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CODEPENDÊNCIA: UM FENÔMENO RELEVANTE


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10
UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO SUPERIOR DE SERVIÇO SOCIAL
CARMEN MONARI – R.A. 1126083
JAQUELINE GIRALDI DA SILVA - R.A. 1101503
MARIA CRISTINA PACHECO BORGES RIGHETTI
R.A. 1111099
CODEPENDÊNCIA:
Um fenômeno relevante
SÃO PAULO
2015
CARMEN MONARI – R.A. 1126083
JAQUELINE GIRALDI DA SILVA - R.A. 1101503
MARIA CRISTINA PACHECO BORGES RIGHETTI
R.A. 1111099
CODEPENDÊNCIA:
Um fenômeno relevante
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do grau do título de Graduação em Serviço Social apresentado à Universidade Paulista - UNIP
Orientador: DR. VANDERLEI DA SILVA
SÃO PAULO
2015
 
CARMEN MONARI – R.A. 1126083
JAQUELINE GIRALDI DA SILVA - R.A. 1101503
MARIA CRISTINA PACHECO BORGES RIGHETTI
R.A. 1111099
CODEPENDÊNCIA:
Um fenômeno relevante
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do grau do título de Graduação em Serviço Social apresentado à Universidade Paulista - UNIP
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
___________________________/____/____
Prof. Dr.
UNIP-Universidade Paulista
___________________________/____/____
Prof. Dr.
UNIP-Universidade Paulista
___________________________/____/____
Prof. Dr.
UNIP-UniversidadePaulista
Com Açúcar, Com Afeto
Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer, qual o quê
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro meus braços pra você
 (Chico Buarque)
 
RESUMO
Os levantamentos e pesquisas recentes demonstram que o tema escolhido, a codependência, está cada vez mais em evidência, principalmente em famílias que convivem com a dependência química. Os codependentes enfrentam problemas de toda ordem: físicos, psicológicos, sociais, financeiros e, além de seu próprio sofrimento, é inegável o papel que representam na recuperação de um dependente. Apesar dos avanços nos estudos sobre o fenômeno, a literatura ainda carece de publicações com rigor científico. Este trabalho, elaborado através de pesquisa bibliográfica, pretende aprofundar a compreensão do tema e das questões básicas relativas ao transtorno. A pesquisa tem por objetivo auxiliar os profissionais que atuam na área da dependência química e familiares que enfrentam o problema a ampliar seus conhecimentos sobre o tema. Após histórico do termo, são apresentadas as diferentes e inúmeras definições do fenômeno, confirmando as controvérsias em relação à classificação da codependência, bem como quanto a sua relação com o gênero feminino. Identificam-se os sintomas, estágios e padrões familiares, bem como a dinâmica de seus membros. É estabelecida a relação entre dependência e codependência, explorando os comportamentos facilitadores da adicção. Quanto à etiologia e tratamento são expostas algumas abordagens e ainda fazem parte do trabalho, propostas de questionários para identificação da codependência. Durante a pesquisa foi confirmada a escassez de material em português e espanhol e, ao mesmo tempo, reafirmou-se a relevância do tema e necessidade de maior aprofundamento nas pesquisas científicas sobre o assunto.
Palavras – Chave: Codependência. Codependente. Dependência. Dependente. Adicção. Adicto. Família.
.
ABSTRACT
The recent surveys and researches demonstrate that the chosen theme, codependency, is increasingly in evidence, especially in families living with addiction. The addicts face problems of all kinds: physical, psychological, social, financial and, besides their own suffering, the role these problems play in the recovery of a dependent is undeniable. Despite advances in the study of the phenomenon, the existing literature still lack publications with scientific rigor. This work, developed through literature review, aims to deepen the understanding of the topic and the basic questions concerning the disorder. The research aims to help professionals working in the area of ​​substance abuse and families that face this problem to expand their knowledge on the subject. After the historic of the term, the numerous and different definitions of the phenomenon are presented, confirming the controversy regarding the classification of codependency, as well as their relationship with the female gender. The symptoms, stages, family patterns and the dynamics of its members, are identified. The relationship between dependency and codependency is established, exploring the behaviors that facilitate addiction. Regarding the etiology and treatment, some approaches are exposed and, still part of the work, quizzes for identification of codependency are proposed. During the research the shortage of material in Portuguese and Spanish was confirmed and at the same time, the relevance of the issue and need for further deepening in scientific research on the subject was reaffirmed.
Keywords: Codependency. Codependent. Dependence. Dependent. Addiction. Addict. Family.
SUMÁRIo
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 08
2 HISTÓRICO................................................................................................................. 12
3 CONCEITO.................................................................................................................. 15
3.1 Tipos de codependência............................................................................................ 21
3.2 Codependência: uma doença? ................................................................................ 22
3.3 Codependência e gênero .......................................................................................... 24
4 CAUSAS DA CODEPENDÊNCIA ........................................................................... 28
5 CODEPENDÊNCIA E DEPENDÊNCIA ................................................................ 32
5.1 Comportamentos facilitadores da dependência ................................................... 34
6 CARACTERÍSTICAS DA CODEPENDÊNCIA .................................................... 37
7 ESTÁGIOS DA CODEPENDÊNCIA ...................................................................... 44
8 PADRÕES DE CODEPENDÊNCIA NA FAMÍLIA DISFUNCIONAL .............. 47
9 IDENTIFICAÇÃO DA CODEPENDÊNCIA ......................................................... 52
10 TRATAMENTO DA CODEPENDÊNCIA .......................................................... 55
11 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 57
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58
ANEXOS ..................................................................................................................... 64 
1 INTRODUÇÃO
 “Talvez estejamos conectados a pessoas vivendo a vida delas e através delas portanto tempo que não nos sobrou nenhuma vida para ser vivida.” (BEATTIE, 2013, p. 88).
O termo codependência é polêmico e se refere a um processo de dependência basicamente emocional, mas com reflexos no físico e social, instalada a partir da convivência com um dependente de substâncias psicoativas (SPA) ou com problemas de comportamento. 
Em termos gerais, a codependência é descrita como uma relação disfuncional, na qual o familiar passa a se preocupar mais com o dependente do que consigo mesmo. Com o tempo, esse padrão de pensamentos e comportamentos pode se tornar compulsivo e prejudicial, como se a pessoa se tornasse dependente do dependente.
É um processo de adoecimento que se desenvolve geralmente na família, mas que pode afetar outros sistemas, onde as trocas afetivas estão comprometidas.
De acordo com Zampiere (2004a), a codependência pode se manifestar no indivíduo, como um transtorno de personalidade ou como patologia de um sistema. Segundo a autora, a codependência não é reconhecida como doença, mas admitida como construção social. 
 A teoria sistêmica afirma que, todas as pessoas que compõem a unidade familiar têm um papel na maneira como funciona a família, como se relacionam os membros entre si e na forma como o sintoma aparece. (BOWEN, 1974 apud TANAJURA; FERREIRA, 2012). 
Os codependentes enfrentam problemas de toda ordem: físicos, psicológicos, sociais, financeiros, etc. e apesar da controvérsia em relação a sua definição, é inegável o papel na recuperação de um dependente. Inicialmente apresenta-se como uma resposta doente ao processo, podendo promover o avanço da adicção através dos comportamentos facilitadores. Muitos profissionais compartilham a ideia de que o núcleo familiar deve ser trabalhado sempre que um de seus membros apresentar um problema que cause impacto na estrutura familiar.
O termo codependência foi inicialmente utilizado para referir-se aos familiares de dependentes do álcool, mas atualmente generalizou-se para outros problemas de personalidade e relações disfuncionais como pais agressivos e autoritários; crianças e adolescentes com problemas de comportamento; indivíduos perturbados emocionalmente; doentes crônicos (esclerose múltipla, insuficiência renal, câncer, esquizofrenia, Alzheimer); pessoas em relacionamentos com indivíduos irresponsáveis; compulsivos por sexo, jogo, trabalho, comida, etc.; enfermeiros, assistentes sociais e outros profissionais.
Boyd (2000, p. 17) coloca que cada pessoa “pode se tornar codependente não apenas em relação a pessoas que lhe são mais próximos afetivamente, como até a pessoas de quem não gosta, como o chato do vizinho”
O presente estudo procura se ater à questão da codependência gerada pelo convívio com um dependente químico e espera contribuir positivamente, já que a literatura apresenta uma grande lacuna sobre o tema, carecendo de rigor científico, fato este corroborado pela pesquisa de Pereira e Sobral (2012), que ressaltam ser este tema muito importante para se pensar em programas eficientes de tratamento da adicção.
O Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos (Lenad Família), feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 2013, revelou que ao menos 28 milhões de pessoas no Brasil têm algum familiar que é dependente químico e mais de 10 milhões de familiares e amigos de dependentes em cocaína e crack sofrem do martírio da codependência.
De acordo com a Federação do Amor Exigente (FAE), que reúne 920 grupos de apoio aos familiares de usuários de drogas, por trás de um dependente, há pelo menos outras quatro pessoas que também precisam de tratamento.
Um estudo desenvolvido pelo Ligue 132, em 2007, avaliou que 71% dos familiares que buscaram ajuda do serviço apresentaram atitudes codependentes em relação aos usuários de drogas. 
