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Classificação das Constituições

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DIREITO CONSTITUCIONAL I
 EAD – 2º período 
5. Classificação das Constituições: Critérios da Origem, Forma, Estabilidade, Conteúdo, Finalidade, entre outros.
Classificação das Constituições 
 	Uma vez diante de uma organização político-administrativa estatal, certamente tem-se uma Constituição. No entanto, cada Estado e, conseqüentemente, cada constituição é dotada de características próprias dependendo da extensão de seu texto, do conteúdo de suas matérias, do processo de alteração de suas normas, da forma como se originou, entre outros fatores. Por essa razão, a doutrina do Direito Constitucional classifica as Constituições através de diferentes critérios. A forma de classificação que se segue não é a de um doutrinador em especial, mas busca de certa forma sistematizar e condensar as diversas tipologias abordadas pela doutrina.
Quanto à origem:
- Outorgadas (Impostas): são resultado de um ato unilateral de vontade da pessoa ou do grupo detentor do poder político (rei, imperador, presidente; junta governativa; ditador); são impostas por quem não recebeu poder para tanto; são criadas sem a participação do povo; são criadas e impostas de cima para baixo.
- Promulgadas (Populares, Democráticas, Votadas): se originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo; são criadas com uma participação do povo, portanto elaboradas de baixo para cima.
Observação: De um modo geral, o vocábulo “Constituição” é utilizado para aquelas leis fundamentais que foram promulgadas. Já as outorgadas, oriundas de uma imposição, são comumente denominadas “Carta”.
- Cesaristas: são outorgadas, mas dependem de ratificação popular através de referendo, observando, no entanto, que nesse caso a participação popular não é democrática, uma vez que cabe ao povo apenas referendar a vontade já manifestada do agente revolucionário detentor do poder. 
- Pactuadas (Dualistas): são cartas originadas de um compromisso entre duas forças políticas rivais, trazendo um equilíbrio precário entre essas forças como, por exemplo, quando se originam de um compromisso firmado entre o rei e o Poder Legislativo, pelo qual se sujeita o monarca às determinações constitucionais (monarquia limitada); o poder constituinte originário se encontra dividido entre dois titulares. 
 	Na história do constitucionalismo brasileiro, tivemos Constituições democráticas, como as de 1891,1934,1946 e 1988, e as outorgadas de 1824, 1937, 1967 e 1969.
Quanto à forma:
- Escritas (Instrumentais): conjunto de normas sistematizado e codificado em um único documento com o intuito de dispor sobre a organização fundamental do Estado; só podem ser identificadas como um documento positivado, um texto escrito; são fruto de um processo de codificação do Direito Público, resultando na elaboração de uma Carta escrita fundamental, colocada no topo da pirâmide normativa como o mais alto estatuto jurídico de uma comunidade.
- Não-escritas (Costumeiras, Consuetudinárias): são normas não aglutinadas ou sistematizadas em um texto solene e não elaboradas por um órgão especialmente encarregado dessa tarefa, mas são encontradas em leis esparsas, nos costumes, na jurisprudência e convenções; caracterizam-se por um surgimento informal, desvinculado de solenidades.
► O fato de classificarmos uma Constituição como não-escrita, como a Constituição Inglesa, por exemplo, não significa que não existem documentos escritos naquele Estado trazendo normas de status constitucional. Nos Estados que possuem uma Constituição não-escrita existem documentos escritos sim que contêm normas constitucionais, o que não existe é um único documento positivado, sistematizado, codificado e oficial e solenemente reconhecido a título de Constituição. Não houve um momento único de elaboração dessas normas constitucionais. Elas surgiram ao longo do tempo cristalizadas em leis, em costumes, em jurisprudência e não codificadas em um documento único e muito menos elaboradas por um órgão especialmente encarregado dessa tarefa.
Quanto à unidade documental / à sistemática:
- Codificadas (Orgânicas): estão inseridas em sua totalidade em um único e exclusivo documento; as normas constitucionais encontram-se sistematizadas em um único corpo de lei.
- Legais (Inorgânicas, Não codificadas): as normas constitucionais encontram-se dispersas em diversos documentos, em documentos fisicamente distintos.
Quanto ao modo de elaboração:
- Dogmáticas (Sistemáticas): são elaboradas em um determinado, pontual e específico momento da história de um povo; sua elaboração se dá em um só fôlego e seu resultado é intencionalmente cogitado; são sempre escritas por um órgão constituinte, consoante os dogmas ou idéias fundamentais então imperantes. 
