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CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 10: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 16. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Nós já vimos que o CTN utiliza o termo “responsável” para referir-se a uma das categorias de sujeito passivo da obrigação principal (art. 121, parágrafo único, inciso II). Aquele que não possui relação direta com o fato gerador (não pratica o fato gerador), sendo apenas vinculado à situação que o configura, mas que tem obrigação de pagar o tributo por expressa determinação legal, é chamado, pelo Código, responsável tributário. Nos arts. 128 a 138, o CTN trata separadamente da responsabilidade tributária. O Código classifica a responsabilidade tributária em três grupos. A classificação elaborada pelo CTN tem diversas imperfeições, mas é que devemos adotar, uma vez que é a que aparece nas questões de concursos públicos. As três modalidades de responsabilidade constantes do CTN são: a) Responsabilidade dos sucessores (arts. 129 a 133); b) Responsabilidade de terceiros (arts. 134 e 135); e c) Responsabilidade por infrações (arts. 136 a 138) Antes do estudo das modalidades de responsabilidade previstas no CTN, veremos, sucintamente, uma divisão doutrinária das hipóteses de responsabilidade, baseada na relação entre o momento do surgimento da obrigação do responsável e o momento de ocorrência do fato gerador. Conforme essa divisão, a responsabilidade pode ser por transferência ou por substituição. a) responsabilidade por transferência: Caracteriza-se por existir, no momento da ocorrência do fato gerador, apenas o contribuinte, sendo ele, nesse momento, o único obrigado ao pagamento do tributo. Ocorre que, por um fato posterior (uma alienação, por exemplo), a obrigação de pagar é transferida a uma terceira pessoa que nenhuma relação possuía com o fato gerador na ocasião de sua ocorrência. Exemplos típicos são a responsabilidade do adquirente de bens imóveis pelos tributos referentes a tais bens (quando não conste do título a prova da quitação) e a responsabilidade do espólio e dos sucessores pelos tributos devidos pelo de cujus (o falecido). b) responsabilidade por substituição: Existe a substituição tributária quando, já no momento da ocorrência do fato gerador, o obrigado ao pagamento não é o contribuinte, mas uma terceira pessoa prevista na lei, vinculada não diretamente à situação que configura o fato gerador. Em resumo, quando existe responsabilidade por substituição, em momento nenhum a obrigação de pagar cabe ao contribuinte. A obrigação de pagar, desde o início, é do responsável. A lei expressamente prevê como integrante do pólo CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 2 passivo da relação jurídica obrigacional tributária, desde o instante de ocorrência do fato gerador, uma pessoa não diretamente a ele vinculada. Exemplo típico é o do imposto de renda incidente sobre o rendimento das aplicações financeiras, que é retido e recolhido pelos bancos sem que o aplicador, que é o contribuinte, em momento algum seja a pessoa obrigada perante o fisco. Passemos à análise das hipóteses de responsabilidade descritas no CTN. 16.1. RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES. A responsabilidade dos sucessores é tratada nos arts. 129 a 133 do CTN. Dois pontos gerais merecem nota: (1) todas as hipóteses de responsabilidade dos sucessores enquadram-se na definição doutrinária de responsabilidade por transferência; e (2) todos os artigos que disciplinam responsabilidade dos sucessores referem-se, expressamente, apenas a tributos, não existindo, no Código, para essa espécie de responsabilidade, nenhuma alusão a penalidades (multas) de qualquer espécie. O art. 129 do CTN, embora tenha a redação um tanto confusa, esclarece que não é a data do lançamento (ato administrativo de constituição do crédito tributário) que determina a configuração, ou não, da responsabilidade dos sucessores. O surgimento dessa espécie de responsabilidade está relacionado ao momento de ocorrência do fato gerador O responsável é alguém que passa a integrar a relação jurídica tributária, ou seja, que passa a estar obrigado ao pagamento do tributo, em momento posterior ao de ocorrência do fato gerador, não importa se o lançamento correspondente a esse fato gerador já foi realizado ou se o será futuramente. Assim, se Fulano morreu em 2000 e, em 2003, depois de concluída a partilha, o fisco descobre que ele deixou de pagar R$5.000,00 de imposto de renda relativo ao ano de 2000, e lavra o auto de infração, a obrigação de pagar caberá a seus sucessores causa mortis. Os sucessores não serão contribuintes desse imposto de renda, pois o fato gerador ocorreu em 2000, e quem auferiu a renda, sendo, portanto, contribuinte, foi o falecido. A constituição do crédito correspondente é que ocorreu após a morte de Fulano, mas, mesmo tendo a constituição do crédito ocorrido após a partilha, os sucessores figurarão na relação jurídica como responsáveis tributários (e não como contribuintes), porque não foram eles que praticaram o fato gerador “auferir renda”. Feita essa explicação, talvez fique mais fácil a leitura do art. 129 do CTN: “Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data.” Vejamos, agora, as hipóteses específicas de responsabilidade dos sucessores previstas no CTN. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 3 RESPONSABILIDADE DOS ADQUIRENTES DE IMÓVEIS A responsabilidade do adquirente de imóveis está prevista no art. 130 do CTN nos seguintes termos: “Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.” A regra geral é bem simples: Se Fulano é proprietário de imóvel urbano em 2003, Fulano é contribuinte do IPTU relativo àquele ano. Entretanto, pode ocorrer que Fulano não pague o IPTU referente a 2003 e, em 2004, venda o imóvel, com o imposto não quitado, a Beltrano. Neste caso, Beltrano terá que pagar o IPTU relativo a 2003 como responsável, pois, embora não possua relação pessoal e direta com o fato gerador – propriedade do imóvel em 2003 –, sua obrigação decorre de expressa previsão legal (art. 130 do CTN). Relativamente ao ano de 2004 Beltrano pagará o IPTU como contribuinte, pois, em 2004, é ele quem possui relação pessoal e direta com o fato gerador propriedade do imóvel. Os seguintes pontos devem ser observados: 1) O art. 130 diz respeito apenas aos seguintes tributos: a) impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, ou seja, o IPTU e o ITR; não inclui impostos sobre a transmissão de bens imóveis, quais sejam, o ITCD estadual e o ITBI municipal; b) taxas pela prestação de serviços referentes aos bens imóveis, o que não inclui nenhuma espécie de taxa de polícia; c) contribuições de melhoria relativas ao imóvel. 2) Os créditos tributários relativos aos tributos enumerados no item anterior sub- rogam-se na pessoa do adquirente do imóvel. O CTN entendeu por bem usar a figura jurídica da sub-rogação pessoal para descrever essa hipótese de responsabilidade. Devemos entender que isso significa que o adquirente substitui o contribuinte na relação jurídicatributária, passando a responder com todo o seu patrimônio pelos créditos tributários aqui referidos. A integralidade do patrimônio do adquirente responde por eventuais dívidas, porque a sub-rogação é pessoal. Isso significa que, mesmo que o total da dívida relativa aos tributos citados seja superior ao valor do imóvel adquirido, o adquirente responde pela totalidade da dívida, utilizando todo o seu patrimônio para pagá-la. Se fosse uma sub-rogação real (sub-rogação na coisa), ou seja, se quem “respondesse” pela dívida fosse o imóvel, e não a pessoa do adquirente, a responsabilidade seria limitada ao valor do imóvel. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 4 3) Não ocorre a sub-rogação se constar do título de aquisição do imóvel a prova da quitação dos tributos referidos. A quitação de tributos pode ser provada por meio da apresentação de certidões negativas, nos termos do art. 205 do CTN. Nesse caso, como não ocorre sub-rogação, o contribuinte, ou seja, o alienante, continua sendo a pessoa obrigada ao pagamento de eventuais tributos que não eram conhecidos por ocasião da emissão da certidão, mas que foram posteriormente descobertos. Assim, se houver inadimplemento, a fazenda só pode cobrar do contribuinte (o alienante), porque não surge, com a alienação, a figura do responsável, uma vez que não ocorreu a sub-rogação. 