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Literatura Portuguesa Poesia Unidade II Unip

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Literatura Portuguesa: Poesia
Unidade II
5 ROMANTISMO
Os alicerces do pensamento romântico surgem na Alemanha, no fim do século XVIII, com um 
movimento denominado Sturm und Drang (tempestade e ímpeto), criado por Johann Gottfried Herder, 
que exaltava o nacionalismo, a natureza, os sentimentos, em detrimento da razão, e as crenças populares, 
além de valorizar a liberdade de criação.
Mais do que um movimento, o Romantismo predominou em toda Europa na primeira metade do 
século XIX, se tornando a expressão de um mundo que gira em torno do indivíduo, foi um modo de 
vida que se espalhou por toda a Europa. Foi uma época de transformação cultural, filosófica, artística, 
científica e histórica.
O sistema monárquico absolutista entra em crise, dando vez ao liberalismo da burguesia em ascensão, 
o que faz com que o início do Romantismo esteja ligado à crise do pensamento clássico, caracterizado 
por uma perspectiva de mundo contrária ao racionalismo, que se identificava com o tradicionalismo 
aristocrático. Dessa forma, o movimento romântico buscava critérios estéticos que fossem relativos, 
valorizando assim o conhecimento intuitivo e a rebeldia individual.
Consequência das contradições da Revolução Industrial e da burguesia ascendente, o Romantismo 
expressa os sentimentos dos descontentes e por isso faz uso de uma linguagem que ponha em evidência 
o subjetivo, pois a crise da razão servirá de alicerce ao homem romântico para a valorização do sentimento 
e da passionalidade.
O homem romântico só encontra seu lugar no seu interior, no seu íntimo, pois a subjetividade é 
atemporal e atópica, pois seu interior não é organizado segundo as normas do mundo fora dele, aí ele 
está em plena liberdade.
 Lembrete
Os autores românticos, portanto, voltam-se para si mesmos, marcando 
o século XIX com emocionalidade e uma postura moldada a partir do 
olhar particular e da relativização dos conceitos, contrariando as verdades 
absolutas do racionalismo.
Segundo diversos pesquisadores, as origens do Romantismo remontam da Inglaterra, Escócia 
e Alemanha, sendo a França o país responsável por sua disseminação. Entre os grandes escritores 
românticos, podemos citar Goethe, Victor Hugo e Lord Byron.
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Em Portugal, esses são anos de grande crise e atribulação. Em 1808, D. João VI, a família real e boa 
parte dos intelectuais e comerciantes vêm para o Brasil devido às invasões napoleônicas. Com a saída 
dos franceses em 1817, inicia-se entre os irmãos D. Miguel e D. Pedro IV (nosso D. Pedro I) a luta pelo 
poder. Inicialmente, D. Miguel, com uma postura retrógrada, vence essa disputa. Contudo, em 1833, D. 
Pedro invade Portugal e coloca sua filha, Maria, no poder. A desordem interna é imensa e a situação só 
se regulariza em 1847, quando se inicia a Regeneração. 
Em clima tão confuso, a estética romântica demorou a se estabelecer em Portugal. Assim, somente 
nos anos tranquilos, após a Regeneração, o movimento pôde se desenvolver.
Em solo português o Romantismo passou por diferentes fases, que podem ser vistas dessa maneira: 
• 1º. período: Fase de instauração do movimento, na qual ainda se observam traços neoclássicos.
• 2º. período: Fase de consolidação do Romantismo.
• 3º. período: Fase de transição para o Realismo.
5.1. Produção e características
Por pregar a livre expressão das emoções humanas, a estética romântica se colocava contra 
a postura clássica então vigente. Ou seja, era contra as regras clássicas e a favor da liberdade 
formal.
O Romantismo é conhecido como a estética da burguesia, pois evidencia o surgimento de um 
novo público leitor, diverso da aristocracia. Faz-se mister as simplificações estéticas, refletindo a 
democratização da cultura. É um movimento bastante complexo, com muitas características.
• Subjetivismo: a valorização do “eu” é a principal característica romântica.
• Idealização: uso da fantasia e da imaginação.
• Escapismo: fuga da realidade, do cotidiano, do presente.
• Idealização da mulher: a amada é pura e perfeita, assim como o amor é eterno.
• Fusão entre o grotesco e o sublime: há uma nova concepção de beleza. Surge o “belo-feio”.
• Sentimentalismo: sentimentos como amor e ódio são extremamente exacerbados.
• Espiritualismo, religiosidade: valores medievais cristãos são resgatados.
• Satanismo: por outro lado, há obras que valorizam o satânico, o mistério das sombras.
• Intensidade do amor: a paixão vigora, o amor leva o ser humano à felicidade e à loucura.
• Medievalismo: a figura do herói medieval é resgatada. Fuga ao passado e a lugares distantes.
• Libertação formal: os românticos são contrários às regras clássicas e suas formas rígidas.
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Literatura Portuguesa: Poesia
Didaticamente, dizemos que o Romantismo se inicia em Portugal em 1825, quando o poeta Almeida 
Garrett publica o poema Camões, composto de 10 cantos em versos decassílabos brancos. Apesar de 
conter ainda características clássicas, as regras não são seguidas e o poema tende para uma biografia 
sentimental, na qual o subjetivismo e a melancolia dão o tom.
Os maiores artistas do Romantismo português são os novelistas e romancistas Camilo Castelo Branco 
e Júlio Dinis, que serão estudados em Literatura Portuguesa: Prosa. No que concerne à poesia, temos 
uma produção literária mediana, da qual podemos destacar os poetas Almeida Garrett, Soares Passos e 
João de Deus.
5.2 Almeida Garrett
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (1799-1854) nasceu na cidade do Porto. 
