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Fundamentos da Psicologia da Saúde 2

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Fundamentos da Psicologia da Saúde 
A Psicologia da Saúde é uma área que se consolidou recentemente, porém 
é uma das que mais absorvem profissionais de Psicologia no Brasil. 
Fenômenos sociais, como a reforma psiquiátrica e a criação do SUS, 
abriram um vasto campo para a pesquisa e a atuação do psicólogo. 
Trata-se de um campo interligado a outras áreas da Psicologia, tais como: 
Psicologia Comunitária, Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar. Mas, ao 
mesmo tempo em que ressaltamos esta interseção, afirmamos a 
necessidade de diferenciar a Psicologia da Saúde e a abrangência de sua 
proposta, que engloba toda a reflexão e atuação nos diversos setores da 
saúde. 
Neste sentido, o psicólogo que atua no hospital psiquiátrico, por exemplo, 
está atuando na área da saúde. Mas a Psicologia da Saúde não se restringe 
àquela aplicada no contexto psiquiátrico. A Psicologia Preventiva 
comunitária, o atendimento a doentes terminais, o acompanhamento de 
pacientes com transtornos alimentares, por exemplo, são exercícios 
diferentes que estão inseridos nesta área da Psicologia. 
Esta disciplina tem como objetivo refletir sobre os principais conceitos 
associados à inserção do psicólogo na área da saúde. Abordaremos as 
principais características do Sistema Único de Saúde (SUS) e suas 
repercussões no campo da Psicologia. Também destacaremos as principais 
áreas de atuação que fazem parte da Psicologia da Saúde, assim como a 
importância da interdisciplinaridade para o cuidado com a saúde. 
Aula 1: A Psicologia da Saúde: definição e contextualização 
Definição de Psicologia da Saúde. O desenvolvimento histórico e atuação 
desta área da Psicologia. A importância da visão multidisciplinar. A 
formação do psicólogo para o setor da saúde. 
Aula 2: Políticas de saúde no Brasil: a Criação do SUS 
acolhimento e classificação de risco. 
Aula 3: A Política Nacional de Atenção Básica 
Definição e princípios da atenção básica. As características do trabalho das 
equipes. Diretrizes dos Pactos: pacto pela vida, pacto em defesa do SUS e 
pacto de gestão do SUS. Os três níveis de atenção e o papel do psicólogo. 
Aula 4: Atuação do psicólogo nos programas de DST/AIDS 
Dimensão ético-política do atendimento a pessoas com DST, HIV e Aids. A 
psicologia e o campo DST/Aids. Atuação do psicólogo em programas de 
DST/Aids. Gestão do trabalho nos programas de DST/Aids: princípios do 
SUS na prática cotidiana e o trabalho em equipe multiprofissional 
Como se constituiu e o que é o SUS. O Movimento Sanitário. Como era a 
atenção à saúde antes do SUS. Leis orgânicas da saúde. Atribuições e 
competências do SUS. A política de 
 
Aula 5: : Saúde Mental e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) 
O significado do termo saúde mental. A desospitalização e a inclusão 
social do doente mental. O que são e como surgiram os CAPS. Principais 
objetivos. Atividades terapêuticas oferecidas. Diferentes tipos de CAPS 
para demandas diferenciadas. A composição das equipes. A relação dos 
CAPS com a Rede de Saúde Básica e com a comunidade. As oficinas 
terapêuticas. 
Aula 1: A Psicologia da Saúde: definição e contextualização 
Introdução 
O estudo da Psicologia é dividido em várias áreas, cada uma indicando um 
campo conceitual e uma área de aplicação específica. Psicólogos 
especializam-se, de acordo com o objeto de estudo, e atuam na saúde, na 
pesquisa social, no contexto hospitalar, na área jurídica, na clínica, entre 
outras. 
 Antes de estudarmos os diversos desdobramentos de um dos campos da 
Psicologia, é fundamental compreender seus fundamentos. Nesse sentido, 
começamos a abordagem da Psicologia da Saúde explicando o significado 
deste termo, abordando seu desenvolvimento histórico e demarcando 
esta área de atuação em relação a outras que são relacionadas a ela 
A Psicologia da Saúde tem por objetivo a promoção e manutenção da 
saúde e a prevenção da doença. Trata-se de um campo multidisciplinar 
interligado a outras áreas da Psicologia, tais como: Psicologia Comunitária, 
Clínica e Hospitalar. 
Ao mesmo tempo em que ressaltamos esta interseção, afirmamos a 
necessidade de diferenciar a Psicologia da Saúde e caracterizar seu campo 
de atuação, que abrange toda a reflexão e atuação nos diversos setores da 
saúde. 
Nesse sentido, o psicólogo que atua no contexto hospitalar, por exemplo, 
está atuando na área da saúde. Mas a Psicologia da Saúde não se restringe 
à Psicologia aplicada a este contexto. A Psicologia Preventiva Comunitária, 
o atendimento a doentes terminais, o acompanhamento de pacientes com 
distúrbios alimentares são exercícios diferentes que também estão 
inseridos no objeto do nosso estudo. 
Atuação do Psicológo 
Alguns Teoricos abordam a atuação do psicólogo psicologia social: 
Para Matarazzo, a Psicologia da Saúde agrega conhecimentos que 
permitem ao psicólogo atuar: 
“Na promoção e na manutenção da saúde, na prevenção e no tratamento 
da doença, na identificação da etiologia e no diagnóstico relacionados à 
saúde, à doença e às disfunções, bem como no aperfeiçoamento do 
sistema de política da saúde” (MATARAZZO apud ANGERAMI, 2002, p.13). 
 
