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Constipação intestinal - Situação 1: paciente evacua 3x semana, fezes bem formadas, sem esforço evacuatório - Situação 2: paciente evacua diariamente fezes em pequena quantidade, fezes ressecadas OBS: é sempre importante ao questionar o hábito intestinal do paciente, não só perguntar se ele evacua todos os dias, mas é importante também para caracterizar constipação saber como é o aspecto das fezes. Qual é o hábito intestinal normal? Varia de 3 vezes por semana a 3 vezes por dia Fezes bem formadas: semi-sólidas/sólidas (tipo 3 e 4) Ausência de esforço evacuatório Sensação de esvaziamento completo Paciente A: evacua 3x na semana Paciente B: evacua todos os dias, 1 a 3 vezes por dia Paciente C: evacua todos os dias, 1x ao dia - É importante caracterizar como é o aspecto dessas fezes, pois o paciente pode evacuar todos os dias e ser constipado ou pode evacuar 3x por semana e ter o hábito intestinal normal, já que não é só a frequência que se leva em consideração. - Definição de constipação: dificuldade de passagem das fezes ou baixa frequência dos movimentos intestinais, geralmente acompanhada de esforço durante a defecação ou sensação de evacuação incompleta. Movimentos evacuatórios pouco frequentes, menos de 3 vezes por semana Fezes duras, sensação de evacuação incompleta, desconforto abdominal, inchaço e distensão Esforço excessivo, sensação de bloqueio anorretal durante a defecação e necessidade de manobras manuais durante a defecação - Fatores de risco para constipação: Sexo feminino Idade > 60 anos Fármacos: opioide (mão que prescreve um opioide é a mão é escreve um laxativo), AINES, diuréticos, anticonvulsivantes Sedentarismo Dieta pobre em fibras, rica em massa e pouca ingesta de água - Fisiologia dos cólons, reto e ânus Se a pessoa decide que não vai evacuar naquele momento é bloqueado o reflexo do plexo nervoso entérico, causando uma contração instantânea da musculatura estriada (esfíncter externo (1º) do anûs e elevadores do ânus), causando o deslocamento das fezes de volta em direção ao sigmoide e a contração do esfíncter anal interno (2º): tônus de repouso. Se o paciente faz esse processo por muitas vezes vai tendo uma perda progressiva da sensibilidade retal a distensão pelo bolo fecal e vai ficando cada vez mais constipado. - Classificação: 1) Constipação de transito normal a. Problema: alteração na sensibilidade anorretal; percepção alterada da evacuação 2) Transito colônico lento: Inércia colônica a. Problema: tempo prolongado para o deslocamento das fezes do ceco até o reto 3) Disfunção do assoalho pélvico ou obstrução de saída a. Problema: Fezes chegam no reto, mas na hora da passagem do conteúdo fecal do reto para o exterior ocorre falha de relaxamento esfincteriano ou do músculo puborretal -Função deles: absorção de água, sais, transporte e eliminação do bolo fecal - As fezes chegam no sigmoide e por propulsão são levadas a ampola retal, causando o aumento da pressão intraluminal com distensão da parede retal, o que leva ao relaxamento do esfíncter interno do anûs (reflexo retoanal), ondas peristálticas intensas no cólon descendente e sigmoide e também contração involuntária da musculatura estriada abdominal Classificação - Funcional ou primária: nenhuma causa física subjacente é encontrada Dieta inadequada, horário inconstante para evacuar, não atendimento do reflexo evacuatório Nenhuma causa física subjacente é encontrada ROMA IV: Todas as doenças funcionais tem o critério tempo Critérios preenchidos nos últimos 3 meses com início dos sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico o Deve incluir 2 ou mais dos seguintes itens: Esforço evacuatório Fezes irregulares ou duras (bristol 1-2) Sensação de evacuação incompleta Sensação de obstrução anorretal Manobras manuais para facilitar a evacuação Menos de três evacuações espontâneas por semana Fezes soltas raramente estão presentes sem o uso de laxantes