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Qualificação de Direito Penal - Doutrinária

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QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
QUALIFICAÇÃO: é o nome dado à infração pela lei ou pela doutrina:
LEGAL: refere-se ao fato e à infração;
Qualificação dos fatos: é o nome jurídico da infração. Ofender a integridade física de outrem: Lesões corporais
Qualificação da infração: é o nome da modalidade que recebe o fato: crime ou contravenção;
DOUTRINÁRIA: é o nome dado ao fato delituoso pela doutrina, como crime formal, de dano; permanente, próprio etc.
CRIMES COMUNS E ESPECIAIS: Comum: regido pela legislação comum, juízo comum – Especial: aqueles que não são julgados por um órgão comum, mas sim especial, como por exemplo, justiça militar.
CRIMES COMUNS E PRÓPRIOS: o primeiro pode ser praticado por qualquer pessoa, o segundo só pode ser praticado por uma categoria de pessoas (exige uma particular condição);
CRIMES DE MÃOS PRÓPRIAS OU DE AUTUAÇÃO PESSOAL: Só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa: prevaricação; falso testemunho;
CRIME DE DANO E DE PERIGO: o primeiro só se consuma com a efetiva lesão do bem jurídico o segundo se consuma tão só com a possibilidade de dano: Ex. perigo de contágio venéreo;
PERIGO PODE SER: 
PRESUMIDO: é considerado pela lei em face de determinado comportamento positivo ou negativo. É a lei que o presume. NÃO PRECISA SER PROVADO. Resulta da própria ação ou omissão. Ex. omissão de socorro: art. 135 do CP. Basta deixar de prestar socorro que o perigo será presumido;
TJMS-001908) APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE - ARTIGO 34, PARÁGRAFO ÚNICO, II DA LEI 9.605/98 - APREENSÃO DE PETRECHOS DE PESCA - ALEGADA ATIPICIDADE DA CONDUTA PELA INEXISTÊNCIA DE CAPTURA DO PEIXE - IRRELEVANTE - CRIME DE PERIGO ABSTRATO - PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA DEMONSTRADA - IMPROVIMENTO. Diante da apreensão de petrechos de pesca no leito fluvial, em período não permitido pela legislação ambiental, a inexistência do pescado é irrelevante para a caracterização do delito, visto tratar-se de crime de perigo abstrato. A retratação sem nenhum amparo probatório, não tem o condão de invalidar confissão extrajudicial confirmada por outros elementos de provas nos autos. (Apelação Criminal nº 2002.007218-4, 1ª Turma Criminal do TJMS, Jardim, Rel. Des. Rui Garcia Dias. j. 08.10.2002, unânime). (Art. 34 da lei 9.605/98)
CONCRETO: quando a realização do tipo exige a existência de uma situação de efetivo perigo. A situação de perigo tem que ser provada. Art. 134, exposição ou abandono de recém nascido. O perigo no caso tem que ser provado. Ex.: Como foi abandonado?
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em aguas públicas:
 Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 309. (LEI 9.503/97) Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
STJ-019766) PENAL. RECURSO ESPECIAL. DIREÇÃO SEM HABILITAÇÃO. ABOLITIO CRIMINIS. ARTS. 32 DA LCP E ART. 309 DA LEI Nº 9.503/97.
I - O art. 309 da Lei nº 9.503/97 trata de crime de perigo concreto e o art. 32 da LCP versa sobre contravenção de perigo abstrato.
II - A novatio legis, que apresenta a tipificação de conduta mais censurável, não revogou a contravenção de incidência subsidiária.
III - Recurso provido.
INIDIVIDUAL: Expõe a perigo uma só pessoa ou número determinado de pessoas. Art. 132 CP.
COLETIVO OU COMUM: expõe a risco de dano interesses jurídicos de um número indeterminado número de pessoas, Ex. Art. 250 do CP.
PERIGO ATUAL: que está acontecendo – estado de necessidade;
PERIGO IMINENTE: é o que está preste a desencadear-se – legítima defesa.
CRIMES MATERIAIS, FORMAIS e de MERA CONDUTA:
Todos os crimes provocam uma lesão ou perigo de lesão para o bem jurídico.
Quanto ao resultado, que devem ser considerados de acordo com o sentido naturalístico da palavra, e não em relação ao conteúdo de sua relação jurídica, podem ser:
MERA CONDUTA: o legislador só descreve o comportamento. São crimes sem resultados naturalísticos: ex. Violação de domicílio. Art. 150 CP;
FORMAIS: o tipo menciona o comportamento e o resultado, mas não exige este para que se consuma. Ex. ameaça, corrupção passiva; extorsão art. 158 CP.
MATERIAIS: O tipo menciona a conduta e o evento, exigindo a sua produção para a consumação. Ex. Homicídio. 
CRIMES COMISSIVOS E OMISSIVOS: são os cometidos mediante ação e inação;
Sob o aspecto da ação os crimes comissivos se subdividem: 
Comissivos propriamente ditos:
Comissivos por omissão;
Os crimes OMISSIVOS possuem as seguintes categorias:
Crimes omissivos próprios (pura omissão);
Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão (são aqueles em que o 
Sujeito, mediante omissão, permite a produção de um resultado posterior, que o condiciona. Ex. a mãe que deixa de amamentar o filho. A princípio, a simples omissão não é crime, mas se ela não agir, deixando o filho morrer de inanição estará praticando um crime de homicídio por omissão imprópria. O resultado condiciona na sua inação.