Angerami ressalta que as noções de saúde e doença englobam uma 
complexa interação entre aspectos físicos, psicológicos, sociais e 
ambientais. É fundamental que as diversas abordagens dentro do campo 
da saúde possam se harmonizar “no sentido de promoverem uma 
compreensão que não deixe de fora nenhum dos aspectos desse 
processo” (ANGERAMI, 2002, p.12) 
A atuação do psicólogo no campo da saúde é, desta forma, orientada para 
uma prática multidisciplinar. Para isso, é importante assinalar que a 
formação do psicólogo deve contemplar conhecimentos que englobem as 
bases biológicas, sociais e psicológicas da saúde e da doença. 
Breve histórico da Psicologia da Saúde 
A Associação Brasileira de Psicologia da Saúde (ABPSA) foi fundada em 
2006. É uma associação com propósitos científicos e educacionais, que, 
além de incentivar a pesquisa, visa “facilitar a troca de informação, 
conhecimento e experiência entre seus membros, estimulando iniciativas 
que viabilizem redes de apoio mútuo” (ABPSA, 2012). 
Percebemos que é recente a preocupação em formalizar, dentro da 
Psicologia, um campo específico para estudos e intervenção no setor da 
saúde. Talvez por isso ainda haja certa dificuldade de definir estritamente 
o campo da Psicologia da Saúde, sem confundi-lo com outros afins. 
Apesar de recente do ponto de vista formal, o crescimento dessa área, no 
Brasil, é expressivo. Nos últimos vinte anos, aproximadamente, o setor, o 
que torna ainda mais instigante a pesquisa, ressaltando a importância de 
investigar e definir cuidadosamente os conceitos e práticas relativos à 
Psicologia da Saúde. de saúde pública foi o que mais absorveu psicólogos. 
Entretanto, a produção científica ainda é insuficiente. 
Psicologia da Saúde e sua relação com a Psicologia Hospitalar e a 
Psicologia Comunitária 
Vimos até aqui que atuar no campo da Psicologia da Saúde demanda uma 
visão multidisciplinar, que implica a intercessão entre diferentes 
abordagens sobre os fenômenos da saúde. Mas, além de estar preparado 
para atuar em uma equipe interdisciplinar, é importante que o psicólogo 
conheça outros campos da Psicologia que fazem interface com a 
Psicologia da Saúde. 
Nesse sentido, a seguir, faremos uma breve apresentação de duas que 
balizam a Psicologia da Saúde: a Psicologia Hospitalar e a Psicologia 
Comunitária. Essas duas áreas cresceram muito nos últimos anos, 
recebendo destaque na pesquisa teórica e social (de levantamento). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A formação do psicólogo para a atuaçãona área de saúde 
Para finalizar essa exposição introdutória sobre a Psicologia da Saúde, 
vamos ressaltar alguns aspectos importantes da formação do psicólogo 
para a atuação na área de saúde. Uma das preocupações do psicólogo da 
saúde é compreender como intervir levando em conta as demandas 
individuais, o sistema de saúde e os aspectos sociais. 
É comum o pensamento de que o psicólogo clínico, que pretende atender 
em consultório particular, não precisa compreender o funcionamento do 
sistema público de saúde no qual está inserida a sua prática. Entretanto, 
no contexto brasileiro contemporâneo, poucos são os psicólogos que 
trabalham apenas dentro dos consultórios. E, mesmo para os têm apenas 
essa prática, é fundamental o conhecimento mais amplo da carreira que 
escolheu. 
A formação do psicólogo, mais especificamente do psicólogo que 
pretende atuar na área da saúde, deve contemplar conhecimentos de 
bases biológicas, sociais e psicológicas da saúde (ARRUDA, 2003). 
Neste sentido, é importante: 
• Estudo das bases orgânicas do comportamento; 
• Ter uma boa noção de Psicologia Social e trabalho com grupos; 
• Conhecimento da realidade brasileira; 
• Entender sobre a política de saúde pública. 
De fato, se a Psicologia da Saúde está inserida numa abordagem 
multidisciplinar da saúde e da doença, é fundamental que o psicólogo 
