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227PROMILITARES.COM.BR OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL CONFLITO NA CAXEMIRA “Folha de S. Paulo”, 03/05/2003 Índia e Paquistão são ex-colônias britânicas. Em 1947 conseguiram independência. Os ingleses repartiram a região de acordo com a religião das maiorias. Assim surgiu a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana. A região da Caxemira continua dividida entre Índia e Paquistão através de um acordo. Instabilidades político-econômicas no Paquistão poderiam facilmente deflagrar um conflito. A Caxemira é uma região montanhosa ao norte a Índia e o Paquistão. Os dois países abrandaram a retórica dura recentemente, mas nenhuma das partes parece estar pronta dos dois países. Grande parte da população da região é muçulmana e quer a anexação ao Paquistão, que a Índia nega. A rivalidade levou a uma corrida armamentista que culminou com a entrada de Índia e Paquistão, em 1998, no clube dos países detentores de armas nucleares. Ambos desenvolveram ao máximo sua infraestrutura militar. Desde então, as hostilidades na Caxemira passaram a ser acompanhadas com mais atenção pela comunidade internacional. CONFLITO ENTRE JUDEUS E PALESTINOS O impasse teve início no século 19, quando judeus sionistas expressaram o desejo de criar um Estado moderno em sua terra ancestral e começaram a criar assentamentos na região, na época controlada pelo Império Otomano. Desde então, houve muita violência e controvérsia em torno da questão, assim como vários processos de negociações de paz durante o século 20 e ainda estão em andamento. Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam sua parte da terra com base na história, na religião e na cultura. Os israelenses, representados pelo Estado de Israel, têm soberania sobre grande parte do território, que foi conquistado após a derrota dos árabes em duas guerras, o conflito árabe-israelense de 1948 e a Guerra dos Seis Dias, de 1967. Os palestinos, representados pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), querem assumir o controle de parte dos territórios e estabelecer um Estado Palestino soberano e independente. Grande parte dos palestinos aceitam as regiões da Cisjordânia e da faixa de Gaza como território para um futuro Estado palestino. Muitos israelenses também aceitam essa solução. Uma discussão em torno dessa solução ocorreu durante os Acordos de Oslo, assinados em setembro de 1993 entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que permitiu a formação da ANP. No entanto, Israel e ANP não chegaram a uma posição comum. Apesar de vários outros acordos e planos de paz, como os de Camp David e das negociações do chamado Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU), a situação ainda se vê hoje em um impasse. A GUERRA CONTRA O TERRORISMO No dia 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos sofrem um atentado que entra tragicamente para a História. As Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, são atingidas por dois aviões e totalmente destruídas. Uma terceira nave colide com o Pentágono, em Virgínia. O quarto avião caiu no Sul da Pensilvânia, após um conflito entre alguns passageiros e os terroristas, e tinha provavelmente como alvo a Casa Branca. Esta foi a maior ação dos inimigos contra os norte- americanos em seu próprio território. 228 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR Aproximadamente três mil pessoas morreram neste ataque, o que gerou entre os americanos um terrível trauma, aliado a uma raiva ainda maior. Osama Bin Laden e seu grupo terrorista assumiram as responsabilidades pelo atentado. E então o Afeganistão, acusado de apoiar o saudita, tornou-se o alvo número um das tropas norte- americanas. Assim tem início a chamada Guerra ao Terror, instaurada pelo Presidente George Bush. O Congresso implanta várias leis para proteger o país e aprova a decisão do Presidente de invadir o Afeganistão, como uma represália ao atentado cometido em território americano. Assim, no dia 07 de outubro de 2001, tropas norte-americanas, apoiadas pela Aliança do Norte, revoltosos afegãos que apoiaram os EUA contra os terroristas da Al Qaeda e os Taliban, invadiram este país, aliadas também a forças internacionais do Reino Unido, do Canadá e da Austrália. A investida contra o governo foi vitoriosa, pois lograram expulsar os Taliban do poder. A INVASÃO DO IRAQUE O governo do presidente George W. Bush, em nome da “guerra global contra o terrorismo”, passou a acusar Saddam Hussein de esconder armas de destruição em massa e de desprezar as resoluções da ONU que exigiam o desarme total e completo do país. Alegou que mais tarde ou mais cedo, o ditador alcançaria aquelas armas a grupos terroristas e se as usariam contra cidadãos americanos. Depois de que o Conselho de Segurança da ONU negou-se a autorizar uma guerra preventiva contra o Iraque, os governos anglo- americanos de George W.Bush e Tony Blair resolveram mesmo assim ir em frente. Concentrando 242 mil soldados no Kuwait, aviões, grandes navios, inclusive cinco porta-aviões, cercando o debilitado Iraque por todos os lados, a ofensiva anglo-americana, iniciada em 19 de março de 2003, não teve dificuldades em, movendo-se diretamente para Bagdá, liquidar com a resistência iraquiana ao completar 25 dias de combates. Despejando sobre Bagdá e outras cidades mais de 20 mil bombas e mísseis, o ataque da coligação anglo-americana literalmente pulverizou o regime de Saddam Hussein, deixando que suas cidades fossem submetidas ao saque e a pilhagem por multidões famintas e humilhadas. A luta contra o terrorismo, pretexto utilizado pelos Estados Unidos na guerra contra o Iraque, tornou-se o grande motivo para que a hiperpotência americana ocupasse militarmente parte do Oriente Médio nos moldes do colonialismo do século 19, ocasião em que um império qualquer daqueles tempos, ocultando seus interesses econômicos ou estratégicos, ocupava um país do Terceiro Mundo a pretexto de querer civilizá-lo ou dotá-lo de instituições políticas avançadas. OS CONFLITOS ATUAIS NA ÁFRICA GEOPOLÍTICA E CONFLITOS ÉTNICOS NA ÁFRICA Os conflitos atuais da África são, como vimos, motivados pela combinação de causas variadas, embora predomine, neste ou naquele caso, um determinado componente étnico (Ruanda, Mali, Somália, Senegal), religioso (Argélia), ou político (Angola, Uganda). Isto sem contar os litígios territoriais, muito frequentes na África Ocidental. No meio desses conflitos que atormentam a África no final do século XX e início do século XXI, estão vários povos e nações que buscam sua autonomia e sua autodeterminação face a poderes centrais autoritários, exercidos muitas vezes por uma etnia majoritária. Boa parte dos conflitos africanos resulta da partilha colonial promovida pelos europeus, que alterou as fronteiras entre as nações africanas, criando limites artificiais, que agruparam num mesmo espaço geográfico povos rivais. Com o processo de descolonização ocorrido ao longo do século XX, muitos desses povos passaram a guerrear, motivados por disputas territoriais, conflitos étnicos, religiosos e mais recentemente, até mesmo pela posse dos recursos hídricos. Como exemplos podemos verificar: • Na Somália, oito clãs disputam o poder numa guerra civil que dilacerou completamente o país. • Na Libéria, a guerra interna matou mais de 150 mil pessoas e produziu cerca de 700 mil refugiados. • Cifra semelhante pode ser verificada na vizinha Serra Leoa. A situação não é muito diferente em países como o Chade ou Sudão. Esses conflitos, classificados genericamente de étnicos e que eclodem periodicamente em países da África Subsaariana, têm como tônica o envolvimento de povos vizinhos, cujas características são mais ou menos diferentes. Alguns desses conflitos são esporádicos e duram alguns dias ou semanas, como tem acontecido na Nigéria. Outros, como na região da África Oriental (Planalto dos Grandes Lagos), no Sudão, na Somália, no Congo, mas tambémna África Ocidental (Libéria, Serra Leoa, Costa do Marfim), são bem mais graves e persistentes podendo durar vários anos e têm sido responsáveis por milhões de vítimas. Na maior parte dos casos, os conflitos são internos, entre populações mais ou menos próximas, muitas vezes misturadas, como é o caso de tutsis e hutus em Ruanda e no Burundi. Todavia, tem sido cada vez mais comum que esses conflitos acabem envolvendo países vizinhos, como o que ocorreu recentemente na República Democrática do Congo (ex-Zaire) onde forças armadas de Ruanda, Uganda, Zimbábue e Angola não só tomaram partido das facções congolesas em luta, como acabaram se enfrentando em pleno território congolês. A novidade dos conflitos recentes é que eles não são mais explicados apenas por