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Tendências Contemporâneas e Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em EaD Professores: Andréia Alves Soares, Carla Adriana Barvinski, Elizabeth Matos Rocha e Eriton Rodrigo Botero 2 Tendências Contemporâneas e Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em EaD Caros alunos e alunas, sejam bem-vindos! Este módulo trata sobre a abordagem contemporânea da Educação a Distância (EaD). Com esse estudo, você terá oportunidade de verificar as influências das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na forma como nos educamos e na sociedade em que vivemos para, a partir disso, compreender como a EaD se desenvolve no século XXI. Assuntos 1. O Avanço das TICs e seus Reflexos na Sociedade Contemporânea. 2. Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e suas Aplicações nos Processos Educativos. 3. Integração das Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação a Distância Contemporânea. 4. Práticas Pedagógicas em EaD. 5. As Tendências da Educação a Distância Contemporânea. Objetivos - Apresentar os avanços tecnológicos e suas modificações sociais. - Definir quais são as tecnologias que compõem as TICs, e como elas são aplicadas nos processos educativos. - Compreender a importância das tecnologias de informação e comunicação na educação a distância atual. - Conhecer as práticas pedagógicas que compõem a EaD. - Apontar as tendências contemporâneas da Educação a Distância. 3 Tópico 1 - O Avanço das TICs e seus Reflexos na Sociedade Contemporânea Este tópico tem como objetivo: • Apresentar os avanços tecnológicos e suas modificações sociais. Para melhor compreensão das tendências atuais da Educação a Distância (EaD), é importante ter em mente as transformações ocorridas no mundo nas últimas cinco décadas. Para começar, é fundamental levarmos em consideração que a criação e a evolução de uma técnica ou tecnologia, em qualquer perspectiva, inserem-se nos variados contextos gerados pelas necessidades humanas. Com a criação e a evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), não foi nem é diferente. Que contextos e fatos, portanto, permearam o surgimento das TICs? A resposta a essa pergunta pode ser conferida na leitura da trilogia A Era da Informação, obra publicada entre 1996 e 1998, em que seu autor, Manoel Castells, apresenta uma tecnologia inserida e delineada no seio das variações culturais, dos movimentos sociais e das práticas políticas nas décadas de 1960 e 1970 (Figura 1 - A e B). Figura 1 (A e B): Representantes da sociedade das épocas de 60 e 70 A tecnologia em questão, apresentada e discutida por Castells, é a da informação. O autor mostra, com base em pesquisas feitas na Europa, Ásia, Estados Unidos e América Latina, que a tecnologia da informação favoreceu a ampliação da 4 comunicação entre povos, dando vazão à globalização por meio da comunicação em rede. Nas décadas de 1960 e 1970, várias lutas e causas simbólicas se destacaram: movimentos civis, como o feminismo, o combate ao racismo, com ênfase no movimento negro, a revolução sexual, os movimentos de contracultura e, também, os movimentos ecológicos e pacifistas. Essas questões, aliadas à arregimentação da classe dos trabalhadores nos movimentos sindicais, ao fortalecimento do capitalismo e ao surgimento de multinacionais, tiveram nas tecnologias da informação papel decisivo para o desenvolvimento do processo comunicacional entre povos e nações. Tal feito acabou por encurtar distâncias e aumentar a descentralização de tomadas de decisões. Nesse contexto e nessa época, no campo da ciência e tecnologia, nascia a informática, para uso de poucos, e voltada, sobretudo, ao comércio e fins militares. Descobertas no campo computacional foram conseguidas, e empresas, como a IBM, investiram maciçamente no campo da pesquisa e lançaram o circuito integrado – chip. Surgiu, ainda, a Arpanet, como rede comunicacional entre computadores e precursora da Internet. Há, também, a conquista do espaço – Lua, Vênus e Marte – pelo homem, por meio de foguetes e sondas, embasados no fortalecimento da robótica e da cibernética. Na continuidade das transformações observadas no mundo, nas décadas de 1980, 1990 e primeira década do terceiro milênio, tem-se, em linhas gerais: o fortalecimento do neoliberalismo; o enfraquecimento do movimento comunista; o desenvolvimento de atividades do setor de bens e serviços; o aumento do parque industrial em diversos países, estimulando produção e consumo em massa; além de investimento em fontes de energias diversas (petrolífera, nuclear, elétrica, solar), desemprego estrutural, aumento da violência urbana, superpopulações, aumento da poluição, revolução na medicina, bioengenharia, área de transportes e, ainda, forte avanço nas telecomunicações gerando impacto na comunicação de massa (Figura 2 - A a I). 