tenha conhecimentos básicos das áreas com as quais vai dialogar. 
A criação do SUS e a atuação dos psicólogos 
Quanto ao conhecimento do funcionamento e regulamentação da saúde 
pública, ressaltamos que a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) fez 
nascer um panorama diversificado para a atuação dos psicólogos, a partir 
da política dos níveis de atenção e da organização, acolhimento e 
classificação de risco. 
Para a inserção nesse contexto, que se afirma cada vez mais como 
mercado de trabalho para o psicólogo, é importante conhecer sua 
proposta, limites e facilidades proporcionados ao saber psicológico. 
Assim, afirma-se a importância de uma formação que se desloca da ênfase 
na clínica tradicional e contempla a saúde em seus diversos aspectos: 
biológico, psicológico e social. O psicólogo está dentro de um campo 
maior do que os limites da Psicologia, mas deve atuar a partir de sua 
formação específica. 
 Desta forma, não se trata de suprimir a formação clínica, mas de valorizar, 
na formação do psicólogo, a diversidade do conhecimento, preparando o 
profissional para o contexto multidisciplinar contemporâneo. 
Aula 2: Criação e funcionamento do SUS 
A saúde no Brasil até 1987 
Antes do Sistema Único de Saúde (SUS) ser criado no Brasil, em 1988, o 
cenário da saúde brasileira era o seguinte: 
Até 1987, apenas trabalhadores com carteira assinada tinham acesso ao 
atendimento na rede pública de saúde, por serem segurados pela 
previdência social. 
As ações de promoção da saúde eram responsabilidade do Ministerio da 
Saúde, que desenvolvia quase todas as campanhas que visavam à 
prevenção de doenças, como informação sobre o controle de endemias e 
vacinação. 
A assistência médico-hospitalar era prestada pelo Instituto Nacional da 
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), contralado pelo 
mistério da previdência e assistência social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Lei 8.080/90 de 19.09.90 
O SUS é definido pelo artigo 198 da Constituição Federal Brasileira (1988) 
e regulamentado pela Lei 8080 promulgada em 19 de setembro de 1990. 
A lei estabelece a integração das ações e serviços de saúde, substituindo 
um sistema regionalizado e hierarquizado. A saúde é assegurada, na 
Constituição Brasileira, como um dever do Estado. Mas nesse contexto, o 
Estado não diz respeito apenas ao governo federal. O Poder Público, no 
que diz respeito à saúde, abrange a União, os Estados e os municípios. A 
implementação do SUS implica a integração das obrigações de todas as 
esferas do governo e a construção de políticas setoriais, adequadas às 
diferentes realidades regionais. 
A lei Orgânica da Saúde regulamenta as ações do SUS em todo o território 
nacional, estabelecendo diretrizes e detalhando as competências de cada 
esfera governamental. A lei: 
“Determina como competência do SUS a definição de critérios, valores e 
qualidade dos serviços. Trata da gestão financeira, define o Plano 
Municipal de Saúde como base das atividades e da programação de cada 
nível de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços 
nos atendimentos públicos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 
Na lei 8.080/1990 estão formuladas a estrutura do SUS e as bases para o 
seu funcionamento. Faz parte da legislação que ampliou a definição de 
saúde, considerando-a também a partir de aspectos sociais, dentro da 
noção de qualidade de vida. Assim, são levados em conta diversos fatores 
determinantes, como: alimentação, moradia, saneamento básico, 
trabalho, educação, lazer e acesso a bens e serviços essenciais. 
A Lei 8.142/90 de 28.12.90 
A Lei 8.142/90 trata do papel e participação da comunidade na gestão do 
SUS e da transferência de recursos financeiros entre União, estados e 
municípios. Fica estabelecida a participação da comunidade, que deve ser 
concretizada através dos Conselhos de Saúde. 
 