Em 1809, partiu para a ilha Terceira por causa das invasões francesas, onde teve uma formação 
clássica. Cursou Direito na Universidade de Coimbra, onde aderiu às ideias liberais vigentes. 
Contrário a D. Miguel, exilou-se na Inglaterra, entrando em contato com a literatura romântica 
de Byron e Walter Scott.
Foi um grande intelectual e participou das questões políticas de seu país. Publicou várias peças de 
teatro: Um Auto de Gil Vicente (1838), O alfageme de Santarém (1841), Frei Luís de Sousa (1843), Falar 
verdade a mentir (1845), entre outras. Publicou os romances Arco de Santana (1845) e Viagens na minha 
terra (1846), assim como os livros de poemas Flores sem fruto (1845) e Folhas caídas (1853). Morreu em 
1854, em Lisboa.
Sua obra revela certa ambiguidade, na qual temos de um lado o conservador e de outro o 
revolucionário. Contudo, seus escritos não apresentam uma ruptura radical com o Arcadismo. Sua 
poesia possui tom confessional, o que muitas vezes passa a impressão de que o poeta demonstra 
estar mais interessado em confessar seu amor do que trabalhar esteticamente o poema, o que 
pode ser corroborado pelo fato de que seu relacionamento com a viscondessa da Luz, Rosa Mara 
Nontúfar Barreiros, inspira-lhe os poemas de Folhas caídas de dois volumes. O primeiro com 24 
poemas e o segundo com 18. 
Vejamos o oitavo poema do primeiro volume, bastante conhecido (Garrett apud MOISÉS, 2006, 
p.219):
Este inferno de amar
Este inferno de amar – como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é vida – e que a vida destrói.
Como é que se veio atear,
Quando – ai se há de ela apagar?
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Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… foi um sonho.
Em que a paz tão serena a dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! Despertar?
Só me lembra que um dia formosoEu passei… Dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? Não o sei;
Mas nessa hora a viver comecei…
Aqui o eu lírico confessa seu amor intenso, deixando-se enlevar pelo sentimentalismo amoroso. 
Amar é estar no inferno, mas sua amada é sua vida. Há maior liberdade formal e uso de um vocabulário 
mais simples.
De acordo com Moisés (2006), o melhor de Almeida Garret encontra-se sem dúvida na obra Folhas 
caídas, pois há um “certo artificialismo” nos poemas, que demonstram a incapacidade do autor de ser 
inteiramente romântico. Na verdade, Garret não conseguia colocar-se acima da paixão, do sexo, como 
vemos no poema a seguir, pertencente à obra Folhas caídas (Garrett apud MOISÉS, 2006, p. 219):
Não te amo
Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.
 E eu n’alma --- tenho a calma,
 A calma --- do jazigo.
 Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
 E a vida --- nem sentida
 A trago eu já comigo.
 Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
 De um querer bruto e fero
 Que o sangue me devora,
 Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
 Quem ama a aziaga estrela
 Que lhe luz na má hora
 Da sua perdição?
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Literatura Portuguesa: Poesia
E quero-te, e não te amo, que é forçado,
 De mau feitiço azado
 Este indigno furor.
 Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
 Que de mim tenho espanto,
 De ti medo e terror...
 Mas amar!... não te amo, não.
No poema, o autor restringe-se ao plano sensual e concreto, em que o lirismo brota da carne excitada 
pelo desejo da posse. O poeta não entende o amor senão como impulso erótico, confessado de forma 
lapidar nos versos “Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma”.
 Saiba mais
Conheça os melhores poemas de Almeida Garrett: os líricos amorosos. 
Nesses poemas, o autor atinge seu ápice artístico.
GARRETT, A. Folhas caídas. 3. ed. Lisboa: Europa-América, 1999.
5.3 João de Deus
João de Deus é considerado por muitos como o maior poeta romântico português. Nasceu em 1830 
em São Bartolomeu, no Algarve. Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra e dedicou-se 
ao jornalismo e à advocacia. Ligado inicialmente ao ultrarromantismo, depressa o abandonou, seguindo 
uma estética muito própria, sendo considerado um pós-romântico. Suas poesias foram reunidas na 
coletânea Campo de flores, publicada em 1893, incluindo-se nesta duas obras anteriores: Flores do 
campo e Folhas soltas. Dedicou-se à pedagogia, resultando daí a Cartilha maternal, publicada em 1876 
e tendo como fim o ensino da leitura às crianças.
Sua obra apresenta singeleza e extremo lirismo, lembrando-nos as cantigas trovadorescas e a lírica 
camoniana. Sua linguagem é simples, sem afetações e de extrema qualidade estética:
Adoração1
Vi o teu rosto lindo,
esse rosto sem par;
contemplei-o de longe, mudo e quedo,
1 Disponível em: <http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/jdeus.htm>. Acesso em: 10 nov 2010.
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como quem volta de áspero degredo
e vê ao ar subindo
o fumo do seu lar!
Vi esse olhar tocante,
de um fluido sem igual;
suave como lâmpada sagrada,
bem-vindo como a luz da madrugada
que rompe ao navegante
depois do temporal!
Vi esse corpo de ave,
que parece que vai
levado como o Sol ou como a Lua,
sem encontrar beleza igual à sua,
majestoso e suave,
que surpreende e atrai!
Atrai, e não me atrevo
a contemplá-lo bem;
porque espalha o teu rosto uma luz santa,
uma luz que me prende e que me encanta
naquele santo enlevo
de um filho em sua mãe!
Tremo, apenas pressinto
 tua aparição;
e, se me aproximasse mais, bastava
pôr os olhos nos teus, ajoelhava!
Não é amor que eu sinto,
é uma adoração!
Que as asas providentes
do anjo tutelar
te abriguem sempre à sua sombra pura!