5 Figura 2 (A a I): Retratos da sociedade contemporânea Há ainda que se considerar que o barateamento de equipamentos eletrônicos tem favorecido a aquisição do computador pessoal por um maior número de pessoas, que cada vez mais tem acesso à Internet. Esta, por sua vez, consolida-se como meio de comunicação de massa, mudando da configuração de usuários consumidores para a de produtores, ao favorecer autoria e maior interatividade. A primeira década do primeiro século do terceiro milênio já passou. Isso talvez nos traga algum estranhamento ou mesmo surpresa. Mas já vivemos tudo isso? Passou tão rápido, um período tão previsto e embrenhado em mitos e místicas de diversas naturezas! Essa última década, por sua vez, mostrou nossa dificuldade em lidar com as diferenças culturais de forma pacífica, dados os conflitos entre os EUA e o Oriente Médio, o que culminou em atentados ocorridos em diversas partes do planeta. Foi uma década marcada pela expansão da comunicação, a partir da telefonia digital. O certo é que tais fenômenos e movimentos refletidos na sociedade da informação e comunicação acabaram por “mudar a face do mundo”, como afirma Aranha (2006, p. 244), provocando mudanças radicais no seio familiar, social, cultural e laboral, exigindo também um repensar da Educação que precisamos desenvolver e oferecer para as próximas gerações. 6 Tópico 2 - Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e suas Aplicações nos Processos Educativos Este tópico tem como objetivo: • Definir quais são as tecnologias que compõem as TICs, e como elas são aplicadas nos processos educativos. Antes de tratarmos do termo “Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC)”, voltaremos nosso olhar para sua origem e, também, para a evolução de seus conceitos, principalmente, sob o ponto de vista educacional. Iniciemos com o termo “Tecnologia Educativa”, o pioneiro nessa área de desenvolvimento educacional, que teve as suas origens nos anos 1940 do século XX (MIRANDA, 2007), e foi, seguidamente, desenvolvido por Skinner (1953, 1968). Esse termo engloba processos educativos, que não se limitam apenas aos recursos técnicos usados no ensino, mas a todos os processos de concepção, desenvolvimento e avaliação da aprendizagem (MIRANDA, 2007). Com o amadurecimento do termo Tecnologia Educativa, começamos a encontrar na literatura o termo “Tecnologias Aplicadas à Educação”, que, de acordo com a referência Miranda (2007), pode ser considerado comumente um sinônimo de Tecnologias Educativas. Contudo, trata-se de aplicações da tecnologia, qualquer que ela seja, aos processos educativos ou instrutivos, incluindo a aplicação da tecnologia à gestão financeira e administrativa, por exemplo (Figura 3). Figura 3: Professor interagindo com os alunos utilizando tecnologias 7 Nesse contexto, o termo “Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) [1]” designa, de uma maneira geral, o conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para a geraçãoe uso da informação e da comunicação. No processo educativo, a TIC é usada com a finalidade de apoiar e melhorar a aprendizagem dos alunos, bem como de desenvolver ambientes de aprendizagem. Sendo assim, ela pode ser considerada como um subdomínio da Tecnologia Educativa (MIRANDA, 2007). De uma maneira mais sintética, o conceito de TIC, nos processos educativos pode ser compreendido como uma incorporação de novas formas de comunicação entre pessoas e a busca de informações para a construção do conhecimento (Figura 4), que ocorre de uma maneira dinâmica, seja em seu desenvolvimento ou em sua aplicação. Figura 4: TICs e a construção do conhecimento Segundo Sartori (2002), no cenário educacional, vemos a sala de aula tradicional ser abandonada aos poucos, sendo substituída por novos modelos educacionais, uma vez que a Internet viabiliza a era da escola virtual. A incorporação da TIC em processos de ensino e de aprendizagem é tratada como uma melhoria e evolução dos processos educativos. Contudo, o dinamismo de seu desenvolvimento e as maneiras de realizar sua introdução no processo de ensino e aprendizado têm se tornado grandes desafios para os educadores (MORAES et al., 2006). [1] Uma definição mais geral do significado de TIC será abordada no próximo tópico. 