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PROCESSUAL PENAL DESMEMBRADO - AULA 03/11

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Aula 3 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Direito Processual Penal – Teoria e Exercícios Comentados 
 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
1 
Aula 3 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
 
 
Olá amigos, 
Bom dia! Boa tarde! e Boa noite! 
Nosso objetivo de hoje: 
Aula 3: 
5 Juizados especiais criminais: aplicação na justiça federal. 
6 Termo circunstanciado de ocorrência; atos processuais; forma, lugar e tempo. 
7 Provas. 
7.1 Conceito, objeto, classificação e sistemas de avaliação. 
7.2 Princípios gerais da prova, procedimento probatório. 
7.3 Valoração. 
7.4 Ônus da prova. 
7.5 Provas ilícitas. 
 
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Antes, porém, conforme prometido no fim da aula passada, vamos a orientação da resposta ao 
questionamento deixado. 
Lembra-se da pergunta? Vamos rememorar. 
“3) Disserte sobre a (im)possibilidade de investigação criminal pelo Ministério Público?” 
Na resposta à indagação, sugerimos que o candidato toque nos seguintes pontos1 para então concluir de 
forma coerente, citando ainda o posicionamento do STF: 
“→ Argumentos CONTRÁRIOS à investigação pelo MP: 
 • Interpretação sistemática: 
 a) Art. 144, §1º, I e IV e §4º, CF: 
 O §1º do art. 144 explicita a finalidade e a destinação da Polícia Federal. Especificamente quanto aos incisos I e IV, que são os mais relevantes neste 
momento, notoriamente se percebe que há atribuição de competência para a apuração das infrações penais, bem como para o exercício, com exclusividade, 
das funções de polícia judiciária da União. Importante frisar a palavra “exclusividade”, haja vista que segundo lições gerais de hermenêutica, na lei não há 
palavras inúteis (e quiçá na Constituição Federal). Enquanto isso, o §4º do mesmo artigo, expressa que “às polícias civis (...) incumbem, ressalvada a 
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares” – grifos acrescidos. Sendo assim, segundo este 
parágrafo, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais que não forem de competência da Polícia Federal (que se refere à União), será da 
competência das Polícias Civis e não do Ministério Público. Ainda se afirma que, na dicção do dispositivo acima, pode-se verificar que as funções de polícia 
judiciária e de apuração de infrações penais são distintas, pois se não fosse assim, a Constituição se restringiria a apontar a função de polícia judiciária sem o uso 
da conjunção e que vem logo após. 
 
1
 A síntese ora explanada foi elabora pela colaboradora do livro Processo Penal Sistematizado, Karine Giotti Souza Cruz e se baseia em importante artigo do saudoso constitucionalista Luís Roberto Barroso disponível 
em: http://webserver.mp.ac.gov.br/wp-content/files/Investigacao-pelo-Ministerio-Publico.pdf, em 07/01/2012. 
 
 
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 b) No art. 129, VII, a Constituição Federal atribui, expressamente, ao MP a função de exercer o controle EXTERNO da atividade policial (art. 129, 
VII, CF). Ou seja, a CF/88 NÃO permite a figura do promotor investigador, uma vez que se diz de forma explícita que o MP exerce o controle externo, não 
sendo plausível estender essa interpretação também para o controle interno (evitando assim, a concentração de poder nas mãos de um único órgão). 
 c) Art. 129, VI e VIII, CF. 
O art. 129, VI, CF/88, permite ao MP apenas expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência. 
Art. 129, VI, CF – “expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, 
na forma da lei complementar respectiva”; 
O art. 129, VIII, CF/88, estabelece é que cabe ao MP REQUISITAR diligências investigatórias e instauração de inquérito policial (...). 
Art. 129, VIII, CF – “requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas 
manifestações processuais” – grifos acrescidos; 
Em momento algum, os incisos VI e VIII expressam a possibilidade de INVESTIGAÇÃO por órgão do MP. No máximo, requisitar a instauração 
dele (inciso VIII). 
 d) Segundo o art. 129, I, CF, o MP tem como função privativa promover a ação penal pública, o que não englobaria, por óbvio, a investigação 
criminal (como se sabe, a persecução penal é a soma da investigação preliminar com a ação penal). 
 Art. 129, I, CF – “promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei” – grifo acrescido; 
 
 • Elementos históricos: 
 a) Historicamente, no Brasil, a Polícia sempre teve a competência para realizar as investigações preliminares (preparatórias) da ação penal. 
 b) Em muitas situações, tentou-se atribuir ao MP a função de investigação, o que foi rejeitado inúmeras vezes. É possível perceber que o MP ainda 
não tem tal função se analisarmos que se encontra hoje no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional nº 197, cujo propósito é alterar a 
redação do inciso VIII, art. 129, CF, acrescentando a possibilidade de “PROMOVER investigações”. 
 • Outros elementos: 
 a) A acumulação de atribuições investigatórias pelo MP (investigação criminal e promoção da ação penal) é extremamente perigosa. Além de conferir 
um poder excessivo a um único órgão (que praticamente não sofre fiscalização e controle por outro), favorece condutas abusivas por parte dele. 
 b) Quando se permite a concentração de atribuições, ocasiona-se a perda da impessoalidade e, consequentemente, o distanciamento crítico, essencial 
para que o membro do MP mantenha para decidir pelo oferecimento ou não da denúncia. 
 
 
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→ Argumentos FAVORÁVEIS à investigação pelo MP: 
 • Interpretação sistemática: 
 a) Como o MP é o titular da ação penal pública (já que a promove – conforme o inciso I do art. 129, CF), não pode ser considerado um mero 
expectador da investigação, podendo, além de requisitar diligências, realizá-las diretamente, sempre que necessário (subsidiariamente, portanto). 
 b) A CF atribuiu ao MP, de forma ampla, o controle externo da atividade policial. 
 c) O art. 144 não conferiu exclusividade à Polícia no que diz respeito à investigação de infrações penais. 
 d) Outras normas constitucionais podem ser utilizadas para fundamentar essa atribuição de competência ao MP: 
- art. 127, “caput”, CF: O MP é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, ao qual é atribuído a defesa da ordem jurídica e dos 
interesses indisponíveis; 
- art. 129, II, CF: São funções institucionais do MP, segundo esse inciso, zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos (...) promovendo medidas necessárias 
a suas garantias; 
- art. 129, IX, CF: Segundo esse inciso, o MP pode exercer outras funções, desde que compatíveis com sua finalidade; 
- art. 144, “caput”: Segurança pública como dever do Estado e direito e responsabilidade de todos; 
- Segundo os arts. 1º, 3º e 5º, CF, percebemos que são fundamentos da República, a cidadania e a dignidade da pessoa humana, por exemplo; são objetivos da 
República a promoção do bem estar de todos e são assegurados o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança. Dessa forma, uma maior celeridade 
processual, seriedade e mais órgãos preocupados com a proteção de bens jurídicos tão importantes,é extremamente benéfico ao indiciado e à sociedade. 
 
 • Outros elementos: 
 a) Além de a atuação do MP conferir uma maior celeridade à investigação, permite um contato maior e pessoal do agente do Parquet com a prova, as 
circunstâncias e peculiaridades do caso em questão, facilitando, assim, a formação de seu convencimento e a promoção da justiça. 
 b) Justamente pela sua independência, é que seria interessante conferir tais poderes para que o MP possa investigar, já que como quase não sofre 
interferência e fiscalização por outros poderes, sua atuação é mais livre e desimpedida.”2 
 
 
2
 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 290/292. 
 