A mim basta-me só esta ventura
de ver que me consentes
olhar de longe... olhar!
Veja como o poema evidencia lirismo e simplicidade. Há seis estrofes de seis versos (sextilhas), com 
número de sílabas irregulares, mas constantes. Apresenta paralelismo sintático, como nas cantigas 
medievais, em contraste com a subjetividade e o amor intenso. O amor é tão imenso, que se torna 
adoração pela mulher, que é idealizada, bela e santa.
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Literatura Portuguesa: Poesia
Um dos marcos da poesia romântica portuguesa é o poema Vida (Deus apud MOISÉS, 2006, p. 153):
Vida 
A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura num momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida – pena caída
Da asa da ave ferida
De vale em vale impelida
A vida o vento levou!
João de Deus é arraigado na terra e na condição humana e escolhe caminhos metafísicos para 
seguir. No poema Vida verificamos, nas palavras de Moisés (2006, p. 153), “másculas e filosóficas notas 
elegíacas sem igual no século XIX”. 
 Observação
Na literatura, elegia é uma poesia triste, melancólica ou complacente. 
Na verdade, uma reflexão poética sobre a morte.
6 REALISMO E SIMBOLISMO
A segunda metade do século XIX é marcada pelo cientificismo (valorização das ciências) e por uma 
demanda material e ideológica gerada pela Revolução Industrial. Aparecem teorias positivistas que 
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valorizam o progresso e o conhecimento. Com os novos modos de produção, surge uma grande massa 
de operários explorados e marginalizados, o proletariado. 
Assim, um novo cenário social se constrói: a pobreza tornou-se um problema associado à 
industrialização. Como o número de vagas de trabalho era insuficiente, havia uma grande quantidade 
de camponeses perdidos nas grandes cidades, vivendo da mendicância.
Os artistas dessa época passaram a adotar uma visão mais objetiva da realidade, por meio do uso da 
razão.
Em Portugal, a crise se dá no setor agrário. Camponeses, soldados e a pequena burguesia se revoltam. 
O país é totalmente dependente da Inglaterra e a monarquia encontra-se enfraquecida. Em 1851, por 
meio de um golpe político, o marechal Saldanha institui a monarquia parlamentarista (nos moldes 
ingleses) e se inicia o período de Regeneração (1851-1910).
6.1 Realismo: produção e características
O Realismo tem origem francesa e inicialmente surge nas artes plásticas, quando Flaubert publica 
Madame Bovary, um retrato crítico da hipocrisia da sociedade burguesa e romântica. Dez anos depois, 
Émile Zola publica Thérèse Raquin e dá origem ao extremismo realista, o Naturalismo.
 Lembrete
Como vimos, várias teorias deram fundamento ideológico ao Realismo, 
como o determinismo de Hippolite Taine, o positivismo de Augusto Comte, 
o socialismo utópico de Proudhon, o evolucionismo de Charles Darwin, 
entre outras, que serão exploradas quando tratarmos da prosa realista, na 
qual foram amplamente utilizadas.
Em 1861, o grande poeta Antero de Quental fundou a Sociedade do Raio, composta por 
duzentos estudantes da Universidade de Coimbra propensos a romperem com o convencionalismo 
acadêmico do Romantismo. Empolgado com as novas ideias revolucionárias, Anterode Quental 
editou Odes modernas. Essas novidades provocaram a reação do grupo de românticos, encabeçados 
pelo professor e poeta Antônio Feliciano de Castilho, que zombou e criticou os novos poemas 
numa carta a Pinheiro Chagas, em que ironizava os jovens realistas dizendo que lhes faltava “bom 
senso e bom gosto”.
Com a resposta de Antero de Quental, inicia-se a famosa Questão Coimbrã, considerada o marco 
literário do Realismo em Portugal. Essa questão consistiu em uma crise acadêmica, na qual diversos 
textos ofensivos foram trocados. De um lado, os românticos, veteranos e mestres na academia, liderados 
por Castilho. De outro, os rebeldes estudantes da Sociedade do Raio. Houve inclusive ataques físicos, 
como o duelo entre Antero de Quental e Ramalho Ortigão.
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Literatura Portuguesa: Poesia
 Saiba mais
Para saber mais da geração de jovens estudantes e intelectuais de 
Coimbra, que nas décadas de 1860-70 sobressaltaram o país com suas 
ideias revolucionárias, podemos consultar a obra de Saraiva e Lopes, 
especialmente os capítulos VII e X.
SARAIVA, A. J.; LOPES, Ó. História da literatura portuguesa. 16. ed. Porto: 
Porto, 1996.
O Realismo português foi bastante organizado, repleto de encontros e estudos sobre o novo estilo. 
Nunca a literatura portuguesa havia conseguido alcançar tal feito.
As Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense, em 1871, nas quais se discutiam filosofia e 
literatura, representam a consolidação dos ideais realistas em Portugal. Participaram dessas reuniões o 
famoso romancista Eça de Queirós e o poeta, folclorista e futuro presidente de Portugal Teófilo Braga.
A seguir, os temas das Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense:
• 1ª. conferência: O espírito das conferências – por Antero de Quental.
• 2ª. conferência: Causas da decadência dos povos peninsulares – por Antero de Quental.
• 3ª. conferência: Literatura Portuguesa – por Augusto Soromenho.
• 4ª. conferência: A literatura nova: o Realismo como nova expressão de arte – por Eça de Queirós.
• 5ª. conferência: A questão do ensino – por Adolpho Coelho.
• 6ª. conferência: Os historiadores críticos de Jesus – por Salomão Sáraga.
• 7ª. conferência: O socialismo – por Batalha Reis.
• 8ª. conferência: A República – por Antero de Quental.
• 9ª. conferência: A instrução primária – por Adolpho Coelho.