8 Analisados sob esse ponto de vista, recursos, como vídeos, multimídias, computadores, CD-ROM, hipertextos (ANDRADE, 2007) e hipermídias disponíveis dentro e fora do ambiente da Internet são classificados como TICs. Já as redes sociais, como Facebook, Hi5, Orkut, Sônico, museus digitais, mensageiros instantâneos e comunicadores de voz Windows Live Messenger, Yahoo Messenger, Skype, blogs, Twitter, e os diversos gerenciadores de e-mail e WebMail, bem como os atuais Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), são exemplos de TIC baseadas na internet. O fato de relacionar TICs com o desenvolvimento da informática, e estas com o aprimoramento dos métodos educativos, dá-nos a impressão de que a incorporação das TICs na educação é um processo recente, o que não é uma completa verdade (ANDRADE, 2007). Andrade (2007) aponta que embora a relação entre TICs e educação sempre ocorra de maneira inédita, dado o contexto histórico específico, ela não está se iniciando agora, pois sempre houve tecnologias que buscaram uma maior interatividade entre o professor e o aluno. Assim, a transmissão de conhecimento nos processos educativos teve de ser encarada como troca de conhecimento entre aluno e professor. 9 Tópico 3 - Integração das Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação a Distância Contemporânea Este tópico tem como objetivo: • Compreender a importância das tecnologias de informação e comunicação na educação a distância atual. Como visto no Tópico 1, as transformações ocorridas no mundo, nas últimas cinco décadas, romperam paradigmas que não estavam dando conta dos desafios impostos à sociedade (BEHAR, 2009). As transformações sociais, os avanços verificados nas TICs, como também o mundo cada vez mais veloz têm se configurado como as necessidades para a implantação e investimentos não só na Educação Presencial, mas também nos atuais sistemas de Educação a Distância (EaD). O surgimento das tecnologias de informação e comunicação fortaleceram as práticas de EaD, conforme Almeida (s/d), isso ocorre devido às “facilidades de design e produção sofisticados, rápida emissão e distribuição de conteúdos, interação com informações, recursos e pessoas”. Passamos a ter uma sociedade globalizada, em rede, resultante dos avanços tecnológicos e das novas formas de comunicação, que tem a informação como um de seus elementos centrais. Castells (1999) considera que as novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentalidade. A comunicação mediada por computadores gera uma gama enorme de comunidades virtuais. Dessa forma, uma das áreas que sentiu fortemente esta mudança foi a educação, uma vez que o surgimento das TICs alterou não só os parâmetros da Educação Presencial, mas deu à Educação a Distância (EaD) uma nova perspectiva de trabalho. Assim, ampliou o seu alcance e a sua efetividade enquanto modalidade de ensino, já que agora as barreiras de tempo e espaço não existem mais. Segundo Thomaz et al. (2010), o desenvolvimento das tecnologias, ao longo da história da humanidade, vem promovendo mudanças nas formas e na relação das pessoas. A EaD abrange formas de estudo nas quais as ações dos estudantes e as ações dos professores ocorrem de forma síncrona e assíncrona. E é com a Internet que a interatividade alcança níveis elevados, possibilitando, de acordo com Sartori 10 (2002), “o acesso à educação a pessoas que residem distante do provedor de ensino ou que, por outro motivo, não possam frequentar uma escola e, também, pessoas interessadas em metodologias de aprendizagem sintonizadas com as novas exigências corporativas”. A EaD vem se tornando