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Adriana Lúcia Muniz de Souza REF. BIBLIOGRÁFICA: CESAR BITENCOURT VOL. 1, 2018 E CELSO DELMANTO 2016 REVISÃO CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES Classificação de Crimes OBS: Sujeitos do Crime – PF > 18a. ou PJ – dupla imputação – Regra Geral (art. 173, §5° e art. 225, § 3° da CF/88). Lembrar que até mesmo ente indeterminado, destituído de personalidade jurídica (família, coletividade), nestes últimos, é chamado ela doutrina de crime vago. Os sujeitos podem ser: a) Passivo constante: mediato, formal, geral ou genérico (não aceito) – Será sempre o ESTADO interessado na manutenção da paz pública e da ordem social. Há casos em que o Estado, em crimes contra a Administração Pública será sujeito passivo formal e material); b) Passivo eventual: imediato, material, particular ou acidental – É o titular do interesse penalmente protegido, quem sofre a lesão, quem tem desrespeitado seu bem jurídico tutelado. Espécies: comum (qualquer vítima), próprio (exige qualidade e condição especial da vítima) - feminicídio, qualquer crime funcional, bipróprio (exige qualidade e condição especial da vítima e do autor) –infanticídio **lembrar da controvérsia que inclui o pai, bicomum (sendo qualquer pessoa como autor como vítima ( sem condições ou qualidades especiais) – ex. furto), de dupla subjetividade passiva (obrigatoriedade de pluralidade de vítimas) – art. 151 – violação de correspondência (remetente e destinatário). O morto – não sendo titular de direitos. Não é sujeito passivo de crime. Punem-se, entretanto, os delitos, contra o respeito aos mortos. (arts. 209 a 212 do CP). Nesses casos, a vítima é a coletividade. Também previsto a calúnia contra o morto (art. 138, §2°, CP), sujeito passivo - a família. Os animais, não são vítimas, embora possam aparecer como objeto material do delito. O sujeito passivo é o proprietário do animal (crime de dano, de furto) ou a coletividade (infrações ambientais – art. 64 da Lei de Crimes Ambientais (LCA). Em regra, o homem não pode ser ao mesmo tempo o sujeito ativo e passivo de crime. Exceções – estelionato – auto lesiona) dinheiro do seguro – fraude contra seguro (art. 171, § 2°, V, do CP) e na autoacusação falsa à vítima e o Estado (art. 341, do CP). OBS: Objeto jurídico – é bem ou interesse tutelado pela norma (ex. Homicídio - > Vida, Estupro – Liberdade Sexual, Furto – patrimônio (a pessoa, é o sujeito passivo - o proprietário e o bem material é a coisa). (Cuidado!) e objeto material é a pessoa ou a coisa atingida pela conduta criminosa. Em crimes de mera conduta ( invasão de domicilio, reingresso de estrangeiro expulso (art. 338)e em todos os crimes omissivos puros ( Omissão de Socorro) , NÃO HÁ OBJETO MATERIAL. COMUM PRÓPRIO OU ESPECIAL DE MÃO PRÓPRIA/ATUAÇÃO PESSOAL OU DE CONDUTA INFUNGÍVEL Pode ser praticado por qualquer pessoa Crime comum é o que pode ser praticado por qualquer pessoa. Não exige qualidade ou condição. Nos delitos comuns qualquer um pode ser o autor, como indica o anônimo ‘quem’ no começo da maioria dos preceitos penais. Só pode ser praticado pelo sujeito que detenha uma situação fática ou jurídica diferenciada. (tem uma qualidade e especialidade) é aquele que exige determinada qualidade ou condição pessoal do agente. Pode ser condição jurídica (acionista); profissional ou social (comerciante); natural (gestante, mãe); parentesco (descendente) etc. Se incluem no tipo, como autores, algumas pessoas especialmente caracterizadas (v.g., funcionários ou soldados). Já o crime próprio é aquele específico de determinada categoria de pessoas, como os funcionários públicos, não fazendo a lei expressa exigência de algum caráter personalíssimo que o autor deva possuir. Como exemplo de crime próprio podemos citar a concussão, prevista no