• 10ª. conferência: A dedução positiva da ideia democrática – por Augusto Fuschini.
Das dez conferências previstas, apenas cinco se realizaram. As demais foram proibidas pelo governo, 
que julgava que elas defendiam doutrinas que atacavam a religião e o Estado. 
O Realismo aparece como uma reação ao Romantismo e se desenvolve a partir da observação da 
realidade, com uso da razão e da ciência, evidenciando o desenvolvimento científico, que se volta 
para a valorização da intelectualidade, o que culmina no cientificismo. Como consequência surge o 
materialismo em oposição à metafísica, tão valorizada no movimento anterior, o Romantismo. 
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No Realismo, vê-se clara reação contra as excentricidades românticas, como o egocentrismo. 
Vê-se respeito pela objetividade dos fatos, pelos estudos políticos e sociais, como o positivismo 
de Augusto Comte e o determinismo geográfico e biológico de Hypolyte Taine. Valorizam-se as 
ciências exatas e experimentais, como o evolucionismo de Charles Darwin, a dialética de Hegel, e 
pelo progresso tecnológico.
O eu perde lugar para a sociedade e existe uma preocupação por descrever, analisar e até criticar a 
realidade, pois, motivados pelas teorias científicas e filosóficas, os escritores realistas desejavam captar 
o homem e a sociedade em sua totalidade, isto é, em seu cotidiano massacrante, no amor adúltero, no 
egoísmo humano e nas diferenças de classes. 
Stendhal e Balzac foram os precursores do realismo literário, retratando a sociedade francesa. Balzac 
olha os indivíduos como representantes de grupos sociais, e esses indivíduos só possuem significado 
dentro das narrativas se expressarem as vivências e as ideias de seus grupos. Stendhal desenvolve o 
método analítico de observação psicológica, seus personagens são construídos a partir de pormenores 
mínimos. 
Gustave Courbet foi um famoso pintor realista francês que se preocupou em retratar cenas do 
cotidiano, buscando ser fiel à realidade que o cercava. A tela Os quebradores de pedras2 marca o 
compromisso de Courbet com a estética realista e com o Realismo, isto é, com o enfrentamento direto 
da realidade, descartando qualquer tipo de ilusionismo, pois Courbet era simpatizante das posições 
anarquistas de Proudhon e teve participação decisiva na Comuna de Paris.
Em um artigo de 1857, Le Réalisme, o jornalista francês Jules François Félix Husson Champfleury 
transferiu os conceitos da pintura de Courbet para a literatura e, no mesmo ano, publicou-se o 
romance Madame Bovary, de Flaubert, que retrata a burguesia a partir das emoções de uma 
mulher infeliz da classe média, Ema Bovary. Ela sonha com uma vida diferente e excitante, 
mas decepciona-se com o marido e com a busca por um mundo de beleza, colhido nos textos 
românticos. 
Veja a definição que o escritor Eça de Queirós dá de Realismo:
Que é pois o Realismo? É uma base filosófica para todas as concepções do 
espírito - uma lei, uma carta, uma guia, um roteiro do pensamento humano 
na eterna religião do belo, bom e do justo [...]; é a negação da arte pela arte, 
é a proscrição do enfático e do piegas. É a abolição da retórica considerada 
como arte de promover a comoção [...]; é a análise com fito na verdade 
absoluta. Por outro lado, o Realismo é uma reação contra o Romantismo: 
o Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do 
caráter. É a crítica do homem [...] para condenar o que houver de mau na 
sociedade (Queirós apud MOISÉS, 2006, p. 231).
2 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Gustave_Courbet_018.jpg>. Acesso em 30/01/2012.
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Literatura Portuguesa: Poesia
6.2 Autores: Antero de Quental, Cesário Verde, Guerra Junqueiro
Os grandes poetas do Realismo português são Antero de Quental, Cesário Verde e Guerra Junqueiro.
Antero Tarquínio de Quental nasceu na ilha Ponta Delgada, Açores, em 1842. Cursou Direito na 
Universidade de Coimbra. Viajou por Paris, Estados Unidos e Canadá e fixou-se em Lisboa. Participou 
ativamente da Questão Coimbrã e das Conferências do Cassino Lisbonense, nas quais fez vários amigos, 
como Eça de Queirós. Deprimido, suicidou-se em sua terra natal em 1891. Obras: Raios de extinta luz, 
Odes modernas, Primaveras românticas, sonetos, prosas e cartas.
A produção poética de Antero de Quental reflete suas angústias existenciais e seus conflitos (que o 
levam ao suicídio), além de mostrar temática revolucionária.
Foi um grande sonetista, apresentando momentos iluminados, otimistas e outros de extremo 
pessimismo, tomando como inspiração o filósofo Schopenhauer. Leia o soneto a seguir (Quental apud 
MOISÉS, 2006, p. 346):
Tese e antítese
Não sei o que vale a nova ideia,
Quando a vejo nas ruas desgrenhada,
Torva no aspecto, à luz da barricada,
Como bacante após lúbrica ceia!
Sanguinolento o olhar se lhe incendeia...
Aspira fumo e fogo embriagada...
A deusa de alma vasta e sossegada
Ei-la presa das fúrias de Medeia!
Um século irritado e truculento
Chama à epilepsia pensamento,
Verbo ao estampido de pelouro e obus...
Mas a idéia é num mundo inalterável,
Num cristalino céu, que vive estável...
Tu, pensamento, não és fogo, és luz!
Vocabulário:
desgrenhada:descabelada
barricada: barreira feita para se proteger em uma batalha
bacante: discípula de Baco, deus do vinho e dos prazeres carnais
lúbrica: sensual, cheia de luxúria
Medeia (mitologia grega): mata os próprios filhos para atingir seu ex-marido, Jasão
pelouro: arma
obus: arma, peça de artilharia
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Neste soneto bastante filosófico, podemos observar o lado luminoso e otimista de Antero de Quental. 
