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SUTURAS III CURSO DE MANUAL DO ALUNO LTUESB Este manual foi criado com o objetivo de auxiliar na construção do conhecimento teórico do III Curso de Suturas LTUESB, assim sendo, confeccionado com referências de ponta na área da técnica cirúrgica. "Todo ponto é simples!" -Autor desconhecido AUTORIA LIGA DO TRAUMA - UESB (@ligadotraumauesb) EDIÇÃO Bianca dos Santos Nascimento Filipe Lírio Malta (@filipelirio) Gabriel Novaes Miranda (@_gabonovaes) Jéssica Barbosa José Santana Farias Neto Thauani Soares Vieira APRESENTAÇÃO https://www.instagram.com/ligadotraumauesb/ https://www.instagram.com/filipelirio/ https://www.instagram.com/_gabonovaes/ NOÇÕES BÁSICAS DE CIRURGIA ASSÉPTICA ----- 03 ANESTESIA BÁSICA --------------------------------- 06 OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS --------------------- 08 NÓS E SUTURAS ------------------------------------ 17 Nó cirúrgico Diretrizes básicas para sutura Etapas da sutura Tipos de sutura Suturas descontínuas Suturas contínuas PROFILAXIA TETÂNICA --------------------------- 37 RETIRADA DOS FIOS ------------------------------ 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------- 39 SUMÁRIO ASSEPSIA Termo utilizado para designar ausência de matéria séptica, isto é, livre de infecção. Tem como fim manter livres de germes o doente, a equipe cirúrgica e o ambiente. Tenta- se eliminar qualquer fator potencial de infecção, impedindo a penetração de micro-organismos em local que não os contenha. Não há possibilidade de se chegar à assepsia total na prática cirúrgica (ausência total de germes), mas essa situação deve ser sempre perseguida, aproximando-se ao máximo do estado ideal. Atos: vestimenta estéril pelos membros da equipe cirúrgica; delimitação de campo operatório por coberturas estéreis; uso de instrumentação submetida ao processo de esterilização. ANTISSEPSIA Conjunto de procedimentos e práticas que visam inibir o crescimento de micro-organismos ou removê-los, mesmo que transitoriamente, de superfícies orgânicas. Possibilita o controle, total ou parcial, da proliferação de micro- organismos patogênicos, ao menos por um determinado período. 03 NOÇÕES BÁSICAS DE CIRURGIA ASSÉPTICA Atos: Utilização de antissépticos para lavagem de mãos, antebraços e cotovelos (escovação cirúrgica); preparo da área a ser operada com o emprego de substâncias antissépticas. Antisséptico ideal: ação bactericida; ação bacteriostática; persistência de ação por horas; ausência de causticidade; baixo índice de hipersensibilidade; baixo custo. Exemplos: Iodo, iodóforos, clorexidina, hexaclorofeno, álcool. “Assepsia é sempre desejada, perseguida. Como essa eventualidade não é possível, utiliza-se alguns agentes antissépticos com o intuito de aproximar-se do estado ideal” DESINFECÇÃO Destruição de micro-organismos presentes, em sua forma vegetativa, nas superfícies inanimadas. Desinfetante ideal: amplo espectro de ação antimicrobiana; inativação rápida de microorganismos; manutenção de ação duradoura; não ser corrosivo; tolerar variações de temperatura e pH; apresentar baixo custo. Exemplos: Álcool, formaldeído, glutaraldeído. ESTERILIZAÇÃO Completa destruição de todas as formas de vida microbiana, incluindo esporos bacterianos, que são altamente resistentes, empregando métodos físicos e químicos. Meios: calor seco, calor úmido, meios químicos. 