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Pesquisa sobre Refugiados

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TEORIA E PRÁTICA DA REDAÇÃO JURÍDICA
“REFUGIADOS”
Equipe: 1. Alessandro do Nascimento
	 2. Aline de Castro Ferreira
	 3. Angelo Honorato
	 4. Cleber Clemente Vale
	 5. Igor Alberto Ribeiro
	 6. Marcela Santos
	 7. Marcelo Gomes
	 8. Marcilene Campos
	 9. Raquel Maria Berno Netto
	 10. Simone A. da Silva
	 11. Waldenir da Costa Mello
Direito -4º período
Estácio de Sá
2016
Indice
Reportagem extraída do jornal El pais em língua portuguesa - ONU alerta a UE que está proibida a “expulsão coletiva”
Reportagem extraída do jornal El pais em espanhol
Reportagem extraída do jornal BBC Londres - Brasil acolhe mais sírios que países na 
rota europeia de refugiados
Entendendo a questão dos refugiados
 Uma história de conflitos
 Como começou a guerra na Síria?
 O que é um país seguro?
 Acordo sobre fluxo de refugiados entre a UE e a Turquia é "uma não solução"
 Guia para entender o drama dos refugiados sírios na Europa
 Qual sido a resposta dos membros da União Europeia (UE) à atual crise global de refugiados?
ONU alerta a UE que está proibida a “expulsão coletiva”
Órgão expressa suas dúvidas pela devolução em massa de refugiados
LUCÍA ABELLÁN
Bruxelas 8 MAR 2016 - 22:26 CET
Fonte: Jornal El País
MICHALIS KARAGIANNIS REUTERS
Um imigrante com um bebê chega na terça-feira a Atenas vindo das ilhas gregas.
Os receios expressados pela ONU e por organizações de direitos humanos em relação ao revolucionário acordo sobre refugiados esboçado pela UE e a Turquia trazem dúvidas sobre seu futuro.
A ACNUR, a agência das Nações Unidas dedicada aos refugiados, manifestou na terça-feira sua inquietação por um pacto que permitirá a partir de agora expulsar em grande escala todos os estrangeiros que chegarem nas costas gregas, incluindo os refugiados sírios.
“Estou profundamente preocupado pelo acordo”, disse o alto comissário da ONU, Filippo Grandi.
Os líderes europeus utilizarão os próximos dez dias para analisar legalmente a proposta para que seja referendada na próxima semana.
Poucas horas após o fim da reunião entre UE e Turquia que deu uma guinada na gestão da União Europeia sobre a crise dos refugiados, o principal responsável da ACNUR foi ao Parlamento Europeu para falar dos problemas dos asilados.
E justificou sua inquietação pelo acordado para aliviar a carga que a Europa sente sobre seus ombros.
“Não é possível assinar nenhum acordo que não salvaguarde as garantias que os refugiados têm no direito internacional”, enfatizou. Suas palavras provocaram fortes aplausos da Eurocâmara em Estrasburgo.
Diante das vozes que tentam alertar sobre os movimentos migratórios gerados pela guerra na Síria, Grandi disse: “Isso é essencialmente um movimento de refugiados”, já que 88% dos que pedem asilo vêm dos 10 países que mais asilados geram no mundo.
E desafiou o continente a lembrar de seu passado: “É o momento de reafirmar os valores sobre os quais a Europa foi construída”.
Após sua aclamada intervenção, o comissário europeu da Imigração, Dimitris Avramopoulos, rebateu: “Todos os imigrantes irregulares (denominação na qual Bruxelas agora também inclui os sírios) serão devolvidos à Turquia, de acordo com as leis europeias e internacionais”.
Ainda mais contundente do que Filippo, o representante europeu da ONU para os refugiados, Vicente Cochelet, alertou em Genebra que o surpreendente acordo pode ser contra as leis: “Um pacto que é equivalente a um retorno em massa de todos os indivíduos de um país a um terceiro país fere a legislação europeia e a legislação internacional”.
Como voz mais autorizada na matéria, a cúpula da ACNUR coloca dúvidas legais compartilhadas por muitos diplomatas e especialistas da UE antes que a ideia de expulsar sírios da Grécia à Turquia ganhasse corpo.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, invocou a legislação para avalizar o pacto que suscita dúvidas legais.
A chamada diretiva de procedimentos de asilo contempla a possibilidade de reenviar um refugiado ao país no qual recebeu a primeira proteção (neste caso, a Turquia).
Mas ele deve receber várias condições.
O Estado deve ser considerado um terceiro país seguro, ou seja, capaz de oferecer proteção às pessoas que a exigirem. Em termos práticos, isso implica, entre outros elementos, que a pessoa pode “solicitar o estatuto de refugiado e, no caso de sê-lo, receber proteção sustentada pela Convenção de Genebra”.
Aí surgem os problemas.
A Turquia oferece limites muito irregulares de proteção internacional. Subscreveu a convenção do refugiado, mas só concede essa categoria a cidadãos europeus (os que originalmente motivaram o texto de Genebra, após a Segunda Guerra Mundial).
Para os sírios, Ancara conta com um esquema de proteção, que não é exatamente o mesmo que refugiado.
Os especialistas da UE o consideram equivalente e essa é a brecha legal que lhes permite defender o acordo.
A Anistia Internacional rebate esse argumento, que considera cheio de falhas legais e morais.
“Não existe imaginação que possa fazer com que a Turquia seja considerada um terceiro país seguro e que a UE possa repassar suas obrigações a este país”, disse Iverna McGowan, chefa do escritório da Anistia para as instituições europeias.
Fim da política de portas abertas
Mas para além das dúvidas legais, os Estados membros acreditam ter alcançado uma conquista maior com o pacto com a Turquia: acabar com a ideia de que a Europa acolherá todo imigrante e refugiado que colocar os pés em seu território.
Esse é o princípio que fica após a longa reunião de segunda-feira, na falta de mais detalhes sobre ele. E apesar do mal-estar demonstrando por alguns Estados – a França entre eles – pela urgência e segredo no qual foi feito, nenhum chefe de Estado e de Governo foi capaz de se opor à mudança no tratamento concedido pela Europa aos refugiados de um conflito cruel como o da Síria.
O grande detalhe pendente está na definição do mecanismo de acolhida pelo qual a UE se compromete a receber um asilado sírio vindo da Turquia por cada pessoa dessa nacionalidade que reenviar ao país vizinho.
