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Aula 7: Fluxos de Matéria e Energia nos Ecossistemas e Teias Tróficas Profa. Dra. Ronara Ferreira ronara.ferreira@gmail.com DBI 05631 – Ecologia Básica Objetivos •Dinâmica ecossistemas •Fluxo de energia •Fluxo de matéria/nutrientes •Ciclagem de nutrientes •Transferência de energia •Teias tróficas e pirâmides •Efeitos indiretos na teia trófica •Cascata trófica •Por que o mundo é verde? •Estabilidade das comunidades Ecossistema • A unidade da ecologia em que ocorre associação entre os seres e a relação destes com o meio, e a ocorrência do fluxo de energia e absorção de nutrientes orgânicos e inorgânicos. Ecossistema Incluem os chamados produtores primários, decompositores e detritívoros, herbívoros, carnívoros e parasitas, além do ambiente físico-químico que fornece as condições necessárias à sobrevivência e manutenção destes, agindo tanto como fonte quanto como escoadouro de energia e matéria. Dinâmica de ecossistemas •Dimâmica de ecossistemas: estudo das forças e dos fluxos que produzem alterações nos ecossistemas, das interações entre fatores bióticos e abióticos. Termos importantes Produtividade Primária: taxa na qual a energia radiante é convertida em substâncias orgânicas (biomassa é produzida). Produtividade Primária Bruta (PPB): toda a energia fixada pela fotossíntese. Produtividade Primária Líquida (PPL): a biomassa disponível para consumo pelos organismos heterotróficos (PPB-R). Produtividade Secundária: taxas de armazenamento energético nos consumidores (= biomassa dos organismos heterotróficos) . Produtividade Líquida da Comunidade: taxa de armazenamento da matéria orgânica não utilizada por heterótrofos. Produtividade • Produtividade designa a quantidade de matéria orgânica que é produzida por unidade de tempo e área Produtividade Aumento da umidade = aumento da produtividade Produtividade Aumento da temperatura = aumento produtividade Produtividade Relação causal entre produtividade e riqueza: Fluxo de energia • Fotossíntese: energia luminosa em açúcar/ carboidratos •Gás inerte na atmosfera produzindo substância estrutural! Fluxo de energia • A fotossíntese transforma o carbono oxidado (de baixa energia) para um reduzido (alta energia) nos carboidratos. • Combinados com nitrogênio, o fósforo, o enxofre e o magnésio (matéria), os carboidratos simples derivados da glicose produzem um conjunto de proteínas, ácidos nucleicos e pigmentos. Fluxo de energia • Eficiência fotossintética: percentagem de energia na luz do Sol que é convertida para produção primária durante a estação de crescimento. • Fatores que influenciam na eficiência fotossintética: • Luz • Temperatura • Disponibilidade de água • Nutrientes (nitrogênio e fósforo), principalmente em ambientes aquáticos. Fluxo de energia • Eficiência fotossintética: percentagem de energia na luz do Sol que é convertida para produção primária durante a estação de crescimento. • Se a eficiência fotossintética fosse 100% = 10-100 x mais matéria vegetal. • Apenas 44% da radiação apropriados para a fotossíntese. • Coniferas (1-3%), • Florestas deciduas (0,5-1%), • Desertos (0,01-0,2%), • Lavouras (3-10%). Fluxo de energia • Redes/Teias tróficas Fluxo de energia • Apenas 10% da energia é passada adiante (em média) •Perda por: •Esforço •Respiração •Fezes Fluxo de energia • Biomassa: massa de organismos por unidade de área (de solo ou volume de água) •Grande maioria da biomassa é formada por plantas •Produtores primários de biomassa (fotossíntese) •Inclui corpos de organismo (mesmo partes mortas como casca morta de árvores). Fluxo de energia Basset et al. 2003 Recifes de corais Brejos Florestas tropicais Ecossistemas mais produtivos Fluxo de energia Ecossistemas menos produtivos Desertos Oceano aberto Recursos e condições limitantes... • Ciclagem de nutrientes e fluxo de energia em ecossistemas são fundamentalmente diferentes: • Elementos químicos são reutilizados indefinidamente • A energia flui pelos sistemas apenas uma vez. • Muitos aspectos da ciclagem de nutrientes e do fluxo de energia apenas fazem sentido quando entendemos que ambos acontecem concomitantemente. Importante! Fluxo de Energia x Matéria Ciclagem de Nutrientes O ciclo ou rota dos nutrientes no ecossistema está diretamente relacionado ao processo de reciclagem ou reaproveitamento da matéria orgânica após um processo de decomposição. Nutrientes, presentes