Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 7. Bombas Num sistema típico com escoamento é, usualmente, necessário adicionar energia ao fluido para mante-lo em escoamento. A energia é gerada por um equipamento motriz do fluido, como uma bomba ou um compressor. Os fluidos que participam de processos industriais podem ser gases, ou líquidos, ou combinações de ambos. É convencional falar de bombeamento quando estão envolvidos líquidos, e o equipamento é usualmente denominado uma bomba. Os gases têm densidade e viscosidade mais baixas, além de maior compressibilidade, de modo que se usam dispositivos diferentes para movimentá-los. Dependendo do aumento de pressão que se deseja efetivar usam-se ventiladores, sopradores ou compressores para injetar energia nos gases. 1. Bombas A maioria das bombas cai em uma de duas classes principais, as bombas de deslocamento positivo e as bombas centrifugas. As bombas de deslocamento positivo impelem uma quantidade definida do fluido em cada golpe ou volta do dispositivo; as bombas centrífugas, ao contrário, impelem um volume que depende da pressão de descarga ou da energia adicionada. 1.1 Bombas de deslocamento positivo Este tipo de bomba tem por característica de funcionamento a transferência direta da energia mecânica cedida pela fonte motora em energia potencial (energia de pressão). Esta transferência é obtida pela movimentação de um órgão mecânico da bomba, que obriga o fluido a executar o mesmo movimento do qual ele está animado. O líquido, sucessivamente enche e depois é expulso dos espaços com volume determinado no interior da bomba, dai resultando o nome de bombas volumétricas. Podem ser divididas em: a). Bombas alternativas: Envolvem o movimento de vai e vem de um pistão num cilindro. A taxa de fornecimento do líquido é uma função do volume varrido pelo pistão por unidade de tempo. Para cada golpe do pistão, um volume fixo do líquido é descarregado da bomba. A vazão real pode ser menor que o volume total varrido, pois pode haver vazamento no pistão, ou pode ocorrer o enchimento incompleto do cilindro. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 A eficiência volumétrica da bomba é definida como a razão entre a descarga real e a descarga baseada no deslocamento do pistão. No caso de bombas bem ajustadas, a eficiência volumétrica é de pelo menos 95%. A eficiência mecânica pode ser definida como a energia suprida ao fluido dividida pela energia suprida à bomba. Esta eficiência é menor que 100%, pois existem perdas provocadas pelo atrito mecânico e pelo atrito no fluido. A vazão da descarga do líquido numa bomba alternativa varia com o tempo, em virtude da natureza periódica do movimento do pistão. Nas bombas simplex de simples efeito, o líquido sai pela válvula de descarga até que ela se fecha no final do golpe, quando o pistão pára e inverte o seu movimento. Neste instante, a válvula de admissão se abre e o cilindro se enche, mas não há descarga durante a admissão. A bomba simplex de duplo efeito quase elimina os períodos de descarga nula, mas o escoamento ainda cai a zero quando o pistão inverte o seu movimento. Na bomba duplex de duplo efeito, a descarga de um cilindro está deslocada a metade de um golpe em relação à descarga total, portanto sofre menor flutuação. As bombas alternativas usam-se há muito tempo em diversas aplicações, como o bombeamento de água de alimentação de caldeiras, de óleos e de lama. As bombas alternativas imprimem ao fluido as pressões mais elevadas entre todos os tipos de bomba. Por outro lado, tem uma capacidade relativamente pequena. Figura 1. Princípio de funcionamento da Bomba Alternada b). Bombas Rotativas: Dependem de um movimento de rotação. O rotor da bomba provoca uma pressão reduzida no lado da entrada, o que possibilita a admissão do líquido à bomba, pelo efeito da pressão externa. À medida que o elemento gira, o líquido fica retido entre os componentes do rotor e a carcaça da bomba. Finalmente, depois de uma determinada rotação do rotor, o líquido é ejetado pelo lado de descarga da bomba. As bombas rotatórias são usadas com líquidos de quaisquer viscosidades, desde que não contenham sólidos abrasivos. São especialmente eficientes com líquidos de alta viscosidade, incluindo graxas, melados e tintas. As bombas rotativas operam em faixas moderadas de pressão e tem capacidade que ficam entre as pequenas e as médias.Como é capaz de operar com materiais muito viscosos, com esse tipo de bomba é fácil bombear materiais como chocolate, sorvetes, OPERAÇÕES UNITÁRIAS massas, entre outros. Entre as bombas rotativas mais comuns, as bombas parafusos. Figura 2. Princípio de Funcionamento da Bomba Rotatória 1.2 Bombas centrífugas São amplamente usadas nas indústrias de alimentos em virtude da simplicidade de modelo, do pequeno custo inicial, da manutenção Figura 3. Princípio de Funcionamento da Bomba Centrífuga Este tipo de bomba tem por princípio de funcionamento a transferência de energia mecânica para o fluido a ser bombeado em forma de energia cinétic transformada em energia potencial (energia de pressão O movimento rotacional de um rotor inserido funcional responsável por tal transformação Na sua forma mais simples, a bomba é carcaça. O fluido entra na bomba nas periferia pela ação centrífuga. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 as bombas rotativas mais comuns, estão a bomba de engrenagens e Figura 2. Princípio de Funcionamento da Bomba Rotatória amplamente usadas nas indústrias de alimentos em virtude da simplicidade de modelo, manutenção barata e da flexibilidade de aplicação Figura 3. Princípio de Funcionamento da Bomba Centrífuga ste tipo de bomba tem por princípio de funcionamento a transferência de energia mecânica para o fluido a ser bombeado em forma de energia cinética. Por sua vez, esta energia cinética é sformada em energia potencial (energia de pressão) sendo esta a sua característica principal. O movimento rotacional de um rotor inserido em uma carcaça (corpo da bomba transformação. simples, a bomba é constituída por um rotor que gira no interior de uma fluido entra na bomba nas vizinhanças do eixo do rotor propulsor e é a bomba de engrenagens e Figura 2. Princípio de Funcionamento da Bomba Rotatória amplamente usadas nas indústrias de alimentos em virtude da simplicidade de modelo, aplicação. Figura 3. Princípio de Funcionamento da Bomba Centrífuga ste tipo de bomba tem por princípio de funcionamento a transferência de energia mecânica a. Por sua vez, esta energia cinética é ) sendo esta a sua característica principal. em uma carcaça (corpo da bomba) é o órgão rotor que gira no interior de uma do eixo do rotor propulsor e é lançado para a UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 Classificação: a) Radiais ou Puras: quando a direção do fluido bombeado é perpendicular ao eixo de rotação. b) Fluxo misto ou Semi-Axial: quando a direção do fluido bombeado é inclinada em relação ao eixo de rotação. c) Fluxo Axial: quando a direção do fluido bombeado é paralela em relação ao eixo de rotação. As bombas turbina têm palhetas pequenas, planas e operam a elevada velocidade, provocando pressões relativamente elevadas com vazões moderadas. As bombas de escoamento axial e os compressores são constituídos por rotores com várias palhetas, e geram o escoamento puramente axial de grandes volumes, com a pressão do fluido relativamentebaixa. O coração da bomba centrifuga é o seu rotor. É constituído por diversas palhetas, ou laminas, conformadas de modo a proporcionarem um escoamento suave do fluido entre cada uma delas. As carcaças das bombas centrífugas podem ser feitas com diversas formas, mas a função principal é a de converter a energia cinética impressa ao fluido pelo rotor em uma carga de pressão. Além disso, a carcaça serve de contentor para o fluido e oferece uma entrada e uma saída para a bomba. Figura 4. Carcaça da Bomba Centrífuga UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 2. Outros tipos de bombas A bomba de diafragma é uma bomba de deslocamento positivo que depende do movimento de um diafragma para conseguir o escoamento do fluido. O diafragma pode ser atuado ou mecanica ou pneumaticamente. As bombas a jato usam o momento de uma corrente de fluido a alta velocidade para imprimir momento a uma outra corrente, misturando as duas. 3. Seleção de Bombas Com a grande variedade de tipos de bombas existentes, a escolha de uma bomba para um serviço específico pode causar a impressão de ser uma operação complicada. Na realidade, a escolha de bombas para situações de rotina, já encontradas, é uma questão imediata. Nestes casos, o engenheiro de projeto pode escolher a bomba apropriada para uma certa tarefa a partir dos catálogos dos fabricantes. Nos casos extraordinários, como no de líquidos muito viscosos ou de líquidos abrasivos, ou em pressões extremas, o engenheiro deve consultar os fabricantes, para ter as recomendações (e a respectiva garantia) a respeito da bomba apropriada ao serviço. É necessário dispor de informações detalhadas sobre a capacidade e a pressão de descarga que se deseja, e também sobre as propriedades do líquido a ser bombeado: a). Capacidade: a vazão necessária ao processo determina a capacidade da bomba. Deve ser levada em conta não apenas a vazão em estado permanente, mas também os picos de vazão. É necessário incluir um fator de segurança para fazer frente a incertezas do projeto. Deve-se contar, também, com um possível aumento de vazão em virtude da expansão futura do processo. É preciso cuidado em não superestimar a capacidade, adotando fator de segurança muito elevado. As bombas superdimensionadas custam