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Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. � Controle de Constitucionalidade / Revogação ou Modificação Superveniente do Objeto ou do Parâmetro / Revogação ou Modificação Superveniente do Objeto / Revogação ou Modificação Superveniente do Parâmetro / Questões Relevantes com Relação ao Objeto da ADI / Questões de Controle Abstrato / Cautelar na ADI / Finalidade / Concessão / Pressupostos / Procedimento da Concessão / Eficácia Pessoal ou Subjetiva da Cautelar / Eficácia Temporal / Efeito Repristinatório / Art. 12, da Lei 9.868/99 / Decisão Final da ADI / Quorum / Caráter Dúplice ou Ambivalente da Ação / Cabimento Recursal / Início da Produção de Efeitos da Decisão Final / Efeitos da Decisão / Efeito Temporal 2º Horário. � Efeito Subjetivo / Eficácia Transcendente dos Fundamentos Determinantes / Efeito Repristinatório / Técnicas de Decisão 1º Horário 1. Controle de Constitucionalidade 1.1. Revogação ou Modificação Superveniente do Objeto ou do Parâmetro 1.1.1. Revogação ou Modificação Superveniente do Objeto Havendo lei impugnada através de ADI e surgindo lei nova revogando a lei anterior (revogação superveniente do objeto) no curso da ação, a ADI ficará prejudicada, em regra. No entanto, caso lei nova modifique a lei anterior (modificação superveniente do objeto), a modificação pode ser substancial (altera conteúdo) ou não substancial (não altera o sentido original da norma). Sendo a modificação substancial, há prejudicialidade, caso contrário, o autor deverá aditar a inicial. Isto posto, conclui-se que a prejudicialidade só existirá caso haja revogação ou modificação substancial do objeto. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Importante mencionar os efeitos residuais concretos da lei, que ocorrem quando esta foi revogada e não gera novos efeitos, mas já teve seus efeitos gerados. Estes efeitos podem ser impugnados no caso concreto em controle difuso. Exemplo: surge lei tributária em 2000 e sujeito paga tributo entre 2000 e 2001, quando proposta uma ADI contra a norma. Sendo a lei revogada em 2002, seus efeitos residuais concretos poderão ser impugnados no controle concreto. A revogação/modificação substancial do objeto prejudica a ADI, mas não prejudica o controle concreto, caso em que é feita a análise de uma situação concreta. Uma crítica feita é a de que a ADI deveria seguir contra a lei revogada ou modificada substancialmente, a fim de que o julgamento definitivo desse efeito erga omnes à decisão, evitando situações de insegurança jurídica. No entanto, a regra de prejudicialidade da ADI em caso de revogação ou substancial modificação do objeto é excepcionada em alguns casos. No caso de fraude processual, como ocorre quando é proposta ADI e no curso da ação a lei é revogada, sendo substituída por outra lei idêntica, o STF julgará a ação, por entender que se trata de forma de manipular a jurisdição constitucional, não admitida. Outra exceção ocorre quando é proposta ADI e, logo no início, surge nova lei revogando a lei objeto do controle e o autor da ADI requer o aditamento da inicial. Para o STF, havendo relevância da matéria e não tendo nenhum dos participantes se manifestado, é aceitável o aditamento da inicial, prosseguindo-se a ADI com relação à lei nova. Importante ressaltar outro caso em que a ação de controle ficará prejudicada, quando no curso da ADI a lei expira (lei temporária), pois é como se a lei tivesse sido revogada. O mesmo ocorre no caso de medida provisória que é apreciada pelo Congresso Nacional (CN) no curso da ADI. Caso o CN rejeite a medida provisória, a ADI ficará prejudicada. No entanto, se for convertida em lei sem alterações, deve-se fazer o aditamento da inicial, para que a ADI prossiga. Se o CN converter a medida provisória em lei com alteração, sendo esta substancial, haverá prejudicialidade da ação, caso contrário, será feito apenas o aditamento da inicial. 