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CÓDIGO CIVIL COMENTADO Parte Geral

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CÓDIGO CIVIL COMENTADO 
 
(Lei n. 10.406, de 10-1-2002) 
 
 
LEI N. 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002* 
Institui o Código Civil 
 
 
PARTE GERAL 
 
 
LIVRO 1 
DAS PESSOAS 
 
TÍTULO 1 
DAS PESSOAS NATURAIS 
 
CAPÍTULO I 
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE 
 
 
Art. 1
o
 Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
 
Histórico 
O texto original do projeto tal como aprovado em primeira votação pela Câmara dos 
Deputados repetia a redação do Código de 1916, dispondo que “todo homem é capaz de 
direitos e obrigações na ordem civil”. Submetido posteriormente ao Senado Federal, foi 
alterado pela Emenda n. 367 (renumerada posteriormente para 01), da lavra do então 
Senador Josaphat Marinho, passando a adotar a seguinte redação: “Art. 1o Todo ser 
humano é capaz de direitos e obrigações na ordem civil”. Ao fundamentar a sua emenda, 
justificou o Senador Josaphat Marinho que “o vocábulo ‘homem’, constante do projeto, já 
vão era claramente indicativo da espécie humana, vale dizer, também da mulher. Com a 
qualificação marcante dos dois seres, e dada a evolução, inclusive no direito, da situação 
da mulher, elevada a independente, evita-se o uso da palavra homem abrangente da 
pessoa de um e de outro sexo. Hoje, a referência comum é a direitos humanos, embora as 
Declarações de 1789 e de 1948 aludam a direitos do homem. De modo geral, os 
instrumentos internacionais posteriores a 1948 empregam a expressão direitos humanos, 
ou recomendam tratamento igual à mulher em relação ao homem, e por isso dão preferên-
cia ao substantivo pessoa, também de alcance superior. Assim a Convenção sobre a 
Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais, do Conselho da Europa, 
de 1950, e o Protocolo n. 4, de 1963, que a integra, bem como a Declaração sobre a 
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, da Assembléia-Geral das 
Nações Unidas, de 1963, e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 1966, 
de igual origem. A Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, da 
Assembléia-Geral das Nações Unidas, de 1967, proclama, em seu preâmbulo, que ‘é 
necessário garantir o reconhecimento universal, de fato e de direito, do princípio de 
igualdade do homem e da mulher’. E estipula, na letra b do art. 22, que ‘o princípio da 
igualdade de direitos figurará nas constituições ou será garantido de outro modo por lei’. 
Complementando essa Declaração, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas 
de Discriminação contra a Mulher estabelece, entre outros preceitos, que seus signatários 
se comprometem a adotar, nesse sentido, ‘todas as medidas adequadas, inclusive de 
caráter legislativo, e compreendendo a modificação de usos e costumes’ (art. 2~, J). 
Conquanto os pactos internacionais não sejam exemplos de rigor técnico, exprimem 
diretrizes de política normativa, importantes para o legislador Não deve ele empregar 
linguagem contrastante com as tendências culturais do povo. No domínio científico, 
Enneccerus observa que o direito se baseia na ‘vontade coletiva’, e não em ‘simples 
convicção jurídica’ (Trat. de Der Civ. de Enneccerus, Kipp e Wolff, T. jQ, Parte Gen., 
Trart. de Pérez González e José Alguer, Bosch, Barcelona, 1943, p. 121). Já em 1904, 
escrevendo sobre a técnica legislativa na Codificação civil moderna, Gény assinalava a 
necessidade de ‘linguagem conforme o espírito da época e do meio’ (La technique 
legislative dans la codification civile modcrne, in Le Cade Civil — 1804-1904 — Livre 
du Centenaire, t. II, Paris, Rousseau Editeur, 1904, p. 1037). Com razão maior se há de 
proceder assim hoje por ser mais ampla e viva a participação da coletividade no trabalho 
legislativo. Logo, é de prudente e bom estilo legislativo substituir, no art. 1o , o vocábulo 
‘homem’ pela forma ‘ser humano’. Evita-se confusão e segue-se tendência dominante na 
ordem jurídica e social. A opção é preferível, mesmo, à da palavra ‘pessoa’, por ser mais 
diretamente indicativa do gênero humano”. Retomando o projeto a nova apreciação da 
Câmara dos Deputados, tendo em vista as emendas apresentadas pelo Senado, recebeu o 
artigo parecer do Deputado Bonifácio de Andrada, designado relator parcial para a parte 
geral e que opinou pela rejeição da emenda por entender que a redação original da 
Câmara elegia expressão consagrada no ordenamento jurídico, ao referir-se ao gênero 
“homem”. Na elaboração de seu relatório geral o Deputado Ricardo Fiuza registrou, 
inicialmente, que os argumentos do relator parcial eram ponderáveis, ao procurar manter 
no texto forma aceita na grande maioria dos sistemas normativos e que, de nenhuma 
maneira, assumia qualquer tipo de conotação machista, nem se contrapunha à 
constitucionalmente assegurada paridade de direitos entre o homem e a mulher como 
sujeitos jurídicos. A matéria foi objeto de intenso debate na fase final de tramitação do 
projeto. Em audiência pública perante a Comissão Especial, o Prof. Miguel Reale sugeriu 
como melhor opção a referência à “pessoa”, em vez de ser humano”. Segundo o 
Deputado Fiuza, a substituição sugerida por Miguel Reale foi de boa técnica jurídica e 
social, diante da própria nominação dada ao Livro 1 — “Das Pessoas”, razão pela qual 
restou acolhida no seu relatório e posteriormente aprovada pela Câmara. Outra alteração 
redacional procedida pelo Deputado Fiuza e que também restou aprovada, a fim de dar 
maior clareza ao dispositivo, foi a substituição do vocábulo “obrigações” por “deveres”, 
uma vez que, segundo o relator, “existem outras modalidades de deveres jurídicos, 
diferentes da obrigação, a exemplo da sujeição, do dever genérico de abstenção, dos 
poderes-deveres, dos ônus, além dos deveres de família que não se enquadram em 
nenhuma das categorias jurídicas acima. O dever correlato ao direito de personalidade é o 
dever genérico de abstenção, o que Santoro Passarelli denomina de ‘dever de respeitar’ ou 
‘dever de não desrespeitar’. Por igual, os direitos absolutos, como o de propriedade, têm 
como deveres correlatos, ora a abstenção, ora a sujeição, nos casos de direitos de 
vizinhança, por exemplo (caso da passagem forçada). Por sua vez, os deveres de família 
não se constituem, no sentido técnico da palavra, em obrigação, e sim em deveres”. 
 
Doutrina 
 
Personalidade e capacidade jurídica: Liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que 
exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Sendo a pessoa 
natural o sujeito ‘das relações jurídicas e a personalidade, a possibilidade de ser sujeito, 
toda pessoa é dotada de personalidade. Esta tem sua medida na capacidade, que é 
reconhecida, num sentido de universalidade, no art. 12 do Código Civil, que, ao pres-
crever “toda pessoa é capaz de direitos e deveres”, emprega o termo “pessoa” na acepção 
de todo ser humano, sem qualquer distinção de sexo, idade, credo ou raça. 
• Capacidade de direito e capacidade de exercício: À aptidão oriunda da personalidade 
para adquirir direitos e contrair obrigações na vida civil dá-se o nome de capacidade de 
gozo ou de direito. 
• Quando o Código enuncia, no seu art. 1o, que toda pessoa é capaz de direitos e deveres 
na ordem civil, não dá a entender que possua concomitantemente o gozo e o exercício 
desses direitos, pois nas disposições subseqüentes faz referência àqueles que tendo o gozo 
dos direitos civis não podem exercê-los, por si, ante o fato de, em razão de menoridade ou 
de insuficiência somática, não terem a capacidade de fato ou de exercício. 
 
 
Bibliografia 
e Clóvis Beviláqua, Teoria geral do direito civil, 4. ed. (p. 67); Larenz, Derecho civil, 
parte general (p. 104); M. Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, São Paulo, 
Saraiva, 19, v. 1 (p. 82); Haroldo Valladão, Capacidade de direito, in EnciclopédiaSaraiva do Direito, v. 13 (p. 34); Virgilio de Sá Pereira, Direito de família, Rio de 
Janeiro, Freitas Bastos, 1959; Orlando Gomes, Introdução ao direito civil, cit. (p. 149); 
Espínola, Direito civil brasileiro, v. 1 (p. 239); Filomusi Guelfi, Enciclopedia juridica (p. 
178); Caio M. S. Pereira, Instituições , cit., v. 1 (p. 198); Luiz Roldão de Freitas Gomes, 
Noção de pessoa no direito brasileiro, Revista de Direito Civil Imobiliário, Agrário e 
Empresarial, 61/15-34. 
 
