Buscar

Indústria Cultural e Corpolatria O Complexo de Adônis nos Alunos de 1º Período do Curso de Educação da Universidade Castelo Branco

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Indústria Cultural e Corpolatria: O Complexo de Adônis nos Alunos de 1º Período do 
Curso de Educação da Universidade Castelo Branco 
 
Michele Mendes*; Luiz Henrique Ferreira*; 
Alexandre de Abranches*; Jorge Henrique Oliveira*; 
Danilo Bernardo*; Juliana Montrezzol*; Laio Sampaio*. 
 
* Discente da Graduação em Educação Física 
da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ) 
 
Resumo:Este trabalho procura verificar qual a influência da indústria cultural nos alunos do 1° período do 
curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco em relação a Cultura Corporal e a identificação das 
possíveis psicopatologias decorrentes da presença do Complexo de Adônis. Utilizamos a metodologia Ex-post-
facto, com o Questionário do Complexo de Adônis (QCA) segundo Pope, Phillips e Olivardia (2000), para 
avaliarmos o nível de preocupação com a imagem do corpo no grupo pesquisado em dois momentos, com os 
seguintes resultados: no primeiro momento ao aplicar o protocolo obtivemos o resultado de 21% e 79 % 
respectivamente já após a intervenção, e a reaplicação do mesmo a classificação foi de 21% e 79% 
respectivamente. Entre eles houve uma palestra com profissionais da área Educação Física. A classificação e os 
dados tabulados conclui-se que não houve mudança no modo de pensar do público alvo. Porém, esperamos que 
este tipo de intervenção possa gerar consciência da importância de se estabelecer limites, refletindo as possíveis 
consequências de hábitos extremos para se obter o corpo desejado. 
Unitermos: Cultura corporal. Indústria cultural. Indústria cultural e o corpo. 
Abstract:This work seeks check the influence of the cultural industry in the students of the 1st period of 
course of Physical Education at the University Castelo Branco over Body Culture and identification of possible 
psychopathology arising from the presence of the Adonis Complex. We use the methodology Ex-post-facto, the 
Adonis Complex Questionnaire (CSF) second Pope, Phillips and Olivardia (2000), to evaluate the level of 
concern about body image in the group studied on two occasions, with following results: the first time when 
applying the protocol we obtained a result of 21% and 79% respectively, since after the intervention, and 
reapplication of the same classification was 21% and 79% respectively. Between them was a talk with 
professionals in Physical Education. The classification and the tabulated data it is concluded that there was no 
change in the thinking of the audience. However, we expect this type of intervention can raise awareness of the 
importance of setting boundaries, reflecting the possible consequences of extreme habits to get the body you 
want. 
Key Words: Body Culture. Cultural industry. Industry and cultural body. 
 