Fontes da UE admitem que seria complicado impor obrigações de realocação a países com sérias objeções aos asilados (como a Hungria e outros países do Leste) e que por enquanto só é possível trabalhar sobre hipóteses voluntárias.
A Human Rights Watch também criticou o que considera como “expulsões em massa aceleradas”. A ONG afirma que a Turquia de nenhuma forma pode ser considerada um país seguro para se devolver imigrantes de maneira generalizada.
“Enquanto os líderes da UE e da Turquia se reuniam em Bruxelas para acertar formas de impedir a imigração ‘irregular’ à Grécia, a fronteira da Turquia (com a Síria) continuava fechada para dezenas de milhares de refugiados sírios que fogem da ofensiva em Alepo, expondo-os a graves riscos”, disse Bill Frelick, responsável pelas questões dos refugiados na HRW.
La ONU advierte que la UE está prohibida "expulsión colectiva"
Administración expresó sus dudas para el retorno de los refugiados en los médios
Los temores expresados por las organizaciones de la ONU y los derechos humanos contra el acuerdo revolucionario en los refugiados esbozados por la UE y Turquía elevan las dudas sobre su futuro.
El ACNUR, la agencia de la ONU dedicada a los refugiados, expresó el martes su preocupación por un pacto que a partir de ahora expulsar a gran escala todos los extranjeros que llegan a las costas griegas, incluidos los refugiados sirios.
"Estoy profundamente preocupado por el acuerdo", dijo el Alto Comisionado de la ONU, Filippo Grandi.
Los líderes europeos usan los próximos diez días para analizar jurídicamente la propuesta que ser aprobado la próxima semana.
Unas pocas horas después del final de la reunión entre la UE y Turquía dieron un giro en la gestión de la Unión Europea sobre la crisis de los refugiados, el director del ACNUR fue el Parlamento Europeo para hablar de los problemasde los solicitantes de asilo.
Y justificó su preocupación estuvo de acuerdo para aliviar la carga que Europa se siente sobre sus hombros.
"No se puede firmar ningún acuerdo que no salvaguardar las garantías que tienen los refugiados en el derecho internacional", enfatizó. Sus palabras provocaron fuertes aplausos de Eurocámara en Estrasburgo.
Frente a las voces que tratan de advertir sobre los movimientos migratorios generados por la guerra en Siria, Grandi dijo: "Este es esencialmente un movimiento de refugiados", ya que el 88% de los solicitantes de asilo provienen de 10 países que generan asilados en el mundo.
Y desafió el continente para recordar su pasado: "Es hora de reafirmar los valores sobre los que se construyó Europa".
Después de su aclamado discurso, el Comisario Europeo de Inmigración, Dimitris Avramopoulos, respondió: "Todos los inmigrantes ilegales [denominación en el que Bruselas también incluye ahora los sirios] serán devueltos a Turquía, de conformidad con la legislación europea e internacional."
Más contundente que Filippo Sin embargo, el representante europeo de la ONU para los refugiados, Vicente Cochelet advirtió en Ginebra que el acuerdo puede ser sorprendente en contra de las leyes: "Un pacto que es equivalente a un retorno masivo de todos los individuos de un país un tercer país duele el derecho europeo y el derecho internacional ".
Como voz sobre utilizado en el campo, cumbre ACNUR plantea cuestiones legales compartidos por muchos diplomáticos y expertos de la UE ante la idea de expulsar a los sirios de Grecia a Turquía cuerpo de ganancia.
El Presidente de la Comisión Europea, Jean-Claude Juncker, invocó la ley para respaldar el pacto que plantea cuestiones legales.
La llamada política de los procedimientos de asilo contempla la posibilidad de volver a presentar un refugiado al país que recibió la primera protección (en este caso, Turquía).
Que no reciba una serie de condiciones.
El estado debe considerarse un tercer país seguro, es decir, capaces de proporcionar protección a las personas que lo requieran. En términos prácticos, esto significa, entre otras cosas, que una persona puede "estado de solicitud de refugiado y, en caso de ser, recibir protección sostenida por la Convención de Ginebra".
Surgen problemas.
Turquía oferece límites muy irregulares de protección internacional. Firmado la Convención sobre los refugiados, pero sólo concede esta categoría de ciudadanos europeos (los que originalmente motivó el texto de Ginebra después de la Segunda Guerra Mundial).
Para los sirios, Ankara tiene un esquema de protección que no es exactamente lo mismo que un refugiado.
Expertos de la UE consideran equivalentes y que es el vacío legal que les permite defender el acuerdo.
Amnistía Internacional rechaza este argumento, que considera llena de fracasos legales y morales.
"No hay imaginación que puede hacer que Turquía puede considerar un tercer país seguro y la UE tenga que transferir sus obligaciones a este país", dijo McGowan Iverna, Amnistía oficina jefe para las instituciones europeas.
Fin de la política de puertas abiertas
Pero más allá de las cuestiones legales, los Estados miembros creen que han logrado un mayor rendimiento con el pacto con Turquía acabar con la idea de que Europa recibe todos los días de inmigrantes y refugiados que poner un pie en su territorio.
Este es el principio de que es después de la larga reunión del lunes, a falta de más detalles al respecto. Y a pesar del malestar que demuestra por algunos estados - entre ellos Francia - La urgencia y de secreto en el que se hizo, ningún jefe de estado y de gobierno fue capaz de oponerse al cambio en el trato otorgado por Europa a los refugiados de un conflicto cruel como Siria.
El gran detalle es excepcional en la definición del mecanismo de aceptación por parte de los que la UE acordó aceptar un refugiado sirio de Turquía para cada persona de esa nacionalidad que vuelva a enviar al país vecino.
Fuentes de la UE reconocen que sería difícil de imponer obligaciones deslocalización a países con serias objeciones a los asilados (como Hungría y otros países del Este) y que por ahora sólo es posible trabajar en supuestos voluntarios.
Human Rights Watch también criticó lo que considera como "expulsiones masivas aceleradas". La ONG dijo que Turquía en modo alguno puede considerarse un país seguro para volver inmigrantes manera generalizada.
