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CASAMENTO NULO OU ANULÁVEL INTRODUÇÃO O Casamento realizado com observância dos requisitos legais gera os efeitos previstos na lei, que geralmente são os efeitos almejados pelos contraentes. Porém, é possível que o casamento seja portador de algum vício de maior ou menor gravidade, capaz de gerar a nulidade absoluta do matrimônio, ou possibilitar a declaração de sua anulabilidade. Como veremos adiante, quando um casamento se realiza emanado de infração de impedimento imposto pela ordem pública, em virtude de sua ameaça à estrutura da sociedade ou pelo fato de ferir os princípios básicos em que ela se assenta, o casamento será nulo, e em outros casos a infração se revela mais branda e não atenta contra a ordem pública, e neste caso o legislador apenas disponibiliza às pessoas interessadas, a possibilidade de anulação do matrimônio. É importante frisar, de antemão, que o sistema de nulidades do Casamento do Código Civil não adota na íntegra os princípios e critérios do regime de nulidades dos negócios jurídicos. Vale lembrar ainda que o sistema de nulidades distingue os atos nulos dos atos anuláveis, o que também é adotado no direito matrimonial. A nulidade absoluta é aquela que apresenta algum vício essencial acarretando a total ineficácia do negócio jurídico, como prevê o artigo 166 do Código Civil. São características da nulidade absoluta: sua declaração é de interesse coletivo; o ato nulo é insuscetível de ratificação; pode ser declarada de ofício pelo magistrado; pode ser alegada pelos interessados ou pelo Ministério Público, quando o couber intervir; e por último o ato nulo é imprescritível, em regra. Os atos anuláveis ou de nulidade relativa são os que apresentam algum vício que pode determinar a ineficácia do negócio jurídico, porém pode ser afastado gerando o restabelecimento da normalidade do negócio. As principais características da nulidade relativa são: sua declaração é de interesse privado; a nulidade relativa pode ser suprida pelo Magistrado e o ato será ratificado; só pode ser declarada mediante requerimento da parte interessada; somente poderá ser alegada pelo interessado ou seu representante; o ato anulável prescreve por decurso de prazo. CASAMENTO NULO Ao tratar do Casamento Nulo, Código Civil dispõe no artigo 1.548 que será nulo o casamento contraído pelo enfermo mental sem necessário discernimento para os atos da vida civil (inciso I) e o casamento que apresentar alguma infringência de impedimento matrimonial (inciso II). O inciso I disciplina, portanto, que o casamento será nulo quando contraído por um enfermo mental que seja absolutamente incapaz para as atividades da vida civil. Já o inciso II dispõe que será nulo o casamento que infringir os impedimentos matrimoniais, os quais estão previstos no artigo 1.521 do Código. De acordo com os incisos I a VII do referido artigo 1.521, estão impedidos de se casar: os ascendentes com os descendentes, seja por parentesco civil [7] ou natural; os parentes afins em linha reta; o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge do adotante; os colaterais até o terceiro grau, inclusive; o adotado com o filho do adotante; as pessoas casadas; o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra seu consorte. O casamento celebrado por autoridade incompetente, é tratado como causa de Anulabilidade do Matrimônio, conforme disposição legal do inciso VI do artigo 1.550. O artigo 1554, também do Código Civil, dispõe que "subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida por lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nesta qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil". Portanto, o casamento celebrado por pessoa incapaz de faze-lo, somente será válido caso esta pessoa exerça a função de "Juiz de paz" publicamente, e após a celebração realizou-o no Registro Civil. Portanto, o artigo 1.560, inciso II da nova legislação, o qual dispõe ser de 02 (dois) anos o prazo para a propositura da ação de anulação do casamento celebrado por autoridade incompetente. Desta forma, após o referido prazo de 02 (dois) anos o casamento será legalmente convalidado. Dos Efeitos Jurídicos. A declaração de nulidade do casamento torna-o sem validade desde o instante de sua celebração, tendo, portanto, o efeito ex tunc, e não produz os efeitos civis do matrimônio perante os contraentes, salvo nos casos de boa-fé dos nubentes como veremos adiante. Todavia, conforme dispõe o artigo 1563 do novo Código Civil, apesar da declaração de nulidade ter efeito ex tunc, ela não prejudica "a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado". A nulidade do matrimônio gera os seguintes efeitos jurídicos: manutenção do impedimento de afinidade; proibição de casamento de mulher nos 10 (dez) meses subseqüentes à dissolução do casamento; e a atribuição de alimentos provisionais à mulher enquanto aguarda a decisão judicial. Da Ação de Declaração da Nulidade. A ação jurídica, de rito ordinário, tem a natureza de Ação Declaratória, e pode ser interposta por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, o qual representa o Interesse social, conforme disposição do artigo 1.549 do novo Código. Qualquer interessado são as pessoas que tiverem: a) Interesse moral, ou seja, os cônjuges, ascendentes, descendentes, irmãos, cunhados e o primeiro consorte do bígamo; b) Interesse econômico, podendo ser os filhos do primeiro matrimônio, colaterais sucessíveis, credores do cônjuge, adquirente de seus bens. Não há prazo para propor a ação declaratória, posto que por ser uma causa de nulidade, a ação é imprescritível. O artigo 1522 em seu parágrafo único dispõe que a nulidade pode ser declarada de ofício, ou seja, o caso o oficial de registro ou o juiz tenha conhecimento da alguma causa de impedimento, este deve declará-lo. CASAMENTO ANULÁVEL Assim, de acordo com o mencionado artigo 1.550, constituem