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1. Explique o mecanismo de ação dos laxante irritativos/estimulantes e compare com os 
laxativos osmóticos, incluindo indicações clínicas, precauções e exemplos. 
 
Os laxantes irritativos atuam estimulando diretamente o plexo mioentérico e 
aumentando a motilidade do intestino, além de favorecerem secreção de água e eletrólitos 
no lúmen; exemplos incluem sene e bisacodil. Já os laxantes osmóticos atraem água por 
efeito osmótico, aumentando o volume fecal e promovendo evacuação de forma mais 
fisiológica, como ocorre com lactulose e polietilenoglicol. Os irritativos são úteis em 
constipações ocasionais, mas não devem ser usados cronicamente devido ao risco de 
cólicas e dependência; os osmóticos são mais seguros em uso prolongado. Indicações, 
segurança e velocidade de ação diferem bastante entre ambos. 
 
2. Descreva como as penicilinas atuam sobre a parede celular bacteriana e discuta como 
essa ação confere seletividade bacteriana e potencial para reações adversas. 
 
As penicilinas atuam inibindo as proteínas ligadoras de penicilina (PBPs), 
responsáveis pela etapa final de transpeptidação do peptidoglicano, essencial para a 
integridade da parede bacteriana. Ao bloquear essa etapa, a bactéria perde resistência 
osmótica e sofre lise. A seletividade ocorre porque células humanas não possuem 
peptidoglicano; porém, como esses fármacos podem formar complexos haptenos com 
proteínas humanas, reações adversas de hipersensibilidade são relativamente comuns. 
 
3. Justifique o uso de AAS em doses baixas na prevenção secundária de eventos 
cardiovasculares. 
 
O AAS em baixas doses inibe de forma irreversível a COX-1 plaquetária, reduzindo 
a síntese de tromboxano A2, um potente agente pró-agregante. Como a plaqueta não 
sintetiza novas enzimas, o efeito antiagregante persiste por toda sua vida útil. Isso reduz a 
formação de trombos arteriais e explica seu uso na prevenção secundária de infarto e AVC. 
 
4. Explique por que o salbutamol é eficaz em crises asmáticas, detalhando o subtipo de 
receptor ativado e os efeitos intracelulares associados à broncodilatação. 
 
 O salbutamol é eficaz em crises porque é agonista seletivo dos receptores 
β2-adrenérgicos do músculo liso brônquico, ativando adenilato ciclase e aumentando AMPc 
intracelular. O aumento de AMPc promove relaxamento rápido da musculatura bronquial, 
resultando em broncodilatação imediata que alivia o broncoespasmo agudo da asma. 
 
5. Discuta o papel da COX-1 na proteção da mucosa gástrica e explique como sua inibição 
por AINEs pode predispor à gastrite ou úlcera. 
 
 A COX-1 produz prostaglandinas que estimulam secreção de muco e bicarbonato, 
aumentam o fluxo sanguíneo gástrico e reduzem a secreção ácida, formando um sistema 
de proteção natural da mucosa. Quando AINEs inibem COX-1, essa proteção é reduzida e o 
estômago torna-se mais vulnerável ao ácido, predispondo à gastrite, erosões e úlcera 
péptica. 
 
6. Justifique a ocorrência de hipocalemia em pacientes que utilizam furosemida, 
correlacionando o local de ação tubular com os mecanismos de perda de potássio. 
 
A furosemida inibe o cotransportador Na/K/2Cl na alça espessa de Henle, 
aumentando a excreção de sódio e levando maior quantidade de Na ao túbulo distal. Isso 
estimula o intercâmbio Na⁺ por K⁺ e H⁺ nas células principais, aumentando perda urinária de 
potássio. Assim, seu uso prolongado ou intenso frequentemente gera hipocalemia. 
 
7. Explique o mecanismo de ação do omeprazol e a razão pela qual sua inibição é 
considerada irreversível no contexto da secreção ácida gástrica. 
 
 O omeprazol é um pró-fármaco ativado no meio ácido das células parietais, onde 
inibe de forma irreversível a bomba de prótons H⁺/K⁺-ATPase. Por modificar covalentemente 
a enzima, a secreção ácida só é restaurada após síntese de novas bombas, o que explica 
sua longa duração de ação apesar da meia-vida curta no plasma. 
 
8. Descreva por que os IECA podem causar tosse seca. 
 
 A tosse induzida por IECA ocorre porque esses fármacos diminuem a degradação 
de bradicinina e substância P nos pulmões. O acúmulo dessas substâncias irrita 
terminações sensoriais das vias aéreas, produzindo a tosse seca característica, mais 
comum com captopril e enalapril. 
 
9. Conceitue e diferencie potência e eficácia farmacológica, aplicando esses conceitos à 
comparação entre anti hipertensivos e diuréticos. 
 
 Potência refere-se à dose necessária para produzir um determinado efeito; eficácia é 
o efeito máximo que o medicamento pode atingir. Assim, um anti-hipertensivo pode ser mais 
potente que um diurético (necessitando menor dose), mas o diurético pode ser mais eficaz 
na redução de volume e pressão em determinados pacientes, pois sua capacidade máxima 
de ação é maior. 
 