"Mientras que los líderes de la UE y Turquía se reunieron en Bruselas para establecer la forma de prevenir la inmigración" irregular "a Grecia, la frontera de Turquía [con Siria] permaneció cerrada durante decenas de miles de refugiados sirios que huyen de la ofensiva en Alepo exponiéndolos a riesgos graves ", dijo Bill Frelick, responsable de los temas de refugiados de HRW.
Brasil acolhe mais sírios que países na 
rota europeia de refugiados
Luís Guilherme Barrucho e Camilla da Costa 
BBC Brasil em Londres e em São Paulo
9 setembro 2015
 
Desde o início da crise na Síria, o Brasil vem concedendo refúgio a mais sírios do que os principais portos de destino de refugiados na Europa.
Segundo dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão ligado ao Ministério da Justiça, 2.077 sírios receberam status de refugiados do governo brasileiro de 2011 até agosto deste ano. 
Trata-se da nacionalidade com mais refugiados reconhecidos no Brasil, à frente da angolana e da congolesa.
O número é superior ao dos Estados Unidos (1.243) e ao de países no sul da Europa que recebem grandes quantidades de imigrantes ilegais ─ não apenas sírios, mas também de todo o Oriente Médio e da África ─ que atravessaram o Mediterrâneo em busca de refúgio, como Grécia (1.275), Espanha (1.335), Itália (1.005) e Portugal (15). 
Os dados da Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia, referem-se ao total de sírios que receberam asilo, e não aos que solicitaram refúgio.
Nas últimas semanas, a crise humanitária na Síria voltou a ganhar projeção na imprensa internacional, com levas de refugiados abandonando o país em direção, principalmente, à Europa. 
A imagem de um menino sírio morto em uma praia da Turquia virou símbolo da tragédia.
Apesar da distância ─ 10 mil quilômetros separam Brasil e Síria, o governo brasileiro vem mantendo uma política diferente da de muitos países europeus em relação a refugiados sírios.
Há cerca de dois anos, o CONARE publicou uma normativa facilitando a concessão de vistos à imigrantes daquele país.
Desde então, muitos sírios daquele país vem escolhendo o Brasil como destino para fugir de guerras, perseguições e pobreza.
Segundo fontes ouvidas pela BBC Brasil no Ministério das Relações Exteriores, o número de vistos concedidos por mês a cidadãos sírios em apenas uma das embaixadas brasileiras no Oriente Médio é hoje quatro vezes maior do que antes do início da crise, em 2011.
Naquele ano, grupos rebeldes tentaram tomar o poder no país e entraram em confronto com forças de segurança do presidente da Síria, Bashar Al-Assad.
Atualmente, a emissão do documento está concentrada principalmente nas embaixadas brasileiras em Beirute (Líbano), Amã (Jordânia) e Istambul (Turquia). 
A representação diplomática em Damasco (Síria) foi fechada em 2012 por motivos de segurança.
"Antigamente, emitíamos 20 vistos por mês. Hoje são 20 por semana. Mas já emitimos mais", afirmou à BBC Brasil um diplomata que não quis se identificar.
"São pessoas com todos os perfis socioeconômicos. 
Há desde camponeses a engenheiros e advogados, muitos deles com pós-graduação. 
Em comum, todos estão fugindo de um país imerso em uma espiral de violência", acrescentou.
Comparação - Solicitações de refúgio concedidas*
Brasil - 2.077
Argentina - 233
Uruguai - 44
Chile - 10
EUA - 1.243
Canadá - 2.374
Reino Unido - 4.035
Grécia - 1.275
Espanha - 1.335
Itália - 1.005
Portugal - 15
Noruega - 2.995
França - 4.975
Bélgica - 5.430
Suécia - 39.325
Alemanha - 65.075
*Estimativas até o 2º trimestre de2015
**Nota: Os dados referentes a Grécia, Espanha e Portugal são até o 1º trimestre de 2015. A estimativa da Argentina é até 2014 e os dados do Canadá são de 2014 a 2015, apenas.
Fontes: Conare brasileiro, Conare argentino, Ministério do Interior chileno, Ministério das Relações Exteriores do Uruguai, Departamento de Estado americano, Eurostat, Citizenship and Immigration Canadá
O Brasil também é o país que mais concedeu asilo a refugiados sírios na América Latina. 
No continente americano, só perde para o Canadá ─ que recebeu 2.374 refugiados entre janeiro de 2014 e janeiro deste ano.
Especificamente na comparação com os vizinhos sul-americanos, contudo, o número de solicitações concedidas pelo governo brasileiro é consideravelmente superior.
Desde 2011, por exemplo, a Argentina concedeu refúgio a apenas 233 sírios, segundo o CONARE argentino. 
Já o Uruguai, a 44, de acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores. 
O Chile, por sua vez, recebeu 10 imigrantes, segundo com o Departamento de Estrangeiros e Migração do Ministério do Interior.
Na outra ponta, contudo, o Brasil recebeu menos do que Alemanha (65.075), Suécia (39.325), Noruega (2.995), Bélgica (5.430), França (4.975) e Reino Unido (4.035), segundo dados da Eurostat.
Nesta sexta-feira, em resposta à pressão doméstica e internacional, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o Reino Unido vai oferecer refúgio a "milhares de sírios" devido à piora da crise humanitária. 
Ele não divulgou estimativas, mas a ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) informou que o número poderia chegar a 4 mil.
Facilidade
Em entrevista à BBC Brasil, o representante da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), Andrés Ramirez, elogiou a iniciativa do governo brasileiro, que classificou como uma "importante mensagem humanitária e de direitos humanos".
"O Brasil tem mantido uma política de portas abertas para os refugiados sírios. 
O número ainda é baixo, em muito, devido à localização geográfica. 
Mas sem dúvida se trata de um exemplo a ser seguido a nível mundial", afirmou ele.
Ramirez lembrou que no Brasil, diferentemente de outros países, enquanto espera pela concessão, o refugiado pode trabalhar e ter acesso à saúde e à educação.
Ele criticou, entretanto, a demora no processamento de pedidos. 
Segundo ele, o CONARE vem tendo dificuldades para atender à demanda crescente das solicitações.
"Temos realizado conversas com o governo no sentido de modernizar a estrutura do órgão, face à nova realidade. 
Houve um aumento substancial no número de pedidos de refúgio no mundo. Com o Brasil não foi diferente. 
É necessário agilizar a dinâmica do CONARE, mas sem perder de vista a qualidade. 
