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QFL 2447-3 Polímeros, Conceitos Básicos 1º semestre de 2016 Prof. Yoshio Kawano Com relação às propriedades mecânicas, os polímeros podem ser: Termoplásticos, Termofixos ou termorrígidos e Elastômeros. 1. Termoplásticos são polímeros lineares que podem ser fundidos várias vezes, são solúveis e recicláveis. São classificados em: 1. Commodities, baixo preço. Ex. PE, PP, PS, PVC e outros. 2. Uso industrial, custo maior, boas propriedades mecânicas. Ex. EVA, SAN, PTFE, PMMA e outros. 3. De engenharia, melhor performance mecânica, tenacidade (resistência à quebra), estabilidade. Ex. Náilon, PET, PBT, PEN, POM, PC, ABS e outros. 4. De alta performance, suporta T>150º C, contém vários grupos aromáticos na cadeia. Ex. Kevlar®, Nomex, Kapton , PSU, PEEK,, PPS, poliimidas , e outros. Termofixos são rígidos, reticulado, estáveis à temperatura, uma vez moldado não se funde, insolúvel, se decompõe com o calor e não se recicla. Ex., baquelita, epóxi, melamina, resina fenólica e outros. Elastômeros ou borrachas, são polímeros que apresentam alta elasticidade e não se fundem. As forças de ligação presentes numa molécula são: 1. Primária (covalente, metálica e iônica), cuja energia envolvida é >300 kJ mol-1 e as distâncias de 0,09 a 0,2 nm. 2. Secundária (ligação de hidrogênio, iônica e interações moleculares), cuja energia envolvida é <160 kJ mol-1 e distâncias de 0,2 a 0,5 nm. A ligação de H é formada entre um átomo de H ligado a um átomo fortemente eletronegativo (F,O,N) e outro grupo molecular contendo um átomo fortemente eletronegativo (O,N,F). R1-A- H........B-R2 A e B são fortemente eletronegativos. A ligação de H induz alta coesão em polímeros. Ex., proteínas, fibras, poliamidas, poliuretanas, etc. A ligação de H pode ser intramolecular (proteínas, fibras, etc.) ou intermolecular (fibras, Náilon, etc.) A ligação de H é a força secundária que apresenta maior energia de interação, <40 kJ mol-1 e distância de 0,2 a 0,3 nm Interações intermoleculares: existem três tipos de interações que são responsáveis para a coesão observada em polímeros. São conhecidas como forças de van der Waals, que tem origem nas forças de atração entre dipolos. 1. Força de Keesom ou a atração mútua entre dois dipolos permanentes. A energia de interação é: Ek = - ( )/r 6 onde μ é o momento dipolar, R a constante do gás, T a temperatura termodinâmica, r é a distância entre os dipolos. A energia varia de 8 -25 kJ mol-1 e varia inversamente com a T, e r varia de 0,2 a 0,3 nm. RT3 2 4 2. Força de Debye ou atração mútua de um dipolo permanente e o dipolo que ele induz sobre um grupo molecular polarizável próximo. ED =-2αμ 4/r6 onde α é a polarizabilidade do grupo polarizável próximo, μ é o momento dipolar e r é a distância entre o dipolo e o grupo polarizável. A energia varia de 4 a 20 kJ mol-1. • 3. Forças de London resulta da natureza assimétrica da configuração eletrônica instantânea dos átomos. A energia desenvolvida entre os dois dipolos instantâneos é dada pela equação: • EL = /r 6 onde α1 e α2 são as polarizabilidades dos grupos interagentes, I1 e I2 são as energias de ionização. A energia envolvida é da ordem de 0,1 a 20 kJ mol-1 Ex. PE e BR. 21 2121 2 3 II II As propriedades de polímeros sólidos dependem de como suas moléculas se distribuem e das intensidade das forças entre elas. Um polímero se fundirá quando as forças intermoleculares forem superadas. Quanto maior as forças presentes, mais energia serão necessárias para superá-las e maior será seu ponto de fusão. A força de dispersão de London é a mais fraca de todas e está presente em todos os polímeros, inclusive nos polímeros não polares. A força de dispersão depende da