O eu lírico defende o uso do pensamento lógico, que é luz, sabedoria.
Por outro lado, condena as ideias insanas, cheias de fúria, inclusive comparando-as a Medeia, que 
louca matou seus filhos, ou mesmo a uma mulher embriagada.
Veja como o poema trata do cotidiano, referindo-se a “um século irritado e truculento”, que 
angustiava seus intelectuais (Quental apud Moisés, 2006, p. 353).
O convertido
Entre os filhos dum século maldito
Tomei também lugar na ímpia mesa,
Onde, sob o folgar, geme a tristeza
Duma ânsia impotente de infinito.
Como os outros, cuspi no altar avito
Um rir feito de fel e de impureza…
Mas um dia abalou-se-me a firmeza,
Deu-me um rebate o coração contrito!
Erma, cheia de tédio e de quebranto,
Rompendo os diques ao represo pranto,
Virou-se para Deus minha alma triste!
Amortalhei na Fé o pensamento,
E achei a paz na inércia e esquecimento…
Só me falta saber se Deus existe!
Vocabulário:
ímpia: impura
avito: que vem dos antepassados
contrito: em contrição, arrependido
erma: longínqua
amortalhar: colocar uma mortalha, uma roupa de morte, enterrar
Nesse outro soneto, temos um exemplo do lado mais pessimista e melancólico do poeta. O eu lírico, 
após ter renegado a religião, parece que quer se converter, pois não confia mais na razão: “Amortalhei 
na Fé o pensamento”, mas também tem dúvidas sobre a existência de Deus.
José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa em 1855. Chegou a matricular-se no curso de 
Letras da Universidade de Lisboa, mas desistiu para trabalhar com seu pai em uma loja de ferragens. 
Publicou algumas poesias no Diário de notícias, no Diário da tarde, no Ocidente, entre outros. Morreu 
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de tuberculose com apenas 31 anos em 1886. Sua obra foi publicada postumamente em 1887, sendo 
composta por um único livro: O livro de Cesário Verde. Além de Camões, é considerado como uma forte 
influência na obra de Fernando Pessoa.
Cesário Verde é conhecido por sua poesia do cotidiano, na qual situações comuns e banais são 
poetizadas. Além disso, seu realismo é expressionista, cheio de emoção.
Veja um trecho do belo poema Sentimento de um ocidental, no qual o poeta faz um retrato lírico e 
realista da cidade de Lisboa. Andando pelas ruas desde o anoitecer até a madrugada, o eu lírico descreve 
a realidade de uma cidade já marcada pela modernidade (Verde apud MOISÉS, 2006, p. 301).
Ao gás
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
Um sopro que arrepia os ombros quase nus.
Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Em uma catedral de um comprimento imenso.
As burguesinhas do Catolicismo
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
Num cutileiro, de avental, ao torno,
Um forjador maneja um malho, rubramente;
E de uma padaria exala-se, inda quente,
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
E eu que medito um livro que exacerbe,
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
Vocabulário:
impuras: pode-se inferir que são prostitutas
tépidas: quentes
resvalar: se arrastar, sujar-se
cutileiro: loja de ferramentas
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forjador: espécie de ferreiro
malho: martelo, instrumento do ferreiro
exacerbar: ultrapassar limites
ratoneiro: imberbe: ladrão jovem, menino
Veja como o poeta descreve as ruas de forma grotesca, mas real, em um ambiente urbano e moderno. 
Ele critica a burguesia e o clero, envolvendo as “burguesinhas” e as freiras em um ambiente degradante 
e doentio. Observe como as imagens, sons e cheiros se misturam, despertando vários sentidos.
Abílio Manuel de Guerra Junqueiro nasceu em 1850 em Freixo da Espada, em Trás-os-Montes. 
Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, trabalhando posteriormente como funcionário 
público e deputado. Aderiu aos ideais republicanos em 1891, após o fatídico Ultimatum inglês, no qual 
a Inglaterra exigia a posse de diversas colônias portuguesas. O espiritualismo e o idealismo tornaram-
se marcas de seu estilo. Obras: A Morte de D. João (1874), A musa em férias (1879), A velhice do padre 
eterno (1885), Finis Patriae (1890), Os simples (1892), Pátria (1896), Oração ao pão (1903), Oração à luz 
(1904), Poesias dispersas (1920). 
A seguir, um fragmento de Os simples (JUNQUEIRA, 2005, p. 12):
Regresso ao lar
Ai, há quantos anos que eu parti chorando
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...
Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingênua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida.
canta-me cantigas de me adormentar!...
Trago de amargura o coração desfeito...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!...
Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...
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Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
Apesar de realista, nesse poema, Guerra Junqueiro apresenta aspectos de espiritualidade, lembrando 
o Romantismo e prenunciando características do Simbolismo. Há certo saudosismo da infância e de 
tempos vindouros.
Exemplo de aplicação
Cada um dos poemas (QUENTAL, 2002, p. 164) representa um núcleo temático da obra de Antero de 
Quental:
pessimismo, reflexão existencial, crença num mundo melhor movido pelo amor e pela justiça social, 
metafísica, visão heroica e transformadora da realidade.
I. Associe a um ou ao outro as temáticas elencadas:
I
Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.
 
Por ti é que a poeira movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.
Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre os clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,
Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus 
 [escudos!
II
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
 
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto,fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!