1.1.2. Revogação ou Modificação Superveniente do Parâmetro Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br No controle abstrato, deve-se observar o princípio da contemporaneidade do parâmetro da ação, segundo o qual a norma constitucional deve ser contemporânea ao julgamento da ação. Desta forma, havendo revogação superveniente do parâmetro, a ADI fica prejudicada. O mesmo acontece no caso de modificação substancial superveniente do parâmetro, em que a ADI fica prejudicada. No entanto, se a modificação não for substancial, a ADI não restará prejudicada. Havendo lei que nasça inconstitucional e sendo proposta ADI contra ela, caso surja uma EC no curso da ADI, que faça com que o que a lei dispunha passe a ser constitucional, a lei não será convalidada pela EC, pois lei que nasce inconstitucional padece de nulidade original insanável. Neste caso, a ADI estará prejudicada, o que não significa dizer que a lei foi convalidada. Atenção! Não há constitucionalidade superveniente. Com isto, a lei continua passível de impugnação por controle concreto, onde é discutido um direito subjetivo. O parâmetro a ser utilizado pelo juiz no controle concreto será o vigente no momento em que a lei foi elaborada, pois não se aplica o princípio da contemporaneidade do parâmetro da ação em controle concreto. No controle concreto, o parâmetro é a norma constitucional vigente no momento do surgimento da lei questionada, enquanto no controle abstrato, o parâmetro deve estar em vigor quando do julgamento da ação (se não estiver, a ADI restará prejudicada). • Situações específicas Emenda constitucional diferida e ADI: Havendo ADI em face de uma lei e advindo uma EC diferida – que só entrará em vigor após certo tempo –, no período de vacatio, o parâmetro ainda está em vigor, não estando prejudicada a ADI. A EC com vigência diferida ou postergada não prejudica imediatamente a ADI. Concessão de cautelar e modificação do parâmetro: O STF, recentemente, enfrentou a hipótese emque uma lei estadual estabeleceu a contribuição previdenciária dos aposentados e pensionistas no momento em que esta era vedada pela CRFB, tendo nascido inconstitucional. O STF concedeu cautelar em ADI suspendendo a aplicação da lei. Antes do julgamento da ADI, surgiu a EC viabilizando a contribuição de aposentados e pensionistas. A EC não convalida a lei, pois esta nasceu nula. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br No entanto, a ADI teve seu parâmetro modificado, mas o STF não aplicou o entendimento geral de prejudicialidade da ADI, tendo em vista a concessão de cautelar, evitando que a lei produzisse efeitos. Se a ADI fosse considerada prejudicada, a cautelar também ficaria prejudicada, o que levaria a lei a produzir efeitos mesmo tendo nascido inconstitucional. Essa situação, para o STF, confere uma aparência de constitucionalidade à lei, sendo, desta forma, necessário o prosseguimento da ADI com base no parâmetro antigo. 1.2. Questões Relevantes com Relação ao Objeto da ADI Para o STF, não cabe impugnação genérica da lei ou ato normativo, devendo o autor especificar a impugnação. Caso o autor decida impugnar toda uma norma, não precisa ser feito o cotejo analítico de todos os itens, desde que a impugnação seja feita de forma específica, pelo menos, com relação aos artigos centrais. O autor deve, ainda, fundamentar o pedido, ou seja, apresentar o parâmetro. No entanto, o STF não está vinculado ao parâmetro apresentado, tendo em vista a causa de pedir aberta, segundo a qual o julgador não está adstrito aos fundamentos apresentados pelo autor. 1.3. Questões de Controle Abstrato UnB/Cespe – AGU – Advogado da União – 2006 – Acerca do controle de constitucionalidade no sistema brasileiro, julgue os itens a seguir. 40. No sistema de controle de constitucionalidade brasileiro, os órgãos competentes aferem a compatibilidade de uma lei ou ato normativo com as normas explícitas e implícitas presentes no texto constitucional, avaliando a adequação tanto sob o ponto de vista formal quanto no que se refere ao aspecto material, circunstâncias que determinam um caráter eminentemente jurídico às suas decisões. R: A assertiva está errada, pois o controle de constitucionalidade tem aspecto político e não jurídico. AGU – Advogado da União -2008/2009 50 Quando o STF apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, compete ao Advogado-Geral da União exercer a função de curador especial do princípio da presunção de constitucionalidade da norma, razão pela Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br qual não poderá, em hipótese alguma, manifestar-se pela inconstitucionalidade do ato impugnado. R: O gabarito oficial foi alterado de certo para errado. À luz da própria jurisprudência do STF e da doutrina, tem-se que, diferentemente do que decorre da literalidade do art. 103, § 3º, CRFB —citação para defesa do ato impugnado —, o Advogado-Geral da União não está obrigado a defender o ato questionado se sobre ele a Corte já fixou entendimento pela inconstitucionalidade. Portanto, o item está errado. Procurador Federal - 2010 Julgue os itens subsequentes, relativos ao poder constituinte e ao controle de constitucionalidade no Brasil. 