na matéria orgânica produzida pelos organismos (carcaça, excretas, serapilheira...) • Ciclagem de nutrientes/ ciclos biogeoquímicos: reutilizados pois são cíclicos. • Destaque para os decompositores: • Processamento de mais energia e matéria orgânica em uma comunidade do que o sistema consumidor. • Promovem maior rapidez na degradação da matéria orgânica, sua ação favorece a fixação de compostos químicos, principalmente no solo. Fluxo de matéria Fluxo de matéria • Um ecossistema pode ser visto como uma série de compartimentos entre os quais os elementos circulam em diferentes taxas: • Fotossíntese movimenta carbono do compartimento inorgânico (ar ou água) ao compartimento orgânico (plantas) Fluxo de matéria • Respiração movimenta carbono do compartimento orgânico (organismo) ao compartimento inorgânico (ar ou água). Assim... Os ecossistemas são gigantes máquinas transformadoras de energia: • Energia entra nos ecossistemas pela produção das plantas e é transferida aos animais e microrganismos heterotróficos ao longo das cadeias alimentares e de detritos. • O ciclos biogeoquímicos globais regem a distribuição das substâncias principais que permitem a existência de alta biodiversidade de organismos na Terra. Fluxo de energia •Cadeia alimentar: grupo de organismos presentes em um ecossistema, e que são regulados pela relação predador-presa. • Transferência de energia entre os seres vivos. Fluxo de energia O padrão de fluxo de energia através de um nível trófico (quadro roxo): • Pn = produtividade • Rn = Perda de calor respiratório •Fn = Perda de energia fecal •In = Entrada de energia •An = energia assimilada •Pn-1 = Produtividade disponível para consumo oriunda do nível trófico n-1. Fluxo de energia •Eficiência de transferência de energia ( prevê padrões do fluxo): EC x EA x EP •1) Eficiência de consumo (EC) •2) Eficiência de assimilação (EA) •3) Eficiência de produção (EP) Fluxo de energia •Eficiência de consumo (EC): Porcentagem da produtividade total disponível em um nível trófico que é realmente “ingerida” por um compartimento trófico “um nível acima”. •Para consumidores primários, a EC é porcentagem de joules produzida por unidade de tempo (PPL= biomassa disponível para consumo) que penetra no intestino dos herbívoros. Fluxo de energia •Para consumidores secundários: porcentagem da produtividade de herbívoros consumidos por carnívoros. O restante morre sem ser consumido e entra no sistema decompositor. Fluxo de energia •Eficiência de consumo de herbívoros: baixa, refletindo alta proporção de tecido de sustentação estrutural. Para uma vaca conseguir pastar cerca de 11 kg Matéria Seca (MS), a oferta de pasto deve ser, no mínimo, três vezes maior,ou seja de uns 33 kg de MS ou 150 kg de pasto verde. Fluxo de energia •Eficiência de assimilação (EA): •Porcentagem de energia (de fato) nos intestinos de consumidores em um compartimento trófico, que é assimilada através da parede intestinal e se torna disponível para incorporação no crescimento e/ou esforço. •Restante perdido como fezes. Fluxo de energia •Bactérias e fungos (decompositores) assimilam cerca de 100% do que consomem. •Assimilação alta para carnívoros (cerca de 80%) •Assimilação baixa para herbívoros (cerca de 20 a 50%) > > Fluxo de energia •Eficiência de produção (EP): porcentagem de energia assimilada incorporada à nova biomassa (do consumidor). O restante é perdido pela respiração (calor). •A eficiência de produção varia, principalmente com a categoria taxonômica. Fluxo de energia •Invertebrados= alta eficiência (30-40%), perdem pouca energia como calor (respiração). •Protozoários= alta eficiência, vida curta, tamanho pequeno e renovação populacional alta. •Vertebrados ectotérmicos (varia com ambiente) valores intermediários (10%). •Vertebrados endotérmicos valores de produção baixos (1-2%), alto gasto com manutenção de temperatura. Fluxo de energia > > Teia trófica (alimentar) •Cadeia alimentar para TEIAS com pelo menos três níveis tróficos e muitas (pelo menos 3) espécies envolvidadas. •Interface entre ecologia de comunidades (interações) e ecossistemas (fluxo de energia). • Níveis agrupados em GUILDAS tróficas, ou seja, grupo de espécies que se utilizam do mesmo tipo de recurso alimentar. Teia trófica (alimentar) Teia trófica (alimentar) Mais próximo da realidade, porque: • Carnívoros com amplo espectro de presas • Herbívoro que alimentam-se