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) institui um espaço de participação 
social na administração do Sistema Público. O Conselho Nacional 
consolida o controle social por intermédio dos Conselhos Estaduais e 
Municipais. 
“O CNS é uma instância coletiva, com poder de decisão. Ligado ao Poder 
executivo, é composto por 50% de usuários, 25% de trabalhadores de 
saúde e 5% de prestadores de serviços. Representantes do governo, 
profissionais de saúde e usuários estão entre os participantes e o número 
de conselheiros varia entre 10 e 20 membros. O Presidente é eleito entre 
os membros e a representação depende da realidade existente em cada 
área, preservando-se o princípio da paridade em relação aos usuários” 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 
Quanto ao funcionamento, as reuniões ordinárias do CNS ocorrem uma 
vez por mês, podendo haver reuniões extraordinárias por convocação do 
Presidente do Conselho ou por deliberação do plenário (fóruns 
deliberativos). Ente as atribuições dos Conselhos de Saúde, destacam-se: 
• Propor a adoção de critérios que definam qualidade e melhor 
funcionamento do sistema de saúde; 
• Fiscalizar a movimentação de recursos; 
• Propor critérios para a execução financeira e orçamentária do Fundo de 
Saúde; 
• Examinar propostas e denúncias; 
• Estimular a participação social na administração do SUS (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2012). 
Novas premissas 
As leis 8.080/90 e 8.142/90 preveem os princípios de funcionamento do 
SUS, baseados em premissas que modificam a concepção de saúde e, 
consequentemente, o modelo de assistência: 
“O Sistema Único de Saúde é, por definição constitucional, um sistema 
público, nacional e de caráter universal, baseado na concepção de saúde 
como direito de cidadania e nas diretrizes organizativas de: 
descentralização, com comando único em cada esfera de governo; 
integralidade do atendimento; e participação da comunidade. A 
implantação do SUS não é facultativa e as respectivas responsabilidades 
de seus gestores – federal, estaduais e municipais – não podem ser 
delegadas. O SUS é uma obrigação legalmente estabelecida” (CONSELHO 
NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2012). 
Política do SUS 
A política que rege o SUS determina: 
A descentralização (os estados e municípios passam a fornecer 
atendimento conforme as necessidades locais). 
A integralidade do atendimento (disponível a todos os cidadãos). 
A participação da comunidade nas decisõesimportantes relativas à saúde 
pública. 
Os princípios do SUS 
Dentro do programa de políticas públicas para a saúde, existem princípios 
(alguns já mencionados no tópico anterior) que são elementos fundadores 
da visão ampliada de saúde, associados às ações de promoção, proteção e 
recuperação da saúde. São elementos doutrinários e de organização do 
SUS. Dentre eles, destacam-se: 
Universalidade 
A saúde passa a ser vista como um direito de todos, como afirma a 
Constituição Federal de 1988. Promover e garantir a atenção à saúde para 
toda a população brasileira, sem distinção, torna-se obrigação do Estado. 
Esta foi a principal reivindicação do movimento sanitarista, que 
impulsionou a reformulação da política púbica no setor de saúde e a 
criação do SUS. 
Descentralização político-administrativa 
O processo de descentralização, como já foi visto, consiste na 
redistribuição do poder, estabelecendo uma nova relação entre os três 
níveis (esferas) do governo – federal estadual e municipal. Desta forma, 
cada uma das esferas tem atribuições próprias. Os municípios têm 
assumido papel cada vez mais importante no gerenciamento dos próprios 
recursos e demandas específicas da população. 
Integralidade 
A partir da criação do SUS, a atenção à saúde inclui tanto o tratamento 
quanto a prevenção da doença, englobando os meios individuais e os 
coletivos. As necessidades de saúde das pessoas ou de grupos devem ser 
levadas em conta. Cabe ressaltar que, dentro da visão ampliada de saúde, 
a qualidade do serviço oferecido também é valorizada, e não apenas o 
número de atendimentos. 
 
