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Web Aula 1 de Comunicação e Linguagem (Pedagogia 2016)

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PEDAGOGIA
WEBAULA 1
Unidade 1 – Formas da Linguagem
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
“Por isso, deram-lhe o nome de Babel, porque ali o Senhor confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra, e dali os dispersou sobre a face de toda a terra.” (Gênesis, 11;9)
Independente da crença de cada um, é fato que, em algum momento de sua evolução, o homem sentiu necessidade de se expressar, de se comunicar com seu semelhante, indo além de gritos e gestos, prováveis formas de comunicação pré-históricas. 
	Os antropólogos supõem que a comunicação entre os pré-hominídeos e hominídeos era semelhante à dos demais mamíferos (gritos, urros, grunhidos, rosnados e determinadas posturas corporais que traduziam a necessidade de comer, de acasalar, de brincar e também revelavam ameaça ou perigo. Gradativamente, com o aumento de sua massa cerebral, o que era uma linguagem natural dos pré-hominídeos e primeiros hominídeos passou a ser uma linguagem intencionalmente imitativa dos sons emitidos pelos animais e dos sons da natureza.[...]
A complexificação dessa linguagem onomatopaica, assim como a sofisticação da linguagem corporal, permitiu que esses grupos desenvolvessem regras de interpretação comuns e complementassem o entendimento dos meros sinais naturais com a instituição de símbolos que procuravam determinar a que grupos pertenciam, a definir certa orientação para as caçadas, a delimitar fronteiras e, até mesmo, para expressar as relações de poder.
Disponível em: http://www.scribd.com/doc/932718/Historia-da-comunicacao-humana. Acesso em: 07 set. 2010.
Acredita-se que a fala foi desenvolvida entre 40.000 e 10.000 anos atrás e, por meio dela, o homem, já possuindo grande desenvolvimento cultural, pode narrar a seus descendentes tudo aquilo que aprendera pela tradição oral de sua comunidade.
Mas isso não era suficiente: a memória falha, as palavras se perdem no vento... Assim, numa tentativa de registrar suas histórias e feitos, os homens pré-históricos utilizaram-se de representações pintadas nas paredes das cavernas (pintura rupestre).
Por volta de 4.000 a.C. desenvolveu-se a escrita cuneiforme pelos sumérios, os quais cunhavam-na em placas de barro. Nessa mesma época, os egípcios antigos desenvolveram as escritas demótica e hieroglífica.  
O alfabeto que conhecemos e utilizamos tem origem, principalmente, no fenício, que se estendeu pelos povos da Ásia a partir do século XV antes de Cristo. Progressivamente, o alfabeto fenício foi adaptado na Grécia. Na Itália, o alfabeto grego influenciou bastante o abecedário etrusco, que, por sua vez, originou o alfabeto latino (séculos VII a III antes de Cristo). E chegamos ao século XXI nos comunicando via rádio, televisão, telefones móveis e internet!
A INTERAÇÃO PELA LINGUAGEM
A linguagem já foi vista de diferentes formas ao longo do tempo, as quais podem ser sintetizadas da seguinte forma: como expressão do pensamento; como meio de comunicação; como forma de interação.
Apesar de essas diferentes concepções conviverem até hoje, estamos atualmente sob o domínio da linguagem como forma de interação social, ou seja, o homem pratica ações e influencia o outro por meio da linguagem.
Na Pedagogia, o interesse sobre a educação normalmente recai sobre conteúdos e técnicas pedagógicas; quase não se discute sobre a linguagem praticada em sala por professor e alunos. Essa reflexão, no entanto, é necessária na medida em que a técnica não será eficiente se não houver entre professor e alunos um entrosamento linguístico adequado.
O professor, por um lado, não deve “falar difícil” – utilizar um nível de linguagem extremamente diferente do aluno –, mas, por outro lado, também não pode adaptar-se ao nível de linguagem do aluno, pois o objetivo da escola é justamente oferecer ao estudante a possibilidade de adquirir outros dialetos e praticar outros níveis de linguagem diferentes do seu.
A aula é uma interação com um contexto bem particular: o diálogo tradicionalmente é assimétrico, visto que o professor detém um saber que será repassado ao aluno, o qual, supostamente, não o tem.
Contudo, hoje, ao se portar como mediador entre aluno e conhecimento, o professor, por meio da linguagem e de sua postura ao conduzir a classe, permite ao aluno expressar sua subjetividade e o ensino-aprendizagem torna-se lugar de um jogo de representações em que o acesso ao conhecimento se dá por meio de um processo de negociação, de trocas, de normas partilhadas, de concessões.
LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAL
Na comunicação, não dispomos somente de palavras (linguagem verbal), mas empregamos diferentes códigos para transmitir mensagens a nossos interlocutores: olhares, sons, imagens, gestos, vestimentas, comportamentos, cores entre outros elementos não-verbais. Até mesmo a culinária pode ser usada para comunicar algo: se num jantar a dois, o outro lhe oferecer ostras ou chocolate com pimenta, isso pode ser um sinal de que ele quer “algo mais”, visto que se acredita que esses alimentos têm poderes afrodisíacos...
Nas Artes Visuais, por exemplo, a moda, o vídeo, o cinema, a fotografia, a web, a ilustração, a animação digital são consideradas linguagens áudio-visuais.
Portanto, apesar de as palavras serem o principal código que utilizamos para nos comunicar, existem outros códigos de comunicação possíveis.
CLIQUE AQUI  e leia o artigo “Comunicação não-verbal em sala de aula”, de Flávia Maria T. dos Santos e Eduardo F. Mortimer.
A LINGUAGEM EM USO
Dentre as diferentes formas de linguagem, a que mais utilizamos em nosso cotidiano é a língua (falada ou escrita). A língua pertence ao grupo social que a utiliza e, por ser um fato social, ela é um fenômeno ao mesmo tempo conservador e dinâmico. Conservador porque precisa manter certo grau de uniformidade e dinâmico porque se modifica com o tempo.
Os elementos componentes de uma língua têm uma uniformidade capaz de distingui-la de outra língua. Com isso, todos os falantes conhecem as estruturas gerais de funcionamento da sua língua e conseguem reconhecer aquilo que não pertence a ela.
Por outro lado, não há duas pessoas que falem da mesma forma, embora estejam falando a mesma língua. O modo de cada falante utilizar os recursos linguísticos de dada língua é responsável pelo fenômeno da diversidade. Essas variações, muitas vezes, são pouco perceptíveis. No entanto, quando elas são bastante evidentes e diferenciam grupos dentro da mesma língua recebem o nome de variações linguísticas.
Esse contraste entre uniformidade e diversidade é notado, sobretudo na fala, pois a escrita é mais conservadora e obedece a padrões mais rígidos. Essa variação da língua resulta de vários motivos:
regionais: o regionalismo é notado, em primeira instância, na pronúncia (no sotaque); contudo o vocabulário e o uso de normas gramaticais também denotam algumas diferenças;
socioculturais: idade, sexo, posição social, nível de estudos, cultura, profissão;
contextuais: assunto, lugar, momento, relação entre os interlocutores.
Nos quadrinhos abaixo, Maurício de Souza explora essa questão das variedades linguísticas:
Com o decorrer do tempo, as variedades da língua alteram-se sob vários aspectos. Podemos perceber, por exemplo, que o vocabulário é enriquecido com palavras relacionadas a novos produtos, novos hábitos ou novas criações artísticas. Basta pensar no uso que se faz hoje de termos como acessibilidade, sustentabilidade.
É preciso ficar claro que a variação é um fenômeno característico a qualquer língua do mundo, não é algo restrito à língua portuguesa. Mas, mais importante que isso: não há hierarquia entre os usos, assim como não há um uso que seja melhor que outro, são apenas usos diferentes.
VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO
A língua, sendo um código de que o homem se serve para se comunicar, apresenta basicamente duas modalidades: a culta e a popular.
A linguagem culta, também chamada padrão, tem por base a norma estabelecida pela gramática tradicional ou normativa (“regras do bem falar e bem escrever”), cuja origem compreende a língua literáriae a forma linguística utilizada pelo segmento mais culto e influente da sociedade. Atualmente, determinados meios de comunicação de massa (emissoras de televisão, jornais, revistas, etc.) e o ensino escolar são seus maiores transmissores.
A norma culta tem seu papel dentro da língua, afinal é ela que assegura a unidade da língua, fato que tem implicações político-culturais. Em nome dessa unidade, ela é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas de cunho normativo.
Para ler um resumo das mudanças ortográficas que ocorreram na língua portuguesa a partir de 2009.
Por outro lado, temos a espontaneidade, a expressividade, a dinamicidade e a criatividade da linguagem popular. É a linguagem cotidiana, utilizada no dia-a-dia. Ela apresenta gradações diversas, tendo em seu limite a gíria e o calão (“palavrões”).