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“Não se ignore que, ainda que se admita a investigação criminal por parte do Ministério Público, tal conclusão não viabiliza uma investigação 
ilimitada, pois apesar da ausência de regulamentação legal, o próprio STF, além de reconhecer como subsidiária a investigação ministerial, estabelece as 
seguintes linhas restritivas iniciais: 
 
“a) ritos claros quanto à pertinência do sujeito investigado; 
b) formalização do ato investigativo; 
c) comunicação imediata ao Procurador-Chefe ou ao Procurador-Geral; 
d) autuação, numeração, controle, distribuição e publicidade dos atos; 
e) pleno conhecimento da atividade de investigação à parte; 
f) princípios e regras que orientariam o inquérito e os procedimentos administrativos sancionatórios; 
g) ampla defesa, contraditório, prazo para a conclusão e controle judicial.”3”4 
 
3
 Conforme se observa no informativo 672 do final de junho de 2012: Ministério Público e investigação criminal – 17 
O Plenário retomou julgamento de recurso extraordinário em que discutida a constitucionalidade da realização de procedimento investigatório criminal pelo Ministério Público. O acórdão impugnado dispusera que, na 
fase de recebimento da denúncia, prevaleceria a máxima in dubio pro societate, oportunidade em que se possibilitaria ao titular da ação penal ampliar o conjunto probatório. Sustenta o recorrente que a investigação 
realizada pelo parquet ultrapassaria suas atribuições funcionais constitucionalmente previstas, as quais seriam exclusivas da polícia judiciária — v. Informativo 671. O Min. Gilmar Mendes, acompanhado pelos 
Ministros Celso de Mello, Ayres Britto, Presidente, e Joaquim Barbosa, negou provimento ao recurso. Ressaltou que a 2ª Turma reconhecera, de forma subsidiária, o poder de investigação do Ministério Público, desde 
que atendidos os requisitos estabelecidos no inquérito criminal, inclusive quanto à observância da Súmula Vinculante 14. Destacou ser imperioso observar: a) ritos claros quanto à pertinência do sujeito investigado; b) 
formalização do ato investigativo; c) comunicação imediata ao Procurador-Chefe ou ao Procurador-Geral; d) autuação, numeração, controle, distribuição e publicidade dos atos; e) pleno conhecimento da atividade de 
investigação à parte; f) princípios e regras que orientariam o inquérito e os procedimentos administrativos sancionatórios; g) ampla defesa, contraditório, prazo para a conclusão e controle judicial. Verificou que seria 
lícita a investigação do parquet nos crimes praticados por policiais e contra a Administração Pública. Além disso, a 2ª Turma teria reconhecido a higidez da atividade complementar de investigação quando o órgão 
ministerial solicitasse documentação, como no caso dos autos, em que a mera aferição de documentos para saber se teria havido, ou não, a quebra da ordem de precatórios acarretaria desobediência. RE 593727/MG, rel. 
Min. Cezar Peluso, 27.6.2012. (RE-593727) 
Ministério Público e investigação criminal – 18 
O Min. Celso de Mello enfatizou que a questão debatida seria de grande importância por envolver o exercício de poderes por parte do Ministério Público. Reconheceu a legitimidade do poder investigatório do órgão, 
extraída da Constituição, a partir de cláusula que outorgaria o monopólio da ação penal pública e o controle externo sobre a atividade policial. Salientou que o parquet não poderia presidir o inquérito policial por ser 
função precípua da autoridade policial. Consignou que a função investigatória do Ministério Público não se converteria em atividade ordinária, mas excepcional a legitimar a sua atuação em casos de abuso de 
autoridade, prática de delito por policiais, crimes contra a Administração Pública, inércia dos organismos policiais, ou procrastinação indevida no desempenho de investigação penal, situações que exemplificativamente 
justificariam a intervenção subsidiária do órgão ministerial. Realçou a necessidade de fiscalização da legalidade dos atos investigatórios, de estabelecimento de exigências de caráter procedimental e de se respeitar 
direitos e garantias que assistiriam a qualquer pessoa sob investigação — inclusive em matéria de preservação da integridade de prerrogativas profissionais dos advogados, tudo sob o controle e a fiscalização do Poder 
Judiciário. O Presidente afirmou que o Ministério Público teria competência constitucional para, por conta própria, de forma independente, fazer investigação em matéria criminal. Mencionou que essa interpretação 
ampliativa melhor serviria à finalidade, conferida pelo art. 127 da CF, de defender a ordem jurídica, sobretudo em âmbito penal. Aludiu que diversas leis confeririam competência investigatória ao parquet (Estatuto do 
Idoso; Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA; Lei Maria da Penha; Estatuto de Defesa e Proteção do Consumidor). Por fim, asseverou que o inquérito policial não exauriria a investigação criminal. Ademais, 
outros órgãos, além do Ministério Público, poderiam desempenhar atividades investigativas. Após, pediu vista o Min. Luiz Fux. RE 593727/MG, rel. Min. Cezar Peluso, 27.6.2012. (RE-593727). Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo672.htm#Ministério Público e investigação criminal - 17 
 
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Abordada a questão da aula passada vamos aos temas da aula de hoje. 
 
5 Juizados especiais criminais. 
 
Fundamento constitucional: Art. 98, inciso I e § 1º da CF. 
 
 
 
 
 
 
Fundamento legal: Lei 9099/85 e Lei 10.259/01. 
O procedimento comum sumaríssimo é o procedimento utilizado nos juizados especiais criminais. Trata-se do 
procedimento adequado às infrações penais de menor potencial ofensivo. Segundo o art. 61 da lei 9099/95, 
 
 
 
4
 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 29/60. 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e 
infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos 
por turmas de juízes de primeiro grau; 
... 
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação dejuizados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
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consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei 
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
 
Pergunta: Nesse procedimento estão incluídas todas as contravenções penais? 
Resposta.: No âmbito federal, se entende que os juizados especiais federais não tem competência para 
julgar contravenções penais, mesmo que estas ofendam bens, interesses ou serviços da União, haja vista o 
disposto no art. 109 da CF: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou 
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções 
e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
 
Se a infração penal tem pena máxima de 2 anos, mas há lei especial prevendo um procedimento específico, o 
procedimento adotado ainda será o procedimento sumaríssimo, a não ser que a lei expressamente afaste a 
 
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incidência dos juizados. Ex: a Lei Maria da Penha afasta expressamente, em seu art. 41, a aplicação das 
disposições da lei 9.099/95. 
 
 
Competência 
 
 
 
 
No que tange a competência deve-se observar a existência de três causas modificadoras: 
 1) Necessidade de citação por edital; 
 2) Complexidade do fato; e 
 3) Conexão e Continência. 
Se presente qualquer uma das situações acima, afasta-se a incidência do procedimento sumaríssimo e 
oportuniza-se a utilização do procedimento sumário. 
 
 
 
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o 
julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação 
dada pela Lei nº 11.313, de 2006) 
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de 
conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. 
 
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Princípios incidentes nos juizados especiais criminais (Critérios): 
 Oralidade; 
Informalidade; 
Economia Processual; 
Celeridade; 
 
Finalidades dos juizados especiais criminais: 
1) Busca da reparação do dano sofrido pela vítima; e 
2) Aplicação de pena não privativa de liberdade. 
 
 
Institutos relacionados: 
 
A transação penal é um acordo realizado no âmbito criminal, onde se propõe uma aplicação imediata de 
pena não privativa de liberdade. Assim, ao invés de denunciar, o promotor oferta a transação penal. Trata-se de 
uma mitigação ao princípio da obrigatoriedade da ação penal. O promotor dispõe da discricionariedade regrada, 
 
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podendo/devendo propor a transação se preenchidos os requisitos (tendo em vista que prevalece o entendimento 
de que a transação penal é um direito subjetivo5 do réu). 
 