O tema escolhido propõe um olhar especial para aqueles que cuidam de alguém cuja dependência física e/ou psicológica é intensa, dificultando e até prejudicando a relação entre ambos e, em consequência, afetando todas as outras relações sociais. Busca esclarecer a questão do comportamento dos familiares que vivenciam a doença e comprova, pela relevância, a necessidade da intervenção junto à família do indivíduo dependente químico.
A família que tem um dos seus membros com algum tipo de doença mental passa por muitas mudanças dentro de sua célula: problemas financeiros, emocionais e de convivência social.
Todo o aparato de cuidados e preocupações é canalizado para o doente, esquecendo- se, na maioria das vezes, da própria família como um todo, de seus membros e de sua própria vida.
As pessoas estão emocionalmente envolvidas e não se atentam para o fato de que elas têm uma vida individual e precisam estar bem, ter outros interesses para poderem cuidar de seu familiar doente de forma mais efetiva, gerando para todos, mais qualidade de vida. 
A codependência é altamente prejudicial para ambas as partes e ao invés de ajudar o doente a melhorar, alguns codependentes reforçam o comportamento patológico.
Alguns autores referem que as pessoas codependentes necessitam das pessoas doentes em sua vida para serem felizes. Isto significa que, para o sucesso do tratamento do dependente, toda a família deve sofrer a intervenção.
Este levantamento tem por objetivo apresentar um panorama da codependência e fornecer informações sobre o tema, de forma a ampliar o material de pesquisa existente, contribuindo para um maior conhecimento da questão. O levantamento espera ser útil aos profissionais que trabalham com a dependência e a codependência e possibilite o aprimoramento dos atendimentos. 
Para tanto, utilizamos a pesquisa exploratória, nos valendo de um levantamento bibliográfico de livros, artigos científicos, periódicos, teses, revistas, vídeos e informações disponíveis na internet, sem deixar de considerar a experiência de cada membro do grupo dentro de sua área de atuação profissional.
A fonte de dados desta pesquisa foi obtida basicamente através da pesquisa de produção sobre o tema Codependência, Co - dependência, Dependência Emocional, sendo que as referências de cada trabalho também serviram como material da pesquisa.
Neste contexto, com o objetivo de melhor compreender o fenômeno, apresentamos o histórico e conceito da codependência, que aborda além da definição, os tipos, o questionamento sobre ser ou não uma doença e a relação entre codependência e gênero. Seguimos estabelecendo um paralelo entre codependência e dependência, enumerando também os comportamentos facilitadores da adicção. Discorremos sobre a dinâmica da codependência, nos capítulos que exploram os sintomas, estágios e padrões da codependência, para finalizar com a identificação e possibilidades de tratamento. 
Com o advento do crescimento econômico e tecnológico e a intensificação do modelo econômico capitalista, as exigências sobre os indivíduos são cada vez maiores, pressionando as pessoas a tal nível que elas acabam por adoecer.
Com as transformações da contemporaneidade a família torna-se novamente “espaço privilegiado e insubstituível de proteção, socialização e cuidado” (PNAS - Plano Nacional de Assistência Social, 2004, p. 25), mas também pode representar limitação e dificuldade na recuperação do ente doente, pela codependência estabelecida.
De acordo com a teoria sistêmica, situações de desequilíbrio, geradas por um membro da família podem repercutir em todo o sistema familiar, tornando outro membro obsessivo e cego a sua própria vida. Intimamente ligada, portanto, ao processo de recuperação individual do doente mental, a família deve ser alvo da acolhida da equipe.
 A preocupação com o tema da codependência é gerado pelo número crescente de indivíduos com transtornos mentais, mais especificamente decorrentes do abuso de substâncias psicoativas; pela afirmação da família enquanto espaço de recuperação ou de agravamento da doença e pela constatação da doença familiar associada.2 HISTÓRICO
“O que acontece comigo? Ela pergunta. Eu preciso de um corpo morto deitado na minha cama para me sentir bem consigo mesma? ” (B. apud BEATTIE, 2013, p.133). 
O conceito de codependência pode ser encontrado na década de 30, quando assistentes sociais, em instituições de saúde mental, nos Estados Unidos começaram a entrevistar esposas de dependentes de álcool. Estas mulheres se mostravam ansiosas, angustiadas, deprimidas e demasiadamente preocupadas e vinculadas aos seus esposos.
A abordagem familiar na Dependência Química teve início em 1940, quando o termo codependência começou a se estruturar. Na década de 50, Lois Wilson, esposa de um dos fundadores dos Alcoólicos Anônimos (AA), decidiu fundar juntamente com outras mulheres de alcoólicos, o grupo Al-Anon, após constatar que o uso abusivo de álcool e drogas afetava não somente o dependente, mas também sua família. No grupo compartilhavam experiências e desenvolviam estratégias para lidar com o alcoolismo. Acreditavam que elas também necessitavam de atenção e tratamento tanto quanto seus companheiros. Em estudo realizado com estas mulheres, elas admitiram que estavam tão enfermas quanto os seus esposos que usavam álcool (ABLON, 1974 apud ORTIZ, 2009). 
Posteriormente ficou comprovado que esta doença manifesta sintomas específicos nos familiares dos dependentes. Naquela época, algumas esposas de alcoólicos sentiam os efeitos da dependência de seus maridos, mas não tinham ainda a consciência sobre o que seriam esses sentimentos:
[...] eram pessoas cuja vida, se tornara incontrolável como resultado de viverem um relacionamento comprometido com um alcoólico. (BEATTIE, 2013, p.56).
Em 1960, Jellinek (apud ORTIZ, 1998, s.p.) escreve que “o coalcoolismo ou adicção sobre pessoas, lugares e coisas, tem sido virtualmente relegado como um problema ou um sintoma secundário ao alcoolismo e tende a ser visto como um sintoma reativo”. 
Gordon e Barret (1993 apud HUMBERG, 2003, p. 15) destacam que “a codependência foi primeiramente relatada como uma anormalidade de ‘policiamento compulsivo’ descrito em esposas de alcoólicos”. O termo expandiu-se para os filhos de alcoólicos e qualquer indivíduo próximo a eles.
O programa dos Alcoólicos Anônimos (AA) influenciou a criação de outros grupos de mútua ajuda, com os mesmos princípios, mas voltados para dependências específicas, tais como: Narcóticos Anônimos, Comedores Compulsivos Anônimos, Neuróticos Anônimos, Jogadores Anônimos, Mulheres que Amam Demais, etc.
Na década de 60 este transtorno foi incorporado à saúde como personalidade codependente, pelo Código Internacional de Doenças (CID) e, a partir de 70, os termos coalcoólatra e para-alcoólatra, usados até então, foram substituídos por codependente e o conceito introduzido pelo AA foi estendido à psicoterapia para designar pessoas que procuravam relações com dependentes de substâncias psicoativas, pois isso despertaria reações específicas como necessidade permanente de controlar o outro, baixa autoestima e esvaziamento emocional.
O termo codependência surgiu inicialmente, no final da década de 70, no estado americano de Minesota, referência no tratamento de dependência química, mas Zampiere (2004a, p. 64) cita Wegsheider, em 1981, como o introdutor do conceito, enquanto “obsessão familiar sobre o comportamento e bem-estar do dependente”. O usuário era analisado como doente e seus familiares como codoentes.
Na década de 80, o termo surge na área da terapia, adquirindo maior amplitude não se limitando aos familiares de adictos, mas pessoas que, por qualquer motivo, foram obrigadas precocemente a assumirem responsabilidades que não são suas.
Beattie (2012, p. 27) refere que em 1987, um foheto distribuído em um seminário sobre dependência química, em Minneapolis descreveu a codependência como “um conjunto de comportamentos compulsivos e inadaptáveis adquiridos por membros de uma família que passa por estresse e grandes dores emocionais [...] ”.
Em 1989 no Arizona, durante a primeira conferência nacional, a definição oficial foi apresentada:
La codependencia es uma pauta dolorosa de dependencia de comportamientos compulsivos y da búsqueda de aprobación en um intento de estar a salvo, de adquirir uma identidad y um valor de si mismo. (LAWLOR, 1992 apud BALENCIAGA, 2000, p.455). [1: A codependência é um padrão doloroso de dependência, de comportamentos compulsivos e busca de aprovação com intenção de sentir-se seguro e de adquirir uma identidade e um valor de si mesmo. (Tradução nossa).]
Desde então, a conceituação sobre a expressão codependência tem gerado polêmica, pois não há uma definição científica para esse comportamento.
 É provável que a codependência tenha acompanhado o homem em sua trajetória, pois é natural desejar proteger e ajudar as pessoas queridas. Thomas Wright (apud BEATTIE, 2013) escreveu que é também natural sermos afetados e reagirmos aos problemas das pessoas a nossa volta, porém o problema dos codependentes é que reagem em demasia.
O ser humano é um ser social e depende em maior ou menor grau uns dos outros para poder viver, mas isto não significa relacionar-se de forma disfuncional e patológica.
Há uma codependência natural, que existe na relação entre um recém-nascido e sua mãe; do jovem aluno com o professor; do doente enfermo com o médico/enfermeiro, portanto entre o cuidado de dois seres. No início de uma relação isso é normal e até importante, mas com o tempo, há um amadurecimento e busca de autonomia e o outro vai se tornando um cooperador, evoluindo para uma interdependência. 
