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CÂNCER DE MAMA GINECOLOGIA E OBSTETRICIA 1 CÂNCER DE MAMA INTRODUÇÃO É o primeiro câncer em mortalidade e o segundo em incidência (só perdendo para o câncer de pele não melanoma) nas mulheres brasileiras, desde 2003.. O grande problema é que não conseguimos diagnosticar a sua lesão precursora – não consigo diagnosticar e tratar a hiperplasia epitelial ou ductal atípica porque ela não fornece sinal ou sintoma específico, e sem alteração no exame de imagem. Procuramos fazer o diagnóstico precoce do câncer de mama antes que se torne palpável (antes de atingir 1 cm no seu maior diâmetro). A mamografia consegue detectar lesões na mama a partir de 2mm no seu maior diâmetro. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cirurgias conservadoras, e menor a mortalidade. Devemos realizar três diagnósticos – clínico, radiológico e citológico. Se algum deles vier com suspeita de malignidade, realizamos o diagnóstico histológico. • Carcinoma tipo não especial (antigo ductal): tipo histológico mais comum • Carcinoma lobular: mais associado a bilateralidade • Carcinoma de Paget: compromete o complexo aréolo mamilar • Tumor filoide (variante do fibroadenoma, podendo ser benigno, maligno ou borderline): com maiores dimensões e maior taxa de recidiva • Carcinoma inflamatório: pior prognóstico, espalha-se pelos vasos linfáticos da derme; pele fica vermelha com aspecto de casca de laranja. • Carcinoma tubular: melhor prognóstico • Independente do tipo histológico, após vir no anatomopatológico neoplasia maligna, devemos estadiar. • Características de nódulo maligno: Sólido, irregular, mal definido, fixo, espiculado (BIRADS 5), alta densidade na mamografia. ESTADIAMENTO É clínico e cirúrgico, porque posso examinar a paciente sem linfonodo palpável e ele estar acometido cirurgicamente. Estadiamento TNM: • T: tamanho • N: Linfono • M: Metástase T: Tamanho • T0: sem tumor primário • Tis: carcinoma in situ • T1: tumor menor ou igual a 2cm • T2 : maior que 2cm e menor ou igual a 5cm • T3: maior que 5cm • T4: qualquer diâmetro acometendo pele (4b), gradeado costal (4a) ou ambos (4c) ou câncer inflamatório (4d) 2 N: Linfonodo • N0: sem linfonodos suspeitos • N1: linfonodos de consistência aumentada e não aderido (móveis) a outras estruturas • N2: linfonodo fixo, acima de 3cm ou coalescido • N3: metástase homolateral em linfonodos intra-torácicos (M1). Hoje consideramos metástase a distância (não usamos mais a classificação N3) M: Metástases. • M0: ausência de metástases clínicas • M1: metástases clínica a distância ESTADIOS: • Estadio I: Tumor menor que 2 cm, sem linfonodos axilares palpáveis. • Estadio II: Tumor menor que 2 cm com linfonodos pouco aumentados e ainda móveis ou entre 2-5cm sem linfonodos axilares palpáveis. • Estadio III: tumor menor que 2cm com linfonodos axilares fixos, aderidos, ulcerados ou tumor entre 2-5cm com linfonodos pouco aumentados e ainda móveis ou tumor >5cm sem linfonodos palpáveis. • Estadio IV: metástases à distância. A principal forma de disseminação do câncer de mama é a hematogênica. Os principais sítios de metástases são: osso, pleuro pulmonar, fígado, cérebro, ovário – na ordem de frequência. TRATAMENTO A melhor forma de tratar o câncer de mama ainda é o cirúrgico, que pode ser conservador ou radical. Para ser conservador, devo garantir para a paciente que o câncer não recidivará na mama que estou preservando. Não posso deixar câncer residual na mama da paciente, tenho que deixar margens livres