 
 
 
 
 
 
 
A suspensão condicional do processo é outro instituto despenalizador. Trata de hipótese mitigatória do 
princípio da indisponibilidade6. Também prevalece que a suspensão condicional do processo é um direito subjetivo 
do réu. 
 
 
 
 
5
 Direito subjetivo é aquele que, preenchidos seus requisitos, não pode ser negado pelo Estado. 
6
 Uma vez proposta a ação penal, o MP não pode dela desistir. 
Cabimento da Transação penal – Interpretação do art. 61 e do art. 76 § 2º à contrario sensu: 
Art. 76. ... 
 § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
 I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; 
 II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; 
 III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e 
suficiente a adoção da medida. 
 
Cabimento da Suspensão Condicional do Processo – Interpretação do art. 89: 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o 
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o 
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que 
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
 
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Procedimento: 
 
Fase preliminar 
A audiência preliminar serve para verificar a possibilidade de composição civil dos danos. A ação penal pode 
ser pública incondicionada, pública condicionada ou privada. Se houver a composição civil dos danos, só depois 
disso é que é possível que o promotor ofereça a transação penal, se entender cabível. Se o acusado aceitar a 
transação, o procedimento é extinto assim que ela é cumprida. 
Se não for aceita a transação ou o promotor não oferecê-la, haverá continuidade do procedimento, na forma 
do art. 77 e s.s. da lei 9.099. Se o juiz verificar que deveria ter sido proposta a transação, ele aplica em analogia o 
art. 287 do CPP, submetendo a questão ao Procurador Geral. 
Em regra, se a composição civil dos danos se deu na ação pública condicionada ou na ação penal privada, o 
recebimento de indenização pela vítima não constitui renúncia ao direito de queixa ou de representação. 
 
Nesse ponto vale a pena distinguir: 
 
 
 
7
 Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões 
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao 
qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
 
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Atenção: 
 
Art. 104, § único, CP Art. 74, § único, 9099/95 
• Crimes de médio e maior potencial 
ofensivo; 
• A indenização pelos danos causados NÃO 
implica em renúncia tácita; 
• Só se aplica a crimes de Ação Penal 
PRIVADA; 
• Crimes de menor potencial ofensivo. 
 
• A indenização pelos danos causados 
IMPLICA em renúncia tácita; 
• Para crimes de A. P. Privada e de A. P. P. 
Condicionada;No rito sumaríssimo, a composição civil dos danos vai extinguir o direito de queixa ou de representação. O 
fundamento está no § único do art. 74 da lei 9.099. 
 
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença 
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. 
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à 
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. 
 
Se não houver composição civil dos danos, é possível o oferecimento de transação penal pelo MP também. 
 
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Oferecida a transação e cumprida, o procedimento será extinto. 
 
Procedimento sumaríssimo propriamente dito 
 
Se a transação não é oferecida ou não é aceita, aplica-se o art. 77 da lei 9.099 (o MP oferece denúncia oral, 
se não houver necessidade de diligencias). 
Se a pena mínima do crime capitulado na inicial oral não ultrapassa um ano, deve ser verificada a proposta de 
suspro, nos termos do art. 89. A denúncia ou queixa oral será realizada na audiência. O réu será comunicado da 
audiência através de uma citação. Se o réu não for encontrado, o processo seguirá o procedimento sumário, pois 
não se admite citação por edital no procedimento sumaríssimo (uma das hipóteses de modificação de 
competência). 
O réu é citado para a audiência, que vai exigir a presença de advogado. 
O advogado terá que fazer a defesa oralmente e não poderá haver requerimento de diligências. 
 
Oferecida a denúncia, há resposta oral à acusação. Nesse momento convém ao advogado alegar tanto as 
hipóteses de rejeição inicial quanto as hipótese de absolvição sumária, se cabíveis. 
O suspro (art. 89 do CP) só será apreciado se for recebida a denúncia pelo juiz. Se for hipótese de rejeição da 
denúncia, não será necessária sua apreciação, pois o procedimento estará extinto. 
 
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Após o recebimento da denúncia e proposta a suspensão condicional do processo, prossegue a audiência. 
É feita a inquirição das vitimas e das testemunhas e também é realizado o interrogatório do réu. No caso dos 
debates orais, aplica-se em analogia o art. 5348 do CPP. Após os debates orais, o juiz profere a sentença. 
Passemos então à esquematização procedimental para facilitar a compreensão a respeito do desenvolvimento 
dos atos processuais dos juizados especiais criminais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8
 Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, 
sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
 
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Esquematização procedimental 
Juizados Especiais Criminais: Fase Preliminar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Legenda: 
 Segue para o procedimento sumaríssimo propriamente dito 
 * Extingue-se o procedimento 
 
 
 
Lavratura 
do TCO 
Encaminhamento 
do TCO para os 
JECRIM 
Juiz indagará sobre a 
possibilidade de 
composição civil dos danos 
Composição 
civil dos 
danos civil 
Não há 
composição 
civil dos 
danos 
A. P. P. 
Incondicionada 
A. P. Privada ou 
Púb. Condicionada 
 Propõe Transação Aceita * 
MP Ñ Aceita 
 Não Propõe 
 Transação 
 Propõe Transação Aceita * 
 
Faculta-se a 
Proposta de Transação Ñ Aceita 
 
 Não Propõe 
 Transação 
 
 
Extingue-se o direito de 
queixa ou representação 
 
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Juizados Especiais Criminais: Procedimento Sumaríssimo propriamente dito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Denúncia 
ou Queixa 
Oral 
Citação Pessoal 
para Audiência 
(Art. 78) 
Audiência => Advogado 
do réu responderá à 
acusação. 
Juiz Rejeita a 
Denúncia ou 
Queixa nos moldes 
do art. 395 do CPP. 
Juiz recebe 
a Denúncia 
ou Queixa 
Aprecia-se a Juízo sobre a Absolvição Sumária 
possibilidade Inquirição das Vítimas e Testemunhas 
de Suspro Interrogatório 
 Debates Orais (Art. 534 do CPP em 
Prossegue a analogia 
Audiência 
 Sentença 
 
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17 
6 Termo circunstanciado de ocorrência. 
 
 O termo circunstanciado de ocorrência é um substituto legal do inquérito policial no caso de apuração de 
infrações penais de menor potencial ofensivo. 
Assim, temos: 
Crimes de médio e maior potencial ofensivo => Meio de investigação natural => Inquérito Policial. 
Infrações de menor potencial ofensivo => Meio de investigação natural => Termo Circunstanciado de 
Ocorrência. 
O referido ato é tratado no seguinte artigo da lei 9099/95: 
 
 Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e 
o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos 
exames periciais necessários. 
 Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao 
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá 
fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do 
lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002) 
 
 
 
 
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O TCO como peça cautelar, deverá conter: 
DELEGACIA DA POLÍCIA CIVIL DA COMARCE DE _________ 
1) Data e hora do Fato; 
2) Data e hora da Comunicação; 
3) Local e natureza da ocorrência; 
4) Nome e qualificação do condutor com o resumo de suas declarações; 
5) Nome e qualificação de outras testemunhas com o resumo de suas declarações; 
6) Nomee qualificação do autor do fato com o resumo de suas declarações (se ele prestá-las);9 
7) Indicação das diligências determinadas; 
8) E a colheita dos compromissos de autor e vítima do fato, no caso de impossibilidade de imediato 
encaminhamento ao Juizado Especial Criminal. 
DATA 
DELEGADO DE POLÍCIA 
 
9
 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Volume 2. São Paulo: Editora RT, 2012, 6ª edição, p. 441/442. 
 