36. A doutrina destaca a possibilidade de apuração de questões fáticas no controle abstrato de constitucionalidade, já que, após as manifestações do advogado-geral da União e do procurador-geral da República, pode o relator da ADI ou da ação declaratória de constitucionalidade requisitar informações adicionais ou mesmo designar perito para o esclarecimento de matéria ou circunstância de fato. R: Certo. O STF não analisa questões subjetivas, mas pode analisar situações concretas, fáticas. UnB / CESPE – Juiz Federal Substituto da 5ª Região - 2005 66. Conforme assentado pelo STF, havendo confronto entre normas constitucionais originárias, a solução do caso concreto não pode ser encontrada no âmbito do controle de constitucionalidade, mas pode ser dada por critérios hermenêuticos, inclusive pela ponderação de valores. R: Correto, pois não há controle de uma norma constitucional com base em outra, utilizando-se a ponderação de valores. AGU- Advogado da União - 2009 27 É possível a declaração de inconstitucionalidade de norma constitucional originária incompatível com os princípios constitucionais não escritos e os postulados da justiça, considerando-se a adoção, pelo sistema constitucional brasileiro, da teoria alemã das normas constitucionais inconstitucionais. R: Errado, pois a referida teoria alemã não foi adotado pelo Brasil. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br TRF 2° Região – Juiz Federal Substituto – V Concurso 44ª Questão: É admissível o controle concentrado de constitucionalidade de lei municipal em face de Constituição Estadual quando se tratar de norma de reprodução de preceito constitucional federal de observância obrigatória pelos Estados? Justifique a resposta de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal em vigor. R: É possível, mas da decisão do Tribunal de Justiça que julgar a Representação de Inconstitucionalidade caberá RE ao STF, o qual terá natureza abstrata. CESPE - MPE/ES – 2010 QUESTÃO 56 - Assinale a opção correta com relação ao controle de constitucionalidade em âmbito estadual e municipal. A. Não se admite controle de constitucionalidade de direito estadual mediante a propositura de arguição de descumprimento de preceito fundamental, mesmo porque existe procedimento diverso para o exercício do seu controle de constitucionalidade. R: assertiva incorreta. B. Segundo jurisprudência pacífica do STF, na hipótese de propositura simultânea de ação direta de inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o TJ, o processo no âmbito do STF deverá ser suspenso até a deliberação final do TJ estadual. R:A assertiva está incorreta, porque o processo do TJ é que fica suspenso aguardando a decisão do STF. C De acordo com a CF, o monopólio do exercício do controle abstrato de normas estaduais e municipais perante as cortes estaduais é do chefe do MP estadual. R: Afirmativa errada, visto que não pode ser dada atribuição a um único órgão para a propositura da ação em controle abstrato. D. A jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que os TJs estaduais poderão exercer o controle de constitucionalidade de leis e demais atos normativos municipais em face da CF. R: Afirmativa errada, pois o controle concentrado estadual usa a CE como parâmetro e não a CRFB. E. Segundo jurisprudência majoritária do STF, a decisão proferida em sede de recurso extraordinário interposto contra decisão de mérito proferida em controle abstrato de norma estadual de reprodução obrigatória da CF possui eficácia erga omnes. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br R: correta PFN - 2004 95- Assinale qual dos instrumentos abaixo não pode ser meio de controle de constitucionalidade em abstrato no Supremo Tribunal Federal: a) Recurso extraordinário b) Ação declaratória de constitucionalidade c) Argüição de descumprimento de preceito fundamental d) Ação rescisória e) Ação direta de inconstitucionalidade proposta por Confederação Sindical R: letra “d”. UnB/CESPE – TRF 5.ª Região / Cargo: Juiz Federal Substituto da 5.