Art. 2
o
 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei pôe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Histórico 
• O texto original do Projeto n. 634, tal como redigido pelo Ministro Moreira Alves, 
consignava que “a personalidade civil do homem começa do nascimento com vida; mas a 
lei põe a salvo os direitos do nascituro”. O texto proposto pelo Senado por meio da 
Emenda n. 368, também de autoria do Senador Josaphat Marinho, passou a adotar a 
seguinte redação: “A personalidade civil do ser humano começa do nascimento com vida; 
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Ou seja, ressalvou os 
direitos do nascituro desde a concepção, além de substituir a expressão “ser humano” por 
“homem”. Afirmou na ocasião o nobre Senador Josaphat Marinho que “a emenda 
restaura, basicamente, o texto do art. 42 do atual Código Civil (leia-se Código anterior). 
Ressalvar os direi- 
tos do nascituro, ‘desde a concepção’, como hoje assegurando, é permuta ampla, que deve 
ser preservada acima de divergências doutrinArias . Num fim de século em que se realça 
a amplitude dos direitos humanos, bem como a necessidade de defendê-los com energia, 
suprimir a cláusula “desde a concepção” suscitaria estranheza. E o projeto, mesmo, 
confirmando essa tendência, alude a filho concebido, como nos arts. 1.602 e 1.606. 
Lembre-se, ainda, com a lição de Orlando Gomes, que ‘o direito de suceder do nascituro 
depende de já estar concebido no momento da abertura da sucessão’ (Sucessões, 6. ed., 
Forense, 1990, p. 30). Aquiesceu, de imediato, na alteração o eminente Professor e 
Ministro Moreira Alves, autor da Parte Geral do Anteprojeto, na Comissão designada 
pelo Poder Executivo. Retomando o texto do projeto a nova apreciação da Câmara dos 
Deputados, promoveu o Relator Fiuza apenas a substituição da expressão ‘ser humano’ 
pelo vocábulo ‘pessoa’, correntemente com o que havia feito no art. 1o . 
 
 
Doutrina 
Começo da personalidade natural: Pelo Código Civil, para que um ente seja pessoa e 
adquira personalidade jurídica, será suficiente que tenha vivido por um segundo. 
• Direitos do nascituro: Conquanto comece do nascimento com vida a personalidade 
civil do homem, a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (CC, ais. 
22, 1.609, 1.779 e parágrafo único e 1.798), como o direito à vida (CF, art. 52, CP, ais. 
124 a 128, 1 e II), à filiação (CC, ais. 1.596 e 1.597), à integridade física, a alimentos (RT 
650/220; RJTJSP 150/906), a uma adequada assistência pré-natal, a um curador que zele 
pelos seus interesses em caso de incapacidade de seus genitores, de receber herança (CC, 
ais. 1.798 e 1.800, § 3~), de ser contemplado por doação (CC, art. 542), de ser 
reconhecido como filho etc. Poder-se-ia até mesmo afirmar que, na vida intra-uterina, tem 
o nascituro, e na vida extra-uterina, tem o embrião, personalidade jurídica formal, no que 
atina aos direitos personalissimos, ou melhor, aos da personalidade, visto ter a pessoa 
carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in vivo ou in vitro 
(Recomendação n. 1.046/89, n. 7 do Conselho da Europa), passando a ter a personalidade 
jurídico material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em estado 
potencial, somente com o nascimento com vida (CC, art. 1.800, § 3
o
 ). Se nascer com 
vida, adquire personalidade jurídica material, mas, se tal não ocorrer, nenhum direito 
patrimonial terá. 
Momento da consideração jurídica do nascituro: Ante as novas técnicas de fertilização in 
vitro e do congelamento de embriões humanos, houve quem levantasse o problema 
relativo ao momento em que se deve considerar juridicamente o nascitum, entendendo-se 
que a vida tem início, naturalmente, com a concepção no ventre materno. Assim sendo, 
na fecundação na proveta, embora seja a fecundação do óvulo, pelo espermatozóide, que 
inicia a vida, é a nidação do zigoto ou ovo que a garantirá; logo, para alguns autores, o 
nascituro só será “pessoa” quando o ovo fecundado for implantado no útero materno, sob 
a condição do nascimento com vida. O embrião humano congelado não poderia ser tido 
como nascituro, apesar de dever ter proteção jurídica como pessoa virtual, com uma carga 
genética própria. Embora a vida se inicie com a fecundação,-e a vida viável com a 
gravidez, que se dá com a nidação, entendemos que na verdade o início legal da 
consideração jurídica da personalidade é o momento da penetração do espermatozóide no 
óvulo, mesmo fora do corpo da mulher. Por isso, a Lei n. 8.974/95, nos arts. 8~, II, III e 
IV, e 13, veio a reforçar, em boa hora, essa idéia não só ao vedar: 
a) manipulação genética de células germinais humanas; b) intervenção em material 
genético humano in vivo, salvo para o tratamento de defeitos genéticos; c) produção, 
armazenamento ou manipulação de embriões humanos destinados a servir como material 
biológico disponível, como também ao considerar tais atos como crimes, punindo-os 
severamente. Com isso, parece-nos que a razão está com a teoria concepcionista, uma vez 
que o Código Civil resguarda desde a concepção os direitos do nascituro e além disso, no 
art. 1.597,1V, presume concebido na constância do casamento o filho havido, a qualquer 
tempo, quando se tratar de embrião excedente, decorrente de concepção artificial 
heteróloga. 
 
 
Sugestão legislativa: Pelas razões antes expostas, oferecemos ao Deputado Fiuza a 
seguinte sugestão legislativa: 
Art. 2
o
 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do embrião e os do nascituro. 
 
 
Bibliografia 
 
Darcy Arruda Miranda, Anotações ao Código Civil brasileiro, São Paulo, Saraiva, 1981, 
v. 1 (p. 7); Baudry-Lacantinerie e Houques-Fourcade, Delle persone, v. 1 (p. 272); Aubry 
e Rau, Droit civil, v. 1 (p. 179);Antônio Chaves, Tratado de direito civil, SI. flui., Revista 
dos flíbunais, 1982, v. 1, t. 1 (p. 316); M. Helena Diniz, Reflexões sobre a problemática 
das novas técnicas científicas de reprodução humana assistida e a questão da 
responsabilidade civil por dano ao embrião e ao nascituro, Livm de Estudos Jurídicos, 
8/94; A ectogênese e seus problemas jurídicos, Direito — Revista do Programa de Pós-
Graduàção em Direito, PUCSP, 1/89-100, 1995; A responsabilidade civil por dano moral, 
Revista Literária do Direito, n. 9,1996 (p. 7-14); Curso, cit., v. 1 (p. 100 e 101); O estado 
atual do biodireito, São Paulo, Saraiva, 2001 (p. 21-127, 405-16, 452-500); Mercedes 
Oayosso y Navarrete, “Cura Ventris”, Revista Brasileira de Direito Comparado, 13/200-
37, 1992; Traverso, La tutela costituzionale della persona umana prima della nascita, 
Milano, Giuffrè, 1977; Francisco Amaral, O nascituro no direito civil brasileiro. 
Contribuição do direito civil português, Revista Brasileira de Direito Comparado, 8/75-
89; Benedita lnêz Lopes Chaves, A tutela jurídica do nascituro, São Paulo, LTr, 2000; 
Silmara J. A. Chinelato e Almeida, A tutela civil do nascituro, São Paulo, Saraiva, 2000; 
O nascituro no Código Civil e no nosso direito constituendo, in O direito de família e a 
Constituição Federal de 1988, coord. Bittar, São Paulo, Saraiva, 1989 (p. 39-52); Direitos 
da personalidade do nascituro, Revista do Advogado, 38/25-6; e Evolução exige norma 
jurídica, Tribuna do Direito, n: 33, 1996 (p. 16); Eduardode Oliveira Leite, Procria ções 
artificiais e o direito, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1995; Didier David, 
L’insémination arnficielle humaine, un nouveau mode defiliation, Paris, 1984; Michaud, 
La personne humaine face au dévelopement des sciences bio médicales, Paris, 1990; 
Francisco L. Yagür, Fecondación artificial y derecho, Madrid, Technos, 1988; Monica 
Sartori Scarparo, Fertilização assistida — questão aberta — aspectos cient(jicos e legais, 
Rio de Janeiro. Forense Universitária, 1991; Armando Dias de Azevedo, A inseminação 
artificial em face da moral e do direito, RF, 149/497 e 5.; Douglas C. Cusine, New 
repmductive techniques — a legal perspective, Vennont Gaver Publishing, 1988; Thereza 
Christina Bastos Menezes, Novas técnicas de reprodução humana, RT, 660/253; 
Guilhermo E Ray, La fecundación arftficial en seres humanos ante la moral y el derecho, 
Buenos Aires, 1951; Lauro Rutkowski, O aluguel de útero continua fora da lei, Zero 
Hora, 12 set. 1990 (p. 40); Paula M. da Silva, A procriação artificial: aspectos jurídicos, 
Lisboa, 1986; Carlos Alberto Bittar, Teoria geral do direito civil, cit. (p. 117-8); 
Santosuosso. La fecondazione artiflciale untaria, Milano, Giuffrê, 1984; Zannoni, 
lnseminaciónartifl cial yfecundnción extrauterina. 
 
