Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Esdras Garcia Alves Instituto Politécnico – UNA Raja 1 Capítulo 21 – Carga elétrica e campo elétrico (pág. 1)1 Carga elétrica Toda e qualquer matéria é formada por átomos. Os átomos por sua vez são formados por prótons, nêutrons e elétrons. Os prótons possuem carga elétrica positiva e os elétrons possuem cargas elétricas negativas. Os nêutrons não possuem cargas. No núcleo do átomo, uma região com tamanho aproximado de 10-15 m, encontram-se os prótons e os nêutrons. Circundando o núcleo há uma região com tamanho aproximado de 10-10 m, denominada eletrosfera, onde se encontram os elétrons. A tabela a seguir mostra algumas das propriedades dessas partículas que compõem os átomos. PARTÍCULA PROPRIEDADE Próton Nêutron Elétron Massa (kg) 1,672x10-27 kg 1,674x10-27 kg 9,109x10-31 kg Carga elétrica (C) + 1,602x10-19 C Não possui - 1,602x10-19 C Geralmente, os átomos se apresentam neutros, ou seja, o número de cargas positivas é igual ao número de cargas negativas (o número de elétron no átomo é igual ao número de prótons). No entanto, por meio de um processo de eletrização, como por exemplo, atritando um material com outro diferente, é possível transferir elétrons de um material para o outro. Assim, cria-se um desequilíbrio na quantidade de cargas. Se os átomos do material perderam elétrons (cargas negativas), então o material ficará com excesso de cargas positivas (mais prótons que elétrons). Se os átomos do material receberam elétrons, então o material ficará com excesso de cargas negativas (mais elétrons que prótons). A experiência mostra que dois materiais com cargas de sinal diferente se atraem mutuamente. Já dois materiais com cargas de sinais iguais se repelem mutuamente. 1 Orientações baseadas no livro YOUNG, H. D. e FREEDMAN, R. A. Física III – Eletromagnetismo. 12ª edição. São Paulo: Addison Wesley, 2009. As sugestões de exercícios se referem ao livro citado. Prof. Esdras Garcia Alves Instituto Politécnico – UNA Raja 2 2 21 r qqkFe = Onde: Fe é o módulo da força elétrica entre duas cargas 2 2 9 0 1099,8 4 1 C mNxk ⋅== πε é uma constante q1 é o módulo da carga elétrica 1 q2 é o módulo da carga elétrica 2 r é a distância entre as cargas (1) Também há atração entre corpos carregados eletricamente e corpos eletricamente neutros (lembre- se que um corpo neutro não é aquele que não possui cargas, mas aquele que possui a mesma quantidade e cargas positivas e negativas). Há dois princípios fundamentais a respeito das cargas elétricas: (i) princípio da conservação da carga e (ii) princípio da quantização da carga. O princípio da conservação da carga diz respeito ao fato de, em qualquer interação, a carga elétrica nunca ser criada ou destruída, mas apenas transferida de um corpo para outro. Dito de outro modo: a soma algébrica de todas as cargas elétricas existentes em um sistema isolado permanece sempre constante. O princípio da quantização da carga refere-se ao fato de, em qualquer medição, nunca encontrarmos um valor fracionário para a carga elétrica de um corpo, isto é, a carga total em um corpo qualquer é sempre um múltiplo inteiro da carga elementar e = 1,602x10-19 C (Coulomb – unidade de media para cargas elétricas). Por isso se diz que a carga é quantizada. Lei de Coulomb A força de interação, atrativa ou repulsiva, entre duas cargas puntiformes (corpos carregados separados por uma distância r muito maior que o tamanho desses corpos) é dada pela expressão matemática conhecida como Lei de Coulomb: Cabe ressaltar que as forças F12 e F21 são pares de ação e reação: elas têm mesmo módulo, mesma direção, atuam em sentidos contrários e em corpos diferentes (F12 é a força elétrica que a carga q1 exerce sobre a carga q2 e F21 é a força elétrica que a carga q2 exerce sobre a carga q1). Além disso, a direção da força elétrica que qualquer uma das cargas exerce sobre a outra é sempre ao longo da linha reta que passa pelas cargas. Prof. Esdras Garcia Alves Instituto Politécnico – UNA Raja 3 2r MmGFG = Cabe lembrar que a força elétrica, assim como qualquer força, é uma grandeza vetorial e, portanto, operar com a força elétrica implica em considerar as regras da adição vetorial. Exercícios do livro (página 31 em diante): 21.1, 21.2, 21.5, 21.7, 21.11, 21.13, 21.17, 21.19, 21.24 Nota: os exercícios que julgo mais importantes foram marcados com um retângulo vermelho no arquivo em PDF. Não deixe de estudar os