polarizabilidade da molécula. No PE, p/ n=1000 e força de dispersão de London é ~ 16000 kJ mol-1. Ligação de hidrogênio, segundo a definição da IUPAC Ligação de hidrogênio é a interação atrativa entre um átomo de hidrogênio de uma molécula ou um fragmento molecular X-H, em que X é mais eletronegativo do que H e, um átomo ou um grupo de átomos na mesma ou uma molécula diferente, em que existe evidência de formação de ligação. Exemplo: X-H...Y-Z – ... É a ligação de hidrogênio As interações iônicas aparecem em polímeros denominados ionômeros, que são polímeros sintéticos que apresentam um conteúdo de grupos iônicos de 10 a 15% por mol, sendo em geral insolúvel em água. Um ionômero é um copolímero ionizado, cujo esqueleto não iônico, geralmente é um hidrocarboneto e cujo menor componente consistem de comonômeros iônicos com contraíons associados. Ex. Nafion, Surlyn, PS sulfonado e poli(etileno-ran-(ácido metacrílico)) Polieletrólitos apresentam grande conteúdo de íons no grupo lateral e são insolúveis em solventes orgânicos. Nafion: (-CF2-CF2 )n-(CF2-CF(O-CF2-CF(CF3)-CF2-CF2-SO3 --M+-))m - Massa Molar de Polímeros Polímeros, em geral, não são substâncias homogêneas, eles são constituídos de moléculas de comprimentos de cadeia variados. Portanto, as cadeias poliméricas apresentam grau de polimerização variados. O DP (degree of polymerization) não pode ser medido experimentalmente, ele é calculado, a partir de dados experimentais. Polímero uniforme (monodisperso) é o polímero composto de moléculas de mesma massa molar. Sua massa molar é calculada pela equação: M=Mo ,onde Mo é a massa do mero e é o grau de polimerização. Polímero não-uniforme (polidisperso) é o polímero constituído de moléculas não uniformes com relação à massa molar ou à constituição ou a ambas. Para polímeros não uniformes há vários métodos para se obter a M. Para polímeros não uniformes, há cadeias com comprimentos variados, podendo apresentar uma distribuição de comprimentos de cadeia. Esta distribuição resulta da natureza estatística das reações de polimerização. As funções de distribuição mais encontradas em polímeros são: Gaussiana, Normal logarítmica, Shultz-Zimm, Schulz-Flory, Poisson e Tung. Estas funções dão origem às curvas respectivas. A partir da curva de distribuição de massa molecular pode-se definir várias massas molares médias, mas poucas delas são diretamente acessíveis experimentalmente. A determinação da massa molar de polímero pode ser do tipo: a) A – absoluta, onde a quantidade a ser medida está diretamente relacionada à massa molecular. Ex.,osmometria, crioscopia, espectrometria de massa, espalhamento de luz, etc. b) R – relativo, onde mede-se a propriedade que depende da estrutura química e também da interação soluto-soluto e requer uma curva de calibração entre a quantidade a ser medida e a massa molecular. Ex., viscosimetria, cromatografia por exclusão de tamanho (SEC). c) E – equivalente, onde é necessário conhecer a estrutura química do polímero. Ex., determinação de grupo terminal. Experimentalmente se obtém: massa molecular relativa (Mr ), massa molecular reduzida (Mz) e massa molar média (<M> ou Mi i=n,m,z,v,.. ). A Mr é a massa molecular relativa ou peso molecular. É a razão da massa média de uma molécula à unidade de massa atômica unificada. A unidade de massa atômica unificada é 1/12 da massa do átomo de 12C em seu estado fundamental nuclear e eletrônico. A Mr , massa molecular relativa ou peso molecular é um número puro (adimensional). A massa molecular reduzida (Mz), onde z é a carga elétrica da espécie, é a massa determinada por espectrometria de massa e MALDI (Matrix Assisted Laser Desorption Ionization). A massa molar é determinada pela osmometria, espalhamento de luz, ultracentrífuga, etc. A IUPAC recomenda o uso de massa molar, com unidade em g mol-1 ou kg mol-1. Asmédias mais importantes são definidas pelos momentos da função de distribuição, Mn é a massa molar numérica média, Mm ou Mw é a massa molar mássica média, Mz é a massa molar z média e Mv é a massa molar viscosimétria média.