Crimes de conduta mista: há uma comissão no início e uma inação no final: Ex. apropriação de coisa achada. Sequestro;
GARANTIDOR;
Nos crimes omissivos impróprios a lei considera que o não fazer tem o mesmo valor que o fazer; a lei não define a omissão;
Omissivos puros (próprios) a conduta negativa é descrita pela lei;
CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES E INSTANTÂNEOS DE EFEITOS PERMANENTES. 
INSTANTÂNEO: é aquele que uma vez consumado, está encerrado, a consumação não se prolonga; se consuma em um só momento.
PERMANENTE: a consumação se prolonga no tempo, dependente da ação do sujeito ativo;
O interesse prático é para a prisão em flagrante
CRIME CONTINUADO:
CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS. Este é a fusão de dois ou mais crimes (ex. extorsão) e primeiro um só tipo. Ex. homicídio. 
CRIMES COMPLEXOS: Apresenta-se sob duas formas:
Dois ou mais delitos constituem outro, funcionando como elementares;
Neste caso, o legislador reúne dois ou mais crimes e os transformam em elementos de outros. Ex. extorsão mediante sequestro, art. 159: art. 158 (extorsão) + 148 (sequestro);
Um delito integra outro como circunstância qualificadora;
Neste caso, um delito deixa de ser autônomo (dano) para funcionar como qualificadora de outro (furto qualificado pela violência contra a coisa- dano); latrocínio – roubo + morte;
DELITO PUTATIVO;
Ocorre quando o agente considera erroneamente que a conduta realizada por ele constitui crime, quando na verdade, é um fato atípico. Só existe na imaginação do sujeito. 
Há três hipóteses de crime putativo:
Crime putativo por erro de proibição;
O agente seduz mulher virgem, com 20 anos, supondo estar praticando o crime de sedução. O agente pratica o incesto pensando que é crime.
Crime putativo por erro de tipo;
Ocorre quando a errônea suposição do agente não recai sobre a norma, mas sobre os elementos do crime. O agente crê violar uma norma realmente existente, mas à sua conduta faltam elementares do tipo. Ex. Uma mulher, supondo-se erroneamente em estado de gravidez, ingere substância abortiva. O indivíduo querendo furtar o chapéu alheio, subtrai o próprio. 
Crime putativo por obra do agente provocador; (flagrante preparado)
Ocorre quando um agente, de forma insidiosa, provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo em que toma providência para que ele não se consuma. Ex. O dono de uma loja, desconfiado da honestidade de uma de suas empregadas, manda-a selecionar determinada mercadoria, deixando-a sozinha num compartimento, ao mesmo tempo em que coloca policiais de espera que a surpreendem no ato de furtar. 
Nestes casos, o elemento subjetivo do crime existe, mas, sob o aspecto objetivo, não há violação da norma penal, senão uma insciente cooperação para aardilosa averiguação da autoria de crimes anteriores. O desprevenido sujeito opera dentro de uma pura ilusão, pois, desde o início, a vigilância dos agentes policiais torna impraticável a real consumação do crime. 
Na verdade, embora o sujeito não saiba, a sua conduta não se dirige na realidade para a agressão de nenhum bem jurídico. 
Súmula 145 do S.T.F.: “não há crime quando a preparação do flagrante pela Polícia torna impossível a sua consumação”. 
CRIME DE FLAGRANTE ESPERADO:
- ocorre quando o indivíduo sabe que vai ser vítima de um delito e avisa a Polícia, que põem seus agentes de sentinela, os quais apanham o autor no momento da prática ilícita. Neste caso haverá apenas a tentativa, uma vez que o dano não possa verificar-se, devido a ciência da polícia. 
CRIMES PLURISSUBJETIVOS E UNISSUBJETIVOS: 
O segundo é aquele que pode ser praticado por uma só pessoa, embora possa ter coautoria. O primeiro também chamado de concurso necessário, é aquele que, por sua conceituação típica, exige dois ou mais agentes para a prática da conduta criminosa. Podem ser paralelas (quadrilha ou bando) ou convergente: (bigamia, adultério); 
CRIMES UNISSUBSISTENTE E PLURISSUBSISTENTE.
CRIME FALHO:
É a denominação que se dá à tentativa perfeita ou acabada, em que o sujeito faz tudo quanto está ao seu alcance para consumar o crime, mas o resultado não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade. Ex. Sujeito, sabendo que seu inimigo não sabe nadar, atira-o num rio, mas ele é salvo por terceiros. 