10. Compare as vias intravenosa, intramuscular e oral em situações de emergência clínica, 
como o choque hipovolêmico, destacando os parâmetros farmacocinéticos e início de ação. 
 
 Em emergências como choque hipovolêmico, a via intravenosa é preferida porque 
garante início de ação imediato e biodisponibilidade total. A via intramuscular pode ser 
comprometida pela baixa perfusão tecidual do choque, dificultando absorção. A via oral é 
ainda menos adequada, pois depende de trânsito intestinal e sofre metabolismo de primeira 
passagem. 
 
11. Discuta o mecanismo de resistência bacteriana à amoxicilina por produção de 
β-lactamases, e a justificativa para associar clavulanato ao tratamento. 
 
 A resistência à amoxicilina ocorre principalmente pela produção de β-lactamases, 
enzimas que hidrolisam o anel β-lactâmico e inativam o antibiótico. O clavulanato é um 
inibidor suicida dessas enzimas, protegendo a amoxicilina da degradação e restaurando sua 
eficácia contra bactérias produtoras de β-lactamase. 
 
12. Explique a razão farmacológica para a escolha de broncodilatadores de curta e longa 
duração no tratamento da asma, incluindo o risco de tolerância. 
 
 Os broncodilatadores de curta duração, como salbutamol, são usados para alívio 
rápido em crises pela rápida ativação de receptores β2. Os de longa duração, como 
formoterol e salmeterol, são usados para manutenção diária da asma. Entretanto, o uso 
isolado e excessivo de LABA pode levar à tolerância e aumento do risco de exacerbações, 
por isso eles devem ser associados a corticosteroides inalatórios. 
 
13. Analise o risco de uso crônico de omeprazol, considerando o bloqueio da secreção 
ácida e efeitos sobre absorção de nutrientes. 
 
 O uso prolongado do omeprazol reduz a acidez gástrica de forma persistente, o que 
compromete absorção de nutrientes dependentes de pH ácido, como ferro, vitamina B12, 
cálcio e magnésio. Também aumenta risco de infecções entéricas e pneumonia e pode 
causar hiperplasia de células enterocromafins por aumento de gastrina. 
 
14. Compare diuréticos de alça e tiazídicos quanto ao local de ação, intensidade diurética, 
efeitos sobre eletrólitos e indicações clínicas. 
 
 Os diuréticos de alça atuam na alça espessa, são muito potentes e aumentam 
excreção de Na, K e Ca; são usados em edemas graves. Já os tiazídicos agem no túbulo 
distal, têm efeito moderado, reduzem excreção de cálcio e são amplamente usados na 
hipertensão. Ambos podem causar hipocalemia, mas em intensidade variável. 
 
15. Explique por que o uso concomitante de AINEs e IECA pode comprometer a função 
renal em pacientes com predisposição a lesão renal aguda. 
 
 Os AINEs reduzem prostaglandinas vasodilatadoras da arteríola aferente, 
diminuindo fluxo sanguíneo glomerular. Os IECA dilatam a arteríola eferente, reduzindo 
pressão de filtração. A combinação pode reduzir criticamente a pressão intraglomerular, 
sobretudo em pacientes vulneráveis, causando lesão renal aguda. 
 
16. Descreva como a farmacocinética de um fármaco pode ser alterada em pacientes com 
insuficiência hepática ou renal, e as implicações clínicas dessa alteração. 
 
 Na insuficiência hepática ocorre redução no metabolismo de primeira passagem e 
biotransformação, elevando concentraçãoplasmática dos fármacos. Na insuficiência renal 
diminui-se a excreção, prolongando meia-vida. Ambas as condições exigem ajustes de dose 
para evitar toxicidade. 
 
17. Discuta o papel dos receptores β2-adrenérgicos no pulmão e os efeitos colaterais 
sistêmicos mais comuns associados ao uso de agonistas β2. 
 
 Os receptores β2 nos pulmões promovem broncodilatação ao aumentarem AMPc no 
músculo liso. Porém, agonistas β2 também podem causar efeitos sistêmicos como tremor 
(ação em músculo esquelético), hipocalemia e taquicardia reflexa ou por interação com 
receptores cardíacos. 
 
18. Diferencie antagonismo competitivo e não competitivo entre fármacos. 
 
 No antagonismo competitivo o antagonista compete com o agonista pelo mesmo 
sítio, podendo ser superado pelo aumento da dose do agonista. No não competitivo o 
antagonista se liga a outro sítio ou causa alteração irreversível no receptor, reduzindo a 
resposta máxima e não sendo superável pelo aumento de dose. 
 
19. Explique a importância do tempo de meia-vida na determinação da frequência de 
administração de um medicamento e na escolha do esquema terapêutico. 
 
 O tempo de meia-vida determina quanto tempo o fármaco permanece em 
concentrações terapêuticas e, portanto, a frequência de administração. Fármacos com 
meia-vida longa exigem menos doses diárias e têm menor variação plasmática, sendo mais 
convenientes. 
 