Introdução 
No ano de 1924, nasce na Alemanha à escola de Frankfurt, em uma quinta etapa 
atravessada pela filosofia alemã, depois do domínio de Kant e Hegel em um primeiro 
momento; de Karl Marx e Friedrich Engels em seguida; posteriormente de Nietzsche; e 
finalmente, já no século XX, após a eclosão dos pensamentos entrelaçados do existencialismo 
de Heidegger, da fenomenologia de Husserl e da ontologia de Hartmann. A produção 
filosófica germânica permaneceu viva no Ocidente, com todo vigor, de 1850 a 1950, quando 
então não mais resistiu, depois de enfrentar duas Guerras Mundiais (SANTANA). 
Ela reuniu em torno de si um círculo de filósofos e cientistas sociais de 
mentalidade marxista, que se uniram no fim da década de 20. Estes intelectuais cultivavam a 
conhecida Teoria Crítica da Sociedade. Seus principais integrantes eram Theodor Adorno, 
Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm, Jürgen 
Habermas, entre outros. Esta corrente foi a responsável pela disseminação de expressões 
como ‘cultura de massa’ e ‘indústria cultural’. 
Para Adorno (2002) a indústria cultural possui padrões que se repetem com a 
intenção de formar uma estética ou percepção comum voltada ao consumo. Indústria 
Cultural distingue-se de cultura de massa. Esta é oriunda do povo, das suas regionalizações, 
costumes e sem a pretensão de ser comercializada, enquanto que aquela possui padrões que 
sempre se repetem com a finalidade de formar uma estética ou percepção comum voltada ao 
consumismo. E embora a arte clássica, erudita, também pudesse ser distinta da popular e da 
comercial, sua origem não tem uma primeira intenção de ser comercializada e nem surge 
espontaneamente, mas é trabalhada tecnicamente e possui uma originalidade incomum – 
depois pode ser estandardizada, reproduzida e comercializada segundo os interesses 
da Indústria Cultural. Assim, segundo a visão desses autores, é praticamente impossível fugir 
desse modelo, mas deveríamos buscar fontes alternativas de arte e de produção cultural, que, 
ainda que sejam utilizadas pela indústria, promovessem o mínimo de conscientização 
possível. 
Esta interpretação da indústria cultural tem sua origem nas análises clássicas de 
Adorno e Horkheimer. Para estes representantes da Escola de Frankfurt, a indústria cultural 
nega aos consumidores aquilo que lhe promete. Ela é uma fábrica de ilusões e de consumo 
superficial (ADORNO; HORKHEIMER, 1986; JAY, 1988). Estes autores, os primeiros a 
utilizar o termo “indústria cultural”, fazem uma severa crítica a ela. Segundo Adorno, “a 
indústria cultural é a integração deliberada, a partir do alto, de seus consumidores” 
(ADORNO, 1977). 
Nos dias atuais, existe uma crise disseminada entre os rapazes e homens – uma 
crise de que poucas pessoas se deram conta. Homens de todas as idades, em números sem 
precedentes, estão preocupados com a aparência de seus corpos. Eles quase nunca falam 
abertamente sobre este problema, porque em nossa sociedade os homens foram ensinados a 
não se preocupar com a aparência. [...] Um grupo igualmente numeroso e ainda mais secreto 
de homens desenvolveu distúrbios alimentares – orgias alimentares, dietas e rituais 
envolvendo exercícios – que até suas namoradas ou esposas podem desconhecer. [...] Estas 
muitas obsessões corporais são formas do que chamamos o “Complexo de Adônis” (POPE; 
PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000). 
Rapazes e homens crescem tão acostumados à constante barragem de imagem do 
corpo masculino produzidos pelas indústrias, que não param para questioná-las. Raramente se 
dão conta da extensão em que aceitaram essas imagens hercúleas como representações 
sensíveis da beleza masculina. Em vez disso mudam de comportamento para tentar tornar 
seus corpos parecidos com o novo padrão. (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000). 
 A partir destes acontecimentos a pesquisa tratará da relação da indústria cultural e 
complexo de Adônis entre estudantes do sexo masculino do primeiro período de educação 
física, com o objetivo de analisar se o nosso grupo focal compreende sua dupla participação 
na Indústria Cultural, onde sendo eles fortemente influenciados, contribuem com seu trabalho 
para que outras pessoas sofram as mesmas pressões e consequências psicológicas. 
 
Conceito de Indústria Cultural segundo Adorno e Horkheimer 
A partir dos objetivos perseguidos pelo presente artigo, buscamos traçar um 
paralelo entre teóricos que tratam da indústria cultural, corpolatria e o complexo de Adônis, 
tendo em vista elucidar os estudantes de educação física que através da influencia exercida 
pela mídia se distanciam de sua essência contribuindo para que outras pessoas sofram as 
mesmas pressões e consequências psicológicas. 
 Em seu texto “Dialético do Iluminismo”, Adorno e Horkheimer (1947) definem 
indústria cultural como um sistema político e econômico que tem por finalidade produzir bens 
de cultura como mercadorias e como estratégia de controle social. Por isso Adorno (1947) diz 
queos veículos de comunicação não são instrumentos neutros: eles são ideológicos em seu 
conteúdo, ou seja, transmitem e criam ideologia, independendo do conteúdo que transmitam. 
“Os procedimentos técnicos utilizados geram paralisia mental além de aceitação passiva do 
existente” (OLIVEIRA, 2009). 
 Na atualidade a palavra de ordem é comprar. E mesmo antes de aprender a ler 
as crianças são contaminadas com a crença de que, para ser, tem que se ter. Com o assédio da 
mídia as crianças são capazes de reconhecer marcas e suas respectivas embalagens 
persuadindo de forma irrepreensível os pais para adquiri-las. É natural e sadio que as crianças 
manifestem esses desejos, mas precisam ser educadas para o consumo, ensinando a serem 
críticas ao que consomem (BIJÓIAS, 2010). 
 