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 Quanto aos atos processuais, devemos registrar dispositivos da lei 9099/95 que tem grande incidência em 
questões objetivas: 
Vejamos: 
Da Competência e dos Atos Processuais 
 Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. 
 Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, 
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
 Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os 
critérios indicados no art. 62 desta Lei. 
 § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. 
 § 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação. 
 § 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de 
instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente. 
 Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. 
 Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum 
para adoção do procedimento previsto em lei. 
 Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma 
individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de 
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. 
 Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores. 
 Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento 
acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público. 
 
 
 
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20 
7 Provas. 
7.1 Conceito, objeto, classificação e sistemas de avaliação. 7.3 Valoração. 
Segundo Denilson Feitoza, prova são os “Atos e meios utilizados pelas partes, pelo juiz e por terceiros, e 
reconhecidos pelo juiz como a verdade dos fatos alegados”. 
 
Objeto 
 
Fato ou ato sobre o qual recai a alegação. É o fato alegado, narrado, que reclama apreciação judicial e exige 
comprovação. O que se refere ao caso penal. 
 
 São fatos que precisam ser provados: 
 
 • Os costumes (quando relevantes para o tipo penal); 
 
 • Os regulamentos e as portarias; 
 
 • O direito estrangeiro, estadual e municipal; 
 
 
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 • Fato não contestado (NÃO existe confissão ficta no processo penal); 
 Obs: O direito de silêncio engloba o direito de mentir?! SIM. Amplamente, prevalece a possibilidade, 
porque o direito ao silêncio englobaria o direito de defesa do réu que deve ser ampla (AMPLA DEFESA) – assim, 
não só o silêncio omissivo quanto o silêncio comissivo10 são possíveis. 
 
 NÃO necessitam de comprovação: 
 
 • Fatos notórios (os amplamente conhecidos). 
 
 • Presunções legais absolutas (aquelas que não admitem prova em contrário); 
 Ex: Inimputabilidade decorrente da menoridade penal11. 
 
 
10
 Entretanto, deve-se ter cautela para não tratar o direito ao silêncio como absoluto, já que, em se pregando uma lealdade processual, não se deve admitir a mentira que incrimine terceiro, sob pena da prática do crime 
de denunciação caluniosa (art. 339 do CP) e nem que referida mentira produza inovação artificiosa, fraudulenta, do processo (art. 347 e seu § único), pois os direitos e garantias fundamentais não podem servir de escudo 
para práticas ilícitas. 
11
 Cuidado se deve ter quando a menoridade se referir à vítima, sendo caracterizada como elemento do tipo. Nesse contexto visualizamos a seguinte decisão do STF: Corrupção de menores e prova da idade da 
vítima: Ao concluir julgamento, a 1ª Turma concedeu habeas corpus para afastar a condenação imposta ao paciente pela prática do crime de corrupção de menores, decotando-se a pena a ela referente, tendo em conta a 
inexistência, nos autos de ação penal, de prova civil da menoridade de corréu. Esclareceu-se que, para a caracterização do delito em comento, o tribunal de justiça local admitira, como prova da idade da vítima, 
declaração por ela prestada perante a autoridade policial. Aduziu-se que a idade comporia o estado civil da pessoa e se provaria pelo assento de nascimento, cuja certidão — salvo quando o registro seja posterior 
ao fato — tem sido considerada prova inequívoca, para fins criminais, tanto da idade de acusado quanto de vítima (CPP, art. 155). Avaliou-se inexistir, na espécie, prova documental idônea da menoridade, a 
impossibilitar a configuração típica da conduta atribuída ao condenado. A Min. Cármen Lúcia frisou que, especificamente em relação às provas que dizem respeito ao estado das pessoas, deverse-ia verificar 
exceção à regra da ampla liberdade probatória, isto é, a observância das restrições estabelecidas na lei civil. Precedente citado: HC 73338/RJ (DJU de 19.12.96). HC 110303/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 26.6.2012. (HC-
110303) (Informativo 672, 1ª Turma) 
 
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 • Fatos axiomáticos (fatos evidentes, óbvios); 
 Ex: cabeça separada do corpo = decapitação12; Ossada encontrada = pessoa morta. 
 
 • Fatos inúteis (aqueles que NÃO têm relação alguma com o caso penal; não possuem utilidade para 
o processo). 
 
Classificação: 
 
 
12
→ perigosa conclusão já que alguém pode empurrar uma pessoa para a linha do trem, por exemplo, após matá-la. 
 
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 Objeto: São os fatos atinentes ao caso penal que demandam comprovação. Elemento sobre o qual 
recai a prova da existência da infração penal. 
 
 → Direta: Recai imediatamente sobre a infração penal. Ex: Testemunha ocular (ou de visu). 
 
 → Indireta: Refere-se a fatos que, NÃO recaindo sobre a infração, permitem, por um Processo de 
Ilação, a conclusão de que a infração penal ocorreu. Ex: Testemunha de auditu. 
 
 Forma: Maneira pela qual as partes apresentam a veracidade das alegações em juízo. Tal critério se 
pautano momento em que a prova é apresentada em juízo e não no momento em que ela se origina. 
 
 → Oral: É a prova NÃO escrita. É a REGRA no processo penal. 
 
 → Documental: É a afirmação escrita ou gravada. Ex: Fita de vídeo. 
 
 → Material: É todo objeto que comprova o fato. Ex: Arma de fogo, munição... 
 
 
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 Sujeito: É a pessoa ou coisa de onde se origina a prova. 
 
 → Pessoal: É toda afirmação consciente destinada a provar a veracidade de um fato. 
 
 → Real: É aquela originada dos vestígios do crime. Ex: Exame de corpo de delito, em regra. 
 Exceção: Exame de corpo de delito INDIRETO – testemunhas. Logo, seria PESSOAL. 
 
Valoração das provas: Sistemas de apreciação de provas. 
 
Historicamente existiram dois sistema de apreciação das provas, anteriores aos estudados na maioria dos 
manuais atualmente. São eles: o Étnico e o Ordálios. 
O sistema étnico ou pagão deixava a apreciação das provas ao sabor das impressões pessoais do juiz, que 
utilizava basicamente as máximas de experiência para valorar as provas. 
Já o sistema ordálio ou religioso invocava um suposto julgamento divino para aferição da culpa ou da 
inocência do acusado, por isso também ficou conhecido com Juízos de Deus. 
Classicamente, os sistemas utilizados na atualidade são os seguintes: 
1) Sistema legal (Sistema da Prova Tarifada, Sistema da Certeza Moral do Legislador ou Sistema da 
Verdade Legal). 
 