exemplos resolvidos, apresentados ao longo do texto do livro. Eles podem ajudá-lo a compreender a situação física subjacente ao problema. Campo elétrico e forças elétricas Em nosso cotidiano lidamos com muitas forças surgem do contato direto entre dois. Assim é, por exemplo, com a força de tensão aplicada a um fio que segura um lustre no teto, com a força exercida por um veículo que se choca com outro, com a força que exercemos sobre uma maçaneta para abrir uma porta. No entanto, há forças que atuam entre dois corpos, mas que não necessitam de um contato direto. Este é o caso da força gravitacional, da força elétrica e da força magnética. Para explicar a ação dessas forças que agem à distância, isto é, atuam sobre corpos sem a necessidade de contato direto entre os corpos, utilizamos o conceito de campo. Podemos considerar um campo, criado por um corpo, como uma modificação das propriedades do espaço em torno desse corpo, devido a alguma característica particular desse corpo. Vejamos dois exemplos. A Terra possui massa (M). Devido à sua massa, a Terra cria em torno de si um campo gravitacional, isto é, ela modifica as propriedades do espaço em torno dela devido ao fato de possuir massa. Qualquer outro corpo que possua massa (m), ao penetrar nesse campo gravitacional criado pela Terra, “perceberá” essa modificação no espaço, como uma força gravitacional (FG) atuando sobre ele. Assim, a força de atração gravitacional experimentada por um corpo próximo à superfície da Terra pode ser entendida em duas etapas: (i) a Terra cria um campo gravitacional em torno de si; (ii) um corpo que esteja nesse campo sofrerá a ação de uma força, devido à interação com o campo De forma análoga ao campo gravitacional, um campo elétrico é uma modificação do espaço em torno de um corpo, em função de este corpo possuir carga elétrica. Suponha um corpo com uma carga q1, em um ponto qualquer do espaço. Esse corpo cria em torno de si um campo elétrico, uma modificação no espaço, em função de possuir essa carga elétrica. Se outro corpo com carga elétrica Lei da Gravitação de Newton Prof. Esdras Garcia Alves Instituto Politécnico – UNA Raja 4 2 21 r qqkFe = 0q FE e= (2) unidade de campo elétrico: C N q2 for colocado nesse campo elétrico, então haverá uma interação desse segundo corpo com o campo criado pelo corpo de carga q1. O resultado é a atuação de uma força elétrica Fe no corpo de carga q2 em função do campo elétrico criado por q1. Certifique-se que você compreende que o raciocínio seria exatamente o mesmo se considerássemos que a carga q2 cria o campo e que a carga q1 interage com ele.Cabe ressaltar que a força gravitacional que atua em um corpo de massa m devido ao campo gravitacional é sempre atrativa, já no caso elétrico, a força pode ser atrativa ou repulsiva, conforme os sinais das cargas. Para quantificar o campo elétrico E em um determinado ponto do espaço (o ponto P da figura abaixo, por exemplo) utilizamos a construção a seguir. A carga q1 cria um campo elétrico em vários pontos do espaço em torno dela. Se desejarmos saber o valor do campo elétrico no ponto P, colocamos, nesse ponto, uma carga de teste q0 (assumimos que q0 é muito pequena, de modo que não altere significativamente o campo criado por q1). O valor do campo elétrico E nesse ponto é definido como a força elétrica Fe que atua sobre uma carga de teste q0 nesse ponto, dividida pelo valor da carga q0: Nota: essa definição se aplica somente a cargas de teste q0 puntiformes. Prof. Esdras Garcia Alves Instituto Politécnico – UNA Raja 5 Direção e sentido do campo elétrico O campo elétrico é uma grandeza vetorial, portanto, possui módulo, direção e sentido bem definidos em cada ponto do espaço. Para uma carga elétrica puntiforme, por definição, o campo elétrico sempre aponta para fora de uma carga positiva e para dentro de uma carga negativa. A representação utilizada para materializar o campo elétrico nas figuras acima é denominada linhas de campo elétrico. Essas linhas nos ajudam a “ver” o campo elétrico criado por uma carga elétrica no espaço em torno dela. Uma linha de campo elétrico é desenhada como uma linha imaginária, reta ou curva, que passa por uma região do espaço de tal modo que sua tangente em qualquer ponto forneça a direção e o sentido do campo elétrico no ponto considerado. As linhas de campo elétrico indicam a direção e o sentido do campo elétrico E em qualquer ponto, e o espaçamento dessas linhas