 Abrem-se as portas d’ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
Poema I: ___________________________________________________________
Poema II: __________________________________________________________
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Comentários: Os poemas de Quental fazem parte de uma fase poética do autor voltada para o lado 
mais social. Os sonetos são hinos, que, segundo a definição de Houaiss (2009), seriam o canto ou poema 
lírico que é expressão de alegria, de entusiasmo, ao celebrar alguém ou algo, ou ainda poema ou cântico 
composto para glorificar deuses ou heróis. Por isso, encontramos nos poemas as temáticas reflexão 
existencial e crença na justiça social.
II. Leia os fragmentos a seguir:
Texto A (Quental apud MOISÉS, 2006, p. 182):
A poesia moderna é a voz da Revolução. Que importa que a palavra não pareça poética às vestais 
literárias do culto da Arte pela Arte? No ruído espantoso do desabar do Império e da Religião, há ainda 
uma harmonia grave e profunda, para quem a escutar com a alma penetrada do terror santo deste 
mistério que é o destino das Sociedades. 
Texto B (QUENTAL, 2002, p. 180):
Entre os filhos dum século maldito
Tomei também lugar na ímpia mesa,
Onde, sob o folgar, geme a tristeza
Duma ânsia impotente de infinito.
Como os outros, cuspi no altar avito
Um rir feito de fel e de impureza…
Mas um dia abalou-se-me a firmeza,
Deu-me um rebate o coração contrito!
Erma, cheia de tédio e de quebranto,
Rompendo os diques ao represo pranto,
Virou-se para Deus minha alma triste!
Amortalhei na Fé o pensamento,
E achei a paz na inércia e esquecimento…
Só me falta saber se Deus existe
Relacione os textos A e B, ambos de Antero de Quental, e, a partir do poema, extraia as características 
apontadas pelo próprio autor para a poesia realista.
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6.3 Simbolismo: produção e características
Após as significativas mudanças acontecidas na segunda metade do século XIX, ocorre um fim 
de século menos impetuoso e revolucionário. O cientificismo e a busca da razão e da representação 
da realidade desgastam-se, trazendo consigo indefinições e inquietações quanto ao novo século 
que chegaria. Devido ao progresso, ao acirramento do capitalismo e dos problemas sociais, surgem 
inicialmente posturas de revolta, como os crescentes movimentos operários. É a grande desilusão ante 
o fracasso da transformação da sociedade burguesa industrial. 
Há, em toda a Europa, uma competição econômica e militar entre as grandes potências, que culminou 
nas grandes guerras do século XX.
A arte e a literatura procuraram expressar os sentimentos desse homem da virada de século, um 
ser atormentado por tensões diversas, cheio de contradições, que rejeita os preceitos da objetividade 
realista e busca a transcendência por meio da arte e dos sentidos. Essa nova manifestação artística 
recebe o nome de decadentismo.
Como exemplo, em 1874, acontece na França a primeira exposição impressionista, cujas preocupações 
eram mais individuais e menos sociais. Surgem os grandes mestres do impressionismo, como Claude 
Monet, Auguste Renoir, Paul Cezáne, entre outros.
Em 1874, pintores cansados de serem rejeitados pelo salão oficial de artes da França resolveram 
fazer sua própria exposição. Algumas de suas pinturas foram ridicularizadas por um crítico, que usou o 
termo impressionista com uma conotação negativa, como se dissesse “eles nem sabem pintar, só têm 
impressões”. Surge então o impressionismo, movimento que influenciou toda a arte moderna.
Podemos pensar que as origens mais remotas do Simbolismo encontram-se no Romantismo, contudo 
suas características são bem distintas. A publicação de As flores do mal, de Charles Baudelaire, em 1857, 
na França, foi um dos eventos que mais contribuiu para o processo de modernização da poesia. Novos 
poetas, seguindo os passos de Baudelaire, denominavam-se decadentes e retratavam em seus poemas a 
anarquia, o satanismo e o pessimismo.
Contudo, somente com o poema Arte poética, de Verlaine, em 1884, é que se estabelece o espírito 
simbolista, com um refinamento estético, unindo a poesia à música. Para os simbolistas, a poesia deveria 
apenas sugerir os estados da alma por meio de símbolos, tudo muito vago e impreciso.
Inicialmente chamado de decadentismo, devido a sua visão pessimista diante da sociedade e do 
ser humano, passa a ser chamado de Simbolismo após a publicação do Manifesto Simbolista, por Jean 
Moréas, em 1886. 
Tanto os românticos como os simbolistas voltavam-se para a subjetividade, para o culto do “eu”. 
Entretanto, os românticos tratavam da dor de uma forma arrebatada e adolescente, concentrando-se 
em questões sentimentais e emocionais. Já os simbolistas focavam-se na dor existencial, em questões 
mais profundas do subconsciente, buscando uma síntese entre a percepção dos sentidos e a reflexão 
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intelectual, por meio de uma linguagem indireta e figurada.
Em Portugal, há um período de grande insatisfação, principalmente após o Ultimatum inglês, em 
1890, quando a Inglaterra impôs que Portugal abandonasse algumas de suas colônias na África e as 
deixasse sob o domínio inglês. A Inglaterra nessa época era um grande império, rico, cheio de colônias 
e dominava Portugal economicamente. A nobreza encontrava-se enfraquecida, sem poder político ou 
financeiro. Após diversas revoltas, a República foi instaurada em 4 de outubro de 1910, mas de maneira 
frágil e conturbada.
Didaticamente, consideramos que o Simbolismo se inicia em Portugal com a publicação do poema 
Oaristos, de Eugênio de Castro, em 1890. Em uma carta a Pinheiro Chagas, Eugênio de Castro descreve 
o livro Oaristos:
“Livro de revolta, feito com alma ardente e mocidade viva, pendão vermelho 
de combate contra a sensaboria, contra a chateza da poesia de meu tempo. 
[...] Livro novo, diferente de todos os livros, abrindo um caminho, achando 
uma solução, dizendo coisas novas por processos novos” (Castro apud 
MOISÉS, 2008, p. 212).