 
Corpolatria: patologia da modernidade? 
Em primeiro lugar, a palavra corpo (köper), de origem latina, designava 
originalmente o mesmo que “coisa” e é empregada para designar os objetos distinguíveis, 
demonstráveis e por isso perceptível pelos sentidos em nosso mundo da vida. Historicamente 
falando, por extensão, “corpolatria” é o culto exagerado do corpo, desconfiança face aos 
prazeres, insistência sobre os efeitos de seu abuso para o corpo e para a alma, valorização do 
casamento e das obrigações conjugais, desafeição em relação às significações espirituais 
atribuídas ao amor pelos rapazes (BRAGA, 2011). 
Existe no pensamento dos filósofos e dos médicos, no decorrer dos dois primeiros 
séculos, de acordo com Foucault (1985: 45), toda uma severidade da qual testemunham os 
textos de Soranus e de Rufo de Éfeso, de Musonius ou de Sêneca, de Plutarco assim como de 
Epicteto ou de Marco Aurélio. Aliás, constitui um fato os autores cristãos tomarem, dessa 
moral, empréstimos maciços – explícitos ou não; e a maior parte dos historiadores atuais 
concorda em reconhecer a existência, o vigor e o reforço desses temas de austeridade corporal 
numa sociedade na qual os contemporâneos descreviam, frequentemente para reprova-los, a 
imoralidade e os costumes dissolutos. 
Sustentamos a tese segundo a qual a corpolatria é uma espécie de “patologia da 
modernidade”. Ela é caracterizada pela preocupação e cuidado extremos com o próprio corpo, 
não exatamente no sentido da saúde ou presumida falta dela, como no caso da hipocondria, 
mas particularmente no sentido narcisístico de sua aparência ou embelezamento físico. Para o 
corpólatra, a própria imagem refletida no espelho se torna obsedante, incapaz de satisfazer-se 
com ela, sempre achando que pode e deve aperfeiçoá-la. Sendo assim, a corpolatria se 
manifesta como exagero no recurso às cirurgias plásticas, gastos excessivos com roupas e 
tratamentos estéticos, abuso do fisiculturismo, entendido como musculação, uso de 
anabolizantes, etc (BRAGA, 2011). 
Do ponto de vista materialista a corpolatria, como fenômeno psicossocial, 
aparentemente está relacionada com as mudanças no campo do trabalho produtivo ocorridas 
no final do século XX, a saber, desde que a distinção entre produção e reprodução social 
perdeu nitidez, confundindo-se o tempo vital com o tempo de trabalho. Desde então, em 
muitas profissões e ocupações a aparência corporal e o vigor físico passaram a ser uma 
espécie de segunda força produtiva ao lado da força de trabalho propriamente dita, com o 
“tempo livre” (LAFARGUE, 1911; LAFARGUE, 1983) tendendo a se tornar um segundo 
turno do trabalho produtivo. Como fenômeno patológico de saúde coletiva, a corpolatria tende 
a se agravar tanto mais encontre não só um amplo mercado de produtos e serviços voltados 
para o culto ao corpo como também seja propalada como uma espécie de emancipação ou de 
libertação pessoal dos “determinantes repressivos da produção capitalista” (DEJOURS, 1988). 
Do ponto de vista estético o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900) já dizia, há 
mais de um século, que somente as pessoas superficiais não julgam pela aparência. Criado 
numa família protestante estudou na Port Royal School de Enniskillen e no Trinity College de 
Dublin, sobressaiu-se como latinista e helenista. Ganhou depois uma bolsa de estudos para 
o Magdalen College de Oxford. Célebre por suas tiradas sarcásticas e irônicas – muitas, 
porém, dotadas de uma boa dose de verdade incômoda. Melhor dizendo, para Oscar Wilde, 
quem tem um mínimo de cultura, alma e inteligência, sabe que o belo chama mais a atenção 
do que o feio e, portanto, em princípio, é mais importante. Contudo, a segunda tese diz 
respeito ao fato de que a beleza nunca foi tão importante quanto agora. Basta dar uma 
“espiadinha”, como convida todas as noites o jornalista Pedro Bial, “na casa mais falada do 
Brasil” (sic): tirando um ou outro menos abençoado, a maioria dos participantes do “Big 
Brother Brasil 1-11” e, podemos combinar, todas as edições anteriores têm músculos ou 
curvas de tirar o fôlego, cabelos cuidados, pele bem tratada. Homens e mulheres enxergam o 
próprio corpo como seu maior bem, como um projeto a ser sempre aperfeiçoado. 
 