fornece uma idéia do módulo do campo elétrico E em qualquer ponto: quanto mais próximas as linhas de campo num determinado ponto, mais intenso é o campo elétrico naquele local. Veja a seguir representações para o campo elétrico de diversas configurações de cargas. Note que em cada ponto do espaço o vetor campo elétrico pode possuir um módulo, uma direção e um sentido particulares (veja as representações do vetor campo elétrico E em diferentes pontos do espaço na figura acima). Você acha que é possível existir regiões do espaço, em voltas das cargas da figura acima, onde o campo elétrico tenha o mesmo módulo? Para uma carga puntiforme, o campo elétrico pode ser calculado a partir das expressões (1) e (2), apresentadas anteriormente. Na figura a seguir estão representadas duas cargas puntiformes q1 e q0. A carga q1 produz o campo e a carga q0 é a carga de teste que utilizamos para definir o valor do campo elétrico em um ponto qualquer do espaço. Prof. Esdras Garcia Alves Instituto Politécnico – UNA Raja 6 0q FE e= 2 01 r qqkFe = Para qualquer um dos quatro casos apresentados na figura acima o campo elétrico é dado pela expressão: Mas, a força elétrica entre duas cargas puntiformes é dada pela equação: Assim, substituindo o valor de Fe na equação do campo elétrico, temos: A equação (3) fornece o campo elétrico E de uma carga puntiforme q1 em um ponto situado a uma distância r dessa carga. A equação (3) mostra que o campo elétrico depende apenas da carga que cria o campo e não depende da existência de uma carga de prova em um ponto onde se queira saber o valor do campo elétrico. A equação (3) também evidencia que o campo elétrico é mais intenso nas proximidades da carga (distância menor). Ao afastarmos da carga, o campo elétrico se torna menos intenso (veja que isso é coerente com a representação das linhas de campo nas figuras da página 5). 2 1 0 2 01 0 2 01 0 r qk qr qqk q r qqk q FE e ==== 21r qkE = (3) Prof. Esdras Garcia Alves Instituto Politécnico – UNA Raja 7 Note, pela figura da página anterior, que uma carga de prova positiva sempre se move no sentido do vetor campo elétrico, ao passo que uma carga de prova negativa se move no sentido oposto ao do vetor campo elétrico, seja qual for o sinal da carga que produziu o campo. Há uma configuração particular de cargas que produz um campo elétrico uniforme em uma região do espaço. Veja a figura a seguir. Nesta figura duas placas paralelas estão carregadas com cargas de sinais opostos. Admite-se que o comprimento L das placas é muito maior que a distância d que as separa. Nesse caso, pode-se mostrar que o campo elétrico é dado pela expressão E= σ/ε0, onde σ é a densidade superficial de carga (carga por unidade de área) e ε0 é a permissividade do vácuo (veja o exemplo 21.13 na página 23 do livro). Ou seja, quando L for muito maior que d, então o campo elétrico entre as placas pode ser considerado uniforme, isto é, possui o mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido em qualquer ponto no interior das placas. Apenas nas bordas das placas o campo elétrico sofrerá modificações. Em geral, ao resolver problemas, desconsideramos estes efeitos de borda. A equação (3) fornece o campo elétrico produzido por uma única carga puntiforme. Para determinarmos o campo produzido por uma distribuição de cargas no espaço, empregamos o princípio da superposição. Veja a figura a seguir. Três cargas puntiformes q1, q2 e q3 estão posicionadas em uma região do espaço. A carga q1 cria um campo elétrico E1 em todo o espaço em torno dela, a carga q2 cria um campo elétrico E2 em todo o espaço em torno dela e a carga q3 cria um campo elétrico E3 em todo o espaço em torno dela. Suponha que se queira determinar o valor do campo elétrico total, devido às três cargas, no ponto P da figura acima. Inicialmente desenhamos, no ponto P, o vetor campo elétrico criado por cada uma das cargas. Depois calculamos o valor do campo elétrico criado por cada uma das cargas, Prof. Esdras Garcia Alves Instituto Politécnico – UNA Raja 8 individualmente, utilizando a equação (3). Por fim, somamos vetorialmente os vários campos elétricos no ponto P, obtendo o campo elétrico resultante2. Exercícios do livro: 21.25, 21.26, 21.29, 21.31, 21.33, 21.40, 21.43, 21.44, 21.46, 21.47 2 Neste curso não iremos tratar do cálculo do campo elétrico devido a distribuições contínuas de carga. Para estes casos vejas as páginas 20 a 23 do livro.
Compartilhar