razões geopolíticas de grande envergadura (tipo capitalismo x socialismo), como acontecia no tempo da Guerra Fria. Por outro lado, a ação de grupos fundamentalistas islâmicos, fenômeno que pode ser considerado de grande envergadura no início do século XXI, têm importância pequena ou quase nula no contexto geopolítico do centro-sul do continente. Vale ressaltar que na região da bacia do Congo e do Planalto dos Grandes Lagos, o número de muçulmanos é bem pouco expressivo e é justamente nessas regiões que os conflitos têm sido mais mortíferos e duradouros. A multiplicação dos conflitos pode ser explicada também pelo crescimento demográfico dos diferentes grupos étnicos e pela necessidade de cada um deles em estender suas terras cultivadas para compensar os efeitos da degradação dos solos. A exacerbação dos conflitos entre hutus e tutsis em Ruanda resultou, parcialmente, da luta por terras férteis num pequeno país cuja densidade demográfica é de aproximadamente 300 habitantes por km2. Ademais, a África Subsaariana tem sofrido, mais do que em outras partes, dos problemas ambientais inerentes ao mundo tropical, sobretudo porque as produções agrícolas se fazem principalmente sobre solos lateríticos pobres e frágeis. Na África, fora dos vales, os diferentes grupos étnicos que praticam a agricultura, cujos rendimentos declinam sistematicamente, se esforçam em estender seu território em detrimento dos grupos vizinhos. 229 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR CONFLITO NO TIBETE A questão do Tibete, que volta a ser palco de uma revolta contra o governo de Pequim, é um dos principais conflitos políticos e territoriais que a China enfrenta há 50 anos. A China reivindica o Tibete como seu desde o século 13. O país ocupou militarmente este reino do Himalaia em 1950, um ano depois da instauração da República Popular por Mao Tse-tung. A região é uma teocracia budista de 1,2 milhões de km² e cerca de 2,7 milhões de habitantes. Em maio de 1951, os governos de Lhasa – capital do Tibete – e Pequim chegaram a um acordo que selou a “volta à pátria” do Tibete com a assinatura do 14° Dalai Lama, o líder espiritual dos tibetanos. Após alguns anos de frágil convivência e incidentes esporádicos, em março de 1959 aconteceu uma revolta contra “a ocupação” e a “socialização forçada” que foi reprimida com um saldo de milhares de mortos. Na ocasião, o Dalai Lama, que disse ter assinado o acordo de 1951 sob pressão, abandonou o país e fundou um governo no exílio no norte da Índia, em Dharamsala, que defende a não violência sem renunciar à recuperação dos direitos políticos e culturais de seus compatriotas. Cortejado em todo o mundo, particularmente nos países ocidentais, o Dalai Lama se opõe ao crescente domínio das autoridades chinesas sobre seu país, os deslocamentos de população em favor dos “Han”, a etnia maioritária da China e a destruição de edifícios culturais e religiosos. A atribuição do prêmio Nobel da Paz ao Dalai Lama em 1989, seis meses após uma revolta fortemente reprimida no Tibete, foi recebido por Pequim como falta de consideração ao posicionamento do governo chinês. Em 1965, este território recebeu uma autonomia parcial, pouco antes do início da Revolução Cultural (1966-1976), que culminou na destruição de milhares de monastérios e textos sagrados, além da detenção de religiosos. Entre 1979 e 1987, houve tentativas de diálogos. Pequim se mostrou disposta a perdoar “a traição” do Dalai Lama e aceitar seu retorno, desde que este renunciasse a suas funções e que residisse na capital chinesa, e não em Lhasa. O dignatário tibetano recusou a oferta. Em junho de 1988, no ato que é considerado a grande concessão, o Dalai Lama renuncia à independência do Tibete e pede um poder realmente autônomo. O presidente chinês Jiang Zemin, em 1997, propôs instaurar um diálogo com o Dalai Lama se este admitisse oficialmente que o Tibete é “uma parte inseparável da China”. O líder tibetano se negou a fazê- lo e acusou o governo chinês de “genocídio cultural”. A QUESTÃO CURDA A questão curda de fato está entre os problemas de mais difícil solução do Oriente Médio, já pródigo em terríveis impasses políticos. Os curdos constituem uma população de mais de 20 milhões de pessoas que não conta com um Estado nacional. Para agravar o problema, estão dispersos por vários países, principalmente a Turquia, o Irã, o Iraque e a Síria. Nenhum deles, é claro, está disposto a ceder território para a criação de um Curdistão independente. O contencioso maior é com a Turquia, onde curdos representam cerca de 20% da população e onde uma atuante guerrilha terrorista, acompanhada de violenta repressão, levou a uma guerra civil de baixa intensidade. Para agravar ainda mais a questão, curdos tornaram-se uma espécie de arma com a qual os Estados da região pressionavam uns aos outros. Um exemplo: a Síria deu abrigo a guerrilheiros curdos que atuavam contra a Turquia, o que levou Ancara a firmar aliança com Israel de forma a constranger os sírios. Esse já complexo xadrez se complica ainda mais quando se considera que existem importantes minorias curdas no Azerbaijão e na Geórgia, ex-repúblicas soviéticas nas quais Moscou ainda tem grande interesse. As dificuldades para a criação de um Estado nacional curdo são tantas que a tendência é que o “status quo” seja mantido. Resta saber se os curdos iraquianos vão se conformar em renunciar à independência agora que o regime de Saddam Hussein, que os perseguiu implacavelmente, caiu. O fiel da balança serão os EUA. A lógica sugere que Washington evitará contrariar Ancara e fomentar ainda mais instabilidade na região. A verdade é que os curdos constituem um dos últimos grandes povos sem Estado. Pior ainda: a população curda vive espalhada pelos quatro Estados limítrofes - Iraque, Turquia, Irã e Síria – e os diversos partidos curdos sempre lutaram pela independência ou um alto grau de autonomia. Não é por nada que sempre foram vistos como uma ameaça para a integridade territorial dos países da região. (A Turquia nem sequer admite que existam curdos no seu território, chamando- os de “turcos das montanhas”). Mas o drama do movimento nacional curdo é a sua divisão. Uma situação que permitiu que várias vezes fossem manipulados, não só pelas grandes potências mas também pelos Estados da região que utilizam os combatentes curdos para desestabilizar e chantagear os países vizinhos. O próprio PKK já foi apoiado pela Síria contra a Turquia, até que o governo de Ancara conseguisse pressionar Damasco para que expulsassem o Partido dos Trabalhadores e entregassem o seu líder, Abdula Ocalan. Hoje o PKK, que milita pela separação das zonas curdas da Turquia, utiliza o novo Curdistão iraquiano como base para atacar o inimigo turco. É portanto perfeitamente legítimo que as autoridades de Ancara peçam ao governo iraquiano – aliás presidido por um curdo, Jalal Talabani – e aos americanos que têm tropas no Iraque, que acabem com os ataques, expulsem o grupo terrorista e entreguem seus líderes. Senão eles serão obrigados a fazer o serviço por conta própria. Nenhum Estado pode tolerar que um Estado vizinho sirva de 230 OS CONFLITOS NA NOVAORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR santuário para grupos terroristas que matam seus soldados e colocam bombas no seu território. O problema é que mesmo se o PKK não é flor que se cheire, nem mesmo no Curdistão, não há nenhum partido curdo que esteja disposto a combatê-lo diretamente. Ovelhas desgarradas sim, mas ovelhas irmãs. O CONFLITO BASCO A questão basca, ou questão dos bascos, é um conflito territorial e étnico surgido no final do século XV e início do XVI com a unificação da Espanha em um só reino e a anexação da porção sul da região à Espanha e da porção norte da região à França. O povo basco teria ocupado a região da Península Ibérica por volta de 2000 a.C. tendo resistido durante séculos a invasões e à dominação por outros reinos, inclusive os romanos. Sua cultura resistiu ao tempo e às conquistas, se tornando, a língua basca, a língua mais antiga falada atualmente na Europa, mesmo tendo surgido como língua escrita apenas no século XVI o que, apenas contribuiu para fortalecer o espírito nacionalista do povo basco. A principal característica da questão basca é que os bascos lutam para manter sua identidade como povo, sua língua, cultura e modo de vida. Ao invés de serem incorporados e suplantados por outra cultura, como a maioria dos povos que habitaram a Península Ibérica e a Europa. Outro ponto interessante é o apoio que a luta armada do grupo guerrilheiro ETA (Euzkadi Ta Askatana, que em vasconço significa “Pátria Basca e Liberdade”) tem da população basca. Ou, pelo menos tinha. O ETA surgiu em 1959 como um movimento socialista fundado