 
Art. 3
o
 São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I— os menores de dezesseis anos; 
II — os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos; 
 III — os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
Histórico 
A redação atual do dispositivo é praticamente a mesma da concebida pela comissão que 
elaborou o anteprojeto, salvo em relação ao antigo inciso IV que elegia os índios como 
absolutamente incapazes e que foi suprimido pela Câmara dos Deputados ainda durante a 
primeira fase de tramitação do projeto. Durante a passagem do projeto pelo Senado houve 
apenas uma pequena modificação na redação do inciso 111. E que o texto original do 
projeto dispunha literalmente o seguinte: “III — os que, ainda por causa transitória, não 
puderem exprimir sua vontade”. O Senado Federal preferiu emendar o dispositivo, dando-
lhe a seguinte redação: “III — os que, ainda por motivo transitório, não puderem exprimir 
sua vontade”. O argumento era o de que a expressão “por motivo” teria o mesmo alcance 
da forma “por causa”, e evitaria a dissonância que nesta se apura. A redação atual tem 
origem em emenda de autoria do Deputado Fiuza para substituição do “ainda” por 
“mesmo”, em favor da redação vigente no Código anterior. Entendeu o Relator Ricardo 
Fiuza que o vocábulo “motivo” tinha características essencialmente subjetivas, enquanto a 
palavra “causa’ era integralmente objetiva. O conceito de causa é mais amplo do que a 
noção de motivo. Pode-se, exemplificativamente, falar de causas naturais, no sentido de 
causas da natureza, mas nunca de motivos da natureza ou motivos naturais. Propôs, então, 
o Relator Fiuza, nova redação ao inciso. Segundo consignou em seu relatório, o “ainda 
por causa transitória”, além de configurar certo arcaísmo de linguagem (modernamente, 
dir-se-ia “ainda que por causa transitória”), pertencia do vício da ambigüidade, podendo 
ser tomado também no sentido do advérbio temporal, de persistência da “causa 
transitória”, que ainda se fatia sentir. 
 
 
Doutrina 
• Menoridade de dezesseis anos: Os menores de dezesseis anos são tidas como 
absolutamente incapazes para exercer atos na vida civil, porque devido à idade não 
atingiram o discernimento para distinguir o que podem ou não .fazer que lhes, é 
conveniente ou prejudicial Por isso para a validade dos seus atos, será preciso que estejam 
representados por seu pai, por sua mãe, ou por tutor. 
• Impossibilidade transitória para exprimir a vontade: Aquele que por doença que 
acarrete deficiência física (surdo-mudez, p. ex.)’ ou perda de memória, não puderem, 
ainda que temporariamente. manisfestar seja vontade para praticar atos da vida civil 
deverão estar representado por um curador (CC. arts. 1.767,11, e 1.780). 
 
 
 
Art. 4
o
 São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I— os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II— os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham 
o discernimento reduzido; 
III — os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV — os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
 
 
Histórico 
• Este dispositivo sofreu duas alterações durante o período de tramitação entre Câmara e 
Senado. A primeira consistiu na redução da maioridade civil de 21 para 18 anos, de que 
trata o inciso 1, e cujos fundamentos encontram-se delineados no histórico do artigo 
seguinte. A segunda alteração teve origem em emenda de redação apresentada pelo 
Deputado Ricardo Fiuza, substituindo terminologia em desuso utilizada no texto do 
projeto (silvícolas) pela denominação usada na Constituição Federal (índios). 
 
 
Doutrina 
• Incapacidade relativa: A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar 
por si os atos da vida civil desde que assistidos por quem o direito encarrega desse ofício, 
em razão de parentesco, de relação de ordem civil ou de designação judicial, sob pena de 
anulabilidade daquele ato (CC, art. 171, 1), dependente da iniciativa do lesado, havendo 
até hipóteses em que tal ato poderá ser confirmado ou ratificado. Há atos que o 
relativamente incapaz pode praticar, livremente, sem autorização. 
• Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: Os maiores de dezesseis e menores de 
dezoito anos só poderão praticar atos válidos se assistidos pelo seu representante. Caso 
contrário serão anuláveis. 
• Ébrios habituais, viciados em tóxicos e deficientes mentais com discernimento 
reduzido: Alcoólatras, dipsômanos ,toxicômanos, portadores de deficiência mental, que 
sofram redução na sua capacidade de entendimento, não poderão praticar atos na vida 
civil sem assistência de curador (CC, art. 1.767, III). desde que interditos. 
• Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo: Abrangidos estão, aqui: os 
fracos de mente, surdos-mudos e e portadores de anomalia psíquica que apresentem 
sinais de desenvolvimento mental incompleto, comprovado e declarado em sentença de 
interdição, que os tornam incapazes de praticar atos na vida civil, sem a assistência de um 
curador (CC, art. 1.767. IV). 
• Pródigos: São considerados relativamente incapazes os pródigos, ou seja, aqueles que, 
comprovada, habitual e desordenadamente, dilapidam seu patrimônio, fazendo gastos 
excessivos. Com a interdição do pródigo, privado estará ele dos atos que possam 
comprometer seus bens, não podendo, sem a assistência de seu curador (CC, art. 1.767, 
V), alienar, emprestar, dar quitação, transigir, hipotecar, agir em juízo e praticar, em 
geral, atos que não sejam de mera administração (CC, art. 1.782). 
• Indígenas e sua submissão a regime tutelar Os índios, devido a sua educação ser lenta e 
difícil, são colocados pelo novo Código Civil sob a proteção de lei especial, que regerá a 
questão de sua capacidade. O Código Civil sujeita-os ao regime tutelar, estabelecido em 
leis e regulamentos especiais (Lei n. 6.001/73; CF/88, arts. 22, XIV, 49, XVI, 129, V, 
210, § 22, 232. 109, XI, 231, 176. § P, e art. 67 das Disposições Transitórias; Dec. n. 
88.118/83; Constituição do Estado de São Paulo de 1989, arts. 282, §~ P a 39, e 283; Lei 
n. 6.0l5 ‘7l3, arts. 50, § 2o , e 246. com a redação da Lei n. 10.267/2001; Dec. n. 
1.775/96). 
Obs.: O art. 42 revoga a Lei n. 4.294/21 e o Decreto-lei n. 891/38; Lei n. 6.368/76. 
 
 
Bibliografia 
•Caio M. 5. Pereira, Instituições cit., v. 1 (p. 240-2); Antônio Chaves, Capacidade civil, 
cit., in EnciclopédiaSaraiva do Direito, v. 13 (p. 9); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 
93-7); Silvio Rodrigues, Dos defeitos dos atos jurídicos. São Paulo, 1959 (n. 100 e s. e n. 
131); e Direito civil, cit., v. 1 (p. 82); W. Barros Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 66-7); José 
de Farias lavares, O Código Civil e a nova Constituição, Rio de Janeiro, Forenst, 1991 (p. 
17-8); Hugo Nigro Mazzilli, Regime Jurídico do Ministério Público, São Paulo, Saraiva, 
1995 (p. 226); Marcelo Dolzany da Costa, Anotações sobre direitos indígenas, in 1 
Encontm de Juizes Federais da Região Amazônica, 1995 (p. 133); A. Gursen de Miranda, 
O direito e o índio. Belém, Cejup, 1994. 
 
 
 
Art. 5
o
 A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à 
prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
1 — pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o 
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II — pelo casamento; 
III — pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV — pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V — pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, 
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia 
própria. 
 
 
Histórico 
• A principal alteração verificada neste dispositivo em relação ao texto original do 
Projeto n. 634, procedida ainda pelo Senado Federal, consistiu na redução da maioridade 
civil de 21 para 18 anos. A questão da redução da maioridade civil há muito já não 
suscitava mais qualquer controvérsia tanto no seio da comunidade jurídica como na 
sociedade de uma maneira geral. As justificativas apresentadas perante o Senado tra-
duzem bem essa posição, in verbis: “Substancialmente, as modificações propostas pela 
emenda decorrem da fixação da maioridade civil em dezoito anos”. E no particular 
procede. A tendência prevalecente é no sentido de fixar a maioridade civil em dezoito 
anos. Assim a estabelecem o Código Civil italiano, de 1942 (art. 2~), o português (de 
1966), com as alterações de 1977 (art. 130), o francês, com as inovações da Lei de 1974 
(art. 488). Esta é a consagração, também, da Constituição espanhola de 1978 (art. 12). 
Acresce que nossa Constituição prestigia essa tendência. Restringe a inimputabilidade 
penal aos menores de dezoito anos, sujeitando-os a legislação especial (art. 228). 
Considera o alistamento eleitoral e o voto obrigatórios para os maiores dessa idade e 
facultativos para os maiores de dezesseis anos (art. 14, § l~, 1 e II, c). E estipula a idade 
de vinte e um anos como condição de elegibilidade “para deputado federal, deputado 
estadual ou distrital, vice-prefeito e juiz de paz”, bem assim a de 18 para vereador (art. 
14, § 32, VI, c e d), o que corrobora a fixação da maioridade aos dezoito anos. Essa 
inclinação legislativa repousa, também na certeza de que os meios de comunicação 
transmitem, permanente e crescentemente , conhecimentos e informações que ampliam o 
poder de observação das pessoas e de discernimento dos fatos. Há de presumir-se, 
mesmo, que assim se teria orientado o projeto, se sua elaboração houvesse sido posterior 
à Carta de 1988. Retomando o projeto à Camara dos Deputados, foi apresentada emenda 
de redação pelo Relator Ricardo Fiuza, substituindo a conjunção aditiva “e” pela 
conjunção alternativa “ou”, a fim de evitar a ambigüidade. O emprego da conjunção ~ 
segundo o relator, fazia “parecer que, além do instrumento público, estar-se-ia a exigir 
sentença judicial para validade da emancipação feita por concessão dos pais, quando o 
artigo versa sobre duas formas estanques de emancipação: uma por concessão dos pais e 
que independe de processo judicial; e a outra por decisão judicial, nos casos de menor 
sujeito à tutela”. 
 