Critérios insuficientes para síndrome do intestino irritável - Orgânica ou secundária: doenças intestinais ou sistêmicas (estenose; tumor), fatores metabólicos, hormonais, medicamentos Idade avançada (não era constipado antes), progride mais rapidamente, perda de peso, anemia Causas secundárias de constipação: o Tumores de cólon, diverticulite, estenoses inflamatórias, isquemia, vólvulo, endometriose, estenoses pós-operatórias, fissura anal, hemorroidas trombosadas, prolapso da mucosa o Medicamentos: antidepressivos, antiepiléticos, anti-histamínicos, antiespasmódicos, anticolinérgicos, cálcio, bloqueadores de canal, suplementos de cálcio e ferro e AINEs (MUITO IMPORTANTE CHECAR QUAIS MEDICAÇÕES O PACIENTE FAZ USO, CASO SEJA ALGUMA CONSTIPANTE O IDEAL É TROCAR ESSA MEDICAÇÃO) Como funciona o músculo puboretal? - Ele fica contraído e precisa relaxar para que haja a passagem das fezes. Em mais 25% das defecações., não é algo ocasional, é um sintoma que o paciente tem frequentemente Não tem dor Hipossensibilidade retal Tem dor Hiperssenbilidade colônica o Doenças metabólicas: hipotireoidismo, hipoparatireoidismo, hiprcalcemia, hipocalemia, hipomagnesemia, diabetes, uremia e envenenamento por metais pesados o Doenças neurológicas: lesões medulares ou neoplasia, doença cerebrovascular/AVC, esclerose múltipla, neuropatia autonômica e Mal de Parkinson o Miopatias: amiloidose e esclerodermia o Outras condições: doença de chagas, comprometimento cognitivo, imobilidade História clínica do paciente com constipação - Vai ter que investigar: Consistência fecal, tempo de início da constipação, frequência defecatória (tem paciente que passa 4 dias sem evacuar, tem paciente que passa 15 dias), esforço ao defecar, manobras digitais, sensação de evacuação incompleta, dor e desconforto abdominal, sangramento fecal Uso de laxante, histórico cirúrgico, comorbidades, medicamentos, estilo de vida, dieta,ingesta de líquido, história familiar de câncer e ocupação (trabalha passando o dia todo sentado?) Ao exame físico: massa palpável, emagrecimento, anemia, toque retal > pensar em causa secundaria de constipação - Avaliação laboratorial Hemograma completo, sorologia para Chagas (se tiver megacolon), cálcio, função da tireoide e função renal, glicemia em jejum, eletrólitos - Colonoscopia : quando solicitar? Idade > 50 anos Constipação intestinal de início recente Sangramento retal História familiar de câncer Massa palpável Emagrecimento Anemia - Tempo de transito colônico Nesse exame o paciente ingere comprimidos que possuem umas argolas no seu interior que são radiopacas e fará um RX do abdome no 5º e no 7º dia depois que ingerir No 5º dia 80% devem ser eliminados e 100% até o 7º dia Inércia colônica: marcadores dispostos difusamente pelo cólon Obstrução de saída: marcadores estão todos na saída do cólon/reto - Manometria anorretal Feita para medir a pressão do esfíncter e com uma sonda/balão ele simula a chegada das fezes no reto, devendo haver um relaxamento do esfíncter anal Nesse exame é possível ver se o paciente tem anismo, ou seja, se ele não relaxa com a dilatação do balão Ausência do reflexo inibitório retoanal: megacólon chagásico ou congênito (doença de hirschsprung) ~ são doenças que alteram a função neurológica do esfíncter anal e ele não consegue se relaxar com a dilatação do reto Hipertrofia do esfíncter anal interno: fissura anal ~ o esfíncter é tão hipertônico que quando as fezes passam rasgam o esfíncter anal, causando fissura Hipossensibilidade retal: doença neurológica Desordens defecatórias: disfunção do assoalho pélvico/ obstrução de saída Tratamento da constipação Medidas dietéticas e comportamentais o Dieta rica em fibras (farelo de aveia, trigo, linhaça;frutas com bagaço) e líquidos (2-2,5 litros por dia) o Exercício físico, principalmente os que fazem prensa abdominal (paciente que interna, fica restrito ao leito já pode constipar, pois está sem movimentar) o Não inibir o