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Fisiologia do Exercício Débito de oxigênio (também conhecido como Dívida de O2 ou EPOC) Reposição das reservas energéticas durante a recuperação Remoção do ácido lático do sangue e músculos o Déficit de O2 Ocorre na transição do repouso para o exercício. Há um retardo na captação de O2 no início do exercício. Definição: Período durante o qual o nível de consumo de O2 fica abaixo do necessário para fornecer de forma aeróbia todo o ATP exigido pelo exercício. Indivíduos treinados possuem um menor déficit de oxigênio. Isso pode ser devido a possuírem uma capacidade aeróbica bioenergética mais bem desenvolvida. o Recuperação após exercício (Débito de O2, Dívida de O2 ou EPOC) Definição: Período durante o qual o nível de consumo de O2 fica acima do necessário para o repouso após o término do exercício. EPOC significa "excess post-exercise oxygen consumption". O metabolismo permanece elevado por vários minutos após o exercício. É dependente da intensidade do exercício, duração do exercício e estado de treinamento. Possui dois componentes: Porção rápida ou alática: Ocorre logo após o exercício, durando de 2 a 4 minutos. Caracterizada por uma diminuição rápida no consumo de O2. O O2 consumido nesta fase é independente da remoção de ácido lático durante a recuperação. Satisfaz a necessidade energética para: Restauração da mioglobina com O2, Restauração dos níveis sanguíneos de O2, Custo energético da ventilação e atividade cardíaca elevados, Reabastecimento de ATP e CP. É afetado parcialmente apenas pela intensidade do exercício. Porção lenta ou lática: Persiste por mais de 30 minutos após o exercício. Caracterizada por um declínio lento no consumo de O2 até atingir o ritmo constante de repouso. O O2 consumido nesta fase está quantitativamente relacionado à remoção do ácido lático acumulado no sangue e nos músculos durante o exercício. Satisfaz a necessidade energética de: Temperatura corporal elevada, Custo de O2 da ventilação, Maior atividade do miocárdio, Ressíntese de glicogênio e oxidação do ácido lático, Hormônios elevados. É afetado pela combinação de intensidade x duração do exercício. O EPOC aumenta linearmente com a duração do exercício físico, porém o efeito da duração afeta apenas a duração do EPOC. A intensidade do exercício físico parece afetar tanto a magnitude quanto a duração do EPOC. Alterações na Taxa Metabólica de Repouso (TMR) estão relacionadas ao gasto energético. O metabolismo elevado é um fator importante no controle de peso. Um fator que contribui para o consumo excessivo de oxigênio após o exercício é a ressíntese de creatinafosfato no músculo [14 (interatividade, alt. b)]. o Reposição das Reservas Energéticas Durante a Recuperação Três fontes de energia são depletadas em graus variáveis durante o exercício: Fosfagênios (ATP-CP), Glicogênio (músculos e fígado), Lipídios (AGL). Apenas os estoques de ATP-CP e glicogênio são reconstituídos diretamente durante a recuperação. Restauração de ATP+CP: Ocorre uma rápida restauração inicial seguida de restauração lenta. Cerca de 70% é restaurado em 30 segundos, e 100% dentro de 3 a 5 minutos. Há um importante papel do fluxo sanguíneo e do fornecimento de O2 aos músculos durante a recuperação. A maior parte da energia para a restauração dos fosfagênios provém da atividade metabólica do componente RÁPIDO da recuperação. Quanto maior a depleção no exercício, maior a quantidade de O2 necessária para a restauração. A quantidade de restauração de fosfagênios e o consumo de O2 do componente rápido são diretamente relacionados. É possível aprimorar o sistema de fosfagênios pelo treinamento, o que melhora o desempenho. Restauração do Glicogênio Muscular: A repleção plena após um exercício leva vários dias e depende de dois fatores principais: Tipo de exercício realizado e Consumo dietético de carboidrato durante a recuperação. Após Exercício Contínuo (Endurance): Quantidade insignificante de glicogênio muscular é ressintetizada na recuperação imediata (1 a 2 horas). A ressíntese completa requer alta ingestão dietética de carboidratos durante um período de recuperação de dois dias. Sem alta ingestão, a ressíntese completa pode levar cinco dias. Com dieta rica em carboidratos, há um reabastecimento extremamente rápido nas primeiras horas de recuperação (60% em 10 horas). Não há diferença significativa na ingestão de