- Históricas: resultam de uma gradativa sedimentação jurídica de um povo através de suas tradições. Também podem ser chamadas de costumeiras ou não-escritas, resultando de um lento evoluir das tradições, dos fatos sociais e políticos, de uma lenta formação histórica que representa uma síntese dos valores consolidados pela comunidade em questão.
Quanto ao conteúdo:
- Formal: conjunto de normas jurídicas elaboradas de maneira especial e solene. As normas constitucionais são reduzidas a uma forma escrita, a um documento solenemente elaborado pelo poder constituinte e modificável apenas através de processos e formalidades especiais e não por um processo ordinário. Nessa concepção são constitucionais todas as normas integrantes do texto escrito e reconhecido como Constituição, independente do conteúdo e natureza da matéria dispostos nessas normas. Assim, todas as normas dispostas em uma constituição escrita, solenemente elaborada serão normas constitucionais.
- Material (substancial): são constitucionais apenas as normas que têm essência, conteúdo, substância, natureza, matéria de Constituição como aquelas que cuidam dos elementos organizacionais e estruturais mínimos do Estado e aquelas que dispõem sobre os direitos fundamentais e sobre a limitação do poder estatal. A Constituição, nesse caso, pode ser ou não escrita, pois o que de fato importa para a identificação das normas constitucionais é o conteúdo trazido pela norma. Não importa o processo de elaboração da norma, mas sim o que há na sua essência. Nessa visão, a Constituição é o conjunto de normas pertinentes à organização do poder, à distribuição de competências, ao exercício da autoridade, à forma de governo, aos direitos da pessoa humana, tanto individuais como sociais; é o conjunto de tudo quanto for conteúdo essencial referente à estruturação e ao funcionamento da ordem jurídico-política.
Quanto à estabilidade / à alterabilidade / à mutabilidade / à plasticidade / ao processo de reforma:
- Imutáveis: seu texto não é passível de modificação; é vedada qualquer alteração. Como exemplo podem ser citadas as leis fundamentais antigas que surgiram com a pretensão de eternidade, como o Código de Hamurabi e a Lei das XII Tábuas. Esse tipo de Constituição encontra-se em desuso, pois é incapaz de acompanhar a evolução política e social do Estado. Todavia, algumas Constituições podem ser parcialmente imutáveis como a CF/88 que proíbe a alteração via abolição de uma pequena parcela de suas normas caracterizadas como cláusulas pétreas (limites materiais de reforma da Constituição – art. 60, § 4º)
- Fixas: não podem ser modificadas a não ser pelo mesmo poder constituinte que as elaborou, mediante convocação para tanto. Também encontram-se em desuso. Exemplo: Constituições francesas (Napoleão I)
- Rígidas: sua alteração é possível, no entanto, apenas através de um processo legislativo solene e especial, mais duradouro, complexo e difícil do que o adotado para a elaboração e alteração das demais espécies normativas. É válido afirmar que as Constituições rígidas são sempre escritas, mas isso não quer dizer necessariamente que toda Constituição escrita seja uma Constituição rígida. A rigidez de um texto constitucional traz como conseqüênciaimediata a supremacia formal dessa Constituição, pois coloca as normas constitucionais em uma posição de superioridade em relação às demais leis e posiciona a Constituição no ápice da pirâmide do ordenamento jurídico do Estado, sendo o pressuposto básico para o exercício do chamado controle de constitucionalidade das leis.
► Além de observar mais uma vez que rigidez não é sinônimo de imutabilidade, também é válido observar que a rigidez de um texto constitucional não decorre da presença de cláusulas pétreas entre suas normas. Uma Constituição é rígida devido à dificuldade e o caráter especial inseridos em seu processo legislativo de alteração e não em decorrência do reconhecido “núcleo duro” das cláusulas pétreas. Tanto é assim que cláusulas pétreas podem existir em Constituições rígidas, flexíveis e, claro, nas semi-rígidas. No entanto, a existência de cláusulas pétreas em uma Constituição rígida como a CF/88 (art. 60, § 4º) faz com que alguns autores, como Alexandre de Moraes, passem a classificá-la como Constituição super-rígida, o que será abordado logo abaixo.
- Flexíveis (Plásticas�): sua alteração é feita através do mesmo processo legislativo de elaboração e modificação das leis ordinárias, ou seja, por um processo mais célere, ágil e fácil. Não há um processo legislativo solene e especial para a sua alteração e, em regra, trata-se de Constituições não-escritas.
- Semirrígidas (semiflexíveis): são constituições que admitem um processo legislativo ordinário para alteração de algumas de suas normas, mas exigem por outro lado um processo solene, mais dificultoso e especial para a alteração das demais, ou seja, a alteração desse tipo de texto constitucional é feita ora por um processo flexível, ora por um processo rígido dependendo da norma em questão.