Estas são as principais características da estética simbolista:
• Linguagem vaga, fluida, que prefere sugerir a nomear.
• Utilização de substantivos abstratos, efêmeros, vagos e imprecisos.
• Musicalidade: uso de aliterações, assonâncias e ritmos marcantes.
• Subjetivismo e teorias que se voltam ao mundo interior.
• Presença abundante de metáforas, comparações, personificações, sinestesias.
• Antimaterialismo e antirracionalismo em oposição ao positivismo.
• Misticismo, religiosidade, valorização do espiritual para se chegar à paz interior, desejo de 
transcendência, de integração cósmica, deixando a matéria e libertando o espírito.
• Pessimismo, dor de existir.
• Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte, assim como momentos de transição como o 
amanhecer e o crepúsculo.
• Interesse pela exploração das zonas desconhecidas da mente humana (o inconsciente e o 
subconsciente) e pela loucura.
6.4 Autores: Eugênio de Castro e Almeida, Florbela Espanca, Camilo Pessanha
A poesia simbolista em Portugal reflete a violenta crise econômica decorrente do ultimatoinglês 
de 1890. O clima de incerteza, frustração e pessimismo é determinante para o surgimento de um novo 
momento na literatura portuguesa.
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Considera-se que a obra de Eugênio de Castro e Almeida (1869-1944) seja dividida em duas fases: 
uma neoclássica, com temas da antiguidade clássica, de tom saudosista, e outra simbolista. Obras: 
Canções de abril (1884), Horas tristes (1888), Oaristos (1890).
Veja a seguir um fragmento do poema Um sonho (CASTRO, 1890, p. 37), característico da fase 
simbolista do autor.
Na messe, que enlouquece, estremece a quermesse... 
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos 
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...
Flor! Enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! À flor destes floridos fenos...
Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...
Como aqui se está bem! Além freme a quermesse
- Não sentes em gemer dolente que esmorece?
São amantes delirantes que em amenos 
Beijos se beijam, Flor! À flor dos frescos fenos...
Teus lábios de cinábrio, entreabre-os! Da quermesse
O rumor amolece, esmaiece, esmorece...
Dá-me que eu beije os teus morenos e amenos
Peitos! Rolemos, Flor! à dos flóreos fenos...
Três da manhã. Desperto incerto... E essa quermesse
E a flor que sonho? e o sonho? Ah! Tudo isso esmorece!
No meu quarto uma luz luz com lumes amenos,
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos...
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Percebe-se o uso abusivo de aliterações e assonâncias, que dão musicalidade ao poema, e também 
a utilização de imagens que remetem à cor amarelo/dourado, criando um cenário de beleza delicada e 
diáfana, justificando o título do poema.
Florbela Espanca (1895-1930) não está diretamente associada a nenhum movimento literário, mas, 
por produzir uma poesia de caráter confessional e sentimental, aproxima-se de Antônio Nobre, como 
a própria poetisa reconheceu em vida. Obras: Livro de mágoas (1919), Livro de Sóror Saudade (1923) e 
Charneca em flor (1931).
Veja a seguir um poema da autora que reflete seu pessimismo, ainda que dentro de uma tópica do 
carpe diem (ESPANCA, 2008, p. 11):
Ambiciosa
Para aqueles fantasmas que passaram, 
Vagabundos a quem jurei amar, 
Nunca os meus braços lânguidos traçaram 
O vôo dum gesto para os alcançar... 
Se as minhas mãos em garra se cravaram 
Sobre um amor em sangue a palpitar... 
- Quantas panteras bárbaras mataram 
Só pelo raro gosto de matar! 
Minha alma é como a pedra funerária 
Erguida na montanha solitária 
Interrogando a vibração dos céus! 
O amor dum homem? - Terra tão pisada, 
Gota de chuva ao vento baloiçada... 
Um homem? - Quando eu sonho o amor de um Deus!...
Há poema de Florbela Espanca que foge dos argumentos melancólicos da maioria das suas poesias, 
embora também se perceba componentes de dor e sofrimento (ESPANCA, 2008, p. 18):
Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver, 
Pois que tu és já toda a minha vida !
Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
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No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa ...”
Quando me dizem isto, toda a graça 
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros :
“Ah ! Podem voar mundos, morrer astros, 
Que tu és como Deus: Princípio e Fim! ...”
Dessa vez, a poetisa optou por escancarar todo o seu amor e lirismo. A paixão, nesta poesia, é levada 
ao extremo (“Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: princípio e fim”), justificando 
plenamente o título. O amor de Florbela, em Fanatismo, é arrebatador. É tratado de forma hiperbólica, 
possessiva e, ao mesmo tempo, submissa, resultado talvez da eterna procura de um amado (“a mesma 
história tantas vezes lida”).
Camilo Pessanha (1867-1926) nasceu em Coimbra, onde se formou em Direito. Partiu para Macau, 
na China, e lá exerceu funções jurídicas. É considerado o maior simbolista português. O contato com a 
cultura chinesa levou-o a escrever vários estudos e a fazer traduções de vários poetas chineses. Foram, 
todavia, os seus poemas simbolistas que largamente influenciaram a geração de Orpheu, desde Mário 
de Sá-Carneiro até Fernando Pessoa. Seus poemas foram reunidos na coletânea Clepsidra, publicada em 
1922, tendo sido Fernando Pessoa o principal mentor da edição. Camilo Pessanha morreu em Macau, 
vítima do ópio.
Clepsidra é um relógio de água. Nesse livro de Camilo Pessanha predomina o estranhamento entre 
o “eu” e seu corpo, entre o “eu” e sua existência e o mundo que o cerca. No entanto, não há situações 
concretas pessoais, só abstração.