Complexo de Adônis 
O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), distúrbio caracterizado por distorção 
da autoimagem, não acomete apenas as mulheres. A versão masculina do TDC é conhecida 
como Complexo de Adônis, vigorexia ou dismorfia muscular. Trata-se de insatisfação com a 
forma e o volume do corpo, quando o homem se percebe franzino e fraco por mais que 
adquira músculos. A preocupação frequente e excessiva de que não se esteja, ao mesmo 
tempo, suficientemente magro e musculoso leva à prática demasiada de exercícios físicos, 
com prejuízo da vida acadêmica, profissional e dos relacionamentos afetivos e sociais (POPE; 
PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000). 
Aqueles que sofrem do Complexo de Adônis seguem dieta restritiva, com alto 
teor de proteína e que exclui totalmente a gordura. Utilizam suplementos nutricionais e 
praticam ciclos de esteroides anabolizantes, sempre aumentando as doses para alcançar o 
objetivo de desenvolver a musculatura em menor espaço de tempo, sem atentar para os riscos 
à saúde. A preocupação com a imagem corporal torna-se obsessão, que leva a 
comportamentos repetitivos, que caracterizam compulsão, como checagem frequente com fita 
métrica, pesagem constante, verificações repetidas em frente ao espelho e comparação com 
outros homens que pareçam maiores ou mais musculosos (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 
2000). 
É comum que o rapaz busque confirmação de suas preocupações junto às pessoas 
próximas, não se satisfazendo com as opiniões de que não há nada de errado com seu corpo. 
Outros sintomas observados são insistência em se exercitar mesmo após sofrer lesões ou 
sentir dores resultantes do esforço exagerado; escolha de roupas pesadas ou que façam parecer 
maior, sobreposição de peças; evitação de situações sociais e recusa de comparecer a 
restaurantes ou reuniões pelo receio de abandonar a dieta; não frequentar praia, piscina, 
vestiário e se esquivar de situações onde deva expor o corpo (POPE; PHILLIPS; 
OLIVARDIA, 2000). 
A pressão por se alcançar sucesso e realização financeira e a necessidade de se 
destacar em um mundo cada vez mais competitivo, onde o ser humano vem se sentindo 
descartável pela banalização das relações e pela necessidade de superar, além dos outros, a si 
mesmo, fragilizam as pessoas e concorrem para o desenvolvimento de depressão, de 
ansiedade e, cada vez mais, dos transtornos alimentares e de distorção de imagem. Afirmar a 
individualidade chega a ser ato de rebeldia numa época onde parece mais fácil se submeter às 
imposições de modelos (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000). 
Homens também sofrem pressão relativa a critérios estéticos, como barrigas 
“tanquinho”, corpos sarados e definidos. O ambiente familiar influi no desenvolvimentodo 
transtorno, quando pais muito críticos e preocupados com a aparência, tanto deles mesmos 
quanto dos outros, podem incutir padrões estéticos incompatíveis na criança ou no 
adolescente, causando insegurança em relação à sua aparência. Nem toda menina tem biotipo 
para ser alta e magra como a famosa top model. Nem todo menino pode ser fortão como o 
conhecido lutador (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000). 
Conforme Ballone (2005), os Vigoréxicos possuem alguns traços característicos 
de personalidade, costumam ter baixa autoestima, dificuldades de socialização, geralmente 
são introvertidos, podendo com frequência rejeitar ou aceitar com sofrimento a própria 
imagem corporal. 
Embasando-se na teoria psicanalítica, podemos discorrer possíveis causas do 
surgimento da Vigorexia, suas implicações enquanto doença psicopatológica, e a relação do 
Vigoréxico com seu corpo e com a sociedade. 
Encontramos na Vigorexia características de traços narcísicos, voltadas de 
maneiras abusivas para o culto ao corpo. Freud (1914) utiliza o termo Narcisista para destacar 
a atitude de uma pessoa que trata seu próprio corpo da mesma forma pela qual o corpo de um 
objeto sexual é comumente tratado, contemplando, afagando e acariciando até obter satisfação 
completa. 
Nas patologias de traço narcísico há uma grande concentração da libido 
canalizada para o ego, promovendo o autoerotismo que podem aparecer, por exemplo, na 
preocupação exarcebada com o próprio corpo. 
Existe um conceito que Freud chamou de Ego Ideal, que se desenvolve quando o 
indivíduo não se desvincula do narcisismo primário, criando assim um ideal de onipotência, 
onisciência e perfeição. Todos nós possuímos um ideal, herdeiro do narcisismo primário, mas 
alguns tiveram, por circunstâncias da vida, mais dificuldade para passar ao narcisismo 
secundário, desenvolvendo, portanto, um ideal de ego extremamente exigente e narcísico. 
Com isso, busca resgatar a onipotência perdida. Nós possuímos este ideal, mas em escalas 
diferentes. 
Segundo Freud (1914), o ser narcísico não está disposto a renunciar à perfeição 
narcisista de sua infância, e quando, ao crescer, se vê perturbado pelo despertar de seu próprio 
julgamento crítico e de terceiros, de modo a não mais poder reter aquela perfeição, procura 
recuperá-la sob a nova forma de um Ego Ideal. Devido à censura e exigências do superego, o 
Ego encontra-se pressionado a buscar muitas vezes um ideal altíssimo, um “Ego Ideal”, o que 
torna a pessoa extremamente exigente consigo e com os outros. Em contra partida, quanto 
mais alto for seu ideal, mas baixa será sua autoestima diante do parâmetro idealizado. 
Em nenhuma outra época o corpo foi tão cultuado, tratado, comparado, usado e 
até mesmo descartado. A obsessão pelo corpo forte e “sarado” leva cada vez mais homens a 
desafiarem suas limitações, acarretando uma desordem psíquica e dismorfia muscular graves 
que em muitos casos levam a morte. 
 
