sob o comando do Hormônio Adrenocor�cotrófico (ACTH). O cor�sol é um hormônio 
esteroide, lipossolúvel, que atua principalmente por mecanismos genômicos, ligando-se a receptores intracelulares que 
modulam a transcrição de genes. 
2. Regulação da Secreção: Ritmo e Resposta ao Estresse 
A secreção de cor�sol não é constante; ela obedece a um ritmo circadiano e a es�mulos agudos. 
• Ritmo Circadiano: Os níveis de cor�sol são mais baixos à noite, começam a elevar-se nas úl�mas horas do sono, 
a�ngem um pico ao acordar (por volta das 8h) e declinam gradualmente ao longo do dia. Este pico ma�nal prepara o 
organismo metabolicamente para as demandas do dia que se inicia. 
• Resposta ao Estresse: Qualquer forma de estresse (�sico, emocional, infeccioso, traumá�co) é um potente es�mulador 
da secreção de ACTH e, consequentemente, de cor�sol. Esta é a clássica resposta de "luta ou fuga", na qual o cor�sol 
mobiliza recursos energé�cos para lidar com a ameaça imediata. 
3. Mecanismo de Ação Celular 
O cor�sol, sendo lipossolúvel, difunde-se passivamente através da membrana plasmá�ca das células-alvo. No citosol, ele se liga 
ao seu Receptor de Glicocor�coide (GR). Este complexo hormônio-receptor sofre uma conformação, transloca para o núcleo e 
atua como um fator de transcrição, ligando-se a sequências específicas no DNA chamadas Elementos de Resposta a 
Glicocor�coides (GRE). 
• Transa�vação: Quando se liga a GREs posi�vos, o complexo es�mula a transcrição de genes específicos. 
• Transrepressão: Quando interfere com outros fatores de transcrição (como NF-κB e AP-1), o complexo inibe a 
transcrição de genes pró-inflamatórios. 
A maioriados efeitos do cor�sol são genômicos, levando de minutos a horas para se manifestarem, pois dependem da 
síntese de novas proteínas. 
4. Influência Completa no Metabolismo 
O cor�sol é essencialmente um hormônio catabólico e gliconeogênico. Sua principal meta durante o jejum e o estresse 
é garan�r um suprimento adequado de glicose para o cérebro. 
A) Metabolismo de Carboidratos 
• Es�mulação da Gliconeogênese Hepá�ca: Este é o efeito metabólico mais crí�co. O cor�sol aumenta a gliconeogênese 
no �gado por múl�plos mecanismos: 
1. Induz a expressão de enzimas chave, como a frutose-1,6-bisfosfatase e a glucose-6-fosfatase. 
2. Fornece substratos: Promove a quebra de proteínas no músculo (catabolismo proteico), liberando aminoácidos 
(principalmente alanina e glutamina) que serão conver�dos em glicose no �gado. 
3. Es�mula a Lipólise, liberando glicerol, outro substrato para a gliconeogênese. 
• Redução da Captação Periférica de Glicose: O cor�sol induz resistência à insulina nos tecidos periféricos, como 
músculo esquelé�co e tecido adiposo. Ele antagoniza a sinalização da insulina, reduzindo a translocação dos 
transportadores GLUT4 para a membrana. Isso "desvia" a glicose circulante para órgãos não dependentes de insulina, 
como o cérebro. 
• Aumento dos Depósitos de Glicogênio Hepá�co: Enquanto inibe a glicogênese no músculo, o cor�sol a es�mula no 
�gado, criando uma reserva rápida de glicose pronta para ser mobilizada via glicogenólise. 
B) Metabolismo de Proteínas 
• Catabolismo Proteico no Músculo e Tecidos Linfoides: O cor�sol aumenta de forma geral a degradação de proteínas e 
inibe a síntese proteica em tecidos periféricos. Este efeito libera aminoácidos para a gliconeogênese, mas leva à 
fraqueza muscular, atrofia da pele e imunossupressão quando crônico. 