3 CONCEITO
“Codependente é uma pessoa que tem deixado o comportamento de outra afetá-la, e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa”. (BEATTIE, 2013, p.58).
O prefixo co significa coexistência, concomitância; tanto adicto como codependente experimentam sintomas semelhantes: enquanto o adicto evita a frustração consumindo drogas, o codependente se esquiva de sentimentos dolorosos concentrando-se no dependente e em sua conduta. (SALAZAR, 2013 apud LIZAMA, 2015). Para Afornali (apud HONÓRIO, 2013, p.38) “um coautor participa da autoria, é autor conjuntamente; e um corresponsável, da mesma forma”. O codependente acredita que é responsável pelos pensamentos, sentimentos e ações do outro e pensa que ele também é responsável pelos seus, havendo uma confusão de identidades. A diferença entre a compulsão do adicto e a compulsão do codependente estaria no objeto da compulsão.
Humberg (2003), em seu trabalho de mestrado pretendeu demonstrar que o termo codependente seria inadequado, pois vincularia o conceito ao dependente, não considerando a codependencia e a dependência como patologias diferentes. Para diferenciá-las propôs a utilização da expressão dependência de vínculo.
Para Borges e Maia (2012, p. v), “a co-dependência é uma problemática inserida no domínio das dependências sem substância, que partilha várias similaridades com outras dependências”. A autora considera que é importante diferenciar sua origem, que pode ser endógena, fazendo parte da personalidade do indivíduo ou, exógena, sendo resultado do relacionamento com um indivíduo dependente de substâncias. 
Há na literatura várias definições de codependência, porém são imprecisas e variam desde as mais simples como: pessoa que convive com um dependente, até mais complexas como: 
Una condición emocional, psicológica y comportamental que se desarrolla como resultado de una prolongada exposición a la práctica de un conjunto de reglas relacionales opresivas dentro del marco de un vínculo afectivo con una persona dependiente. (GALANTER apud DELGADO; GÓMEZ, 2013, p.381). [2: Uma condição emocional, psicológica e comportamental, que se desenvolve como resultado de uma prolongada exposição a um conjunto de regras relacionais opressivas, dentro da estrutura de vínculo afetivo com um dependente. (Tradução nossa).]
Segundo Delgado e Gómez (2013, p. 381), as definições existentesdestacam os comportamentos do codependente como o controle obsessivo do adicto ou propõem posições radicais como as de McKay (1996) e Hughes-Hammer, Martsolf e Zeller (1998), que asseguram que se trata de “uma enfermidade crônica e progressiva, uma entidade patológica com sintomatologia, etiologia, curso e tratamento definidos”.
Para Biscarro (2013) o conceito de codependência se expandiu enormemente entre os profissionais especializados, a ponto de ser proposta sua inclusão nos manuais de diagnóstico, porém foram poucas as iniciativas de elaborar uma definição em termos empíricos. De acordo com o autor, entre 1985 e 1995, houve uma grande investigação sobre o tema, com elaboração de instrumentos que permitiam medir o fenômeno, fruto de pesquisas americanas.
Para Sanda (2001), a codependência seria um distúrbio mental acompanhado de ansiedade, angústia e obsessão em relação a tudo o que envolve a vida do dependente.
O grupo de mútua ajuda Amor Exigente (AE) se refere à codependência como a doença da perda da alma, pois haveria um distanciamento da própria identidade e uma identificação com a vida do dependente. O codependente passa a viver a vida dos outros, ligando-se emocionalmente aos comportamentos destrutivos e problemáticos. 
Schaef (apud PAYÁ; FIGLIE, 2004) define de forma abrangente a codependência como doença que cresce no meio relacional em que a pessoa está inserida. Conforme as autoras, a definição mais operacional de codependência seria a de Wegscheider-Cruse, que descreve a codependência como condição específica, caracterizada por uma preocupação e dependência extrema a uma pessoa ou coisa. A codependência existiria apesar da existência ou não de dependente químico na família, sendo, portanto, “uma doença de relacionamentos, onde um dos membros pode ser um membro quimicamente dependente”. (PAYÁ; FIGLIE, 2004, p. 13).
A codependência é descrita por Charles Whitfield (apud LAWSON, 1999, p.34) como: “um comportamento problemático, desajustado ou doentio, associado com a vida, trabalho ou qualquer outra situação de proximidade de uma pessoa que sofre de dependência de drogas”.
Izquierdo (2002) faz um resumo de várias definições encontradas na literatura, comprovando que a codependência tem sido definida de múltiplas formas: como um esquema de vida disfuncional que aparece na família e produz uma alteração em seu desenvolvimento; como a conduta de uma pessoa normal que deseja ajustar-se à situação estressante; como um padrão de comportamentos compulsivos e busca de aprovação pelo outro; como traços de personalidade característicos, que apresenta a pessoa que convive com um dependente; como uma doença presente nos membros de uma família adicta; como uma característica emocional e psicológica que aparece como resposta a um conjunto de regras opressoras que impede o diálogo aberto e franco entre os familiares. 
O autor também assinala a codependência como uma patologia do vínculo ou como um defeito, ocorrido na infância, no desenvolvimento da autonomia e identidade, bem como um padrão exagerado de dependência que leva o indivíduo a se esquecer de si mesmo. Izquierdo acrescenta que o termo também é usado para indicar quando um familiar se envolve de forma obsessiva com os problemas do adicto a ponto de viver por ele e para ele, levando a consequências danosas em sua vida pessoal, familiar, social e profissional 
Zampiere (2004a, p. 63) refere que, de maneira ampla: “[...] o termo codependência refere-se à pessoa que convive de forma direta com alguém que apresenta alguma dependência química ou que viveram uma prolongada relação que por qualquer motivo crônico levou a assumir comportamentos mal adaptativos e compulsivos a fim de sobreviver ao stress”.
Beattie (2013), contudo, afirma que viver com um doente não define o problema porque a codependência estaria na própria pessoa, em seus comportamentos e simplesmente deixar de viver com o dependente não resolve o problema. Para a autora o codependente é o indivíduo que permite que o comportamento de outra pessoa o afete e tem obsessão em controlar o comportamento do outro. De acordo com este conceito, Miranda (2015) ressalta que uma pessoa afeta a outra dentro do sistema familiar e impacta na família como um todo. 
Potter-Efron e Potter-Efron (1989 apud HUMBERG, 2003, p. 20) definem o codependente como “alguém que tem sido significativamente afetado de um modo específico por um envolvimento presente ou passado com um indivíduo alcoólico, dependente químico ou com outro familiar altamente estressante”.
Fisher, Wampler, Lyness e Crawford (apud ZAMPIERE, 2004a) definiram codependência como um padrão de comportamento disfuncional de relacionamento com outras pessoas muito dependentes, dificuldade em expressar sentimentos e necessidade de ter um propósito nos relacionamentos.
Também em Zampiere (2004a) encontramos a referência de Freeman (1992) à pessoa codependente como alguém que ignora suas necessidades em favor da manutenção do equilíbrio do sistema familiar.
Earnie Larsen (apud Beattie, 2012), outro especialista em codependência e pioneiro no ramo, define-a como comportamentos aprendidos ou defeitos de caráter que reduzem a capacidade de relacionar-se com afeto.
Para Robert Sulby e Jonh Friel, o codependente é: “[...] alguém que desenvolveu um padrão doentio de lidar com a vida, numa reação ao abuso de álcool e drogas praticado por outra pessoa”. (SULBY; FRIEL apud ZAMPIERE, 2004a, p.69).
De acordo com o grupo Codependente Anônimos (CODA), a codependência seria a inabilidade de manter e nutrir relacionamentos saudáveis com os outros e consigo mesmo. Nos relacionamentos codependentes não existe a discussão direta dos problemas, expressão aberta dos sentimentos e pensamentos, comunicação honesta e franca, expectativas realistas, individualidade, confiança nos outros e em si mesmo. 
Estudiosos como Fischer,Wampler,Lyness e Crawford definem a codependência como “um padrão de comportamento disfuncional de relacionamento com outras pessoas muito dependentes, dificuldade em expressar sentimentos e necessidades de ter um propósito nos relacionamentos”. (HARKNESS; COTRELL, 1997 apud ZAMPIERE, 2004a, p.66).
A codependência é atualmente entendida como uma construção social: “um jogo de comportamento mal adaptativo e compulsivo aprendidos na convivência familiar, a fim de sobreviver, ao se encontrarem sob grande estresse ou intensa e prolongada dor”. (ZAMPIERE, 2004a, p.63).
Zampiere (2004a, p. 105) também refere que a definição mais frequente para codependência tem sido: “a condição emocional, psicológica e comportamental; como um padrão relacional e como um transtorno da não identificação do self”. O codependente possui um self que invade o mundo exterior e atribui ao meio a responsabilidade que é sua, estabelecendo um papel de vítima. 
A codependência não é necessariamente intensa e nem sempre envolve experiências com pessoas muito comprometidas. Pode se manifestar, por exemplo, como o controle das emoções a partir do humor do outro. Algumas pessoas têm experiências dolorosas e outras podem ser menos afetadas, pois cada pessoa é diferente da outra.
