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Direito Econômico na Constituição Federal

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IV -	DIREITO ECONÔMICO: CONCEITO, TENDÊNCIAS E A ORDEM ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
8	DIREITO ECONÔMICO
8.1	Origem
Alguns autores concordam que o Direito Econômico surgiu a partir da década de vinte, do século passado, quando, após a Primeira Guerra, as condições econômicas dos países e, de suas populações estavam completamente desfavoráveis, chegando este desequilíbrio a culminar na famosa crise de 29. Entre as alternativas para superar a instabilidade financeira e recessão, o Estado, de uma maneira geral, passa a promover as socializações, a reforma agrária, o controle de preços e de câmbios. No Brasil, também, nessa mesma época, o Estado cada vez mais passa a assumir maiores responsabilidades na oferta de serviços de saúde e educação, investimentos em infraestrutura, entre outras áreas. Todas essas situações tratavam de questões econômicas, não tendo sido cabíveis em nenhum dos ramos do Direito vigente à época. Seu agrupamento, apesar de não codificado, teria originado o Direito Econômico.
As primeiras formalizações, de caráter mais amplo do Direito Econômico diferente de um mero acordo inter partis, foram as Constituições Sociais do México (1917) e de Weimar (1919, cidade da Alemanha). Esta última teve uma abrangência maior por influenciar um continente mais desenvolvido à época, que pôde acompanhar sua evolução em maior ou menor grau, de acordo com o país.
Com o cenário de pós segunda guerra mundial, o Direito Econômico aparece nos países com mais intensidade, uma vez que surge a necessidade eminente do Estado de regular as relações de consumo, com vistas a proteger o mercado, que tentava se reestruturar perante as enormes sequelas deixadas com o fim da guerra, e evitar abusos de poder por parte dos agentes econômicos (indivíduos, empresas e o próprio Estado) quando da fixação de preços e qualidade dos bens e serviços postos à disposição da sociedade.
Ao longo do século XX, pode-se afirmar que os países de uma maneira geral aumentaram muito a participação do Estado na área econômica. Entretanto, com a inserção, portanto, de novos direitos relativos à atividade econômica, originados após o surgimento do neo-liberalismo (1980), percebeu-se ser necessária a conservação de determinada flexibilidade no tocante à esta matéria, de forma a se permitirem eventuais adaptações ligadas às evoluções e modificações constantes referentes ao tema. 
No entanto, no âmbito brasileiro, somente na Constituição Federal de 1988 foi o Direito Econômico nominal e positivamente incluído, em seu art. 24, o qual declara, em seu inciso I, competir concorrentemente à União, Estados e Distrito Federal legislar sobre o mesmo.
Assim sendo, a União é competente para o estabelecimento de normas gerais (art. 24, § 1º), cabendo aos Estados a competência suplementar em tais casos (art. 24, §2º). Em não havendo normas gerais sobre determinado tema, os Estados exercerão competência legislativa plena sob suas peculiaridades (art. 24, §3º), sendo a eficácia da lei estadual suspensa quando da superveniência de lei federal (art. 24, §4º).
8.2	Conceito
O Direito Econômico é a disciplina autônoma do Direito, interdisciplinar jurídica e econômica, que se ocupa do tratamento jurídico da política econômica do Estado e da relação entre os indivíduos e os agentes do mercado, para alcançar o bem estra social e, consequentemente, promover o desenvolvimento socioeconômico, a partir da utilização do princípio da economicidade, traduzindo o conceito de eficiência em justiça.
Seus sujeitos são os agentes econômicos que atuam no mercado (empresas, grupos econômicos, Estados, organismos nacionais ou internacionais e o próprio individuo); Seu objeto é a realização da justiça por meio de política(s) econômica(s). São normas programáticas, premiais e objetivas. Com o surgimento do Direito Econômico tem se a consolidação da atuação jurídica do Estado na economia.
