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Obrigacoes - Do pagamento em consignação

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RESUMO DE DIREITO CIVIL OBRIGAÇÕES
Parte IX
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
1. CONCEITO: O pagamento em consignação consiste no depósito, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação. E meio indireto de pagamento, ou pagamento especial.
Instituto jurídico colocado à disposição do devedor para que, ante o obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias impeditivas do pagamento, exerça, por depósito da coisa devida, o direito de adimplir as prestações, liberando-se o lime obrigacional (evitando as conseqüências da mora).
Terminologia dos sujeitos da obrigação: 
DEVEDOR – sujeito ativo da consignação = Consignante.
CREDOR – em face de quem se consigna = Consignatário.
BEM - OBJETO DO DEPÓSITO = Consignado.
Art. 334 do Código Civil – trabalha com a expressão "coisa devida", por isso permite a consignação não só de dinheiro como também de bens móveis ou imóveis. 
Ex.: o credor, que se recusar a receber os móveis encomendados só porque não está preparado para efetuar o pagamento convencionado dá ensejo ao marceneiro de consigná-los judicialmente.
 O aludido artigo prescreve, também, que o depósito pode se judicial ou extrajudicial, este, feito em estabelecimento bancário oficial, onde houver, quando se tratar de pagamento em dinheiro (vide art. 890 do Código de Processo Civil).
Portanto, se o credor, sem justa causa, recusa-se a receber o pagamento em dinheiro, poderá o devedor optar pelo depósito extrajudicial ou pelo ajuizamento da ação de consignação em pagamento. Esta é de natureza declaratória, podendo ser ajuizada também quando houver dúvida sobre o exato valor da obrigação.
CUIDADO!!!! Não cabe a consignação, por sua natureza, nas obrigações de fazer e de não fazer.
Vale ressaltar que a consignação é instituto de direito material e de direito processual. O Código Civil menciona os fatos que autorizam a consignação. O modo de fazê-lo é previsto no diploma processual (art. 890 a 900 do Código de Processo Civil). 
2. NATUREZA JURÍDICA
Duas observações devem ser feitas sobre sua natureza jurídica:
 