A literatura sobre o tema mostra, portanto, uma grande variedade de definições, mas parece existir um consenso quanto à problemática relacional de caráter adictivo da codependência. Sendo a codependência encarada como fruto de relações disfuncionais dentro da família, pode ser definida como:
[...] un esquema de vida disfuncional que emerge em nuestra família de origen, así com em nuestra cultura, produciéndose así um paro en el desarollo cuyo resultado es una hiperreación a lo externo y uma hiporeación a lo interno.Sin tratamento puede deteriorar-se y convertirse em uma adicción. (FRIEL; FRIEL, 1988 apud BALENCIAGA, 2000, p.456). [3: Um esquema de vida disfuncional que surge em nossa família de origem, assim como em nossa cultura, produzindo uma parada no desenvolvimento cujo resultado é uma hiper-reação ao externo e uma hipo-reação ao interno. Sem tratamento pode deteriorar-see converter-se em uma adicção. (Tradução nossa)]
A codependência se desenvolveria então como uma resposta a circunstâncias familiares disfuncionais, em uma tentativa de controlar e estabilizar uma situação e se instalaria na infância, aumentando as chances de viver no futuro repetidas relações disfuncionais.
Há outra corrente que acredita que a codependência seria resultado da tentativa de uma pessoa normal em ajustar-se a um cônjuge ou situação extremamente difícil. (JACKSON; KOGAN apud BALENCIAGA, 2000). 
Boa parte da literatura sobre codependência tem destacado este transtorno como uma adicção – dependência de ordem afetiva e expressa através de diferentes termos: relações adictivas; adicção do amor; dependência patológica e dependência afetiva. 
Assim como a dependência química, a codependência também pode ser definida com uma doença primária, crônica, progressiva e tratável, cuja principal característica é a perda de controle; a pessoa codependente transforma seu objeto de desejo em uma necessidade.
Além disso, o codependente acredita que é responsável pelos pensamentos, sentimentos e ações do outro e pensa que o outro também é responsável pelos seus, havendo uma confusão de identidades. O codependente não sabe onde ele termina e onde começa o outro.
Pode-se perceber que as definições são controvertidas e tem gerado polêmica, pois não há uma expressão científica para esse comportamento. Para Beattie (2013), o codependente é uma pessoa que deixou o comportamento de outra afetá-la e se tornou obcecada em controlá-lo. Segundo a autora, a definição seria importante porque ajuda a determinar o caminho da recuperação, mas, apesar disso, declara que todas as definições seriam exatas, sendo que umas descrevem a causa, outra, os efeitos ou os sintomas ou ainda padrões. 
Atualmente a literatura científica destaca que o termo codependência teve seu uso vulgarizado, perdendo a especificidade. Houve pouca investigação empírica e, em decorrência, falta de definições com rigor teórico.
 Mesmo a codependência não tendo uma definição clássica existem características que quando apresentadas em conjunto podem levar um profissional (ou uma equipe multidisciplinar) a identificar esse problema.
3.1 Tipos de codependência
Zampiere (2004 a, p. 134-138) classifica as codependências, enquanto patologias de um grupo, em:
Codependência conjugal: há uma alternância entre os papéis de vítima e algoz e uma dificuldade em romper este padrão, apesar das queixas; muitas vezes os filhos não encontram espaço nesta relação;
Codependência familiar: típica em famílias rígidas e fechadas, com dificuldade de interagirem com outros sistemas; grande resistência às transições e dificuldade em enfrentar mudanças;
Codependência grupal: o grupo tende a manter fortes influências de pressão sobre seus membros que se mostram frágeis a mudanças; são resistentes à entrada e saída de algum de seus membros e é facilmente observada nas interações entre os colegas dependentes;
Codependência social ou dependência sócioinstitucional: por exemplo, o sistema de assistência social e seus assistidos através de programas de transferência de renda;
Codependência institucional: encontrada nas instituições e no meio empresarial; tendem a ocultar o problema;
Codependência sexual: não conseguem se separar e mantém um relacionamento insatisfatório e doentio em que um alimenta a dependência do outro;
Codependência sexual sociocultural: parceiros que mesmo temendo contrair doenças ou estando insatisfeitos continuam a se relacionar.
Alguns autores alertam para a codependência profissional, desenvolvida principalmente nos profissionais de saúde, como resultado da exposição crônica à dependência do paciente. Caracterizar-se-ia por assumir responsabilidade sobre o paciente, protegendo-o das consequências de suas decisões, assumindo papéis que extrapolam a função profissional. 
3.2 Codependência: uma doença?
Zampiere (2004a) declara que a codependência pode se manifestar como um transtorno de personalidade ou como patologia de um sistema, mas não é reconhecida como doença pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV (1995), DSM–V (2014) ou o CID-10 (1993), podendo ser admitida como construção social. Os transtornos decorrentes do abuso de substâncias psicoativas estão bem definidos, mas as classificações oficiais não contemplam o sistema sóciofamiliar.
De acordo com Carlos Salgado, psiquiatra e conselheiro da Associação Brasileira de álcool e Drogas (ABEAD), a codependência não figura no CID, mas os sintomas se encaixam nas psicopatologias descritas no capítulo 10 do código.
Haaken (1990 apud HUMBERG, 2003) observa que o conceito de codependência não tem validade diagnóstica e que não há até o momento uma entidade clínica que corresponda a este conceito. Zampiere (2004a) defende a necessidade de uma classificação específica para a codependência, já que representa uma entidade com características particulares e repetitivas. Propõe classificar a codependência como um distúrbio de identidade e a autora americana Beattie (1992) critica a falta de uma definição científica e refere que a codependência “é uma condição emocional, psicológica e comportamental que se desenvolve como resultado da prática e da exposição prolongada do indivíduo a regras opressivas”. (BEATTIE, 2012, p.31). 
A codependência talvez não seja uma doença, mas pode fazer da pessoa um doente e pode contribuir para que as pessoas a sua volta continuem doentes. Além de ser progressiva, seus comportamentos se tornam viciosos, repetitivos e destrutivos, daí ser considerada uma doença, pelos padrões detectados. (Beattie, 2013). A codependência envolve um sistema vicioso de pensar, sentir e comportar-se em relação a si mesmo e aos outros, que acaba por causar dor ao codependente.
Alguns autores descrevem a codependência como um transtorno de relacionamento caracterizado pelo fato de uma pessoa ser controlada pelo comportamento de outra pessoa, a qual é ligada emocionalmente. Outros a definem como uma síndrome, a Síndrome da Codependência, um conjunto de sintomas como: baixa autoestima; dificuldade de impor limites; dificuldade em assumir a própria realidade; dificuldade de tomar conta de suas necessidades; dificuldade de expressar suas emoções.
Para Zampiere (2004b), o codependente não estabelece um vínculo com o outro, ele se aproveita. Essa dificuldade em se relacionar com o outro promove o sofrimento. A codependência seria então uma condição específica de âmbito psicológico, comportamental e emocional, que se caracteriza por uma dependência excessiva de um indivíduo em relação ao outro. Neste sentido, a codependência seria descrita como uma disfunção comportamental específica e previsível, sendo primordial a reflexão sobre esse conceito através dos aspectos psicológicos, pedagógicos e patológicos. (TOFFOLI et al, 1997 apud LEILANIR; FAUSTON, 2011).
 A autora coloca ainda que, embora não exista o reconhecimento de um padrão de personalidade codependente na classificação de transtornos mentais no CID-10, o codependente sofre de angústia psíquica com reflexos em seus comportamentos sociais, sintomas físicos e “ onera o serviço público de saúde como endemia sistêmica”. (ZAMPIERI, 2004, p.57).
Delgado e Gómez (2004) sustentam que a codependência seria uma forma de vinculação afetiva, que se desenvolveria na infância e nada justificaria, até o momento, considerá-la como uma categoria psicopatológica.
Para Humberg (2013, p. 84), psicanalista, mestra em ciências, a codependência deve ser encarada como uma doença crônica, assim como diabetes e hipertensão, que exige, portanto, contínua vigilância. A autora estabelece paralelos entre a dependência e a codependência e acredita que a codependência seria uma dependência conforme a definição do CID-10:
Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, tipicamente associado ao desejo poderosode tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização persistente apesar das suas conseqüências nefastas, a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações, a um aumento da tolerância pela droga e por vezes, a um estado de abstinência física.
Maia (2012) refere que as semelhanças entre a dependência e a codependência levaram O’Brian e Gaboritt (1992) a defender que a codependência é uma doença única e que existe independentemente da dependência, ainda que pareça resultar da relação com um adicto.
Miranda (2015) refere que o termo codependência ainda é recente na área da terapia, estaria em construção e apresenta, até o momento, conceitos difusos e em construção. Por vezes seria conhecido como transtorno, por outras, como doença e, segundo a autora, não é utilizado cientificamente, mas está totalmente popularizado. 
3.3 Codependência e gênero
“[...] a codependência parece existir e afetar principalmente as mulheres, tanto no desenvolvimento de sua personalidade como na dinâmica de suas relações pessoais”. (NORIEGA, apud SOLIS, p. 1, 2015). 
Alguns estudiosos consideram a codependência como um transtorno de personalidade,
outros, um possível transtorno de relação e ainda alguns, um problema dos filhos adultos de famílias disfuncionais. De acordo com Solis (2015, p. 5), alguns pesquisadores mais críticos sustentam que haja um envolvimento de gênero “já que consideram que se trata de um problema derivado da desigualdade de poder entre homens e mulheres”.