fundamental no processo educativo brasileiro e mundial, pois ela tem buscado, assim como a educação presencial, alcançar um dos principais objetivos educacionais: o acesso da população à educação de qualidade. Sartori (2002) afirma que: A EaD vem colaborar com a formação do trabalhador da sociedade da informação, uma vez que preconiza que o estudante se torne capaz de aprender por si mesmo, busque as soluções para seus problemas, planeje e organize os seus estudos de acordo com suas características pessoais de forma que possa estudar por conta própria. Enfim, o estudo autônomo é uma característica básica desta modalidade educativa. Ao desenvolver suas habilidades de estudar de forma autônoma, o estudante estará aprendendo a buscar soluções por conta própria, a se mobilizar na busca de respostas, a gerenciar e avaliar as fontes de informação e a procurar fontes alternativas, a se responsabilizar por um cronograma a ser cumprido, a gerir seu tempo em função de suas tarefas e de sua realidade, a buscar parceria e trabalhar em equipe, a não depender de hierarquias e desenvolver seu senso de iniciativa. Reforçando o importante e crescente papel desempenhado pela EaD na educação atual, Almeida (2003) ressalta que: A EaD é uma modalidade educacional cujo desenvolvimento relaciona-se com a administração do tempo pelo aluno, o desenvolvimento da autonomia para realizar as atividades indicadas no momento em que considere adequado, desde que respeitadas as limitações de tempo impostas pelo andamento das atividades do curso, o diálogo com os pares para a troca de informações e o desenvolvimento de produções em colaboração. A par disso, o “estar junto virtual” indica o papel do professor como orientador do aluno que acompanha seu desenvolvimento no curso, provoca-o para fazê-lo refletir, compreender os equívocos e depurar suas produções. A EaD acontece em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). O ambiente AVA possibilita que diversos tipos de atividades sejam realizadas. Nardi & O’Day 11 (1999) explicam quais e como acontecem as relações em ambientes virtuais de aprendizagem: Os ambientes virtuais de colaboração e aprendizagem constituem uma densa rede de inter-relações entre pessoas, práticas, valores, hábitos, crenças e tecnologias em um contexto de aprendizagem, formando uma ecologia da informação. O foco não é a tecnologia em si mesma, mas sim a atividade realizada por meio da tecnologia, caracterizada pela diversidade, contínua evolução e sentido de localidade em certo contexto em que aspectos socioculturais, afetivos, cognitivos e técnicos co-evoluem. Há uma interdependência entre os recursos tecnológicos e as atividades, cada um ajustando-se e adaptando-se em relação ao outro, uma vez que as mudanças de um elemento provocammudanças em todo o sistema. Almeida (s/d) enfatiza que os recursos dos ambientes virtuais de colaboração e aprendizagem são basicamente os mesmos existentes na Internet (bate-papo, correio, fórum, banco de recursos, conferência, etc.). Os ambientes virtuais devem ser explorados, tanto no ensino presencial quanto na EaD, pois, como destaca Almeida (s/d), possibilitam a gestão da informação, de acordo com critérios pré- estabelecidos de organização, tendo em vista as peculiaridades de cada software, além da possibilidade de utilização de diversas mídias, por meio de conexões (links internos ou externos ao sistema). Segundo Barros (2009), a diversidade de ferramentas disponíveis no AVA possibilita pensar formas diferenciadas para trabalhar os objetivos e contextos. Na abordagem de EaD, ensinar é organizar situações de aprendizagem, planejar e propor atividades; identificar as representações do pensamento do aluno; atuar como mediador e orientador; e, ainda, fornecer informações relevantes; incentivar a busca de distintas fontes de informações; realizar experimentações; provocar a reflexão sobre processos e produtos; como também favorecer a formalização de conceitos; propiciar a interaprendizagem e a aprendizagem significativa do aluno (ALMEIDA, s/d). Na visão de Almeida (2002), devido à característica das TICs ser relacionada com o fazer, o rever e o refazer contínuo, o erro é transformado em algo que pode ser revisto e reformulado instantaneamente para produzir novos saberes. O uso de ambientes virtuais numa perspectiva de interação e construção colaborativa de conhecimento favorece o desenvolvimento de competências e habilidades, relacionadas com a escrita, para expressar o próprio pensamento, a leitura e a interpretação de textos, hipertextos e ideias do outro. 