Equidade 
O princípio da equidade refere-se à igualdade de oportunidades. Todos 
devem ter acesso ao sistema de saúde. Leva-se em conta a desigualdade 
de condições socioeconômicas que caracteriza o Brasil. A partir das 
disparidades regionais, que englobam fatores sociais e econômicos, as 
necessidades da população variam no que diz respeito à saúde. Porém, de 
acordo com a Lei Orgânica da Saúde, mesmo dentro da diversidade, é 
fundamental garantir a igualdade com relação ao acesso à saúde. 
Equidade, nesse contexto, é compreendida como sinônimo de igualdade, 
no sentido de “igualdade de condição” para o acesso à saúde. 
Participação da comunidade 
Esse princípio também é chamado de controle social. É regulado pela lei 
nº 8.142, que garante o direito de participação dos usuários na gestão do 
SUS. Essa participação se dá através dos Conselhos de Saúde, que são 
órgãos colegiados organizados em todos os níveis (nacional, estadual e 
municipal) e também através das Conferências de Saúde, que acontecem 
a cada quatro anos. Trata-se de dispositivos que visam à democratização 
das decisões no campo da saúde, dando à população papel ativo na gestão 
e fiscalização da política pública da saúde. 
Esses princípios são elementos que fundamentam a proposta do SUS, de 
atenção à saúde de forma global – da prevenção ao restabelecimento –, 
promovendo a aproximação dos cidadãos às instâncias político-
administrativas, com o objetivo de garantir a universalidade do acesso à 
saúde. 
O SUS e a cidadania 
O movimento que culminou na criação do SUS representa um avanço no 
que diz respeito à valorização da cidadania. Paim (2011) observa que, 
mesmo sendo visível a distância entre a formalização e a garantia 
concreta, a implementação do SUS representa um avanço e uma iniciativa 
que vai ao encontro do direito à cidadania. Segundo o autor, é um desafio 
manter uma gestão descentralizada num país com uma dimensão 
territorial do Brasil. 
A gestão descentralizada é um tema que demanda reflexão constante por 
parte dos envolvidos no setor da saúde, assim como fiscalização e 
tomadas de decisão que avaliem a situação local e as especificidades de 
cada região. Ressaltamos, ao finalizar esta aula, a importância da difusão 
da informação, com o objetivo de promover para a população a 
consciência do direito à saúde. 
A educação em saúde é um tema fundamental, que pode ser 
compreendido como: 
“Processo que objetiva promover, junto à sociedade civil, a educação em 
saúde, baseada nos princípios da reflexão crítica e em metodologias 
dialógicas (ou seja, que tenham como base o diálogo). É instrumento para 
a formação de atores sociais que participem na formulação, 
implementação e controle social da política de saúde e na produção de 
conhecimentos sobre a gestão das políticas públicas de saúde, o direito à 
saúde, os princípios do SUS, a organização do sistema, a gestão estratégica 
e participativa e os deveres das três esferas de gestão do SUS” 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). 
Dentro da concepção ampliada de saúde, a educação é contemplada 
como um dos fatores condicionantes. A educação em saúde, 
especificamente, faz parte da preocupação com a prevenção da saúde, 
seja levando informações sobre doenças e cuidados essenciais, seja 
propagando os direitos do cidadão assegurados pela política pública 
vigente. A conscientização é o primeiro passo para a participação efetiva 
dos usuários na gestão do SUS. 
 