 
Doutrina 
Maioridade: Em relação à menoridade, a incapacidade cessará quando o menor completar 
dezoito anos, segundo nossa legislação civil. Ao atingir dezoito anos a pessoa tornar-se-á 
maior, adquirindo a capacidade de fato , podendo, então, exercer pessoalmente os atos da 
vida civil. 
• Emancipação expressa ou voluntária: Antes da maioridade legal, tendo o menor 
atingido dezesseis anos, poderá haver a outorga de capacidade civil por concessão dos 
pais, no exercício do poder familiar, mediante escritura pública inscrita no Registro Civil 
competente (Lei n. 6.015/73, arts. 89 e 90; CC, art. 92, II), independentemente de 
homologação judicial. Além dessa emancipação por concessão dos pais, ter-se-á a 
emancipação por sentença judicial, se o menor com dezesseis anos estiver sob tutela 
(CPC, arts. 1.103 a 1.112,1; Lei n. 8.069/90, arts. 148, VII, parágrafo único, e), ouvido o 
tutor 
• Emancipação tácita ou legal: A emancipação legal decorre dos seguintes casos: a) 
casamento, pois não é plausível que fique sob a autoridade de outrem quem tem 
condições de casar e constituir família; assim, mesmo que haja anulação do matrimônio, 
viuvez, separação judicial ou divórcio, o emancipado por esta forma não retoma à 
incapacidade; b) exercicio de emprego público efetivo, por funcionário nomeado em 
caráter efetivo (não abrangendo a função pública extranumeraria ou em comissão), com 
exceção de funcionário de autarquia ou entidade paraestatal, que não é alcançado pela 
emancipação. Diarista e contratado não serão emancipados por força de lei (RT 98/523; 
Súmula 14 do STF Lei n. 1.711\52, art 22 II: Lei 8.112\90, art 5
o
 , V. 
 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 250); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 1 
(p. 37 e 38); Darcy Arruda Miranda, Anotações. cit., v. 1 (p. 13); W. Barros 
Monteiro, Curso, cit., v. 1 (p. 71 e 72); Silvio Rodrigues, Direito civil, cit., v. 1 (p. 89); 
M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 98-100); José de Farias Tavares, O Código Civil e a 
nova Constituição, cit.(p. 19e 20). 
 
 
Art. 6
o
 A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
 
Histórico 
• Este artigo não havia sido alterado durante a tramitação no Senado Federal e mantinha a 
mesma redação do anteprojeto, a saber: “Art. 62 A existência da pessoa física termina 
com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a 
abertura de sucessão definitiva”. Retomando o projeto à Câmara, o Relator Fiuza propôs a 
substituição da expressão “pessoa física” por “pessoa natural”, restabelecendo a redação 
vigente no Código de 1916. A proposta de restaurar a denominação “pessoa natural” já 
vinha desde o primeiro período de tramitação do projeto perante a Câmara dos 
Deputados. Emenda do Deputado Brigido Tinoco, posteriomente rejeitada pelo Relatório 
Emani Satyro. já consignava, citando Clóvis Beviláqua. “que o homem simboliza a 
pessoa natural juridicamente, porque não é visto, apenas, sob o aspecto da individua-
lidade, mas também como agente primário e comum do direito. 
 
Doutrina 
• Morte real: Com a morte real, cessa a personalidade jurídica da pessoa natural, que 
deixa de ser sujeito de direitos e deveres, acarretando : a) dissolução do vínculo conjugal 
e do regime matrimonial l (Lei n.. 651 5177 e CC, art. 1.571, 1); b) extinção do poder 
familiar (CC, art. 1.635,1); dos contratos personalíssimos, com prestação de serviço.(CÇ, 
art. 607). e mandato (CC. art. 682,11; STF, Súmula 25); c) cessação da obrigação , 
alimentos com o falecimento do credor (RJTJSP, 82138; RI’, 574/68; CC, art. 1.700); do 
pacto de preempção (CC, art. 520); da obrigação oriunda de ingratidão de donatário (CC, 
art. 560); á) extinção de usufrutos ’ (CC, art. 1.410. I CPC. art. 1.112, VI); da doação na 
forma de subvenção periódica(CC, art. 545); do encargo da testamentaria (CC, art 
1.985). 
•Morte presumida : A morte presumida pela lei se dá ausência de uma pessoa nos casos 
dos arts 22 a 39 do Código Civil e dos arts. 1.161 a 1.168 do Código de Processo Civil, Se 
uma pessoa desaparecer , sem deixar notícias, qualquer interessado na sua sucessão ou o 
Ministério Público (CPC. art. 1.163) poderá requerer ao juíza declaração de sua ausência 
e a nomeação de curador. Se após um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se 
deixou algum representante. em se passando três anos, sem que dê sinal de vida, poderá 
ser requerida sua sucessão provisória (CC, art.. 26) e o início do processo de inventário e 
partilha de seus bens, ocasião em que a ausência do desaparecido passa a ser considerada 
presumida. Feita a partilha, seus herdeiros deverão administrar os bens, prestando caução 
real, garantindo a restituição no caso de o ausente aparecer. Após dez anos do trânsito em 
julgado da sentença da abertura da sucessão provisória (CC, art. 37; CPC, art. 1.167,11), 
sem que o ausente apareça, ou cinco anos depois das últimas notícias do desaparecido que 
conta com oitenta anos de idade (CC, art. 38), será declarada a sua morte presumida a 
requerimento de qualquer interessado, convertendo-se a sucessão provisória em 
definitiva. Se o ausente retornar em até dez anos após a abertura da sucessão definitiva, 
terá os bens no estado em que se encontrarem e direito ao preço que os herdeiros 
houverem recebido com sua venda. Porém, se regressar após esses dez anos, não terá 
direito a nada (CPC, art. 1.168). 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 8. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 210); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 
110-1); Iassil Dower, Curso moderno de direito civil, São Paulo, Ed. Nelpa, 1976, v. 1 (p. 
65-6); W. Barros Monteiro, Curso, cit.. v. 1 (p. 74); Savigny, Traité de droit romain, v. 2 
(p. 165); Bedaque, A curadoria de incapazes, Justitia, 148/17-24; Hugo Nigro Mazzilli, 
CurarLona de ausentes e incapazes, São Paulo, 1988. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art . 7
o
 Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
1 — se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II — se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 
dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser 
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento. 
 
•O presente dispositivo não sofreu alteração quer por pede do Senado Federal quer por 
parte da Câmara dos Deputados. A redação atual é a mesma do projeto original, cuja parte 
geral, como se sabe, ficou a cargo do eminente Ministro José Carlos Moreira Alves. Não 
tem correspondente no Código Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Monte presumida sem decretação de ausência : Admite-se declaração judicial de 
morte presumida sem decretação de ausência em casos excepcionais, apenas depois de 
esgotadas todas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do 
óbito, e tais casos são: a) probabilidade da ocorrência da morte de quem se encontrava em 
perigo de vida e b) desaparecimento em campanha ou prisão de pessoa, não sendo ela 
encontrada até dois anos após o término da guerra. 
 
 
Art. 8
o
 Se dois ou mais indivíduos falecerem ria mesma ocasião, não se podendo 
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente 
mortos. 
 
 
Histórico 
O presente dispositivo não foi atingido por qualquer alteração quer por parte do Senado 
Federal quer por parte da Câmara dos Deputados. A redação atual é a mesma do projeto 
original, cuja parte geral, como se sabe, ficou a cargo do eminente Ministro José Carlos 
Moreira Alves. Corresponde ao art. 11 do Código Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Comoriência ou morte simultânea: A comoriência é a morte de duas ou mais 
pessoas na mesma ocasião e em razão do mesmo acontecimento. Embora o problema da 
comoriência, em regra, alcance casos de morte conjunta, ocorrida no mesmo 
acontecimento, ela coloca-se, com igual relevância, no que concerne a efeitos 
dependentes de sobrevivência, na hipótese de pessoas falecidas em locais e 
acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultaneas ou muito próximas. 
• Efeito da morte simultânea no direito sucessóriO: A comoriência terá grande 
repercussão na transmissão de direitos sucessórios, pois, se os comorientes são herdeiros 
uns dos outros, não há transferência de direitos; um não sucederá ao outro, sendo 
chamados à sucessão os seus herdeiros ante a presunção juris tantum de que faleceram ao 
mesmo tempo. Se dúvida houver no sentido de se saber quem faleceu primeiro, o 
magistrado aplicará o art. 8
o
 do Código Civil, caso em que, então, não haverá transmissão 
de direitos entre as pessoas que morreram na mesma ocasião. 
 
