Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
R 1ª AULA = HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO (RESUMIDAMENTE) O trabalho é toda e qualquer atividade útil, da criatura humana, voltada para o bem comum. Assim, o trabalho tem como ponto inicial à origem da humanidade. O Direito do Trabalho é um produto típico do século XIX. Somente nesse século surgiram as condições sociais que tornaram possível o aparecimento do Direito do Trabalho, como um ramo novo da comum ciência jurídica, com características próprias e autonomia doutrinária. Com o aparecimento da máquina surgiram problemas humanos e sociais que deixaram de encontrar solução nos quadros do direito clássico (civil). O advento da máquina a vapor – 1.775 – permitiu a instalação de indústrias – carvoeira, têxtil, e algodoeiro, tecelagem, entre outras, o que atraiu o homem para as fábricas. (antes basicamente trabalho doméstico e rural). Tais circunstâncias resultaram na divisão do trabalho e a especialização. A mão-de-obra para a nova indústria procedia primordialmente do campo. Na Inglaterra, desde o século XVI, havia desemprego rural e a mobilidade de trabalhador, do campo para a cidade, foi estimulada pelos aparentes atrativos da indústria que se desenvolvia. De 1760 a 1830 precipitou- se uma sucessão contínua migratória, das mais diversas procedências, de distintas localidades para as cidades, que não estavam preparadas para receber a grande massa humana (verdadeiro êxodo). Verificou-se, então, a importância à imposição de condições de trabalho pelo empregador, a exigência de excessivas jornadas de trabalho a exploração das mulheres e menores, que constituíam mão-de-obra mais barata. O patrão estabelecia as condições de trabalho a serem cumpridas pelos empregados, porque não havia um direito regulamentando o trabalho. O contrato de trabalho podia resultar de livre acordo das partes, mas, na realidade, era o patrão quem fixava as normas, e, como não existia contrato escrito, o empregador podia dar por terminado à sua vontade ou modificá-lo ao seu arbítrio. Às vezes eram firmados contratos verbais em longo prazo, até mesmo vitalícios. A liberdade de fixar a duração diária do trabalho não tinha restrições. Os empregadores tornavam a iniciativa de estabelecer o número de horas de trabalho que cabia aos empregados cumprir. Não havia distinção entre adultos, menores e mulheres ou mesmo entre tipos de atividades (pessoas ou não). Ex: nas minas, os mineiros passavam 12 horas diárias no fundo e cumpriam 10 horas de trabalho efetivo. Havia jornada de 14 e 15 horas nas fábricas de alfinetes, 12 horas nas tecelagens, etc. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO (RESUMIDAMENTE) A evolução do Direito do Trabalho verificou-se, primeiramente, nas nações que se anteciparam no processo de industrialização, Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e, depois, a Espanha e a Itália: Podemos verificar algumas fases nesta evolução: PRIMEIRA ÉPOCA DO DIREITO DO TRABALHO FASE DE FORMAÇÃO (1802 a 1848) Caracteriza-se esta fase primordialmente pela inexistência do Direito do Trabalho. O liberalismo econômico encontrava-se no apogeu. A miséria dos trabalhadores tornada oficial. Pode afirmar-se que, nessa primeira fase, o trabalhador dispunha do direito líquido e certo de morrer de fome. O ano de 1802 constitui o marco inicial. É dessa data lei inglesa que proibia o trabalho de menores durante a noite e limitando sua jornada até o máximo de 12 horas. 