* Forma de extinção das obrigações, constituindo-se em um pagamento “indireto” da prestação avençada.
* Vale lembrar que a consignação em pagamento não é, em verdade, um dever, mas sim mera faculdade do devedor, que não pôde adimplir a obrigação por culpa do credor.
3. HIPÓTESES DE OCORRÊNCIA
O art. 335 do Código Civil apresenta um rol, não taxativo, dos casos que autorizam a consignação. Outros são mencionados em artigos esparsos, como nos arts. 341 e 342, bem como em leis avulsas (Decreto-lei n. 58/37, art. 17, parágrafo único; Lei n. 492/37, arts. 19 e 21, n. III etc.). 
As hipóteses apresentadas pelo código são:
a) se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma (inciso I). A norma exige que a recusa seja justa, mas a constatação da veracidade de tal justiça somente pode ser verificada, em definitivo, pela via judicial. 
Ex.: A, locador de um imóvel a B, se recusa a receber o valor do aluguel ofertado por este último, por considerar que deveria ser majorado por um determinado índice previsto em lei, B poderá consignar o valor, se entender que o reajuste é indevido.
A hipótese acima apresentada é aplicável, também, para o caso de A aceitar receber o valor, mas se recusar a dar quitação, que é direito do devedor. 
b) se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos (inciso II). Trata-se de dívida quérable (quesível), em que o pagamento deve efetuar-se no domicílio do devedor. Se o credor não comparecer ou mandar terceiro para exigir a prestação, isso não afasta, por si só, o vencimento e a exigibilidade da dívida, pelo contrário, pelo que se autoriza a consignação do valor devido. 
Ex.: Se A acerta receber um pagamento de B no dia 21.04. 2008 e, chegando o dia combinado, A não comparece, nem manda ninguém em seu lugar, a dívida vencerá no pagamento. Para evitar as conseqüências jurídicas da mora, poderá B depositar o valor devido à disposição de A, extinguindo-se a obrigação. 
c) se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil (inciso III). O incapaz, em razão de sua condição, não deve receber o pagamento. A exigência da lei é que o devedor pague ao seu representante legal. Mas se, por algum motivo, o pagamento não puder ser efetuado a este (por inexistência momentânea ou por ser desconhecido, ou se recusar a recebê-lo sem justa causa, por exemplo), a solução será consigná-lo; Credor desconhecido, ocorre por exemplo, se A deve a importância de R$1.000,00 a B e este vem a falecer, não se sabendo quem são seus efetivos herdeiros, na data de vencimento da obrigação. Ausência é situação fática, qualificada juridicamente como morte presumida (vide arts. 22 e 6º do Código Civil); Lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil constitui também circunstância que enseja a consignação, pois não se pode exigir que o devedor arrisque a vida para efetuar o pagamento. Não será obrigado, por exemplo, o devedor, a dirigir-se ao domicílio do credor para entregar a res(coisa) devida se o local foi declarado em calamidade pública, em face de uma epidemia ou de uma inundação. É claro que nesta hipótese, nem mesmo a ação poderá ser proposta no domicílio do credor.
d) se decorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento (inciso IV). Se dois credores mostram-se interessados e receber o pagamento, e havendo dúvida sobre quem tem direito a ele, deve o devedor consignar judicialmente o valor devido, para que o juiz verifique quem é o legítimo credor ou qual a cota de cada um, se entender ambos legitmimados. É o caso, por exemplo, de dois municípios que se julgam credores de impostos devidos por determinada empresa, que tem estabelecimentos em ambos.
Comparecendo mais de um pretendente ao crédito, o devedor é excluído do processo, declarando-se extinta a obrigação. O processo prossegue entre credores. Se comparecer apenas um pretendente, terá o crédito de levantar a quantia depositada. Não comparecendo nenhum, converter-se-á o depósito em arrecadação de bens de ausentes (Código de Processo Civil, art. 898).
e) se pender litígio sobre o objeto do pagamento (inciso V). Estando o credor e terceiro disputando em juízo o objeto do pagamento, não deve o devedor antecipar-se ao pronunciamento judicial e entregá-lo a um deles, assumindo o risco (CC, art. 344), mas sim consigná-lo judicialmente, para ser levantado pelo que vencer a demanda.
Ex.: se A e B disputam, judicialmente, a titularidade de um imóvel locado, não deve o locatário D fazer o pagamento direto, sem ter a certeza de quem é o legítimo dono.
4. REQUISITOS DE VALIDADE
Para que a consignação tenha força de pagamento, preceitua o art. 336 do Código Civil, "será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento". 
Em relação às pessoas, deve ser feito pelo devedor e ao verdadeiro credor, sob pena de não valer, salvo se ratificado por este ou se reverter em seu proveito (arts. 304 e seguintes, 308 e 876).
Quanto ao objeto, exige-se a integralidade do depósito, porque o credor não é obrigado a aceitar pagamento parcial. (vídeo parágrafo primeiro do art. 899 do CPC)
Quanto ao modo – não se admitirá modificação do estipulado, devendo a obrigação ser cumprida da mesma maneira como foi concebida originalmente. Será o convencionado, não se admitindo, por exemplo, pagamento em prestações quando estipulado que deve ser à vista. Observar, também, as dívidas querable e portable.
Quanto ao tempo, deve ser, também, o fixado no contrato, não podendo efetuar-se antes de vencida a divida, se assim foi convencionado. A mora do devedor, por si só, não impede a propositura da ação de consignação em pagamento, se ainda não provocou conseqüências irreversíveis,pois tal ação pode ser utilizada tanto para prevenir como para emendar a mora. Ex.: se, apesar do protesto de cambial representativa de prestação, a credora não rescindiu o pacto e nem exerceu o débito, nada obsta que a alegada recusa das prestações seguintes permita a utilização da consignatória.
5. REGULAMENTAÇÃO / LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO
Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo (coisa certa) que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada (CC, art. 341). Nos casos mencionados neste dispositivo, a presunção é a de que o devedor não pode levar o bem a depósito, pois, sendo imóvel, não se desloca de um lugar para outro sem perder suas características essenciais. É o caso dos imóveis e dos outros bens que devem permanecer onde se encontram. A providência a ser tomada para a consignação se restringirá a chamar o credor para recebê-la ou mandar alguém fazê-lo, sob pena de considerar-se efetuado o depósito. Não é possível, em caso de o credor não ir receber, depositar em outro lugar o bem. Assim sendo, considera-se feito o depósito e o bem permanece onde se encontra.
Em se tratando de coisa indeterminada (incerta), faltando a escolha da qualidade e se esta competir ao credor, o devedor não será obrigado a permanecer aguardando indefinidamente que ela se realize, podendo citá-lo para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha por este, "proceder-se-á como no artigo antecedente" (art. 342).
Realizado o depósito com a finalidade de extinguir a obrigação, seu levantamento dependerá do momento em que o devedor pretender realizar tal ato, buscando retornar as coisas ao status quo ante.
Antes da aceitação ou impugnação do depósito: nesse momento, tem o devedor total liberdade para levantar o depósito, uma vez que a importância ainda não saiu de seu patrimônio jurídico. É uma faculdade, mas que acarreta o ônus de pagar as despesas necessárias para o levantamento.
Depois da aceitação ou impugnação do débito pelo credor: não foi julgada a procedência do depósito. A oferta já está caracterizada. O depósito poderá ser levantado pelo devedor, mas, agora, somente com a anuência do credor, que perderá a preferência e a garantia que lhe competia sobre a coisa consignada (ex.: preferência por hipotec, no concurso de credores), com liberação dos fiadores e co-devedores que não tenham anuído (CC art. 340).
Julgado procedente o depósito: admitido em definitivo o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, ainda que o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores (CC art. 339). Obviamente, se estes concordarem com o levantamento, cai o impedimento criado pela lei, retornando tudo ao status quo ante por expressa manifestação da autonomia da vontade. 
O art. 892 do Código de Processo Civil permite, quando se trata de prestações periódicas, a continuação dos depósitos no mesmo processo, depois de efetuado o da primeira, desde que se realizem até cinco dias da data do vencimento. O parágrafo único do art. 896 do mesmo diploma obriga o demandado que alegar insuficiência do depósito a indicar o montante que entende devido.
→ Extrajudicial: A consignação em pagamento extrajudicial é cabível apenas na modalidade em que a obrigação for em dinheiro e o credor capaz.
→ Judicial: Já a consignação em pagamento judicial é cabível tanto quando a obrigação for a entrega de uma coisa (bem imóvel ou bem móvel) quanto a obrigação for a entrega de dinheiro.

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