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É aquele que determina um valor prévio da prova através da lei. Valor está atribuído pelo legislador. Provas 
tarifadas. 
Vigorou na antiguidade. Antes, a confissão era prova absoluta e uma testemunha só não tinha valor. 
Atualmente, em regra, todas as provas têm valor relativo. Equidade das provas. 
Cuidado! Ainda existem resquícios de prova tarifada no ordenamento brasileiro, conforme se verifica, por 
exemplo, no Exame de corpo de delito (art. 158, CPP). Nessa situação a tarifação não é absoluta, mas relativa, já 
que se se verificar que os vestígios desapareceram, se oportunizará a utilização do testemunho como meio de 
prova subsidiário. Desse modo, pode-se observar a seguinte ordem de preferência: 
 
 Exame direto 
 ↓ 
 Exame indireto 
 ↓ 
 Testemunho 
 
Outros exemplos de tarifação seriam os seguintes: 
 
 • Art. 155, CPP (prova do estado das pessoas); 
 
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 • Art. 92, CPP (certidão de óbito); 
 • Art. 197, CPP (confissão) 
 
2) Sistema da Íntima Convicção: 
Visando resgatar a humanidade, a subjetividade do juiz, o sistema da íntima convicção critica o radicalismo 
do sistema anterior, mas acaba fazendo-o de modo inverso, dando todo o poder para o julgador. No sistema legal, 
o medo da subjetividade humana era tão grande que o legislador quis colocar de maneira adequada e prévia o 
valor das provas em uma lista fechada, fazendo com que o juiz ficasse engessado no momento de julgar um caso. 
Por outro lado, no sistema da íntima convicção, o juiz tem liberdade absoluta. 
Assim, acaba por determinar que o julgador seja o ÚNICO ponderador do valor das provas, não precisando 
nem mesmo explicitar as razões de sua valoração. 
Livre convencimento (não necessitando ser motivado). 
Um resquício do Sistema da Íntima Convicção é o TRIBUNAL DO JÚRI (art. 486, CPP). 
 
3) Sistema da Persuasão Racional do Julgador (ou Sistema do Livre Convencimento Motivado): 
É resultado da relação do Princípio Probatório da liberdade das provas com o Sistema do Livre 
Convencimento Motivado. 
 
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Sede legal desse sistema é o art. 155, CPP. Juiz não pode condenar alguém tendo por base SOMENTE 
elementos colhidos durante o inquérito, EXCETO: 
 Provas Cautelares 
 Provas Irrepetíveis 
 Provas Antecipadas 
 
Assim, extrai-se que o Juiz deverá amparar-se em prova produzida em contraditório judicial, permitindo-se, 
no entanto, que essa prova seja complementada pelos elementos de informação produzidos no inquérito policial. 
Assim, a prova que embasará uma condenação não poderá, regra geral, ser exclusivamente aquela produzida no 
inquérito. 
Ocorre que, em um interpretação literal do dispositivo, seria possível afirma que, excepcionalmente, o juiz 
poderá condenar com base em “prova”13 produzida exclusivamente no inquérito policial. Embora arriscada a 
conclusão, a mesma é possível no contexto das denominadas provas irrepetíveis, cautelares e antecipadas na 
dicção do artigo supra mencionado. 
Entende-se por prova irrepetível aquela que não pode ser novamente produzida em momento posterior, haja 
vista a probabilidade de perecimento, destruição ou desaparecimento. Ex.: Perícia no crime de lesões corporais. 
 
13
 Chamada de prova inquisitorial segundo Denilson Feitoza, mas que ao nosso entender, seria melhor denominda de prova inquisitiva, diante da observação exposta por nós no início do presente trabalho inspirada nas 
características do processo penal elaboradas pelo professor Rogério Lauria Tucci em seu Teoria do Direito Processual Penal. 
 
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Prova cautelar, segundo Renato Brasileiro de Lima, é aquela em que há um risco de desaparecimento do 
objeto da prova em razão do decurso do tempo, em relação à qual o contraditório será diferido. Ex.: Interceptação 
telefônica. 
Já a prova antecipada é a produzida judicialmente sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, mas antes 
da instrução criminal14. Ex.: Art. 225 do CPP. 
“Registre-se que tal distinção não é imune a críticas, tendo em vista que a categorização de provas nesse 
âmbito não exclui, necessariamente, a outra, aliás, pelo contrário, na maioria das vezes, se sobrepõem, pois, 
aparentemente, a intenção do legislador foi ampliar as situações para abarcar o máximo de hipóteses justificáveis 
pelo princípio da proporcionalidade. 
Algumas conclusões podem ser extraídas da literalidade do art. 155, CPP, vejamos: 
1) Os elementos colhidos no IP podem servir para a sentença judicial, desde que estejam em conluio com os 
elementos do processo. 
2) Regra geral, os elementos que constam exclusivamente no IP não são suficientes para uma condenação 
criminal. 
3) Somente se admite uma condenação criminal baseada em elementos produzidos exclusivamente no IP nas 
seguintes situações: Provas Cautelares, Provas Irrepetíveis e Provas Antecipadas.” 15 
 
14
 Fase do processo destinada ao convencimento do juiz a respeito do caso penal. 
15
 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, p. 451-452. 
 
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O Sistema da Persuasão Racional éintermediário – (apesar de ser o mais novo), já que equilibra vontade da 
lei com a vontade do julgador, atribuindo um valor relativo a todas as provas. NÃO existem provas absolutas 
neste sistema. Fala-se aqui em relatividade dos meios probatórios. 
 
7.2 Princípios gerais da prova, procedimento probatório. 
7.4 Ônus da prova. 
7.5 Provas ilícitas. 
 
Princípio da Verdade real (processual) 
 
Partindo do pressuposto de que no processo penal os interesses veiculados são indisponíveis (liberdade e 
segurança pública), se admite que o magistrado supere a desídia das partes quanto à instrução do processo em 
busca da verdade. 
 
 
 
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Desse modo, o princípio da verdade real determina que o juiz deva buscar a verdade dos fatos, 
embora tal busca só possa culminar em um convencimento pautado em elementos contidos nos autos (parte final 
sublinhada que decorre da contribuição da verdade processual ao conceito de verdade real). 
O termo Verdade real se refere à uma busca da verdade dos FATOS, o que pode em certa medida mitigar o 
ideal de imparcialidade do julgador). Por isso, tem-se preferido o conceito de VERDADE PROCESSUAL (Ferrajoli). 
Assim, verifica-se que a doutrina tem promovido uma releitura do princípio da verdade real, substituindo-o 
pelo conceito de verdade processual, mais adequado ao estado garantista, haja vista que o magistrado deve 
pautar sua decisão em elementos carreados aos autos, ou seja, o conceito de verdade para o processo depende do 
contexto probatório e tal verdade não necessariamente irá coincidir com a verdade do mundo físico. 
Nesse contexto, Luigi Ferrajoli sustenta que: 
A impossibilidade de formular um critério seguro de verdade das teses judiciais depende do fato de que a 
verdade “certa”, “objetiva” ou “absoluta” representa sempre a “expressão de um Ideal”34 inalcançável. A ideia 
contrária de que se pode conseguir uma verdade objetiva ou absolutamente certa é, na realidade, uma 
ingenuidade epistemológica, que as doutrinas jurídicas iluministas do juízo, como aplicação mecânica da lei, 
compartilham com o realismo gnosiológico vulgar.16 
 
 
16
 FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão – Teoria do Garantismo Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, pág. 42. 
 
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Fernando da Costa Tourinho Filho, acresce: 
... mesmo na justiça penal, a procura e o encontro da verdade real se fazem com as naturais reservas 
oriundas da limitação e falibilidade humanas, e, por isso, melhor seria falar de verdade processual ou verdade 
forense, até porque, por mais que o Juiz procure fazer uma reconstrução histórica do fato objeto do processo, 
muitas e muitas vezes o material de que ele se vale poderá conduzi-lo a uma falsa verdade real.17 
 
 Art. 156, I, CPP 
 Art. 196, CPP 
 Art. 234, CPP Artigos relacionados ao tema. 
 Art. 616, CPP 
 Art. 209, CPP 
 
 Art. 156: “A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:”. 
 I – “Ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida”. 
 
 
17
 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Direito Processual Penal. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 1, págs. 92/93. 
 
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 Tal artigo é uma mitigação do sistema acusatório em prol da verdade processual. 
 
 Juiz não tem ônus da prova. As partes que têm. O juiz pode ter RESPONSABILIDADE sobre a prova (é 
o que tem prevalecido). 
Assim, vemos como complementares os conceitos de verdade real e de verdade processual, sendo esse 
último um corretivo garantista do primeiro. 
 