Aula 3: A Política Nacional de Atenção Básica 
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) 
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) foi aprovada pela Portaria 
648/GM, em 2006, pelo Ministério da Saúde. Ela direciona o olhar para a 
porta de entrada do SUS através da organização da atenção básica, 
ressaltando a importância do PSF – Programa de Saúde da Família – e do 
Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). 
Definição e princípios da atenção básica 
O modelo de atenção básica utilizado no Brasil leva em consideração a 
regionalização, ou seja, cada município oferece serviços de atenção básica 
conforme as necessidades da sua população local. 
Os serviços da atenção básica são direcionados para crianças, 
adolescentes, mulheres, adultos, idosos e famílias. 
 
O objetivo é atender as prioridades que dizem respeito a cada público 
específico. 
O programa de atenção integral a saúde da mulher, por exemplo, pode 
oferecer serviços que vão deste a implantação de um centro da mulher 
com ações voltadas para exames até o planejamento familiar. 
Definição e princípios da atenção básica 
O conjunto de ações – coletivas ou individuais – que engloba a prevenção 
de doenças, a promoção e a proteção da saúde denomina-se Atenção 
Básica. 
Suas características estendem-se também ao diagnóstico, tratamento, 
reabilitação, manutenção e tudo o que diz respeito à saúde que se 
relacione diretamente com os serviços oferecidos no que se denomina 
atenção primária. 
É relevante considerar que: 
Os princípios do SUS orientam suas bases de ações: universalidade, 
integralidade, equidade, participação social. O foco é o acesso a serviços 
de saúde que permitam o cuidado humanizado, a construção do vínculo e 
sua continuidade com o serviço de referência. 
As tecnologias básicas e os recursos humanos devem atender aos 
problemas de maior relevância na comunidade no qual o serviço está 
sendo oferecido. 
A atenção básica está voltada para a população territóriolizada, ou seja, 
que tem um território definido para seus programas e ações, o que se 
denomina população de referência e comunidade adscrita-aquela que 
esta circunstância nas adjacências das comunidades onde está inserido 
um determinado programa ou serviço e que também recebe benefícios. 
Fatores sociais do processo saúde/doença 
A principal estratégia da atenção básica é o Programa da Saúde da Família, 
que conta com uma equipe de profissionais que atuam em conjunto para 
avaliar as necessidades de saúde da comunidade em que a Unidade Básica 
de Saúde (UBS) que lhe dá suporte está inserida.Alguns pontos que o PSF utiliza como base de atuação são: 
(Quando a atenção básica não tem serviços adequados para um 
determinado caso, este é encaminhado para a rede de saúde de nível de 
maior complexidade, como os hospitais gerais e especializados, por 
exemplos. 
Redução de sofrimento e de danos; 
Prevenção de doenças e promoção de saúde; 
Qualidade de vida; 
Saúde mental. 
Diretrizes das Unidades Básicas de Saúde 
Há diretrizes preconizadas para as Unidades Básicas de Saúde no que diz 
respeito a: 
Equipe profissional 
Composta por: médico, enfermeiro, cirurgião-dentista, auxiliar de 
consultório dentário ou técnico de higiene dental, auxiliar de enfermagem 
ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. 
Outros profissionais, como assistente social, psicólogo, fisioterapeuta, 
podem ser incluídos na equipe conforme a necessidade local. 
Espaço adequado 
Espaço para o atendimento à população pelos profissionais de saúde: 
consultórios específicos e apropriados para a prática profissional. 
Importante! 
A implantação de uma Unidade Básica de Saúde se dá conforme o número 
de habitantes, então, em grandes centros urbanos, é recomendado uma 
unidade de UBS sem o Programa de Saúde da Família para cada 30 mil 
habitantes. Já as Unidades Básicas de Saúde com o PSF devem ter como 
referência 12 mil habitantes cada. 
Organização do espaço 
Recepção, local para arquivos, sala para enfermagem, sala de vacinas, 
banheiros, equipamentos e materiais necessários à prática profissional de 
cada agente de saúde que atua no programa. 
Trabalho das equipes de atenção básica 
Conheça agora algumas características do trabalho das equipes de 
atenção básica: 
Território de Atuação 
O trabalho das equipes de atenção básica deve ter como referência seu 
território de atuação, ou seja, a população adscrita. Se uma unidade de 
saúde, que conta com os profissionais atuando no Programa de Saúde da 
Família, oferece serviços de saúde básicos, o esperado é que os problemas 
de saúde sejam atendidos com prioridade, conforme a demanda existente 
na comunidade. 
Grupos de Riscos 
As ações voltadas para os grupos de risco também são muito valorizadas, 
pois fatores comportamentais, alimentares, ambientais, hábitos de 
higiene, podem prevenir ou acelerar o aparecimento de doenças. Para tal, 
se faz necessário a utilização de parcerias com outras secretarias do 
Município que possam contribuir para uma educação sanitária, para a 
prática de exercícios físicos, para hábitos saudáveis que permitam uma 
saúde biopsicossocial. 
Educadores 
Os agentes de saúde são também educadores, pois todo o processo de 
promoção de saúde e prevenção de doenças passa pelo desenvolvimento 
de ações educativas que devem envolver a comunidade de forma 
participativa na construção da qualidade de vida. 
Assistência Integral 
É importante ressaltar que as ações do SUS, incluindo aqui a atenção 
básica, devem estar pautadas em uma assistência integral que garanta 
acesso aos outros níveis de atenção à saúde. O atendimento humanizado, 
preconizado pelo HumanizaSUS , deve ser uma referência para atuação 
dos gestores e agentes de saúde. 
É na Unidade Básica de Saúde que deve ser realizado o primeiro 
atendimento à urgência odontológica e médica e, dependendo da 
gravidade do caso, pode haver encaminhamentos diversos. 
Planejamento e Avaliação 
As equipes devem participar do planejamento e avaliação das ações 
voltadas para as demandas existentes, ressaltando a promoção de saúde 
através de ações que envolvam diversos setores, integrando projetos que 
estejam diretamente relacionados com o desenvolvimento da saúde 
biopsicossocial. 
 
O Pacto pela Vida reforça esses preceitos e ressalta a movimentação no 
sentido de uma gestão pública de referência em qualidade. 
 
A Portaria GM/MS n° 325, de fevereiro de 2008, valida o Pacto pela Vida. 
Leia a portaria na íntegra em aqui 
Conheça alguns objetivos e metas do Pacto pela Vida: 
• Atenção à saúde do idoso; 
• Controle do câncer de colo de útero e de mama; 
• Redução da mortalidade infantil e materna; 
• Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e 
endemias, com • ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, 
influenza, hepatite, AIDS; 
• Fortalecimento da atenção básica; 
• Saúde mental; 
• Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência; 
O Pacto em Defesa do SUS tem como principais características: 
• Valorizar compromissos entre gestores da saúde com a reforma 
sanitária; 
• Articular ações que qualifiquem o SUS enquanto política pública. 
O Pacto de Gestão do SUS define responsabilidades dos gestores e 
ressalta as relações solidárias entre aqueles que estão à frente da gestão 
de cada unidade de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, são eixos 
estruturantes do Pacto de Gestão do SUS (disponível em Pacto de Gestão: 
garantindo saúde para todos - 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pacto_gestao.pdf): 
• Regionalização solidária – cooperativa; 
• Planejamento; 
• Programação pactuada e integrada; 
• Regulação, controle, auditoria e avaliação; 
• Financiamento; 
• Participação social e controle público. 
Os níveis de atenção e o papel do psicólogo 
A saúde pública é dividida em três níveis de atenção à saúde: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 4: Atuação do psicólogo nos programas de DST/AIDS 
 