art. 316 do CP, que é própria de funcionário público. Ressalte-se, por fim, que nos crimes próprios pode haver tanto coautoria quanto participação de terceiros, desde que o extraneus tenha consciência da especial qualidade do autor. Só pode ser praticado pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. (caráter de conduta infungível) é aquele que só pode ser praticado pelo agente pessoalmente, não podendo utilizar-se de interposta pessoa. O “tipo pressupõe um ato de execução corporal ou, ao menos, pessoal, que o autor deve realizar, porque de outra forma faltará o injusto específico” O crime de mão própria é aquele em que o tipo penal exige circunstâncias personalíssimas do sujeito ativo, sendo impossível outra pessoa praticá-lo, nos moldes da figura incriminadora, inviabilizando, assim, coautoria de terceiros que não as ostentem. Isto porque a coautoria não deixa de ser a autoria de uma parte dos atos de execução por outra pessoa, como lembram M. Cobo Del Rosal e T. S. Vives Anton: “Existe coautoria quando o tipo do injusto se realiza conjuntamente por várias pessoas, cada uma das quais toma parte direta na execução dos fatos” (Derecho Penal— Parte General, 3à ed., Valência, Tirant lo Blanch, 1990, p. 596). Como exemplo de crime de mão própria, lembramos o delito de falso testemunho ou de falsa perícia, tipificado no art. 342 do CP, que só podem ser praticados pela testemunha ou perito, como também o crime de patrocínio infiel ou tergiversação, que só pode ser cometido por advogado ou procurador, previsto no art. 355 do CP. Os crimes de mão própria não admitem coautoria de estranhos, mas somente participação. (Exceção: ADV. QUE INSTRUI A TESTEMUNHA A PRESTAR DEPOIMENTO INVERÍDICO NO AUTOS - Precedente do STF) Ex: Homicídio (art. 121), lesão corporal, estelionato, furto Ex: Crime de Peculato (só funcionários públicos) (art. 312) Ex: Crime de falso testemunho ou falsa perícia (art. 342), adultério, prevaricação. ADMITE PARTICIPAÇÃO OU COAUTORIA ADMITE PARTICIPAÇÃO OU COAUTORIA ADMITE PARTICIPAÇÃO A distinção entre crime próprio e crime de mão própria, segundo Damásio, consiste no fato de que, “nos crimes próprios, o sujeito ativo pode determinar a outrem a sua execução (autor), embora possam ser cometidos apenas por um número limitado de pessoas; nos crimes de mão própria, embora possam ser praticados por qualquer pessoa, ninguém os comete por intermédio de outrem”. Delitos especiais IMPRÓPRIOS – PODEM SER cometidos por qualquer um, mas a autoria de pessoas qualificadas constitui uma causa de agravamento da pena. - OUTRA CLASSIFICAÇÃO – CRIME IMPOSSÍVEL OU TENTATIVA INIDÔNEA – crime impossível, tentativa inidônea, tentativa inadequada ou quase crime. Muitas vezes, após a prática do fato, constata-se que o agente jamais conseguiria consumar o crime, quer pela ineficácia absoluta do meio empregado, quer pela absoluta impropriedade do objeto visado pela ação executiva. PURO IMPURO Relembrando – ERROS (ART. 20, CP) Não tem plena consciência. - Exclusão de dolo – manutenção da culpa. (erro de tipo) age com cautela necessária e espera, por algo e acaba cometendo um crime que poderia ter sido evitado. Erros de tipo: a) (acidental) – Circunstâncias secundárias – não impede o conhecimento do ato ilícito. Podem ser por resultado diverso; por objeto – ao invés de 1 leva o outro; abberratio causae; in persona e execução. b) (essencial): Sem a condição diferenciada do sujeito ativo, O FATO É ATÍPICO Ex: O CRIME DE ABANDONO DE FUNÇÃO (ART. 323) – SÓ EXISTE SE FOR PRATICADO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Sem a condição diferenciada do sujeito ativo, O FATO É TÍPICO com base em outro tipo penal. Ex.: se o indivíduo não for funcionário público, não poderá responder por peculato (art. 312), mas o mesmo fato pode se subsumir ao crime de