É preciso lembrar que a maioria dos pacientes em tratamento para dependência química são homens e, desse modo, é de se esperar que as mulheres sejam mais afetadas pela doença.
Originalmente o termo codependência foi usado para descrever a relação disfuncional entre a esposa e o marido alcoólatra e muitos ainda entendem desta maneira: como se a codependência fosse uma condição feminina. Para Zanelato (2003), a codependência pode ser definida como o vínculo patológico que a esposa estabelece com sua droga de preferência – o marido e, portanto, relacionada ao gênero. Porém, para Izquierdo (2002), a mulher do alcoólico se encontra sobre pressão psicológica e, por isso, não é surpresa que apresente problemas de ansiedade, depressão e baixa autoestima.
Izquierdo (2002) considera que seria exagero considerar como patológicos comportamentos associados à natureza da mulher (cuidar e proteger) e não reconhecer que elas podem ser pessoas normais respondendo a uma situação anormal. No entanto, de acordo com o mesmo autor, ainda que os homens possam ser codependentes, há uma tendência a considerar o transtorno como uma patologia de mulher e os condicionamentos sociais e culturais contribuiriam para a alta prevalência do problema entre elas.
 É importante considerar que os sinais e sintomas da codependência não são sinônimos de cuidado e dedicação adequados, mas sim de um exagero em relação ao outro e excessiva necessidade de controle, autonegligência e autossacrifício.
Castañon e Luis (2008) colocam como resultado de sua pesquisa, que um dos grupos mais propensos a manifestar a codependência seria o das mulheres de adictos. Constataram que seus comportamentos característicos são vítima, mártir, perseguidora e salvadora, pois consideram que somente elas podem salvar o dependente. Por isso que se considera, segundo os autores, uma patologia própria da mulher. “El sistema de género legitima y reproduce las prácticas, representaciones, normas y valores que la sociedad construye a partir de la diferencia sexual”. (CASTAÑON; LUIS, 2008, p. 807). [4: O sistema de gênero legitima e reproduz as práticas, representações, normas e valores que a sociedade constrói a partir da diferença sexual”. (Tradução nossa)]
A relação entre codependência e gênero é assunto polêmico na literatura tanto quanto a definição do transtorno. Bortolon et al (2010) referem que as mulheres apresentam maior prevalência de crenças codependentes quando comparadas aos homens. Entretanto, os autores chamam atenção para o papel esperado do sexo feminino: as mulheres são incentivadas, desde cedo, a cuidar, atender e ser responsável pela família. Na maternidade parece estar implícita a responsabilidade, dedicação à família, amor incondicional e compreensão. 
Ferreira e Tanajura (2012) em seu trabalho de conclusão de curso intitulado Co-dependência: uma questão de gênero? observaram que:
As mulheres são as mais atingidas e tem grande dificuldade de resgatar a autoestima e parecem viver marcadas pelo medo das repetições e repetem. Os homens dependentes, codependentes ou fragilizados por qualquer transtorno psicológico, seguem em frente e as mulheres ficam meio que paralisadas através do outro, sejam eles: pais, maridos, filhos, parentes, vizinhos. (FERREIRA; TANAJURA, 2012, p. 23).
Para as autoras, seria da natureza feminina a aceitação do segundo plano, posicionando-se como vítima do outro, da sociedade, da própria vida, o que facilitaria o processo da codependência. Na visão machista, a mulher é um ser para o outro (marido, filhos, pais) e não um ser com os outros. Histórica e culturalmente, a mulher se sacrifica, é submissa e mais dependente do que os homens nas relações, estando mais sujeita a codependência. 
Os homens tendem a viver a codependência ficando obsessivos pelo trabalho, por um esporte ou hobby e as mulheres tendem a ficar obcecadas ou obsessivas por um relacionamento.
Em seu artigo Co-dependência e mulheres: uma questão de gênero? a psicóloga Eroy Aparecida da Silva (s.d.) refere que, no Brasil, ainda são escassos os estudos sobre esta relação e afirma que seria temeroso atribuir uma tipologia específica para as mulheres que se vinculam ao dependente de drogas.
Zampiere (2004b) cita Fischer, Wampler, Lyness e Crawford que desenvolveram uma escala de auto-avaliação aplicando-a em grupos de auto-ajuda e estudantes universitários, para averiguar correlações entre codependência e funcionamento familiar. Concluíram que o fenômeno da codependência não está associado nem a gênero nem à dependência química, tampouco a padrões de disfunção familiar. Porém, ainda segundo a autora, esta conclusão se contrapõe à experiência de Lyon e Greemberg com universitárias, que os levou a concluir o contrário. Em seu experimento, as filhas de pais alcoólatras e filhas de pais sóbrios foram expostas a pedidos de ajuda, por um homem de comportamento explosivo e um homem de comportamento neutro. A taxa de mulheres que ofereceram ajuda a homens explosivos foi duas vezes maior entre filhas de alcoólatras que entre as de famílias sóbrias. Assim, definiram a codependência como fruto de gênero e disfunções familiares. Contudo,estes pesquisadores não apresentaram registros de verificação da ocorrência em filhos do sexo masculino.
Em sua tese, Zampiere (2004b) não pode concluir a relação entre gênero e codependência, porém refere que foi alta em sua amostra, a porcentagem de filhas de alcoolista com companheiro alcoolista.
Salazar (2013), em sua pesquisa com 60 familiares de pessoas consumidoras de drogas, concluiu que 62 % apresentam uma codependência efetiva e 15 % um alto traço de codependência. Quanto ao gênero, a mulher se apresentou em situação de maior vulnerabilidade, sendo a codependência efetiva de 85 % e o traço de 75 %, enquanto os homens correspondem a 15 % e 25 % respectivamente. Contudo, o próprio pesquisador salienta que estes dados não são conclusivos e representam uma aproximação do problema.
Prati e Vasconcellos (2013) em sua pesquisa junto a trinta mulheres de usuários de SPA consideraram que 90% da amostra era codependente. Em contrapartida, a idade da mulher e o tempo que ela dedicava ao parceiro não apresentaram correlações estatisticamente significativas com relação aos índices de codependência apresentados.
O mesmo autor destaca que um elevado número de pessoas está representado pelas mães dos consumidores, devido, inclusive, à estrutura patriarcal que responsabiliza a genitora pela proteçãoe cuidado dos filhos, bem como pela recuperação destes.
Bortolon et al realizaram um estudo no Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre a Prevenção do Uso Indevido de Drogas (VIVAVOZ), no período de junho a julho de 2007, sobre a relação entre a codependência e gênero. A amostra incluiu 154 familiares de usuários de drogas e a pesquisa concluiu que as mulheres apresentam maior prevalência de crenças codependentes quando comparadas aos homens. Todavia, a própria autora alerta que esse resultado deve ser contextualizado ao papel esperado do sexo feminino. Na pesquisa, as ligações foram realizadas em sua maioria por mulheres, mães dos usuários e aqui também deve-se levar em consideração os atributos relacionados à maternidade: responsabilidade, dedicação à família, amor incondicional e compreensão.
Na pesquisa de Delgado e Gómez (2003) foram investigadas 301 pessoas, 151 envolvidas com um dependente e 150 que serviram de controle. O resultado obtido mostrou que homens e mulheres são codependentes, porém, os valores encontrados nas mulheres foram significativamente mais altos quanto às características da codependência. Os autores concluíram que as pessoas envolvidas com um adicto desenvolvem a codependência e homens e mulheres diferem nas características do fenômeno. 
O estudo realizado pelos autores em 2004 reafirmou que ser homem ou mulher era menos importante do que se acreditou inicialmente, pois o sexo não mostrou influência significativa na explicação da codependência. 
Ades (2008, p. 18-19) em seu artigo para a revista Anônimos, O lado deles, refere que “em nossa sociedade machista, dependência afetiva parece ser exclusividade das mulheres”. No entanto, sua pesquisa revelou que os homens também podem se envolver em relacionamentos destrutivos. Os HADES – Homens que amam demais - são pessoas com baixa autoestima, viciados em um tipo de amor doentio, obsessivo, onde existe a codependência afetiva. Assim como as mulheres codependentes, eles possuem a característica de monopolizar o parceiro, fazendo deles o centro de sua vida. A pesquisadora considera que o homem pode ser tão codependente quanto a mulher e “ambos buscam alimentar seus egos mal construídos, através da doença de outras pessoas”.
4 CAUSAS DA CODEPENDÊNCIA
“A possibilidade de desenvolvimento da dependência é da pessoa, revelando-se na relação com um outro que tenha uma possibilidade complementar, posto que é uma dependência do vínculo dos dois”. (HUMBERG, 2003, p. 94).
Do mesmo modo que não há um consenso sobre o conceito de codependência, não há unanimidade sobre as causas do fenômeno.
Biscarra et al (2013) referem que, apesar da tendência em acreditar que a codependência seria resultado de ser criado em um lar adicto, as evidências científicas apontam em outra direção. Os autores citam outras hipóteses encontradas na literatura como: famílias disfuncionais (FISCHER; CRAWFORD, 1992; D’ANGELO; MONTAÑEZ, 2011; SPANN; FISHER, 1990); experiências problemáticas vividas na família de origem, tais como abuso físico e/ou emocional (ROHELING; KOBEL; RUGTERS, 1996); estilos parentais coercitivos, negligentes e pouco afetuosos (CROTHERS; WARREN, 1996); pais com problemas de saúde mental (CULLEN; CARR, 1999); pouca comunicação, controle, insatisfação e falta de sustentação familiar (SPANN; FISHER, 1990).