de muitas plantas Propriedades das Teias tróficas a) Número de espécies na rede (S): Número total de espécies presente numa dada rede. b) Densidade de ligações (D): Número de ligações tróficas associado a cada espécie presente na rede. c) Espécie trófica: Conjunto de espécies que compartilham o mesmo conjunto de presas ou são atacadas pelo mesmo predador. d) Predador de topo: Espécie que não é predada por nenhum predador na rede onde se alimenta. e) Espécies basais: Organismos que não se alimentam de nenhuma outra espécie. Usualmente eles são produtores primários. f) Conectância: Número de interações tróficas realizadas dividido pelo número de interações tróficas possíveis. Várias formulas... g) Onívoro: Organismo que se alimenta em dois ou mais níveis tróficos diferentes. • Representação de todas as características se torna muito complexa em uma teia. • As pirâmides ecológicas podem em certos casos ser de grande utilidade para sintetizar estas interações tróficas. Pirâmides ecológicas a) Pirâmide de números: considera-se apenas a densidade (nº ind/área ou volume) em diferentes níveis tróficos. Este tipo de representação não distingue a diferença de biomassa entre as diferentes espécies que compõem o ecossitema. Pirâmide de números a) Pirâmide de números: considera-se apenas a densidade (nº ind/área ou volume) em diferentes níveis tróficos. Este tipo de representação não distingue a diferença de biomassa entre as diferentes espécies que compõem o ecossitema. b) Pirâmide de biomassa: considera-se a biomassa (unidade de massa/área ou volume). Não leva em conta entretanto a taxa de renovação/acúmulo desta biomassa ao longo do tempo. Pirâmide de biomassa Paradoxo do plâncton! a) Pirâmide de números: considera-se apenas a densidade (nº ind/área ou volume) em diferentes níveis tróficos. Este tipo de representação não distingue a diferença de biomassa entre as diferentes espécies que compõem o ecossitema. b) Pirâmide de biomassa: considera-se a biomassa (unidade de massa/área ou volume). Não leva em conta entretanto a taxa de renovação/acúmulo desta biomassa ao longo do tempo. c) Pirâmide de energia: supera as limitações citadas nos ítens a e b uma vez que elas indicam a magnitude energética das interações tróficas dentro dentro de uma comunidade bem como as razões de acúmulo de biomassa dentro do ecossistema. Demanda entretanto grande quantidade de informações (produçao primária e secundária). Revela também a importância da energia como um conceito unificador que permite comparar ecossistemas completamente diferentes entre si. Efeitos indiretos na teia trófica • Repercussão ao longo da teia, uma espécie afeta a abundância de outra. •Se uma espécies predadora é removida, aumento da densidade da presa. Efeitos indiretos na teia trófica •MAS a remoção de uma espécie pode provocar um decréscimo em abundância de um competidor ou mesmo da presa! •Em uma ilha (sp exóticas) •Ex. Gato, rato e pássaro •Gato preda (taxa M) ratos (preferência) mas também pássaros. Efeitos indiretos na teia trófica •Com a presença das três espécies o superpredador (gato) mantém o mesopredador (rato) sob controle e as três espécies coexistem. Efeitos indiretos na teia trófica •Sem o superpredador, o mesopredador leva a presa à extinção! Espécie-chave •Espécies fortemente entrelaçadas na teia alimentar •Espécie cuja remoção produz efeito significativo em, ao menos, uma outra espécie •Na maioria das vezes, chamadas de predador de topo. •Efeito benéfico indireto sobre uma série de competidores inferiores, pela redução na abundância de competidor superior. Cascata trófica •É justamente esse efeito indireto que um predador, de topo, por exemplo, exerce na teia. • Modificando a abundância de diversos organismos e alterando as relações entre eles. Ex: Estrela-do-mar Pisaster Com Pisaster: comunidade com 10 espécies Sem Pisaster: comunidade com cinco espécies Coexistência mediada pelo predador (espécie-chave) Controle das teias alimentares •Efeitos descendentes (“top-down”) •Consideramos predadores de topo controlando a comunidade de cima para baixo (top-down). Controle das teias tróficas •Efeitos ascendentes (“bottom-up”) •Predadores são sujeitos ao controle de baixo para cima (“bottom-up”): tamanho populacional das presas limitando o tamanho populacional dos predadores. Controle das teias tróficas Em uma cascata trófica, os controles de cima para baixo