4) No caso de arrematação em hasta pública (hasta pública significa leilão de bens penhorados, feito por leiloeiro público, sendo o termo mais comumente utilizado para bens imóveis), a sub-rogação ocorre no preço de arrematação. Nesse caso, temos sub-rogação real (no preço). Isso significa que nenhuma obrigação existe para o arrematante. A fazenda não pode, em nenhuma hipótese, cobrar do arrematante algum valor relativo aos tributos referidos no art. 130 do CTN. Ela deve obter esse valor retirando-o do valor de arrematação. Se o imóvel foi arrematado por R$30.000,00, e há uma dívida de R$4.000,00 de IPTU, a pessoa que deve receber o preço da arrematação só deve receber R$26.000,00, porque a fazenda, antes, deve retirar dos R$30.000,00 a sua parte. Se a fazenda não descontar antes a sua parte, só poderá cobrá-la, de qualquer forma, da pessoa que recebeu o preço de arrematação. Como a sub-rogação é real, se acontecer de o valor da dívida tributária ser superior ao valor de arrematação, não existirá possibilidade de a fazenda cobrar de ninguém a diferença. RESPONSABILIDADE DOS ADQUIRENTES E REMITENTES DE BENS O art. 131, inciso I, do CTN, dispõe que: “Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;” A doutrina em geral entende que a expressão “pessoalmente responsáveis”, usada pelo CTN em diversos dispositivos, deve ser interpretada como “exclusivamente responsáveis”. Ademais, é certo que aquele que possui responsabilidade pessoal responde com a totalidade de seu patrimônio, isto é, sua responsabilidade não está limitada ao valor de um bem determinado. Embora esse entendimento não seja pacífico, é, a meu ver, o que devemos adotar para efeito de concurso público. Para conseguirmos conjugar sistematicamente o art. 131, inciso I, com o art. 130, é necessário considerar que o art. 131, I, é disposição geral, e o art. 130 é norma específica. Assim, conforme o princípio geral de hermenêutica segundo o qual a norma específica não revoga a norma geral, ocorrendo apenas a derrogação desta naquilo que esteja disciplinado especificamente naquela, devemos aplicar o art. 131, inciso I, em todos os casos não abrangidos pelo art. 130 do CTN. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 5 Assim, quando se tratar de uma aquisição de bem imóvel e o crédito referir-se a um dos tributos mencionados no art. 130, aplica-se a regra do art. 130. Nas outras hipóteses, basicamente aquisição de bens móveis, remição de quaisquer bens, ou aquisição de imóveis em que sejam devidos tributos não mencionados no art. 130, aplica-se a regra do art. 131, I. A diferença fundamental entre o art. 130 e o art. 131, inciso I, é que este último não prevê a possibilidade de exclusão da responsabilidade quando houver prova de quitação de tributos. Portanto, quando for aplicável a regra do art. 131, inciso I, não interessa prova de quitação de tributos, pois sempre a responsabilidade por eventuais créditos tributários anteriores será pessoal do adquirente ou do remitente do bem, excluindo-se a obrigação de pagar do alienante ou do remido. Obs.: não é útil para concurso, em Direito Tributário, saber o que significa remição. Mas, para os curiosos, vai uma explicação simplificada: significa a possibilidade, conferida a algumas pessoas relacionadas ao devedor (cônjuge, ascendente ou descendente), de resgatar o bem que está indo ou já foi a leilão, desde que paguem o preço. Vejam o que diz o CPC: “Art. 787. É lícito ao cônjuge, ao descendente, ou ao ascendente do devedor remir todos ou quaisquer bens penhorados, ou arrecadados no processo de insolvência, depositando o preço por que foram alienados ou adjudicados. Parágrafo único. A remição não pode ser parcial, quando há licitante para todos os bens. Art. 788. O direito a remir será exercido no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, que mediar: I - entre a arrematação dos bens em praça ou leilão e a assinatura do auto (art. 693); II - entre o pedido de adjudicação e a assinatura do auto, havendo um só pretendente (art. 715, § 1o); ou entre o pedido de adjudicação e a publicação da sentença, havendo vários pretendentes (art. 715, § 2o).” Vale repetir, isso não é Direito Tributário, mas sim Direito Processual Civil. Passemos à próxima hipótese de responsabilidade dos sucessores. RESPONSABILIDADE NA SUCESSÃO CAUSA MORTIS As regras relativas à responsabilidade tributária na sucessão hereditária encontram-se essencialmente no art. 131, incisos II e III do CTN. Precisaremos, entretanto, conhecer o art. 134, IV, e o art. 192 para “fecharmos” o assunto. O primeiro ponto a ser observado é que os incisos II e III do art. 131 encontram-se fora da ordem cronológica relativamente às etapas da sucessão. Dizem eles: “Art. 131. São pessoalmente responsáveis: .................. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 6 II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.” Para entendermos a disciplina da responsabilidade na sucessão causa mortis, é necessário que tenhamos conhecimento de alguns elementos básicos, oriundos do Direito Civil, a seguir resumidos. Quando alguém morre, no exato momento da morte é considerada aberta a sucessão, independentemente de qualquer procedimento legal por parte dos sucessores. Com o falecimento, o conjunto de bens, direitos e obrigações do morto passam a constituir uma figura denominada espólio. O espólio, para o Direito Civil, não é pessoa, havendo alguma polêmica quanto a sua natureza jurídica. Entretanto, para o Direito Tributário, o espólio é tratado como se fosse uma pessoa, bastando dizer que o caput do art. 131 utiliza a expressão “pessoalmente responsável”. Além disso, se o espólio pode ser responsável tributário significa que ele pode ser sujeito passivo da relação jurídica obrigacional tributária, posição essa que somente pode ser ocupada por pessoas. Pois bem, apesar de o espólio ser, para o Direito Tributário, uma pessoa, ele, por si só, não é capaz de praticar nenhum ato, porque, a rigor, ele é tão-somente um conjunto debens, direitos e obrigações. Para representar o espólio e praticar os atos necessários à conclusão do processo decorrente da abertura da sucessão, denominado inventário, é nomeado um inventariante, que administra os bens, direitos e obrigações, que compõem o espólio, até a sentença judicial de homologação da partilha. Em resumo, temos as seguintes fases: fase 1 – vai até a data do falecimento do de cujus fase 2 – inventário, que vai do falecimento (abertura da sucessão) à homologação da partilha fase 3 – da homologação da partilha em diante É o seguinte o regramento decorrente do CTN: 1) o de cujus (então ainda vivo) é o contribuinte dos tributos relativos aos fatos geradores ocorridos até sua morte; 2) o espólio é responsável pelos tributos citados no item 1 (aqueles cujos fatos geradores ocorreram antes da morte do de cujus) e é contribuinte dos tributos relativos aos fatos geradores ocorridos durante a fase 2; 3) o inventariante é responsável, relativamente aos atos em que intervenha ou às omissões que lhe sejam imputáveis, pelos tributos devidos pelo espólio (responsabilidade de terceiros, descrita no art. 134, caput e inciso IV); CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 7 4) os sucessores são contribuintes dos tributos cujos fatos geradores ocorram após a partilha (fase 3), respondendo, cada um, pelos tributos relativos aos bens que tenha recebido. São também responsáveis por todos os tributos devidos pelo de cujus ou pelo espólio (ou seja, todos os tributos cujos fatos geradores ocorreram nas fases 1 ou 2) eventualmente descobertos após a partilha; 5) entre os sucessores verifica-se a ocorrência da solidariedade tributária quanto aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos nas fases 1 