 
Bibliografia 
Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 1 (p. 211 e 213); Bassil Dower, Curso, cit., v. 1 (p. 
66-7); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 111-2); Lei de Introdução ao Código Civil 
brasileim interpretada, São Paulo, Saraiva, 2001 (p. 275-6); Rubens Limongi França, Fim 
da personalidade natural. Comoriência e vocação hereditária, Revista Brasileira de Direi-
to Comparado, 13/96-107, 1992; Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, 1944, v. 1 
(p. 217 e s.); Raoul de la Grasserie, Code Civil alemand, Paris, 1897 (p. 5); Diego Espín 
Cánovas, Derecho civil espanol, Madrid, 1951, v. 1 (p. 125); Rotondi, Istituzioni di diritto 
pnivato, Milano, 1965 (p. 175-7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 9
o
 Serão registrados em registro público: 
1 — os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II— a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III — a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV — a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração relevante seja por parte 
do Senado Federal seja por parte da Câmara dos Deputados, salvo no tocante à 
substituição da forma verbal “inscritos” por “registrados”, operada por emenda de 
redação apresentada no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
 
• publicidade do estado das pessoas: Com o escopo de assegurar direitos de terceiros, o 
legislador, a fim de obter a publicidade do estado das pessoas, exige inscrição em registro 
público de determinados atos e a certidão extraída dos livros cartoríários fará prova 
plena e. segura do estado das pessoas físicas. 
Registro de nascimento: Todo nascimento deve ser registrado (Lei n. 6.015/ 73, arts. 50— 
alterado pela Lei n. 9.053/95 — e 53; CC, art. 9~, 1; CF/88, art. 9, LXXVI, a), mesmo 
que a criança tenha nascido morta ou morrido durante o parto. 
• Registro de casamento: Para completar as formalidades do casamento, que se iniciam 
com a habilitação e prosseguem com a cerimônia solene, dever-se-á lavrar no livro de 
registro para perpetuar o ato e servir de prova o assento do matrimônio, assinado pelo 
presidente do ato, cônjuges, testemunhas e oficial, contendo os requisitos exigidos pelo 
art. 70 da Lei n. 6.015\73 (CC, arts. 1.512, parágrafo único, 1.516, §~ 1
0
a 32, 1.545 e 
1.546). 
• Registro de óbito: Será imprescindível o registro de óbito, pois se prova a morte pela 
certidão extraída do assento de óbito (Lei n. 6.015\73, arts. 77 a 88 e 107). 
• Registro de emancipação expressa ou voluntária: Imprescindível será o registro de 
emancipação de menor de dezoito anos completos que se dê em razão de outorga paterna 
ou materna ou por sentença judicial (Lei n. 6.015\73, arts. 89 a 91 e 107, § 19. 
• Registro de interdição por incapacidade absoluta ou relativa: O decreto judicial de 
interdição deverá ser inscrito (Lei n. 6.015/73.art. 92) no Registro das Pessoas Naturais e 
publicado pela imprensa local e pelo órgão oficial três vezes, com intervalo de dez dias, 
constando do edital os nomes do interdito e do curador que o representará nos atos da 
vida civil. a causa da interdição e os limites da curatela (CPC, art. 1.184). A inscrição no 
Registro de Pessoas Naturais e a publicação editalícia são indispensáveis para assegurar 
eficácia erga omnes à sentença. 
•Registro de sentença declaratória de ausência e de morte presumida:Será preciso que se 
faça o assento da sentença declaratória de ausência que nomear curador no cartório do 
domicílio anterior do ausente (Lei n. 6.015/73, art. 94). A sentença da abertura da 
sucessão provisória será averbada, no assento de ausência, após o trânsito em julgado (Lei 
n. 6.015/ 73, ais. 104, parágrafo único, e 107, § 19. E a declaração judicial da morte 
presumida deverá, convertendo-se a sucessão provisória em definitiva, também ser levada 
a assento. 
 
 
Bibliografia 
•Orlando Gomes, Direito de família, Rio de Janeiro, Forense, 1978 (p.120); Cândido de 
Oliveira, Manual do Código Civil brasileiro, de Paulo Lacerda, Rio de Janeiro, 1918. v. 
5, § 68 (p. 143); Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 5 (p. 84); W. Barros Monteiro, 
Curso, cit., v. 2 (p. 57); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 80-1); Pontes de Miranda, 
Comentários ao Código de Processo Civil, v. 16 (p. 391-3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
1— das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a 
separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; 
II — dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; 
III — dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção. 
 
 
Histórico 
• A redação original dos incisos do art. 10 era a seguinte: “1 — das sentenças que 
decretarem a nulidade ou a anulação do casamento, a separação judicial e o 
restabelecimento da sociedade conjugal; II — das sentenças que julgarem ilegítimos os 
filhos concebidos na constância do casamento, e as que declararem a filiação legítima; 
111 — dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação 
ilegítima ; IV— dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção, e dos que a dissolverem’. 
Por meio de emenda apresentada perante o Senado Federal pelo então Senador Fernando 
Henrique Cardoso o dispositivo ganhou a redação atual, suprimindo-se o inciso que 
versava sobre filiação ilegítima e acrescentando-se no inciso 1 a sentença do divórcio 
entre os atos passíveis de averbação no registro público. Não tem correspondente no 
Código Civil de 1916. 
 
 
Doutrina 
• Importância da averbação: Surge, ao lado do registro, um ato específico — a averbação 
— ante a necessidade de fazer exarar todos os fatos que venham atingir o estado da 
pessoa e, conseqüentemente, o seu registro civil, alterando-o, por modificarem ou 
extinguirem os dados dele constantes. A averbação será feita pelo oficial do cartório em 
que constar o 
assento à vista da carta de sentença, de mandado ou de petição acompanhada de certidão 
ou documento legal e autêntico, com audiência do Ministério Público (Lei n. 6.015/73, 
art. 97). 
• Averbação da sentença de nulidade ou anulação do casamento, de separação judicial e 
do divórcio: Transitada em julgado a sentença declaratória de nulidade absoluta ou 
relativa do casamento, a decisão homologatória da separação judicial consensual ou a que 
conceder a separação judicial litigiosa deverá ser averbada no livro de casamento do 
Registro Civil competente (Lei n. 6.015/73, art. 100), e se a partilha abranger bens imó-
veis deverá ser também transcrita no Registro Imobiliário (Lei n. 6.015/ 73, ais. 29, § 19, 
a, 100, §~ 19 a 52, e 167,11, 14; CPC, art. 1.124). Antes da averbação aquelas sentenças 
não produzirão efeitos contra terceiros (Lei n. 6.015/73, art. 100, § 19. E a sentença de 
divórcio só produzirá seus efeitos depois de averbada no Registro Público competente, ou 
seja, onde foi lavrado o assento do casamento (art. 32 da Lei n. 6.515). 
• Averbação do restabelecimento da sociedade conjugal: Havendo ato de 
restabelecimento da sociedade conjugal mediante reconciliação, se separados, ou novo 
casamento, se divorciados (Lei n. 6.515/77, art. 46), deverá ele ser averbado (Lei n. 
6.015/73, art. 101) no livro de casamento e, havendo bens imóveis no patrimônio 
conjugal, a averbação do fato deverá ser feita em relação a cada um dos imóveis 
pertencentes ao casal, exista ou não pacto antenupcial (Lei n. 6.015/73, art. 167, 11, n. 
10), no Registro Imobiliário da situação dos imóveis. 
• Averbação de atos judiciais ou extrajudiciais que declarem ou reconheçam a filiação: 
No livro de nascimento deverão ser averbados tanto atos judiciais que declarem ou 
reconheçam a filiação (Lei n. 6.015/73, art. 102), como os extrajudiciais, porque o 
reconhecimento de filho voluntário (CC, art. 1.609, Ia LV; Lei n. 8.069/90, art. 26; Lei n. 
8.560/92, art. 1~, 1 a IV) é ato solene. Deve, p. ex., a escritura pública ou particular ser 
arquivada em cartório, onde se reconheça filiação, e ser averbada no livro de nascimento. 
• Averbação dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção: A sentença constitutiva de 
adoção, que confere à pessoa a qualidade de filho adotivo, desligando-o do vínculo com 
os parentes consangüíneos, estabelecendo a relação de parentesco civil, após o trânsito em 
julgado deverá ser averbada no livro de nascimento. Deveras, a adoção só se consuma 
com o assento daquela decisão, que se perfaz com sua averbação à margem do registro de 
nascimento do adotado, efetuada à vista de petição acompanhada da decisão judicial. 
 
• Sugestão legislativa: Em face dos argumentos acima aludidos, encaminhamos ao 
Deputado Ricardo Fiuza proposta de alteração do dispositivo, que passaria a contar com a 
seguinte redação: 
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: 
1— das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a 
separação judicial e o restabelecimento da,sociedade conjugal; 
II— dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; 
III — dos atos judiciais de adoção. 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
 
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
 
 
• Sugestão legislativa: Pelos fundamentos expostos, oferecemos ao Deputado Ricardo 
Fiuza a seguinte sugestão de redação: 
Art. 11. O direito à vida, à integridade fisico-psíquica, à identidade, à honra, à imagem, 
à liberdade, à privacidade e outros reconhecidos à pessoa são inatos, absolutos, 
intransmissíveis, indisponíveis, irrenunciáveis, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis 
e inexpropriáveis. 
Parágrafo único. Com exceção dos casos previstos em lei, não pode o exercício dos 
direitos da personalidade sofrer limitação. voluntária. 
 
 
 
 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e 
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida 
prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou 
colateral até o quarto grau. 
 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por pane do Senado Federal quer por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. A redação atual 
é a mesma do anteprojeto, cuja parte geral, como se sabe, ficou a cargo do eminente 
Ministro José Carlos Moreira Alves. 
 