furto (art. 155) ou Há, portanto, duas espécies diferentes de crime impossível: a) por ineficácia absoluta do meio empregado; - o meio, por sua natureza, é inadequado, inidôneo, absolutamente ineficaz para produziro resultado pretendido pelo agente. No entanto, é indispensável que o meio seja inteiramente ineficaz. Se a ineficácia do meio for relativa, haverá tentativa punível. Os exemplos clássicos, como ineficácia absoluta do meio, são os da tentativa de homicídio por envenenamento com a aplicação de farinha em vez de veneno, ou do agente que aciona o gatilho, mas a arma encontra-se descarregada. b) por absoluta impropriedade do objeto. - Ocorre quando o objeto é absolutamente impróprio para a realização do crime visado. Aqui também a inidoneidade tem de ser absoluta. Há crime impossível, por exemplo, nas manobras abortivas em mulher que não está grávida; no disparo de arma de fogo, com animus necandi, em cadáver. São hipóteses em que, se os meios fossem idôneos ou próprios fossem os objetos, haveria, no mínimo, início de execução de um crime. de apropriação indébita (art. 168). a. Art. 20, caput, 1ª parte – escusável ou invencível - o resultado ocorre mesmo que o agente tenha praticado com diligência. b. Art. 20, 1ª parte – quando o agente no caso concreto, em não agindo com cautela necessária e esperada, acaba cometendo crime que poderia ater sido evitado. (ex. homicídio culposo) Ex. Tio e sobrinho saem para caçar. Cansados de esperar, e já sem agua, depois de um longo dia, o sobrinho vai atrás de água, enquanto o outro espera. Ao retornar, já tarde, quem estava esperando acha que o que está se movendo é a caça, e sem cautelas necessárias, -atira -, só depois quando se aproxima que vê o sobrinho. Vê em cima! ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. DESCRIMINANTES PUTATIVAS § 1° É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO § 2° Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. ERRO SOBRE A PESSOA § 3° O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO (Erro de proibição) Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Este art. 21 trata do erro sobre a ilicitude do fato, mais conhecido como erro de proibição. É, pois, de uma causa que pode impossibilitar a compreensão da ilicitude (ou antijuridicidade) de que trata este artigo. Dispõe ele que, embora o desconhecimento formal da lei seja inescusável (indescupável), o erro sobre a ilicitude do fato pode isentar de pena (se o engano foi inevitável) ou diminuí-la (se tal erro podia ter sido evitado). Assim, fica estabelecido o chamado erro sobre a ilicitude do fato (ou erro de proibição), que ocorre quando o sujeito, embora agindo com vontade (dolosamente), atua por erro quanto à ilicitude de seu comportamento, que afeta, portanto, a reprovabilidade ou culpabilidade de sua conduta. ■ Diferença entre os dois erros: No erro sobre elementos do tipo (CP, art. 20), o engano recai sobre elemento do tipo penal e exclui o dolo. No erro sobre a ilicitude do fato (CP, art. 21), o engano incide sobre a ilicitude do comportamento do sujeito, refletindo na culpabilidade, de forma a excluí-la ou atenuá-la. SIMPLES COMPLEXO Ajusta-se a um único tipo penal Fusão de dois ou mais tipos penais Ex: Furto (art. 155) Ex: o roubo (art. 157) – é a fusão do furto (art. 155) + ameaça (art. 147) denunciação caluniosa (art. 339) – fusão da calúnia (art. 138) com a conduta lícita de denunciar a autoridade pública de uma infração penal e sua respectiva autoria. MONO-OFENSIVO PLURI-OFENSIVO Protege apenas um bem jurídico Protege mais de um bem jurídico Ex.: o furto (art. 155) protege apenas o patrimônio Ex: Extorsão (art. 158) protege o patrimônio, a liberdade individual, a integridade física e até mesmo a vida. INSTANTÂNEO PERMANENTE é o que se esgota com a ocorrência do resultado. Segundo