ª Região No controle difuso de constitucionalidade, o Poder Judiciário, ao solucionar um litígio, incidentalmente, deve analisar a constitucionalidade da lei no caso concreto. Nesse tipo de controle, por via de exceção ou defesa, não se faz necessária a indicação do dispositivo constitucional violado pela norma considerada incompatível, porque toda e qualquer declaração de inconstitucionalidade possui causa de pedir aberta, que permite examinar a questão por fundamento diverso daquele alegado por qualquer dos litigantes. R: Questão incorreta, pois é necessária a indicação do dispositivo constitucional violado: o parâmetro do controle tem que ser apresentado, o que não exclui a causa de pedir aberta. TRF 2° Região – Juiz Federal Substituto – IX Concurso 33ª QUESTÃO: Lei federal instituidora de tributo cobrado ao longo de dois anos tem sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal, por meio de ação direta. Aponte, de forma objetiva, as consequências jurídicas das duas hipóteses a seguir: (i) revogação da lei tributária antes do julgamento da ação (ii) reconhecimento, pelo STF, da inconstitucionalidade da lei. R: Se a lei foi revogada antes do julgamento da ação, esta restará prejudicada. Se o STF declara a lei inconstitucional, ela será nula desde a origem, devendo-se devolver o que foi paga o título de tributo ao contribuinte. 1.3. Cautelar na ADI Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Tem por fundamento o art. 102, I, “p”, CRFB e está disciplinada do art. 10 ao 12, Lei 9.868/99. CRFB, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; Lei 9.868/99, Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. § 1o O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, no prazo de três dias. § 2o No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal. § 3o Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado. Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo. § 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. § 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário. Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. 1.3.1. Finalidade da Cautelar Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A cautelar tem por finalidade suspender a eficácia da norma. Alguns autores questionam a natureza jurídica desta decisão, entendendo-a como tutela antecipada. No entanto, tanto a CRFB, como a lei e o STF utilizam o termo cautelar. 1.3.2. Concessão da Cautelar Ocorre por maioria absoluta, desde que presentes, no mínimo, 8 ministros. Excepcionalmente, em caso de férias coletivas, ou recesso, a cautelar poderia ser concedida pelo presidente do STF e, após, referendada pelo Congresso Nacional. 1.3.3. Pressupostos da Cautelar 1) Urgência;e 2) Plausibilidade jurídica. 1.3.4. Procedimento da Concessão de Cautelar 1º. Audiência do legitimado passivo (órgão que elaborou a norma) no prazo de 5 dias, salvo excepcional urgência. 2º. Manifestação do AGU e do PGR no prazo de 3 dias, se o relator considerar indispensável. 3º. O efeito da decisão se dá com a publicação da ata da sessão de julgamento. Não é necessário esperar a publicação de acórdão. 1.3.5. Eficácia Pessoal ou Subjetiva da Cautelar O efeito é erga omnes e vinculante, assim como na decisão final da ADI. Desta forma, da decisão judicial ou do ato administrativo que aplicar a norma indevidamente, caberá reclamação ao STF. Nesta reclamação, o STF poderá cassar a decisão ou anular o ato administrativo, pois a reclamação não tem natureza recursal (a decisão não será reformada). O STF determinará ao juiz/autoridade administrativa que não aplique a referida norma. Na decisão final da ADI, se o STF julgar a ação improcedente, diz que a norma é constitucional, mas caso a julgue procedente, diz que a norma é inconstitucional. Ambas as decisões têm efeito erga omnes e vinculante. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br No entanto, com relação à cautelar, se o STF não a conceder, não está dizendo nada, mas apenas que os pressupostos da cautelar não foram preenchidos. Desta forma, a decisão negativa de cautelar não gera qualquer efeito erga omnes ou vinculante, não cabendo reclamação ao STF caso algum juiz ou a Administração aplique a norma. 1.3.6. Eficácia Temporal da Cautelar Em regra, a cautelar tem efeito ex nunc (da decisão em diante), porém é possível a modulação temporal. 1.3.7. Efeito Repristinatório Tanto a cautelar, quanto a declaração de inconstitucionalidade geram efeito repristinatório. Exemplo: Havendo uma lei A revogada por uma lei B e cautelar em ADI para suspender a lei B, a lei A será restaurada, pelo menos, durante a cautelar. 