Doutrina 
• Sanções suscitadas pelo ofendido em razão de ameaça ou lesão a direito da 
personalidade: Os direitos da personalidade destinam-se a resguardar adignidade 
humana, mediante sanções, que devem ser suscitadas pelo ofendido (lesado direto). Essa 
sanção deve ser feita por meio de medidas cautelares que suspendam os atos que 
ameacem ou desrespeitem a integridade físico-psíquica, intelectual e moral, movendo-se, 
em seguida, uma ação que irá declarar ou negar a existência da lesão, que poderá ser 
cumulada com ação ordinária de perdas e danos a fim de ressarcir danos morais e 
patrimoniais. 
• Lesado indireto: Se se tratar de lesão a interesses econômicos, o lesado indireto será 
aquele que sofre um prejuízo em interesse patrimonial próprio, resultante de dano causado 
a um bem jurídico alheio, podendo a vítima estar falecida ou declarada ausente. A 
indenização por morte de outrem é reclamada jure proprio. pois ainda que o dano, que 
recai sobre a mulher e os filhos menores do finado, seja resultante de homicídio ou 
acidente, quando eles agem contra o responsável, procedem em nome próprio, 
reclamando contra prejuízo que sofreram e não contra o -que foi irrogado ao marido e pai. 
P. ex.: a viúva e os filhos menores da pessoa assassinada são lesados indiretos, pois 
obtinham da vítima do homicídio o necessário para sua subsistência. A privação de 
alimentos é uma conseqüência do dano. No caso do dano moral, pontifica Zannoni, os 
lesados indiretos seriam aquelas pessoas que poderiam alegar um interesse vinculado a 
bens jurídicos extrapatrimoniais próprios, que se satisfaziam mediante a incolumidade do 
bem jurídico moral da vítima direta do fato lesivo. 1’. ex.: o marido ou os pais poderiam 
pleitear indenização por injúrias feitas à mulher ou aos filhos, visto que estas afetariam 
também pessoalmente o esposo ou os pais, em razão da posição que eles ocupam dentro 
da unidade familiar. Haveria um dano próprio pela violação da honra da esposa ou dos 
filhos. Ter-se-á sempre uma presunção juris tantum de dano moral, em favor dos 
ascendentes, descendentes, cônjuges, irmãos, tios, sobrinhos e primos, em caso de ofensa 
a pessoas da família mortas ou ausentes. Essas pessoas não precisariam provar o dano 
extrapatrimonial, ressalvando-se a terceiros o direito de elidir aquela presunção. O 
convivente, ou concubino, noivo, amigos, poderiam pleitear indenização por dano moral, 
mas terão maior ônus de prova, uma vez que deverão provar, convincentemente. o 
prejuízo e demonstrar que se ligavam à vítima por vínculos estreitos de amizade ou de 
insuspeita afeição. 
 
 
• Sugestão legislativa: Em face dos argumentos acima aludidos, encaminhamos ao 
Deputado Ricardo Fiuza a seguinte sugestão legislativa: 
Art. 12. O ofendido pode exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da 
personalidade, e reclamar indenização em ressarcimento de dano patrimonial e moral 
sem prejuízo & outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único . Em se tratando de morto ou ausente, terá legitimação para requerer as 
medidas previstas neste artigo o cônjuge ou companheiro sobrevivente, ou, ainda, 
qualquer parente em linha reta ou colateral até o quarto grau. 
 
 
Bibliografia 
• Zannoni, El daiio en la responsabilidad civil, Buenos Aires, Astrea, 1982 (p. 360-73); 
Wilson Meio da Silva, O dano moral e sua reparação, Rio de Janeiro, Forense, 1966; M. 
Helena Diniz, Curso, cit., v. 7 (p. 142-4). 
 
 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, 
quando importar diminuição permanente da integridade fisica, ou contrariar os bons 
costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na 
forma estabelecida em lei especial. 
 
 
Histórico 
• A redação primitiva do artigo, nos termos em que fora originariamente aprovada pela 
Câmara dos Deputados, era a seguinte: “Salvo exigência médica, os atos de disposição do 
próprio corpo são defesos quando importarem diminuição permanente da integridade 
física, ou contrariarem os bons costumes. Parágrafo único. Admitir-se-ão, porém, tais atos 
para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial”. Posteriormente, por meio 
de emenda da lavra do Senador Josaphat Marinho, o dispositivo ganhou a redação atual. 
A finalidade da alteração promovida pelo Senado Federal foi imprimir redação mais clara 
e de melhor técnica legislativa. Tratou-se de mero aperfeiçoamento redacional. 
 
 
Doutrina 
• Disposição de partes separadas do próprio como, em vida, para fins terapêuticos: E 
possível doação voluntária, feita por escrito e na presença de testemunhas, por pessoa 
capaz, de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo para efetivação de transplante ou 
tratamento , comprovada a necessidade terapêutica do receptor, desde que uSo contrarie 
os bons costumes, nem traga risco para a integridade física do doador, nem comprometa 
suas aptidões vitais, nem lhe provoque deformação ou mutilação, pois não se pode exigir 
que alguém se sacrifique em benefício de terceiro (Lei n. 9.434/97, art. 9
o
 , § 3
o
 a 7
o
 ). 
 
 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição o gratuita do próprio 
corpo, no todo ou da parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do Senado 
Federal seja por parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do 
projeto. 
 
 
Doutrina 
• Disposição gratuita do próprio como, no todo ou em parte, para depois da morte: 
Admitido está o ato de disposição gratuita de órgãos, tecidos e partes do corpo humano 
post mortem para fins científicos ou de transplante em paciente com doença progressiva 
ou incapacitante, irreversível por outras técnicas terapêuticas (Lei n. 9.434/97, art. 12; e 
Dec. n. 2.268/ 97, art. 23). 
• Princípio do consenso afirmativo : Consagra o princípio do consenso afirmativo, pelo 
qual a pessoa capaz deve manifestar sua vontade de dispor gratuitamente do próprio 
corpo, no todo ou em pane, para depois de sua morte, com objetivo científico (p. ex., 
estudo de anatomia humana em universidade) ou terapêutico (p. ex., transplante de órgãos 
e tecidos) 
• Revogação “sine die”: Quem vier a dispor para depois de sua morte do próprio corpo, 
no todo ou em parte, tem o direito de, a qualquer tempo, revogar livremente essa doação 
post mortem. 
 
 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-Se, com risco de vida, a tratamento 
médico ou a intervenção cirúrgica. 
 
 
Histórico 
O presente dispositivo não sofreu alteração, quer por parte do Senado Federal quer por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Princípio da autonomia: O profissional da saúde deve respeitar a vontade do paciente, 
ou de seu representante, se incapaz. Daí a exigência do consentimento livre e informado. 
Imprescindível será a informação detalhada sobre seu estado de saúde e o tratamento a ser 
seguido, para que tome decisão sobre a terapia a ser empregada. 
• Princípio da beneficência: A prática médica deve buscar o bem-estar do paciente, 
evitando, na medida do possível, quaisquer danos e risco de vida. Só se pode usar 
tratamento ou cirurgia para o bem do enfermo. 
• Princípio da não.maleficência: Há obrigação de não acarretar dano ao paciente. 
• Direito de recusa de algum tratamento arriscado: E direito básico do paciente o de não 
ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a terapia ou cirurgia e, ainda, o de não 
aceitar a continuidade terapêutica. 
 
 
Bibliografia 
• .1. Padre!. La condition civile du mnalade, Paris, LGDJ, 1963 ,Alfredo Kraut, Los 
derechos de los pacientes; Genival Veloso de França, Direito médiw, São Paulo, 1996 (p. 
26-37); M. Helena Diniz, O estado atual, cit. (p. 558-61). 
 
 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome 
 
HistóricoNa redação originalmente aprovada pela Câmara, o artigo em comento tinha a seguinte 
redação: “Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o 
nome patronímico ”. A redação atual resultou de emenda apresentada pelo Deputado 
Ricardo Fiuza, substituindo as palavras “nome” e “patronímico” por “sobrenome, que é a 
mais correta. Segundo o relator “o nome da pessoa é composto de prenome e sobrenome. 
Patronímico significa nome derivado do nome do pai, a exemplo de RodrigUes (filho de 
Rodrigo) e Fernandes (filho de Fernando). O emprego dessa erronia generalizou-se , mas 
apenas se justificava na tradição do patriarcalismo”. 
 
 
Doutrina 
Nome civil da pessoa natural: O nome integra a personalidade por ser o sinal exterior 
pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da 
sociedade. 
• Elementos constitutivos do nome: Dois, em regra, são os elementos constitutivos do 
nome: o prenome~ própriO da pessoa, que pode ser livremente escolhido, desde que não 
exponha o portador ao ridículo; e o sobrenome, que é o sinal que identifica a procedência 
da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe, podendo advir do apelido de família paterno, 
materno ou de ambos. A aquisição do sobrenome pode decorrer não só do nascimento, 
por ocasião de sua transcrição no Registro competente~ reconhecendo sua filiação, ruas 
também da adoção, do casamento, da união estável, ou ato de interessado, mediante 
requerimento ao magistrado. 
 
 
 
 
Bibliografia 
R. Limongi França, Do nome civil das pessoas naturais, São Paulo, Revista dos 
Tribunais, j975; W. Barros Monteiro, Curso de direito civil, cit., v. 1 (p. 92); M. Helena 
Diniz, Curso, cit., v. 1 (p. 124-7). 
 
 
Art. 17. 0 nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou 
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção 
difamatória. 
 
 
 
 
Doutrina 
• Direito à honra objetiva como direito conexo ao direito ao nome: A pessoa tem 
autorização de usar seu nome e de defendê-lo de abuso cometido por terceiro, que, em 
publicação ou representação, venha a expô-la ao desprezo público — mesmo que não haja 
intenção de difamar — por atingir sua boa reputação, moral e profissional, no seio da 
coletividade (honra objetiva). Em regra, a reparação por essa ofensa é pecuniária, mas há 
casos em que é possível a restauração in natura, publicando-se desagravo. 
 
 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração quer por parte do Senado Federal quer por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Uso de nome alheio em propaganda comercial: É vedada a utilização de nome alheio 
em propaganda comercial, por ser o direito ao nome indisponível, admitindo-se sua 
relativa disponibilidade mediante consentimento de seu titular, em prol de algum interesse 
social ou de promoção de venda de algum produto, mediante pagamento de remuneração 
convencionada. 
 
 
 
 
 
Art. 19. O pseudômino adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao 
nome. 
 