• Anabolismo Proteico no Fígado: Paradoxalmente, enquanto cataboliza proteínas periféricas, o cor�sol estimula a 
síntese de proteínas no �gado, incluindo as enzimas da gliconeogênese e proteínas plasmá�cas. 
C) Metabolismo de Lipídeos 
• Es�mulação da Lipólise: O cor�sol potencializa os efeitos de outros hormônios lipolí�cos (como adrenalina e glucagon) 
no tecido adiposo, promovendo a quebra de triglicerídeos em ácidos graxos livres e glicerol. 
• Redistribuição da Gordura Corporal: O cor�sol crônico promove uma redistribuição caracterís�ca da gordura, 
aumentando seu depósito no tronco, face (fácies lunar) e nuca (giba de búfalo), enquanto há redução da gordura nos 
membros. O mecanismo exato é complexo, mas envolve diferenças regionais na expressão de receptores e enzimas no 
tecido adiposo. 
5. Efeitos Sistêmicos Adicionais (Não-Metabólicos) 
A influência do cor�sol vai muito além do metabolismo: 
• Efeito An�-inflamatório e Imunossupressor: Suprime a produção de citocinas pró-inflamatórias (ex.: IL-1, TNF-α), inibe 
a proliferação de linfócitos T e a função de fagócitos. Esta é a base do seu uso farmacológico. 
• Efeito Cardiovascular: Aumenta a sensibilidade vascular aos agentes vasoconstritores (como as catecolaminas), 
ajudando a manter o tônus vascular e a pressão arterial. 
• Efeito no Sistema Nervoso Central: Modula o humor, o comportamento e o ciclo sono-vigília. 
EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-GLÂNDULAS ADRENAIS E SUA RELAÇÃO COM O SISTEMA IMUNOLÓGICO 
1. O Eixo HHA 
O Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) é o principal sistema neuroendócrino de resposta ao estresse. 
• Hipotálamo: Libera o Hormônio Liberador de Cor�cotrofina (CRH). 
• Hipófise Anterior (Adeno-hipófise): Responde ao CRH liberando o Hormônio Adrenocor�cotrófico (ACTH). 
• Córtex Adrenal: Responde ao ACTH produzindo e liberando glicocor�coides, sendo o cor�sol o principal em humanos. 
O produto final, o cor�sol, exerce um potente feedback nega�vo sobre o hipotálamo e a hipófise para limitar sua própria 
produção, garan�ndo um controle rígido. 
2. A Conexão Bidirecional: O Sistema Imune A�va o Eixo HHA 
O sistema imunológico não é um sistema isolado. Quando a�vado, ele se comunica diretamente com o cérebro, funcionando 
como um "sensor" de ameaças internas (como infecções e lesões teciduais). 
Mecanismos de A�vação: 
1. Citoquinas Pró-Inflamatórias como Sinalizadores: Quando macrófagos e outras células do sistema imune inato 
detectam um patógeno (ex.: uma bactéria), elas liberam um conjunto de moléculas sinalizadoras chamadas citoquinas 
pró-inflamatórias. As três mais importantes neste contexto são: 
o Interleucina-1 (IL-1) 
o Interleucina-6 (IL-6) 
o Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α) 
2. Sinalização para o Cérebro: Essas citocinas atuam como mensageiras hormonais. Elas a�ngem o cérebro através de 
várias portas: 
o Áreas com Barreira Hematoencefálica Permeável: Em regiões especializadas chamadas órgãos 
circunventriculares, a barreira é "vazada", permi�ndo que as citocinas acessem neurônios sensoriais. 
o A�vação de Nervos Aferentes: Citocinas podem a�var terminais nervosos do nervo vago no �gado e em outros 
órgãos periféricos, que enviam sinais para o cérebro. 
o Transporte A�vo: Algumas citocinas são a�vamente transportadas para dentro do cérebro. 
3. A�vação do Hipotálamo: Ao a�ngir o hipotálamo (especificamente o núcleo paraventricular), as citocinas es�mulam 
a secreção de CRH. A IL-1 é par�cularmente potente nesse es�mulo. 