04 PVPI degermante: degermação pré – operatória e ao redor de feridas. Deve sempre ser enxaguado. Indicado apenas em pele íntegra. PVPI alcoólica (tintura): antissepsia do campo operatório após PVPI degermante. PVPI aquosa (tópico): assepsia em mucosas e curativos. Aplicação em feridas superficiais e queimaduras. IODÓFOROS Combinações estáveis de iodo ou triodeto adicionadas a um veículo carreador de alto peso molecular como alguns polímeros neutros: polivinilpirolidona, polieterglicol, poliamidas. Atuam carreando moléculas de iodo que são liberadas gradativamente em baixas concentrações, mantendo o efeito germicida próximo do iodo e reduzindo a sua toxicidade (queimadura e irritação). Necessitam de dois minutos de contato para liberação do iodo livre, atingindo, assim, nível antisséptico adequado. Efeito residual de 2 a 6h. Inativado pela matéria orgânica (impede sua liberação). Formulações: CLOREXIDINA (GLUCONATO DE CLOREXIDINA) Consiste num sal incolor, inodoro e fortemente básico (não usar sobre o globo ocular e ouvido médio). Age por destruição da parede celular e precipitação dos componentes internos da célula microbiana. Atua mesmo na presença de sangue e exsudatos. Efeito residual por 6 – 8h. Baixa toxicidade e irritabilidade, sendo segura inclusive em neonatos. Alternativa para pacientes com intolerância ao iodo. Disponível também em preparações degermantes, alcoólicas e aquosa. 05 ANESTESIA BÁSICA Tem origem nas palavras gregas an = privação + aísthesis = sensação + ia, que literalmente quer dizer perda total ou parcial da sensibilidade, especialmente da tátil. O termo foi sugerido pelo médico e poeta norte-americano Oliver Wendel Holmes, entretanto, já existia na língua grega, e foi empregado no sentido de insensibilidade dolorosa, pela primeira vez por Dioscórides, no século I d.C. O termo anestesia se emprega, contudo, para a perda de qualquer tipo de sensibilidade. É causada por estados patológicos diversos ou provocada artificialmente, por agentes ditos anestésicos. ANESTESIA GERAL Um estado reversível de depressão do SNC. Ocorre inconsciência, com perda de sensação de dor em todo o corpo. ANESTESIA REGIONAL Perda da sensibilidade em uma área maior do corpo, porém dentro de certo limite. Essa área é o que chamamos de território. O agente anestésico é capaz de bloquear localmente a condução dos impulsos nervosos provenientes de uma determinada área corporal. Podem atingir troncos nervosos isolados, plexos nervosos ou raízes nervosas (raquianestesia). 06 ANESTESIA LOCAL Também chamada de analgesia, implica na perda da sensação dolorosa em uma área limitada do corpo. O agente anestésico atua temporariamente sobre fibras e terminações nervosas, insensibilizando o lugar onde elas estão localizadas. Técnica infiltrativa (intralesional) ou por bloqueios de campo (isolamento circunscrito). ANESTÉSICOS LOCAIS Novocaína, Pontocaína, Lidocaína (Xilocaína), Bupivacaína. Considerar associação com vasoconstritor em tecidos muito vascularizados para retardar a absorção (procedimento odontológicos). Contraindicado vasoconstritor em extremidades. 07 INTERVENÇÃO CIRÚRGICA Conjuntos de gestos manuais ou instrumentais que o cirurgião executa para a integral realização do ato cruento com finalidade diagnóstica, terapêutica ou estética. MANOBRAS ELEMENTARES 08 OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS SÍNTESE CIRÚRGICA Conjunto de manobras operatórias destinadas à reconstrução anatômica e/ou funcional de um tecido ou órgão, consistindo em etapa obrigatória da maioria dos procedimentos cirúrgicos. Operação fundamental que consiste na aproximação das bordas dos tecidos seccionados ou ressecados, a fim de facilitar as fases iniciais da cicatrização. O material de síntese (fios de sutura) vai sendo paulatinamente substituído pela própria cicatriz. Síntese cirúrgica + cicatrização = restauração da continuidade tecidual A função da síntese cirúrgica não deve terminar antes que o processo cicatricial já esteja em pleno curso. Sempre que possível, a síntese deve ser total, haja vista que favorece melhor recuperação anatômica e funcional (síntese imediata). Contudo, quando não existe condição satisfatória, ela pode ser parcial (síntese tardia), sendo completada naturalmente, sem intervenção cirúrgica (cicatrização por segunda intenção) O fechamento deve ser realizado plano por plano e usando-se material resistente às tensões que existirão durante as fases de cicatrização. É aconselhável que as suturas sejam realizadas em planos anatômicos, ou seja, seguindo o sentido inverso da estratigrafia rebatida pela diérese. A suturapode ser realizada com pontos separados (para cada eferência da agulha, um nó) ou contínuos (com apenas um ponto no início e um ponto no final, unidos entre si por várias alças). INSTRUMENTAL Síntese sem sutura: colagem, fitas adesivas. Síntese com prótese: Aço inoxidável, cromo-cobalto, teflon, etc... Síntese com sutura: PORTA-AGULHAS Utilizados para condução de agulhas curvas. Apresentam ranhuras na superfície interna das suas extremidades a fim de imobilizar melhor a agulha. Devem ser manuseados por movimentos de pronação-supinação e empunhados com o polegar e com o anelar. 09 10 TIPOS DE PORTA-AGULHAS Mayo-Hegar Oslen-Hegar (porta-agulha + tesoura) Mathieu 11 PINÇAS DE DISSECÇÃO/PREENSÃO Auxilia na exposição angular correta das bordas da ferida e manipula tecidos em geral. Podem ser atraumáticas ou anatômicas e traumáticas ou “dente de rato”, estas últimas são utilizadas para confecção de pontos na pele ou para agarrar materiais como campos, borrachas, etc. Empunha-se em forma de lápis. Anatômica ou Atraumática Dente de Rato ou Traumática 12 AGULHAS Instrumentos utilizados para transfixar os tecidos e guiar os fios de sutura. Podem ser curvas ou retas; atraumáticas (já montadas ao fio) ou traumáticas (com orifício para colocação do fio). Montagem: FIOS CIRÚRGICOS Utilizados em cirurgias com finalidades hemostática (ligadura ou laqueadura de vasos) e para sutura (em diferentes órgãos e planos anatômicos do corpo) Sutura: síntese por fios cirúrgicos específicos. Características do fio ideal: 1) Resistência à tração e torção 2) Calibre fino 3) Mole, flexível e pouco elástico 4) Diminuta reação tecidual 5) Estéril 6) Baixo custo QUANTO À ESTRUTURA MONOFILAMENTAR MULTIFILAMENTAR Único filamento de material Múltiplos trançados de fio Menor resistência tecidual Maior resistência tecidual Menor risco de contaminação Maior risco de contaminação Categute simples e cromado Ácido poliglicólico Nylon Seda Aço inoxidável Nylon 13 CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS CIRÚRGICOS Biológicos (naturais) Oriundo de vegetais (algodão); animais (categute simples e cromado, seda, colágeno) Sintéticos Nylon, Dacron, Polipropileno, Vicryl (poliglactina) Metálicos Aço inoxidável, Prata, Cobre QUANTO À ORIGEM 14 CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS CIRÚRGICOS QUANTO À ASSIMILAÇÃO PELO ORGANISMO Não diz respeito à absorção orgânica efetiva de cada fio, mas sim à resistência e tensão do fio, inclusive podemos ter um fio inabsorvível que seja absorvido, fagocitado (biodegradáveis). ABSORVÍVEIS NÃO ABSORVÍVEIS Perdem sua força tensil com menos de 60 dias (maioria é absorvido com 90 dias) Categute simples Absorção total 7 a 10 dias Biológico. Submucosa de ovelhas ou serosa de bovinos; Permeável; reação tecidual; infecção; alergênico Não é bom para aponeurose e suturas superficiais Categute cromado Absorção total de 15 a 20 dias Força tênsil aumentada TGI, tela subcutânea, ginecologia e urologia Perdem sua força tensil com mais de 60 dias (permanece encapsulado por tecido fibroso – não biodegradáveis) Nylon (inabsorvível biodegradável) – hidrolisado 20% ao ano. Mono ou multifilamentar Pequena reação tecidual e duradoura força tensil Muito escorregadio (deslizamento dos nós) Rígido e pouco flexível Suturas de pele 15 ABSORVÍVEIS NÃO ABSORVÍVEIS Poliglicólico (Dexon) Semelhante ao Vicryl Poligaláctico (Vicryl) Abosorção total em 50 a 70 dias Multifilamentar; flexível e maleável TGI (aponeurose), urologia, ginecologia, tela cutâneo Aço (esternorrafia) Mono ou multifilamentar Torcido ou trançado Liga de ferro com carbono Maior força tensil existente Cirurgias ortopédicas Prolene Monofilamentar Extremamente liso (fácil passagem pelos tecidos) Praticamente inerte Implante de próteses cardíacas, anstomoses vasculares. Mantém força tensil por tempo indefinido. Fio ideal para chuleio intradérmico 16 Contenção Fixação Segurança Tem por finalidade evitar que o fio entrelaçado se solte. Permite perfeito ajuste das bordas a serem afrontadas. Levar em consideração o tipo de nó, o treino do cirurgião, o grau de tensão dos tecidos a serem suturados e a natureza do fio. Primeira laçada aperta, segunda laçada fixa impedindo o afrouxamento e terceira laçada garante a segurança do nó. Composto, então dos três seminós: NÓS E SUTURAS 17 NÓ CIRÚRGICO 18 SUTURA CIRÚRGICA Conjunto de pontos aplicados nos tecidos com o objetivo de união, fixação e sustentação. A sua importância diminui com o progredir da cicatrização. Cada laçada deve ser feita no sentido oposto ao do anterior; caso contrário, o nó tende a se afrouxar. Não existe, contudo, inconveniente em se utilizar nós no mesmo sentido quando se trata de ligadura sem tensão. 1) MANIPULAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS TECIDOS As bordas teciduais devem ser elevadas e apresentadas para se efetuar a sutura. Para isso, deve-se evidenciar primeiro uma borda, depois a outra, fazendo uso de pinças. Geralmente se utilizam uma pinça delicada com dentes delicados para tecidos friáveis e uma pinça “dente de rato” mais robusta para tecidos mais resistentes (como a própria pele) 2) COLOCAÇÃO DA AGULHA NO PORTA-AGULHA Comumente a agulha é presa em sua parte média (ou pouco atrás) pelo porta-agulha. 19 DIRETRIZES BÁSICAS PARA A SUTURA 3) TRANSFIXAÇÃO DAS BORDAS A passada da agulha pelas duas bordas do tecido pode ser feita em um ou dois tempos (sendo esta preferível para tecidos rígidos). A quantidade de tecido a ser englobada em cada passada deve ser a menor possível para que se consiga propiciar firme apoio ao fio cirúrgico. Assim englobamos a menor quantidade de tecido possível mantendo o máximo de vitalidade tecidual. a. Insira a agulha curva na pele em um ângulo de 90 graus b. Adote um caminho curvilíneo através dos tecidos c. Tenha certeza quanto a simetria entre os extremos da agulha inseridos no tecido, tanto dos lados, como na profundidade. A profundidade deve ser maior que a distância entre cada extremo da agulha e a ferida. 20 DIRETRIZES BÁSICAS PARA A SUTURA 21 DIRETRIZES BÁSICAS PARA A SUTURA 4) EXTRAÇÃO DAS AGULHAS As agulhas devem ser extraídas dos tecidos em que foram passadas com a sua forma e com a direção de suas pontas. Assim, uma agulha curva deve ser pressionada para cima, de modo a completar um semicírculo semelhante à sua forma. 1) Primeiro atendimento ao paciente (duração da lesão) e inspeção sistemática da ferida 2) Lavagem da ferida com soro fisiológico com ajuda do auxiliar 3) Colocação de luvas estéreis, máscara e gorro; 4) Proceder a antissepsia da lesão com PVPI 5) Colocação do campo cirúrgico próprio para síntese 6) Anestesia da lesão com xilocaína 2% (infiltração ou isolamento de campo) 7) Exploração da ferida e desbridamento, se necessário 8) Realização da sutura 9) Lavagem e curativo 10) Orientações sobre retirada dos pontos e profilaxia tetânica 11) Descrever em prontuário 22 ETAPAS DA SUTURA 23 TIPOS DE SUTURA 24 PONTO SIMPLES Quando usar? O ponto simples é ideal para fechar feridas superficiais e de baixa tensão, como lacerações lineares em pele ou para aproximar camadas de tecido em cirurgias de menor complexidade. Como fazer? Insere-se a agulha através da pele em direção ao interior da ferida. Ao emergir a agulha dentro da ferida, insere-se a mesma pela borda interna da ferida, buscando exteriorizá-la novamente, sendo