Isso significa desde aumentar o número de funcionários a melhorar a organização interna", explicou.
"Outro desafio é integrar esse refugiado à sociedade brasileira, tanto social quanto econômica e culturalmente", acrescentou.
Crise sem precedentes
O mundo enfrenta a pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, segundo organizações como a Anistia Internacional e a Comissão Europeia.
Desde janeiro deste ano, mais de 350 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo. 
Desse total, estima-se que 2.643 tenham morrido no mar enquanto tentavam chegar à Europa, de acordo com a OIM (Organização Internacional para as Migrações).
O número supera com folga o total de 2014, quando 219 mil migrantes tentaram realizar a travessia, normalmente feita em botes ou em embarcações superlotadas, sem os mínimos requisitos de segurança, por traficantes de pessoas.
A viagem pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa, tornando o negócio altamente lucrativo ─ uma única embarcação pode render R$ 1 milhão.
*Esta reportagem foi editada às 10h50 do dia 07 de setembro de 2015 para refletir corretamente o número de refugiados sírios recebidos pelo Chile e creditar as fontes dos dados de Chile, Uruguai e Canadá.
O QUE É UM REFUGIADO?
Em primeiro lugar, é importante entender por que se consideram algumas pessoas que deixam seus países migrantes, enquanto se chamam outras de refugiados. 
Essa definição existe desde a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados, que afirma que refugiados são pessoas que se encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais e que não possa ou não queira voltar para casa.
Hoje em dia também são considerados refugiados aqueles que fogem de seu país de origem por causa de conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos. 
A Convenção de 1951 também determina casos em que a pessoa não tem direito ao status de refugiado, como quando o migrante é criminoso de guerra.
Por isso, nem todo migrante possui o status de refugiado. 
Um exemplo disso são os haitianos, que têm aumentado em número no Brasil nos últimos anos. 
Eles não possuem o status refugiados, apesar de estarem saindo do Haiti devido a condições degradantes de vida, sobretudo após o terremoto que atingiu o pequeno país caribenho em 2010. Possuem vistos emitidos pelo governo brasileiro de residência permanente por razões humanitárias. Desde 2010, quase 40 mil haitianos já entraram no território brasileiro.
O QUE É O ACNUR?
O ACNUR é a agência especializada das Nações Unidas (ONU) para os refugiados, que tem por objetivo coordenar a ação internacional para proteger as pessoas deslocadas em todo o mundo e encontrar soluções duradouras para elas. 
Em situações como a atual na Europa, em que milhares de refugiados da Síria chegam todos os dias, o ACNUR providencia assistência temporária e dialoga com os governos para que forneçam as garantias previstas no tratado.
A CRISE
Como resultado de graves conflitos militares, principalmente o que se desenrola na Síria, milhares de pessoas têm fugido em busca de um lugar seguro para seguirem suas vidas. 
No momento, o Mar Mediterrâneo é o cenário em que se desenrolam as cenas mais dramáticas dessa crise humanitária, considerada a pior desde a Segunda Guerra Mundial.
Calcula-se que em 2015 mais de 300 mil pessoas tenham cruzado ilegalmente o mar para chegar à Europa. 
A travessia é feita em embarcações precárias, muitas vezes pertencentes à traficantes de pessoas que cobram o equivalente a R$ 10 mil por pessoa, uma atividade muito lucrativa. 
Como resultado, mais de duas mil pessoas já morreram afogadas no Mediterrâneo ao longo deste ano.
OS REFUGIADOS SÍRIOS VIERAM PARA CÁ TAMBÉM?
Sim, muitos refugiados sírios chegaram ao Brasil na recente onda migratória. 
Aliás, o Brasil tem tratado de maneira diferenciada, a crise da Síria já há alguns anos. 
Apesar de os holofotes estarem voltados para a Europa no momento, o país concedeu status de refugiados a mais de 2 mil sírios de 2011 até agosto de 2015, quase o dobro do número de concessões feitas pelos Estados Unidos e por países europeus no Mar Mediterrâneo como Grécia, Espanha, Itália e Portugal no mesmo período. 
Isso não significa que mais sírios tenham vindo para cá, mas que mais pessoas receberam o status de refugiado por aqui em comparação com outros países.
Essa diferença no número de concessões de refúgio revela que o Brasil vem seguindo uma política diferente dos países europeus quanto aos refugiados. 
Essa diferença de tratamento tem origem em uma normativa lançada em 2013 pelo órgão responsável pelos refugiados no Brasil, o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), ligado ao Ministério da Justiça. 
Essa normativa facilitou a concessão de vistos especificamente para sírios. 
Desde então, as embaixadas brasileiras em países próximos à Síria calculam ter recebido quatro vezes mais pedidos de visto.
COMO O BRASIL LIDA COM OS REFUGIADOS?
Em linhas gerais, o Brasil segue a Convenção de 1951, o principal documento sobre o tema. Estima-se que atualmente o país tenha mais de 8 mil refugiados, segundo dados do CONARE. 
O país é considerado pelo ACNUR como um pioneiro na proteção internacionaldos refugiados, sendo o primeiro país do Cone Sul a ratificar a Convenção, em 1960, e a integrar o comitê executivo da organização. 
Já na legislação interna, temos a Lei 9.747, de 1997, que reafirma as definições da Convenção e garante aos refugiados os mesmos direitos que qualquer outro estrangeiro no país.
O país recebe muitos elogios pelo seu tratamento com os refugiados. 
A política de portas abertas para os sírios foi mencionada como “uma importante mensagem humanitária e de direitos humanos” por um representante do ACNUR. 
Além disso, o país conduz importantes programas de reassentamento de refugiados, que é quando um terceiro país acolhe refugiados que foram recusados pelo país acolhedor e que não podem retornar aos países de origem. 
O ACNUR também aponta que o Brasil é um dos poucos países na América do Sul que dispõe de um programa de reassentamento dirigido especificamente a refugiadas em situação de maior vulnerabilidade. 
Nos últimos três anos, cerca de 120 mulheres foram reconhecidas como refugiadas ou reassentadas devido a perseguição por motivos de gênero ou por situação de risco.
Ainda assim, falta um plano de ação para lidar com os refugiados sírios após sua chegada no país. 