reflexo (onde quer que esteja) ~ quanto mais inibe o reflexo mais constipado você fica Laxativos (uso após as medidas iniciais ditas acima) o Agentes formadores de bolo fecal – São as fibras (será uma complementação de fibras da dieta) Ingestão diária recomendada: 25 a 30g/dia (BRASIL: 5 a 7g/dia = ingesta de fibra muito baixa) Fibras solúveis: fermentadas pela flora intestinal com produção de gases (Metilcelulose, psyllium, plantago) ~ MAIOR INGESTA DE LIQUIDO JUNTO AS FIBRAS REDUZ A FORMAÇÃO DESSES GASES. Fibras insolúveis: parcialmente fermentadas, diminuem o tempo de trânsito intestinal, aumentam o bolo fecal, manutenção da camada muscular do cólon/ estimula a contração do cólon de maneira indireta (farelo de trigo) 1 – Inercia colônica 2 – Obstrução de saída Substâncias hidrofílicas não absorvíveis: policarbofilia cálcica (fibra sinténtica) Líquido: fibras absorvem água/ reduz formação de gases CUIDADO: FIBRAS PODEM CAUSAR DISTENSÃO ABDOMINAL E FLATULÊNCIA; NÃO PODENDO EXAGERAR NO SEU USO. o Osmóticos Gradiente osmótico intra-luminal, maior secreção de eletrólitos, redução da viscosidade fecal, aumento do peristaltismo (puxam água para dentro do intestino) Açucares não absorvíveis Lactulose, sorbitol, manitol, lactitol, polietilenoglicol, hidróxido de magnésio. Podem causar distensão abdominal e flatulência Menor formação de gases: polietilenoglicol e lactitol o Lubrificantes Óleo mineral Menos efetivo que os osmóticos Não usar em pacientes com sensório rebaixado/ acamado: pneumonite lipídica (quadro gravíssimo) Vantagem do óleo mineral: baixo custo o Estimulantes (irritantes): lacto purga, tamarine, complexo almeida prado, bisacodil Sene, cáscara sagrada, bisacodil, picossulfato de sódio Reduzem a absorção de água (fezes ficam mais líquidas) e estimulam a motilidade intestinal Principal vantagem: rápido início de ação, com evacuação dentro de 6 a 12 horas Desvantagens: distúrbios eletrolíticos e cólica abdominal (devido a estimulação da contração abdominal) Não devem ser usados por períodos prolongados o Procinéticos Tegaserode, prucaloprida Agonistas do receptor 4 da serotonina (5-HT4) Estimulam o peristaltismo, a motilidade e a secreção colônica Maior incidência de mortes por efeito cardiovascular (CUIDADO; principalmente tegaserode) Usar em pacientes jovens e sem história de doença cardiovascular; mulheres abaixo de 55 anos Recomendados para casos não responsivos a outras possibilidades terapêuticas Biofeedback o Disfunção do assoalho pélvico o Exercícios para ensinar os pacientes a relaxar a musculatura anorretal o Fisioterapia do assoalho pélvico: exercícios para o relaxamento da musculatura pélvica durante a evacuação ; tanto o esfíncter anal como o musculo puborretal Cirurgia – colectomia o Raramente indicada o Constipação grave, refratária Pacientes que ficam 1 mês sem evacuar Pacientes que tem megacolon o Devem ter o trânsito lento e não podem ter obstrução de saída, pois a cirurgia vai retirar o colon o Avaliar tratamento cirúrgico se retocele, sigmoidocele ou prolapso retal que podem está causando a constipação Mensagens para casa Em casos de constipação crônica, os sinais de alarme devem ser excluídos. Se presentes realizar colonoscopia. A primeira linha de tratamento da constipação é o uso de fibras, aumento da ingesta de líquidos, exercícios físicos e seguir o desejo evacuatório Se não houver resposta com fibras > laxantes osmóticos (lactulose, macrogol) > se não houver resposta > laxantes irritativos (bisacodil/ picossulfato)> se não houver resposta > procinéticos (prucaloprida) Cuidado com óleo mineral em pacientes comatosos, desorientados – risco de aspiração Casos refratários: solicitar tempo de trânsito colônico Manometria anorretal: disfunção do assoalho pélvico funcional > biofeedback (contração paradoxal do músculo puborretal) Avaliar tratamento cirúrgico se retocele, sigmoidocele ou prolapso retal
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