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URGENCIA E EMERGENCIA NO SUS 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Diferenciar urgência de emergência e reconhecer implicações clínicas. • Compreender a Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE) e seus componentes. • Aplicar princípios do Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) e do Manchester Triage System (MTS). • Executar a abordagem inicial do paciente grave (MOV/ABCDE) e boas práticas complementares. • Conhecer atribuições legais do médico e dos serviços segundo CFM e Ministério da Saúde Fontes da seção: BRASIL, 2013; BRASIL, 2003. CONCEITOS FUNDAMENTAIS Distinguir urgência de emergência orienta a priorização do cuidado e a alocação de recursos. Emergência é condição com risco iminente de vida e exige atendimento imediato para manutenção das funções vitais e prevenção de morte/incapacidade. Urgência é agravo agudo sem risco imediato, mas com potencial de agravamento se não tratado oportunamente. Fontes da seção: BRASIL, 2003 2 REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS (RUE) A RUE organiza os pontos de atenção em rede (Portaria nº 1.600/2011), integrando: Atenção Básica; SAMU 192 (pré-hospitalar móvel); Salas de Estabilização; UPA 24h e demais serviços 24h; Portas Hospitalares de Urgência; leitos de retaguarda; UTI; atenção domiciliar; linhas de cuidado para IAM, AVC e Trauma; SOS Emergências e Força Nacional do SUS. Objetiva ampliar o acesso, reduzir superlotação e qualificar o cuidado. 3 ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO (ACCR) E MANCHESTER A Portaria nº 2.048/2002 determina triagem classificatória de risco por profissional de nível superior, com treinamento e protocolos. O Acolhimento (diretriz da Política Nacional de Humanização) é postura ética de escuta qualificada, responsabilização e vínculo; não se restringe a etapa/local. O MTS classifica por cinco níveis (cores) e tempos-alvo. Objetivos: identificar risco de vida, definir prioridades, organizar fluxos, garantir reavaliações e informar tempo estimado de espera. Situações especiais (idosos, PcD, violência, saúde mental, pediatria) exigem adaptação do fluxo e comunicação qualificada. Fontes da seção: BRASIL, 2003; SES/RJ, 2022. 4 ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE GRAVE (MOV/ABCDE) Passos essenciais: avaliar responsividade e pulso; iniciar RCP quando indicado; iniciar MOV (Monitorização multiparamétrica, Oxigênio, Acesso venoso); seguir ABCDE: A – vias aéreas com proteção cervical; B – ventilação/oxigenação; C – circulação/controle de hemorragias; D – avaliação neurológica; E – exposição completa e controle térmico. Boas práticas complementares: glicemia capilar na admissão; ECG em dor torácica/equivalentes; escalas (Glasgow) e avaliação sistemática da dor. Fontes da seção: SES/RJ, 2022; CFM, 2014. 5 SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA (SAMU 192) E REGULAÇÃO O componente pré-hospitalar móvel integra a Política Nacional de Atenção às Urgências. A Resolução CFM nº 2.110/2014 normatiza os serviços: coordenação/regulação como atos médicos; diretor clínico e técnico registrados no CRM; comissões obrigatórias; central de regulação 24h com médicos reguladores e gravação de ocorrências; priorização de atendimentos primários em via pública/domicílio; e restrição ao transporte de baixa/média complexidade. Portarias nº 1.863/2003 e nº 1.864/2003 instituem a política e o componente pré-hospitalar móvel; Portarias nº 2.026/2011 e nº 1.010/2012 detalham diretrizes e dimensionamento; Portaria nº 2.048/2002 regulamenta os sistemas estaduais; Decreto nº 5.055/2004 institui o SAMU 192. O princípio da “vaga zero” garante acesso do paciente grave à referência mesmo sem leito disponível. Fontes da seção: CFM, 2014; BRASIL, 2003. 