O falante faz escolhas para usar a língua. Assim, conforme a situação, ele pode fazer usos diversos, como, por exemplo: Estou cansada (culto); Tô cansada (popular); Tô pregada (gíria).
Apesar do avanço dos estudos sobre língua e linguagem, algumas ideias persistem e continuam originando aquilo que Bagno (2002) chama de preconceito linguístico.
Para o autor, esse preconceito tem origem na confusão entre o que é língua e o que é gramática normativa:
A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos, mas é parcial [...] e não pode ser autoritariamente aplicada a todo o resto da língua [...] (BAGNO, 2002, p. 9-10, grifos do autor).
O autor adverte que, embora hoje exista uma forte luta contra os preconceitos quaisquer sejam suas origens e formas, com relação à língua, ele ainda é muito comum. A mitologia do preconceito linguístico envolve oito afirmações corriqueiras que constituem, segundo Bagno (2002), mitos difundidos em nossa cultura, mas que se afastam da nossa realidade. São eles:
A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreende.
Brasileiro não sabe português/ Só em Portugal se fala bem português [...].
Português é muito difícil.
As pessoas sem instrução falam tudo errado.
O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão.
O certo é falar assim porque se escreve assim.
É preciso saber gramática para falar e escrever bem.
O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social.
Bagno (2002) assevera que esse preconceito é perpetuado pelo ensino que ainda se baseia na visão normativa e pelos meios de comunicação quando “pregam” que as pessoas devem “falar o português correto” e desrespeitam os falantes que não dominam essa variante, abordando-os de forma estereotipada e preconceituosa.
Para desconstruir o preconceito, o autor sugere que uma mudança de atitude, partindo dos professores de língua e atingindo as demais camadas da sociedade:
Uma das principais tarefas do professor de língua é conscientizar seu aluno de que a língua é como um grande guarda-roupa, onde é possível encontrar todo tipo de vestimenta. Ninguém vai só de maiô fazer compras num shopping-center [...]. Usar a língua, tanto na modalidade oral como na escrita, é encontrar o ponto de equilíbrio entre dois eixos: o da adequabilidade e o da aceitabilidade. [...] É totalmente inadequado, por exemplo, fazer uma palestra num congresso científico usando gíria, expressões marcadamente regionais, palavrões etc. A platéia dificilmente aceitará isso. É claro que se o objetivo do palestrante for precisamente chocar seus ouvintes, aquela linguagem será muito adequada... Não é adequado que um agrônomo se dirija a um lavrador analfabeto usando uma terminologia altamente técnica e especializada, a menos que queira não se fazer entender. Como sempre, tudo vai depender de quem diz o quê, a quem, como, quando, onde, por quê e visando que efeito [...] (BAGNO, 2002, p. 130-131, grifos do autor).
Portanto, ao usar a língua, lembre-se da comparação feita pelo autor:
A LÍNGUA É COMO UM GRANDE GUARDA-ROUPA
Da mesma forma que você se preocupa “com que roupa eu vou a tal lugar?” para ir trajado de maneira adequada e não passar vergonha, pense “que linguagem vou usar nesta situação para que meu interlocutor me compreenda?”. No uso da linguagem e nas demais relações sociais, vale a regra do bom-senso, daquilo que é adequado a cada situação
WEBAULA 2
Unidade 1 – Formas da Linguagem
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência, tudo se forma e se transforma!
(Das palavras aéreas, Cecília Meireles)
Cecília Meireles, na estrofe que abre esta aula, admira-se com a “estranha potência” das palavras. De fato, não basta conhecer a língua, as palavras, é preciso saber reconhecê-las e usá-las!
Por exemplo, num encontro causal, quando o falante diz “Tudo bem?”, ele não está, de fato, querendo que o outro lhe conte sobre sua vida; trata-se tão somente de um cumprimento, uma forma de se estabelecer contato. Saudações e cumprimentos em situações formais não veiculam ou buscam informações referenciais, as palavras são esvaziadas de significado descritivo e ganham valor sócio-comunicativo.
As palavras podem ser usadas a partir de dois eixos de significação: o eixo denotativo ou referencial e o conotativo ou afetivo, figurativo. Um enunciado tem valor denotativo sempre que o falante/ autor utiliza as palavras em seu sentido literal, o qual corresponde à primeira significação atribuída às palavras nos dicionários da língua. Já num enunciado conotativo, as palavras têm sentido afetivo, figurado, dado pelo contexto.