1.3.8 .Art. 12, da Lei 9.868/99 Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. O art. 12, Lei 9.868/99 estabelece um procedimento célere. Se o relator verificar pedido de cautelar em ADI e a relevância da matéria e seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá instaurar tal procedimento, a fim de que se analise diretamente o mérito final. Neste procedimento, o legitimado passivo terá 10 dias para prestar informação, o AGU e o PGR terão prazo sucessivo de 5 dias e, após, a ação será apresentada ao plenário, que terá a faculdade de decidir definitivamente a ação. 1.4. Decisão Final na ADI 1.4.1. Quórum Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br O quórum de presença é o de 8 ministros, no mínimo. Já a declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade deve ser feita por 6 ministros, passando a decisão a ter efeito erga omnes e vinculante. Não havendo a maioria de 6 ministros para declarar a norma constitucional/inconstitucional, esta deve ser considerada constitucional, pois toda norma goza de presunção de constitucionalidade. No entanto, tal presunção não terá efeito erga omnes e vinculante, conforme decidido recentemente pelo STF. 1.4.2. Caráter Dúplice ou Ambivalente da Ação Lei 9.868/99, Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória. A procedência da ADI é uma declaração de inconstitucionalidade, enquanto a improcedência é a declaração de constitucionalidade. A mesma lógica vale para a ADC, motivo pelo qual a ADI e a ADC são ações dúplices, pois a procedência de uma equivale à improcedência da outra. 1.4.3. Cabimento Recursal Da decisão final em ADI não cabe recurso, à exceção dos embargos declaratórios. Igualmente, não é cabível ação rescisória da decisão final. 1.4.4. Início da Produção de Efeitos da Decisão Final O efeito da decisão final se dá com a publicação da ata de julgamento. 1.4.5. Efeitos da Decisão 1.4.5.1. Efeito Temporal Trata-se de efeito ex tunc, pois a norma inconstitucional é nula desde a origem. Este efeito decorre do princípio da nulidade, mas este princípio pode entrar em conflito com o da segurança jurídica e do excepcional interesse social em alguns casos. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Nestas hipóteses, deve-se fazer a ponderação entre os princípios, a fim de se verificar qual deles deve prevalecer no caso concreto. Se o STF entender que o princípio da segurança jurídica ou do excepcional interesse social deve prevalecer sobre o princípio da nulidade, pode dar efeitos ex nunc ou pro futuro à decisão. Trata-se do fenômeno da modulação temporal, previsto no art. 27, Lei 9.868/99. O quórum necessário para que haja a modulação temporal dos efeitos da decisão é de 2/3. Lei 9.868/99, Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. A declaração de inconstitucionalidade com efeitos ex nunc, por vezes, é chamada de declaração de inconstitucionalidade com efeito ablativo diferido ou datado ou com ablação diferida ou datada.Ablação significa retirar, amputar, partir. Quando a norma é declarada inconstitucional, é retirada do ordenamento jurídico e, quando se posterga este efeito, será diferido ou datado. 2º Horário 1.4.5.2. Efeito Subjetivo A decisão final gera efeito erga omnes e vinculante, ou seja, deve ser respeitada por todos e vincula outros órgãos. Em suma, o efeito vinculante: • afeta demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Direta e Indireta. • não afeta o próprio STF e o Legislativo no exercício da função legislativa. A coisa julgada abrange as partes no processo. O efeito vinculante é a ampliação do limite subjetivo da coisa julgada, pois extrapola os participantes do processo de ADI. Se o juiz ou a Administração Pública praticar um ato contrário à decisão do STF em ADI, caberá reclamação ao Supremo. O legitimado para propor a reclamação é qualquer pessoa que demonstre prejuízo decorrente da decisão ou do ato reclamado. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A reclamação para o STF não tem efeito ou finalidade recursal, motivo pelo qual a decisão judicial/ato administrativo reclamado será cassado ao invés de ser reformado, determinando-se que seja proferida outra decisão no lugar da anterior. O juiz pode violar a autoridade da decisão do STF de 2 formas: • não aplica a decisão que deveria ter aplicado: STF cassa a decisão e determina que a sua seja aplicada. • aplica a decisão do STF de forma indevida: o STF cassa a decisão e determina que a decisão aplicada de forma incorreta não volte a ser aplicada desta maneira. 