através da união de diversos grupos políticos que atuavam na região. Desde a Guerra Civil Espanhola (1936-39) e do bombardeio à cidade de Guernica pelos nazistas alemães como represália ao apoio do povo basco aos republicanos, então aliados dos anarquistas e socialistas e, a proibição do vasconço em todo o território basco pelo general Franco, o sentimento nacionalista basco foi se tornando cada vez mais forte. Estes fatos, também contribuíram para que o ETA decidisse pela luta armada e tivessem o apoio da população. Mas, com o final da ditadura de Franco em 1975 e os direitos cedidos pela Constituição de 1978 que defende o respeito pela diversidade cultural e linguística, e de um estatuto especial assegurando à Catalunha, à Galiza e ao País Basco o direito de utilizar suas próprias línguas e ainda outros direitos que lhes confere certa autonomia, a guerrilha do grupo ETA começa a perder força ante a população basca. Desta forma, em março de 2006 o ETA declara uma trégua que durou apenas 14 meses. O ETA já decretou várias tréguas desde 1981, mas, apenas oito delas foram de fato efetivadas. Atualmente o Partido Nacionalista Basco (PNV) tenta um acordo com o governo espanhol para a realização até o final de 2008, em caráter consultivo e, até 2010 de forma definitiva, de dois plebiscitos onde o povo basco decidirá sobre o tipo de governo a ser adotado e sobre a relação política entre o País Basco e a Espanha. No entanto, o primeiro – ministro espanhol, José Luis Zapatero, rejeita o plano Ibarretxe, como é chamado o plano lançado pelo PNV. Até lá as expectativas apontam que o ETA deverá decretar mais um cessa fogo como próximo ao plebiscito como manifestação de apoio ao PNV. CONFLITO NA GEÓRGIA Em 1992, após um conflito que deixou milhares de mortos, a Ossétia do Sul proclamou sua independência da Geórgia – que não aceitou a separação. Desde então, a região vive sobre clima de tensão com a Geórgia querendo retomar a região e a Ossétia do Sul – apoiada pela Rússia – defendendo sua autonomia. Em 2009, as forças militares georgianas invadiram a Ossétia do Sul. O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, decretou a mobilização geral do país e denunciou que aviões russos bombardearam o território georgiano após a ofensiva. Horas depois de líderes russos terem condenado o ataque georgiano e alertado a Geórgia de que seu ataque na região provocaria uma retaliação, a televisão russa mostrou imagens de tanques russos e informou que eles estavam se dirigindo à região da Ossétia do Sul. A informação foi confirmada pela Rússia e pela Geórgia. Líderes da comunidade internacional condenaram o conflito que estava ocorrendo na região georgiana da Ossétia do Sul e pediram que o diálogo entre as partes seja restabelecido. 231 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR A PRIMAVERA ÁRABE Sete anos depois da eclosão de uma onda revolucionária no mundo árabe, apenas a Tunísia consolidou seu processo democrático no norte da África e Oriente Médio. Foi justamente no menor país do Magreb que teve início a insurreição regional que ficou conhecida como Primavera Árabe. O estopim foi o ato desesperado de um jovem vendedor de frutas que ateou fogo ao próprio corpo em protesto contra a opressão. A autoimolação de Mohamed Buazizi, que havia tido seu carrinho e suas mercadorias confiscadas pela polícia em 17 de dezembro de 2010 na localidade de Sidi Buzid, desencadeou uma revolta popular que forçou o ditador Zin el Abidin Ben Ali a fugir do país. Foi a primeira de uma série de revoluções que varreria uma dúzia de nações nos meses seguintes, mas todas as demais continuam sendo autocracias mais ou menos rígidas, como o Egito, ou se transformaram em Estados falidos, caso do Iêmen e Líbia, ou viraram sangrentos campos de batalha, o caso da Síria. Os dois Estados hegemônicos que encarnam as duas grandes correntes do islamismo – Arábia Saudita, sunita, e Irã, xiita – influenciaram algumas dessas revoltas, e as potências globais também aproveitaram para marcar sua presença em um arco muçulmano que vai do Atlântico ao golfo Pérsico. A Primavera Árabe, conceito que serve para fixar o olhar em um período de mutações, desembocou em uma nova guerra religiosa no âmbito islâmico, encenada como guerra mundial de baixa intensidade na Síria. Embora a corrente revolucionária tenha fracassado, e quase todos os seus brotos tenham minguado, algumas transformações foram introduzidas para sempre no cotidiano de jovens e mulheres e, acima de tudo, abriu-se a janela da comunicação através das redes sociais. TUNÍSIA: Durante os primeiros compassos da Primavera Árabe, Tunísia e Egito se desenvolveram como almas gêmeas. Seus cidadãos, por meio de revoltas pacíficas, derrubaram seus respectivos tiranos, o egípcio Hosni Mubarak e o tunisiano Ben Ali, pondo em marcha processos de transição para a democracia que num primeiro momento levaram o islamismo político ao poder. A Tunísia é vista pela comunidade internacional como o único caso de sucesso entre as revoltas árabes. As tensões entre forças islâmicas e laicas em 2013 não desembocaram em uma confrontação armada graças ao papel de mediação da sociedade civil, que em 2015 obteve o Nobel da Paz por isso. As eleições do ano seguinte resultaram num Governo de grande coalizão entre antigos adversários, o que serviu para apaziguar os ânimos. EGITO: No Egito, por outro lado, o Exército provocou uma reviravolta no panorama político com seu golpe de Estado de 2013, e desde então a evolução dos dois países norte-africanos trilhou caminhos diametralmente opostos. Os observadores independentes coincidem em descrever o regime liderado pelo marechal Abdel Fattah al Sisi como sendo ainda mais brutal e autoritário que o de Mubarak. Não por acaso, calcula-se que nos últimos quatro anos até 60.000 pessoas foram presas por razões políticas ou por fazer uso de suas liberdades individuais, e a tortura é moeda corrente nos calabouços. No Egito atual, praticamente não há espaço para qualquer tipo de dissidência. LÍBIA: Na Líbia, a principal mudança que sobreveio depois do assassinato de Muamar al Gadafi foi o ar de liberdade. As ruas se povoaram de bandeiras, de cânticos, de jornais e de discussões impensáveis um ano antes. Mas logo ficou claro que ninguém tinha pensado em como construir 232 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR apaz. As lutas entre facções, entre o leste e o oeste do país, criaram um vazio de poder que o Estado Islâmico aproveitou para se assentar em Sirte, a cidade natal de Gadafi, de onde só seria expulso no ano passado. O ex-presidente norte-americano Barack Obama admitiu em 2016 que o “pior erro” de seu Governo foi “não planejar o dia seguinte à decisão correta de intervir na Líbia”. Sete anos de diálogo com todo o apoio da comunidade internacional não serviram para selar a paz entre o leste e o oeste da Líbia. O petróleo continua sendo a principal fonte de riqueza para os seis milhões de habitantes do país, mas a economia se ressentiu dos sete anos de confrontos. Em meio ao vazio de poder surgiram máfias de traficantes que lucram à custa dos migrantes subsaarianos – e também magrebinos – que tentam cruzar o Mediterrâneo para chegar clandestinamente à Europa. A liberdade foi diminuindo à medida que as milícias assumiram maiores parcelas de poder. SÍRIA: Encerrando o sétimo ano de guerra, os maciços protestos populares que eclodiram na Síria em março de 2011 ficaram para trás. A caminho das armas, alimentado primeiro pela repressão estatal e mais tarde pela ingerência de potências regionais, acabou por privar os sírios do seu próprio futuro, hoje nas mãos da Turquia, Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos e Rússia. O balanço da guerra é desolador. Mais de 340.000 pessoas perderam a vida, sendo um terço delas civis. Metade da população abandonou seus lares por causa dos combates: cinco milhões se refugiaram nos países vizinhos, e outros 6,5 milhões foram deslocados internamente. A fatura econômica da reconstrução se aproxima dos 800 bilhões de reais, ao mesmo tempo em que as duas principais fontes de renda do país – petróleo e agricultura – desabaram. A guerra destruiu quase metade dos centros médicos e escolas da Síria. A vertiginosa depreciação da libra síria fez a poupança dos cidadãos evaporar. Os cercos, os acordos de deslocamento e a volatilidade das frentes de batalha causaram drásticas mudanças demográficas, com um maciço êxodo rural que sufoca e empobrece as principais cidades. Atualmente, as tropas de Bashar al Assad recuperaram dois terços do país, e os focos da guerra estão mais concentrados. Das palavras de ordem gritadas pelas ruas sírias em 2011, a única que se materializou foi a liberdade propiciada pelas redes