as causas que possibilitarão a anulação do casamento: a) Quando um dos nubentes não completou a idade mínima para se casar e do menor em idade núbil quando não possui autorização de seu representante legal (incisos I e II, art. 1.550, CC). Inicialmente é importante frisar que o CC, em seu artigo 1.517, declara a idade mínima para se casar para 16 (dezesseis) anos, tanto para homem quanto para mulher. Dessa forma, será anulável o casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, ou do menor entre 16 e 18 anos [19] que não obteve autorização de seus representantes legais, porém o código trás algumas exceções que veremos a seguir. A primeira exceção é a do artigo 1.551 CC, o qual dispõe que o casamento que resultou em gravidez, não será anulado em razão da idade dos nubentes. É válido ressalta também que, de acordo com o artigo 1.553, o menor que não atingiu a idade núbil, poderá confirmar seu casamento, após completada a idade, com a autorização de seus representantes legais ou pelo suprimento judicial. Para a propositura da ação judicial de anulação de casamento em razão da idade dos nubentes, somente será competente o cônjuge menor, os seus representantes legais ou seus ascendentes (artigo 1.552 e incisos, Código Civil). O prazo para propor a ação, é de 180 dias a contar do dia em que o menor deixar de ser incapaz de se casar, no caso de ser ele o autor da ação, e do dia do casamento quando a autoria da ação judicial for dos seus representantes legais ou de seus ascendentes, como dispõe o artigo 1.555 e seu parágrafo 1º do CC. Vale salientar que a autorização ou a assistência dos seus representantes legais no momento do matrimônio desautoriza a anulação do casamento por incapaz de se casar em virtude de sua idade, conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo em tela. b) No caso de "Vício da Vontade" (inciso III, art. 1.550, CC): Inicialmente é válidoapontar que o Código dispõe expressamente no artigo 1.556 que o Erro essencial quanto à pessoa do outro nubente constitui "vício da vontade" do contraente que incidiu em erro. "A ignorância de doença mental grave, anterior ao casamento, que torne insuportável a vida em comum", somente o cônjuge que incorreu em erro quanto à pessoa de seu nubente poderá propor a ação de anulação, porém havendo a ciência do vício e a coabitação o casamento será válido, salvo os casos previstos nos incisos III e IV do artigo 1.557 (disposição legal do artigo 1.559 CC). E, de acordo com o inciso III do artigo 1.560, o prazo para propor a ação no caso de Erro essencial é de 03 (três) anos a contar da data de celebração do matrimônio. c) É anulável, ainda, o casamento do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento (inciso IV, art. 1.550, CC. A incapacidade de consentir pode ocorrer no caso de coação, ou seja, quando o consentimento de um ou ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, saúde e a honra, sua ou de seus familiares, conforme disposto no artigo 1.558. O prazo para a anulação do casamento contraído por incapaz de consentir é de 180 dias a contar da data de celebração do matrimônio, conforme dispõe o artigo 1.560, inciso I do CC. d) O casamento realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro cônjuge soubesse da revogação do mandato, também constitui causa de anulação do matrimônio (inciso V, art. 1.550, CC): Para que seja causa de anulação, os contraentes não poderão ter coabitado após a celebração do casamento. O mandato declarado inválido por sentença judicial equipara-se à revogação de mandato, como prescreve o parágrafo único do artigo 1.550 do Código Civil de 2002. Neste caso, também será de 180 dias o prazo para que o mandante proponha a ação de anulação, a contar do dia em que tomou ciência da realização do casamento (art. 1.560, parágrafo 2º, CC). e) A incompetência da autoridade celebrante (inciso VI, art. 1.550, CC), é causa de anulação, tendo o prazo de 02 (dois) anos para a propositura da ação, a contar da data de celebração. 3.1. Dos Efeitos Jurídicos Salvo as exceções previstas a declaração de anulação do matrimônio tem efeito ex nunc, ou seja, mesmo anulado produz efeitos até a data da declaração da anulação. Dessa forma, o matrimônio anulável tem validade pendente resolutivamente, produzindo efeitos se o cônjuge ou a pessoa legitimada não propuser a ação dentro do prazo legal. Decorrido este, sem a propositura da ação anulatória, o casamento será definitivamente válido. A sentença da ação anulatória tem caráter desconstitutivo, pois declara uma verdade oculta e constitui uma nova situação dissolvendo o casamento existente. Como visto, salvo exceções, na regra geral é legitimado para propor a ação anulatória o cônjuge prejudicado, como dispõe o artigo 1.559 do CC. É importante ressaltar que antes de promover a ação de nulidade ou anulação do casamento, poderá o cônjuge, provando a sua necessidade, requerer a separação de corpos, como dispõe o artigo 1.562 CC. BIBLIOGRAFIA FUGITA, Jorge Shiguemitsu, Curso de Direito Civil, Direito de Família, 1ª Edição, São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000. MONTEIRO, Washington de Barros, Curso de Direito Civil, Direito de Família, 2º Volume, 31ª Edição, São Paulo: Saraiva, 1994. RODRIGUES, Silvio, Direito Civil, Direito de Família, 6º Volume, 21ª Edição, São Paulo: Saraiva, 1995. http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=2924&idAreaSel=5&seeArt=yes. Acessado 27/03/2016. http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1034. Acessado 27/03/2016. http://www.revistaseletronicas.fmu.br/index.php/FMUD/article/view/418. Acessado 27/03/2016 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BARRA MANSA DIREITO - 8 PERIODO/DIREITO DE FAMILIA PROFESSORA: CAROLINA CUNHA ALUNOS: RUANN PABLO DE BARROS NOVAES/0111955 THAIS ALVES DE MELO CAMPANELLI/0111986
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