Para exemplificar a relação entre sentido denotativo e conotativo, citamos Garcia (1983, p. 141):
A palavra cão tem sentido denotativo quando aponta ou designa o animal mamífero quadrúpede canino; mas é pura conotação quando expressa o desprezo que me desperta uma pessoa sem caráter ou extremamente servil. A palavra rosa não significa a mesma coisa para o botânico interessado na classificação das espécies vegetais, para o jardineiro profissional incumbido de regá-la, para o amador que a cultive como passatempo nos fins-de-semana e procura, por simples deleite, através de enxertos e cruzamentos, uma espécie nova para exibir a amigos e visitantes. Muito diversa será ainda a conotação para a dona-de-casa que com ela adorne um centro de mesa, para o florista, que vê nela apenas um objeto de transação comercial rendosa.
Tendo por base o autor citado acima, podemos afirmar que a conotação implica um estado de espírito, um juízo de valor em relação ao objeto designado, o qual varia segundo a experiência, o conhecimento de mundo, a cultura do indivíduo. A conotação é, enfim:
[...] uma espécie de emanação semântica, possível graças à faculdade de associação de ideias inerente ao espírito humano, faculdade que nos permite relacionar coisas análogas ou assemelhadas. Esse é, em essência, o traço característico do processo metafórico, pois metáfora é conotação (GARCIA, 1983, p. 142).
Marques (1990, p. 62) observa que “no sentido conotativo das formas linguísticas, incluem-se os valores de significado que elas adquirem no contexto ou situação de uso [...]”.
É interessante destacar que textos humorísticos, muitas vezes, brincam com o trânsito entre os sentidos literal e figurado, e o humor vem justamente da confusão entre os sentidos:
O menino usa a expressão “cabeça de gado” em sentido conotativo, criando uma metonímia (figura de linguagem em que se usa a parte pelo todo) e Chico Bento entende em sentido literal, por isso a resposta dada. Já nas piadas abaixo, o humor está no uso de expressões que têm mais de um sentido possível:
Dois litros de leite atravessaram a rua e foram atropelados. Um morreu, o outro não. Por quê? – Resposta: Porque um deles era Longa Vida.
Porque o elefante não pega fogo? - Resposta: Porque ele já é cinza.
O que o tomate foi fazer no banco? - Resposta:Foi tirar extrato.
O que a galinha foi fazer na igreja? - Resposta: Assistir a Missa do Galo.
Nessas piadas, o humor reside na polissemia (possibilidade de diferentes sentidos) das expressões “longa vida” (duração da vida x tipo de embalagem do leite, o famoso “leite de caixinha”), “cinza” (cor x restos de uma queimada), “extrato” (molho ou massa do tomate x comprovante que se retira no banco), “missa do galo” (missa rezada pelo Papa na passagem de ano x o galo seria quem rezaria a missa).
Os provérbios ou ditos populares são também um grande exemplo de linguagem conotativa, visto que são textos breves que condensam ensinamentos provindos da sabedoria popular:
Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Santo de casa não faz milagres.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Como se vê nos provérbios acima, temos uma linguagem essencialmente conotativa. Denotativamente, poderíamos passar essas mesmas informações:
O sofrimento do outro não afeta àqueles que não estão envolvidos.
A pessoa que tem uma profissão não costuma colocá-la em prática quando está em casa.
A insistência pode levar ao êxito/ a se conseguir aquilo que deseja.
	RESUMINDO:
DENOTAÇÃO: emprego de palavras no seu sentido próprio, comum, habitual, preciso, aquele que consta nos dicionários.
CONOTAÇÃO: emprego de palavras tomadas em sentido figurado, que depende do contexto.
CONOTAÇÃO E LINGUAGEM FIGURADA
Chamam a atenção do leitor o título e a construção desse texto, não é mesmo? Especialmente quando se nota que o texto em questão é uma reportagem, portanto um texto informativo, que pressupõe linguagem predominantemente denotativa. É interessante como seu autor, Fernando Pedroso, utiliza linguagem conotativa num texto em que ela não é esperada. No entanto, essa “transgressão” do autor não é condenável, pelo contrário, ele soube utilizar linguagem figurada (Uno quer “trono” do Gol) e, ainda, aproveitou para fazer intertextualidade com contos de fadas no primeiro parágrafo (“era uma vez...”) e com o subtítulo “os reis estão nus”, chamando atenção para seu texto.