sociais. Exaustos, os sírios hoje clamam por segurança, escola para seus filhos e hospitais para seus pais. Regressar não é uma opção para parte dos refugiados internos e externos, convencidos de que a repressão os esperaria. IÊMEN: No Iêmen, um dos países mais pobres do mundo, a Revolução serviu de guarda-chuva para que as diversas forças centrípetas do país tratassem de promover seus interesses. Hoje, a pobreza se transformou em miséria, 7 de seus 26 milhões de habitantes passam fome, e um milhão foram contaminados pelo cólera. Além disso, abriu-se uma divisão sectária que não existia, entre os yazidis, que seguem um ramo do islamismo próximo do xiismo e compõe 40% da população e o resto da população, que é sunita. BAHREIN: No Bahrein, um país comparativamente rico, a reivindicação de maior representatividade política foi estimulada por diferenças comunitárias. O peso dos xiitas, que representam dois terços dos 750.000 bahrenitas e há décadas se queixam de discriminação, conferiu um matiz sectário aos protestos, que a família governante Al Khalifa (sunita) reprimiu sem contemplações e com a ajuda de tropas sauditas e emiradenses. A recusa em dialogar, refletida na destruição da praça da Pérola (onde se instalaram os indignados), radicalizou os manifestantes, que passaram de pedir uma monarquia constitucional a bradar pela morte do rei. ARGÉLIA: O presidente Abelaziz Buteflika, que estava havia 12 anos no poder, conseguiu furar a onda de manifestações sem empreender grandes mudanças. Revisou-se a Constituição em 2016 mas sem que houvesse uma evolução democrática nem um processo de abertura. Prova disso é que nas próximas eleições presidenciais, em 2019, só cabem duas opções: ou Buteflika se apresenta para um quinto mandato (apesar de não se dirigir diretamente à nação desde 2012) ou será designado o homem que o chamado ‘poder’ indicar como candidato”. MARROCOS: No Marrocos, a onda de revoltas no mundo árabe impulsionou a aprovação, num referendo de julho de 2011, de uma nova Constituição que substituiu a de 1996. A nova Carta Magna transferia ao primeiro-ministro alguns poderes do rei, mas Mohamed VI continuava mantendo inclusive a capacidade de destituir o chefe de Governo. Com o passar dos anos, os protestos foram se apagando, e o poder do monarca se reafirmou. O Movimento 20 de Fevereiro, que promoveu os protestos, está quase extinto. Mas repente, em 28 de outubro de 2016, em Al Hoceima (norte), um vendedor de peixes morreu esmagado num caminhão de lixo ao tentar impedir o confisco da sua mercadoria. Milhares de jovens voltaram a sair às ruas reivindicando melhoras sociais na região do Rife. Parecia que a “primavera” voltava a brotar, da mesma forma que em 2011. Mas, após oito meses de protestos tolerados, o Estado optou pela repressão. Mais de 400 jovens permanecem sob custódia atualmente, segundo a Anistia Internacional. Para muitos ativistas, o país sofreu uma regressão em suas liberdades nos últimos sete anos. Entretanto, outros acreditam que aquela chama da primavera não ardeu em vão, e que seu efeito cedo ou tarde se fará notar. JORDÂNIA: Apanhada entre os conflitos da Síria e do Iraque, sob o olhar atento de Israel e da Arábia Saudita, a Jordânia se esforça para permanecer como uma ilha de estabilidade no Oriente Médio. O complexo equilíbrio demográfico do país, entre clãs de beduínos e a população de origem palestina, se viu alterado desde 2011 pela chegada de um milhão de refugiados sírios, o equivalente a 10% da população. Centenas de combatentes jordanianos que se alistaram nas fileiras do jihadismo na Síria e no Iraque estão agora retornando ao reino. A Jordânia se livrou dos sobressaltos da Primavera Árabe. Depois dos primeiros protestos, o rei Abdullah II se comprometeu a impulsionar um processo de reformas denominado Agenda Nacional. O monarca tenta manter dentro do tabuleiro político a Irmandade Muçulmana, principal grupo de oposição. Ao contrário do que ocorreu no Egito depois do golpe que derrubou o presidente islâmico Mohamed Morsi, em 2013, Amã não proibiu a Irmandade Muçulmana e tolera sua atividade. O ramo jordaniano desse grupo islâmico não prega a abolição da monarquia, mas reivindica uma redução das amplas atribuições executivas do rei. Depois de ter boicotado as duas eleições anteriores, os políticos muçulmanos apresentaram candidaturas no pleito legislativo de 2016, onde sua coalizão somou 15 dos 130 assentos em disputa. O programa da Irmandade Muçulmana insiste na aplicação das reformas democráticas prometidas pelo soberano hachemita depois da eclosão da Primavera Árabe, as quais ainda continuam pendentes. LÍBANO: O país mediterrâneo acabou sendo uma exceção na cronologia da Primavera Árabe. Em 2005, o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri já desencadeara a chamada Revolução dos Cedros, com imensos protestos que provocaram a retirada das tropas sírias após 29 anos de presença no país. O espectro político libanês se dividiu em dois blocos: a liderança xiita do Hezbollah e a sunita de Saad Hariri, filho do dirigente assassinado. Desligados da tutela direta de Damasco, a Primavera Árabe passou longe do Líbano. 233 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR A guerra síria destruiu as boas expectativas econômicas, atrapalhadas pela fuga do turismo, pela redução das remessas financeiras e pelo ônus de acolher 1,5 milhão de refugiados sírios – que representam 25% da população total –, solapando a já deficiente infraestrutura libanesa. Os líderes políticos conseguiram forjar um consenso tácitopara preservar o Líbano de uma nova guerra civil e do jihadismo importado da Síria, sem no entanto dissipar as tensões que aprofundam a divisão entre xiitas e sunitas. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. (UPE-SSA 1 2018) “A onda de protestos contra o governo já completou um mês, resultando na morte de 35 pessoas e deixando outras 717 feridas. Os dados, contabilizados até quinta-feira, dia 4 de maio, pelo Ministério Público, mostram um aumento significativo na violência policial. Até o momento, não é possível prever um fim próximo do conflito, porque o Executivo está promovendo uma Assembleia Nacional Constituinte para criar uma Carta Magna sob medida e evitar as eleições.” (Fonte: Jornal El Pais, edição de 5 de maio de 2017, com modificações. Adaptado.) No mapa, o país que apresenta o problema geográfico atual, referido na notícia transcrita, está indicado por um dos numerais. Assinale a alternativa cujo numeral representa esse país. a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 02. (UERJ 2017) Leia. A ROTA ATÉ OS JIHADISTAS Componentes produzidos por 51 empresas caem em poder do Estado Islâmico Mais de 50 empresas de 20 países, entre elas uma brasileira, foram identificadas na cadeia de suprimentos dos dispositivos explosivos improvisados usados pelo Estado Islâmico em centenas de atentados terroristas. Além de mercadorias controladas, itens tão simples quanto ligas de alumínio, celulares ou fertilizantes, que podem parecer inofensivos à primeira vista, estariam na lista dos mais de 700 componentes encontrados em um levantamento realizado ao longo de 20 meses pelo Instituto de Pesquisa de Conflito Armado. A estratégia de ação do Estado Islâmico mencionada na reportagem apresenta semelhança com a seguinte prática das corporações empresariais contemporâneas: a) padronização das tecnologias. b) incorporação dos fornecedores. c) desterritorialização da produção. d) superexploração da mão de obra. 03. (MACKENZIE 2019) Leia o fragmento de reportagem e observe o mapa. O Iêmen é o país mais pobre do Oriente Médio e está em guerra civil desde 2015. O conflito agravou as já precárias condições de extrema pobreza e fome da população. Desde 2017, a Organização das Nações Unidas classifica a situação como “a pior crise humanitária do mundo”. Diálogos de paz entre os dois lados da guerra civil [...] levaram à promessa mútua de libertar prisioneiros de guerra e um cessar-fogo em uma das cidades mais críticas do conflito. Mas os efeitos do pacto, mediado pela ONU, ainda são incertos. 