As pesquisadoras destacam ainda a codependência como resultado da aprendizagem de hábitos familiares (GORMAN; DIAZ, 1987); como modelo transmitido entre gerações (EDMUNDSON; BRYNE; RANKIN, 2000) e também resultado da exposição a uma situação estressante (MARGOLIS; ZWEBEN, 1998; MORGAN, 1991). 
Para Izquierdo (2001), a codependência poderia ser explicada de três pontos de vista:
Como uma enfermidade primária originada em um sistema familiar disfuncional que, uma vez instalada, acaba por afetar um ou mais de seus membros;
Como um transtorno de personalidade preexistente em um ou mais membros da família, que em interação com a conduta do adicto facilita e mantém o comportamento;
Como um esforço de uma pessoa normal que convive com um adicto e necessita ajustar-se à situação.
Para alguns autores, a criança nasce com a tendência ao estabelecimento de vínculo com sua mãe ou substituta, dela precisando para desenvolver uma série de capacidades. Uma falha neste vínculo poderia levar a um transtorno de relação. A codependência se instalaria a partir de necessidades que não foram satisfeitas na infância e impediriam o amadurecimento natural que permite a adaptação às experiências negativas da infância, a construção do self verdadeiro e autêntico. Para sobreviver, aprendem a viver em função do outro, querendo agradá-lo e servi-lo.
Los codependientes insisten en repetir las mismas conductas ineficaces que utilizaron cuando eran niños para sentirse aceptados, queridos o importantes y mediante esas conductas, buscan aliviar el dolor y la pena por sentirse abandonados. Sin embargo, paradójicamente las conductas codependientes perpetúan esos sentimientos. (IZQUIERDO, 2001, p. 1436).[5: Os codependentes insistem em repetir as mesmas condutas ineficazes que utilizaram quando eram crianças para sentir-se aceitos, queridos ou importantes e mediante estas condutas buscam aliviar a dor por sentirem-se abandonados. No entanto, paradoxalmente as condutas codpendentes perpetuam este sentimento. (Tradução nossa).]
Delgado e Gómez (2003) referem que, em relação à etiologia da codependência, se tem falado sobre traços de personalidade (CERMAK, 1986; LAWTON, 1990); condutas adquiridas por aprendizagem (BRYNE; EDMUNDSON; RANKIN, 2000) ou como consequência da exposição constante a um stress (MARGOLIS; ZWEBEN,1998).
Para os autores é aceitável acreditar que os comportamentos da codependência são aprendidos na infância através da religião ou como atributos de feminilidade, de acordo com a crença de vários outros estudiosos. Em sua pesquisa de 2004, Delgado e Gómez concluíram que fatos da infância tem um peso grande na hora de escolher a companhia de um adicto. 
Guzmán (1995) também acredita que os antecedentes da codependência estariam na infância: em uma quebra de auto estima, que produziria uma incapacidade de dar-se a si mesmo, levando-o a recorrer a outras pessoas das quais obteria apoio e estima.
Carvalho e Negreiros (2011) destacam que o codependente repete os mesmos comportamentos de quando era criança com o objetivo de ser amado; com isso tenta aliviar o sentimento de abandono, mas, ao contrário do que espera, seu comportamento tende a perpetuar esta sensação. Um ambiente disfuncional propicia a existência de um codependente e este passa a afetar o sistema negativamente. É o que se conhece por dependências paralelas.
Ao longo da vida, fatores precipitantes, reais ou não, podem agravar esta condição: processo de separação, perda de entes queridos, abandono. A ação destas situações sobre uma predisposição gera os sintomas da codependência, que serão mantidos por crenças errôneas de que será útil abandonar suas necessidades em função do outro; racionalizar o problema, negá-lo ou encontrar uma solução mágica.
De acordo com Beattie (2012, p. 33), “as emoções e comportamentos dos codependentes[...] podem emergir de repente quando algo em nosso ambiente, algo inócuo, nos faça lembrar, ou ao nosso subconsciente, algo doloroso que tenha acontecido antes”. A autora lembra, que na ocasião dos fatos, a reação pode ter sido apropriada, mas fora do contexto se apresentam confusas e derrotistas.
Em seu livro Para Além da Codependência, Beattie (2012, p.33) se refere a gatilhos e cita Cermak: “para as crianças de famílias com dependência, quase tudo pode ser um gatilho.”
Humberg (2003) conclui em sua tese de mestrado que a dependência de vínculo teria ligação com as relações desenvolvidas na infância, quando mãe e pai não podem fornecer o apoio necessário para as necessidades do bebê, impedindo o desenvolvimento de estruturas psíquicas saudáveis.
Para Balenciaga (2000), a origem da codependencia pode serclassificada em três grandes grupos: um comportamento adquirido na infância; um comportamento adquirido na fase adulta ou um comportamento adquirido tanto na fase infantil ou na adulta.
A codependência adquirida na infância estaria relacionada a uma família disfuncional, que gera relações inadequadas entre seus membros. Para manter o equilíbrio o indivíduo passa a exercer controle sobre as circunstâncias e pessoas. Pode se manifestar por problemas crônicos, stress ou outras disfunções.
 O surgimento da codependência na fase adulta seria consequência do esforço de um indivíduo normal para se ajustar a um companheiro com quem se vive uma situação extremamente difícil. Mas, para Moraes (2004 apud BALENCIAGA, 2000), essa ligação pode ocorrer entre qualquer pessoa envolvida emocionalmente com o dependente, que não só seu cônjuge. Além disso, o autor afirma que a codependência não desaparece mudando de ambiente, afastando-se ou ajustando-se à pessoa problemática. 
O comportamento codependente pode ainda ser adquirido tanto na fase infantil quanto adulta, pois seria uma forma patológica com a qual o indivíduo se relaciona de uma maneira geral
Balenciaga (2000) também cita que, para alguns autores, a codependência seria a forma patológica do indivíduo relacionar-se com a sociedade em geral, onde ele perde sua identidade para agradar os outros. A pessoa agiria assim para buscar aprovação ou por ter dificuldades de entrar em contato com seu mundo interno, passando então a viver em função do outro.
O mesmo autor refere ainda que outros pesquisadores afirmam que a codependência seria uma síndrome de personalidade, caracterizada como uma disfunção comportamental específica e previsível, que se desenvolve na relação com um dependente químico. 
A visão de Edwards (apud ORTIZ, 1998), que sustentou que a codependência se desenvolveria como resposta de uma pessoa normal à convivência com um alcoolista, limitou o conceito durante muito tempo. Também para Cermark (apud ORTIZ, 1998), a codependência seria uma doença que afetaria os indivíduos que crescem em famílias com alcoólicos ou em outros sistemas disfuncionais. Contudo, alguns teóricos acreditam que as características da codependência se manifestam antes da convivência com a dependência; estas características teriam origem dentro de um sistema familiar instável, onde não há espaço para o diálogo e a expressão de sentimentos.
Para Vacca (2003 apud CASTAÑON; LUIZ, 2008) a codependência poderia ser adquirida de forma induzida direta, através de uma família que possui um sistema de crenças rígido e não permite a expressão de sentimentos; ou de maneira incidental, quando o casal se une e apresenta formas disfuncionais de relacionar-se; ou ainda de forma induzida por normas sociais que não permitiriam ao codependente negar ajuda, ainda que prejudicando a si mesmo.
DEPENDÊNCIA E CODEPENDÊNCIA
“O dependente químico luta para controlar a droga e o codependente para controlar o dependente, o que resulta em fracasso para ambos”. (AL-ANON).
A dependência química é uma doença da família. Seus membros desenvolvem a codependência, e tendem a atribuir todos os seus problemas ao dependente químico, “não conseguindo enxergar que seu próprio comportamento tem sido alterado por suas reações doentias à dependência do outro”. (DIAS, 2015).
Os codependentes são pessoas do convívio do usuário, especialmente familiares, que são intensamente afetados física e psicológicamente por esta convivência. Vivem em função do dependente, fazendo por eles, com a intenção de minimizar ou esconder sua adicção ou facilitar sua vida. Pensam estar ajudando, mas com essa atitude apenas impedem a verdadeira recuperação. É o conhecido Carrossel da Dependência Química, onde no centro está o dependente químico agindo e ao seu redor, os codependentes reagindo, vivendo em função do dependente. O dependente se droga e os outros reagem a sua drogadição e as suas consequências e o dependente responde as essas reações e se droga novamente, estabelecendo este ciclo.
Essa relação se torna um círculo vicioso de sofrimento, pois o codependente depende diretamente de como está o próprio dependente, isto é, se ele está em crise, o codependente também ficará. Quando melhoraram, os familiares começam a fazer planos e ter esperança, mas na recaída, o codependente se sente mal novamente. (ROCHA, 2011).
Quando o dependente entra em recuperação e permanece em abstinência os codependentes se sentem órfãos, de uma hora para outra, perdidos e sem propósito de vida. Não é raro que passem a apresentar problemas semelhantes àqueles dos antigos dependentes que tomavam conta.