Damásio, é o que se completa num determinado instante, sem continuidade temporal (lesão corporal). Instantâneo não significa praticado rapidamente, mas significa que uma vez realizados os seus elementos nada mais se poderá fazer para impedir sua ocorrência. Ademais, o fato de o agente continuar beneficiando-se com o resultado, como no furto, não altera a sua qualidade de instantâneo. Consuma-se em momento determinado. Ex. furto (art. 155) é aquele crime cuja consumação se alonga no tempo, dependente da atividade do agente, que poderá cessar quando este quiser (cárcere privado, sequestro). Crime permanente não pode ser confundido com crime instantâneo de efeitos permanentes (homicídio, furto, bigamia), cuja permanência não depende da continuidade da ação do agente. Ou seja, independentemente da vontade do agente, os efeitos se prolongam após a consumação. Por vontade do agente, a consumação prolonga-se no tempo. (sequestro (art. 148). UNISSUBSISTENTE PLURISSUBSISTENTE constitui-se de ato único de execução (conduta não fracionável). O processo executivo unitário, que não admite fracionamento, coincide temporalmente com a consumação, sendo impossível, consequentemente, a tentativa (injúria verbal). Os delitos formais (para aqueles que aceitam esta classificação) e de mera conduta, de regra, são unissubsistentes. NÃO ADMITE TENTATIVA sua execução pode desdobrar-se em vários atos sucessivos (atos de execução fracionáveis/conduta fracionável), de tal sorte que a ação e o resultado típico separam-se espacialmente, como é o caso dos crimes materiais, que, em geral, são plurissubsistentes. ADMITE TENTATIVA Ex.: omissão de socorro (art. 135) – quando o agente deixa de prestar assistência, o crime já estará consumado. Ex.: homicídio (art. 122) - com golpes de faca. UNISSUBJETIVO PLURISSUBJETIVO é aquele que pode ser praticado pelo agente individualmente — que também admite o concurso eventual de pessoas —, constituindo a regra geral das condutas delituosas previstas no ordenamento jurídico-penal. é o crime de concurso necessário, isto é, aquele que por sua estrutura típica exige o concurso de, no mínimo, duas pessoas. A conduta dos participantes pode ser paralela (quadrilha), convergente (adultério e bigamia), ou divergente (rixa). Ou seja, o crime só pode ser realizado mediante o concurso de pessoas (crimes de concurso necessário). - Pode ser praticado por uma pessoa ou por várias pessoas (crimes de concurso eventual) – traduzindo, consigo praticar sozinho? Sim – é unisubjetivo. Não é necessário a prática por mais de uma pessoa. Traduzindo, consigo realizar sozinho? NÃO. PRECISA DE NO MÍNIMO DUAS PESSOAS PARA A SUA REALIZAÇÃO. Ex. homicídio, furto. Ex.: associação criminosa (art. 288), rixa, bigamia, adultério. DUPLA SUBJETIVIDADE - em crimes de dupla subjetividade passiva, quando são vítimas, ao mesmo tempo, dois indivíduos, como, por exemplo, a violação de correspondência, no qual são sujeitos passivos remetente e destinatário (Bitencourt – classifica com os crimes de ação única e múltiplas) TRANSEUNTE NÃO TRANSEUNTE Não deixa vestígio material Deixa vestígio material (Homicídio) TENTADO PUTATIVO Na tentativa, o movimento criminoso para em uma das fases da execução, impedindo o agente de prosseguir no seu desideratopor circunstâncias estranhas ao seu querer. Não existe dolo especial de tentativa, diferentemente de elemento subjetivo informador do crime consumado. Não há dolo de tentar algo de tentar realizar conduta delitiva. O dolo é SEMPRE fazer algo, de realizar, de concluir uma determinada ação. O DOLO NA TENTATIVA É O MESMO DO CRIME CONSUMADO. A tentativa é o crime que entrou em execução (teoria objetivo-formal – exigido início de fato típico ilícito e culpabilidade), mas no seu caminho para a consumação é interrompido por circunstâncias