1.4.5.2.1. Eficácia Transcendente dos Fundamentos Determinantes A coisa julgada possui, ainda, limite objetivo, que é a parte objetiva da decisão. A coisa julgada não atinge a fundamentação. Há uma tese doutrinária polêmica entendendo que o efeito vinculante da decisão na ADI também extrapola o limite objetivo da coisa julgada, afetando a fundamentação. Exemplo: O STF, ao julgar uma ADI e declarar uma lei do RJ inconstitucional, na parte dispositiva julga procedente a ADI. Através dos fundamentos determinantes1, são determinados os motivos da decisão dada no dispositivo. Caso uma lei de MG seja igual à do RJ, os fundamentos determinantes da ADI com relação à lei do RJ atingem a lei mineira por serem idênticas ou substancialmente semelhantes. A lei de MG será inconstitucional não por ela ter sido objeto de ADI, mas porque os fundamentos determinantes transcendem para atingir as demais leis iguais. Se um juiz aplicar a lei inconstitucional abrangida pela declaração de inconstitucionalidade, sua decisão viola a decisão do STF em ADI, cabendo reclamação ao STF cujo objeto será a decisão do juiz. A eficácia transcendente dos fundamentos determinantes significa que os fundamentos atingem todas as leis idênticas ou semelhantes àquela que foi objeto de decisão de inconstitucionalidade em ADI. Decorre do efeito vinculante em controle abstrato. Caso a eficácia transcendente não seja admitida, não caberá reclamação com relação à decisão que aplique a lei semelhante à declarada inconstitucional. No entanto, o ministro Gilmar Mendes entende ser cabível reclamação ainda assim, pois o efeito erga omnes e vinculante não é da decisão do STF, mas da interpretação 1 Também chamados de razões determinantes ou ratio decidendi. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 14 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br constitucional do Supremo, tendo em vista ser este órgão o último intérprete da CRFB. Desta feita, entende que violar a interpretação do STF é violar a ordem constitucional, porque a interpretação da constituição integra a ordem constitucional global. Para o ministro, a interpretação do STF tem efeito erga omnes e vinculante. Desta forma, de acordo com o entendimento do ministro Gilmar Mendes, seja a interpretação do STF oriunda de controle abstrato ou de controle concreto tem efeito erga omnes e vinculante, cabendo sempre reclamação quando a decisão for violada. No entanto, a tese do ministro é minoritária e não é utilizada. A eficácia transcendente não é tema pacífico no STF, mas há casos admitindo-a e questões da banca CESPE reconhecendo a tese. Cumpre destacar que não há efeito vinculante do obiter dictum (dito morto), entendido este como o argumento, exemplo ou tese que é apresentado na decisão, mas que em nada se relaciona com ela, aparecendo meramente como tese de reforço ou exemplificativa da tese principal, sendo, pois acessória. 1.4.5.3. Efeito Repristinatório Havendo uma lei que revogue a anterior e que seja declarada inconstitucional após, a lei revogada voltará à vigência. Repristinação é a revivescência do ato, que volta a ser válido. Tanto o efeito repristinatório, quanto a repristinação podem ser igualmente chamados de repristinação2, mas a causa é que pode ser a declaração de inconstitucionalidade da lei revogadora ou a revogação da lei revogadora, ocorrendo, esta última, apenas de forma expressa. Exemplo: Caso a lei B que revogou a lei A seja declarada inconstitucional, a lei A será repristinada. Deve-se atentar para a possibilidade de ocorrer efeito repristinatório indesejado, quando a lei A repristinar padece da mesma inconstitucionalidade, sendo a declaração de inconstitucionalidade inócua. O STF entendia que, neste caso, a ADI deveria ser proposta em face da lei revogadora e da revogada, com pedido sucessivo, a fim de se evitar o efeito repristinatório indesejado. Caso contrário, a ação não seria conhecida. 2 Esta expressão já foi usada pela banca CESPE para designar o efeito repristinatório na declaração de inconstitucionalidade, não devendo o concursando ficar adstrito à nomenclatura. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 15 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Mas, atualmente, o STF entende que a ADI poderá ser conhecida mesmo sem o pedido sucessivo, mas, incidentalmente,deve-se conhecer a inconstitucionalidade da lei anterior (revogada), evitando-se a repristinação indesejada, o que deve ser feito de forma expressa na decisão. Tal situação não viola o princípio da adstrição ao pedido na visão do STF, pois visa à segurança jurídica e ao interesse social, além do fato de o controle incidental pode ser feito de ofício. Para tanto, exige-se o quórum de 2/3. No exemplo acima, se a lei A também padecer de inconstitucionalidade, haverá efeito repristinatório indesejado. 1.4.6. Técnicas de Decisão 1ª técnica de decisão - modulação dos efeitos. 