O sofrimento do codependente pode ser considerado mais intenso do que o do dependente químico, pois vivencia todos os problemas gerados pela adicção, sem o efeito anestésico da droga: “[...] continua sua vida suspirando por aceitação e um gole de amor [...]”. (FERREIRA; TANAJURA, 2012, p. 15).
O codependente adere ao dependente como uma atadura emocional; se encontra atrelado aos comportamentos negativos ou patológicos do outro. São verdadeiras amarras emocionais que tornam o codependente, dependente do outro. 
A dor gerada, devido a todos esses impactos causados, em cada membro familiar próximo de um dependente é maior que o amor que se recebe. Na realidade a co-dependência é uma espécie de falso-amor, uma vez que parece ser destrutivo, tendo em vista que pode agravar o problema da dependência química no âmbito familiar. (RIBEIRO, 2008 apud ROCHA, 2011, p. 49.
Familiares e dependentes vivem uma relação dolorosa buscando cada qual soluções para suas dores e conflitos. Um ambiente disfuncional é propicio para a existência de um codependente, que por sua vez afeta o sistema com seus comportamentos. 
Entre o dependente e o codependente podemos estabelecer alguns paralelos: enquanto o dependente nega sua doença, o codependente nega sua condição emocional. O dependente mantém a ilusão de que pode controlar o uso da substância e o seu familiar acredita que possa controlar o adicto, o uso da droga e seu comportamento. Ambos mantêm uma conduta obsessiva, porém voltada para objetos diferentes: o dependente para a droga e o codependente para o familiar adicto. A droga de preferência do codependente seria o adicto e os dois processos estariam enraizados na incapacidade de viver consigo mesmo, reconhecendo e aceitando seu verdadeiro eu.
Sophia, Tavares e Zilberman (2007 apud MAIA, 2012) fizeram uma comparação entre os critérios diagnósticos usados na dependência de drogas e concluíram que pelo menos seis critérios são semelhantes entre dependência e codependência:
existência de sinais e sintomas de abstinência; 
o ato de cuidar ocorre em maior quantidade do que o indivíduo gostaria; 
as atitudes para controlar ou reduzir o comportamento patológico são mal sucedidas;
é despendido muito tempo no controle das atividades do parceiro;
existe abandono de interesses e outras atividades anteriormente valorizadas;
o amor patológico é mantido, apesar do prejuízo pessoal - problemas pessoais e familiares.
Maia (2012, p.11) concluiu que parecem existir várias similaridades entre a dependência e a codependência, destacando: “a mesma forma de relacionamento com objeto de dependência; as mesmas bases neurobiológicas subjacentes; a origem na infância e a utilização de mecanismos de defesa projetivos e consequentes manifestações comportamentais, carências identificatórias e do imaginário”.
Beattie (2012) utiliza o termo reciclagem ou ciclos de crescimento para se referir à recaída do codependente, que, de maneira similar ao dependente, pode reagir aos disparadores ou gatilhos, fazendo vir à tona, comportamentos e sentimentos codependentes. 
Colossi e Paz (2013) referem que Kalina define as famílias que produzem dependentes químicos como famílias psicotóxicas, já que se apresentam como modelo abusivo, com dupla mensagem: o discurso reforça a proibição, mas o comportamento e deuso de substâncias para alívio do sofrimento (tranquilizantes, álcool, etc.). Quando o paciente inicia o tratamento para a dependência química e começa a investir em opções mais saudáveis, a família, organizada em torno da adicção, se desestabiliza e o casal precisa mudar seu foco de atenção, permitindo a melhora do filho. Eles são obrigados a olhar para sua relação e para os conflitos deixados de lado. O filho então, a fim de proteger os relacionamentos familiares, volta a se comportar de maneira autodestrutiva, chamando novamente a atenção para si. Para Orth (apud COLOSSI; PAZ, 2013, p. 553-554), “o sintoma da drogadição funciona como estabilizador do sistema familiar, pois, se o problema da adição perdura, o conflito conjugal permanece às escondidas”. 
5.1 Comportamentos facilitadores da dependência
O contexto familiar pode ser considerado como fator de risco e/ou de proteção em relação à dependência química. Se uma família é acolhedora, com limites definidos, comunicação adequada, promotora de afeto e proteção, pode ser vista como elemento de proteção, mas se entre seus membros há um distanciamento afetivo, dificuldade na comunicação e fronteiras pouco definidas pode favorecer o processo adictivo.
Apesar de que las conductas codependientes no generan por sí mismas la adicción, contribuyen a perpetuarla e incluso a agravarla, con un enorme costo para la salud de los involucrados. (BISCARRA; AVELÉN; FERNÁNDEZ, 2010, apud LIZAMA, 2015, p. 6). [6: Apesar das condutas codependentes não gerarem por si mesmas a adicção, contribuem para perpetuá-la e inclusive, agravá-la, com um custo para a saúde dos envolvidos. (Tradução nossa).]
A convivência com a dependência química gera um impacto na família correspondente aos sentimentos do indivíduo que utiliza a droga. Todos os familiares e amigos sofrem com a situação, sendo a dependência química considerada por muitos como uma doença familiar.
Na maioria das vezes a família conhece os problemas gerados pelo uso abusivo de drogas, mas não sabem como lidar adequadamente com o problema, levando ao agravamento da situação. Os codependentes não se dão conta disso, em parte devido ao mecanismo de negação e em parte porque estão convencidos de que estão ajudando o adicto e impedindo a desintegração da família. (LIZAMA, 2015).
E quando a droga aparece em casa, em vez de fazer com que nosso amor seja mais intenso, ficamos divididos, descarregando a responsabilidade sobre o outro cônjuge. Provavelmente negamos a evidência por muito tempo, perdendo tempo precioso. Confusos e desencorajados, enchemo-nos de complexo de culpa, de quem pensávamos jamais ter de receber tanta desilusão, vergonha e dor. (PICHE, 1996, p. 32-33).
Segundo Sanda (2001, s.p.), facilitação “[...] é toda a atitude que tomamos e que irá colaborar com a continuação da dependência química. As atitudes de facilitação são: minimizar, controlar, proteger, assumir responsabilidades e compactuar, [...]”. O facilitador torna-se responsável pelas obrigações do dependente químico, protegendo - o das consequências dos seus atos, tentam manipular pessoas ou situações a fim de controlar o uso do adicto. O codependente torna-se uma pessoa com preocupação crônica, assume a culpa pelos problemas, perde sua identidade, negligencia o cuidado com si próprio, no seu emprego torna-se cada vez menos eficiente e há um grande risco de tornar-se dependente de remédios.
Krupnick; Krupnick (1995) fornecem exemplos de comportamentos facilitadores: negação, evitação, minimização dos problemas causados pela dependência e ainda:
Superproteção: o codependente protege o adicto de tal forma que ele não experimenta o impacto das consequências negativas da dependência em sua vida. Age encobrindo, salvando e protegendo o adicto dos outros e os outros do dependente;
Dificuldade de comunicação: o codependente tem dificuldade em estabelecer limites, dizer não ou pode dizer tantos nãos, que o ambiente se torna hostil, autoritário e frio. Além disso, são comuns a falta de assertividade, as brigas constantes, os segredos de família, duplas mensagens, falta de comunicação honesta, dificuldade em expressar sentimentos e em discutir problemas; 
Controle: compulsão de controlar o uso de drogas, bem como os comportamentos, pensamentos e sentimentos do adicto;
Assumir responsabilidades do adicto: para evitar uma crise o codependente assume as responsabilidades do cotidiano e familiar dos dependentes, se sobrecarregando, afetando sua vida diária e sua saúde. Apesar disso, a crise acontece e o codependente vai se sobrecarregando cada vez mais, até que prejudique sua própria vida e afete sua saúde;
Racionalização e Adaptação: racionalizar ou justificar o uso somente reforça a negação do adicto acerca da sua doença e termina com a adaptação da família aos comportamentos do adicto; 
Cooperação e colaboração: Com a intenção de controlar o adicto, o codependente muitas vezes o acompanha no uso ou lhe ajuda a obter a droga, enviando uma mensagem de aprovação desta conduta. 
Resgate e Submissão: estas condutas conjugadas reforçam a adicção e convertem o codependente em alguém a serviço do processo adictivo, levando ao avanço da adicção.
Os mesmos autores ressaltam que o conceito de facilitação não se aplica somente aos familiares e amigos, mas também aos profissionais que lidam com a dependência. Por exemplo: está no terapeuta que aceita que o paciente se negue a falar abertamente de seu consumo; naqueles que ficam aguardando o momento em que o adicto chegue ao fundo do poço para intervir; nos que se deixam manipular; que receitam medicamentos que reforçam a adicção ou que aguardam que os pacientes venham a se reestruturar.
Krupnick; Krupnick (1995) ainda se referem aos patrões facilitadores que ignoram os comportamentos estranhos, atrasos, negligência; evitam confrontação; insinuam que a dependência pode ser motivo de demissão; deixam de inserir o empregado em programas de reabilitação.
É importante reconhecer todos estes comportamentos, remover a facilitação e estabelecer novos padrões de relacionamento que sejam mais adequados à recuperação do dependente.
6 CARACTERÍSTICAS DA CODEPENDÊNCIA 
“Ele percebe um problema no outro e sente com seu. Ele tem um problema cuja resolução sente estar na mão do outro. Confunde sentir e perceber e não consegue sentir o que precisa nem pedir claramente o quer para si. Pede mas não pede. Impõe mas não verbaliza. ” (ZAMPIERE, 2004a, p.70).