12 Tópico 4 - Práticas Pedagógicas em EaD Este tópico tem como objetivo: • Conhecer as práticas pedagógicas que compõem a EaD. Para tratarmos das Práticas Pedagógicas em EaD, vale retornarmos o conceito de ensinar. Com base em Almeida (s/d), ensinar é organizar situações de aprendizagem; planejar e propor atividades; identificar as representações do pensamento do aluno; atuar como mediador e orientador; fornecer informações relevantes; como também incentivar a busca de distintas fontes de informações; realizar experimentações; provocar a reflexão sobre processos e produtos; e, ainda, favorecer a formalização de conceitos; propiciar a interaprendizagem e a aprendizagem significativa do aluno (ALMEIDA, s/d). Dentre as diversas mudanças ocorridas na área educacional com a incorporação da TIC, o desenvolvimento e a evolução da Educação a Distância (EaD) podem ser considerados os mais relevantes (SCHWEITZER, 2010). Segundo Moore (2002), à medida que algumas ferramentas tecnológicas vão se tornando obsoletas e novas tecnologias vão substituindo as antigas formas de proporcionar a educação a distância estão ocorrendo mudanças constantes na EaD. Isso ocorre, principalmente, quando se trata dos conceitos de tempo e de espaço para as ações de educação, ensino e aprendizagem. Dessa forma, podemos dividir a história evolutiva da EaD, segundo Cunha & Neves (2000) e Sartori (2002), em três gerações (Figura 5 - A a C): 13 Figura 5 (A a C): Gerações das TICs Atualmente, convivemos com projetos educacionais que utilizam desde o material impresso como material didático básico do processo de ensino-aprendizagem até modelos totalmente online, baseados em AVA. Esses seriam um conjunto de ferramentas, pedagogicamente, preparado e articulado para fornecer o máximo de interatividade em uma relação pedagógica mediada por computadores, através da utilização das facilidades disponibilizadas pela internet (SARTORI, 2002). É importante ressaltarmos que a tecnologia por si só não contribuirá no processo educativo, sendo necessário o uso adequado das tecnologias disponíveis em AVA, como destaca Sartori (2002): A estratégia didático-pedagógica fundamenta a utilização de tecnologias constituindo-se como matriz de regulamentação das condições técnico- ferramentais, garantindo-lhes qualidade. O estudante precisa de condições físicas e técnicas para estudar, mas também necessita de condições didático- pedagógicas adequadas. O fator decisivo para a aprendizagem será a estratégia didático-pedagógica que orienta a utilização dos recursos didáticos, pois estes devem estar articulados de forma a agirem coordenadamente, tendo cada recurso função específica, porém formando uma unidade uns 14 com os outros, a partir de uma orientação pedagógica fundamentada em uma determinada concepção de aprendizagem. Em outras palavras, trata-se de estabelecer o projeto pedagógico e comunicativo com o qual serão eleitas e utilizadas todas as tecnologias e suas linguagens. Segundo Sartori (2002), o uso de diversas linguagens, design instrucional interativo, centralização do processo na atividade do aluno, horizontalidade entre alunos e professores como fonte de conhecimento e adequação entre o conteúdo e a mídia disponibilizada aos estudantes, podem ser considerados princípios pedagógicos norteadores de uma EaD voltada à formação de estudantes autônomos. Nesse sentido, é de suma importância perceber quais as contribuições efetivas que as TICs trazem para o cenário educativo, tanto a distância quanto presencial e, ainda, traçar estratégias pedagógicas que possibilitem o trabalho colaborativo, criativo e autônomo, que se pleiteia para a educação contemporânea. Essa tarefa implica o estabelecimento de estratégias didático-pedagógicas que inaugurem práticas colaborativas, de troca e construção coletiva de significados, tanto por parte dos estudantes quanto por parte dos professores e tutores. Dessa maneira, não