234 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR A respeito da guerra civil no Iêmen, avalie as proposições. I. O apoio da Arábia Saudita, país de maioria xiita, permitiu aos insurgentes houthis derrubarem o governo do presidente Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi, que conta com a ajuda do Hezbollah para tentar voltar ao poder. II. O Irã, forte aliado de Al-Hadi, tem apoiado militarmente o governo iemenita a fim de manter sua influência sobre as reservas petrolíferas do Iêmen. III. A ONG Save the Children, que lida com direitos da infância, estima que cerca de 85 mil crianças morreram de fome ou doença grave no Iêmen desde o começo da guerra. É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III. 04. (UPF 2019) A primeira metade do século XX foi marcada por devastadoras guerras entre Estados. A segunda metade, porém, no contexto da Guerra Fria, teve como característica o acirramento de conflitos civis, muitos dos quais se prolongam até os dias atuais. (TERRA; ARAÚJO; GUIMARÃES. Geografia Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2015, p. 636) A partir dos seus conhecimentos sobre os conflitos regionais na ordem global, analise os itens a seguir. I. Culturalmente distintos dos povos dos países onde vivem, os curdos reivindicam um Estado próprio. Vivem, em sua maioria, na Turquia e extrapolam as fronteiras desse país, ocupando áreas do Iraque, do Irã, da Síria, da Armênia e do Azerbaijão. II. Desde 2011, a Síria vive uma sangrenta guerra civil, e a população, na busca de maior liberdade democrática, iniciou uma revolta contra o governo. A Rússia apoia o atual regime sírio, como forma de manter sua influência no Oriente Médio. III. A Caxemira é um país localizado entre Paquistão, China e Índia. A população da Caxemira deseja a unificação com a Índia, porém, os interesses nucleares na região levaram a uma série de enfrentamentos com os vizinhos. IV. Em 1948, Israel declarou sua independência, dissolvendo o Estado árabe-palestino e incorporando ao seu território as terras palestinas conquistadas. O conflito entre israelenses e palestinos perdura até os dias atuais. Está correto o que se afirma em a) II, III e IV, apenas. b) I, II e IV, apenas. c) I e II, apenas. d) III, apenas. e) I, II, III e IV. 05. (CFTMG 2019) O mapa acima retrata algumas das principais zonas de conflito na atualidade. Nesse contexto, NÃO é correto afirmar que em a) 1 ocorre disputa por poder e ações de grupos terroristas. b) 2 ocorre guerra civil e atuação de milícias islâmicas. c) 3 ocorrem conflitos entre democracias liberais e disputas religiosas. d) 4 ocorrem choques étnico-religiosos e movimentos separatistas. 06. (MACKENZIE 2018) MAIS DE 500 MIL MORTOS EM SETE ANOS DE GUERRA NA SÍRIA NATALIA SANCHA - Beirute 12 MAR 2018 Conflito também levou 5,6 milhões de sírios ao refúgio, incluindo 2,6 milhões de crianças e adolescentes. A guerra civil na Síria, prestes a completar sete anos, já tirou a vida de 511.000 pessoas, segundo um balanço apresentado nesta segunda-feira pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização que se tornou uma das fontes mais confiáveis graças à presença de informantes no terreno. Desse total, 353.935 mortos foram identificados, sendo 106.390 civis (incluindo 19.811 menores e 12.513 mulheres). As forças do presidente Bashar al Assad e seus aliados são responsáveis por 85% das vítimas civis. O Observatório, com sede no Reino Unido, contabilizou pelo menos outros 155.000 mortos com identidade desconhecida. Também nesta segunda-feira, o UNICEF (órgão da ONU para a infância) informou que os dois primeiros meses deste ano foram os mais mortíferos para as crianças sírias, com mais de 1.000 mortos e feridos. (https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/12/ internacional/1520865451_577510.html A respeito da guerra civil na Síria, julgue as afirmações a seguir. I. O conflito teve início com um levante pacífico contra o regime do presidente Bashar al Assad. A precária situação dos direitos humanos, a corrupção governamental e o elevado desemprego motivaram os protestos que evoluíram para uma guerra civil quando o governo passou a empregar força letal. II. Os principais apoiadores do governo são a Turquia e Arábia Saudita, já a Rússia e o Irã apoiam os grupos contrários a Bashar al Assad. III. A milícia libanesa Hezbollah apoia fortemente o governo sírio, uma vez que é composta por muçulmanos de origem Xiita, opondo-se historicamente aos Estados Unidos e Israel. É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. 07. (USF 2018) CRISE DIPLOMÁTICA NO GOLFO PÉRSICO: PAÍSES VIZINHOS ROMPEM RELAÇÕES COM O CATAR Desde o dia 5 de junho de 2017, o Catar é alvo de um embargo por parte de seus vizinhos do Golfo Pérsico. Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Bahrein romperam relações diplomáticas com o país. O grupo fechou as fronteiras terrestres e marítimas e impôs severas restrições aéreas ao emirado. (Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/crise- diplomatica-no-golfo-persico-paises-vizinhos-rompem-relacoes-com-o-catar.htm>. Acesso em: 09/10/2017.) Os países vizinhos do Catar, mencionados no texto, acusam-no de a) apoiar a venda de petróleo e armamentos nucleares em conjunto com a Coreia do Norte. b) negociar o beneficiamentode material radioativo com os Estados Unidos. c) apoiar o terrorismo e desestabilizar a região a que pertencem esses países. d) apoiar historicamente Israel no conflito com os palestinos. e) monopolizar a venda de recursos minerais e alimentos na região. 235 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR 08. (ENEM 2018) Em Beirute, no Líbano, quando perguntado sobre onde se encontram os refugiados sírios, a resposta do homem é imediata: “em todos os lugares e em lugar nenhum”. Andando ao acaso, não é raro ver, sob um prédio ou num canto de calçada, ao abrigo do vento, uma família refugiada em volta de uma refeição frugal posta sobre jornais como se fossem guardanapos. Também se vê de vez em quando uma tenda com a sigla ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), erguida em um dos raros terrenos vagos da capital. (JABER, H. Quem realmente acolhe os refugiados? Le Monde Diplomatique Brasil. out. 2015 - adaptado.) O cenário descrito aponta para uma crise humanitária que é explicada pelo processo de a) migração massiva de pessoas atingidas por catástrofe natural. b) hibridização cultural de grupos caracterizados por homogeneidade social. c) desmobilização voluntária de militantes cooptados por seitas extremistas. d) peregrinação religiosa de fiéis orientados por lideranças fundamentalistas. e) desterritorialização forçada de populações afetadas por conflitos armados. 09. (PUCPR 2017) Analise o gráfico a seguir. O aumento das solicitações de refúgio em território brasileiro pode ser explicado a) pelos recentes conflitos armados entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), intensificados a partir de 2015. b) pela sangrenta guerra separatista ainda em curso no Sudão, onde a oposição ao governo atual pleiteia perante a ONU a criação do Sudão do Sul. c) pelo elevado número de palestinos que, mesmo após o fim dos conflitos entre árabes e judeus, permanecem no Brasil como refugiados. d) pela destruição que um terremoto de 7,0 na escala Richter provocou no Haiti em dezembro de 2015, obrigando milhares de haitianos, que já enfrentavam sucessivas crises econômicas e instabilidade política, a migrarem para o Brasil. e) pelos conflitos armados no Oriente Médio, destacando-se a guerra civil síria originada por manifestações populares contrárias ao regime ditatorial de Bashar al-Assad em 2011. 10. (UFJF-PISM 2 2017) Leia o texto: [...] uma sociedade que constitui suas relações por meio do racismo, [...] [tem] em sua geografia lugares e espaços com as marcas dessa distinção social: no caso brasileiro, a população negra é francamente majoritária nos presídios e absolutamente minoritária nas universidades; [...] essas diferentes configurações espaciais se constituem em espaços de conformação das subjetividades de cada qual. (Adaptado de Carlos Walter Porto-Gonçalves, 2003: Movimentos Sociais e Conflitos na América Latina.) Sobre as relações étnico-raciais no Brasil, é correto afirmar que: a) a democracia racial é uma característica da sociedade brasileira e tem permitido que diferentes grupamentos étnico-raciais ocupem indistintamente o espaço nas cidades e nos campos brasileiros. b) a intolerância contra as religiões de matrizes africanas no Brasil demonstra o quanto o preconceito pode afetar as territorialidades desses grupamentos que têm sofrido restrições de suas práticas religiosas no espaço das cidades. c) a existência dos quilombos contemporâneos no Brasil demonstra que há um contingente da população negra que teve suas terras tituladas pela Lei de Terras de 1850, antes, portanto, da abolição da escravidão. d) o acesso igualitário ao mundo do trabalho entre brancos e negros no Brasil demonstra que a força da democracia racial consiste em promover competições desiguais entre setores diversificados da população. e) o Estatuto da Igualdade Racial considera que a “população negra” é o somatório dos grupos raciais de pretos e mestiços que são definidos e declarados pelos técnicos do IBGE durante o censo, de acordo com a cor da pele das pessoas. EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO 01. (IFPE 2017) Observe a figura seguinte, a qual informa o quantitativo de pessoas e as principais rotas de refugiados. Com base nos dados acima e no atual contexto de crise envolvendo migrantes internacionais, julgue as assertivas a seguir. I. No período atual, as migrações são motivadas por questões de natureza econômica, envolvendo busca de emprego e, portanto, melhores condições de vida; e de natureza política, pois os refugiados fogem de guerras civis e de perseguições em seus países. II. O Sudão tornou-se independente do Sudão do Sul em 2011 e, desde então, vive uma guerra civil que, de forma semelhante a Eritrea, Somália, Afeganistão e República Democrática do Congo, pouco tem chamado a atenção das potências mundiais. III. As principais rotas de migrações internacionais seguem o destino da Europa, seja entrando pela Espanha e Itália, seja pela Turquia e Grécia, o que significa dizer que o sul europeu é a porta de entrada, porém nem sempre é o destino final. IV. A xenofobia, a intolerância e o racismo ganham força na Europa, sendo uma expressão disso o aumento dos votos recebidos por candidatos de extrema direita que explicitamente culpam os imigrantes pelos problemas nacionais. 