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CURSO ON-LINE – ATUALIDADES – PACOTE DE EXERCÍCIOS – BANCO DO BRASIL PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES 1 www.pontodosconcursos.com.br AULA EXTRA Olá, amigos, tudo bem? Na aula extra de hoje, nós apresentamos alguns assuntos bastante atuais, que estão muito em voga na mídia e que podem ser importantes para aqueles que irão fazer a prova do Banco do Brasil no dia 20/03; Um abraço a todos! 1- Crise na Tunísia: No dia 17 de dezembro de 2010, um jovem tunisiano ateou fogo no próprio corpo, quando foi repreendido por policiais que o impediram de vender vegetais em uma banca de rua sem permissão. O gesto desse jovem desencadeou uma onda de protestos em todo o país, clamando por maior liberdade política e reclamando do desemprego. A Tunísia é um país do Norte da África de maioria muçulmana (99%), que se destacava como um importante destino turístico e exemplo de prosperidade no mundo árabe. No campo político, todavia, o país era governado desde 1987 por Zine Al-Abidine Ben Ali, que impunha no país um regime de caráter autoritário. Dessa forma, se no campo econômico a Tunísia vinha conseguindo desenvolver-se progressivamente, no campo político-social surgiram condições para a revolta da população: liberdades políticas restritas, desemprego e corrupção da elite dominante. Com isso, os protestos ecoaram por todo o país, exigindo que o presidente Ben Ali deixasse o poder. Como forma de tentar se manter no poder, Ben Ali anunciou diversas reformas, dentre as quais citamos: i) criação de um comitê especial com a atribuição de investigar a corrupção; ii) promessa de criação de 300.000 empregos; iii) combater a inflação (alta dos preços); iv) permitir a liberdade de imprensa e o amplo acesso à Internet; v) aprofundar a democracia. Mesmo com o anúncio dessas reformas os protestos continuaram e Ben Ali foi obrigado a renunciar ao cargo de presidente. Por fim, vale destacar que outros países árabes da região do Norte da África, como Líbia e Egito, também possuem regimes ditatoriais, o que gerou a perspectiva de que pudessem ocorrer nesses países movimentos parecidos com o da Tunísia. No Egito, essas perspectivas se concretizaram, eclodindo um movimento com repercussões em todo o mundo, conforme veremos a seguir. CURSO ON-LINE – ATUALIDADES – PACOTE DE EXERCÍCIOS – BANCO DO BRASIL PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES 2 www.pontodosconcursos.com.br 2- Crise no Egito: O Egito é um país árabe situado no Norte da África, bem próximo ao Oriente Médio, fazendo fronteira a leste com Israel e Faixa de Gaza, conforme podemos observar no mapa a seguir. Trata-se de um dos países mais populosos da África, cuja maior parte da população (cerca de 90%) professa a religião islâmica sunita. A República do Egito foi estabelecida em 1953, sendo em 1956 declarada a total independência do país em relação ao Reino Unido (que colonizou a região). Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou a Península do Sinai (território egípcio). Em 1973, na Guerra do Yom Kippur, o Egito e a Síria tentaram recuperar territórios perdidos para Israel na Guerra dos Seis Dias, respectivamente a Península do Sinai (território egípcio) e as Colinas de Gola (território sírio). Apesar de não terem obtido sucesso militar na empreitada, considera-se que a Guerra do Yom Kippur foi uma vitória política para o Egito, que lhe permitiu recuperar em 1979 o território da Península do Sinai como contrapartida à paz com Israel. Em 1981, assumiu a presidência do Egito Mohamed Hosni Mubarak, que até hoje está no poder naquele país. Aliás, esse é o grande motivo da recente crise no Egito! Já são cerca de 30 anos em que Mubarak está no poder no Egito, caracterizando-se seu governo por ser um regime de caráter CURSO ON-LINE – ATUALIDADES – PACOTE DE EXERCÍCIOS – BANCO DO BRASIL PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES 3 www.pontodosconcursos.com.br fortemente autoritário. Ocorre que, nos dias de hoje, percebe-se que há diminuição cada vez maior do espaço para