CRIME EXAURIDO:
O crime é exaurido quando, após a consumação, que ocorre quando estiverem preenchidos no fato concreto o tipo objetivo, o agente o leva a consequências, mais lesivas. Ex. O recebimento do resgate no crime de extorsão mediante sequestro; o recebimento da vantagem no crime de corrupção;
CRIMES DOLOSOS, CULPOSOS E PRETERDOLOSOS ou PRETERINTENCIONAIS:
DOLOSO: diz-se doloso quando o sujeito quer ou assume o risco de produzir o resultado;
CULPOSO: quando o sujeito dá causa ao resultado por imprudência, imperícia e negligência art. 18, II CP. 
PRETERDOLOSO: é aquele em que a ação causa um resultado mais grave que o pretendido pelo agente. O sujeito quer um minus e a sua conduta produz um majus. É o dolo no antecedente e a culpa no consequente. (Dolo na ação e culpa no resultado);
CRIMES SIMPLES, PRIVILEGIADOS E QUALIFICADOS:
SIMPLES: É o descrito em sua forma fundamental. 
PRIVILEGIADOS: após a descrição fundamental do crime, o legislador acrescenta ao tipo determinadas circunstâncias de natureza objetiva ou subjetiva, com função de diminuição da pena. Ex. Homicídio privilegiado e qualificado. 
CRIMES DE OPINIÃO:
Consiste em abuso de liberdade do pensamento, seja pela palavra, seja pela imprensa. 
CRIMES DE MÚLTIPLA AÇÃO OU DE CONTEÚDO VARIADO e DE CONTEÚDO ÚNICO:
De ação única é aquele cujo tipo penal contém apenas uma modalidade de conduta, expressa no verbo que constitui o núcleo da figura típica. Ex. Homicídio. 
De ação múltipla, o tipo contém várias modalidades de conduta, em vários verbos, qualquer deles caracterizando a prática de crime. Art. 33 da lei 11.343/06 
CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA E DE AÇÃO PENAL PRIVADA:
- o art. 100 do CP diz que a ação penal é publica, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. O mesmo art. 100 dá o critério.
CRIME HABITUAL:
- é a reiteração da mesma conduta reprovável, de forma a constituir um estilo ou hábito de vida. Ex. Curandeirismo (284). As ações que integram o crime habitual não são crime. Não confundir com a habitualidade no crime.
CRIMES CONEXOS:
CONEXO é quando ocorre um nexo, um liame entre os delitos; assim quando o sujeito pratica uma infração para ocultar a outra Ex. art. 121, § 2º, V, CP.
A CONEXÃO PODE SER:
TELEOLÓGICA: ocorre quando um sujeito pratica um crime para assegurar a execução de outro. O sujeito mata o marido para estuprar a esposa. Há dois crimes: homicídio e estupro. O homicídio será qualificado.
CONSEQUENCIAL: Quando um crime é cometido para assegurar a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
OCULTAÇÃO: Ex. o sujeito, após furtar, incendeia a casa para fazer desaparecer os vestígios. Tem por fim o fato criminoso, o agente pretende que o delito não seja conhecido. 
	IMPUNIDADE: O sujeito, após praticar um crime de dano, mata a testemunha para que ela não o aponte como autor. (Impunidade do dano). Tem-se em vista o agente, o fato não é ocultado, mas sim é realizada a conduta para que o autor do crime-fim não seja conhecido. 
		VANTAGEM: depois de aplicar um estelionato em concurso com “B”, mata-o para ficar com todo o produto do estelionato. 
CRIMES FUNCIONAIS:
Pertencem à categoria dos crimes próprios, que só podem ser cometidos por determinadas pessoas em face de uma condição ou situação particular. São os que só podem ser praticados por pessoas que exercem funções públicas. São também conhecidos por crimes de responsabilidades. Podem ser:
CRIMES FUNCIONAIS PRÓPRIOS:
A ausência da qualidade referente ao exercício da função pública por parte do agente causa uma atipicidade absoluta. Ex. prevaricação Art. 319 CP. 
CRIMES FUNCIONAIS IMPRÓPRIOS: 
A ausência do exercício da função opera uma atipicidade relativa. Ex. Peculato: ausente a elementar funcionário público o fato passa a constituir apropriação indébita. 
São crimes funcionais típicos não só os descritos a partir do art. 312 CP. Ex. art. 150 do CP. 
CRIMES A DISTÂNCIA E PLURILOCAIS:
Está ligado com os atos executórios e a consumação, se forem no mesmo local ou em local diferente. Conduta em um país e o resultado em outro. 
CRIMES DE TIPO FECHADO E DE TIPO ABERTO:
FECHADO: São aqueles que apresentam a definição completa, como o homicídio. Neles, a norma de proibição descumprida pelo sujeito aparece de forma clara. Ex. Matar alguém. 
ABERTO: não apresentam a descrição típica completa. Necessita ser pesquisado pelo julgador no caso concreto. Ex. se o crime é culposo (homicídio). É necessário estabelecer qual o cuidado objetivo necessário descumprido pelo sujeito. 
TENTATIVA BRANCA:
Ocorre quando o objeto material não sofre lesão. Ex. Disparos de tiros de revólver, sem acertar o sujeito. 
CRIMES HEDIONDOS:
São os repugnantes, sórdidos, decorrentes de condutas que, pela forma de execução ou pela gravidade objetiva dos resultados, causam intensa repulsa. L. 8.072/90.

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