Metodologia 
Sujeitos: A amostra foi constituída de pessoas do sexo masculino dentro dos 
seguintes critérios, 19 alunos do 1° período do curso de Educação Física da Universidade 
Castelo Branco 2012/2 e identificar as possíveis psicopatologias decorrentes da presença do 
Complexo de Adônis, alterar positivamente a postura do grupo focal sobre o tema em questão, 
o Complexo de Adônis. 
Antes de qualquer intervenção os alunos foram convidados a participar de dois 
testes: Questionário do Complexo de Adônis (QCA) que foi utilizado como protocolo na 
nossa intervenção, que pergunta especificamente de que formas as preocupações com a 
imagem corporal podem afetar o dia-a-dia de um rapaz ou de um homem. Teste de Imagem 
Corporal (TIC) um complemento que tem por objetivo "medir as atitudes dos homens a 
respeito da imagem corporal" (Pope, Phillips e Olivardia, 2000). Ambos os teste foram 
retirados do livro "O Complexo de Adônis - A Obsessão Masculina pelo Corpo" (Pope, 
Phillips e Olivardia, 2000). 
Avaliação de autopercepção corporal: Aplicou-se o um teste computadorizado 
sobre imagem corporal para homens como prévia avaliação e um questionário contendo 13 
questões fechadas (Pope, Phillips e Olivardia, 2000). Ambos ex facto e post facto. 
Esses testes classificarão os alunos em: Escores de 0-9: Você pode ter algumas 
preocupações. 10-19: Possui uma forma branda a moderada do Complexo de Adônis. 20-29: 
O Complexo de Adônis é um problema sério. 30-39: Possui um grave problema com a 
imagem corporal. 
Para obter seu escore QCA, atribua 0 pontos a cada pergunta com resposta “a”, 1 
ponto para cada pergunta com resposta “b” e 3 pontos para cada pergunta respondida “c”. 
Somando os pontos você obterá um escore total de que irá de 0 a 39. 
Após o primeiro teste aplicado (ex facto) usando o QCA e TIC será realizada uma 
intervenção com o público alvo. Nesta intervenção será apresentado 1 palestra com 
profissionais da área da Psicologia e Educação Física (Personal). Ainda dentro desta temática, 
no decorrer das palestras será exibido um vídeo contendo imagens de corpos "ditados pela 
mídia" e contrapondo esta ideia, imagens de corpos "esculpidos" através de drogas lícitas e/ou 
ilícitas, de excesso de exercícios que não respeitam os limites do corpo e da mente e 
distúrbios alimentares. 
Esta intervenção tem por finalidade esclarecer os alunos de 1º período do curso de 
Educação Física quanto a importância de se estabelecer limites em sua conduta quanto a 
procura do "corpo perfeito", refletindo as possíveis consequências de hábitos extremos para se 
obter o corpo desejado, sua postura quanto ao tema proposto para reflexão, e sua importância 
quanto agente transformador e membro de uma sociedade dominada pela Indústria Cultural. 
Após o evento será aplicado o mesmo teste (post facto) computadorizado sobre 
imagem corporal para homens como prévia avaliação e um questionário contendo 13 questões 
fechadas. Neste momento avaliaremos se houve ou não mudança, no grupo estudado, após a 
intervenção (POPE, PHILLIPS e OLIVARDIA, 2000). 
 