Doutrina 
 
 Proteção ao pseudônimo ? Protege-se juridicamente o pseudônimo adotado, 
comumente, para atividades ilícitas por literatos e artistas, dada a importância de que 
goza, por identificá-los no mundo das letras e das artes, mesmo que não tenham 
alcançado a notoriedade. 
 
Art. 20 Salvo se autorizadas, ou se necessárias á administração da justiça ou á 
manutenção da ordem publica, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a 
publicação, a exposição ou utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a 
seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra , a 
boa fama ou a responsabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo Único – Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para 
requerer essa proteção o cônjuge , os ascendentes ou descendentes. 
 
 
Doutrina 
• Tutela do direito à imagem e dos direitos a ela conexos : A imagem-retrato é 
a representação física da pessoa como um todo ou em partes separadas do corpo, desde 
que identificáveis, implicando o reconhecimento de seu titular por meio de fotografia, 
escultura , desenho, pintura. Intepretação dramática , cinematrografica, televisão, sites 
etc., que requer autorização do retratado ( CF de 1988, art. 5
o
 , X ) . E a imagem-atributo 
é o conjunto de caracteres ou qualidades cultivadas pela pessoa reconhecidos socialmente 
( CF de 1988, art 5
o
 , V ) Abrange o direito : á própria imagem ou a difusão da imagem, 
a imagem das coisas próprias e á imagem em coisas, palavras ou escritos ou em 
publicações; de obter imagem ou de consentir em sua captação por qualquer meio 
tecnológico. O direito à imagem é autônomo, não precisando estar em conjunto com a 
intimidade, a identidade, a honra etc. Embora possam estar, em certos casos, tais bens a 
ele conexos, isso não faz com que sejam partes integrantes um do outro. 
• Direito de interpretação, direito à imagem e direito auto ral: O direito de interpretação, 
ou seja, o do ator numa representação de certo personagem, pode estar conexo como 
direito à voz, à imagem e com o direito autoral. O autor de obra intelectual pode divulgá-
la por apresentação pública, quando a obra é representada dramaticamente, executada, 
exibida, projetada em fita cinematográfica, transmitida por radiodifusão etc., e é neste 
terreno que se situa o contrato de representação e execução, de conteúdo complexo por se 
referir não só ao desempenho pessoal, mas também à atuação por meios mecânicos e 
eletrônicos dos diferentes gêneros de produção intelectual, suscetíveis de comunicação 
audiovisual e regulados pelos arts. 29, VIII, a e b, 46, VI, e 68 a 76 da Lei n. 9.610/98. Na 
representação pública há imagens transmitidas para difundir obra literária, musical ou 
artística que deverão ser tuteladas juridicamente, juntamente com os direitos do autor. Os 
direitos dos artistas, intérpretes e executantes são conexos aos dos escritores, pintores, 
compositores, escultores etc. (Lei n. 9.610/98, art. 89). Logo, podem eles impedir a 
utilização indevida de suas interpretações, bem como de sua imagem. 
• Proteção da imagem como direito autoral: A imagem é protegida pelo art. 52, XXVIII, 
a, da CF, como direito autoral, desde que ligada à criação intelectual de obra fotográfica, 
cinematográfica, publicitária etc. 
• Limitações ao direito à imagem: Todavia, há certas limitações do direito à imagem, 
com dispensa da anuência para sua divulgação, quando: a) se tratar de pessoa notória, 
pois isso não constitui permissão para devassar sua privacidade, pois sua vida íntima deve 
ser preservada. A pessoa que se toma de interesse público, pela fama ou significação 
intelectual, moral, artística ou política não poderá alegar ofensa ao seu direito à imagem 
se sua divulgação estiver ligada à ciência, às letras, à moral, à arte e apolítica . Isto é 
assim porque a difusão de sua imagem sem seu consenso deve estar relacionada com sua 
atividade ou com o direito à informação; b) se referir a exercício de cargo público, pois 
quem tiver função pública 
de destaque não poderá impedir que no exercício de sua atividade, seja filmada ou 
fotografada, salvo na intimidade; e) se procurar atender à administração ou serviço da 
justiça ou de polícia, desde que a pessoa não sofra dano à sua privacidade; á) se tiver de 
garantir a segurança pública nacional, em que prevalecer o interesse social sobre o 
particular, requerendo a divulgação da imagem, p. ex., de um procurado pela policia ou a 
manipulação de arquivos fotográficos de departamentos policiais para identificação de 
delinqüente. Urge não olvidar que o civilmente identificado não possa ser submetido a 
identificaçãocriminal, salva nos casos autorizados legalmente (CF, art. 52, LVIfl); e) se 
buscar atender ao interesse público, aos fins culturais, científicos e didáticos; f) se 
houver necessidade de resguardar a saúde pública. Assim, portador de moléstia grave e 
contagiosa não pode evitar que se noticie o fato; g) se obtiver imagem, em que a figura 
seja tão-somente parte do cenário (congresso, enchente, praia, tumulto, show, desfile, 
festa carnavalesca, restaurante etc.), sem que se a destaque, pois se pretende divulgar o 
acontecimento e não a pessoa que integra a cena; h) se tratar de identificação compulsó-
ria ou imprescindível a algum ato de direito público ou privado. 
• Reparação do dano à imagem: O lesado pode pleitear a reparação pelo dano moral e 
patrimonial (Súmula 37 do STJ) provocado por violação à sua imagem-retrato ou 
imagem-atributo e pela divulgação não autorizada de escritos ou de declarações feitas. Se 
a vítima vier a falecer ou for declarada ausente, serão partes legítimas para requerer a 
tutela ao direito à imagem, na qualidade de lesados indiretos, seu cônjuge, ascendentes ou 
descendentes e também, no nosso entender, o convivente, visto ter interesse próprio, 
vinculado a dano patrimonial ou moral causado a bem jurídico alheio. Este parágrafo 
único do art. 20 seria supérfluo ante o disposto no art. 12, parágrafo único. 
 
 
• Sugestão legislativa: Pelas razões acima expostas sugerimos ao Deputado Ricardo 
Fiuza a retirada do parágrafo único. 
 
 
Bibliografia 
• Luiz Alberto David Araújo, A proteção constitucional da própria imagem, Belo 
Horizonte, Dei Rey, 1996; Carlàs Alberto Bittar, Os direitos da personalidade. cit. (p. 87 
e s.); Hermano Durvai, Direito à imagem, São Paulo, Saraiva, 1988; Ravanas, La 
protection dar personnes contre la réalisation et la publication de leur image. Paris, 
LODJ. 1978; 
 
 
 
 
 
 
 
Art 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do 
interessado, adotará as providencias necessárias para impedir ou fazer cessar ato 
contrario a esta norma. 
 
 
Histórico 
• Esse dispositivo não constava do texto original do anteprojeto, tendo sido acrescentado 
pela Câmara dos Deputados, durante a 1
a
 fase, por emenda substitutiva do Deputado 
Ernani Sátyro. então relator-geral. O Senado Federal não procedeu a qualquer alteração 
no dispositivo. Retomando o projeto à Câmara, procedeu-Se apenas uma alteração para 
substituir “pessoa física” por “pessoa natural” (vide Histórico ao art. 6o ). 
 
 
Doutrina 
• Inviolabilidade da vida privada: O direito à privacidade da pessoa contém interesses 
jurídicos, por isso seu titular pode impedir ou fazer cessar invasão em sua esfera íntima, 
usando para sua defesa: mandado de injunção, habeas data, habeas corpus, mandado de 
segurança, cautelares inominadas e ação de responsabilidade civil por dano moral e 
patrimonial. 
 
 
Bibliografia 
• René Anel Dotti, Proteção da vida privada e liberdade de informaçtio, São Paulo, 
Revista dos Tribunais, 1980; Pierre Kayser, La protectiofl de la vie privée, Paris, Dalloz, 
1974; Gilberto Haddad Sabor, Liberdade de pensamento e direito à vida privada, São 
Paulo. Revista dos Tribunais, 2000. 
 
 
CAPÍTULO III 
DA AUSÊNCIA 
 
Seção 1 
Da curadoria dos bens do ausente 
 
 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicilio sem dela haver noticia, se não 
houver deixado representante ou procurador a quem caiba administar-lhe os bens, o juiz, a 
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e 
nomear-lhe-á curador. 
 
 
 
Doutrina 
• Curatela do ausente: Verificado o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio, 
sem dar qualquer notícia de seu paradeiro e sem deixar procurador, ou representante, para 
administrar seus bens, o juiz. a requerimento de qualquer interessado, seja ou não parente, 
bastando que tenha interesse pecuniário~ ou do Ministério Público, nomeará um curador 
para administrar seu patrimônio~ resguardando-O. Não havendo bens, não se terá 
nomeação de curador. Em caso de ausência, a curadoria é dos bens do ausente e não da 
pessoa do ausente. Há quem ache, acertadamente, não se tratar de ausência o 
desaparecimento de alguém num acidente aéreo, rodoviário, ferroviário etc. em que, pelos 
indícios, a sua morte parece óbvia, apesar de não ter sido encontrado seu cadáver já que 
não há incerteza de seu paradeiro. 
 