O Estado atua na economia, seja exercendo diretamente atividade econômica, seja como agente regulador da atividade econômica. O regime jurídico dessa atuação tem sido chamado de Direito Econômico. Em outras palavras, o estudo do Direito Econômico, consiste na análise sob o aspecto jurídico dos atos realizados pelo Estado que repercutem diretamente na economia. Devemos enfocar a abrangência desse regime jurídico (direito econômico), o objeto da ação estatal na economia, a ordem econômica estabelecida pela Constituição Federal e os meios utilizados pelo Estado para a proteção da ordem econômica
 
Assim, o Direito Econômico é o ramo do direito que se compõe das normas jurídicas que regulam a produção e a circulação de produtos e serviços, com vista ao desenvolvimento econômico do país jurisdicionado, especialmente no que diz respeito ao controle do mercado interno, a luta e disputa lá estabelecida entre as empresas, bem como nos acertos e arranjos feitos para explorarem o mercado.
São normas, portanto, que regulam os monopólios e oligopólios, fusões e incorporações, tentando impedir a concorrência desleal, a manipulação de preços e mercado pelas corporações, através da maior transparência e regulação do assunto.
No Brasil, as normas estão espalhadas em leis (mesmo porque Direito Econômico e Empresarial são espécies de um mesmo gênero), dentre as quais se destacam a Lei Antitruste (Lei 8.884/94) e a Lei de Economia Popular.
Também podemos conceituar o Direito Econômico como o ramo de direito público que disciplina as formas de interferência do Estado no processo de geração de rendas e riquezas da nação, com o fim de direcionar e conduzir a economia à realização e ao atingimento de objetivos e metas socialmente desejáveis.
Ou seja, podemos conceituar o direito econômico como o ramo do direito público que disciplina a condução da vida econômica da Nação, tendo como finalidade o estudo, o disciplinamento e a harmonização das relações jurídicas entre os entes públicos e os agentes privados, detentores dos fatores de produção, nos limites estabelecidos para a intervenção do Estado na ordem econômica
8.3	Objetivos
A intervenção do Estado na ordem econômica somente se legitima na realização do interesse público. Em outras palavras, somente há que se falar em interferência do Poder Público no processo de geração de riquezas da nação quando esta se der nos interesses do povo, a fim de garantir a persecução do bem estar social.
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9	A ORDEM ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Título VII
- Da Ordem Econômica e Financeira -
Capítulo I - Dos princípios gerais da atividade econômica (Artigo 170-181);
Capítulo II - Da política urbana (Artigos 182-183);
Capítulo III - Da política agrícola/fundiária e da ref. agrária (Artigo 184-191);
Capítulo IV - Do sistema financeiro nacional (Artigo 192).
Capítulo I
- Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica (Art. 170 a 181) -
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I -	soberania nacional;
II -	propriedade privada;
III -	função social da propriedade;
IV -	livre concorrência;
V -	defesa do consumidor;
VI -	defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
VII -	redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII-	busca do pleno emprego;
IX -	tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Art. 171. (Revogado pela Emenda Constitucional 06/1995)
Trata da definição e dos direitos da empresa brasileira
Art. 172. Trata dos investimentos e reinvestimentos de capital estrangeiroe da remessa de lucros
Art. 173. Trata das formas e limites de exploração pelo Estado das atividades econômicas de acordo com os imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, bem a questão do abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, a eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Art. 174. Trata das funções de fiscalização e planejamento a serem exercidas pelo Estado.
Art. 175. Trata do regime de concessão ou permissão de serviços públicos.
Art. 176. Trata da propriedade das jazidas e demais recursos minerais e dos potenciais de energia hidráulica para efeito de exploração ou aproveitamento (União) garantindo ao concessionário a propriedade do produto da lavra
Art. 177. Indica as atividades econômicas que constituem monopólio da União (I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados) e trata da possibilidade de contratação de empresas estatais ou privadas para a realização das atividades indicadas de I a IV, da alíquota de contribuição e da destinação dos recursos arrecadados.
Art. 178. Trata sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.
Art. 179. Trata do tratamento jurídico diferenciado, a ser dispensado pela União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios às microempresas e às empresas de pequeno porte visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas.
Art. 180. Trata da questão da promoção do turismo como fator de desenvolvimento social e econômico a ser feito pela União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Art. 181. Trata do atendimento de requisição de documento ou informação de natureza comercial, feita por autoridade administrativa ou judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País que dependerá de autorização do Poder competente.
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