e 2, em razão do disposto no art. 124, I, do CTN (solidariedade de fato). Isso significa que a fazenda pode cobrar, indistintamente, de qualquer um, a quantia referente aos tributos cujos fatos geradores ocorreram nas fases 1 ou 2, limitada a responsabilidade de cada sucessor ao montante que lhe coube na partilha (segundo o CTN, ao montante do quinhão, legado ou meação). Vejamos um exemplo sobre o que foi dito nesse item 5: Imaginemos os herdeiros X, Y e Z, cada qual tendo recebido o seguinte quinhão: X = R$ 5.000,00 Y = R$ 20.000,00 Z = R$ 30.000,00 Após a partilha, descobriu-se um débito não quitado (e não alcançado pela decadência) de imposto de renda no valor de R$15.000,00. A União poderá cobrar o débito de qualquer dos herdeiros. Entretanto, se optar por cobrar inicialmente de X, somente poderá exigir dele R$5.000,00 (montante do quinhão) e terá que cobrar o restante de Y ou de Z. Se cobrar, por exemplo, de Z, mas somente conseguir obter R$10.000,00 (imaginemos que Z tenha perdido alguns bens em um acidente), poderá cobrar o restante de X ou de Y. E assim por diante. Por último, é pertinente conhecermos o art. 192 do CTN, que estabelece uma precaução adicional, destinada a assegurar o pagamento dos créditos relativos a fatos geradores anteriores à partilha. É a seguinte a sua redação “Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas.” É lógico que essa norma, que veicula uma garantia do crédito tributário, não afasta as outras, relativas à responsabilidade. A responsabilidade depois da partilha existe em qualquer circunstância, tenha ou não sido feita a prova de quitação. Basta que se descubra um tributo cujo fato gerador, ocorrido antes da partilha, não fosse do conhecimento do fisco, ou que a certidão negativa tenha sido expedida com erro, ou mesmo que o juiz, inadvertidamente, tenha homologado a partilha sem exigir a prova de quitação. O fato é que, sempre que for identificado um tributo não pago, cujo fato gerador tenha ocorrido antes da partilha, todos os sucessores são responsáveis por ele, podendo ser cobrados até o limite do patrimônio que receberam. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 8 RESPONSABILIDADE NA FUSÃO, INCORPORAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E EXTINÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS A responsabilidade tributária decorrente de alterações das pessoas jurídicas é tratada no art. 132 do CTN nestes termos: “Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.” As regras do caput do art. 132 do Código não oferecem dificuldades. Na fusão duas ou mais pessoas jurídicas, por exemplo, “A” e “B”, se unem para formar uma terceira pessoa jurídica, “C”, que, antes da união de “A” e “B” não existia. Essa pessoa jurídica, “C”, será, evidentemente, responsável (e não contribuinte) pelos tributos devidos por “A” e por “B” relativos a fatos geradores ocorridos até o momento da fusão. Quanto aos fatos geradores ocorridos após a fusão, os tributos deles decorrentes têm como contribuinte a pessoa jurídica “C” (isso é óbvio, uma vez que “A” e “B” nem mais existem). Na incorporação, uma pessoa jurídica, “X”, é “absorvida” por uma outra pessoa jurídica “Y”, que já existia antes. Esta pessoa, “Y”, é a incorporadora, e “X” é a incorporada. A incorporadora, “Y”, será responsável (e não contribuinte) pelos tributos devidos por “X”, cujos fatos geradores tenham ocorrido até a data da incorporação. Na transformação, a pessoa jurídica apenas muda de forma, passando, por exemplo, de sociedade por cotas de responsabilidade limitada (Ltda.) a sociedade anônima (S.A.). Na verdade, a transformação não deveria figurar como forma de sucessão, porque a simples transformação societária não extingue a pessoa jurídica para que surja uma outra distinta. A doutrina em peso critica a inclusão da transformação entre as hipóteses de sucessão ensejadora de responsabilidade, defendendo que, mesmo após a transformação, a pessoa jurídica continua sendo contribuinte dos tributos cujos fatos geradores ocorreram antes da transformação. Entretanto, foi essa a sistemática adotada pelo Código e, para concurso público, devemos afirmar que existe uma pessoa jurídica resultante da transformação e que ela é responsável pelos tributos devidos pela transformada, relativos aos fatos geradores ocorridos até a data da transformação. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 9 No caso de extinção da pessoa jurídica, somente persistirá responsabilidade tributária caso algum dos sócios (ou seu espólio) constitua uma outra pessoa jurídica ou, sob firma individual (hoje, adotando a terminologia do Código Civil, falaríamos em empresário individual), continue a exploração da mesma atividade a que se dedicava a pessoa jurídica extinta. Quanto à extinção das pessoas jurídicas, devemos ter em mente, também, a regra do art. 134, inciso VII, do CTN. De acordo com esse dispositivo, no caso de liquidação de sociedades de pessoas, os sócios possuem responsabilidade tributária na modalidade responsabilidade de terceiros, ou seja, respondem pelos tributos relativos aos atos em que hajam intervindo ou às omissões que lhes sejam imputáveis (caput do art. 134). Quase não existem mais, na prática, sociedades de pessoas. Em uma questão de concurso, se o elaborador pretendesse ver aplicada a regra do art. 134, inciso VII, com certeza mencionaria uma “sociedadeem nome coletivo”, que é o mais tradicional exemplo de sociedade de pessoas (repito, existentes quase só em tese). Por último, devemos observar que o CTN não tratou da responsabilidade tributária no caso de cisão de pessoas jurídicas. Ocorre a cisão quando uma parcela do patrimônio de uma pessoa jurídica é utilizada para constituir outra pessoa jurídica (cisão parcial) ou quando todo o patrimônio de uma pessoa jurídica dá surgimento a duas ou mais pessoas jurídicas distintas da primeira, que, nesse caso, deixa de existir (cisão total). Como o CTN não tratou da responsabilidade nos casos de cisão, e responsabilidade tributária depende de expressa previsão legal para ser atribuída a alguém, existe muita divergência sobre esse assunto, e não há como ser apresentada uma solução pacífica para as diferentes hipóteses. Portanto, enfaticamente, afirmo: esqueçam o assunto cisão em matéria de responsabilidade tributária para questões objetivas de concursos públicos. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE DE FUNDO DE COMÉRCIO OU ESTABELECIMENTO Diz o art. 133 do CTN: “Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.” CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 10 Esse artigo trata da alienação, a uma pessoa física ou jurídica, de um estabelecimento ou de um fundo de comércio, portanto, de um conjunto de bens materiais e imateriais de uma pessoa jurídica (ou de uma empresa individual). Não é uma pessoa jurídica que é alienada, mas um conjunto de bens da pessoa jurídica (ou empresa individual), que pode, ou não, continuar a existir. As relações tributárias decorrentes desenvolvem-se entre o alienante, que é uma pessoa jurídica (ou titular de uma empresa individual), e o adquirente, pessoa física ou jurídica. O adquirente responde pelos tributos relativos ao fundo de comércio ou estabelecimento adquirido (e não por todos os tributos devidos pela pessoa jurídica alienante). Para que exista essa responsabilidade do adquirente é necessário que ele prossiga na exploração da atividade que já era explorada antes pelo estabelecimento ou fundo de comércio alienado (o CTN fala em “continuar a respectiva exploração”). Caso o adquirente cesse a exploração de atividades econômicas no estabelecimento ou fundo de comércio adquirido, ou inicie nele exploração de atividade totalmente diversa da anteriormente ali exercida, não haverá responsabilidade por sucessão. Caso o adquirente, no estabelecimento adquirido, prossiga a exploração da respectiva atividade, será responsável pelos tributos devidos pelo estabelecimento ou fundo de comércio até a data da alienação, da seguinte forma: a) como responsável integral (ou seja, exclusivo), se o alienante cessar suas atividades e não iniciar