1824 podemos ser apontados como o ano da fundação do Direito Coletivo de Trabalho, quando se reconheceu a liberdade de associação na Inglaterra. A primeira lei de proteção à infância, Na França, data de 22 de março de 1841. SEGUNDA ÉPOCA DO DIREITO DO TRABALHO FASE DA INTENSIFICAÇÃO (1848 a 1891) Nesta fase nascia, para os operários, uma consciência de classe. Luta nos terrenos ideológicos e político-sociais, com a conquista do direito ao voto secreto e ao sufrágio universal. Este permitiu a eleição de representantes dos trabalhadores nas casas legislativas e a votação subseqüente de atos que lhes interessavam direta e indiretamente. Surgiram nesta fase: Primeiro contrato coletivo de trabalho, em 1862, celebrado com os operários ingleses; Lei de acidentes do trabalho; regulamentação da jornada máxima, descanso semanal, assistência médica de urgência, higiene nos estabelecimentos industriais e criação de jurisdição especial para resolver os conflitos individuais do trabalho. TERCEIRA ÉPOCA DO DIREITO DO TRABALHO FASE DE CONSOLIDAÇÃO (1891 a 1918) Em 1891, o Papa Leão XIII publica a Encíclica “Rerum Novarum”. Esse documento teve enorme repercussão em todos os países. Sem abandonar os dogmas e os princípios da igreja, sua Santidade chamou a atenção para a urgente necessidade de solucionar, dentro dos quadros da propriedade privada e através do trabalho dignificante, os prementes problemas sociais que atormentavam a humanidade. Nesta fase, os trabalhadores conquistando definitivamente o sufrágio universal, são conduzidos aos parlamentares. Organizados, empreendem, com os patrões, uma luta em igualdade de condições. Generaliza-se a legislação do trabalho, agonizando a ditadura contratual do patrão. O trabalhador passa a ser visto como gente e não como simples contratante. QUARTA ÉPOCA DO DIREITO DO TRABALHO FASE DE SISTEMATIZAÇÃO (1918 até os dias de hoje) O Tratado de Versalhes, que foi um tratado de paz, decidiu-se criar a organização internacional do Trabalho (1919), onde se assentaram alguns princípios basilares de proteção ao trabalho, que serviram de modelo para os países. Nesta Fase, que pode ser considerada o de consagração do Direito do Trabalho, fortalece-se as associações profissionais e o contrato coletivo de trabalho surge como instrumento de paz social. As constituições mexicanas e alemãs, respectivamente de 1917 e 1919, consagraram o sindicalismo, a ação social da igreja, a ação coletiva dos trabalhadores e a organização internacional do trabalho. Destacamos na constituição alemã: seguro-desocupação, direito de greve e convenção coletiva de trabalho. HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL (RESUMIDAMENTE) No Brasil a evolução do Direito do Trabalho remonta a não mais de um século. O vetusto Código Comercial, do ano de 1850, dedica alguns artigos às relações de empregados e empregadores. Exemplo artigo 79 – garantia dos salários do preposto pelo prazo máximo de três meses, em caso de acidentes imprevistos e inculpados; artigo 81 – aviso prévio de 30 dias nos ajustes por prazo indeterminado, com as características atuais; artigo 82 – indenização na rescisão injusta de contratos a prazo determinado – artigo 83; artigo 84; artigo 239; artigo 241, etc. Em 13 de maio de 1888 o negro alforriava-se, elevando-se à condição de ser humano. Este fato foi de suma importância para o nosso Direito do Trabalho, eis que um grande número de trabalhadores passou a ter direitos trabalhistas. Em 1891, o Decreto 1313 inaugura a fase legislativa. Pela importância Histórica transcrevemos algumas de suas normas: (1º) - Proibição de trabalho até 12 anos de idade, exceção do contrato de aprendizagem nas fábricas de tecido, cujo limite seria de oito anos. (2º) - Jornada máxima de sete horas, para menores de 12 a 15 anos do sexo feminino, de 12 a 14, do masculino e para estes de 14 a 15 anos, de 9 horas diárias. (3º) - Horário de aprendizes: três e quatro horas, respectivamente, para os de oito a dez e de dez a doze anos de idade. (4º) - Proibição do trabalho nos domingos e feriados