236 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR V. O conflito mais dramático em curso é o da Síria, em que milhões de cidadãos já deixaram o país para fugir dos confrontos entre as forças leais ao governo, as forças rebeldes pró-potências ocidentais e as do grupo fundamentalista Estado Islâmico. Estão CORRETAS apenas as proposições a) I, III e V. b) II, III, IV e V. c) I, III e IV. d) II e V. e) I, III, IV e V. 02. (UFJF-PISM 3 2017) Alguns pensamentos lutam em minha cabeça, Como uma guerra entre anjos e demônios, Uma guerra entre meus punhos e os muros, Entre minhas mãos e o tempo glacial, Entre mim e a nostalgia, Entre mim e a língua francesa, Uma guerra, entre mim e os olhares estranhos, Meu olhar e o olhar da polícia, Uma guerra entre mãos e cercas, Entre nação e governo, Uma guerra entre pássaros e fronteiras. (Trecho da poesia de autoria de Babak, refugiado iraniano em Calais, norte da França. Fonte: <https://caminhodasdunasblog.wordpress.com/2016/06/19/ eucaminharei/>. Acesso em: 21 de agosto de 2016.) Sobre a situação dos refugiados na Europa, pode-se afirmar que: I. refugiado é toda a pessoa que se evade de seu país de origem em busca por oportunidades de trabalho, o que o caracteriza como um imigrante. II. refugiado é toda a pessoa que se retira de seu país de origem em razão de conflitos armados e perseguições política, religiosa ou racial. III. os refugiados são vítimas da xenofobia por parte de segmentos da classe média empobrecidos com as políticas de austeridades na Europa. Assinale a alternativa CORRETA: a) Somente a alternativa I. b) Somente a alternativa II. c) Somente a alternativa III. d) Somente as alternativas I e II. e) Somente as alternativas II e III. 03. (CFTMG 2019) A nigeriana Mate Sunday, atualmente com 38 anos, precisou sair de seu país para fugir dos atentados do Boko Haram, grupo fundamentalista islâmico considerado terrorista pela ONU. Ela chegou ao Brasil em 2014, grávida, e passou por algumas casas de acolhida até se encontrar com seu marido, também refugiado, e conseguir reunir a família em São Paulo. “Foi muito difícil”, diz Mate. “Primeiro, é o problema da língua, segundo é um país que não conheço. Tudo é mudança. Cultura diferente, língua diferente, comida diferente. Eu sofri bastante com essas coisas”. (SUDRÉ, Lu. Refugiados no Brasil sofrem com racismo e falta de políticas públicas.In: Brasil de Fato. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br>. Acesso em: 24 set 2018.) O Brasil tem recebido, nos últimos anos, inúmeras solicitações de refúgio, mesmo com os problemas narrados pela nigeriana Mate Sunday.São fatores responsáveis por esses pedidos, EXCETO: a) projeção internacional do Brasil como potência econômica emergente e regional. b) Abertura da legislação brasileira à recepção dos estrangeiros fugidos de conflitos. c) Criação de unidades policiais especiais de proteção à segurança física dos refugiados. d) Presença de instituições religiosas e de Organizações Não Governamentais que acolhem os refugiados. 04. (FAC. ALBERT EINSTEIN - MED 2018) Leia o trecho abaixo: CAMPO DE KUTUPALONG, Bangladesh, 05 de setembro de 2017 – De pés descalços e correndo para salvar sua vida, a rohingya Dilara, de 20 anos, conseguiu chegar à Bangladesh recentemente com seu filho mais novo no colo. Sua família foi devastada devido ao conflito em Mianmar. (...) Cerca de 123 mil mulheres, crianças e homens como Dilara e seu filho chegaram em Bangladesh após dias caminhando, forçados a fugir da violência em Rakhine, ao norte de Mianmar. Muitos estão famintos, em condições físicas precárias e precisam de ajuda para salvar suas vidas. (ACNUR, www.acnur.org, acesso em 30/10/2017) A respeito dessa notícia e do povo rohingya, assinale a alternativa correta: a) O povo rohingya é originário da Índia e do Paquistão e migrou para Mianmar durante o século XX devido às perseguições que sofriam por serem muçulmanos. Em Mianmar, foram aceitos pelos budistas que não temem sua religião, mas, nos últimos tempos, passaram a exigir a autonomia do território em que vivem, causando o conflito. b) Em Mianmar, a minoria rohingya é considerada como “imigrantes ilegais de Bangladesh”, trazidos pelos colonizadores britânicos que governaram Mianmar até 1948. Porém, os historiadores apontam para uma presença de muçulmanos na região que remonta ao século XI. Rohingya significa “habitante de Rohang”, o nome pelo qual era conhecida Rakhine. c) Os rohingya são um grupo muçulmano que migrou do Paquistão para Mianmar nos últimos vinte anos com o objetivo de impor sua religião aos budistas da região de Rakhine, ao norte de Mianmar, sendo sustentados por grupos fundamentalistas do Paquistão que pretendem ampliar sua ação em território asiático. d) O exército de Mianmar é acusado de promover uma limpeza étnica com a perseguição e morte de centenas de rohingyas, grupo minoritário muçulmano originário do norte do país e que, inconformados com a forma como são tratados pela população e governo, exigem a autonomia da região de Rakhine. 05. (ACAFE 2018) Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa que contém todas as corretas. I. “A existência de movimentos separatistas na Espanha e também em outros lugares do mundo chama a atenção para a inconsistência da ideia de unicidade do Estado moderno, em que o estabelecimento de suas fronteiras obedece mais a relações históricas de poder do que propriamente ao sentimento de pertencimento de suas populações”. II. As Forças Armadas Revolucionárias do Comum (FARC) abandonam o processo de disputa eleitoral e passam para a luta armada, o que representa um passo decisivo para a incorporação das FARC à sociedade e ao sistema democrático. III. O BREXIT, que confirmou a saída do Reino Unido da União Europeia, colocou em xeque um processo de unificação que se iniciou com o acordo do carvão e do aço nos anos 1950 do século XX. 237 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR IV. A crise na República Bolivariana da Venezuela é decorrente do bloqueio econômico implantado pelos EUA, a partir da crise dos mísseis. V. A história das duas Coreias remonta ao final da 2ª Guerra Mundial, cujo território era ocupado pelos japoneses, derrotados naquele conflito. Portanto, a existência de duas Coreias é um produto da Guerra Fria que se instala no pós-guerra. a) III - IV b) II - III - IV c) I - III - V d) IV - V 06. (UNICAMP 2017) De acordo com a Organização das Nações Unidas, a população global submetida a deslocamentos forçados cresceu substancialmente durante os últimos decênios, passando de 37,3 milhões para 65,3 milhões em 2015. Desse total, os refugiados representam 16,1 milhões de pessoas, 1,7 milhão a mais que o total registrado 12 meses antes. Mais da metade dos atuais refugiados do mundo (54%) procede de três países afetados por conflitos armados. (Adaptado de Agência da ONU para Refugiados – ACNUR – Documento Tendencias Globales, 2015.) Indique quais são esses três países. a) Myanmar, Síria e Somália. b) Afeganistão, Síria e Somália. c) Afeganistão, Grécia e Macedônia. d) Grécia, Macedônia e Myanmar. 