Princípio da Liberdade das provas 
Para se descobrir a verdade, em princípio, todas as provas são admissíveis. Exceção: art. 479, CPP. 
Observação: Cuidado! Não mais subsiste no ordenamento brasileiro a vedação de juntada de documentos em 
alegações finais, o que de certo modo amplia o princípio da liberdade das provas. 
 
Princípio da Licitude ou Legalidade Probatória (Princípio da Inadmissibilidade das provas ilícitas) 
Fundamento legal e constitucional: Art. 157, CPP. Art. 5º, LVI, CF. 
Inicialmente deve-se expor brevemente a clássica distinção entre prova ilícita e prova ilegítima. 
Prova Ilícita = violação de norma de caráter penal (direito MATERIAL) – Sistema da INADMISSIBILIDADE 
(provas “desentranhadas” dos autos). 
Tal conceituação ainda prevalece na doutrina. 
 
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Entretanto deve-se ressaltar que o projeto que culminou na aprovação da Lei 11690/08, dando nova redação 
ao art. 157, CPP, parece ter ampliado o conceito de prova ilícita. Segundo o art. 157 atual: Provas ilícitas são as 
que violam normas constitucionais ou legais. 
Prova Ilegítima = violação de norma de caráter processual (direito PROCESSUAL) – Sistema de 
NULIDADES. 
Nesse contexto poderia se indagar: A divisão doutrinária entre prova ilícita e prova ilegítima foi adotada pelo 
legislador de 2008? R.: NÃO! Pois aparentemente o legislador mistura os dois tipos de prova, colocando-as sob o 
mesmo sistema de inadmissibilidade, conforme se observa no art. 157 do CPP. 
 
Ilícita (direito material) – Sistema da Inadmissibilidade. 
 Ex: Confissão obtida por tortura. 
PROVA 
ILEGAIS 
 
 Ilegítima (direito processual) – Sistema de Nulidades. 
Ex: Exame pericial feito por 1 perito NÃO oficial (art. 159, §1º, CPP). 
 
 ≠ 
 
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34 
 Art. 157, CPP 
 
 
 
O § 3º do art. 157 dispõe: Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta 
será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
 
Avaliação da i(licitude) e admissibilidade probatória. 
“Na discussão sobre a admissão das provas no processo penal deve-se sempre perquirir se o interesse ou ato 
envolvido é regido pelo princípio da intimidade ou da publicidade. Saber se ato é particular (regido pelo Princípio 
da Intimidade) ou se é público (regido pelo Princípio da Publicidade) é fundamental para correta interpretação dos 
conflitos eventualmente implementados. Assim, a lista que se fará se atrela as questões já debatidas e decididas 
pelos tribunais, o que não exclui do interprete a possibilidade de se deparar com outras questões18 que demandem 
 
18
 HC e validade de provas colhidas em “lan house” 
A 1ª Turma denegou habeas corpus impetrado em favor de sargentodo Exército condenado pelo envio de panfletos, divulgados pela internet, a incitar militares à desobediência, à indisciplina e à prática de crimes. Além 
disso, teria ofendido a dignidade e desacatado diversos oficiais das Forças Armadas. A defesa sustentava nulidade: a) do processo, ao argumento de utilização, para fins condenatórios, de provas ilícitas, porque 
recolhidas, sem autorização judicial, em lan house, a afrontar o art. 5º, XII, da CF (“é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último 
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”); e b) do interrogatório, colhido por recatória, com cerceamento de defesa. 
Destacou-se a gravidade do conteúdo das mensagens enviadas pela rede. Ressaltou-se, no entanto, não estar em discussão o teor delas ou a materialidade dos delitos, mas apenas os aspectos processuais que teriam 
ensejado a condenação criminal. Asseverou-se que os dados contidos no computador não requereriam acesso via autorização judicial ou do acusado, porquanto o proprietário do estabelecimento comercial teria: a) 
permitido o exame do equipamento e consequente identificação das provas; e b) autorizado que o computador fosse periciado. O laudo resultante teria sido elemento probatório a corroborara autoria do crime pelo 
paciente. Assinalou-se que o conteúdo das comunicações por ele transmitidas não fora descoberto pelo exame na máquina, porém explicitado pelos destinatários que, diante da gravidade, levaram o fato ao 
Utiliza o termo prova ilícita como 
sinônimo de prova ilegal, afirmando que 
todas se submetem ao regime de exclusão. 
 
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35 
uma solução inédita, que se dará com base nas diretrizes hermenêuticas que podem ser percebidas na casuística 
apresentada. 
Desse modo, São situações que viabilizam PROVAS admitidas no Processo Penal: 
 
• O sigilo bancário pode ser afastado nos seguintes casos: 
 
1) Por determinação judicial (art. 5º, XII) – sigilo de “dados”. 
 
2) Por determinação do Poder Legislativo através das CPI´s (art. 58, §3º, CF) que detém poderes próprios 
de investigação das autoridades judiciais. 
 
3) Por determinação de autoridade fiscal quando houver processo administrativo instaurado ou 
procedimento fiscal em curso (arts. 5º e 6º, LC 105/01). 
 
Tal orientação vinha sendo adotada até meados do ano de 2011, pois apesar da disposição legal ter sido 
objeto de Ações Diretas de Inconstitucionalidade com pedido liminar, as mesmas não foram concedidas, 
 
conhecimento da autoridade que procedera à investigação. Por fim, aduziu-se não haver nulidade na precatória, visto que demonstrada a enorme distância entre a sede do juízo e a cidade em que o paciente servia. HC 
103425/AM, rel. Min. Rosa Weber, 26.6.2012. (HC-103425) (Informativo 672, 1ª Turma) 
 
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viabilizando a aplicação da lei diante da presunção geral de constitucionalidade. Entretanto, em 15/12/2010, o 
STF decidiu, no julgamento do RE 389.808, ser necessária a autorização judicial para a quebra do sigilo bancário, 
mesmo quando haja procedimento fiscal em curso. Assim, mencionando a existência de um verdadeiro estatuto 
constitucional do contribuinte, concluiu-se que a situação também era subsumível à chamada cláusula de 
reserva de jurisdição19. Sobre o tema, observar o informativo 610 do STF. 
 
4) É possível que o MP quebre o sigilo bancário? SIM! Por determinação do MP, desde que em processo 
administrativo que vise à defesa do patrimônio público. Tal resposta foi dada pelo STF no MS 21.729/DF em 1995. 
Por se tratar de patrimônio público, não seria tecnicamente uma quebra de sigilo, tendo em vista que o 
princípio que rege a administração pública é o da Publicidade (inscrito no art. 37, “caput”, CF), não sendo 
aplicável, no caso, a proteção ao direito à Intimidade, pois inexistente. 
Sobre esta última hipótese, decidiu o STF: 
"O poder de investigação do Estado é dirigido a coibir atividades afrontosas à ordem jurídica e a garantia do 
sigilo bancário não se estende às atividades ilícitas. A ordem jurídica confere explicitamente poderes amplos de 
investigação ao Ministério Público – art. 129, VI e VIII, da CF, e art. 8º, II e IV, e § 2º, da LC 75/1993. Não cabe 
ao Banco do Brasil negar, ao Ministério Público, informações sobre nomes de beneficiários de empréstimos 
 
19
 Para mais detalhes sugere-se a leitura do tema na pag. 989 do livro Direito Constitucional Esquematizado do professor Pedro Lenza, 16ª edição, 2012, Saraiva. 
 