Dimensão ético-política do atendimento a pessoas com DST, HIV e AIDS. 
A AIDS surgiu, no Brasil, no início da década de 1980, no exato momento em que o país 
sofria transformações político-sociais importantes para o direcionamento das ações 
políticas no campo da saúde e, no caso em particular, da AIDS. 
Nesta ocasião, podemos ressaltar o surgimento de alguns marcos históricos na área de 
saúde do país: a reforma sanitária, a Conferência Nacional de Saúde, a criação do SUS 
e todas as conquistas do movimento de saúde na elaboração da Constituição Federal 
Brasileira, de forma a garantir que o direito dos cidadãos brasileiros à saúde fosse 
assegurado, como citado no Art. 196: 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação 
(BRASIL, 1988). 
Eixos da Política Nacional do programa brasileiro 
Com o intuito de dar respostas políticas ao momento de epidemia do HIV/AIDS, a 
Política Nacional do programa brasileiro compreende três eixos principais, para que 
venham a funcionar de forma integrada e com base nos princípios do SUS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capacitação do psicólogo 
O psicólogo deve ter como referência a epidemiologia e os programas de saúde 
(federal, estaduais e municipais), pois essas informações fornecerão elementos para 
decidir quais serão as áreas prioritárias e as demandas da população. 
Três itens devem ser observados na capacitação de um psicólogo para este ambiente: 
Conhecimento teórico e prático sobre DST, HIV, AIDS e hepatites, além de informações 
básicas na área de saúde em geral e capacidade de controle de grupos. 
Conhecimento específico do conteúdo programático do sistema. 
Conhecimento sobre suporte pessoal, ou seja, como cuidar daquele que também 
cuida. 
Atuação do psicólogo em programas de DST/AIDS 
 
 
 
A forma como o sujeito reage a condição de portador determina maior ou menor 
propensão a instabilidades emocionais, e a forma de reação não é apenas individual: é 
também coletiva – tanto social como institucional. Um serviço quenão oferece 
suporte emocional aos portadores de HIV pode estar corroborando para o aumento da 
fragilidade emocional dos usuários ali cadastrados. 
Sistema de prevenção de saúde 
De acordo com a lógica de atenção proposta pelo SUS, além de desenvolver as noções 
de campo, núcleo e vulnerabilidade, as ações deverão estar organizadas em atividades 
de prevenção, promoção e assistência. 
O sistema de prevenção de saúde é divido em três níveis de complexidade: 
 
 
 
O psicólogo no sistema de prevenção de saúde 
O psicólogo, no sistema de prevenção de saúde, pode atuar nos três níveis! 
As necessidades de saúde que não podem ser resolvidas no nível da atenção básica são 
encaminhadas à atenção especializada, no nível de média complexidade ou atenção 
secundária 
Os serviços de alta complexidade – atenção terciária – estão no mais alto nível de 
recursos tecnológicos para o atendimento à necessidade de saúde do usuário, como, 
por exemplo, no serviço de transplante de órgãos ou nas unidades de tratamentos 
intensivos. 
Gestão do trabalho nos programas de DST/AIDS 
No trabalho de gestão no ambiente DST/AIDS, o trabalho do profissional psicólogo 
deve observar três pontos como principais: 
Descentralização dos serviços: 
De acordo com Lei nº 8.080/1990 dispõe sobre a descentralização político-
administrativa nas três instâncias do poder público e dá ênfase à municipalização de 
todos os serviços e ações de saúde pública. Também observa como se dá a 
redistribuição de poder, responsabilidades e recursos financeiros para os municípios. 
Princípio da integralidade: 
Antes separadas, as ações de saúde agora devem manter o princípio de integralidade 
em todo o sistema SUS. Isto se faz para dar organicidade ao sistema, tornando cada 
vez mais unificadas as ações nos Ministério da Saúde e da Previdência. 
Controle social: Os psicólogos envolvidos no sistema de prevenção de DST e AIDS 
podem participar dos Conselhos locais, municipais, estaduais e nacionais como 
profissionais da área de saúde. Assim, ampliam o toque da informação participativa 
aos membros da comunidade, principalmente em dois pontos específicos: 
• Prover o preparo de novos profissionais capazes de atuar dentro dos projetos de 
DST/AIDS no Brasil; 
• Investir na capacitação para atuar de forma mais eficiente no processo de gestão, 
utilizando métodos integrativos e participativos no planejamento, programação, 
vigilância e avaliação, melhorando a capacidade de autonomia gerencial e tornando o 
processo de decisão mais rápido, adaptativo e participativo, capaz de ter 
sustentabilidade das ações, que é um subcomponente de gestão. 
Aula 5: Saúde Mental e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) 
A saúde mental equivale ao nível de qualidade de vida psíquica, que engloba a 
interação mente, corpo e vida em sociedade. 
Sabemos que a saúde não é apenas a ausência de doença, mas um equilíbrio entre os 
diversos setores da vida que implicam na qualidade da saúde e na capacidade do 
indivíduo de ser resiliente, ou seja, de se adaptar e/ou superar as situações de crises 
da vida. 
Os valores culturais e a subjetividade humana afetam diretamente o modo como a 
saúde mental é entendida. 
A interpretação dos fatos e as cobranças sociais afetam diretamente o modo como as 
pessoas lidam com as mais diversas situações cotidianas. 
 