diferentes açúcares (simples vs. complexos) para a velocidade de ressíntese, mas há maior armazenamento para complexos. O glicogênio é o único combustível para a glicólise e um dos principais para o sistema aeróbico (exercícios de resistência); reservas baixas ou depletadas causam cansaço muscular. Manter níveis adequados de glicogênio muscular é importante. Pode ocorrer depleção progressiva das reservas musculares de glicogênio com exercício contínuo e consumo normal de carboidrato ao longo de dias. Após Exercício Intermitente (Curta Duração): Quantidade significante de glicogênio muscular pode ser ressintetizada dentro de 30 minutos a 2 horas, mesmo sem ingestão alimentar. Sua ressíntese completa não requer ingestão dietética de carboidratos acima do normal [23 (interatividade, alt. b), 20]. A ressíntese completa requer 24 horas de recuperação (com dieta normal ou rica em carboidrato) [20, 23 (interatividade, alt. a)]. A ressíntese é significativamente rápida nas primeiras horas: 39% em 2 horas e 53% em 5 horas [20, 23 (interatividade, alt. d)]. Esta rápida ressíntese tem importante aplicação para atletas que competem várias vezes num único dia [20, 23 (interatividade, alt. e)]. Diferenças na Ressíntese entre Exercícios Contínuos e Intermitentes: Quantidade global de glicogênio depletado: 2x mais no contínuo, portanto menos a ser ressintetizado e menos tempo necessário no intermitente. Disponibilidade de precursores do glicogênio: Lactato, piruvato e glicose. Após exercício contínuo, precursores estão em quantidades limitadas; após intermitente, normais ou acima. Diferentes tipos de fibra: Evidências sugerem que a ressíntese é mais rápida nas fibras tipo II (mais utilizadas no exercício intermitente) do que no tipo I. Supercompensação: A quantidade e velocidade de ressíntese podem ser aumentadas para valores maiores que os normais por meio da combinação exercício-dieta, o que é útil para atletas de endurance para melhora de desempenho. o Remoção do Ácido Lático do Sangue e Músculos A concentração de lactato sanguíneo imediatamente após o exercício está diretamente relacionada com a intensidade. Há uma ligeira elevação mesmo em baixos níveis de intensidade. É também influenciada pela duração do exercício. Em exercícios de alta intensidade e curta duração, a influência do número de séries e do período de repouso entre séries é importante. Repouso mais curto resulta em maior acúmulo de lactato. Um período suficiente de repouso é importante para a remoção de grandes quantidades. Velocidade de Remoção do Ácido Lático: Em repouso-recuperação (passiva), cerca de 50% do lactato é removido em 25 minutos e 95% em 1h15min, após um exercício específico. Menor acúmulo de lactato (exercício submáximo) requer menos tempo para remoção. A remoção é mais rápida com recuperação ativa (exercício durante a recuperação) do que com recuperação passiva (repouso). Exercícios-recuperações resultam em aumento substancial na velocidade de remoção do lactato. Intensidade do Exercício de Recuperação para Remoção Ótima: O ritmo mais rápido ou ótimo de remoção do lactato sanguíneo ocorre a 30 a 45% do VO2máx para indivíduos destreinados (em bicicleta ergométrica). Para indivíduos treinados (correndo ou caminhando), a intensidade ótima é de 50 a 65% do VO2máx. A recuperação ativaé mais precisa quando é específica. Quanto maior o nível de aptidão, maior a intensidade do exercício de recuperação para remoção ótima de lactato. Destino do Ácido Lático: O destino predominante do lactato após o exercício é a oxidação e conversão para CO2 e H2O [30, 32 (interatividade, alt. d)]. O lactato é utilizado como combustível na via aeróbica, sendo responsável pela maior parte do lactato removido na recuperação. Vários órgãos são capazes de oxidar lactato, sendo o músculo esquelético o principal. A maior parte da oxidação de lactato no músculo ocorre nas fibras do tipo I. Esta é a razão pela qual a remoção é mais rápida na recuperação ativa, pois o tipo de exercício adotado recruta fibras do tipo I. Outros destinos incluem conversão para glicogênio (gliconeogênese), conversão para proteína, ou excreção via urina e suor, mas a oxidação é o destino predominante. O O2 consumido no componente lento da recuperação está quantitativamente relacionado com a remoção do lactato, mas não é o único responsável pela remoção de todo o lactato, já que este tem outros destinos.