(M em itálico) ĐM é a dispersidade de massa molar. Mn < Mw < Mz < Mz+1 ĐM = Mm/Mn Massa Molar em Polímeros Pure Applied Chemistry, ? Definitions of Term Relating to Individual Macromolecules, Macromolecular Assemblies, Polymer solutions and Amorphous Bulk Polymers, by Stepto, R. et al. M massa molar - unidade: g mol-1 ou kg mol-1 Mr massa molar média relativa adimensional Mrk peso molecular médio adimensional Mrk massa molar relativa média adimensional M rk massa molecular relativa média adimensional Figura em retângulo é histograma. Figura tracejada é uma curva contínua. Pure Appl. Chem., vol. 84, No10, pp. 2167-2169, 2012 A brief guide to polymers nomenclature (IUPAC Technical Report) • O termo polímero e macromolécula não significam a mesma coisa. • Um polímero é uma substância composta de macromolécula. • A IUPAC define o símbolo Đ para dispersidade e ĐM para dispersidade de massa molar. • Mn para massa molar numérica média (M em fonte itálico e n em fonte romana) • Mm para massa molar mássica média. • ĐM = Mm/Mn Calcular a Mn, Mm, Mz e ĐM de uma mistura de polímeros contendo uma molécula de 5000, 10000 e 15000 g mol. • Mn = (5,0 x10 3+10,0 x103+15,0x103)/1+1+1 = 30,0x103/3 = 10,0x103 g mol-1. • Mm = [(5,0x10 3)2 + (10,0x103)2 +(15,0x103)2] /30.x103 = 350,0x106/30,0x103 = 11,67x103 g mol-1. • Mz = [(5,0x10 3)3 +(10,0x103)3 + (15,0x103)3] / 350,0x106 = (4500,0x109)/350,0x106 = 12,29x103 g mol-1. • ĐM = Mm/Mn = 11,67x10 3/10,0x103 = 1,17 Para a Mv , o parâmetro a é uma constante para um dado polímero dissolvido num solvente, a uma dada temperatura e varia de 0,5 à 1,0 . Se a=1, teremos Mv = Mm e se a=2, Mv = Mz ĐM= Mm/Mn é a dispersidade da massa molar, ele mede a não uniformidade da massa molecular do polímero. ĐM=1 , polímero uniforme, ex. proteínas, dendrímero, etc. ĐM ̶ 1,5 a 2,0 polimerização por condensação. ĐM ̶ 2,0 a 5,0 polimerização via radical livre ĐM ̶ 2,5 a 5,0 polimerização por inserção Ziegler-Natta ĐM ̶ 20 a 40 para alguns polímeros industriais. Propriedades que dependem da massa molar: viscosidade η=M3,4 , estabilidade térmica e propriedades mecânicas (resistência à tração, resistência ao impacto e tensão de ruptura). Polímeros industriais: DP 200 a 2000, M 20000 a 200000 g mol-1 Comprimento de cadeia crítico • Além da contribuição das forças intermoleculares, o enovelamento da cadeia polimérica, também, é um fator importante para as propriedades física do polímero. • Enquanto a cera parafínica e o HDPE são homólogos com massa molar bem diferentes, o comprimento da cadeia da parafina é muito curta para permitir o enovelamento da cadeia, assim ela falha na resistência mecânica e outras propriedades características do HDPE. • O comprimento de cadeia crítico (z) necessário para o início do enovelamento da cadeia é dependente da polaridade e estrutura química do polímero. Assim, o número de átomos no comprimento de cadeia crítico para alguns polímeros são: • Ex., PMMA 208, PS 730, PIB 610 e PE 100 Exercício 3 Até Lucas A.A. correia 1. Qual é a fórmula estrutural do Surlyn? Quais as forças secundárias que atuam no Surlyn? 2. Qual é a fórmula estrutural do PA6T? Quais as forças secundárias que atuam no PA6T? 3. Qual é a Mn , Mm , Mz e ĐM de um polímero constituído de uma partícula de massa molar 2x103, uma de 3x103 e uma de 5x103 g mol-1?
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