 
 
 
Resultados 
Como o explicado na metodologia, o grupo estudado foi submetido a duas 
avaliações, com uma intervenção feita entre elas. 
Após todos os procedimentos metodológicos fizemos a totalização e classificação 
dos integrantes do grupo em: Você pode ter algumas preocupações com o complexo de 
Adônis, possui uma forma branda e moderada do complexo de Adônis, o complexo de Adônis 
é um problema sério e possui um grave problema com a imagem corporal. 
No primeiro momento ao aplicar o protocolo obtivemos o resultado de 21% e 79 
% respectivamente já após a intervenção, e a reaplicação do mesmo a classificação foi de 21% 
e 79% respectivamente. Conforme explicito abaixo. 
79%
21%
0% 0%
Dados Pré Intervenção
0 - 9:
10 - 19:
20 - 29:
30 - 39:
79%
21%
0% 0%
Dados Pós Intervenção
0 - 9:
10 - 19:
20 - 29:
30 - 39:
 
 
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Dados Pré Intervenção
Série1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Dados Pós Intervenção 
Série1
 
Os dados nos dão uma primeira impressão de que não houve mudanças nos 
resultados, mas para sugerir esta afirmação, calculamos a média, desvio padrão, e o teste t 
pareado para analisarmos estes dados. 
 
 
 
 
 
 Pré Pós 
Média 4.7500 4.7500 
Desvio Padrão 7.0887 7.0887 
Erro Padrão 3.5444 3.5444 
Desv. Padrão da Diferença 0.0000 
Erro Padrão da Diferença 0.0000 
Média das diferenças 0.0000 
(t)= 0.0000 
Graus de Liberdade 3 
(p) unilateral= 0.5000 
(p) bilateral= 1.0000 
IC (95%) 0.0000 a 0.0000 
IC (99%) 0.0000 a 0.0000 
 
Confrontando os dados, a pesquisa nos sugere que não há a redução damédia após 
a intervenção e nos mostra também que não houve uma diminuição no desvio padrão. Com os 
dados indicados pela pesquisa e a análise do teste t pareado nos faz concluir que em média, 
não houve diferença estatística significativa p > 0.05 (p=1.0000). 
 