A Codependencia é uma condição específica que se caracteriza por uma preocupação e uma dependência excessiva (emocional, social e às vezes, até física) de uma pessoa em relação ao outro indivíduo problemático.
Conforme Cesar (2010, s.p.): “Uma atitude codependente pode parecer positiva, paciente e generosa, pois está baseada na melhor das intenções, mas, na realidade, é inadequada, exagerada e intrusa”. 
Algo muito marcante nos codependentes é sentirem-se responsáveis pelo mundo inteiro e recusarem ser responsáveis por suas próprias vidas. São pessoas que se autoabandonam. Por essa razão tornam-se extremamente controladores.
Para Beattie, a codependencia é um ciclo autoderrotista:
Os sentimentos de codependência levam à autonegligência; a autonegligência leva a mais sentimentos e comportamentos de codependência, que leva a mais autonegligência [...]. (BEATTIE, 2012, p. 81).
Codependentes são extremamente idealistas a respeito de suas relações e de sua vida. Gastam uma enorme energia para que as pessoas e os acontecimentos fiquem exatamente como gostaria que fossem.
Para tentarem alcançar esse objetivo, tornam-se muito disponíveis na convivência com as pessoas que ama e ao assumirem a carga que é dos outros, incentivam a incompetência e a inconsequência nos outros.
O Codependente tem seu próprio estilo de vida e seu modo de se relacionar consigo mesmo, com os demais e as pessoas problemáticas; são pessoas que deixam sua vida de lado para viver e cuidar do outro, transferindo a responsabilidades dooutro para si. Seu comportamento consiste em manter hábitos destrutivos, sem que ambos inicialmente percebam, reagem de uma forma acolhedora, a amparar e cuidar excessivamente das vidas de pessoas problemáticas, desencadeando um convívio social instável e destrutivo.
A codependência pode ocorrer em qualquer pessoa que esteja em contato com um dependente, seja um familiar, um amigo, companheiro, marido ou esposa, cliente ou colegas de trabalho e até patrão.
É possível que alguém tenha desenvolvido a codependência crescendo em um ambiente disfuncional adicto, mas só manifesta seus sintomas quando mantém uma relação enquanto casal. Com muita frequência, as filhas de adictos terminam casando-se com outros adictos, pois a literatura mostra que os comportamentos aprendidos no convívio familiar tendem a refletir-se na vida adulta, no momento da escolha do companheiro, na forma de enfrentar as responsabilidades, nas relações sociais e de trabalho.
A Codependência afeta a vida pessoal, familiar, amigos e parentes; negócios e carreira; saúde e crescimento espiritual. Zampiere (2004a) enumera as características do fenômeno centradas no indivíduo: dificuldade de identificar uma autoimagem; dificuldade de lidar com sentimentos; senso de vitimização; ansiedade; culpa; controle obsessivo, insatisfação, desrespeito, pena, violência, raiva, exploração, desprezo, comparação, distanciamento e abandono.
Na relação, as características se manifestariam como: atração por pessoas explosivas; controle compulsivo; necessidade de ajudar; preocupação constante com o outro; distorção de limite; tendência a sentir os problemas externos como seus e assumir responsabilidades pelo outro; descuido de suas próprias necessidades pelo outro; repetição dos padrões nas relações extrafamiliares.
O psiquiatra Francisco Guzmán (1995) acredita que haja graus no processo da codependência. Primeiro, as pessoas que se relacionam com o adicto estão mal informadas a respeito da doença e acreditam que possam resolver o problema. Sendo conscientizadas imediatamente corrigem seus erros. Um segundo grupo seria de pessoas que já possuem traços codependentes e, por último, há aquelas que apresentam o quadro completo da codependência. O autor refere ainda que podem ser encontrados indivíduos que sublimem a codependência.
A percepção que o codependente tem de si mesmo está vinculada aos seus sentimentos, que ele identifica como sintomas e que vão se cristalizando dificultando sua identificação, pelo fato de poder ser confundido com características de personalidade.
A codependência se caracteriza por uma série de sintomas, que trazem sofrimento e dor e se dirigem tanto ao próprio indivíduo codependente como ao dependente.
Problemas de relacionamento: dificuldade para estabelecer e manter relações íntimas e saudáveis; tendência a relações destrutivas ou com pessoas problemáticas. Dificuldade no relacionamento sexual. Atração por parceiros emocionalmente instáveis, explosivos ou quimicamente dependentes e dificuldade para sair de tais relacionamentos, com tendência à repetição;
Dificuldade em lidar com sentimentos: o codependente sente que merece sofrer porque se acha culpado e merecedor da agressividade do adicto. Para ele amar é sofrer e sacrificar-se; buscar proteger e desculpar o comportamento do adicto;
Dificuldade em vivenciar limites: os codependentes permitem que as pessoas invadam seu espaço e sejam abusivos e, ao mesmo tempo, entram no ambiente dos outros e abusam;
Indiscriminação de papéis: os familiares não se reconhecem como pessoas distintas umas das outras; não há indiferenciação e os pais não tem autoridade sobre os filhos
Congelamento emocional: mesmo diante dos absurdos cometidos pela pessoa problemática, o codependente se comporta como mártir;
Tolerância elástica: ainda que sentindo mágoa, raiva ou achando que está sendo desrespeitado, o codependente acaba por dar inúmeras chances ao outro;
Perfeccionismo: ele aparenta uma necessidade de perfeição que, na verdade, gostaria que o dependente apresentasse. Apresenta hipersensibilidade a críticas;
Necessidade obsessiva de controlar a conduta de outros: o cuidado/controle é uma característica marcante na codependência, tanto o cuidado excessivo com o outro como a omissão do cuidado para consigo. O cuidar excessivo pode se manifestar através de alguns comportamentos: preocupação permanente com o cuidar e se relacionar com o adicto; controle rigoroso de todos os passos, comportamentos e atitudes; palpites, recomendações; tendência a antecipar as necessidades da outra pessoa, gentileza exagerada; dificuldade de dizer não; fazer coisas que não quer fazer; realizar coisas pelo outro, assumindo suas responsabilidades; procurar agradar aos outros, principalmente o usuário de drogas, em vez de a si mesmo. O controle também aparece quando o familiar se sente responsável pelos sentimentos, ações, escolhas e até pensamentos do dependente, chegando a se achar responsável, inclusive, pelo seu destino. O cuidado em excesso se transforma em obsessão, tornando-se doentio e prejudicial tanto ao dependente como ao codependente. Alguns codependentes tendem a exercer o controle se fazendo de mártires, mas enquanto isso fazem questão de lembrar o adicto que ele é a causa de seus males;
Manipulação: mecanismo de defesa comumente presente nos relacionamentos entre dependente e codependente;
Raiva e ressentimento: os codependentes possuem muita raiva: raiva de si, raiva do outro, raiva de tudo. Querem salvar o dependente e não conseguem e acabam se sentindo ressentidos. Vivem prestes a explodir ou implodir e tanta raiva quase sempre causa estrago a sua volta. Sentem necessidade de punir o outro para reparar o sofrimento que acham que lhe causaram: o dinheiro gasto com a droga, as promessas não cumpridas, as agressões físicas e verbais. Mostram-se rancorosos pela falta de reconhecimento e sentimentos de traição; 
Medo: o medo é um dos sentimentos mais presentes e marcantes na vida dos codependentes e pode estar associado à violência contra o outro ou a si próprio, ao abandono, ao medo de cometer erros, de ter vida própria e de que aconteça algo ruim com o dependente químico. Medos reais que se misturam aos imaginários. Medo de agir, de criar caso, de gerar crise, de ter que tomar atitude. Medo da separação, medo da intimidade, da tristeza e da felicidade. Medo que se torna angústia e que alimenta a ansiedade, dia a dia, roubando a serenidade de uma vida tranquila;
Culpa: a culpa é bastante perceptível na condição de codependência do familiar, manifestando-se em momentos como o início do consumo de droga e a falta de imposição de limites. Em virtude desses sentimentos, o familiar assume uma atitude obsessiva para cuidar, preocupando-se e controlando excessivamente o dependente químico. O codependente carrega um conflito, muitas vezes inconsciente, sentindo-se culpado por algum sentimento negativo que possa sentir, como raiva, desconforto pela dependência psicoemocional ou financeira. O dependente, por sua vez, projeta nos familiares a razão de seus problemas, negando sua responsabilidade;
Insegurança: o codependente apresenta insegurança em relação a várias coisas. Acredita que está sendo roubado, enganado, que o dependente mente constantemente. Esse clima de insegurança diz respeito também ao próprio codependente, que passa a não confiar em suas decisões, chegando a perder até a fé em algo superior, o que gera um grande vazio interno;
 Condutas compulsivas: o codependente toma atitudes impulsivas e não sabe explicar o porquê delas, além disso, pode apresentar diferentes compulsões como, por exemplo, trabalhar demais, comer em excesso, etc.;
Sentir-se responsável pelas condutas dos outros: ele realmente se sente assim, inclusive em relação a outras pessoas, que não somente o dependente;
Profundos sentimentos de incapacidade;
Vergonha: o codependente acredita ser o erro em pessoa; busca fora de si o preenchimento do vazio interior; essência da baixa estima; vê a conduta problemática do dependente