Bibliografia 
• W. Barros Monteiro, Curso, cii., v. 2 (p. 334); M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 
505); Levenhagefl, Código Civil, cit., v. 2 (p. 310); Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 
(p. 543-4); Coviello, Manuale. ctt., § 56, Estevam de Almeida, in Paulo de Lacerda, 
Manual. cit., v. 6 (p. 542); José de Farias Tavares, O Código Civil e a ruiva Constituição. 
cit. (p. 69-70); Digesto, 10, 23, 2; Hugo Nigro Mazzilli, Curadoria de ausentes e 
incapazes. São Paulo, 1988; Roberto Senise Lisboa, Manual, cit. v. 5(p. 139-46); 
Sebastiáo José Roque. Direito de família, cit. (p. 207-14). 
 
 
 
 
 
 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador quando o ausente deixar 
mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus 
poderes forem insuficientes. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo praticamente não sofreu qualquer alteração relevante ou de 
mérito seja por parte do Senado Federal seja por parte da Câmara dos Deputados no 
período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Curadoria dos bens do ausente com procurador: A nomeação de curador a bens de um 
ausente dar-se-á mesmo que ele tenha deixado procurador que se recuse a administrar seu 
patrimônio ou que não possa exercer ou continuar o mandato, seja por ter ocorrido o 
término da representação a termo, seja por sua renúncia, não aceitando a fortiori o 
mandato, seja por sua morte ou incapacidade. O mesmo se diga se os poderes outorgados 
ao procurador forem insuficientes para a gestão dos bens do ausente. 
Com isso, o ausente ficará sem representante que venha a gerir seu patrimônio, urgindo, 
pois, que se nomeie curador 
 
 
Bibliografia 
• Caio M. 5. Pereira, Instituições, cit., v. 5 (p. 314); Silvio Rodrigues. Direito civil, cit., 
v. 6 (p. 417); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 310); Paulo de Lacerda, Manual, 
cit., v. 6 (p. 545). 
 
 
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as 
circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e 
curadores. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não sofreu alteração seja por parte do Senado Federal seja por 
parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Fixação judicial dos poderes e deveres do curador dos bens do ausente: O curador dos 
bens do ausente, uma vez nomeado, terá seus deveres e poderes estabelecidos pelo juiz. 
de conformidade com as circunstancias do caso. Logo, o magistrado, conforme o caso, 
no ato da nomeação determinará pormenorizadamente as providências a serem tomadas e 
as atividades a serem realizadas, observando os dispositivos legais, sempre no que forem 
aplicáveis, reguladores da situação similar dos tutores e curadores, para que a atuação do 
curador dos bens do ausente seja realmente eficiente e responsável. 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 310-
1); Paulo de Lacerda, Manual, cit., v. 6 (p. 545-6); Clóvis Beviláqua, Código Civil 
comentado, cit., obs. ao art. 465, v. 2. 
 
 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato 
por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. 
§ 1
o
 Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos 
descendentes, nesta ordem, não havendo impedimentoque os iniba de exercer o cargo. 
§ 2
o
 Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
§ 3
o
 Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
 
 
Histórico 
• O texto original do projeto dispunha: “O cônjuge do ausente, sempre que não esteja 
separado judicialmente, ou de fato há mais de cinco anos antes da declaração da ausência, 
será o seu legítimo curador”. Emenda apresentada perante o Senado da República deu ao 
dispositivo a redação atual, compatibilizando-o com a Constituição Federal de 1988, que, 
em seu art. 226, § 6
o
 , diminuiu de 5 (cinco) para 2 (dois) anos o período de comprovada 
separação de fato para efeito de divórcio. 
 
 
Doutrina 
 
•Cônjuge do ausente como curador legítimo: A curadoria dos bens do ausente deverá ser 
deferida, se casado for, não estando separado judicialmente, ao seu cônjuge, para que seu 
patrimônio não se perca ou deteriore, assumindo sua administração. Ante o interesse na 
conservação dos bens do ausente, qualquer que seja o regime matrimonial de bens, seu 
curador legítimo será seu cônjuge. 
 
• Nomeação de curador dos bens do ausente na falta do cônjuge: Se o ausente que 
deixou bens não tiver consorte, nomear-se-á o pai ou a mãe do desaparecido como 
curador, e, na falta destes, os descendentes, desde que tenham idoneidade para exercer o 
cargo. 
• Ordem de nomeação entre os descendentes: Na curadoria dos bens do ausente cabível a 
descendente seguir-se-á o princípio de que os mais próximos excluem os mais remotos. 
• Escolha de curador dos bens de ausente pelo órgão judicante: Na falta de cônjuge, 
ascendente ou descendente do ausente competirá ao juiz a escolha do curador, desde que 
idôneo a exercer o cargo. 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 365-6); Carvalho Santos, Código Civil brasileiro 
interpretado, cit., obs. ao art. 467, v. 4; Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cit., 
obs. ao art. 467, v. 2. 
 
 
 Seção II 
 
 Da sucessão provisória 
 
 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou 
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer 
que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. 
 
 
Histórico 
• O presente dispositivo não serviu de palco a qualquer alteração seja por parte do 
Senado Federal seja por parte da Câmara dos Deputados no período final de tramitação do 
projeto. 
 
 
Doutrina 
• Duração da curatela dos bens do ausente: A curadoria dos bens do ausente perdura por 
um ano, durante o qual o juiz ordenará a publicação de editais, de dois em dois meses, 
convocando o ausente a reaparecer para retornar seus haveres (CPC, art 1.161). 
• Abertura da sucessão provisória: Passado um ano da arrecadação dos bens do ausente 
sem que se saiba do seu paradeiro, ou, se ele deixou algum representante, em se passando 
três anos, poderão os interessados requerer que se abra, provisoriamente, a sucessão, 
cessando a curatela (CPC, art. 1.162,III). 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cit., v. 2 (p. 
314); Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cii., obs. ao art. 469, v. 2; Carvalho 
Santos, Código Civil brasileiro interpretado, cii., obs. ao art. 469, v. 4. 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se çonsideram interessados: 
1— o cônjuge não separado judicialmente; 
II— os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III— os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV — os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
 
 
Histórico 
•A redação original do caput, tal como fora concebida no anteprojeto, era a seguinte: 
“Somente se consideram, para esse efeito, interessados: (...)“. Posteriormente, mediante 
emenda da lavra do Senador Josaphat Marinho, o dispositivo ganhou a redação atual. 
Segundo o Deputado Ricardo Fiuza, “a finalidade da alteração promovida pelo Senado 
Federal, ao fazer referência ao artigo anterior, cujo objeto é mencionado de imediato, 
obedeceu à melhor técnica legislativa. Sendo distintos, embora muitas vezes vinculados, 
os artigos, reportar-se um ao outro diretamente é sempre melhor, e de maior clareza, do 
que aludir a seu conteúdo, ou a parte dele. O resultado consistiu numa redação mais clara 
e de melhor técnica legislativa”. Também no inciso II havia a exigência de que o 
testamento fosse público e que foi abolida ainda pela Câmara dos Deputados no período 
inicial de tramitação do projeto. 
 
 
Doutrina 
• Legitimidade para promover a sucessão provisória: A sucessão provisória poderá ser 
requerida por qualquer interessado: a) cônjuge não separado judicialmente; b) herdeiros 
presumidos legítimos e testamentários; e) pessoas que tiverem sobre os bens do ausente 
direito subordinado à condição de morte, ou seja, se houver fideicomisso; d) credores de 
obrigações vencidas e não pagas (CPC, art. 1.163, § l~). 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cit., v. 5 (p. 366); Levenhagen, Código Civil, cii., v. 2 (p. 3 
14-5); Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, cii., obs. 
ao art. 470, v. 2. 
 
 
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito 
cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, 
proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, 
como se o ausente fosse falecido. 
§ lo Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão 
provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente. 
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias 
depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-
se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. 
 
 
Histórico 
. O § lo , tal como foi aprovado pela Câmara dos Deputados, tinha o seguinte enunciado: 
“Findo o prazo do art. 26, e não havendo absolutamente interessados na sucessão 
provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente”. Mediante 
emenda da lavra do Senador Josaphat Marinho, relator-geral do projeto no Senado 
Federal, foi suprimido o advérbio “absolutamente”, ganhando o dispositivo a redação 
atual. Nas justificativas apresentadas perante o Senado Federal registrou se que “tal 
supressão decorre da desnecessidade do uso de tal advérbio, vez que, considerando-se o § 
lo do art. 28 isoladamente, ou em conexão com o art. 26, não há qualquer alteração 
quanto à situação da inexistencia de interessados na sucessão provisória”. 
 
 
Doutrina 
 
• Abertura da sucessão provisória pelo Ministério Público: Se, findo o prazo legal de um 
ano, não houver interessado na sucessão provisória, ou se entre os herdeiros houver 
interdito ou menor, competirá ao Ministério Público requerer a abertura da sucessão 
provisória (CPC, art. 1.163, § 2~). 
• Efeitos da sentença declaratória da abertura da sucessão provisória: A sentença que 
determinar a abertura da sucessão provisória produzirá efeitos somente 180 dias depois de 
sua publicação pela imprensa. Assim que transitar em julgado, ter-se-á a abertura do 
testamento, se houver, e proceder-se-á ao inventário e partilha dos bens como se fosse o 
ausente falecido (CPC, art. 1.165). 
• Ausência de herdeiro: Se, dentro de trinta dias do trânsito em julgado da sentença que 
manda abrir a sucessão provisória, não aparecer nenhum interessado, ou herdeiro, que 
requeira o inventário, sendo a sucessão requerida pelo Ministério Público, a herança será 
considerada jacente (CPC, art. 1.165, parágrafo único; CC, ais. 1.819 a 1.823). 
 
 
Bibliografia 
• M. Helena Diniz, Curso, cii, v. 1

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