Um dos sinais disso é que o governo brasileiro tem cadastrado famílias sírias no programa Bolsa Família, que é originalmente voltado a famílias brasileiras em situação de miséria. 
Cerca de 400 sírios recebem o auxílio atualmente, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Cabe à sociedade também acolher essas pessoas e conhecer melhor a situação delas para evitar que sofram preconceitos e discriminação. 
COMO AJUDAR OS REFUGIADOS SÍRIOS?
Uma lista de organizações e instituições que estão recebendo ajuda para os refugiados no Brasil
Adriana Rossatti
Na semana passada a imagem do menino sírio Aylan al Kurdi, morto nas areias de uma praia da Turquia, comoveu a todos nós. 
A família de Aylan tentava atravessar para a Grécia em busca de refúgio da guerra que acontece na Síria desde 2011. 
A tragédia trouxe luz às milhares de pessoas que abandonam suas casas fugindo da atrocidade da guerra.
O Brasil é o país que mais acolhe refugiados sírios na América Latina e você pode ajudar a amenizar a situação em que eles estão vivendo com doações de leite em pó, fraldas, cobertores, itens de higiene pessoal e feminina, e roupas em boas condições.
Preparamos uma lista de instituições que organizam arrecadações e entregam aos refugiados.
Você também pode contribuir sendo voluntário ou fazendo uma doação em dinheiro.
- ADUS – Instituto de Reintegração do Refugiado – Brasil
Av. São João, 313 – 11º Andar – Centro – São Paulo – SP
Fone – (11) 3225.0439
Doações em dinheiro podem ser feitas pelo site: http://adus.org.br
- Núcleo Islâmico
Rua Conde D’Andréa, 362
Jardim Santa Mena – Guarulhos – SP
Fone – (11) 4574.3920
katibbr@gmail.com
- Missão Paz – SP
(atende refugiados da Angola, Haiti, Nigéria e Senegal também)
Rua do Glicério, 225
Fone – (11) 3340.6950
- Lar Sírio
Rua Serra de Bragança, 1086
Tatuapé – São Paulo
Fone - (11) 2092-4811
http://www.larsirio.org.br/
- UNI – União Nacional Islâmica
Fone – (11) 3326.4040
- Mesquita Brasil
Rua Barão do Jaraguá, 632
São Paulo – SP
Fone – (11) 3208.6789
falecom@mesquitabrasil.com.br
- Caritas Arquidiocesana de São Paulo
Rua Major Diogo, 834
Bela Vista – São Paulo – SP
Fone – (11) 4306.4396 ou 4306.4620
Doações em dinheiro podem ser feitas pelo site:http://www.caritassp.org.br
Fontes: BBC – ACNUR – Itamaraty – Blog do Planalto – G1
Entendendo a questão dos refugiados
Em termos históricos, 2013 guarda o recorde mais negativo de migrantes forçados em quase sete décadas. 
Naquele ano, de acordo com o ACNUR (agência da ONU para refugiados), solicitantes de asilo, deslocados internos e refugiados somaram 51,2 milhões de pessoas em todo o mundo pela primeira vez desde o pós-Segunda Guerra Mundial. 
Se fosse um país, essa população seria considerada a 26ª maior do mundo. 
Grande parte deste resultado foi impulsionado pela guerra civil na Síria que já criou mais de três milhões de refugiados, além de conflitos na República Democrática do Congo (RDC) e a longa instabilidade no Iraque.
Com a ascensão do Estado Islâmico (Isis) no norte do Iraque e na Síria, o número global de refugiados deve aumentar, conforme já identificado pelo ACNUR. 
Segundo a agência da ONU, o avanço do Isis elevou a quantidade de iraquianos fugindo para países vizinhos. 
Esse cenário não é exatamente novo, uma vez que tem havido uma alta no número de refugiados globais em anos recentes. 
O que é particularmente sintomático, no entanto, é o papel assumido pelos países em desenvolvimento na solução de problemas de migração forçada.
Em 2013, 86% da população mundial de refugiados estava em nações menos desenvolvidas, comparado aos 70% registrados uma década antes. Isso significa que os países mais pobres – geralmente também vizinhos de regiões conflituosas – têm assumido de forma crescente um peso maior em relação à recepção de refugiados e solicitantes de asilo do que países desenvolvidos, especialmente na crise humanitária síria. 
Portanto, qual tem sido a resposta dos membros da União Europeia (UE) à atual crise global de refugiados?
É possível argumentar que, do ponto de vista humanitário, a resposta tem sido profundamente preocupante. 
Dois eventos recentes ilustram esse cenário. 
Primeiro, em outubro de 2014, o governo do Reino Unido anunciou que não iria mais participar de operações de busca e resgate de migrantes e refugiados no Mar Mediterrâneo. O governo britânico argumentou que resgatar migrantes em alto mar “encoraja” indivíduos a se arriscarem na travessia. 
Por outro lado, uma pesquisa de grande amplitude conduzida por Eric Neumayer, professor da London School of Economics (LSE), indica que situações de risco de vida no país de origem dos migrantes são as razões mais relevantes para a fuga. Logo, não diretamente relacionadas com qualquer tipo de suporte humanitário oferecido no Mediterrâneo.
A decisão britânica ocorreu apenas poucas semanas após a Organização Internacional para Migração lançar um relatório apontando que até 3 mil pessoas morreram na travessia do Mediterrâneo em 2014, contra 700 do ano anterior. 
Assim, organizações de direitos humanos tiveram que apontar o óbvio: abandonar migrantes forçados nas mãos de traficantes ou deixá-los à própria sorte resultando em inúmeras mortes desnecessárias.
Em segundo lugar, a nova abordagem do Reino Unido coincidiu com o fim da operação Mare Nostrum, uma força de busca e resgate oficial italiana que salvou cerca de 150 mil pessoas no Mediterrâneo nos últimos 12 meses. 
Mesmo com esse histórico, a missão não será substituída por um esforço similar. 
Haverá apenas uma operação de proteção de fronteira limitada, comandada pela Frontex, agência que administra as fronteiras da UE.
Uma história de conflitos
A Síria foi estabelecida após a Primeira Guerra Mundial durante o Mandato Francês.
O país conquistou a independência como uma república parlamentar em 1945, tornado-se membro fundador da Organização das Nações Unidas, e pôs fim ao domínio francês. 
O período tumultuado com vários golpes militares até o de 1963, o qual o Partido Baath assumiu o poder. 
