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Resumo sobre Eletrocardiograma e Eletrofisiologia Cardíaca O eletrocardiograma (ECG) é uma ferramenta essencial para a avaliação da atividade elétrica do coração, refletindo os processos de despolarização e repolarização das células cardíacas. As células do miocárdio possuem um potencial de ação que se inicia com um potencial de repouso em torno de -90 mV, mantido pela bomba de sódio-potássio, que transporta três íons de sódio para fora da célula e dois íons de potássio para dentro. Em contraste, as células do nodo sinusal, que são especializadas na geração de impulsos elétricos, têm um potencial de repouso menor, variando entre -55 a -60 mV. Essa característica permite que o nodo sinusal inicie o estímulo elétrico, que se propaga pelo coração através de um sistema de condução específico, incluindo as fibras condutoras atriais, o nodo A.V, o feixe A.V, e as fibras de Purkinje, resultando em uma ritmicidade coordenada do ciclo cardíaco. O nodo A.V desempenha um papel crucial ao retardar temporariamente o impulso elétrico, permitindo que os átrios se contraiam antes dos ventrículos, otimizando a eficiência do bombeamento de sangue. A bifurcação do feixe A.V em ramos direito e esquerdo é significativa, pois o ramo direito, sendo mais estreito, é mais suscetível a alterações degenerativas e conduz o impulso de forma mais lenta. Quando o impulso chega às fibras de Purkinje, a condução se torna rápida, permitindo que os ventrículos se contraiam de maneira sincronizada e eficiente. Essa sequência de eventos é fundamental para a função cardíaca e a manutenção da circulação sanguínea. Para entender o ECG, é necessário compreender os processos de despolarização e repolarização celular. A despolarização ocorre quando canais de sódio se abrem, permitindo a entrada de sódio e tornando o interior da célula positivo. Após a passagem do impulso, a célula precisa retornar ao estado de repouso, o que é feito através da repolarização, onde os canais de sódio se fecham e os canais de potássio se abrem, permitindo a saída de potássio e restaurando a carga negativa interna. Essa diferença de potencial gerada durante esses processos pode ser captada por eletrodos colocados na superfície corporal, formando as ondas no papel do ECG. A direção e a intensidade dos vetores de despolarização e repolarização são fundamentais para a interpretação do ECG, pois determinam a polaridade das ondas registradas. Formação das Ondas no ECG As ondas do ECG são formadas em resposta à propagação do impulso elétrico pelo coração. O estímulo elétrico inicia-se no nodo sinusal, mas não gera uma marcação significativa no ECG. À medida que o impulso se propaga pelas fibras de condução atrial, ocorre a despolarização atrial, representada pela onda P no ECG. Após a despolarização atrial, o impulso é retardado no nodo A.V, resultando em um intervalo de calma no ECG. Quando o impulso chega às células ventriculares, ocorre a despolarização ventricular, que é representada pelo complexo QRS, a maior onda do ECG, devido à maior massa muscular ventricular. Após a despolarização ventricular, inicia-se a repolarização, que começa nos átrios, mas não é visível no ECG devido à sua menor amplitude em comparação com a despolarização ventricular. A repolarização ventricular, representada pela onda T, ocorre após um período de calma no ECG. Além das ondas, o ECG também apresenta segmentos e intervalos importantes, como o segmento PR, que representa a passagem do estímulo pelo nodo A.V, e o intervalo QT, que indica o tempo total de despolarização e repolarização ventricular. Derivações e Vetores no ECG O ECG é registrado em um papel milimetrado que possui eixos representando tempo e voltagem. As derivações são classificadas em bipolares e unipolares, sendo que as bipolares medem a diferença de potencial entre dois eletrodos, enquanto as unipolares medem a diferença em relação a um ponto central. As derivações do plano frontal incluem D1, D2, D3, aVR, aVL e aVF, enquanto as do plano horizontal são V1, V2, V3, V4, V5 e V6. A interpretação das ondas no ECG depende da posição dos eletrodos e da direção dos vetores de despolarização e repolarização. A compreensão dos vetores é crucial, pois a direção e a intensidade deles influenciam a polaridade das ondas registradas no ECG. Os vetores de despolarização e repolarização nos átrios e ventrículos têm orientações diferentes. Nos átrios, a despolarização ocorre de miócito a miócito, resultando em um vetor resultante que gera a onda P. A repolarização atrial, embora ocorra, não é visível no ECG. Nos ventrículos, a despolarização ocorre de dentro para fora, enquanto a repolarização ocorre de fora para dentro, resultando em ondas de despolarização e repolarização com a mesma polaridade no ECG. Essa complexidade na propagação do impulso elétrico é refletida nas diferentes ondas e intervalos do ECG, que são fundamentais para a avaliação da função cardíaca. Destaques O ECG reflete a atividade elétrica do coração, captando os processos de despolarização e repolarização. O nodo sinusal inicia o impulso elétrico, que se propaga pelo sistema de condução cardíaco, garantindo a ritmicidade do ciclo cardíaco. As ondas do ECG (P, QRS, T) representam diferentes fases da atividade elétrica cardíaca, com o complexo QRS sendo a maior onda devido à despolarização ventricular. As derivações do ECG são classificadas em bipolares e unipolares, e a interpretação das ondas depende da posição dos eletrodos e da direção dos vetores. A compreensão dos vetores de despolarização e repolarização é essencial para a análise correta do ECG e da função cardíaca.