regimes anti-democráticos. No início de 2011, centenas de milhares de pessoas foram às ruas para manifestar seu desagrado ao governo de Mubarak, exigindo sua retirada do poder. Os egípcios clamam pela implantação de uma democracia verdadeira, em que não haja eleições fraudulentas. O presidente Mubarak tentou, sem sucesso, fazer algumas concessões, como a nomeação de um vice-presidente (primeiro em 30 anos). Além disso, foram tomadas medidas de caráter repressivo, como toque de recolher, bloqueio de telefone e Internet (todas sem sucesso para conter o ímpeto dos egípcios). Em razão de sua posição geográfica privilegiada, o Egito é um país fundamental à geopolítica do Oriente Médio. E é justamente por isso que a situação do país causa preocupação na sociedade internacional. O regime de Mubarak, embora de caráter autoritário, está alinhado com os objetivos dos EUA no Oriente Médio, reconhecendo o Estado de Israel. Além disso, o Canal de Suez, importante passagem entre a Europa e Ásia é posse egípcia. O grande temor dos EUA é que, com a queda do regime de Mubarak, assuma o poder no Egito a Irmandade Muçulmana e que, como conseqüência disso, haja uma mudança no posicionamento político do país. A Irmandade Muçulmana tem como objetivos principais a luta contra a intervenção ocidental e a implantação no Egito da Lei Sharia (lei muçulmana). Caso esse grupo assuma o poder no Egito, a tensão no Oriente Médio poderia ser agravada. Por outro lado, os EUA também não podem se posicionar a favor de um regime ditatorial, já que se auto-intitulam defensores da democracia. A posição oficial do governo norte-americano até agora foi emitida pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA: "O presidente disse que agora é o momento de incitar uma transição pacífica, ordenada e substancial, com negociações confiáveis e inclusivas." 3- Crise na Líbia: A Líbia é um país localizado no norte do continente africano fazendo fronteira com a Tunísia e o Egito, dentre outros países. Conforme vem sendo exaustivamente noticiado pela mídia, o norte da África está sendo palco de uma onda de manifestações contra governos ditatoriais, como os que, até pouco tempo, dirigiam e controlavam Tunísia e Egito Iniciadas na Tunísia, as manifestações rapidamente se espalharam, chegando a Egito e Líbia, países que também são conduzidos por ditadores. A CURSO ON-LINE – ATUALIDADES – PACOTE DE EXERCÍCIOS – BANCO DO BRASIL PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES 4 www.pontodosconcursos.com.br crise na Líbia adquiriu grande notoriedade em razão de nesse país terem ocorrido as mais violentas repressões a manifestantes já relatadas até o momento. Assim, no dia 15 de fevereiro de 2011, a população líbia desencadeou suas manifestações diante da prisão do advogado humanitário Fethi Tarbel, que representava a família de mais de 1200 detentos mortos em um massacre promovido pelo governo líbio em 1996, representado por Muamar Kadafi. Pai da África, irmão líder, guia da revolução. Esses foram apenas alguns dos títulos que Muamar Kadafi atribuiu a si mesmo para se solidificar no governo líbio desde 1969 quando depôs, num golpe militar, a monarquia que governava o país. Todas as manifestações vistas no Oriente Médio e na África, incluindo as ocorridas no Iraque, Irã, Sudão e Angola, foram surpreendentemente superadas pela rapidez e violência dos eventos ocorridos na Líbia. Tal fato causa certa surpresa, uma vez que, apesar do governo ditatorial, esse país possui o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África, superior inclusive ao brasileiro. A distribuição de renda é satisfatória, o índice de alfabetização é o terceiro melhor do continente e o de pobreza está entre os mais baixos de todos os países periféricos. Então volta a surpresa: porque se erguercontra um governo que lhes proporciona uma qualidade de vida relativamente boa? A população líbia é formada por mais de 140 tribos diferentes, algumas das quais sempre desfrutaram de muitos privilégios no governo de Kadafi - que sempre fez questão de mantê-las o menos coesas