Sob uma lei de emergência entre 1963 e 2011, suspende a maioria das proteções constitucionais, surge governo considerado como autoritário. 
Bashar Al-Assad é o presidente do país desde 2000 e foi precedido por seu pai, Hafez Al-Assad, que governou a Síria entre 1970 e 2000. 
A violenta repressão do governo, seguida de disputas pelo poder interno e os conflitos de interesses externos envolvendo as potências munidiais, deixou a população síria desorientada e indefesa.
Nesse cenário de desolação a população síria é atacada pelo radicalismo do Estado Islâmico, promovendo mais violência agravando o terror da guerra civil. 
Não há escolha aos sírios, apenas um caminho: a fuga para salvação da vida sejapelo mar ou por terra. 
Esse movimento desumano de humanos, para milhares foi o encontro com a morte na tentativa de fugir das atrocidades vívidas no país. Mas, para muitos, um fim digno porque lutavam pelo direito de viver. 
Para aqueles que conseguiram ultrapassar o mar ou concluir a caminhada até chegar a terras menos turbulentas, precisam agora enfrentar o silêncio da rejeição.
Essa massa humana precisa agora de abrigo: são homens, mulheres, jovens, crianças em tenra idade e alguns poucos idosos que resistiram os mais terriveis desafios impostos na fuga. 
É por causa dessa necessidade urgente de acolher pessoas que alguns governantes, especialmente europeus, reunidos, discutem o destino de seres humanos vulneráveis.
Com o objetivo de conter o fluxo de refugiados na Europa, a UE e a Turquia celebraram acordo impondo limitações contrárias aos interesses de milhares de pessoas a espera de socorro mínimo para a sua sobrevivência.
O anúncio do mais recente acordo ressalta os interesses de ambos os lados da mesa de negociação: negociadores da UE e do governo da Turquia. 
Por fazer fronteira com a Síria, a Turquia aumentaria o rigor na fiscalização e controlando a entrada de refugiados sírios receberia uma compensação financeira para receber os refugiados clandestinos que chegaram às ilhas gregas, primeiro país integrante da UE. 
Além de presionar as autoridades europeias a aprovar seu ingresso no bloco econômico europeu, a Turquia aceita a deportação de todos os estrangeiros ilegal. Por cada migrante devolvido a território turco, a UE acolherá um refugiado sírio legítmo. 
Sobre o acordo a Anistia Internacional advertiu: como é possível que os chefes de Estado e de governo, na Europa e na Turquia, estivessem dispostos a regatear “os direitos e a dignidade de algumas das pessoas mais vulneráveis do mundo”. 
O comunicado da entidade condena o que considera “esta ideia peregrina de trocar refugiados é perigosamente desumana e não oferece nenhuma solução sustentável de longo prazo para a crise humanitária”.
Um país seguro não persegue politicamente seus cidadãos nem impõe punições desumanas ou humilantes. Cidadãos de países seguros não podem simplesmente ser mandados embora. 
Uma alternativa, aqueles que não forem considerados refugiados e nem receberem o asilo ainda podem obter pelas regras internacionais, uma proteção subsidiária. 
Esse status de residência é concedido a indivíduos cujos países de origem estejam em risco por causa de uma guerra ou façam uso de tortura e da pena de morte. Há consenso de que não é aceitável enviar pessoas de volta à Síria.
Em defesa dos refugiados é necessário diferenciá-los dos imigrantes. 
REFUGIADO: é alguém que teve de deixar seu país natal por causa de sua etnia, religião, nacionalidade, convicção política ou pertencimento a certo grupo social.
Os refugiados fogem sem planejamento em defesa de sua vida e de seus familiares. 
Enquanto que os imigrantes deixam seu país de origem e seguem um roteiro na busca de uma vida melhor. 
Os imigrantes ilegais devem ser deportados para seus países de origem. 
Os refugiados precisam de garantias mínimas de abrigo, num primeiro momento, e asilo negociado, num segundo.
Em termos históricos, 2013, segundo dados da agência de refugiados da ONU, solicitante de asilo, deslocados internos e refugiados ultrapassou os 51 milhões de pessoas pela primeira vez pós-Segunda Guerra Mundial. 
No mesmo ano 2013, a ONU aponta que 86% da população mundial de refugiados estava em nações menos desenvolvidas. Isso significa que os países mais pobres, vizinhos de regiões conflituosas, têm assumido de forma crescente um peso maior em relação à recepção de refugiados e solicitantes de asilo do que países desenvolvidos. 
Como começou a guerra na Síria?
Milhares de sírios morreram e milhões deixaram o país desde que estalou o conflito, já em 2011.
Para chegar ao momento decisivo que iria mudar a vida de todo um país (e ter sérias repercussões a nível global) é preciso recuar mais de quatro anos e meio, até março de 2011, quando o mundo vivia ainda no rescaldo da Primavera Árabe. 
Nesse mês, numa cidade síria chamada Deera, a população saiu à rua, de forma pacífica, para se manifestar contra a detenção de uma dezena de alunos de uma escola local. 
O "crime" cometido pelos estudantes é difícil de compreender no Ocidente, onde as liberdades de expressão e de pensamento são respeitadas e vistas como direitos fundamentais: os jovens foram presos por terem pintado um “graffiti” em que defendiam a queda do regime, opondo-se assim ao ditador sírio que governava (e continua a governar) o país desde 2000, Bashar Al-Assad. 
Nesse protesto em Deera, a par da libertação dos alunos, os manifestantes exigiam, também, um regime democrático na Síria, com mais direitos e liberdade para a população. 
Al-Assad não gostou e mandou as autoridades disparar contra os manifestantes. Morreram quatro pessoas, a que se somou mais uma no dia seguinte, quando as forças policiais voltaram a disparar sobre os civis presentes nos funerais das vítimas.
A forte repressão por parte do governo teve o efeito contrário: de Deera, os protestos alastraram a outras cidades sírias. E subiram de tom. A população que saiu para as ruas em protesto já não queria apenas políticas mais democráticas: exigia a demissão de Bashar Al-Assad.
Começou, então, uma guerra civil que não tem ainda fim à vista e que teve um forte impacto sobre a vida dos sírios.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 230 mil pessoas tenham morrido desde 2011 e que mais de dois milhões de sírios (uma boa parte são crianças) se tenham visto forçados a abandonar o país e a procurar refúgio nos países vizinhos e na Europa. 