4. A�vação do Eixo HHA: O CRH, por sua vez, desencadeia a cascata HHA convencional, culminando na liberação de 
cor�sol para a corrente sanguínea. 
Significado Adapta�vo: Esta a�vação é fundamental para a sobrevivência. A infecção ou inflamação é uma forma potente de 
estresse fisiológico, e o corpo mobiliza o eixo HHA como parte de uma resposta coordenada para lidar com essa ameaça. 
3. A Resposta do Eixo HHA: O Cor�sol como Modulador Imunológico 
O cor�sol, uma vez liberado, exerce efeitos profundos e predominantemente supressores sobre o sistema imunológico. Este é 
o componente de feedback nega�vo do ciclo, essencial para evitar que a resposta imune se torne excessiva e prejudicial ao 
próprio organismo (autoagressão). 
Mecanismos de Supressão Imunológica pelo Cor�sol: 
1. Inibição da Produção de Citoquinas Pró-Inflamatórias: O cor�sol, ao ligar-se ao seu receptor intracelular (GR) nas 
células imunes, suprime a transcrição dos genes que codificam a IL-1, IL-6, TNF-α e outras citocinas inflamatórias. Este 
é seu efeito mais importante. 
2. Inibição da Função de Células Imunes: 
o Linfócitos T: Reduz a proliferação e a a�vidade das células T auxiliares (Th1), diminuindo a resposta imune 
celular. 
o Macrófagos/Monócitos: Inibe a sua a�vidade fagocí�ca e a sua capacidade de apresentar an�genos aos 
linfócitos. 
o Eosinófilos e Basófilos: Induz apoptose (morte celular programada) em eosinófilos e reduz a liberação de 
histamina por basófilos, atenuando reações alérgicas. 
3. Estabilização de Membranas e Redução da Permeabilidade Vascular: O cor�sol ajuda a conter o processo inflamatório, 
limitando o extravasamento de fluidos e a migração de células imunes para o local da inflamação. 
O Paradoxo e a Regulação Fina: Portanto, temos um ciclo de regulação perfeito: 
Inflamação/Sistema Imune → (via citocinas) → A�va o Eixo HHA → Cor�sol → Suprime a Inflamação/Sistema Imune. 
O cor�sol age como um "freio" ou "tampão" fisiológico na resposta imune, prevenindo que ela saia de controle. 
4. Implicações Clínicas e Fisiopatológicas 
O desequilíbrio nesta interface tem consequências profundas: 
• Resposta Inadequadamente Baixa do Eixo HHA: Se o eixo HHA não responder vigorosamente a uma infecção grave, a 
falta do "freio" do cor�sol pode permi�r que a resposta inflamatória se torne descontrolada, contribuindo para 
a Sepse e a Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), condições com alta mortalidade. 
• Excesso de Cor�sol (Síndrome de Cushing): A supressão imunológica crônica torna o indivíduo extremamente 
suscep�vel a infecções (bacterianas, fúngicas e virais) e pode rea�var infecções latentes, como a tuberculose. 
• Deficiência de Cor�sol (Doença de Addison): Na criseaddisoniana, a falta do cor�sol pode se manifestar como febre, 
hipotensão e colapso cardiovascular, em parte devido à falta do freio an�-inflamatório em uma situação de estresse. 
• Uso Farmacológico de Glicocor�coides: A administração terapêu�ca de cor�costeroides (como a prednisona) é uma 
aplicação direta deste conhecimento. Eles são usados intencionalmente para suprimir respostas imunológicas 
indesejadas em doenças autoimunes (ex.: Lúpus, Artrite Reumatoide) e para prevenir a rejeição em transplantes de 
órgãos. 
Referência 
MOORE, Keith L.; PERSAUD, T. V. N.; TORCHIA, Mark G. Embriologia Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Capítulo 13: 
Sistema Urogenital, p. 105-107. 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 
SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

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