possível. Do mesmo modo, para evitar qualquer tipo de motim contra seu governo, o ditador manteve um exercito frágil e com pouca articulação nacional, fazendo dos soldados líbios mais leais aos seus líderes tribais do que aos seus generais. Essa tática de desmembramento social parece ter funcionado durante muito tempo. Porém, nesse momento, apesar da diversidade tribal e da fragilidade das instituições líbias, a população parece ter chegado ao seu limite diante das arbitrariedades do governo Kadafi sempre marcado por violência e imposição. Dentre as inúmeras ações vinculadas à figura desse líder estão algumas das mais covardes das últimas décadas, como o ataque a uma discoteca em Berlim que era freqüentada por soldados americanos, o assassinato de atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique (1972) e o atentado ao avião da Pan Lam na Escócia, em 1988. A participação nesses CURSO ON-LINE – ATUALIDADES – PACOTE DE EXERCÍCIOS – BANCO DO BRASIL PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES 5 www.pontodosconcursos.com.br eventos conferiram a Muamar Kadafi um lugar de destaque na lista dos “patrocinadores do terrorismo”, onde permaneceu até 2006 - quando suas relações com o Ocidente finalmente foram normalizadas. Essa normalização só ocorreu depois da Líbia aceitar algumas imposições da comunidade internacional, como assumir as responsabilidades sobre os atentados aéreos ocorridos em 1988, entregando os responsáveis à justiça britânica. Além disso, a Líbia teve que abandonar o programa nuclear que desenvolvia, indenizando a família de vitimas e reabrindo o país às transnacionais. Assim, amigos, essa onda de protestos e violência ocorre exatamente naquele que podíamos classificar como o melhor momento vivido pelo país no cenário internacional. A crise na Líbia envia ao mundo a mensagem de que, independente das boas relações econômicas, a busca maior da humanidade ainda é pela liberdade! 4- Referendo no Sudão: O mais novo país do mundo surgiu no dia 09 de janeiro de 2011 e denomina-se Sudão do Sul. Em janeiro de 2005, foi assinado o Tratado de Naivasha, por meio do qual o governo do Sudão decidiu conceder autonomia à região, objetivando colocar um fim à Segunda Guerra civil sudanesa. A Segunda Guerra Civil Sudanesa ocorreu entre os anos de 1983 e 1995, opondo o Norte do Sudão e os rebeldes do Sul. A motivação desse conflito foi eminentemente religiosa. O governo muçulmano do Norte tentou impor a lei islâmica (Sharia) em todo o país, o que não agradou a população do Sul, cuja maioria é cristã e animista. Em dezembro de 2005, foi assinada a Constituição Interina do Sudão do Sul, prevendo a realização de um referendo em 2011, ocasião em que seria decidido pela manutenção da autonomia regional ou pela independência. No referendo realizado, o povo decidiu pela independência, por uma expressiva votação de 98,81%. O resultado do referendo não foi contestado pelo governo do Sudão e a divisão oficial do país deverá ocorrer até julho desse ano. Com isso, surge um dos países mais pobres do mundo e dotado de uma precária infra-estrutura. Para que possamos ter uma noção do que CURSO ON-LINE – ATUALIDADES – PACOTE DE EXERCÍCIOS – BANCO DO BRASIL PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGÍNIA GUIMARÃES 6 www.pontodosconcursos.com.br estamos dizendo, 85% da população do Sudão do Sul vive abaixo da linha da pobreza. Os EUA já manifestou seu posicionamento oficial de que reconhecerá o Sudão do Sul como um Estado soberano e independente. A ONU, por meio de seu Secretário Geral Ban Ki Moon, também já se manifestou, comemorando a celebração pacífica do referendo. Pode-se considerar que o êxito na realização do referendo é um importante passo na pacificação da região, que foi palco de sangrentos conflitos entre o Norte e o Sul. Por fim, destacamos que no Sudão do Sul estão localizadas as maiores reservas de petróleo do país (cerca de 75%). Todavia, toda a infra- estrutura está no Norte, o que demandará cooperação entre os dois Estados.
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