e de baixo para cima se alternam no tempo Por que o mundo é verde? Por que o mundo é verde? •Importância do controle de cima para baixo: predadores controlando número de herbívoros no mundo (Hairston et al. 1960). Por que o mundo é verde? •Importância do controle de baixo para cima: mundo é espinhento e de sabor desagradável (Murdoch 1966). •Mesmo que o mundo seja verde, isto não é resultado da incapacidade dos herbívoros de tiraremproveito dele, porque são limitados (predadores), e sim porque as plantas se defendem! Por que o mundo é verde? •Defesas químicas e físicas das plantas •Herbívoros competindo por quantidade limitada de plantas palatáveis e não protegidas. •Os seus predadores podem competir por herbívoros escassos. O mundo controlado de baixo para cima, pode ainda assim, ser verde. Estabilidade da teia trófica •COMUNIDADE ECOLÓGICA CARACTERIZADA: •1) Estrutura (riqueza, intensidade de interações na teia…) •2) Produtividade (quantidade e produção de biomassa) •3) Estabilidade temporal (espécies/interações se mantém no tempo) Estabilidade da teia trófica ESTABILIDADE RESISTÊNCIA RESILIÊNCIA Estabilidade da teia trófica •Resiliência: velocidade com que uma comunidade retorna ao seu estado anterior após ter sido pertubada e deslocada desse estado. ALTA RESILIÊNCIA AO FOGO Estabilidade da teia trófica •Resistência: capacidade inicial da comunidade de evitar o deslocamento. ALTA RESISTÊNCIA AO FOGO Estabilidade da teia trófica •Resiliência: velocidade com que uma comunidade retorna ao seu estado anterior após ter sido pertubada e deslocada desse estado. ALTA RESILIÊNCIA AO FOGO BAIXA RESISTÊNCIA AO FOGO Estabilidade da teia trófica •Resistência: capacidade inicial da comunidade de evitar o deslocamento. ALTA RESISTÊNCIA AO FOGO BAIXA RESILIÊNCIA AO FOGO Complexidade x Estabilidade •No geral: •A relação complexidade/estabilidade está muito relacionada à previsibilidade ambiental. •Ambiente muito previsíveis e pouco variáveis, comunidade mais complexas, mais resistentes e menos resilientes (Floresta Amazônica) •Ambientes com grandes variações ambientais, comunidades geralmente menos complexas, menos resistentes e mais resilientes (Cerrado) . Complexidade x Estabilidade •Complexidade maior da comunidade possui maior estabilidade: •“Quanto maior o número de rotas de energia passando através da comunidade, menos provavelmente as densidades das espécies constituintes mudariam em resposta a um aumento ou diminuições anormais de espécies em cada nível trófico.” •Maior número de rotas, menos perda de interações/ espécies. Complexidade x Estabilidade Menos complexo= Menos estável Mais complexo= Mais estável Bibliografia Begon M, Townsend CR, Harper JL. (2007). Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. (4ed). Artmed. 752p. Ricklefs RE. 2010. A economia da natureza. (6ed). Guanabara Koogan. 572p. Towsend CR, Begon M, Harper JL. (2010). Fundamentos em Ecologia. (3ed.) Artmed. 576p. Obrigada pela atenção! Aula 7: Fluxos de Matéria e Energia nos Ecossistemas e Teias Tróficas Objetivos Ecossistema Ecossistema Dinâmica de ecossistemas Slide Number 6 Produtividade Produtividade Produtividade Produtividade Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Importante! Fluxo de Energia x Matéria Ciclagem de Nutrientes Fluxo de matéria Fluxo de matéria Fluxo de matéria Slide Number 26 Assim... Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Fluxo de energia Teia trófica (alimentar) Teia trófica (alimentar) Teia trófica (alimentar) Propriedades das �Teias tróficas Slide Number 43 Slide Number 44 Slide Number 45 Slide Number 46 Slide Number 47 Slide Number 48 Slide Number 49 Slide Number 50 Slide Number 51 Efeitos indiretos na teia trófica Efeitos indiretos na teia trófica Efeitos indiretos na teia trófica Efeitos indiretos na teia trófica Espécie-chave Cascata trófica Ex: Estrela-do-mar Pisaster Controle das teias alimentares Controle das teias tróficas Controle das teias tróficas Por que o mundo é verde? Por que o mundo é verde? Por que o mundo é verde? Por que o mundo é verde? Estabilidade da teia trófica Estabilidade da teia trófica Estabilidade da teia trófica Estabilidade da teia trófica Estabilidade da teia trófica Estabilidade da teia trófica Complexidade x Estabilidade Complexidade x Estabilidade Complexidade x Estabilidade Bibliografia Slide Number 76
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