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concedidos pela instituição, com recursos subsidiados pelo erário federal, sob invocação do sigilo bancário, em 
se tratando de requisição de informações e documentos para instruir procedimento administrativo instaurado 
em defesa do patrimônio público. Princípio da publicidade, ut art. 37 da Constituição." (MS 21.729, Rel. p/ 
o ac. Min. Néri da Silveira, julgamento em 5-10-1995, Plenário, DJ de 19-10-2001.) Grifos acrescidos 
 
• A gravação ambiental (áudio e vídeo) é admitida no processo quando: 
 
 1)Em defesa no Processo Penal. 
 
 2)Gravação for contra agente público no exercício da função (ato PÚBLICO). 
 
 3) Em legítima defesa (própria ou de terceiros). 
 
 4)Câmera na casa da própria pessoa. 
Pesquisando a jurisprudência dos tribunais superiores se percebe que são admitidas no processo penal, ainda 
a: 
• “Gravação de conversa própria, se quem grava é vítima de proposta criminosa”. 
 
 
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• “Gravação por terceiro, com autorização da vítima”; onde esse terceiro, geralmente, é a polícia. 
 
• “Prova descoberta acidentalmente em escuta autorizada para crime conexo”(Prova Acidental). 
 Nesse sentido é a posição do STF: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICALICITAMENTE CONDUZIDA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVA DA 
PRÁTICA DE CRIME PUNIDO COM DETENÇÃO. LEGITIMIDADE DO USO COMO JUSTA CAUSA PARA OFERECIMENTO 
DE DENÚNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O Supremo Tribunal Federal, como intérprete maior 
da Constituição da República, considerou compatível com o art. 5º, XII e LVI, o uso de prova obtida 
fortuitamente através de interceptação telefônica licitamente conduzida, ainda que o crime descoberto, 
conexo ao que foi objeto da interceptação, seja punido com detenção. 2. Agravo Regimental desprovido. 
(AI 626214 AgR / MG Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA) – Grifos acrescidos 
 
• “Gravação de diálogo transcorrido em local público”. Conclusão que merece cautela, embora se 
encontre em trecho de decisões de tribunais superiores. 
 
• “Colocação de escuta ambiental, durante a noite, em escritório profissional, por autoridadepolicial, através de autorização judicial prévia e circunstanciadamente fundamentada” (Informativo 
529, STF). 
 
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Hipótese que “contraria” a literalidade da CF (art. 5º, XI). 
Princípio da Proporcionalidade. 
Os direitos e garantias fundamentais não podem servir de escudo para prática de ilícitos. 
Eis a decisão: 
“Escuta Ambiental e Exploração de Local: Escritório de Advogado e Período Noturno - 4 
Prosseguindo, rejeitou-se a preliminar de ilicitude da prova de escuta ambiental, por ausência de 
procedimento previsto em lei. Sustentava a defesa que a Lei 9.034/95 não teria traçado normas procedimentais 
para a execução da escuta ambiental, razão pela qual a medida não poderia ser adotada no curso das 
investigações. Entendeu-se não proceder a alegação, tendo vista que a Lei 10.217/2001 deu nova redação aos 
artigos 1º e 2º da Lei 9.034/95, definindo e regulando meios de prova e procedimentos investigatórios que versem 
sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas 
de qualquer tipo. Salientou-se o disposto nesse art. 2º, na redação dada pela Lei 10.217/2001 ("Em 
qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os 
seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: ... IV - a captação e a interceptação 
ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante 
circunstanciada autorização judicial;"), e concluiu-se pela licitude da escuta realizada, já que para 
obtenção de dados por meio dessas formas excepcionais seria apenas necessária circunstanciada 
autorização judicial, o que se dera no caso. Asseverou-se, ademais, que a escuta ambiental não se sujeita, 
 
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por motivos óbvios, aos mesmos limites de busca domiciliar, sob pena de frustração da medida, e que, não 
havendo disposição legal que imponha disciplina diversa, basta a sua legalidade a circunstanciada autorização 
judicial. Inq 2424/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424) 
Escuta Ambiental e Exploração de Local: Escritório de Advogado e Período Noturno - 5 
Afastou-se, de igual modo, a preliminar de ilicitude das provas obtidas mediante instalação de equipamento 
de captação acústica e acesso a documentos no ambiente de trabalho do último acusado, porque, para tanto, a 
autoridade, adentrara o local três vezes durante o recesso e de madrugada. Esclareceu-se que o relator, de 
fato, teria autorizado, com base no art. 2º, IV, da Lei 9.034/95, o ingresso sigiloso da autoridade 
policial no escritório do acusado, para instalação dos referidos equipamentos de captação de sinais 
acústicos, e, posteriormente, determinara a realização de exploração do local, para registro e análise 
de sinais ópticos. Observou-se, de início, que tais medidas não poderiam jamais ser realizadas com 
publicidade alguma, sob pena de intuitiva frustração, o que ocorreria caso fossem praticadas durante o 
dia, mediante apresentação de mandado judicial. Afirmou-se que a Constituição, no seu art. 5º, X e XI, 
garante a inviolabilidade da intimidade e do domicílio dos cidadãos, sendo equiparados a domicílio, para fins dessa 
inviolabilidade, os escritórios de advocacia, locais não abertos ao público, e onde se exerce profissão (CP, art. 150, 
§ 4º, III), e que o art. 7º, II, da Lei 8.906/94 expressamente assegura ao advogado a inviolabilidade do seu 
escritório, ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência, e de suas comunicações, 
inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de 
 
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representante da OAB. Considerou-se, entretanto, que tal inviolabilidade cederia lugar à tutela 
constitucional de raiz, instância e alcance superiores quando o próprio advogado seja suspeito da 
prática de crime concebido e consumado, sobretudo no âmbito do seu escritório, sob pretexto de 
exercício da profissão. Aduziu-se que o sigilo do advogado não existe para protegê-lo quando cometa 
crime, mas proteger seu cliente, que tem direito à ampla defesa, não sendo admissível que a 
inviolabilidade transforme o escritório no único reduto inexpugnável de criminalidade. Enfatizou-se que 
os interesses e valores jurídicos, que não têm caráter absoluto, representados pela inviolabilidade do 
domicílio e pelo poder-dever de punir do Estado, devem ser ponderados e conciliados à luz da proporcionalidade 
quando em conflito prático segundo os princípios da concordância. Não obstante a equiparação legal da oficina de 
trabalho com o domicílio, julgou-se ser preciso recompor a ratio constitucional e indagar, para efeito de colisão e 
aplicação do princípio da concordância prática, qual o direito, interesse ou valor jurídico tutelado por essa 
previsão. Tendo em vista ser tal previsão tendente à tutela da intimidade, da privatividade e da dignidade da 
pessoa humana, considerou-se ser, no mínimo, duvidosa, a equiparação entre escritório vazio com 
domicílio stricto sensu, que pressupõe a presença de pessoas que o habitem. De toda forma, concluiu-se 
que as medidas determinadas foram de todo lícitas por encontrarem suporte normativo explícito e guardarem 
precisa justificação lógico-jurídico constitucional, já que a restrição conseqüente não aniquilou o núcleo do direito 
fundamental e está, segundo os enunciados em que desdobra o princípio da proporcionalidade, amparada na 
necessidade da promoção de fins legítimos de ordem pública. Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e 
 
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Eros Grau, que acolhiam a preliminar, ao fundamento de que a invasão do escritório profissional, que é equiparado 
à casa, no período noturno estaria em confronto com o previsto no art. 5º, XI, da CF. Inq 2424/RJ, rel. Min. 
Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424)” grifos acrescidos 
 
• Interceptação de comunicação ESCRITA (comunicação epistolar – escrita) - (art. 5º, XII, CF): 
 
1) Carta do preso pode ser interceptada em dois casos: 
 → Fundada suspeita de fuga; 
 → Quando houver fundada suspeita de preparação do crime (qualquer crime). 
 Fundamento: Os direitos e garantias fundamentais não podem servir de escudo para práticas ilícitas. 
 