acidentais. A figura típica não se completa, mas, ainda assim, a conduta executória realizada pelo agente reveste-se do atributo da tipicidade por expressa determinação legal (norma de extensão). A conduta desenvolve-se no caminho da consumação, mas, antes que esta seja atingida, causa estranha detém a realização do que o agente havia planejado. Fica faltando, para dizer com Beling, “a fração última e típica da ação”. A TENTATIVA é constituída dos seguintes elementos: O crime putativo só existe na imaginação do agente, podendo-se afirmar que se trata de um “crime subjetivo”. Este supõe, erroneamente, que está praticando uma conduta típica, quando na verdade o fato não constitui crime. Como o crime só existe na imaginação do agente, esse conceito equivocado não basta para torná-lo punível. Há no crime putativo um erro de proibição às avessas (o agente imagina proibida uma conduta permitida). a) pela própria vontade do agente;( tentativa imperfeita) - deixando incompleto objetiva e subjetivamente • poderá haver desistência eficaz ou desistência voluntária b) por circunstâncias alheias (estranhas a ele); (crime falho) - o resultado não se verifica por meio acidental. – Configura tentativa perfeita c) dolo em relação ao crime total – pela vontade EXAURIDO CONSUMADO Após a consumação do crime, o agente persiste na agressão ao bem jurídico. OS atos posteriores à consumação podem ser penalmente irrelevantes ou podem agravar a pena. Ex. Crimes de resistência (art. 329). A pena é agravada se o ato, em razão da resistência, não se executa. que reúne todos os elementos de sua definição legal, ou seja, quando o fato concreto se subsume ao tipo abstrato descrito na lei penal. Consuma-se o crime quando o tipo está inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se subsume no tipo abstrato da lei penal. Quando são preenchidos todos os elementos do tipo objetivo, pelo fato natural, ocorrem a consumação. Consuma-se o crime quando o agente realiza todos os elementos que compõem a descrição do tipo legal (art. 14, I). DANO PERIGO é aquele para cuja consumação é necessária a superveniência de um resultado material que consiste na lesão efetiva do bem jurídico. A ausência desta pode caracterizar a tentativa ou um indiferente penal, como ocorre com os crimes materiais (homicídio, furto, lesão corporal). é aquele que se consuma com a superveniência de um resultado material que consiste na simples criação do perigo real para o bem jurídico protegido, sem produzir um dano efetivo. Nesses crimes, o elemento subjetivo é o dolo de perigo, cuja vontade limita-se à criação da situação de perigo, não querendo o dano, nem mesmo eventualmente. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DE CRIME • CRIME VAGO – O sujeito passivo não tem personalidade jurídica. Exemplo. O tráfico de drogas é um crime contra a coletividade. • Subsidiário – configurasse somente se a conduta não se amoldar a um crime mais grave (soldado de guerra). Crime de dando (art. 163). • Progressivo ou de passagem – o agente, para alcançar um determinado resultado mais grave, produz outro resultado menos grave como fase antecedente. CONCRETO ABSTRATO é aquele que precisa ser comprovado, isto é, deve ser demonstrada a situação efetiva de risco ocorrida no caso concreto ao bem juridicamente protegido. O perigo é reconhecível por uma valoração da probabilidade de pode ser entendido como aquele que é presumido juris et de jure. Nesses termos, o perigo não precisaria ser provado, pois seria suficiente a simples prática da ação que se pressupõe perigosa. • Acessório – pressupõe outro crime anterior. Ex. receptação (art. 180); e lavagem de capitais (Lei 0.613/98). • Remetido – o tipo penal remete a outro crime. Ex. fazer uso de qualquer dos papeis falsificados ou alterados a que se referem os arts. 297 a 