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RELATO CASO - BABESIA BOVIS

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INFECÇÃO POR BABESIA BOVIS EM BOVINO NEONATO – RELATO DE CASO
BABESIA BOVIS INFECTION IN BOVINE NEONATES - CASE REPORT
 JENYFER VALESCA MONTEIRO CHULLI1, JULIANA APARECIDA DA SILVA CORTELASSI1, PAULA HELENA SANTA RITA2
RESUMO
A tristeza parasitária bovina é uma doença infecciosa e parasitária causada pelos protozoários Babesia bovis e Babesia bigemina, parasitam os eritrócitos e provocam anemia hemolítica intravascular, sendo transmitida pelo carrapato Boophilus microplus. Atualmente é uma das doenças que mais matam bezerros nos primeiros meses de vida, principalmente animais de raças européias e provenientes de cruzamentos industriais entre zebuínos e taurinos. É uma doença parasitária de alta morbidade e mortalidade, acarretando em sérios prejuízos econômicos aos produtores. A Babesia bovis provoca a babesiose cerebral, resultando em sinais neurológicos graves, geralmente fatais. O presente trabalho relata um caso de babesiose cerebral em bezerra de sete dias de idade, atendida na Clínica de Grandes Animais do HV-FMVZ-UNESP/Botucatu. O animal apresentou intensa icterícia, apatia, anemia, e veio a óbito durante o tratamento. À necropsia foi diagnosticado B. bovis nos capilares sanguíneos do encéfalo, além da coloração róseo-cereja da substância cinzenta.
Palavras-Chave: Bovinos, Babesia bovis, Sistema Nervoso Central.
ABSTRACT
Cattle tick fever is an infectious and parasitic disease caused by protozoa Babesia bovis and Babesia bigemina, parasitize erythrocytes and causes hemolytic anemia, and is transmitted by the tick Boophilus microplus. He is currently one of the diseases that kill most calves in early life, mainly European and animals from breeds of zebu crosses between industrial and taurine. It is a parasitic disease with high morbidity and mortality, resulting in serious economic losses for producers. The Babesia bovis causes cerebral babesiosis, resulting in severe neurological signs usually fatal. This paper reports a case of cerebral babesiosis in heifer seven days old, served in the Large Animal Clinic HV-FMVZ-UNESP/Botucatu/SP.The animal had severe jaundice, lethargy, anemia, and came to death during treatment. At necropsy B. bovis was diagnosed in blood capillaries of the brain, beyond the cherry-pink coloring of the gray matter. 
Key words: Cattle, Babesia bovis, Central Nervous System.
INTRODUÇÃO
A Babesia bovis é um dos agentes responsáveis pela ocorrência da tristeza parasitária bovina. Sendo classificada como uma doença infecciosa e parasitária, podendo ser causada por duas espécies de hematozoários Babesia bovis e Babesia bigemina.
 Estes hematozoários são inoculados no hospedeiro através da picada do carrapato Rhipicephalus microplus (RODRIGUES et al., 2005). É uma doença endêmica que causa sérios prejuízos econômicos para a pecuária nacional (SHILD et al., 2008). A B. bovis é considerada a mais virulenta atualmente, com um período de incubação de varia de 7 a 14 dias, podendo aumentar ou diminuir em decorrência da taxa de inoculação e da sensibilidade do hospedeiro (ZAUGG, 2006).
O grau de infecção por B. bovis varia de acordo com a população de carrapatos e a sua capacidade de transmissão do agente, bem como a susceptibilidade dos bovinos, de acordo com a raça, idade, estado fisiológico e imunitário (SHILD et al., 2008).
Os sinais clínicos são decorrentes da multiplicação dos protozoários nos eritrócitos do hospedeiro, acarretando em hemólise, febre, palidez das mucosas, icterícia, hemoglobinemia, hemoglobinúria, incoordenação motora, paralisia dos membros posteriores e conseqüentemente, a morte (ANTONIASSI et al., 2009).
O ciclo de vida da B. bovis inicia-se com a inoculação na corrente sangüínea das formas infectantes: os esporozoítos, presentes na saliva dos carrapatos infectados. A penetração do merozoíto no eritrócito se dá com a fixação do mesmo sobre a hemácia, sendo esta uma interação extremamente específica já que B. bovis não invade outro tipo celular (BUSHELL et al., 1991).
Pela importância desta enfermidade no cenário nacional da pecuária de corte e leite, o objetivo deste trabalho é descrever os achados clínicos e patológicos de um caso de babesiose cerebral em uma fêmea bovina, com sete meses de idade, da raça mestiça holandesa.
MATERIAIS E MÉTODOS
A queixa principal do proprietário era hiporexia e mucosas ictéricas após traumatismo sofrido no membro torácico direito. Também relatou que o animal nasceu sadio, tendo ingerido o colostro e não apresentou nada de anormal até o trauma. Há histórico de administração homeopática para controle de carrapatos, porém houve infestação intensa na vaca no período pré-parto. No entanto, o produtor rural negou presença constante de ectoparasitas nos animais da propriedade.