e das seis da tarde às seis da manhã, em qualquer dia, pra menores de 15 anos. (5º) - Higiene no local de trabalho. (6º) - Proibição de trabalhos de menores em locais perigosos e insalubres. Em 1893, regula-se a liberdadede associação. Seguem-se Leis de sindicalização – 1903 profissionais da agricultura e das indústrias rurais – 1907 profissionais liberais. O Código Civil Brasileiro (Lei nº 3.071 de 1916), artigos 1216 e seguintes, regulou a locação de serviços. Em 1919 a Lei nº 3.734, regulou pela primeira vez entre nós, os acidentes do trabalho. A Lei nº 4.682 de 1923 (chamada Lei Elói Chaves) criou as caixas de aposentadoria e pensões dos ferroviários, instituindo-lhes o direito à estabilidade. A Lei nº 4.982 de 1925, concedeu 15 dias de férias aos empregados dos estabelecimentos comerciais, industriais e bancários, sem prejuízo dos salários. A 24 de outubro de 1930 inaugurava-se à segunda república, que teve como Chefe do Executivo Federal, Getúlio Dorneles Vargas. A partir desta data é que a legislação do trabalho ganhou incremento, podendo se falar propriamente num Direito do Trabalho Brasileiro. É bastante numerosa a lei dessa época. Podemos destacar alguns diplomas de efetiva relevância. Decreto nº 19.443 de 1930, que institui o ministério do trabalho, indústria e Comércio; Decreto nº 20.465 de 1931, que criou as Caixas de aposentadorias e pensões dos servidores públicos; Decreto nº 21.186 de 1932, que regulou o horário de trabalho no comércio; Decreto nº 24.694 de 1934, que regulamentou atividade dos sindicatos. Na Constituição de 1934, o Estado tornava-se intervencionista e o Título IV desse diploma, foi dedicado à Ordem Econômica e Social. Salientamos os seguintes dispositivos: (a) igualdade salarial; (b) salário mínimo; (c) jornada de trabalho; (d) repouso semanal; (e) férias; (f) convenções coletivas de trabalho; (g) instituição da Justiça do Trabalho. A Lei nº 62 de 1935 estendeu a estabilidade a todos os trabalhadores da indústria e do comércio. A Lei nº 185 de 1936 definiu e regulou o salário mínimo. Em 1943, promulga-se a Consolidação das Leis do trabalho (Decreto-Lei 5.452 de 1º de maio de 1943) que entrou em vigor no dia 10 de novembro de 1943. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é o nosso principal repositório legislativo do Direito do Trabalho. Após a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) anotamos algumas normas de suma importância, ou seja: (a) Lei 605 de 1949, sobre a remuneração dos dias de repouso obrigatório; (b) Lei 2.573 de 1955 que dispôs sobre o adicional de periculosidade; (c) Lei 4.090 de 1962 que insistiu o 13º salário; (d) Lei 4.266 de 1963 sobre salário família; (e) Lei 5.107 de 1966 que insistiu o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Em 24 de janeiro de 1967 nasce a nova Constituição, emendada que foi em 17 de outubro de 1969 (chamada de Emenda Constitucional nº 1 de 1969), que em seu artigo 165 elencou uma série de direitos sociais. A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 (vigente) consagrou os Direitos Sociais nos artigos: 5º (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos...); 6º (Dos Direitos Sociais...); 7º (Dos Direitos dos Trabalhadores...); 8º (Associação Profissional ou Sindical...); 9º (Direito de Greve...); 10. (Participação dos Trabalhadores e Empregados...) e 11. (Número de Empregados...). Lei 8.036 de 1990, atual lei do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Lei 8.213 de 1991 instituiu o Plano de Benefícios da Previdência Social. Lei 8.212 de 1991 instituiu o Plano de Custeio da Previdência Social. Fonte: Amauri Mascaro do Nascimento – Antonio Lamarca – Sérgio Pinto Martins – Francisco Antonio de Oliveira – João Aparecido Ribeiro Penha – Francisco Bruno Neto.
Compartilhar