o exercício de qualquer outra antes de seis meses contados da alienação; b) como responsável subsidiário se o alienante prosseguir na exploração ou, tendo cessado, iniciar outra qualquer dentro de seis meses, contados da alienação. Na hipótese de responsabilidade subsidiária, a fazenda é obrigada a respeitar o benefício de ordem, ou seja, deverá cobrar primeiro do alienante e, somente na impossibilidade de receber dele os créditos devidos, poderá, então, cobrar do adquirente. A responsabilidade tributária prevista nesse artigo 133 do CTN sofrerá modificações especificamente relacionadas as alienações ocorridas na falência e na recuperação judicial, quando entrar em vigor a Lei Complementar nº 118/2005 (a partir de 9 de junho de 2005). Essa lei complementar acrescentou três parágrafos ao art. 133. Pelo primeiro deles (art. 133, § 1º), ficará excluída a responsabilidade tributária nos casos de: 1) alienação judicial em processo de falência; e 2) alienação judicial de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial (recuperação judicial é o instituto que, de certa forma, vai substituir a concordata, que deixará de existir com a entrada em vigor da nova lei de falências – Lei nº 11.101/2005). CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 11 Entretanto, mesmo na alienação judicial em falência ou processo de recuperação judicial, não haverá a exclusão da responsabilidade se o adquirente for (art. 133, § 2º): 1) sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; 2) parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou 3) identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária. Essas regras visam a impedir fraudes. Com efeito, se o fundo de comércio ou estabelecimento pudesse ser adquirido, sem responsabilidade tributária, por um sócio, parente ou agente do falido ou do devedor em recuperação judicial, essa manobra representaria um simples artifício destinado a lesar o fisco. As hipóteses de afastamento da responsabilidade tributária previstas no § 1º do art. 133, acrescentado pela LC 118/2005, têm como objetivo proteger a empresa, facilitando sua sobrevivência (no caso de recuperação judicial) ou a continuação da atividade por um outro grupo (no caso da falência). Para fomentar esse processo, e incentivar potenciais interessados, exclui-se a responsabilidade tributária, removendo importantes incertezas que poderiam pesar na decisão de aquisição do fundo de comércio ou estabelecimento. Não faria nenhum sentido, entretanto, cogitar em estímulo dessa ordem se o adquirente atua no interesse do próprio falido ou do devedor em recuperação judicial. Nesses casos, haveria simplesmente um prejuízo à fazenda pública, sem vantagem para o ambiente empresarial como um todo. A LC 118/2005 acrescentou, ainda, um § 3º ao art. 133, específico para a alienação judicial na falência. É uma norma que se coaduna com a nova ordem de preferência dos créditos tributários, que veremos em aula futura. Segundo essa regra, o valor obtido na alienação judicial da empresa falida, ou de estabelecimento dela, não poderá ser usado para pagar créditos tributários (concursais), pelo menos pelo prazo de um ano, contado da alienação. É esta a redação do § 3º do art. 133: “Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário.” Por último, voltando às regras gerais dessa responsabilidade tributária do adquirente de fundo de comércio ou estabelecimento, é importante repisar que ela somente abrange os tributos devidos pelo estabelecimento ou fundo de comércio adquirido. Por exemplo, se era um estabelecimento industrial da pessoa jurídica “X”, o adquirente do estabelecimento, pessoa jurídica “Y”, somente terá responsabilidade pelos tributos devidos em decorrência de atos ou fatos relativos àquela unidade industrial alienada, como, por exemplo, o IPI ou o IPTU (se o CURSOSON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 12 estabelecimento fosse localizado em zona urbana). Não poderá a pessoa jurídica adquirente, “Y”, ser responsável por outros tributos, como, por exemplo, o imposto de renda devido pela pessoa jurídica “X”, alienante. 16.2. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS A denominada “responsabilidade de terceiros” está descrita nos art. 134 e 135 do CTN. Os casos de responsabilidade de terceiros envolvem pessoas que possuem entre si determinados vínculos jurídicos em que o “terceiro” detém o dever de praticar determinados atos em nome e no interesse de outra pessoa, como é o caso dos pais em relação a seus filhos menores, do administrador de bens de terceiros em relação a estes, do inventariante em relação ao espólio, dos sócios de sociedades de pessoas em relação a elas etc. As listas dos “terceiros” responsáveis constantes dos art. 134 e 135 do CTN são lista exaustivas, numerus clausus, ou seja, não há outros casos de responsabilidade de terceiros além dos ali enumerados. Essa conclusão decorre da própria afirmação, constante do CTN, segundo a qual a atribuição de responsabilidade depende, sempre, de expressa previsão legal. Transcrevo os artigos relativos à responsabilidade de terceiros, para depois comentar o que penso possa ser útil para concurso: “Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.” “Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 13 II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” Portanto, há duas modalidades de responsabilidade de terceiros: a disciplinada no art. 134, em que o terceiro atua regularmente, nos limites de suas atribuições legais ou convencionais, e a disciplinada no art. 135, em que o terceiro atua irregularmente, com excesso de poder, quebra de contrato ou infração à lei. Como veremos, os regimes jurídicos de cada uma dessas espécies é inteiramente diverso. Tratemos de cada uma separadamente. 1) A responsabilidade de terceiros prevista no caput do art. 134 tem as seguintes características: a) apenas se aplica aos terceiros relativamente a fatos geradores decorrentes de atos em que eles hajam intervindo ou de omissões a eles imputáveis, sem que tenham atuado com excesso de poder ou contra a lei ou contrato; b) os terceiros responderão somente no caso de impossibilidade de a fazenda cobrar do contribuinte. O caput do art. 134 do CTN explicitamente estabelece um benefício de ordem entre o contribuinte e os responsáveis terceiros, ao determinar que estes só respondem “nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte”. Entretanto, o mesmo caput do artigo 134 afirma, literalmente, que o terceiro responde “solidariamente” com o contribuinte; Em concursos públicos eu tenho visto ser sempre adotada a literalidade do CTN. Portanto, em uma questão de concurso, devemos responder que a responsabilidade do terceiro é solidária com o contribuinte, conforme está expresso no Código. Se uma questão afirmar que na responsabilidade de terceiros do art. 134 há benefício de ordem entre o contribuinte e o responsável, devemos marcar verdadeiro, porque é, também, o que consta literalmente do caput do art. 134. Portanto, adotando a terminologia do CTN, devemos ter em mente que a responsabilidade de terceiros do art. 134 é solidária, mas que existe benefício de ordem, só podendo a fazenda cobrar do responsável na impossibilidade de cobrar do contribuinte. Devemos ter ainda a noção de que essa responsabilidade solidária a que se refere o art. 134, caput, nada tem a ver com a solidariedade disciplinada no art. 124 do CTN. A solidariedade (art. 124) não é uma espécie de responsabilidade, como já tive oportunidade de explicar, e a solidariedade (art. 124), seja entre contribuintes, seja entre responsáveis, não comporta benefício de ordem. Em síntese, responsabilidade solidária de terceiros é uma coisa e solidariedade é outra, inteiramente distinta. c) o terceiro responsável, quando tiver que responder pelos fatos geradores decorrentes dos atos em que haja intervindo ou das omissões a ele imputáveis, responderá, tão-somente, pelo tributo e pelas penalidades de caráter moratório (parágrafo único do art. 134). A denominada multa de ofício (que a fazenda costuma chamar de multa punitiva, para diferenciá-la da multa de mora) não é devida no âmbito da responsabilidade de terceiros quando este não age com excesso de poderes ou quebra de contrato. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 14 2) A responsabilidade de terceiros prevista no art. 135 tem as seguintes características: a) refere-se a fatos geradores decorrentes de atos em que o terceiro atuou de forma irregular (“atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos“); b) a responsabilidade é pessoal, ou seja, exclusiva dos terceiros, que respondem com a integralidade de seus patrimônios, ficando afastado da relação obrigacional o contribuinte; c) a responsabilidade tributária de terceiros prevista no art. 135 obriga os terceiros ao pagamento do tributo, dos juros e de todas as penalidades cabíveis, não apenas as de caráter moratório; d) a lista de terceiros responsáveis do art. 135 é maior do que a do art. 134. Com efeito, além de incluir todas as pessoas enumeradas no art. 134, o art. 135 arrola, ainda, os mandatários, prepostos e empregados, e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Uma última observação. Tradicionalmente, quando as questões de concurso falam apenas em “responsabilidade de terceiros”, sem fazer qualquer menção a atuação irregular, com excesso, com infração por parte do terceiro, elas estão se reportando à responsabilidade de terceiro sujeita ao regramento do art. 134. É verdade que, a rigor, as questões deveriam especificar se estão tratando do art. 134 ou do art. 135, mas não o fazem. Podem ter certeza, se a questão não especificar nada e mencionar “responsabilidade de terceiros”, ela estará versando sobre o art. 134 do CTN. 16.3. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. A última modalidade de responsabilidade tributária tratada pelo CTN dentro do capítulo relativo a esse assunto é aquela que o Código denominou responsabilidade por infrações. Na verdade o CTN fez uma mistura indevida entre institutos e conceitos não homogêneos. Isso porque, ao tratar da responsabilidade dos sucessores e da responsabilidade de terceiros ele está, efetivamente, cuidando de casos em que aparece a figura doresponsável tributário, ou seja, a pessoa vinculada ao fato gerador da obrigação mas não diretamente relacionada à situação que constitui esse fato gerador (conceito contraposto ao de contribuinte, o qual possui relação pessoal e direta com o fato gerador da obrigação). Já na seção relativa à responsabilidade por infrações, o CTN está disciplinando situações em que o agente possui, sim, relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária. No caso de infrações, a obrigação tributária é a obrigação de pagar a multa decorrente da infração (penalidade pecuniária). O fato gerador da obrigação de pagar a multa é o cometimento da infração à legislação tributária. Vale lembrarmos que, embora tributo jamais constitua sanção de ato ilícito, o CTN, ao CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 15 definir obrigação tributária englobou nesse conceito não só a obrigação de pagar tributo como também a obrigação de pagar penalidade pecuniária (art. 113, § 1º). Portanto, o cometimento de uma infração à lei tributária é fato gerador da obrigação tributária principal cujo objeto é o pagamento de multa (penalidade pecuniária). Aquele que pratica pessoal e diretamente o ato que se constitui em fato gerador da obrigação tributária principal é contribuinte, nos termos do art. 121, parágrafo único, inciso I, do CTN, e não responsável em acepção técnico- jurídica, descrito no art. 212, parágrafo único, inciso II. Provavelmente, os elaboradores do CTN acharam que soaria estranho chamar de contribuinte o obrigado ao pagamento de uma multa. Talvez, por isso, ao dispor sobre a obrigação decorrente da prática de infrações, tenha utilizado a expressão “responsabilidade por infrações”, em que o vocábulo “responsabilidade” foi empregado como sinônimo de “obrigado”, e não na acepção estritamente técnico- jurídica constante do art. 121, parágrafo único, inciso II do Código. Em vista dessa imprecisão, quando o CTN, nos art. 136 a 138, menciona “responsável” devemos entender que ele está se referindo ao sujeito “obrigado” ao cumprimento da obrigação principal representada pela multa tributária, tenha ou não, esse sujeito, relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador da obrigação, no caso, o cometimento da infração à lei tributária. São os seguintes os dispositivos relacionados à responsabilidade por infrações: “Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.” Diz-se que a responsabilidade por infrações da legislação tributária é do tipo objetiva, ou seja, independe da intenção do agente (independe da existência de dolo ou culpa). Assim, se Fulano deveria pagar o IPTU relativo a seu imóvel até o dia 31/03/2004, e não pagou, estará sujeito à multa independentemente dos motivos que o tenham levado a não pagar. Se Beltrano deveria ter entregado sua declaração de imposto de renda até 30/04/2004, e não entregou, a fazenda federal efetuará o lançamento de ofício em que constarão o valor do tributo não pago, os juros de mora e a multa de ofício, tenha ele deixado de pagar por dolo, por simples esquecimento, por absoluta falta de dinheiro, por estar internado em estado grave em um hospital, ou por qualquer outro motivo. Em suma, não importam os motivos do descumprimento: descumprida a obrigação, está configurada a infração, e passa a ser devida a multa prevista para aquela infração (o cometimento da infração é fato gerador da obrigação principal cujo objeto é o pagamento da multa). A responsabilidade objetiva prevista no art. 136, entretanto, não é uma regra absoluta. É importante observarmos a cláusula “salvo disposição de lei em contrário”. Em nosso ordenamento jurídico, é comum, por exemplo, o CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 16 agravamento da multa (a multa passa ser calculada com base em um percentual maior, incidente sobre o valor do tributo que deixou de ser pago) em caso de infrações dolosas e de cometimento de crimes tributários, como emissão de notas fiscais “frias”, falsificação de selos de controle etc. São as denominadas multas agravadas por infrações qualificadas. Para vocês terem uma idéia, na esfera federal, a multa de ofício comum é de 75%, e a multa agravada por fraude ou sonegação é de 150%. Nesses casos de multas agravadas, a responsabilidade deixa de ser objetiva, pois passa a interessar para a caracterização da infração agravada a intenção do agente (aquilo que os juristas denominam “elemento subjetivo” ou “elemento volitivo”). Em tese, seria possível, também, que a lei reduzisse ou excluísse a penalidade com base em elementos subjetivos (relacionados à inexistência de dolo ou culpa do sujeito passivo). Entretanto, eu não conheço, em nosso ordenamento jurídico, nenhuma lei que afaste multas tributárias com base em inexistência de dolo ou culpa do sujeito passivo. O art. 137 trata dos casos em que a obrigação de pagar a multa será exclusiva do agente. A obrigação de pagar o tributo que deixou de ser pago pode ser de outra pessoa, mas a obrigação de pagar a multa decorrente das infrações enumeradas neste art. 137 é sempre do agente que praticou a infração. “Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar; III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem; b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores; c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas.” Como ensina Luciano Amaro, esse artigo disciplina somente hipóteses em que o agente não esteja atuando em nome próprio e por sua conta (pois em tais casos não existiria dúvida quanto a sua obrigação relativa à multa). Trata, o dispositivo, dos casos em que, embora agindo em nome e por conta de terceiros, a responsabilidade pelas multas é imputada ao próprio agente ou executor material. Nenhuma questão de concurso de que eu me lembre aborda esse art. 137 do CTN de alguma forma que não seja puramente literal. A interpretação de seus incisos não é fácil e exigiria um tempo de estudo que, na prática, representaria um desperdício, tendo em vista os fins de nosso curso. Por isso, abstenho-me de comentá-los separadamente, deixando para responder eventuais questionamentos que sejam apresentados no nosso forum. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 17 Passemos ao próximo ponto, muito mais freqüentemente exigido em questões de concursos. 16.3.1. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O art. 138 do CTN trata do afastamento da responsabilidade por infrações, quando o sujeito passivo, espontaneamente, procura a Administração fazendária, reconhece o cometimento da infração e paga o tributo devido, acrescido de juros de mora, ou o valor arbitrado pela autoridade fiscal. Essa hipótese é comumente denominada denúncia espontânea e a sua principal conseqüência é a exclusão da multa relativa à infração praticada. Diz o art. 138 do CTN: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa,quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.” Os seguintes pontos merecem comentários: 1) para que a iniciativa do sujeito passivo seja considerada espontânea é necessário que ainda não tenha sido iniciado qualquer procedimento fiscal relacionado à infração, como são exemplos a lavratura de um termo de início de fiscalização, ou a intimação ao sujeito passivo para prestar esclarecimentos. Não sendo espontânea a denúncia, não ocorrem os efeitos do art. 138 do CTN, ou seja, não ficam afastadas as penalidades tributárias. 2) para que o sujeito passivo tenha direito ao reconhecimento dos efeitos previstos no art. 138 (exclusão das penalidades tributárias), é necessário que, juntamente com a denúncia espontânea, ele proceda ao pagamento do tributo mais os juros de mora. Não basta o sujeito passivo declarar a sua intenção de pagar ou simplesmente solicitar um parcelamento para que se configure a denúncia espontânea com os efeitos previstos no art. 138. Acerca desse ponto, a fim de sepultar quaisquer polêmicas, a Lei Complementar nº 104/2001 acrescentou o art. 155-A, § 1º, ao CTN, com a seguinte redação: “Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas”. Atualmente, não há espaço para dúvidas: solicitação e concessão de parcelamento não configuram denúncia espontânea, não excluindo a incidência de multa. Portanto, se a prática da infração implicou o não pagamento de tributo devido, para afastar a cobrança da multa será necessário, juntamente com a denúncia espontânea, o pagamento do tributo que deixou de ser pago, acrescido dos juros de mora. Na hipótese de não ser possível a apuração imediata do montante de tributo que deixou de ser pago, a autoridade administrativa efetuará o CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 18 arbitramento dessa quantia, que deverá ser depositada pelo sujeito passivo para que se exclua a multa. 3) o art. 138 do CTN menciona somente a necessidade de pagamento de tributo e juros de mora pelo sujeito passivo que seja ser beneficiado pela denúncia espontânea. Nenhum outro acréscimo está previsto no CTN. Apesar disso, a fazenda pública, não só a federal, mas a de todos os estados de que eu tenha notícia, e certamente também a de grande parte dos municípios, insiste na cobrança de multa de mora mesmo diante da caracterização da denúncia espontânea. A fazenda defende a tese de que a multa de mora não possui caráter punitivo, mas tão-somente natureza compensatória. O Poder Judiciário, majoritariamente, não tem aceitado essa cobrança de multa de mora quando há a denúncia espontânea. Minha opinião é que, para concursos públicos, devemos adotar o texto do CTN: a denúncia espontânea implica o pagamento do tributo mais juros de mora, afastando quaisquer multas pelo não pagamento de tributos. É lógico que se aparecer alguma questão em que todas as alternativas sejam absurdas, e a “menos errada” seja a que diz que a denúncia espontânea não afasta a multa de mora, marcaremos essa, mas só por eliminação. 4) Diferentemente do que ocorre no caso da multa de mora pelo não pagamento de tributos, nosso Poder Judiciário tem aceitado a cobrança de multa por descumprimento de obrigações acessórias (o descumprimento de obrigações acessórias costuma ser chamado infração formal), mesmo quando o sujeito passivo efetua a denúncia espontânea. O STJ possui jurisprudência já pacificada segundo a qual as multas decorrentes de infrações meramente formais (que não decorram de falta de pagamento de tributo), como as multas por atraso na entrega de declarações, não ficam excluídas com a denúncia espontânea, ou seja, segundo o STJ, não se aplica o art. 138 do CTN às infrações meramente formais. Como isso é jurisprudência pacífica, minha opinião é que uma questão de concurso que afirme que a denúncia espontânea não afasta as multas decorrentes de infrações a obrigações acessórias deve ser considerada verdadeira, mesmo que a questão não diga, expressamente, “segundo o STJ...”. Vejamos, agora, questões de concursos sobre responsabilidade. 1 - (ESAF/PFN/1998) Assinale a opção correta. a) A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável por sucessão pelos tributos cujos fatos geradores ocorrerem a partir da data do ato, e as pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas, são responsáveis exclusivas pelos tributos devidos até essa data. b) Na liquidação de uma sociedade em nome coletivo, há responsabilidade dos sócios-gerentes pelas dívidas relativas a seus atos, mas esta é limitada à proporção de sua participação no capital social. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 19 c) A responsabilidade do agente, por infrações, depende da existência do elemento subjetivo (dolo ou culpa), salvo disposição de lei em contrário. d) Segundo decorre do Código Tributário Nacional (CTN), a lei não pode atribuir de modo implícito a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, nem a quem seja desvinculado do fato gerador da respectiva obrigação. e) O disposto na Seção da Responsabilidade dos Sucessores, no CTN, restringe-se aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, não se aplicando aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, ainda que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. 2 – (ESAF/AFTN/1996) Analisar: I – Os empregados não podem ser pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder. II – No caso de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente os sócios, no caso de liquidação de sociedades de pessoas. III – As hipóteses de responsabilidade de terceiros só se aplicam, em matéria de penalidade, às de caráter moratório. IV – O adquirente é responsável tributário pelos tributos relativos aos bens adquiridos. Sobre as assertivas I, II, III, IV é certo afirmar que: a) todas são verdadeiras b) somente a I é falsa c) a I, a II, e a III são verdadeiras d) somente a II é falsa e) todas são falsas 3 - (ESAF/AFRF/2000) • Os créditos tributários relativos ao imposto territorial rural sub-rogam-se na pessoa do adquirente do imóvel? • E se constar do título a prova de sua quitação, é o adquirente responsável por esses créditos tributários? • Responde o espólio pelos tributos devidos pelo falecido até a data da abertura da sucessão? a) sim, sim, sim. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 20 b) não, não, sim c) sim, não, não d) não, não, não e) sim, não, sim 4 - (ESAF/AFTN/Mar. 1994) No caso de infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico, a responsabilidade do agente é a) subsidiária b) solidária c) complementar d) pessoal e) parcial 5 - (ESAF/AFTN/Mar. 1994) As multas fiscais por infração do dever de recolher os tributos devidos a) são elididas pela denúncia espontânea, quando ainda não escritas em dívida ativa b) são elididas, se o agente provar que agiu sem dolo ou culpa, desde que recolha o imposto, mesmo após a autuação fiscal c) são objetivas, prescindindo, regra geral, da pesquisa do elemento vontade d) não passam da pessoa do infrator dado que a responsabilidade penal e semipenal é sempre pessoal e exige a pesquisa do elementovolitivo do agente e) são eliminadas, provada a boa fé do agente, em processo regular, sem embargo de o devedor ter que pagar o tributo não recolhido, com juros e correção monetária 6 - (ESAF/AFRF/2003) Responda de acordo com as pertinentes disposições do Código Tributário Nacional. – O benefício da denúncia espontânea da infração, previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional, é aplicável, em caso de parcelamento do débito, para efeito de excluir a responsabilidade do contribuinte pelo pagamento de multa moratória? – O síndico de massa falida responde pessoalmente pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias que resultem de atos praticados por ele, no exercício de suas funções, com excesso de poderes ou infração de lei? – A responsabilidade pessoal do sucessor a qualquer título e do cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, está limitada à metade do quinhão do legado ou da meação? CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 21 a) Não, não, sim b) Não, sim, não c) Não, sim, sim d) Sim, sim, não e) Sim, sim, sim 7 - (ESAF/PFN/2003) Julgue os itens abaixo, relativos ao tema responsabilidade tributária, e marque, a seguir, a opção que apresenta resposta correta. I. O espólio é pessoalmente responsável pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão, ainda que os correspondentes créditos tributários da Fazenda Pública estejam em curso de constituição àquela data e se refiram a fatos geradores de obrigação tributária do de cujus, ocorridos nos últimos cinco anos anteriores à abertura da sucessão. II. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato, subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar, dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. III. O adquirente responde solidariamente com o alienante pelos créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. IV. O síndico de massa falida é solidariamente responsável com ela pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias que resultem de atos praticados por ele, no exercício de suas funções, com excesso de poderes ou infração de lei. a) Apenas I e II estão corretos. b) Apenas II e III estão corretos. c) Apenas I e IV estão corretos. d) Apenas II e IV estão corretos. e) Apenas III e IV estão corretos. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 22 8 – (CESPE/Auditor INSS/1998) Qualquer pessoa, independentemente de sua relação com o FG da obrigação tributária, pode ser apontada pela lei como responsável tributário. 9 – (CESPE/Auditor INSS/1998) Se Júlio adquirir de Carina uma empresa com débitos junto ao fisco cujos respectivos créditos tributários estão ainda em fase de constituição, não poderá vir a responsabilizado por eles, em razão justamente de os créditos não estarem definitivamente constituídos. 10 – (CESPE/Auditor INSS/1998) Se Demóstenes adquire imóvel em hasta pública, pode, em tese, sujeitar-se a caso de responsabilidade tributária por sucessão imobiliária. 11 – (CESPE/Auditor INSS/1998) Considere a seguinte situação: Marcos é devedor de tributos. Por não pagá-los, é processado pelo fisco, que obtém a decretação da penhora de um imóvel de propriedade do executado. No curso do processo, Lídia, mãe do devedor, resolve resgatar a dívida, por meio de remição. Na situação apresentada, Lídia, a remitente, responsabilizar-se-á pelos tributos incidentes sobre o bem remido. 12 – (CESPE/Auditor INSS/1997) Cabe aos estados e ao DF instituir o IPVA (Constituição, art. 155). Um cidadão, servidor público sob investigação com base na Lei da Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429, de 02/06/1992), possui quatro automóveis importados, com valor unitário de R$ 60.000,00, das marcas AA, BB, CC e DD e resolve alienar o da marca CC a um cunhado seu, por R$ 60.000,00. Depois da alienação, gasta todo o dinheiro da alienação e vem a falecer, deixando, por testamento, os outros três automóveis, um para cada um de seus três filhos, seus únicos herdeiros. Na data do óbito, o servidor devia, em tributos federais, o valor de R$ 300.000,00 e os automóveis eram seu único patrimônio. Diante dessa situação, julgue os itens abaixo. (1) Os sucessores do contribuinte falecido não serão legalmente obrigados a responder, individualmente, por mais do que R$ 60.000,00. (2) O espólio, se fosse constituído de patrimônio superior à dívida tributária surgida até a data da abertura da sucessão, suportaria todo o valor do crédito da Fazenda Pública. (3) O adquirente do veículo CC responderá pelos tributos incidentes sobre o automóvel, ainda que anteriores à venda. (4) Se a venda houvesse sido de bem imóvel e existisse, na escritura de compra e venda, a prova da quitação dos tributos sobre ele incidentes, o adquirente não responderia por eles. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 23 (5) Se o servidor fosse casado, o cônjuge sobrevivente responderia, em qualquer caso, pela integralidade da dívida tributária. 13 - (ESAF/AFTN/1998): - No caso de menor que possua bens próprios, respondem solidariamente com este nos atos praticados por terceiros os pais ou tutores respectivos. - Pela multa tributária resultante de atos praticados com excesso de poderes pelo mandatário, em benefício do mandante, responde perante o fisco, pessoalmente, o procurador. - Segundo o Código Tributário Nacional, a denúncia espontânea da infração, acompanhada do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, afasta a responsabilidade pela multa. Escolha a opção que considerar acertada. a) As três assertivas são corretas. b) As três são falsas. c) São corretas as duas primeiras, não a última. d) São corretas as duas últimas, não a primeira. e) Está correta apenas uma das três assertivas. 14 - (ESAF/AFTN/98): (1) Sub-roga-se no adquirente (2) Sub-roga-se no alienante (3) Responsabilidade pessoal (4) Responsabilidade solidária (5) Responsabilidade do mandante Observadas as expressões numeradas de (1) a (5), verifique qual a seqüência de números referente aos itens (i) a (iii). (i) Crédito referente a taxa de prestação de serviços, não quitada, relativa a imóvel transferido. (ii) Responsabilidade dos pais por obrigação tributária principal de filho menor por atos em que intervierem. (iii) Responsabilidade tributária decorrente de ato do procurador, praticado extra vires, isto é, além dos poderes que lhe foram conferidos. a) (2) (3) (4) b) (1) (4) (3) c) (1) (2) (5) CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 24 d) (5) (4) (4) e) (2) (3) (5) 15 – (CESPE/Auditor INSS/2000) Considere a seguinte situação hipotética. Numa e Pompílio constituíram uma sociedade de pessoas denominada “Numa & Pompílio Informática”, regularmente registrada na junta comercial do estado. Tornaram-se devedores da previdência social ao longo de anos e, a certa altura, resolveram encerrar de fato as atividades da empresa,conquanto não tenham adotado as providências jurídicas decorrentes dessa grave deliberação. Simplesmente pararam de funcionar, venderam todo o patrimônio da sociedade, demitiram os empregados e seguiram caminhos diferentes, em outras áreas do comércio. Nessa situação, Numa e Pompílio, poderão ser responsabilizados pelo débito tributário, embora este tenha decorrido de negócios da pessoa jurídica, e não de atividades das pessoas físicas. 16 – (CESPE/Auditor INSS/1998) Se Carla Adquirir de Constantino um estabelecimento comercial, pode tornar-se responsável pelos débitos tributários decorrentes da atividade desenvolvida pelo proprietário anterior, ainda que não tenha tido nenhuma participação nos fatos que deram causa à obrigação tributária. 17 – (CESPE/Auditor INSS/1997) De acordo com o CTN, há responsabilidade solidária dos tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofícios, pelos tributos devidos relativos aos atos praticados por eles ou perante eles, em razão do ofício, no caso de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte. 18 – (CESPE/Auditor INSS/1997) De acordo com o CTN, há responsabilidade nas infrações da legislação tributária, que depende da prova da intenção dolosa ou culposa do agente ou do responsável. 