Ao exame clinico observou-se cegueira, sialorréia, decúbito esternal, taquicardia (160bpm), dispnéia mista e taquipnéia (100mpm), desidratação de 7%, hipertermia (39,8°C), presença de ectoparasitas (pulgas), volume globular de 12%, proteína plasmática total (5,8g/dL) e hipoglicemia (não detectável no glicosímetro). O hemograma revelou anemia normocítica, hipocrômica, hiperfibrinogenemia e neutrofilia.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como tratamento foi instituído transfusão sanguínea (1 litro), aplicação de Diaceturato de diminazene (solução quimioterápica, de ação rápida, com Vitamina B12 sendo utilizada no tratamento dos casos mais graves de babesiose em bovinos), na dose de 3,5mg/Kg, intramuscular e reposição de glicose (solução de Ringer Simples com glicose a 10%), sendo utilizada para promoção da reidratação do animal, em velocidade lenta, intravenosa. 
Durante a transfusão sanguínea a bezerra apresentou vocalização constante, opistótono, midríase, movimentos de pedalagem, bem como convulsão. Foi feito Diazepam 0,4mg/Kg (medicamento ansiolítico, anticonvulsionante), oxigenoterapia. No entanto, o animal veio a óbito e foi encaminhado ao Serviço de Patologia Veterinária do Hospital Veterinário da FMVZ-UNESP/ Botucatu/SP para a realização de necropsia. 
No exame externo foi observado escore corporal do animal, bem como mucosas (óculo-palpebrais) e mucosa vaginal encontrava-se ictérica. O exame interno da cavidade torácica revelou elevada quantidade de líquido sanguinolento, discreta enfisema alveolar pulmonar, principalmente nos bordos dos lobos craniais e caudais (direito e esquerdo) com moderada congestão e raras áreas de atelectasia e coração com hemorragia petequial discreta em miocárdio. O fígado estava discretamente aumentado, com coloração acastanhada com áreas amareladas. O baço com leve esplenomegalia e moderada congestão e hiperplasia de polpa branca. O sistema nervoso central apresentou pequena congestão e coloração róseo-cereja da substância cinzenta. 
Foi possível observar ainda que todos os órgãos, tanto abdominais como torácicos, apresentavam acentuada palidez. Os demais órgãos não apresentavam alterações. 
Tendo em vista os achados macroscópicos optou-se pela realização do scraping do sistema nervoso central. Para esta técnica foi retirada uma amostra do encéfalo. Colocada sobre uma lâmina de vidro, e com outra lâmina este material foi comprimido, realizando-se o squash. A lâmina foi seca ao ar, e fixada com metanol. Utilizou-se coloração do tipo Romanowsky, May-Grunwald- Giemsa. Estes métodos são os mais utilizados devido a sua alta especificidade e por ser um método simples e barato (RISTOW, s/d). 
A avaliação citológica do scraping do sistema nervoso central (Figura 1) revelou acentuada quantidade de Babesia bovis nos capilares sanguíneos do encéfalo, confirmando assim o diagnóstico de babesiose cerebral.
Figura 1. Scraping de tecido do Sistema Nervoso Central (SNC): presença de estruturas que sugerem presença de Babesia bovis (1) nos capilares sanguíneos do encéfalo. Aumento 40x.
REFERÊNCIAS 
ANTONIASSI, N. A. B.; CÔRREA, A. M. R.; SANTOS, A. S.; PAVARINI, S. P.; SONNE, L.; BANDARRA, P. M.; DRIEMEIER, D. Surto de babesiose cerebral em bovinos no Estado do Rio Grande do Sul. CiênciaRural, Santa Maria, v. 39, n. 3, p. 933-936, 2009.
BUSHELL, G., GARRONE, B., GOODGER, B., WRIGHT, I., DALRYMPLE, B.P. Babesia bovis host cell recognition proteins. Int. J. Parasitol., v. 21, n. 5, p. 609-611, 1991.
RISTOW, L.E. Métodos diagnósticos para pesquisa de hemoparasitas – revisão. Disponível em:<http://www.tecsa.com.br/metodos_diagnosticos_para_pesquisa_de_hemoparasitas__revisao.html>. Acessado 24/05/2014.
RODRIGUES, A.; RECH, R. R.; BARROS, R. R.; FIGUERA, R. A.; BARROS, C. S. L. Babesiose cerebral em bovinos: 20 casos. Ciência Rural, Santa Maria, v. 35, n. 1, p. 121-135, 2005.
SCHILD, A. L.; RUAS, J. L.; FARIAS, N. A.; GRECCO, F. B.; SOARES, M. P. Aspectos epidemiológicos de um surto de babesiose cerebral em bovinos em zona livre de carrapato. Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 9, p. 2646-2649, 2008.
ZAUGG, J. L. Babesiose. In: SMITH, B. P. Medicina Interna de Grandes Animais. Barueri: Ed. Manole, 2006, p.1051-1055.

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