07. (ESPCEX/AMAN 2017) “Os deslocamentos de população conhecidos como migrações podem ser gerados por necessidades internas dos próprios grupos populacionais ou por fatores externos a eles. Geralmente estão vinculados a um contexto socioeconômico global ou a um contexto nacional ou regional, ou podem estar ligados a causas econômicas, razões políticas, étnicas ou religiosas [...].” (Terra, Lygia; Araújo, Regina; Guimarães, Raul. Conexões: estudos de Geografia Geral e do Brasil, 2015, p. 90.) Sobre os deslocamentos internacionais de população, pode-se afirmar que I. diversos fatores podem motivar as migrações, mas, atualmente, são os conflitos religiosos os maiores responsáveis pelos movimentos migratórios no mundo. II. países como Catar e Kuait, no Oriente Médio, desde a década de 1970, transformaram-se numa zona de forte atração migratória, principalmente de imigrantes de outros países asiáticos, para trabalharem nos campos de petróleo e em áreas como a construção civil, comércio e transportes. III. as baixas taxas de fecundidade, abaixo do nível necessário para reposição populacional, e a necessidade de mão de obra não qualificada nos países europeus têm posto fim às políticas migratórias restritivas nesse continente. IV. os EUA são o país com o maior número de imigrantes internacionais, atraídos pelas possibilidades de emprego; por outro lado, é dos países asiáticos a maior parte dos emigrantes que deixa seus países em busca de melhores condições de vida. V. uma das vantagens dos imigrantes em situação irregular é que conseguem desfrutar dos serviços de saúde e educação do país de destino, como qualquer cidadão. Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas. a) I e V. b) II e IV. c) I, III e IV. d) II, III e V. e) I, II e V. 08. (ENEM 2018) A situação demográfica de Israel é muito particular. Desde 1967, a esquerda sionista afirma que Israel deveria se desfazer rapidamente da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, argumentando a partir de uma lógica demográfica aparentemente inexorável. Devido à taxa de nascimento árabe ser muito mais elevada, a anexação dos territórios palestinos, formal ou informal, acarretaria dentro de uma ou duas gerações uma maioria árabe “entre o rio e o mar”. (DEMANT, P. Israel: a crise próxima. História, n. 2. jul.-dez. 2014.) A preocupação apresentada no texto revela um aspecto da condução política desse Estado identificado ao(à) a) abdicação da interferência militar em conflito local. b) busca da preeminência étnica sobre o espaço nacional. c) admissão da participação proativa em blocos regionais. d) rompimento com os interesses geopolíticos das potências globais. e) compromisso com as resoluções emanadas dos organismos internacionais. 09. (ACAFE 2018) Observe o mapa a seguir. A questão dos refugiados sírios tem tomado destaque na atualidade. Sobre isso, marque V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas e assinale a alternativa com a sequência correta. ( ) Apesar de os países desenvolvidos serem os mais preparados para receber refugiados, o principal destino dos que fogem de conflitos e guerras têm sido os países em desenvolvimento. ( ) A imagem da crise que emocionou o mundo – a foto do corpo de Alan Kurdi, um menino de 3 anos – ocorreu nas praias do país que mais abriga refugiados sírios em seu território: a Turquia. ( ) Parte dos políticos europeus tentam classificar os sírios como migrantes que teriamsaído de seus países por motivos econômicos e não como refugiados de guerra ou de conflitos. A diferença na aplicação entre os conceitos visa a isentar seus países de implementar políticas de asilo a essas pessoas. ( ) O Estado Islâmico tem sido um dos principais recebedores de refugiados sírios que não conseguem entrar legalmente na Europa. ( ) Os sírios não transpõem as fronteiras de seu país antes de receberem a autorização de entrada nos países que os refugiarão. a) V – V – V – F – F b) V – F – V – F – F c) F – V – F – F – V d) F – V – V – V – F 238 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR 10. (MACKENZIE 2019) Leia o trecho de reportagem e observe o mapa. CONFLITO NA CAXEMIRA: POR QUE ÍNDIA E PAQUISTÃO DISPUTAM REGIÃO QUE VIVE NOVA ESCALADA DE TENSÃO O Paquistão anunciou [...] que derrubou dois caças e capturou um piloto da Força Aérea indiana em meio à escalada da tensão [...] na região da Caxemira. O ataque aconteceu um dia depois de a Índia ter lançado um bombardeio aéreo contra um campo de treinamento de militantes paquistaneses - uma retaliação ao atentado que matou mais de 40 soldados indianos há menos de duas semanas. (Conflito na Caxemira: por que Índia e Paquistão disputam a região que vive nova escalada de tensão. BBC Brasil. 27 fev. 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/ internacional-47386170> Acesso em: 16 mar. 2019.) A respeito do conflito na região da Caxemira, analise as afirmativas a seguir. I. Esse conflito preocupa a comunidade internacional, pois Índia e Paquistão são possuidores de tecnologia nuclear para fins bélicos. II. Um dos fatores que contribuem para esse conflito é a questão hídrica. A Caxemira concentra nascentes de grande importância para os países mencionados na reportagem. III. A boa convivência entre os hindus da “Caxemira Indiana” e os muçulmanos da “Caxemira Paquistanesa” demonstra que esse conflito tem caráter puramente econômico. IV. O governo indiano cedeu o território de Aksai Chin à China em 1962, em retribuição ao apoio militar na guerra contra o Paquistão, ocorrida um ano antes. É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e IV, apenas e) I, III e IV, apenas. EXERCÍCIOS DE COMBATE 01. (UFF 2010) A frase “conexões entre a realidade que percebemos e abstrações geométricas e algébricas são resultado de como vemos e interpretamos o mundo” é reforçada pelas situações retratadas na charge e na fotografia abaixo. A articulação da frase e da charge com a realidade expressa na foto permite identificar uma prática da sociedade no espaço geográfico. A prática espacial explicitamente identificada é: a) vigilância comunitária. b) proteção ambiental. c) contenção territorial. d) controle paisagístico. e) reforma urbana. 02. (UFF 2009) Analise o mapa e o gráfico. Considerando-se a expansão do Islamismo, a partir de aspectos numéricos e geográficos, conclui-se corretamente que: a) a distribuição espacial dos muçulmanos corresponde à mesma etnia. b) o Islã encontra-se estabilizado tanto numérica quanto geograficamente. c) a expansão do Islamismo é inviabilizada pela modernização das sociedades. d) as migrações internacionais são um importante fator de expansão do Islã. e) os países mais populosos do mundo apresentam predomínio de mulçumanos. 239 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR 03. (FGV 2010) “Esquecida pela globalização e imersa em pobreza, fome, doenças e conflitos, a África é rica em recursos naturais cobiçados por regiões mais prósperas.” Com vistas à descolonização e ao neocolonialismo africano, após a Segunda Guerra Mundial, assinale a alternativa INCORRETA. a) No início da Segunda Guerra Mundial, a África contava com quatro Estados independentes – Egito, África do Sul, Etiópia e Libéria. A libertação da maioria das colônias ocorreu na década de 1960. Em outros casos, foi conquistada a partir de guerras e movimentos armados, provocando a retirada gradativa das potências europeias. b) O alicerce dos novos Estados africanos foi constituído, principalmente, pela estrutura administrativa criada pela colonização europeia. Quando as independências ocorreram, os poderes político e militar passam das antigas metrópoles para as elites nativas urbanas, que instalaram regimes autoritários. c) O panorama de extrema pobreza dos países da África Subsaariana deve-se ao fraco crescimento econômico registrado desde as independências. Nas classificações de 2008 do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e do IPH (Índice de Pobreza Humana) da ONU, os 27 últimos lugares são ocupados por países dessa região Africana. d) O Pan-africanismo, defendido por Kwame Nkrumah, presidente de Gana (1957 e 1966), influenciou profundamente os líderes das lutas anticoloniais, conseguindo moldar uma forte política externa dos estados africanos independentes, enfraquecendo a hegemonia das elites étnicas regionais. e) Segundo o pensamento terceiro-mundista, em voga há três décadas, atribuía-se apenas à herança colonial a pobreza africana, porém outros fatores corroboram para essa condição; entre eles, vastas áreas da África Tropical apresentam solos de baixa fertilidade, quinze países não têm saídas marítimas e as desvantagens geográficas são agravadas pelas pressões demográficas. 04. (UNIMONTES 2009) Conflitos armados nos últimos 15 anos custaram à África US$300 bilhões – o equivalente a toda a ajuda recebida pelo continente no mesmo período –, afirma um relatório divulgado por organizações não governamentais. (http://www.saferworld.org.uk) Sobre os conflitos na África, assinale a alternativa INCORRETA. a) Com o fim da Guerra Fria, os focos de tensão na África reduziram- se bruscamente, pois não havia potências dispostas a financiar os conflitos. b) A maioria dos conflitos ocorridos na África, após o processo de descolonização, é decorrente de divergência étnica. c) Na África Subsaariana, ocorre a maior parte dos conflitos tribais do continente africano. d) As missões de paz internacionais diminuíram os conflitos africanos, mas ainda há vários focos de tensão. 