2ª técnica de decisão – declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade ou sem caráter restritivo ou com efeitos restritos ou com limitação de efeitos ou sem efeito ablativo: neste hipótese, há o reconhecimento de que a norma é inconstitucional, porém observa-se que sua ausência é pior do que a própria norma. Exemplo fictício: ADI impugnando o valor do salário mínimo, em virtude de o valor fixado ser inconstitucional por não atender as necessidades básicas. Sendo declarado inconstitucional, sua retirada acarretará em ausência de valor, sendo situação mais gravosa que a existência da norma com valor inconstitucional. Exemplo real: ADI 2240 - Discutiu-se a criação de certo município. Pelo art. 18, parágrafo 4º, CRFB, a criação do município deve ser por lei estadual, após a edição de lei complementar federal sobre o assunto. O STF entendeu que a lei que cria município sem haver lei federal anterior é inconstitucional. No entanto, no caso concreto, o município já existia há 6 anos e a sua extinção geraria caos jurídico. Com isto, o STF declarou a inconstitucionalidade do município, mas não pronunciou a sua nulidade. CRFB, Art. 18, § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996) ADI 2240 / BA - BAHIA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. EROS GRAU Julgamento: 09/05/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 16 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Publicação DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP- 00029 EMENT VOL-02283-02 PP-00279 EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 7.619/00, DO ESTADO DA BAHIA, QUE CRIOU O MUNICÍPIO DE LUÍS EDUARDO MAGALHÃES. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL POSTERIOR À EC 15/96. AUSÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR FEDERAL PREVISTA NO TEXTO CONSTITUCIONAL. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO 18, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. OMISSÃO DO PODER LEGISLATIVO. EXISTÊNCIA DE FATO. SITUAÇÃO CONSOLIDADA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA DA JURÍDICA. SITUAÇÃO DE EXCEÇÃO, ESTADO DE EXCEÇÃO. A EXCEÇÃO NÃO SE SUBTRAI À NORMA, MAS ESTA, SUSPENDENDO-SE, DÁ LUGAR À EXCEÇÃO --- APENAS ASSIM ELA SE CONSTITUI COMO REGRA, MANTENDO-SE EM RELAÇÃO COM A EXCEÇÃO. 1. O Município foi efetivamente criado e assumiu existência de fato, há mais de seis anos, como ente federativo. 2. Existência de fato do Município, decorrente da decisão política que importou na sua instalação como ente federativo dotado de autonomia. Situação excepcional consolidada, de caráter institucional, político. Hipótese que consubstancia reconhecimento e acolhimento da força normativa dos fatos. 3. Esta Corte não pode limitar-se à prática de mero exercício de subsunção. A situação de exceção, situação consolidada --- embora ainda não jurídica --- não pode ser desconsiderada. 4. A exceção resulta de omissão do Poder Legislativo, visto que o impedimento de criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, desde a promulgação da Emenda Constitucional n. 15, em 12 de setembro de 1.996, deve-se à ausência de lei complementar federal. 5. Omissão do Congresso Nacional que inviabiliza o que a Constituição autoriza: a criação de Município. A não edição da lei complementar dentro de um prazo razoável consubstancia autêntica violação da ordem constitucional. 6. A criação do Município de Luís Eduardo Magalhães importa, tal como se deu, uma situação excepcional não prevista pelo direito positivo. 7. O estado de exceção é uma zona de indiferença entre o caos e o estado da normalidade. Não é a exceção que se subtrai à norma, mas a norma que, suspendendo-se, dá lugar à exceção --- apenas desse modo ela se constitui como regra, mantendo-se em relação com a exceção. 8. Ao Supremo Tribunal Federal incumbe decidir regulando também essas situações de exceção. Não se afasta do ordenamento, ao fazê-lo, eis que aplica a norma à exceção desaplicando-a, isto é, retirando-a da exceção. 9. Cumpre verificar o que menos compromete a força normativa futura da Constituição e sua função de estabilização. No aparente conflito de inconstitucionalidades impor-se-ia o reconhecimento da existência válida do Município, a fim de que se afaste a agressão à federação. 10. O princípio da segurança jurídica prospera em benefício da preservação do Município. 11. Princípio da continuidade do Estado. 