E essa estratégia funcionou muito bem: eu não tenho o costume de ler notícias e reportagens no site MSN; acesso esse site somente por causa do meu e-mail (hotmail). No entanto, esse título inusitado chamou minha atenção e, mesmo sendo uma reportagem sobre um carro que não me chama a atenção, li o texto, gostei e salvei em meu computador para poder utilizá-lo como exemplo em alguma de minhas aulas e é o que estou fazendo agora...
Assim, cabe uma observação: as figuras de linguagem, quando intencionalmente bem utilizadas, enriquecem o texto, tornam-no interessante para o ouvinte ou leitor. No entanto, quando utilizadas sem propósito claro ou num contexto inapropriado, certas figuras acabam se convertendo em vícios de linguagem. Mais uma vez, portanto, vemos que, em língua, deve haver o bom-senso e a adequação!
Já que estamos seguindo uma linha bem-humorada nesta web-aula, convido você a assistir a um trecho de um espetáculo de humor em que Marcius Melhem, conhecido humorista da Rede Globo, brinca com o pleonasmo (como vício de linguagem): 
DENOTAÇÃO E LINGUAGEM ACADÊMICA
Sabia que, desde que entrou na Universidade, você está frequentando a “academia” e, por isso, produz textos “acadêmicos”?
O texto acadêmico promove a circulação do saber científico, primeiro como repetição, depois como atividade criativa que demonstra autoria e, portanto, autonomia, promovendo a inserção do aluno na comunidade científica e, também, no mercado de trabalho. Portanto, o que caracteriza um texto acadêmico é, antes de tudo, o seu objeto: ele veicula o fruto de alguma investigação científica, filosófica ou artística. Deve, pois, refletir o rigor, a perspectiva crítica, a preocupação constante com a objetividade e a clareza que são parte inerente da pesquisa acadêmica.
A maioria dos textos acadêmicos tem, primordialmente, caráter dissertativo/argumentativo e descritivo e serve para enunciar uma tese, uma visão de mundo ou uma opinião que devem ser sustentadas cientificamente e formalizadas de acordo com a linguagem técnica/padrão.
Não há normas rígidas de produção formal de um texto acadêmico. No entanto, a tradição acadêmica acabou delimitando, em razoável medida, as formas típicas de expressão escrita para as diversas modalidades de textos acadêmicos. No Brasil, por exemplo, são seguidas as normas ABNT, cujo objetivo é uniformizar a publicação de conhecimentos.
Com a expansão da comunicação e da difusão do conhecimento, cresceu a preocupação em discutir como a literatura científica é produzida e difundida não só entre os pesquisadores, mas na sociedade em geral. Segundo Vogt (2003), o conhecimento científico produzido circula através de diversos meios de comunicação, entre pesquisadores, estudantes, jornalistas e a sociedade como um todo.
Inseridos nesse meio de intensa produção e difusão do conhecimento, subdividido em áreas e linhas cada vez mais específicas, estão os graduandos que são envolvidos por esse turbilhão de informações, tanto como assimiladores quanto como reprodutores desses conhecimentos.
Reconheceu-se nessa situação? Está pensando no que fazer?
De você, estudante do ensino superior, espera-se aquisição da capacidade de discutir e aplicar conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso (ou das disciplinas), e expor suas ideias sobre determinado tema, de forma clara e convincente. Para tal, você deve se utilizar do discurso acadêmico, e dos gêneros inscritos neste discurso (na modalidade escrita, podemos citar o artigo acadêmico, a resenha, o relatório, o TCC, entre outros).
Assim, caro aluno, é imprescindível a busca de aprimoramento do conhecimento linguístico apropriado para a confecção de seus trabalhos. A dica que posso dar é: leia! Principalmente textos acadêmicos para ir se acostumando com a linguagem científica, acadêmica e também para se inteirar das pesquisas que estão sendo feitas em sua área de estudos.
	Sugestão:
Para conhecer boas revistas científicas da sua área, acesse o site http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis. Nesse endereço, estão disponíveis os nomes dos periódicos avaliados e aprovados pela Capes, ou seja, são boas publicações.
Boa pesquisa!
 
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 12. ed. São Paulo: Loyola, 2002.
GARCIA, Othon Moacyr.  Comunicação em prosa moderna. 11. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1983.
MARQUES, Maria Helena Duarte. Iniciação à semântica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
VOGT, C. A espiral da cultura científica. ComCiência, n.45, 2003. Disponível em:http://www.comciencia.br/reportagens/framereport.htm. Acesso em: 08 out. 2008.

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