302 – uso de documento falso. • Habitual – a consumação depende de reiteração uniforme de vários fatos criminosos. Ex. curandeirismo – NÃO ADMITE TENTATIVA. • Funcional ou crime próprio com estrutura inversa – praticado contra funcionário público. • De prazo – crime cuja consumação exige transcurso de um lapso temporal. Ex. o crime de apropriação de coisa achada (art. 169), exige a observância do prazo de 15 dias. • De menor potencial ofensivo – a pena máxima não é superior a 2 anos. Rito dos Juizados Especiais Criminais. Lei 9.099/95. superveniência de um dano para o bem jurídico que é colocado em uma situação de risco, no caso concreto. Consuma-se com a efetiva lesão do bem jurídico. Ex. Lesões corporais. (art. 129) A situação perigosa deve ser comprovada. Ex. no crime de abandono de recém-nascido ou de exposição (art. 134) - é indispensável comprovação de que o abandono ou a exposição criaram perigo concreto à vida ou á saúde do recém-nascido. Ocorre que esse entendimento contraria o princípio de ofensividade, como já indicamos no segundo capítulo desta obra. Se o legislador penal pretende admitir a existência de crimes de perigo abstrato, é necessário ajustar, com a maior precisão possível, o âmbito da conduta punível, sem deixar de lado os princípios limitadores do exercício do poder punitivo estatal (princípios desenvolvidos no segundo capítulo), com o fim de evitar uma expansão desmedida do Direito Penal. Significa, em outros termos, que nos delitos de perigo abstrato é necessário demonstrar, pelo menos, a idoneidade da conduta realizada pelo agente para produzir um potencial resultado de dano ao bem jurídico, visto desde uma perspectiva genérica. Sumula STJ 575: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. EREsp 1005300, STJ:” os crimes de perigo abstrato não implicam, em todos os casos, violação ao princípio da ofensividade, pois tendo como objeto risco juridicamente reprovável criado sob uma perspectiva ex ante, diferenciam-se dos delitos de perigo concreto e dos delitos de lesão tão-somente quanto ao grau de proteção que conferem ao bem jurídico tutelado. COMISSIVO OMISSIVO COMISSIVO-OMISSIVO consiste na realização de uma ação positiva visando a um resultado tipicamente ilícito, ou seja, no fazer o que a lei proíbe. A maioria dos crimes previstos no Código Penal e na legislação extravagante é constituída pelos delitos de ação, isto é, pelos delitos comissivos. configura-se com a simples abstenção da conduta devida, quando podia e devia realizá-la, independentemente do resultado. A inatividade constitui, em si mesma, crime (omissão de socorro). No crime omissivo próprio - consiste no fato de o agente deixar de realizar determinada conduta, tendo a obrigação jurídica de fazê-lo; No crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão, a omissão é o meio através do qual o agente produz um resultado. Nestes crimes, o agente responde não pela omissão simplesmente, mas pelo resultado decorrente desta, a que estava, juridicamente, obrigado a impedir (art. 13, § 2º, do CP). Também classificado como ESPÚRIO OU PROMÍSCUO. DOLOSO CULPOSO PRETERDOLOSO refere-seà natureza do elemento volitivo caracterizador da infração penal quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-los. quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18 do CP). Enquanto o dolo gira em torno da vontade e finalidade do comportamento do sujeito, a culpa não cuida da finalidade na conduta (que quase sempre é o crime cujo resultado total é mais grave do que o pretendido pelo agente. Há uma conjugação de dolo (no antecedente) e culpa (no subsequente): o agente quer um minus e produz um majus. O dolo (art. 18, parte 1, CP) diz direto ou determinado quando o agente quis o resultado ou indireto ou indeterminado (art.18, parte 2, CP), assumiu o