mais caro e consomem mais energia que o necessário durante a operação. b). Pressão de descarga: a altura manométrica da descarga da bomba deve ser determinada pela análise cuidadosa do sistema de tubulações. As perdas por atrito e as modificações de velocidade, de pressão, de pressões elásticas, devem ser todas levadas em conta. Deve-se incluir um fator de segurança para garantir as incertezas. As flutuações possíveis na pressão de descarga e na de sucção devem também ser consideradas. Quando se prevê variação de temperatura, o seu efeito sobre as propriedades do líquido deve também ser levada em conta. c). Propriedades do líquido: todos os tipos de bombas tem maior ou menor dissipação de energia mecânica pelo atrito; isto quer dizer que para um fluido viscoso é necessário fornecer mais energia. Numa bomba perfeita, de deslocamento positivo, não haveria outro efeito. Nas bombas reais, o UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 escoamento é mais lento, o que leva a cilindros parcialmente cheios ou a velocidade na ponta do rotor mais baixas que as atingíveis por um fluido invíscido. Quando o líquido contém sólidos em suspensão, como os líquidos de esgoto, de polpa de papel, ou as lamas e certos alimentos, é necessário dispor de bombas de modelo especial. d). Material: a escolha do material de construção é importante para fazer face às propriedades corrosivas do líquido bombeado. e). Tipo da bomba: uma vez que esteja inteiramente determinado o serviço de bombeamento, é possível escolher o tipo de bomba. Por exemplo, uma bomba alternativa é a que parece conveniente para a operação com alta pressão e baixa vazão. Uma operação com baixa pressão e alta capacidade pode sugerir uma bomba de fluxo axial. Na tabela 1 estão resumidas as características gerais das bombas. Os valores numéricos constituem somente valores típicos; encontram-se exceções. Tabela 1. Características das Bombas Centrífuga Padrão (escoamento radial) Turbina (escoamento misto) Rotor helicoidal (escoamento axial) Rotativa (engrenagem) Alternativa (pista ou embolo) Carga (ou pressão de descarga) Elevada em estágio simples (ate 600 ft); em multiestagio (ate 6.000 psi) Intermediária, até 200 ft Baixa, até 60 ft Intermediária, até 600 psi A mais alta possível, até 10.000 psi Capacidade (ou vazão fornecida) Baixa (100 gal/min) até muito alta (200.000 gal/min) Intermediária, até 16.000 gal/min Elevada, até 100.000 gal/min Baixa (1 gal/min) até intermediária (500 gal/min) Intermediária, até 500 gal/min. Líquidos com que opera Sujos ou límpidos Com elevado teor de sólido Abrasivos Até com viscosidade elevada, não- abrasivos Límpidos, sem sólidos Capacidade de medição ou de controle de vazão Não tem Não tem Não tem Tem Tem Fonte: FOUST, et al (1982) UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Milla Gabriela dos Santos 2011/01 4. Cavitação Quando uma bomba centrifuga opera a elevada capacidade, é possível instalarem-se baixas pressões não só no olho do rotor, mas também nas pontas das palhetas. Quando esta pressão fica abaixo da pressão de vapor do líquido é possível a ocorrência de vaporização nestes pontos. As bolhas de vapor formadas deslocam-se para uma região de maior pressão e aí desaparecem. Esta formação e desaparecimento das bolhas de vapor constituem o fenômeno da cavitação. O colapso da bolha de vapor é provavelmente tão rápido que o líquido atinge as palhetas com grande velocidade, podendo haver o arrancamento de pequenos fragmentos do rotor. Além desta erosão do rotor, a cavitação provoca também ruído e vibração. Pode-se reduzir ou eliminar a cavitação mediante a diminuição da velocidade da bomba. Quando não se reduz ou elimina a cavitação, é provável a ocorrência de sérios defeitos mecânicos na bomba. 5. Cálculos Bombas A melhor forma de descrever as características operacionais das bombas se faz pelo uso das curvas características. A velocidade de rotação específica é a velocidade, em RPM, em que uma bomba teórica, geometricamente semelhante à bomba real, opera com o máximo de eficiência, se fosse projetada para descarregar 1 gal/min contra uma pressão total de 1 ft. A velocidade específica é um índice conveniente do tipo de bomba, usando a capacidade e a carga no ponto de máxima eficiência. A velocidade específica pode ser determinada a partir da seguinte equação (1), para uma bomba de estágio simples ou para um estágio de uma bomba multistágio. ��� ��� � ,�� (1) Ns = velocidade específica, RPM; n = velocidade real da bomba, RPM; H = carga total por estágio, ft; Q = capacidade da bomba em gal/min na velocidade de rotação n e na carga total z. Exemplo 1. É necessário bombear um líquido com as propriedades semelhantes às da água, a uma vazão de 300 gal/min contra uma altura manométrica de 70 ft. Determine sua velocidade específica.
Compartilhar