Podes recordar tudo sobre este tema no guia para entender a crise dos refugiados e na entrevista a Ana Rita Gil, especialista em direitos humanos dos imigrantes.  
 A Síria ficou dividida e assim permanece até hoje: de um lado Al-Assad e os apoiantes do regime, do outro os seus opositores. Estes não são, contudo, uma massa homogénea - dividem-se por centenas de grupos de guerrilheiros rebeldes, partidos políticos, entre outras organizações. 
No norte da Síria, por exemplo, na região onde fica a cidade de Kobane, os combatentes curdos lutam para criar um estado seu, algo que aquele povo há muito ambiciona. 
No início de 2014, o Estado Islâmico que já tinha conquistado uma grande parte do vizinho Iraque (com o objetivo de impor a sua visão radical do Alcorão e aplicar a sua lei extrema à população), ataca também a Síria, alargando a sua área de influência, e tornando ainda mais difícil a situação no país.  
A comunidade internacional organizou-se e fundou uma coligação - liderada pelos Estados Unidos, com o apoio de vários países europeus - para tentar derrubar o Estado Islâmico na Síria (e também no Iraque) através de ataques aéreos.  
Na mensagem em que reivindicou a autoria dos atentados terroristas em Paris, a 13 de novembro passado, o Estado Islâmico fala de uma vingança pelo fato de a França ter participado nessa coligação e enviado caças para participar nos ataques aéreos. 
O que é um país de origem seguro?
Um país de origem seguro não persegue politicamente seus cidadãos nem impõe punições desumanas ou humilhantes. Cidadãos de países seguros não podem simplesmente ser mandados embora. Na Alemanha, todo requerente de asilo deve ter o direito jurídico de provar que foi ameaçado politicamente pelo governo do seu país de origem. Em geral, o pedido de asilo de alguém que tenha nascido num país seguro será negado, a não ser que circunstâncias específicas estejam em jogo.
Aqueles que não forem considerados refugiados nem receberem o asilo ainda podem obter uma proteção subsidiária. Esse status de residência é concedido a indivíduos cujos países de origem estejam em risco por causa de uma guerra ou façam uso de tortura e da pena de morte. No momento, há um consenso de que não é aceitável enviar pessoas de volta à Síria, Iraque, Eritreia, Somáliaou Afeganistão. Com o status de proteção subsidiária, a deportação fica proibida. Assim, quem possui esse status recebe visto de um ano para viver na Alemanha.
De acordo com a Convenção de Dublin, o país responsável pelo processo de asilo é, a princípio, aquele no qual o requerente pisou pela primeira vez dentro da União Europeia. Se houver informações sobre qual país foi esse, e se ele for seguro, os refugiados são normalmente são enviados até lá, onde poderão requerer o asilo.
Acordo sobre fluxo de refugiados entre a UE e a Turquia é "uma não solução"
O acordo de princípio alcançado entre a União Europeia e a Turquia, para o repatriamento de todos os refugiados que chegaram clandestinamente às ilhas gregas, não só viola os preceitos da lei internacional e humanitária, como pode condenar definitivamente as populações em risco e em fuga da guerra, da perseguição política ou religiosa e da pobreza extrema. Mas o alerta, em tom dramático, do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, de pouco deve valer. Tendo em conta o tom congratulatório com que vários líderes europeus saudaram o surpreendente compromisso alcançado em Bruxelas para “pôr fim à migração irregular para a Europa”, as incertezas jurídicas e os dilemas morais não deverão inviabilizar a solução encontrada para travar o fluxo migratório.
O acordo, anunciado de surpresa ao fim da noite, depois de mais de doze horas de conversações que pareciam inconclusivas, assenta num controverso programa de troca de refugiados, no âmbito do qual a Turquia aceita a deportação de todos os estrangeiros que partirem do país para o espaço europeu de forma ilegal, independentemente da sua origem ou estatuto legal: por cada migrante “devolvido” a território turco, a União Europeia acolherá um refugiado sírio “legítimo”, entre os 2,7 milhões que vivem nos campos turcos.
O “ambicioso” projecto atende aos desejos dos governantes europeus, interessados numa fórmula que permita travar as entradas e impedir a instalação de milhares de refugiados nos seus países, e responde às pretensões da Turquia, que aproveitou a abertura de Bruxelas para forçar a liberalização da entrada dos seus cidadãos no espaço Schengen já em Junho e para agilizar o seu processo de adesão à União Europeia.
Numa prova da sua boa-vontade, a Turquia aceitou aplicar o acordo retroactivamente e acolher os migrantes que já estão retidos nas ilhas gregas ou na fronteira de Idomeni, impedidos de passar para a Macedónia. A colaboração do Governo de Ancara tem um custo acrescido: pelo menos mais três mil milhões de euros, isto é, o dobro da verba inicialmente acordada entre Bruxelas e a Turquia. Mas mais do que dinheiro, a solução tem custos políticos para a União, que até agora não conseguiu ultrapassar as divisões internas sobre o tratamento dos refugiados (ou sobre a entrada da Turquia no clube).
O acordo ainda não foi formalizado: os parceiros comprometeram-se a trabalhar estes “princípios gerais” e finalizar um documento definitivo para ser aprovado numa nova reunião de alto nível, dentro de nove dias. “Não posso deixar de expressar a minha profunda preocupação com qualquer acordo que implique transferências entre países sem as devidas salvaguardas de protecção de refugiados e o respeito pela legislação internacional”, reagiu imediatamente o Alto-comissário para os refugiados.
Peremptório, o director para a Europa da agência para os refugiados da ONU disse em Genebra que “a expulsão colectiva de estrangeiros é proibida pela convenção europeia dos direitos humanos”. 
Organizações como a Amnistia Internacional ou a Human Rights Watch (HRW), “destruiram” o novo plano, que nas leituras mais benevolentes foi descrito como impraticável e irrealista, e nas críticas mais contundentes foi atacado como desumano e ilegal. “É uma não solução, uma vez que não resolve problema nenhum”, resumiram os Médicos Sem Fronteiras.