risco. Relembrando: Dolo natural: vontade e consciência de manifestar essa contade, e assim, praticar conduta proibida pela lei penal, querendo determinado resultado. Divide-se em: (art. 18, I) a) Dolo direto – o agente quis determinado resultado, teve a intenção de provocá-lo; b) Dolo indireto – quando a vontade do agente não visa um resultado preciso e determinado, no entanto, sabia que sua conduta poderia causa-lo. • Pode ser: i. eventual – o agente consciente admite e assume o risco de produzir o resultado; ii. alternativo – quando a vontade visa um ou outro resultado. c) Outros tipos de dolo: • Dolo de dano - elemento subjetivo é relacionado com o dano – quis ou assumiu produzir. • Dolo de perigo - elemento subjetivo é relacionado ao perigo - – quis ou assumiu produzir. • Dolo genérico i. para a doutrina clássica – a vontade de praticar o fato descrito na lei • Dolo específico i. para a doutrina clássica – também existe a vontade de produzir, um fim especial. é lícita), mas da não observância do dever de cuidado do sujeito, causando o resultado e tornando punível o seu comportamento. Modalidades: a) Imprudência: prática de ato perigoso; b) Negligência: falta de precaução; c) Imperícia: falta de aptidão técnica, teórica ou prática. Só pode ser atribuída no exercício de arte ou profissão. Espécies de Culpa: a) Culpa consciente ( grau mais elevado da culpa) • Prevê o resultado e espera que não aconteça. b) Culpa inconsciente • Não prevê o resultado embora seja previsível. c) Culpa própria • Não prevê o resultado, nem assume o risco de provoca-lo. d) Culpa imprópria • O sujeito prevê e quer o resultado, mas sua vontade baseia-se em erro de tipo inescusável ou vencível (arts. 20, § 1° e 23, do CP) – culpa por assimilação, extensão ou equiparação. Dolo na ação e culpa no resultado. • Para a doutrina finalista – APENAS DOLO ÚNICO – FIM ESPECIAL) No nosso ordenamento jurídico, o que importa é o dolo no momento da pratica da conduta criminosa, quando o agente deu início ao curso causal de sua conduta, sendo irrelevantes os conceitos de dolo antecedente [(premeditação do planejamento) – não se pune a intenção], intensidade do dolo [dolo não comporta graus] e dolo subsequente (salvo. associação criminosa, art. 228) [Claus Roxin – afirma que responde por homicídio culposo aquele que mata por imprudência um desafeto, ainda que alegado depois). DIFERENÇA ENTRE DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE - No dolo eventual, o sujeito assumiu o risco de produzir o resultado, não bastando alegar seu conhecimento potencial; é indiferente às consequências acessórias negativas meramente possíveis. A indiferença será um INDÍCIO SEGURO DE DOLO EVENTUAL. Havendo dúvida, se dolo eventual ou culpa consciente – em face do princípio favor libertatis – in dubio pro réu. Teoria da Indiferença - Claus Roxin. (DIFERENTE TB DE conduta inconsequente – é uma culpa gravíssima – CTN (lei 12.971/2014) art. 302, caput, §§ 1° e 2° Jurisprudências – Dolo eventual ou culpa – Em acidente de trânsito, embora possível, o dolo eventual só pode ser admitido em face de prova insuspeita de animus necandi do agente. Deve ser extraído das circunstâncias do evento não da mente do autor. a) Há dolo eventual i. se o agente, depois de BEBER grande quantidade de cerveja -SAI EM VELOCIDADE ELEVADA E abalroa veículo estacionado – ferindo pessoas. ii. Contramão + bebida alcóolica; iii. deficiente físico sem habilitação em veículo sem adaptação; iv. Racha. b) NÃO há dolo eventual i. menor + direção+ exibição ; ii. Embriaguez da direção de veículo automotor. O homicídio na forma culposa, na direção de veículo automotor art. 302, CTB, prevalece se a capitulação atribuída ao fato do homicídio doloso é apenas a preordenada. Comprovando-se que o agente se embebedou para PRATICAR o ilícito ou assumir