- Super-rígidas (Hiper-rígidas): são constituições rígidas que possuem em seu texto as conhecidas cláusulas pétreas, um núcleo que não pode ser suprimido ou abolido nem mesmo através de reforma constitucional, ou seja, em regra a constituição é alterada por um processo legislativo especial, solene e rígido, mas em alguns pontos o texto é imutável. Diante do exposto, observa-se, portanto, que a Constituição Brasileira de 1988 é concomitantemente rígida e super-rígida.
QUESTÃO: (OAB.MG – AGO/2007) A Constituição da República de 1988 é considerada:
A - rígida, pois prevê mecanismos de alteração mais rigorosos do que o processo legislativo de normas infraconstitucionais.
B - flexível, em razão do grande número de emendas constitucionais editadas.
C - rígida, pois prevê medidas excepcionais de defesa do Estado, como o estado de sítio e o estado de defesa.
D - flexível, pois é possível a instauração de nova Assembléia Constituinte para redefinição dos direitos fundamentais.
Quanto à correspondência com a realidade ou Classificação Ontológica (Karl Loewenstein):
- Normativas: são constituições que efetivamente conseguem regular a vida política do Estado, por estarem em consonância com a realidade social, observando que os agentes do poder e as relações políticas obedecem plenamente ao seu conteúdo, suas diretrizes e limitações. O processo de poder está adaptado às normas constitucionais e se submete a elas.
- Nominativas: são aquelas elaboradas para regular a vida política do Estado, mas não conseguem cumprir o seu papel, não conseguem de fato normatizar o processo real de poder no Estado, pois encontram-se em descompasso com a realidade social. É válida sob o ponto de vista jurídico, todavia carece de realidade existencial, pois não consegue conformar o processo político às suas normas.
- Semânticas: são aquelas que não têm como finalidade a regulação da vida política do Estado, de orientação e limitação do exercício do poder já desde sua elaboração. Buscam apenas formalizar e garantir legitimidade ao poder político vigente, em benefício exclusivo de seus detentores. É utilizada como instrumento de perpetuação daqueles que detêm o poder.
Quanto à extensão / finalidade:
- Sintéticas (Sucintas, Enxutas, Concisas, Breves, Sumárias, Básicas, Garantia): possuem conteúdo abreviado, versando apenas sobre a estruturação básica do Estado e sobre os direitos fundamentais, matérias estas essencial e substancialmente constitucionais. São constituições dotadas de um texto reduzido e que têm como preocupação a imposição de limites sobre a ingerência estatal na esfera privada, por isso também o nome Constituição-garantia, pois está preocupada primordialmente com o estabelecimento das garantias individuais frente ao Estado.
- Analíticas (Prolixas, Extensas, Largas, Amplas, Inchadas, Minuciosas, Detalhistas, Dirigentes): seu conteúdo é extenso, versando não só sobre a estruturação básica do Estado e sobre os direitos fundamentais, mas também sobre matérias outras que poderiam ter sido deixadas ao encargo do legislador ordinário e, no entanto, foram dispostas dentro do próprio texto constitucional. Apresentam, ainda, um rol numeroso de normas programáticas, estabelecendo fins, metas, diretrizes e programas sociais para a atuação futura dos órgãos estatais sendo por isso chamadas também de Constituições Dirigentes, que trazem programa, direção, caminho a ser seguido no desenvolvimento das políticas públicas; que dirigem a atuação futura dos órgãos governamentais.
Quanto à dogmática (natureza filosófico-sociológica das normas constitucionais):
- Ortodoxas: adotam uma única ideologia política informadora de suas concepções.
- Ecléticas: admitem a pluralidade ideológica e procuram conciliar ideologias opostas, tanto no âmbito filosófico, político-partidário, religioso ou outros.
► Uma vez estudada a classificação das Constituições fique atento à tipologia da atual Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada, escrita, codificada, dogmática, formal, rígida/super-rígida, normativa, analítica, dirigente, eclética (PAULO, 2009:32).
� “O constitucionalista Raul Machado Horta emprega o vocábulo ‘plástica’ para conceituar as Constituições nas quais há grande quantidade de disposições de conteúdo aberto,de tal sorte que é deixada ao legislador ordinário ampla margem de atuação em sua tarefa de mediação concretizadora, de densificação ou ‘preenchimento’ das normas constitucionais, possibilitando, com isso, que o texto constitucional acompanhe as oscilações da vontade do povo, assegurando a correspondência entre a Constituição normativa e a Constituição real”. (PAULO, 2009:23-24)

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