que, desta vez, através da pele. Ao conseguir transfixar as duas extremidades do fio, faz-se o nó e corta-se a parte remanescente para seguir com a sutura descontínua SUTURAS DESCONTÍNUAS PONTO SIMPLES 25 26 PONTO DONATTI Quando usar? Usado na pele, consistindo em duas transfixações: uma perfurante, incluindo a pele e a camada superior do tecido subcutâneo, entre 7 a 10 mm da borda, e a outra transepidérmica, cerca de 2mm da borda. Muito utilizado em suturas sob pequena tensão. Como fazer? É o famoso “longe longe; perto perto”. Primeiramente se realizao trajeto profundo da agulha, com os pontos de entrada e de saída com cerca de 7 a 8 mm de distância da borda da ferida. Faz-se então a volta do fio de sutura com um trajeto mais superficial, formando pontos de segunda entrada e segunda saída equidistantes aos primeiros pontos produzidos, ficando, os segundos pontos, com cerca de 1 a 2 mm das bordas da ferida. SUTURAS DESCONTÍNUAS PONTO DONATTI 27 28 PONTO EM "X" Quando usar? Também conhecido como ponto em crucifixo, é comumente usado para fechar feridas em áreas que estão sob alta tensão, como a pele do rosto, pescoço e extremidades. Como fazer? Para os destros, a agulha é inicialmente inserida na pele na borda superior direita da ferida, seguindo, profundamente, para o polo mais alto correspondente ao lado oposto (como seria no ponto simples comum). Depois, guia-se o fio, de modo transversal, novamente para a borda direita da ferida, seguindo agora, em direção ao ponto mais baixo desta região. Faz-se assim a primeira alça do X. Para concluí-lo, insere-se novamente a agulha partindo em direção à borda do lado oposto (lado esquerdo) para que, quando a agulha emergir, fechar-se o nó, formando, assim, um ponto que denota uma letra X. SUTURAS DESCONTÍNUAS PONTO EM "X" 29 30 CHULEIO SIMPLES Quando usar? Consiste no tipo de sutura de mais fácil e rápida execução, sendo aplicada em qualquer tecido com bordas não muito espessas e pouco separadas. É realizada pela aposição de uma sequência de pontos simples com a direção obliqua da alça interna em relação à ferida. É bastante utilizada para sutura em crianças de difícil controle emotivo, sutura de aponeurose e peritônio. Como fazer? O chuleio simples se inicia com um ponto simples comum de fixação inicial. Feito isso, inserese a agulha sequencialmente, sempre avante. Procede-se, então, com uma sucessão de pontos que unem as bordas da ferida, com um único fio fixado por um ponto simples no extremo proximal da ferida e outro, aplicado ao final da sutura, na outra extremidade. SUTURAS CONTÍNUAS CHULEIO SIMPLES 31 CHULEIO ANCORADO Quando usar? Seu uso vem diminuindo na atualidade, embora ainda seja utilizado por alguns cirurgiões para a sutura da aponeurose do músculo reto abdominal. Como fazer? Consiste na realização de um chuleio simples, em que o fio, depois de passado no tecido, é ancorado, sucessivamente, na alça interior ou a cada quatro ou cinco pontos 32 SUTURAS CONTÍNUAS SUTURA INTRADÉRMICA LONGITUDINAL Quando usar? Consiste numa sequência de pontos simples longitudinais alternados, por dentro das bordas da pele (inserindo a agulha apenas no plano subcutâneo), resultando em uma excelente coaptação das bordas, o que lhe confere um excelente resultado estético. Como fazer? Inicia-se com a introdução da agulha no ângulo proximal da ferida, linearmente à incisão (preconiza-se que os nós dados nos extremos da ferida sejam feitos apenas depois de verificada a eficácia da sutura). O restante dos pontos se realiza passando o fio, alternadamente, pelas duas bordas subcutâneas da ferida, em sentido horizontal, de uma borda para outra, avançando ao longo da mesma. Finaliza-se dando os nós em ambos os extremos da ferida. 