e dar um bom resultado estético, de forma que devemos encontrar o equilíbrio. Fatores prognósticos: é o que auxilia a escolher o tratamento cirúrgico de forma adequada. São características da paciente e do tumor, que indicaram se terá uma boa ou má evolução. • Status axilar: principal fator prognóstico • Clínicos: ◦ Idade da paciente: quanto mais jovem, pior prognóstico. Principal fator prognóstico clínico. ◦ Status menopausal: diagnóstico antes da menopausa é de pior prognóstico • Histológicos ◦ Comprometimento axilar: se é positivo, é pior. É o principal fator prognóstico histológico e entre todos. ◦ Tamanho do tumor: quanto maior, pior prognóstico ◦ Subtipo histológico: o de pior prognóstico é o inflamatório, tubular é o de melhor ◦ Grau histológico (diferenciação): mais diferenciado, melhor prognóstico CÂNCER DE MAMA 3 • Imunohistoquimicos: ◦ Receptores de estrogênio e progesterona no tumor: principal fator prognóstico imunohistoquimico. Se presentes, indica que o tumor é mais diferenciado e que podemos usar uma modalidade terapêutica no pós-operatório, a hormonioterapia (tamoxifeno 20mg/d por 5-10a ou inibidores da aromatase) ◦ Marcadores de proliferação tumoral: quanto mais eles proliferam, pior prognóstico – marcadores como PCNA, vimentina, ki67, c-erb-2NEU. Recorrência local – para realizar a cirurgia conservadora, devemos avaliar aspectos que predispõem à recorrência e, se presentes, não realizar essa cirurgia conservadora. • Fatores inerentes a paciente: como pacientes jovens com menos de 35 anos; Susceptibilidade hereditária como mutação do gene BRCA 1 ou BRCA 2. • Fatores inerentes ao tumor: câncer inflamatório, componente intraductal extenso • Necessidade de margens livres e radioterapia após a cirurgia: margens livres ideais de 3cm. ◦ 1cm -> recidiva 59% ◦ 2cm -> recidiva 42% ◦ 3cm -> recidiva 17% (por isso a radioterapia é obrigatória no tratamento conservador. Para levar a recidiva de 17% para 0) ◦ 4cm -> recidiva 10% • Fatores inerentes ao tratamento: extensão da ressecção vai delimitar a chance de recidiva. ◦ Quadrantectomia -> recidiva 7% ◦ Lumpectomia -> recidiva 15% ◦ Setorectomia -> recidiva 17% ◦ Tumorectomia -> recidiva 19% Hoje a cirurgia conservadora do câncer de mama é a oncoplastica (oncológica + plástica), em que aplicamos técnicas de cirurgia plástica para tratamento do câncer de mama. Mamoplastia de Pitanguy (em ancora, periareolar, vertical no sulco mamário), a mama fica aberta como uma flor, temos acesso a qualquer quadrante da mama, mando para o patologista na sala. Se ele falar que as margens estão livres, eu reconstruo a mama na hora. Se tiramos muito tecido, preenchemos com silicone na hora; na outra mama fazemos a mesma coisa para ficar simétrica. CÂNCER DE MAMA 4 Contraindicações de cirurgia conservadora: • Absolutas: ◦ Tumor multicêntrico – que ocupa mais de um quadrante ◦ Microcalcificações suspeitas ou qualquer outra lesão suspeita em uma grande área mamaria - o câncer tem que ser a única lesão suspeita na mama. ◦ Radioterapia prévia em tórax ◦ Gestantes • Relativas: ◦ Tumor grande em mama pequena – não consigo margens livres ◦ Pacientes com colagenose e cardiopatias: que podem descompensar na radioterapia ◦ Tumores centrais: situação mais antiestética, dificílimo de reconstruir, além disso, todos os ductos partem do mamilo, nada me garante que nenhuma célula tumoral acometeu outro ducto ◦ Impossibilidade de seguimento Radioterapia: • Contraindicações: ◦ Absolutas: grávida ou paciente que já fez radioterapia em tórax ◦ Relativas: cardiopatias e colagenoses Uso de terapia adjuvante: outras terapias que não a radioterapia • Quimioterapia e hormonioterapia - muito usadas em pacientes que fizeram cirurgias conservadoras. • Se fizer quimioterapia, a recidiva é de 2,6%; se não fizer, 13,4% • Se fizer hormonioterapia, recidiva 4,3%; se não fizer, 14,7% Cirurgia conservadora na axila: É o estudo do linfonodo sentinela, que é o primeiro linfonodo a receber a drenagem linfática da mama que contém o tumor. Existem duas técnicas, uma com tecnécio, substância da medicina nuclear que se acumula no linfonodo sentinela; e a técnica do Azul patente (corante), que vai corar o linfonodo sentinela. Mastectomia Halsted – radical • Primeira descrita na literatura • Tiro mama inteira (pele, aréola, mamilo e toda a glândula) e esvazio os 3 níveis de linfonodos axilares; também retiromúsculo peitoral maior e menor. • Só faço essa quando o músculo peitoral maior tiver comprometimento pelo tumor • Só retiro o músculo peitoral menor se ele possuir infiltração tumoral ou se estiver dificultando o acesso ao nível 3 dos linfonodos axilares CÂNCER DE MAMA 5 Mastectomia Patey – radical • Tiro mama inteira (pele, aréola, mamilo e toda a glândula) e esvazio os 3 níveis de linfonodos axilares; também retiro músculo peitoral menor • Só tiro o músculo peitoral menor se ele possuir infiltração tumoral ou se estiver dificultando o acesso ao nível 3 dos linfonodos axilares Mastectomia Madden – radical • Tiro mama inteira (pele, aréola, mamilo e toda a glândula) e esvazio os 3 níveis de linfonodos axilares; não retiro músculo peitoral menor e maior • Faço essa quase sempre pois a tendência é ser o mais conservador possível • O músculo da parte superior é o peitoral maior sem infiltração tumoral, o de baixo é o menor que não estava com infiltração tumoral e nem dificultou o acesso ao nível 3 de linfonodos axilares • Abaixo da margem inferior do peitoral menor: nível 1 • Entre margem superior e inferior: nível 2 • Acima da margem superior: nível 3 • Toda vez que vamos abordar a axila, em tratamento conservador ou radical, temos que preservar o maior número de vasos e nervos possíveis e não podemos lesar o nervo de Bell ou torácico longo, que inerva o serrátil anterior. Se for lesado, provoca a escápula alada. CÂNCER DE MAMA 6 PÓS-OPERATÓRIO Realizamos radioterapia após tratamento conservador e radical. Só não fazemos radioterapia se houver contraindicações, evita recidiva local . Quimioterapia é indicada quando há linfonodo comprometido, e evita a recidiva sistêmica. Tratamento além da radioterapia: • Axila negativa e baixo risco ◦ Julgamento médico, nenhuma terapia ou hormonioterapia (com tamoxifeno ou inibidores da aromatase) se receptor de estrogênio positivo • Axila negativa e alto risco ◦ receptor de estrogênio positivo: hormonioterapia ou quimioterapia e tamoxifeno ◦ receptor de estrogênio negativo: quimioterapia • Axila positiva e alto risco ◦ receptor de estrogênio positivo: hormonioterapia e quimioterapia ◦ receptor de estrogênio negativo: quimioterapia Baixo risco: • Tumor menor ou igual a 1 cm, sem comprometimento de linfonodo axilar, tumor bem diferenciando grau 1 e tipo histológico de bom prognóstico, como tubular, adenocístico, coloide, OU tumor 1-2 com receptor de estrógeno positivo e baixos índices proliferativos. CÂNCER DE MAMA O QUE ACHOU DESSE RESUMO? RESPONDA AQUI! Queremos garantir que sua experiência com esse resumo tenha sido positivo e proveitoso. 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