05. (UERJ 2010) Quinze anos depois do genocídio que vitimou mais de 800 mil pessoas, visitar Ruanda ainda é uma espécie de jogo de adivinhação – a cada rosto que passa tenta-se descobrir quem foi vítima e quem foi algoz na tragédia de 1994. O governo do país recorre à união do povo. O censo e as carteiras de identidade étnicas não existem mais, todos agora são apenas considerados ruandeses. O esforço do presidente Paul Kagame em evitar um novo conflito é tão grande que chamar alguém de “tutsi” ou “hutu” de maneira ofensiva é crime, com pena que pode chegar a 14 anos. (Marta REIS) A presença do trauma do genocídio é o principal problema social de Ruanda, maior inclusive que a pobreza. Tratar esse trauma coletivo devia ser prioridade número um, e não transformá-lo num tabu. A política do governo é a do esquecimento por lei, por obrigação. Errada é a vitimização do genocídio, pois existe uma história de conflitos anterior e posterior ao massacre. (Marcio GAGLIATO) A polêmica sobre os efeitos do genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994, aponta para contradições dos processos de constituição de estados nacionais na África contemporânea. Com base na análise dos textos, a resolução dessas contradições estaria relacionada à adoção das seguintes medidas: a) conciliação político-religiosa – afirmação das identidades locais. b) punição das diferenças culturais – unificação da memória nacional. c) denúncia da dominação colonial – integração ao mundo globalizado. d) reforço do pertencimento nacional – revisão das heranças da descolonização. 06. (UNIMONTES 2009) A Colômbia é um dos países latino-americanos mais marcados pela ocorrência de conflitos internacionais como guerras civis, golpes de Estado e outros. Estima-se que cerca de 200 mil colom- bianos tenham sido mortos nesses conflitos entre 1896 e 1960.Sobre a atual situação geopolítica da Colômbia, assinale a alternativa CORRETA. a) O Estado colombiano é liderado pelo grupo de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC. b) O Plano Colômbia, financiado pelos Estados Unidos, enfraqueceu o narcotráfico praticado pela FARC e libertou os reféns dessa guerrilha. c) O atual governo colombiano, como na maioria dos países da América Latina, tem uma tendência ao socialismo, o que aproximou o Estado dos ideais dos guerrilheiros. d) Os paramilitares, diferentemente dos guerrilheiros de esquerda, apresentam uma posição de radicais de direita e cometem crimes com a desculpa de proteger a população contra as guerrilhas. 07. (UFF 2010) “Choque de civilizações” é o título do livro de autoria do cientista norte-americano Samuel Huntington, no qual são identificados conjuntos civilizacionais e seus possíveis enfrentamentos, conforme ilustrado no mapa abaixo: (Fonte: BONIFACE, Pascal e VÉDRINE, Hubert. Atlas do Mundo Global. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.) 240 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR A partir da análise do mapa, outro título adequado às ideias de Samuel Huntington é: a) “O mundo Ocidental em risco”. b) “A ascensão dos nacionalismos periféricos”. c) “O triunfo global do mundo africano”. d) “O fim da história e da ideologia”. e) “O declínio das religiões imperiais”. 08. (PUC-RJ 2009) Veja a imagem. “Somos o único país da Terra cujas fronteiras não são divisões geográficas nem políticas, mas vogais e consoantes. Nosso país começa onde se fala basco e termina onde não se fala mais. Uma vez que o basco não tem relação com qualquer língua conhecida, isso cria fronteiras melhores que as impostas pelos governos.” (Pescador basco, 1959). Em relação ao fragmento territorial e trecho acima selecionado, é CORRETO afirmar que: a) o desejo separatista do povo basco tem as suas raízes no processo de regionalização europeia, desde o fim da 2ª Guerra Mundial, já que os seus principais líderes não confiavam, devido ao forte nacionalismo e à importância do seu patrimônio linguístico milenar, no modelo de formação de uma comunidade europeia sob influência inglesa. b) as questões de ordem étnico-cultural se colocam, em tempos modernos, como a grande herança milenar do povo basco. No século XX, esse povo (republicano e nacionalista) criou a organização ETA (“Pátria Basca e Liberdade”) para pressionar, politicamente, os governos espanhóis. Somente a partir da segunda metade dos anos de 1960 essa organização passou à luta armada contra o Estado espanhol. c) os bascos franceses são mais radicais do que os da Espanha, já que os primeiros são altamente articulados com as células terroristas dos movimentos islâmicos de resistência, responsáveis pelos distúrbios sociais nos subúrbios parisienses no ano de 2005. d) durante o longo período da ditadura do general Francisco Franco (1939-1975), as autonomias culturais e linguísticas regionais espanholas foram permitidas. Contudo, os bascos espanhóis, apoiados pelos republicanos, socialistas e anarquistas da Catalunha, lutaram contra o regime autoritário em vigência na Península Ibérica. e) com o retorno da democracia à Espanha (1982), a organização ETA tendeu a ganhar apoio popular, pois a sociedade civil em reorganização passou a considerar o “debate político” como única forma de atuação das organizações sociais em busca da autonomia política exigida pelos bascos e demais autonomicistas da Península Ibérica, como os da Catalunha. 09. (PUC-RJ 2009) Observe a imagem a seguir: Os confrontos armados na região do Cáucaso são resultado de anos de disputas e desentendimentos, que ultrapassam a própria Eurásia. Assinale a única alternativa que apresenta uma explicação INCORRETA sobre os conflitos na região. a) O ditador Josef Stálin decidiu transformar, em 1922, o território da Ossétia do Sul em Região Autônoma da República Socialista Soviética da Geórgia. A medida colocou parte dos ossetas, grupo etnicamente ligado à Rússia, dentro do domínio territorial georgiano. b) Apesar de o território georgiano não possuir grandes reservas de petróleo e gás natural, ele abriga importantes dutos que abastecem as economias da Europa Ocidental com hidrocarbonetos, fato que amplia a ação russa contra as forças de emancipação. c) A participação dos países da região do Cáucaso na União Europeia contraria os interesses do governo russo, que não mede esforços em convencer esses países a fazerem parte da Organização Xangai de Cooperação (SCO). d) A intenção do governo georgiano em juntar-se à OTAN, aliança militar do Ocidente, pode ser considerada um desagravo ao governo russo, o que leva os EUA a agirem mais diretamente na resolução dos atuais conflitos na região. e) A posição estratégica do território georgiano – está na rota dos dutos projetados para conduzir gás e óleo do Turcomenistão e do Azerbaijão (países pró-Moscou) até o litoral mediterrâneo – torna a ação militar russa mais intensa e imediata na área. 10. (UERJ 2010) Veja bem, este país, em seus dias de glória, parecia até um zoológico. Um zoológico limpinho e bem arrumado. Todos tinham o seu lugar e viviam felizes. Quem era chamado de halwai fazia doces. Quem era chamado de criador de gado criava gado. Os intocáveis limpavam latrina. Até que, em 1947, quando os britânicos foram embora, todas as jaulas foram abertas. Aí a lei da selva substituiu a lei do zoológico. Os mais ferozes devoraram os demais e ficaram barrigudos. Resumindo: antigamente havia mil castas e destinos na Índia. Hoje só há duas castas: a dos homens barrigudos e a dos homens sem barriga. (ARAVIND ADIGA Adaptado de O tigre branco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.) 241 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR O fragmento de texto acima faz referência a uma das transformações ocorridas na Índia, a partir de 1947. Essa transformação explicita a relação entre as seguintes características na sociedade indiana: a) diversidade de etnias e liberdade de expressão. b) divisão do trabalho e hierarquização dos grupos. c) centralização do Estado e eliminação da censura. d) racionalização da produção e preservação das tradições. GABARITO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. E 02. C 03. C 04. B 05. C 06. D 07. C 08. E 09. E 10. B EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO 01. E 02. E 03. C 04. B 05. C 06. B 07. B 08. B 09. A 10. B EXERCÍCIOS DE COMBATE 01. C 02. D 03. D 04. A 05. D 06. B 07. A 08. D 09. C 10. B ANOTAÇÕES 242 OS CONFLITOS NA NOVA ORDEM MUNDIAL PROMILITARES.COM.BR
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