33 SUTURAS CONTÍNUAS SUTURA INTRADÉRMICA LONGITUDINAL 34 35 PELE Pontos separados simples ou donattii (delicados), sem tensão, com fios não absorvíveis ou absorvíveis em moderado ou longo espaço de tempo, com diâmetros 5- 0 a 3-0. Quando o efeito estético se impõe, deve-se preferir a sutura contínua longitudinal intradérmica com fio não absorvíveis ou absorvíveis em longo espaço de tempo, com diâmetros 6-0 ou 5-0. Em crianças e mucosas, pode-se utilizar o categute simples ou cromado, para evitar que se necessite realizar a retirada dos pontos. TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO Alguns cirurgiões optam pelo não fechamento, desde que as bordas da pele estejam bem coaptadas, haja vista a relativa frequência de reações tipo corpo estranho. Em paciente obesos, com grande quantidade de tecido adiposos, o fechamento se torna necessário. Pontos simples, separados, com fios absorvíveis de média ou longa duração. APONEUROSE Sutura fundamental para evitar o aparecimento de hérnias. Deve-se utilizar fios não absorvíveis ou absorvíveis com longo espaço de tempo, como Vucryl 1- 0 ou 0. Sutura contínua ou descontínua têm o mesmo valor. TIPOS DE SUTURAS PREFERENCIAIS EM DIFERENTE TIPOS DE TECIDO 36 MUSCULATURA Em geral, pontos simples ou em “U”, com fios absorvíveis em curto ou moderado espaço de tempo, apenas no sentido de aproximação das bordas, sem tensão. PERITÔNEO Tecido ricamente vascularizado e de rápida e fácil cicatrização. Pode ser suturado com chuleio simples, empregando fios absorvíveis em curto ou moderado espaço de tempo, como o Vicryl. VASOS SANGUÍNEOS Chuleio simples, sempre com fios não absorvíveis (6-0 ou 5-0). TUBO DIGESTIVO Quando plano único, extramucoso, tanto pode ser com pontos separados simples com fios não absorvíveis ou absorvíveis de longa duração, como também com chuleio simples, com os mesmos tipos de fios. Quando realizada em dois planos, o primeiro (incluindo a mucosa) deve ser realizado em chuleio simples com fios absorvíveis e o segundo (seromuscular), com fios não absorvíveis ou absorvíveis em médio e longo espaço de tempo. TIPOS DE SUTURAS PREFERENCIAIS EM DIFERENTE TIPOS DE TECIDO 37 CONDUTA FRENTE A FERIMENTOS SUSPEITOS Esquema de condutas profiláticas de acordo com o tipo de ferimento e situação vacinal. Fonte: Brasil, Ministério da Saúde, 2019. PROFILAXIA TETÂNICA 38 Deve ser realizada o mais breve possível, logo que a cicatriz adquira resistência. Incisões cutâneas pequenas (menos de 4 cm) = 7 dias em média. Incisões mais extensas = 10 dias. CONSIDERAÇÕES 1. Feridas edemaciadas ou isquemiadas provavelmente apresentam alguma complicação e devem ser corretamente investigas. 2. Após a retirada dos pontos, deve-se aconselhar aos pacientes evitar movimentos bruscos ou a extensão exagerada da área onde foi realizada a sutura. 3. Nas áreas de grande movimentação, em que a linha de sutura fica exposta a grande tensão (joelho, cotovelo, punho), bem como em qualquer outra região mais próxima de articulações, as suturas cutâneas devem ser retiradas tardiamente. 4. Em feridas mais extensas, recomenda-se, inicialmente, a retirada alternada dos pontos (10 a 15 dias), completando-se alguns dias depois. Essa prática evita que ocorram deiscências parciais ou totais no plano cutâneo. Em idosos, é prudente se aguardar um tempo mais prolongado. RETIRADA DOS FIOS 39 GOFFI, Fabio Schmidt. Técnica cirúrgica: Bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas de cirurgia. 4 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2001 MARQUES, Ruy Garcia. Técnica operatória e cirurgia experimental. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2005 Manual do III Curso de Suturas da Liga Baiana de Cirurgia Plástica NETTO, Arlindo Ugulino. MEDRESUMOS – Técnica operatória. 2012 SOUZA, Alessandra Morais. Fios e Suturas. Aula ministrada na Universidade Presidente Antônio Carlos, Belo Horizonte REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS