Buscar

Padre Sabino

Prévia do material em texto

Padre Sabino Gentili nasceu em 13 de julho de 1945 na pequena cidade de Castel di Tora na Itália, e após ser ordenado padre em uma instituição de congregação salesiana, veio para o Brasil auxiliar os trabalhos do Colégio Salesiano São José, no bairro da Ribeira em Natal. Padre Sabino em seu trabalho inicial no colégio Salesiano, destacou-se na busca por ajudar o próximo, sempre ouvindo os mais necessitados e continuando o trabalho do oratório de Dom Bosco - fundador do Salesiano-, orientando jovens e crianças carentes. 
No período em que chegou ao Brasil, a Igreja Católica vinha sofrendo transformações e se tornando mais ecumênica e voltada aos pobres, e Padre Sabino vivia essas mudanças e dedicava-se inteiramente as causas mais nobres na cidade. Sentiu que seu trabalho poderia sair dos muros do colégio e foi então que começou a subir o morro de Mãe Luíza (zona leste de Natal) de forma anônima, ouvindo as pessoas, observando as necessidades e movendo dentro de si a vontade de ajudar o próximo. Assim, abandonou o magistério e fixou residência em Mãe Luiza, para viver a realidade do bairro, tendo como primeiras ações a construção da capela da comunidade e do Centro Sócio Pastoral Nossa Senhora da Conceição no início da década de 80. Nessa época, os moradores de Mãe Luiza viviam em intenso conflito com a prefeitura que resistia ao processo de ocupação do local e que não disponibilizava melhorias básicas como água e luz e insistia na desocupação, derrubando muitas vezes os barracos de madeira dos moradores. Esses assuntos eram pauta nas reuniões no Centro Sócio Pastoral e Padre Sabino incitava os moradores a propor melhorias e trabalhar para que fossem concretizadas. Foi então que surgiu o mutirão popular para a construção de casas, onde havia uma ajuda mútua: cada um construía sua casa e ajudava a construir as outras também. 
Padre Sabino partilhava a metodologia do olhar e da escuta, dando àqueles que lhe procuravam a possibilidade de refletirem sobre seus problemas e eles próprios serem os agentes da mudança de sua vida. Dava ouvidos as ideias dos moradores e provocava nas pessoas a ação, e certa vez conversando com as mães do bairro, Padre Sabino descobriu que uma das coisas que mais desejavam naquela época, era uma escola para os filhos pequenos. E mais uma vez com auxílio da comunidade, foi fundada a Escola Espaço Livre, que veio principalmente para tirar as crianças da rua e dar a possibilidade de acesso à educação infantil, já que não existia no bairro nenhuma escola do tipo. Foi importante também para os pais, que passaram a deixar os filhos na escola, em segurança, enquanto estavam no trabalho. Maria Aparecida Fernandes traz em sua tese de doutorado o seguinte relato sobre a situação inicial da Escola Espaço Livre: 
Inicialmente, sentadas em bancos de madeira, agregados a uma grande mesa também de madeira, as crianças estudavam no próprio salão do Centro Sócio Pastoral. Eram duas turmas pela manhã e duas à tarde, contando com o número de 40 crianças cada turma, tamanha era a carência da comunidade, sob os cuidados de duas professoras. (FERNANDES, 2011, p. 101)
Nas reuniões no Centro Sócio Pastoral, também foi percebido que a taxa de mortalidade infantil e desnutrição no bairro era grande e era necessário agir. O projeto “Amigos da Comunidade” surge com a finalidade principal de fazer acompanhamento médico periódico às mulheres grávidas e crianças do bairro, afim de prestar um cuidado maior somados a um auxílio na alimentação, que aos poucos foi mostrando resultado e as taxas de desnutrição e mortalidade infantil do bairro foram diminuindo consideravelmente. 
Os “Amigos da Comunidade” também atentaram para a situação dos idosos que habitavam na comunidade. Viram situações de abandono e precariedade, e para sanar tal problema, Padre Sabino uniu forças e recurso para a construção de um espaço que acolhesse esses idosos e os tirassem da situação de risco que se encontravam, projetando-os para um lugar onde fossem bem tratados e que tivessem todo o apoio necessário para uma vida melhor e mais digna. E então, no ano de 2001 o Espaço Solidário foi inaugurado, trazendo os idosos do bairro de volta a uma vida ativa, pois lá passaram a fazer atividades diária como dança, teatro, ginástica, piscina, artesanato, passeios e outras, tanto para os moradores do centro, quanto para os idosos itinerantes que só passavam o dia. No Espaço Solidário todos os idosos são consultados sobre as atividades que querem realizar, dão ideias e participam ativamente do processo de realização de cada uma, além de recebem acompanhamento médico semanal. Louise Andrade, responsável pelo Centro de Convivência Espaço Solidário, em sua monografia de conclusão de curso ratifica:
O ES não foi pensado pela idade cronológica, mas pela necessidade. Segundo o Padre Sabino, ele atende, dessa forma, cidadãos com necessidades especiais que têm por volta de 60 anos. O conceito de cidadão, precedendo assim o conceito de velhice, pois é à luz do primeiro que o segundo pode ser compreendido. (ANDRADE, 2006, p. 51)

Continue navegando