“Penso que nunca se bateu tão fundo durante os 18 meses de confusões e trapalhadas dos líderes europeus nas suas tentativas de responder ao fluxo de refugiados e migrantes. Finalmente tornou-se claro o desespero dos europeus, que para conter a crise estão dispostos a ignorar completamente os direitos mais elementares”, censurou a responsável da HRW, Judith Sunderland, entrevistada pela NBC News. “Este plano é absolutamente incompatível com as obrigações da União Europeia, e não consigo imaginar como esta ideia de troca de refugiados será posta em prática”, acrescentou.
Em comunicado, a Amnistia Internacional perguntava como era possível que os chefes de Estado e de governo, na Europa e na Turquia, estivessem dispostos a regatear “os direitos e a dignidade de algumas das pessoas mais vulneráveis do mundo”. “Esta ideia peregrina de trocar refugiados é perigosamente desumana e não oferece nenhuma solução sustentável de longo prazo para a crise humanitária”, contesta.
Guia para entender o drama dos refugiados sírios na Europa
1. Há dois grupos de pessoas tentando entrar ou permanecer na Europa – os refugiados e os imigrantes. Os refugiados são pessoas que fogem de guerras, como na Síria, ou de regimes opressores, como na Eritreia. Os imigrantes são de diferentes partes do mundo, incluindo de países europeus mais pobres, como Kosovo ou Macedônia, que imigram em busca de uma vida economicamente melhor.
2. As duas rotas principais para entrar na Europa são cruzando o Mediterrâneo, a partir da Líbia e chegando à Itália, ou por terra, atravessando a Turquia até atingir a Grécia.
3. Parte deles recorre a traficantes de pessoas, muitas vezes da Bulgária e da Romênia, que os amontoam em caminhões, como aquele que resultou na morte de mais de 70 pessoas. O mesmo vale para os que cruzam pelo mar Mediterrâneo, com milhares morrendo apenas neste ano em barcos clandestinos, super lotados e sem segurança.
4. Os imigrantes, pela lei europeia, devem ser deportados para os seus países de origem assim que forem capturados na Europa.
5. Os refugiados precisam aplicar para asilo político no primeiro país da União Europeia que pisarem. Naturalmente, a maioria teria de pedir o asilo na Grécia ou na Itália. Estes dois países, porém, não têm condições de dar abrigo a todos os refugiados.
6. Um dos problemas é diferenciar refugiado de imigrante. Por exemplo, um imigrante tunisiano pode fingir ser sírio para ter asilo político. E mesmo os sírios podem ter dificuldades para provar suas origens, visto que muitos deles não possuem documentos.
7. A Alemanha decidiu conceder asilo político a todos os refugiados sírios que chegarem ao país, independentemente de terem passado por outras nações da União Europeia. Ao mesmo tempo, o governo alemão tem pedido para outros países europeus fazerem mais pelos refugiados.
8. No caminho para a Alemanha, os refugiados precisam cruzar por outros países europeus, alguns deles com grupos abertamente xenófobos e não membros da União Europeia, como a Sérvia ou a Macedônia, que têm prendido refugiados e imigrantes. 
A Hungria, que é o primeiro país da união no caminho, construiu uma barreira na fronteira com a Sérvia e não permite que os refugiados cruzem. Também proibiu que eles embarcassem em trens em direção à Alemanha.
9. Mesmo quando atingem seu destino, os refugiados precisam esperar meses até seus pedidos de asilo serem aprovados. Apenas depois disso podem começar a trabalhar legalmente
10. Na Europa, a Alemanha e a Suécia são os países que mais têm ajudado os refugiados. No mundo, o Líbano, Jordânia e Turquia são os que mais concedem abrigo aos refugiados. Cada um deles recebeu mais de 1 milhão de sírios. No caso libanês, isso equivale a um terço da população do país.
Qual sido a resposta dos membros da União Europeia (UE) à atual crise global de refugiados?
O recente acordo anunciado entre Turquia e a União Europeia, tampouco a decisão do Reino Unido que não iria mais participar de operações de busca e resgate de migrantes e refugiados no Mar Mediterrâneo, não contribuem para a situação dos refugiados. 
Os chefes de governos,especialmente os países mais ricos, precisam destinar recursos financeiros e ajuda humanitários aos refugiados de origem em reconhecida área de conflitos, como o caso da Síria.
Uma das alternativas, é criar área de interesse humanitária onde os refugiados sejam acolhidos num primeiro momento para assegurar as garantias mínimas da dignidade da pessoa humana.
Essas áreas sob proteção permanente das forças de segurança dos países desenvolvidos impediriam a violação dos direitos humanos, além de oportunizar o trabalho à todos os refugiados dotando o local com as condições mínima de alimentação, habitação, saúde e higiene.
Os recursos financeiros seriam destinados as agências humanitárias para elaboração, administração e gerenciamento do planejamento dos projetos nos locais a serem construídos a fim de acolher os refugiados de reconhecidas áreas de conflitos.
Cessado os motivos da saída das pessoas de seus países de origem, elas poderiam retornar com as devidas garantias, restabelecendo novamente vínculo com suas raízes, históricas, culturais, religiosas, ideológicas, etc.
Os recursos necessários para o projeto de resgate da dignidade da pessoa humana, já estão disponíveis nas diversas contas secretas em diferentes paraísos (infernais da corrupção) fiscais.
Portanto, diante da urgência e dos suficientes motivos para a atenção aos refugiados uma decisão política dos governos de países ricos mudaria o discurso da falta de recursos.
Eles (recursos) existem, nem sempre de origem declarada, e que na maior parte são frutos de corrupção e de comércio ilícito envolvendo tráficos de diversas produtos ilegais. Dinheiro público desviados para contas de governantes e de autoridades de caráter duvidoso, verdadeiros agentes inescrupulosos da desgraça alheia. 
Uma revolução moral liderada pelas agências humanitárias convocando todo cidadão (ã) que não perderam o direito de se indignar diante das atrocidades impostas a serem humanos. 
Essa convocação em nível mundial pelas redes sociais poderia ter duas frentes de imediato: receber propostas e interessados em participar dos projetos e pressionar os governantes dos países ricos a tomar as medidas legais para sequestro de dinheiro nas contas secretas
Esses recursos, que não resistiria a uma breve investigação sobre sua procedência seriam canalizados para restabelecimento da paz em muitas das regiões do planeta. Os refugiados e outros tantos serem humanos discriminados agradeceriam e a Paz no Mundo um exercício permanente.

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