Clepsidra tanto pode ser uma alusão a um verso do poeta francês Charles Beaudelaire, como também 
uma alusão ao sentimento melancólico de que a vida escoa no tempo. Qualquer significado está aliado 
à ideia da pequenez humana e da transitoriedade da vida. 
Veja a seguir alguns poemas de Camilo Pessanha (apud MOISÉS, 2006, p. 372):
Violoncelo
Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...
De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
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Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...
Trêmulos astros...
Soidões lacustres...
– Lemos e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!
Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
– Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
Vocabulário:
caudal: que jorra em abundância
sorvedouro: redemoinho de água, turbilhão
soidões: solidão
lacustre: referente ao rio
alabastro: pedra branca, parecida com mármore
balaústre: pequena coluna de sustentação
Nesse poema tipicamente simbolista, podemos observar:
a) a musicalidade pelo uso de assonâncias e aliterações, com a repetição dos sons /s/, /n/ e /o/:
Chorai arcadas /Do violoncelo!
Convulsionadas, /Pontes aladas
b) palavras que denotam mistério, efemeridade, um clima vago e pessimista:
chorai, pontes aladas, pesadelo
ruínas, esvoaçar, despedaçadas
c) linguagem vaga, termos arcaicos:
soidões, lacustres, alabastros, balaústres
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d) sinestesia (mistura de sons e imagens):
ouçam (o choro), (vejam) os astros trêmulos na água
Caminho
Tenho sonhos cruéis; n’alma doente 
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d’ harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d’agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.
Nesse poema, podemosobservar claramente o pessimismo e a dor existencial, expressos pelo eu lírico. 
Há um clima nebuloso e vago. Além disso, o poeta já utiliza recursos que antecipam a modernidade, 
como a quebra da estrutura sintática: “Vou a medo na aresta do futuro”.
 Resumo
A Unidade III se concentra totalmente no século XIX. Estudamos o 
Romantismo e as afetações da subjetividade sobre a produção poética e, em 
seguida, entramos em um período racionalista, o Realismo, verificando as 
implicações dessa mudança no homem e em sua cultura e como esse período se 
alimenta das descobertas científicas e da ideia de progresso. Por fim, estudamos o 
decadentismo, isto é, o Simbolismo e a decadência do fim do século.
 Exercícios
Questão 1. “Cesário Verde foi uma ponte entre o Realismo do século XIX e a moderna literatura 
portuguesa [...], foi o primeiro autor a dar atenção ao cotidiano, aos fatos diários da vida humana. 
Rompeu com a noção de que a poesia deveria tratar de assuntos sublimes, porque esses eram belos”.
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Assinale o conjunto de versos que comprovam a afirmação acima:
A) Sonho que sou um cavaleiro andante,
Por desertos, por sóis, por noite escura.
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura.
B) Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
muda-se o ser, muda-se a confiança!
Todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
C) Tarde de outono. O sol morreu ao longe
Com a pompa gloriosa, 
Numa explosão de luz.
E a noite cai na terra silenciosa,
Como na face lívida de um monge
A sombra de um capuz.
D) O sol na marcha luminosa voa
Lançando à terra majestoso olhar;
Passa cantando quem o ar povoa,
E a praia abraça venturoso o mar.
E) Homens de carga! Assim a bestas vão curvadas!
Que vida tão custosa! Que diabo!
E os cavadores pousam as enxadas,
E cospem nas mãos gretadas,
Para que não lhes escorregue o cabo.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta. 
Justificativa: os versos presentes na alternativa A mostram uma visão idealizada da realidade: “Sonho 
que sou um cavaleiro andante”.
B) Alternativa incorreta. 
Justificativa: os versos presentes na alternativa B mostram o questionamento do ser frente às 
mudanças externas e à sua própria mudança: “muda-se o ser”.
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Literatura Portuguesa: Poesia
C) Alternativa incorreta. 
Justificativa: os versos presentes na alternativa C mostram uma visão romantizada da realidade. O 
eu lírico recorre a elementos da natureza.
D) Alternativa incorreta. 
Justificativa: os versos presentes na alternativa D, conforme já explicitado na justificativa anterior, 
mostram uma visão romantizada da realidade. O eu lírico contempla os elementos sol, terra, ar e água.
E) Alternativa correta. 
Justificativa: nos versos presentes na alternativa E, o eu lírico dá atenção ao cotidiano, às coisas 
simples do dia a dia: “E os cavadores pousam as enxadas, E cospem nas mãos gretadas, Para que não 
lhes escorregue o cabo”.
Questão 2. O Realismo literário inaugurou uma tendência artística que surge no século XIX em 
reação ao Romantismo e se desenvolveu baseada na observação da realidade e na ciência. Como 
movimento artístico, surgiu na França e sua influência se estendeu a numerosos países. Essa corrente 
aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais contra o socialismo mais dominador, 
ao mesmo tempo em que há um crescente respeito pelo fato empiricamente averiguado, pelas ciências 
experimentais e exatas. Das influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do Realismo, podemos 
destacar a reação contra as excentricidades românticas e contra as suas idealizações da paixão amorosa. 
Com base no exposto, assinale somente a alternativa em que todas as características sejam tipicamente 
realistas: 
A) ênfase na fantasia, predomínio da emoção, objetivismo e escapismo.
B) ênfase na realidade, predomínio da razão, subjetivismo e idealização das personagens.
C) predomínio da razão, escapismo, engajamento (a literatura como forma de transformar a realidade) 
e nacionalismo.
D) objetivismo, retrato fiel das personagens, predomínio da razão e universalismo.
E) ênfase na realidade, nacionalismo, idealização das personagens e engajamento (a literatura como 
forma de transformar a realidade).
Resolução desta questão na plataforma.

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