20. Descreva o conceito de biodisponibilidade e como ela pode ser afetada pela via de 
administração, metabolismo de primeira passagem e formulação farmacêutica. 
 
 Biodisponibilidade é a fração do fármaco que alcança a circulação sistêmica 
inalterada. É influenciada pela via de administração, metabolismo de primeira passagem 
hepática e características da formulação, como dissolução e absorção no trato 
gastrointestinal. 
 
21. Explique o desequilíbrio prostaciclina/tromboxano induzido pela inibição seletiva da 
COX-2, como no uso de celecoxibe, e as implicações para o risco cardiovascular. 
 
 A inibição seletiva da COX-2 reduz síntese de prostaciclina, que possui ação 
vasodilatadora e antiagregante, sem afetar o tromboxano A2 produzido pelas plaquetas. O 
desequilíbrio favorece efeitos pró-trombóticos, explicando o aumento no risco 
cardiovascular com celecoxibe. 
 
22. Descreva o metabolismo hepático do paracetamol, com foco no métabólito tóxico e o 
antídoto indicado na intoxicação. 
 
 O paracetamol é metabolizado principalmente por conjugação, mas uma pequena 
parte é convertida pelo CYP2E1 ao metabólito tóxico NAPQI. Em doses elevadas, o NAPQI 
supera a capacidade de neutralização pela glutationa, causando necrose hepática. O 
antídoto N-acetilcisteína repõe glutationa e detoxifica NAPQI. 
 
23. Compare o mecanismo de ação da ranitidina com o dos inibidores da bomba de prótons, 
abordando aplicações clínicas e diferenças de eficácia. 
 
 A ranitidina age bloqueando reversivelmente os receptores H2 da célula parietal, 
diminuindo secreção ácida em grau moderado. Os inibidores de bomba de prótons, como 
omeprazol, bloqueiam irreversivelmente a H⁺/K⁺-ATPase, reduzindo a acidez de forma mais 
ampla e prolongada. Assim, IBPs são mais eficazes em úlceras e DRGE. 
 
24. Justifique o uso da loperamida na diarreia aguda, explicando seu mecanismo de ação. 
 
 A loperamida é agonista dos receptores opioides μ no plexo mioentérico, reduzindo 
motilidade intestinal e aumentando tempo de trânsito, o que melhora a absorção de água e 
reduz número de evacuações. Atua apenas perifericamente, pois não atravessa a barreira 
hematoencefálica. 
 
25. Discuta por que o propranolol é contraindicado em pacientes com asma e explique 
como a seletividade dos bloqueadores β1, como atenolol, influencia a escolha terapêutica 
em pacientes com doenças respiratórias. 
 
 O propranolol bloqueia receptores β2 pulmonares, causando broncoconstrição e 
podendo precipitar crises asmáticas. Já atenolol e outros bloqueadores seletivos β1 
apresentam menor risco respiratório, sendo preferidos em pacientes com asma que 
necessitam de β-bloqueio. 
 
26. Analise o mecanismo de ação do ipratrópio e sua aplicação em doenças pulmonares 
obstrutivas, diferenciando-o dos agonistas β2. 
 
 O ipratrópio bloqueia receptores muscarínicos M3 no músculo liso brônquico, 
reduzindo broncoconstrição mediada por estímulo vagal. É útil especialmente em DPOC, 
onde o tônus colinérgico está aumentado. Diferentemente dos β2 agonistas, sua ação não 
envolve AMPc e é mais lenta. 
 
27. Descreva como os macrolídeos, como a azitromicina, agem e quando são preferíveis às 
penicilinas. 
 
 Os macrolídeos, como azitromicina, ligam-se à subunidade 50S ribossomal e inibem 
translocação da síntese proteica bacteriana. São úteis em infecções respiratórias, atípicas e 
em pacientes alérgicos à penicilina. 
 
28. Explique o mecanismo de indução e inibição enzimática, e seus efeitos sobre fármacos 
com metabolismo hepático. 
 
 Indutores enzimáticos, como rifampicina, aumentam atividade do citocromo P450, 
reduzindo níveis plasmáticos de fármacos metabolizados por essas vias. Inibidores, como 
cetoconazol, diminuem o metabolismo hepático e elevam risco de toxicidade ao aumentar 
concentração sérica do fármaco afetado. 
 
29. Descreva o conceito de agonista parcial e agonista total. 
 
 Agonista total é capaz de produzir a resposta máxima biológica no receptor, 
enquanto o agonista parcial, mesmo ocupando todos os receptores disponíveis, só gera 
uma resposta submáxima. Essa característica faz com que o parcial tenha efeito limitado. 
 
30. Explique por queagonistas parciais podem exercer antagonismo funcional frente a 
agonistas totais, com implicações terapêuticas. 
 
 Um agonista parcial pode antagonizar um total porque compete pelos mesmos 
receptores; ao ocupá-los, impede que o agonista total produza sua resposta máxima. 
Assim, o efeito global diminui, sendo um antagonismo funcional importante em situações 
terapêuticas específicas.

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