12. Julgamento no qual foi considerada a decisão desta Corte no MI n. 725, quando determinado que o Congresso Nacional, no prazo de dezoito meses, ao editar a lei complementar federal referida no § 4º do artigo 18 da Constituição do Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 17 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Brasil, considere, reconhecendo-a, a existência consolidada do Município de Luís Eduardo Magalhães. Declaração de inconstitucionalidade da lei estadual sem pronúncia de sua nulidade 13. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade, mas não pronunciar a nulidade pelo prazo de 24 meses, da Lei n. 7.619, de 30 de março de 2000, do Estado da Bahia. 3ª técnica de decisão – declaração de inconstitucionalidade parcial com redução de texto 3 : o STF, ao analisar o texto normativo e identificar que certa palavra ou expressão é inconstitucional, pode declarar a inconstitucionalidade apenas da palavra ou expressão, com base no princípio da parcelaridade. Essa declaração só pode ocorrer se a parte restante do texto se mantiver hígida, não podendo implicar a inversão do texto ou do seu sentido, sob pena de o STF estar agindo como legislador positivo. 4ª técnica de decisão – Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução detexto: a norma, por vezes, não apresenta qualquer problema em seu texto. Mas, ao se analisar as hipóteses de interpretação do texto, uma ou mais delas é inconstitucional. A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto incide sobre as hipóteses de aplicação do texto ou sobre alguma interpretação do texto. Interpretação conforme a constituição consiste na definição dentre os vários raios de possibilidades hermenêuticas, do sentido harmônico com a constituição (Ministro Sepúlveda Pertence). Raios de possibilidade hermenêuticas são as várias interpretações que a norma comporta. O pressuposto para a declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto é que haja uma norma polissêmica ou plurissignificativa. Exemplo fictício: Uma norma A apresenta 3 interpretações. Pela interpretação 1 é constitucional, mas pelas interpretações 2 e 3, ela é inconstitucional. Há polissemia da norma, pois tem vários raios de possibilidade hermenêutica, apresentando uma incerteza em sua interpretação. Neste caso, a norma será constitucional, desde que interpretada da maneira que o STF estabelecer. Uma norma B tem 3 significados, sendo a interpretação 1 inconstitucional e a 2 e 3 constitucionais. Neste caso, a norma é inconstitucional de acordo com a interpretação 1, extraindo-se da norma a interpretação incompatível, sem determinar a interpretação da norma. 3 Não deve ser confundida com o veto do Presidente do art. 66, parágrafo 2º, CRFB, que assim dispõe: “O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.”. Direito Constitucional Data: 21/09/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 18 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Exemplo concreto 1: O art. 114, CRFB trata da justiça trabalhista, alterado pela EC 45/04. Este artigo não dispõe ser competência da justiça do trabalho questões criminais, mas por ela poder julgar HC e todas as matérias decorrentes de relação de trabalho, poder-se-ia entender que ela teria competência para julgar crimes relacionados a relações de trabalho. Esta interpretação é inconstitucional, apesar de não haver inconstitucionalidade do dispositivo. Vide ADI 3684. CRFB, Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ADI 3684 MC / DF - DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. CEZAR PELUSO Julgamento: 01/02/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP- 00030 EMENT VOL-02283-03 PP-00495 RTJ VOL-00202-02 PP-00609 LEXSTF v. 29, n. 344, 2007, p. 69-86 RMP n. 33, 2009, p. 173-184 EMENTA: COMPETÊNCIA CRIMINAL. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais. Exemplo concreto 2: O art. 90, Lei 9.099/95 no que se refere às normas penais é inconstitucional, por violar o princípio da retroatividade da norma mais benéfica ao réu, mas no que tange às normas processuais é constitucional. Lei 9.099/95, Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já estiver iniciada. (Vide ADIN nº 1.719-9) Com base no exposto, a partir da interpretação conforme a constituição, pode- se extrair a declaração de constitucionalidade, fixando-se um sentido à lei, ou a declaração de inconstitucionalidade de certa interpretação, caso em que será parcial sem a redução de texto. O intérprete sempre deve buscar salvar a norma, somente declarando-a inconstitucional quando não tiver opção, quando a norma tiver sentido unívoco. Se a norma tiver um sentido “multívoco” ou polissêmico é possível declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução do texto.
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