o risco de produzi-lo. #assumir o risco de produzir o resultado consiste em representa-lo como possível e aceita-lo em última instância, não abstendo da conduta que a ele conduz. Se a prova não PERMITE CERTEZA PLENA a respeito do réu ter aceito o resultado em última instância, ao negar o dolo eventual o júri não decidiu contra a evidência do autor. MATERIAL FORMAL MERA CONDUTA ou de resultado (porque necessariamente deve produzir-se), descreve a conduta cujo resultado integra o próprio tipo penal, isto é, para a sua consumação é indispensável a produção de um resultado separado do comportamento que o precede. O fato típico se compõe da conduta humana e da modificação do mundo exterior por ela operada. O resultado material que integra a descrição típica pode ser tanto de dano como de perigo concreto para o bem jurídico protegido. A não ocorrência do resultado caracteriza a tentativa. Nos crimes materiais a ação e o resultado são, em regra, cronologicamente distintos (v.g., homicídio, furto). A consumação depende da ocorrência do resultado naturalístico. Também descreve um resultado, que, contudo, não precisa verificar-se para ocorrer a consumação. Basta a ação do agente e a vontade de concretizá-lo, configuradoras do dano potencial, isto é, do eventus periculi (ameaça, a injúria verbal). Afirma-se que no crime formal o legislador antecipa a consumação, satisfazendo-se com a simples ação do agente, ou, como dizia Hungria, “a consumação antecede ou alheia-se ao “eventus damni”. A consumação independe da ocorrência do resultado naturalístico. Podem ou não ter objeto material. Basta a ação e a vontade de concretizá-lo. Ex: Súmula 96 do STJ, O CRIME DE EXTORSÃO consuma-se independentemente da obtenção de vantagem indevida. Sumula 500, STJ: “A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do Seguindo a orientação de Grispigni, Damásio distingue do crime formal o crime de mera conduta, no qual o legislador descreve somente o comportamento do agente, sem se preocupar com o resultado (desobediência, invasão de domicílio). Tanto para ação como para omissão. Em regram são unissubsistentes. Os crimes formais distinguem-se dos de mera conduta — afirma Damásio — porque “estes são sem resultado; aqueles possuem resultado, mas o legislador antecipa a consumação à sua produção”. A lei penal se satisfaz com a simples atividade do agente. Na verdade, temos dificuldade de constatar com precisão a diferença entre crime formal e de mera conduta porque se trata de uma classificação imprecisa, superada pela moderna dogmática jurídico-penal. Com efeito, os crimes de resultado abrangem tanto os resultados de dano como os resultados de perigo. Só ocorre homicídio (art. 121) com o óbito da vítima. Em regra, plurissubsistente. menor, por se tratar de delito formal.” (Súmula 500, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, DJe 28/10/2013). Em regra, unissubsistente. Nesses termos, os crimes ditos formais podem constituir crimes de resultado de perigo para o bem jurídico protegido pela norma penal. Na realidade, aclassificação que consideramos mais adequada, em função da técnica legislativa utilizada na redação dos tipos penais, é aquela que distingue os crimes de resultado dos crimes de mera conduta, por que o elemento a ser considerado, nesse âmbito, é se, para a consumação do crime, há a exigência da produção de algum tipo de resultado: nos crimes materiais podem ser diferenciadas as espécies de resultado (de dano ou de perigo), enquanto nos crimes de mera conduta, a simples ação ou omissão já é suficiente para a sua consumação. NÃO HÁ RESULTADO NATURALÍSTICO - O tipo só descreve a conduta. Ex. Não há resultado naturalístico no crime de praticar ato obsceno (art. 233). É um crime de simples atividade.
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