2) Carta que caracteriza instrumento do crime. 
Como ocorre, por exemplo, no crime de extorsão mediante sequestro, quando o meio escrito é utilizado para 
exigência do preço de resgate. Mais uma vez se afirma: Os direitos e garantias fundamentais não podem servir de 
escudo para práticas ilícitas. 
 
 
 
 
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• Interceptação telefônica: 
 Requisitos constitucionais: 
 
 → Lei regulamentadora (9296/96): desse modo, as interceptações realizadas até 96 não são lícitas; 
 
 → Instrução processual penal (fase do processo onde a prova é produzida – após recebimento da 
denúncia) ou investigação criminal (Ex: InquéritoPolicial); 
 
 → Ordem judicial específica: advinda de um juiz CRIMINAL. 
 
Ainda considerando a inadmissibilidade das provas ilícitas: 
 
 Exceção: 
 Proporcionalidade “pro reo” 
Somente uma exceção para a inadmissibilidade: Quando não há outro meio de prova e para beneficiar (ou 
absolver) o réu. 
Ideia que decorre do respeito ao Estado de Direito – Estado que também respeita a lei (≠ do Estado de 
polícia). 
 
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Essa é a POSIÇÃO AMPLAMENTE MAJORITÁRIA. 
 
 
 
 
 
Provas ilícitas por derivação 
 └ Teoria dos frutos da árvore envenenada 
 
 Mitigações: 
 
 • Descoberta inevitável – “seria” 
 
 • Fonte independente – “foi” 
 
 • Conexão atenuada (ou teoria da contaminação expurgada, ou tória da tinta diluída) 
 
O “princípio da exclusão” ou o “princípio da licitude” pode ser aplicada à “prova derivada”? 
Nesse sentido é o magistério de Távora e Alencar: Dessa maneira, a prova ilícita poderia ser utilizada em favor da inocência, de sorte a evitar-
se uma limitação na utilização da prova que, mesmo produzida ao arrepio da lei, cumpra o papel de inibir condenação descabida. Deve-se avaliar, 
portanto, a sua real utilidade para a persecução penal e o grau de contribuição para revelar a inocência, além do bem jurídico violado para a obtenção 
da prova. O balanceamento deve ser checado não só na conclusão solar que a proibição da prova ilícita não deve prosperar diante de uma possível 
condenação injusta, mas também nos meios utilizados para a obtenção desta prova, e o prejuízo provocado por eles. (Nestor TÁVORA e Rosmar 
Rodrigues ALENCAR, Curso de direito processual penal, p. 321.) 
 
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Regra geral sim. Com a nova redação dada pela Lei 11690/08, o art. 157, §1º, CPP, reconheceu, no Brasil, a 
teoria da prova ilícita por derivação. A prova derivada é tão ilícita quanto a originária. Regra: Se a prova 
originariamente ilícita não é admitida, obviamente, a derivada também não será devido ao seu vício originário. 
A previsão legal, entretanto, estabelece mitigações à inadmissibilidade da prova ilícita por derivação, que são 
as teorias da fonte independente e da descoberta inevitável. 
Passa-se agora, à análise das mitigações acima transcritas: 
 
→ Descoberta inevitável – “seria”: Segundo esta teoria, a Prova Ilícita Derivada será admitida caso se 
verifique que o Estado chegaria à conclusão resultante da prova ilícita caso tivesse executado os atos de 
investigação da forma lícita. Sobre a expressão utilizada pelo legislador: “trâmites típicos e de praxe”, interessante 
e justa a proposta de Denilson Feitoza na utilização analógica do critério de eliminação hipotética utilizado para 
aferir o nexo de causalidade do crime idealizado por Thyrén. Assim, obtempera o professor Feitoza que o Direito 
não é ciência exata, o juiz não é um autômato e isso não deveria assustar ao intérprete. Desse modo, o raciocínio 
deve ser indutivo e deverá levar em consideração o que se costuma fazer na prática da investigação criminal e na 
atual conjuntura social. 
Ex: Testemunha citada em interceptação telefônica clandestina, que seria ouvida de qualquer modo, pois 
também foi citada em depoimento regular. 
É prova ilícita? SIM. Prova ilícita derivada. 
 
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Será admitida? SIM! Porque pelas atividades de investigação rotineiras esta testemunha seria chamada para 
depor de qualquer forma. 
 
Há nexo entre a prova ilícita e a derivada?! SIM. 
 
Visualizando: 
 
 Envenenada Pura 
 
 
 PROVA 
 
→ Fonte independente – “foi”: Por esta teoria, a prova ilícita derivada é admitida no processo quando não 
estiver evidenciado o nexo de causalidade entre a prova originariamente ilícita e a derivadamente ilícita. Na 
dúvida, aqui, se admite a prova (mesmo que haja prejuízo para o réu). 
 
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Ex: Mediante tortura, o réu confessa o local do corpo. Diante da confissão, os agentes que torturaram o réu, 
se direcionam ao referido local. Chegando lá, se deparam com agentes de outra delegacia que encontraram o 
corpo munidos de regular autorização judicial decorrente das informações prestadas por uma testemunha 
voluntariamente. 
 
Há nexo entre a prova ilícita e a derivada? NÃO! Em que pese a possibilidade de analisar a situação de 
forma diferenciada, já que na dicção da nossa lei, literalmente, não se informa que não exista nexo de causalidade, 
mas que o mesmo não está evidenciado. Assim, ele poderia existir mas não estar claro. Talvez, essa leitura 
tornasse a situação mais coerente, porque, se propriamente não houvesse nexo de causalidade, não estaríamos 
falando precisamente de uma exceção à Teoria dos Frutos da Árvore envenenada. 
Visualizando: 
 Envenenada Pura 
 
 
 PROVA 
 
 
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Neste caso, o nexo ocorre entre a prova e a fonte LÍCITA. 
 
→ Conexão atenuada (ou teoria da contaminação expurgada – mancha purgada – tinta diluída – vícios 
sanados): Por esta teoria, se admite a prova ilícita derivada diante da renovação de um ato inicialmente obtido de 
forma ilícita. 
Ex: Confissão realizada no curso de uma prisão ilegal, mas que é posteriormente repetida em juízo 
regularmente. 
 
Há nexo entre a prova ilícita e a derivada?! SIM, mas tênue. 
Mesmo com a renovação do ato, a ilicitude persiste. Há nexo entre FONTES e não entre a prova ilícita 
originária e a derivada. 
A CPP não previu essa mitigação. 
 
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 Fonte Fonte 
 Envenenada Pura 
 
 
 PROVA PROVA 
 
Exemplo dessa última teoria seria o seguinte: Um sujeito confessa o crime durante uma prisão ilegal. Essa 
confissão não é lícita. O inquérito foi iniciado em razão desta confissão, já que o auto de prisão em flagrante é uma 
notitia criminis coercitiva. Concluído o inquérito o mesmo é enviado ao MP, que denuncia. O juiz recebe a denúncia 
e no meio da instrução processual penal o réu aparece e confessa o delito por livre e espontânea vontade. Para 
essa teoria a renovação do ato de forma livre e espontânea seria suficiente para expurgar a contaminação 
originária. 
Diante dessas três teorias, podemos dizer que o art. 157, §1º, CPP adota todas as mitigações? 
A princípio

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