6 UPAS 24H E PORTAS HOSPITALARES DE URGÊNCIA UPAs 24h e serviços 24h funcionam como unidades intermediárias para estabilização e definição de condutas, com habilitação/qualificação pelo MS. Portas hospitalares qualificadas contam com Núcleos de Acesso e Qualidade Hospitalar (NAQH), leitos de retaguarda e integração com a regulação. Fontes da seção: BRASIL, 2013. LINHAS DE CUIDADO PRIORITÁRIAS (IAM, AVC E TRAUMA) A RUE define linhas de cuidado tempo‑dependentes (cardiovascular – foco em IAM; cerebrovascular – foco em AVC; e trauma), com incentivos, habilitação e qualificação. A organização regional dos fluxos reduz mortalidade e sequelas por acesso rápido e tratamento oportuno. Fontes da seção: BRASIL, 2013. SALA DE ESTABILIZAÇÃO: CRITÉRIOS E PRÉ‑REQUISITOS Espaço destinado à estabilização clínica de pacientes críticos na rede não hospitalar, com critérios de elegibilidade, pré‑requisitos de estrutura, equipamentos e equipe, além de passo a passo para habilitação. Integra o fluxo com SAMU/UPA/hospital. Fontes da seção: BRASIL, 2013. 7 ATENÇÃO AO PACIENTE CRÍTICO E LEITOS (RETAGUARDA/UTI) A RUE estabelece incentivo à qualificação de leitos críticos, critérios de cálculo de necessidade e déficit de leitos clínicos e de UTI, com o objetivo de dar retaguarda às portas de urgência e reduzir permanência indevida em pronto‑socorro. Fontes da seção: BRASIL, 2013. INDICADORES ESSENCIAIS DE DESEMPENHO NA RUE Monitoramento recomendado: tempo resposta do SAMU e seus componentes; casuística de atendimentos; mortalidade evitável e geral no pré‑hospitalar; seguimento hospitalar; registros padronizados; educação permanente das equipes e avaliação contínua dos fluxos. Fontes da seção: BRASIL, 2003 (Port. 1.864/2003). EQUIPES E ATRIBUIÇÕES NO ACCR Responsabilidades resumidas: enfermeiro (avaliação inicial, classificação, protocolos); técnicos de enfermagem (sinais vitais, apoio, registros); médico (conduta clínica, priorização, integração com regulação); recepção/controlador de acesso (acolhimento administrativo e orientação de fluxo); assistente social (vulnerabilidades e rede de apoio). Fontes da seção: SES/RJ, 2022. 8 HUMANIZAÇÃO, COMUNICAÇÃO E SITUAÇÕES ESPECIAIS O ACCR deve incorporar comunicação clara com o usuário/família, avaliação de dor, garantia de prioridade a grupos vulneráveis (idosos, pessoas com deficiência, transtornos mentais, violência, pediatria) e fluxos específicos, inclusive com notificações quando cabíveis. Fontes da seção: SES/RJ, 2022. EDUCAÇÃO PERMANENTE EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA A política prevê capacitação continuada das equipes em todos os níveis, com Núcleos de Educação em Urgência articulados ao SAMU e à rede, incluindo conteúdos mínimos definidos em regulamentos técnicos. Fontes da seção: BRASIL, 2003; 2013. 9 ANEXOS PRÁTICOS • Escala de Coma de Glasgow (adulto/pediátrica): utilizar avaliação padronizada de abertura ocular, resposta verbal e motora. • Avaliação da Dor: escala numérica/visual no acolhimento e reavaliações periódicas. • Superfície Corporal Queimada (SCQ): regra dos nove e Lund-Browder conforme faixa etária. • Fluxo básico do ACCR: recepção → acolhimento/enfermagem → classificação de risco → encaminhamento ágil à área/consultório/sala vermelha. Fontes dos anexos: SES/RJ, 2022. 10 .REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACOSTA AM, Lima MADDS. Usuários frequentes de serviços de emergência: fatores associados e motivos de busca por atendimento. 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