19 – (CESPE/Auditor INSS/1997) De acordo com o CTN, há responsabilidade pessoal dos mandatários, prepostos, empregados, diretores, gerentes ou representantes das pessoas jurídicas de direito privado, pelos tributos devidos por estas, quando aqueles agirem com excesso de poderes ou com infração de lei, do contrato social ou dos estatutos. 20 – (CESPE/Auditor INSS/1997) De acordo com o CTN, há responsabilidade pessoal nas infrações da legislação tributária, a qual não é excluída em nenhum caso. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 25 21 – (ESAF/AFTE-RN/2005) Avalie o acerto das formulações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas. Em seguida, marque a resposta correta. ( ) O sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro são pessoalmente responsáveis pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação. ( ) Mesmo no caso de ser possível a exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este, nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis, os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados. ( ) A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. a) V, F, F b) V, F, V c) V, V, V d) F, F, V e) F, V, V 22 – (ESAF/AFTE-RN/2005) Em relação ao tema responsabilidade por infrações da legislação tributária, avalie o acerto das formulações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a resposta correta. ( ) A denúncia espontânea da infração, acompanhada de pedido de parcelamento do valor do tributo devido e dos juros de mora e apresentada antes do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, exclui a responsabilidade do agente. ( ) Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária depende da intenção do agente. ( ) A responsabilidade é pessoal ao agente quanto às infrações da legislação tributária em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar. a) V, F, F b) V, V, F c) F, F, V d) F, V, V e) F, F, F PONTOS RELEVANTES DESTA AULA 1) Na aquisição de bens imóveis (art. 130), subrogam-se na pessoa do adquirente os créditos relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 26 domínio útil ou a posse desses bens (IPTU e ITR), a taxas de serviços e a contribuições de melhoria. Não ocorre a sub-rogação quando consta do título a prova de quitação desses tributos (que pode ser feita por meio de certidão negativa). No caso de arrematação em hasta pública, ocorre sub-rogação no preço, ou seja, nenhuma responsabilidade tributária existe para o arrematante. 2) São pessoalmente responsáveis o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos. Essa regra geral, constante do art. 131, inciso I, do CTN, deve ser interpretada conjuntamente com a relativa à aquisição de bens imóveis, prevista no art. 130. Assim, em todos os casos em que não seja aplicável o art. 130 (norma específica), aplica-se o art. 131, inciso I. A principal diferença é que a responsabilidade pessoal decorrente do art. 131, inciso I, abrange todos os tributos relativos ao bem adquirido ou remido e não pode ser excluída, isto é, não existe previsão de afastamento da responsabilidade pela prova de quitação de tributos. 3) Na sucessão causa mortis, para efeito de responsabilidade tributária, são relevantes três momentos. Os fatos geradores ocorridos antes da abertura da sucessão têm o espólio como pessoalmente responsável. Os fatos geradores ocorridos entre a abertura da sucessão e a partilha têm o espólio como contribuinte, e os sucessores como pessoalmente responsáveis. O inventariante tem a responsabilidade de terceiros prevista no art. 134, inciso IV, ou no art. 135 (caso atue irregularmente). Os sucessores são pessoalmente responsáveis (e solidários entre si) por qualquer tributo cujo fato gerador tenha ocorrido até a data da partilha, mas essa responsabilidade é limitada ao valor do patrimônio recebido na sucessão. 4) Nos casos de fusão, incorporação ou transformação de pessoas jurídicas de direito privado há responsabilidade da incorporadora, da resultante da fusão e da resultante da transformação pelos tributos devidos pela incorporada, pelas fusionadas e pela transformada (art. 132). 5) No caso de extinção da pessoa jurídica, somente persistirá responsabilidade tributária caso algum dos sócios (ou seu espólio) constitua uma outra pessoa jurídica ou, sob firma individual (como empresário individual), continue a exploração da mesma atividade a que se dedicava a pessoa jurídica extinta (art. 132, parágrafo único). Deve-se atentar, também, para a regra do art. 134, inciso VII, do CTN. De acordo com esse dispositivo, no caso de liquidação de sociedades de pessoas, os sócios possuem responsabilidade tributária na modalidade responsabilidade de terceiros, ou seja, respondem pelos tributos e penalidades moratórias relativos aos atos em que hajam intervindo ou às omissões que lhes sejam imputáveis (caput do art. 134). Nessa mesma hipótese − liquidação de sociedades de pessoas −, os sócios responderão pessoalmente por todo o crédito tributário decorrente de seus atos, se agirem irregularmente, nos termos do art. 135 do CTN. 6) A responsabilidade do adquirente de fundo de comércio ou estabelecimento, que prossiga na respectiva atividade, depende do que faça o alienante. Se este cessar a exploração, o adquirente responde integralmente, pelos tributos relativos CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 27 ao fundo de comércio ou estabelecimento. Se o alienante prosseguir na exploração ou iniciar qualquer outra dentro de seis meses, o adquirente responde apenas subsidiariamente. 7) A partir da entrada em vigor da Lei Complementar nº 118/2005, ficará excluída a responsabilidade tributária do adquirente de fundo de comércio ou estabelecimento nas hipóteses de alienação judicial em falência ou em processo de recuperação judicial.Essa exclusão não ocorrerá se o adquirente for sócio, parente ou agente do falido ou do devedor em recuperação judicial. 8) A responsabilidade de terceiros prevista no caput do art. 134 do CTN apenas se aplica aos terceiros relativamente a fatos geradores decorrentes de atos em que eles hajam intervindo ou de omissões a eles imputáveis, sem que tenham atuado com excesso de poder ou contra a lei ou contrato. Os terceiros responderão somente no caso de impossibilidade de a fazenda cobrar do contribuinte (mas, para o CTN, a responsabilidade do art. 134 é solidária). O terceiro responderá apenas pelo tributo e pelas penalidades de caráter moratório. 9) A responsabilidade de terceiros prevista no art. 135 aplica-se quando o terceiro atua irregularmente. É uma responsabilidade pessoal e abrange todo o crédito tributário (tributos, juros e multas cabíveis). 10) A responsabilidade por infrações da legislação tributária é objetiva, ou seja, independe da intenção do agente. O art. 136, entretanto, inicia com “salvo disposição de lei em contrário”, ou seja, a lei pode dar relevância ao elemento subjetivo, o que costuma ocorrer nas hipóteses de infrações qualificadas, cujas multas são agravadas. 11) O art. 137 do CTN lista as situações em que a responsabilidade por infrações é pessoal do agente. 12) A denúncia espontânea (art. 138) afasta a responsabilidade por infrações. Há denúncia espontânea quando o sujeito passivo, antes do início de qualquer procedimento fiscal relacionado com a infração, procura a Administração fazendária, reconhece o cometimento da infração e paga o tributo devido, acrescido de juros de mora, ou o valor arbitrado pela autoridade fiscal. 13) Solicitação e concessão de parcelamento não configuram denúncia espontânea, não excluindo a incidência de multas (art. 155-A, § 1º). 14) O STJ possui jurisprudência pacífica segundo a qual as multas decorrentes de infrações meramente formais, como as multas por atraso na entrega de declarações, não ficam excluídas com a denúncia espontânea (para o STJ, não se aplica o art. 138 do CTN às infrações meramente formais). GABARITO 1 – d; 2 – b; 3 – e; 4 – d; 5 – c; 6 – b; 7 – a; 8 – E; 9 – E; 10 – E; 11 – C; 12 – CCCCE; 13 – d; 14 – b; 15 – C; 16 – C; 17 – C; 18 – E; 19 – C; 20 – E; 21 − b; 22 − c. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. MARCELO ALEXANDRINO www.pontodosconcursos.com.br 28 Até a próxima.
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