 
 
Na década de 80, em São Paulo, foi criado o 1º Centro de Atenção Psicossocial . Na 
década de 90 foram implantadas as primeiras normas para a regulamentação da 
atenção diária em saúde mental. 
A Declaração de Caracas, aprovada em 1990, ressalta que o hospital psiquiátrico, como 
única modalidade assistencial: 
• Isola o doente em seu meio, gerando maior incapacidade social; 
• Cria condições desfavoráveis que põem em perigo os direitos humanos e civis do 
enfermo. 
A Legislação Federal – Lei 9.867, de 10 de novembro de 1999 - dispõe sobre a criação e 
funcionamento de Cooperativas Sociais, visando à integração social dos cidadãos. A 
finalidade das Cooperativas é inserir pessoas em desvantagem no mercado 
econômico, por meio do trabalho. 
 A Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 (Lei Paulo Delgado), dispõe sobre a proteção e 
os direitos das pessoas com transtornos mentais, ressaltando a não discriminação. 
O que são os CAPS 
Conheça mais sobre os CAPS! 
 
 
 
 
 
Principais objetivos dos CAPS 
De acordo com o Ministério da Saúde, os principais objetivos do CAPS consistem em: 
oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção 
social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e 
fortalecimento dos laços familiares e comunitários. 
É função dos CAPS: 
Prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em 
hospitais psiquiátricos. 
Acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, 
procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território. 
Promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações 
intersetoriais. 
Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de 
atuação. 
ar suporte a atenção à saúde mental na rede básica; 
Articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado 
território, como por exemplo, organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos 
mentais nos municípios. 
Promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, 
exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. 
Atividades terapêuticas 
De acordo com as diretrizes do SUS para a saúde mental, as atividades oferecidas pelos 
CAPS podem ser: 
 Tratamento Medicamentoso, atendimento a grupo de familiares, orientação, 
atendimento psicoterápico, oficiais culturais, visitas domiciliares. 
 
 
Formas de atividades terapêuticas 
Os CAPS oferecem diversos tipos de atividades terapêuticas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A composição das equipes e oficinas terapêuticas 
As equipes dos CAPS são multiprofissionais, com a presença obrigatória de: 
Enfermeiro, psiquiatra, psicólogo, assistente social. 
O enfoque é o tratamento terapêutico, com direcionamento para a reinserção social. 
Por isso, temos CAPS que possuem profissionais das áreas de pedagogia, terapia 
ocupacional, professor de educação física, arteterapia, dentre outros. 
A composição das equipes e oficinas terapêuticas 
As oficinas terapêuticas visam promover novos modos de agir social, de interação com 
o meio e com a cultura na qual cada usuário está inserido. 
A promoção de saúde também se dá pela via da reinserção sociocultural, como por 
exemplo, oficinas: 
• de música; 
• de poesia; 
• de bijuteria; 
• de artes; 
• de dança; 
• literária etc. 
A relação dos CAPS com a Rede de Saúde Básica 
Por sua proximidade com famílias e comunidades, as equipes da atenção básica são 
um recurso estratégico para o enfrentamento de agravos vinculados ao uso abusivo de 
álcool, drogas e diversas formas de sofrimento psíquico (Ministério da Saúde, 2003). 
A realidade das equipes de atenção básica demonstra que, cotidianamente, elas se 
deparam com problemas de saúde mental: as equipes de saúde da família estão 
sempre se deparando com questões de saúde mental e acabam por realizar ações 
nesta área. 
A relação dos CAPS com a comunidade 
Se a história da loucura revela que os considerados doentes mentais viviam em 
reclusão e exclusão completa da sociedade em outra época, atualmente, a 
comunidade valoriza as unidades de CAPS como um recurso valioso para cuidar daspessoas com desestruturação mental. 
Os CAPS são territorializados, atendem a uma população adscrita, que está ao seu 
entorno e deve ser um espaço para a convivência social, a discussão de temas 
relevantes para a saúde mental da população, a construção de projetos que 
promovam cidadania e inserção social. 
A comunidade na qual o CAPS está inserido deve ser convidada a integrar seus espaços 
físicos e construídos socialmente através de ações para além de suas portas. A saúde 
mental é uma questão biopsicossocial e deve ser abordada em todos os seus aspectos. 
 
Pode ser implantado o CAPS I, pois o município possui entre 20.000 e 70.000 
habitantes. Os tipos de serviço oferecidos, quando o município possui apenas um 
CAPS, consistem em: cobertura para toda a clientela com transtornos mentais severos 
durante o dia (adultos, crianças, adolescentes e pessoas com problemas devido ao uso 
de álcool e outras drogas).

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