Conclusão 
A pesquisa nos mostra que com os resultados obtidos nos testes ex facto (do 
Questionário do Complexo de Adônis) e no pós facto não houve mudança de comportamento 
significativo. Ressaltamos que foi realizada somente uma intervenção, e que a mesma é pouca 
para modificarmos o pensamento do público alvo. 
É possível mudar este quadro de influência através de intervenções continuas. 
Logo acreditamos que se acontecer de forma permanente, estas intervenções poderão trazer 
diferenças significativas para o tema. Desta forma sugerimos aprofundarmos mais o assunto 
com novas pesquisas nesta mesma linha para gerar outras possibilidades e chegar a uma 
conclusão mais precisa sobre o tema. 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
ADORNO, Theodor W. Indústria Cultural e Sociedade. Traduzido por Julia Elizabeth Levy 
[ET AL.]. São Paulo. Editora Paz e Terra. 2002. 
POPE, Harrison G.; PHILLIPS, Katharine A.; OLIVARDIA, Roberto; O Complexo de 
Adônis: a obsessão masculina pelo corpo. Tradução Sérgio Teixeira. Rio de Janeiro. Editora 
Campus. 2000 
ADORNO, T. & HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. 2ª edição, Rio de Janeiro, 
Jorge Zahar, 1986. 
JAY, Martin. As Idéias de Adorno. São Paulo, Cultrix, 1988. 
SANTANA, Ana Lucia. Escola de Frankfurt. http://www.infoescola.com/filosofia/escola-de-
frankfurt/. Acesso em: 27 de nov. 2012 às 13:22. 
BRAGA, Ubiracy de Souza. Corpolatria: patologia da modernidade? In: O Recôncavo, 27 de 
Janeiro de 2011. http://www.oreconcavo.com.br/2011/01/27/corpolatria-patologia-da-
modernidade-por-ubiracy-de-souza-braga/. Acesso em: 27 de nov. 2012 às 15:55. 
BRAGA, Ubiracy de Souza Braga, “Prolegômenos sobre o “cuidado de si”, de Michel 
Foucault”. In: Jornal O Povo. Fortaleza, 23 de dezembro de 2006; Idem, “Prolegômenos sobre 
o cuidado de si, de Michel Foucault”. Disponível em: http://secundo 
netoblogspot.com/2008/03; Acesso em: 27 de nov. 2012 às 16:10. 
NIETZSCHE, Friedrich, Crepúsculo dos ídolos, ou, Como se filosofa com o martelo. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2006;Idem, A Vontade de Poder. Rio de Janeiro: Contraponto, 
2008; 
FREUD, Sigmund, Sobre o narcisismo: uma introdução. Edição Standard Brasileira das 
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol.XIV. Rio de Janeiro. Imago, 1976. 
FOUCAULT, Michel, Arqueologia do Saber. Petrópolis (RJ): Vozes, 1971; Idem, El Orden 
del Discurso. Barcelona: Tusquets, 1973; Idem, História da Sexualidade. Rio de Janeiro: 
Graal, 1977, 3 volumes; Idem, A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 
1979; Idem, “Genealogia e Poder”. In: Microfísica do Poder. 4a edição. Rio de Janeiro: Graal, 
1984a; Idem, “Deux essais sur le sujet et le pouvoir”. In: DREYFUS, Hubert e RABINOW, 
Paul. 
FOUCAULT, Michel, Un parcous philosophique. Paris: Gallimard, 1984b; Idem, A 
Arqueologia do Saber. 2a edição. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1986; Idem, Vigiar e 
Punir. Nascimento da Prisão. Petrópolis (RJ): Vozes, 1987ª; Idem, Hermeneutica del Sujeto. 
Madrid: Ediciones de la Piqueta, 1987b; 
LAFARGUE, Paul, “Testamento Político de Lafargue”. In: Le Socialiste, 3.10.1911; Idem, O 
Direito à Preguiça. São Paulo: Kairós, 1983. 
DEJOURS, Christophe, A Loucura do Trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São 
Paulo: Cortez, 1988. 
BIJÓIAS, Maria. A influência das crianças nas marcas, S/D. Disponível em: 
http://www.ruadireita.com/publicidade/info/a-influencia-das-criancas-nas-marcas/. Acesso 
em: 27 nov. 2012 às 15:45. 
BALLONE, Geraldo José, Vigorexia: Síndrome de Adônis. In psiqweb, internet, disponível 
em http://www.psiqweb.med.br/. Acesso em: 27 nov. 2012 às 12:37. 
BALLONE, Geraldo José; MOURA, EC, Transtorno Dismórfico Corporal e Muscular. In: 
psiqweb, internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/. Acesso em: 27 nov. 2012 às 
12:45.

Continue navegando