apenas o estudante de um curso que se faz a distância aprende a estudar de forma autônoma, mas os professores e tutores aprendem a ensinar para um estudante autônomo, portanto, aprendem também. Isso significa, conforme Sartori (2002), que é essencial superar o uso de práticas pedagógicas de uso dominante da linguagem verbal para a conjugação de diversas linguagens, que desenvolvam habilidades gestoras de grupos produtores de conhecimento, que conjuguem no mesmo tempo os verbos pesquisar e ensinar. Para o uso das TICs se tornar realidade no ensino, há requisitos fundamentais que devem ser providos pelos seus gestores sejam eles governos ou instituições. Esses requisitos se referem à infraestrutura das escolas, quais sejam: laboratórios computacionais equipados com hardware (incluso dispositivos especiais) e softwares adequados ao uso educacional (aplicativos específicos e pedagógicos), e, ainda, a disponibilização de computadores em redes com acesso à Internet banda larga (TAKAHASHI, 2000), como também de técnicos para gestão dos laboratórios e, principalmente, professores com formação pedagógica adequada (PRETTO & RICCIO, 2010; MORAN, 2011). A presença desses professores é fundamental, pois sem professores capacitados a usar essas tecnologias na educação os resultados tendem a ser inócuos. 15 Tópico 5 - As Tendências da Educação a Distância Contemporânea Este tópico tem como objetivo: • Apontar as tendências contemporâneas da Educação a Distância. Se a Educação presencial, subsidiada por tecnologias e métodos conhecidos e de certa forma aceitos, quanto ao seu papel na relação entre ensino e aprendizagem, tais como o livro didático, o quadro de escrever e a abordagem oral do conteúdo, encontra dificuldade de se situar frente a um mundo plural e complexo, o que dizer da Educação a Distância (EaD) que carece de maior compreensão sobre sua logística de funcionamento? A EaD, de forma legal, passa a ser reconhecida como modalidade educacional, por meio do Decreto nº 5.622 de 19/12/2005, queentende que se trata de forma de educação que depende das TICs para interação entre professores e alunos em situação de estudo, em lugares e tempos distintos (ROCHA, 2010). Embora a EaD possa ser utilizada na Educação Básica, é na Educação Superior, em termos de Brasil, que o cenário está melhor definido. Esse cenário tem sido composto por cursos de graduação ou de especialização, devidamente credenciados pelo Ministério da Educação (MEC), realizados por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB), universidades particulares, ou, ainda, por meio da Secretaria de Educação a Distância (SEED). Saiba mais! Para saber mais sobre o tema, leia o capítulo 1 (páginas 32 a 41) do livro “Second Life e Web 2.0 na Educação: Potencial Game revolucionário das novas tecnologias” de Valente & Matar, 2007. A EaD contemporânea se desenvolve em boa parte em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) que, cada vez mais sofisticados, favorecem aos seus usuários o compartilhamento de materiais didáticos, bem como a produção intelectual colaborativa. O caráter colaborativo de um AVA consiste na ampliação do aspecto comunicacional entre os participantes, independência de tempo e lugar e, ainda, a presença de aplicativos que permitam a produção coletiva, como as wikis, por exemplo. A EaD sempre foi dependente de tecnologias para veiculação de seus materiais 16 didáticos, bem como para comunicação entre professores e alunos. Nesse bojo, para o adequado desenvolvimento dessa modalidade educacional, é preciso compreensão em termos: - Da história da Educação - Do percurso histórico da EaD - Das bases legais - Das especificidades inerentes à formação docente - Dos modelos pedagógicos e tecnologias envolvidas - Dos processos avaliativos em EaD Essas são as vertentes que serão discutidas ao longo deste Curso. 17 Referências Bibliográficas ALMEIDA, M. E. B. Tecnologia de informação e comunicação na escola: novos horizontes na produção escrita. PUC/SP. Mimeo. 2002. ALMEIDA, M. E. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n° 2. 2003. ALMEIDA, M. E. B. Educação a distância no Brasil: diretrizes políticas, fundamentos e práticas. ANDRADE, A. 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