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STJ JULGADOS DO MIN. ALDIR PASSARINHO JUNIOR

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Ministros do 
Superior Tribunal de Justiça
no Tribunal Superior Eleitoral
Julgados do
Ministro Aldir Passarinho Junior
Superior Tribunal de Justiça
MINISTROS DO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
NO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
Volume 7
JULGADOS DO 
MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR
1ª edição
Brasília
STJ
2011
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ministro Francisco Falcão 
Marcos Perdigão Bernardes
Andrea Dias de Castro Costa
Eloame Augusti
Gerson Prado da Silva
Jacqueline Neiva de Lima
Maria Angélica Neves Sant’Ana
Fagno Monteiro Amorim
Cristiano Augusto Rodrigues Santos
Diretor
Chefe de Gabinete
Servidores
Técnico em Secretariado
Mensageiro
GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA
Gabinete do Ministro Diretor da Revista
Setor de Administração Federal Sul (SAFS)
Q. 6 - Lote 1 - Bloco C - 2º andar - sala C-240
CEP 70095-900 - Brasília-DF
Telefone (61) 3319-8003 - Fax (61) 3319-8992 
www.stj.jus.br, revista@stj.jus.br
B823j Brasil. Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Julgados do Ministro Aldir Passarinho Junior. – – Brasília : STJ, 
2011.
544 p. – (Ministros do Superior Tribunal de Justiça no Tribunal 
Superior Eleitoral / v. 7)
ISBN 978-85-7248-134-2.
1. Julgamento, coletânea, Brasil. 2. Tribunal superior, 
jurisprudência, Brasil. 3. Decisão judicial, Brasil. 4. Brasil. Superior 
Tribunal de Justiça. 5. Brasil. Tribunal Superior Eleitoral. I. Título. 
II. Série. 
CDU 347.992(81)
Ministros do Superior Tribunal de Justiça 
no Tribunal Superior Eleitoral
Ministro Francisco Falcão 
Diretor da Revista
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PLENÁRIO
Resolução n. 19/1995-STJ, art. 3º. RISTJ, arts. 21, III e VI; 22, § 1º, e 23.
Ministro Ari Pargendler
Ministro Felix Fischer
Ministro Cesar Asfor Rocha
Ministro Gilson Dipp
Ministra Eliana Calmon
Ministro Francisco Falcão
Ministra Nancy Andrighi
Ministra Laurita Vaz
Ministro João Otávio de Noronha
Ministro Teori Albino Zavascki
Ministro Castro Meira
Ministro Arnaldo Esteves Lima
Ministro Massami Uyeda
Ministro Humberto Martins
Ministra Maria Th ereza de Assis Moura
Ministro Herman Benjamin
Ministro Napoleão Maia Filho
Ministro Sidnei Beneti
Ministro Jorge Mussi
Ministro Og Fernandes
Ministro Luis Felipe Salomão
Ministro Mauro Campbell Marques
Ministro Benedito Gonçalves
Ministro Raul Araújo
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino
Ministra Isabel Gallotti
Ministro Antonio Carlos Ferreira
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva
Ministro Sebastião Reis Júnior
Presidente
Vice-Presidente
Diretor-Geral da ENFAM
Corregedora Nacional de Justiça
Diretor da Revista
Corregedor-Geral da Justiça Federal
SUMÁRIO
I - Ministro Aldir Passarinho Junior - Perfil 11
II - Jurisprudência 
Abuso do Poder Econômico ou Político 13
Condutas Vedadas aos Agentes Públicos 109
Crimes Eleitorais 117
Desincompatibilização 151
Filiação Partidária 161
Inelegibilidade 187
Prestação de Contas Públicas 255
Processual 295
Propaganda Eleitoral 445
Registro de Candidatura 479
III - Índice Analítico 525
IV - Índice Sistemático 535
V - Siglas e Abreviaturas 539
 
MINISTRO ALDIR PASSARINHO JUNIOR
Quando cheguei ao Superior Tribunal de Justiça, nos idos de 1999, 
encontrei o também jovem Aldir Passarinho Junior que, um ano antes de 
mim, foi alçado ao cargo de ministro daquela Corte, vindo do Tribunal 
Regional Federal da 1ª Região.
O Ministro Aldir Passarinho Junior sempre foi um menino prodígio, 
para orgulho de sua querida mãe Yesis, advogada com alma de educadora, 
e de seu querido pai, o Ministro Aldir Passarinho, aposentado do Supremo 
Tribunal Federal. Casal culto e de rara sabedoria, souberam eles muito bem 
introduzir o fi lho Aldir no mundo jurídico, repassando-lhe os seus altos 
conhecimentos que, por sua vez, foram muito bem apreendidos e utilizados.
Deveras, o Ministro Aldirzinho, como é carinhosamente chamado 
por seus pares, sempre foi exemplo de homem público e um magistrado 
com grande senso de justiça. A sua preocupação jamais foi defender o seu 
ponto de vista, mas, antes, divergir de modo a aprofundar-se nos debates, 
visando à melhor solução possível dos casos que julgara. E foi assim, 
com humildade, serenidade e equilíbrio de espírito que Ministro Aldir 
conquistou a todos quantos com ele conviveram no STJ.
A sua aposentadoria voluntária em 18 de abril de 2011 foi muito 
sentida, não somente por sua notória educação, sensatez, cordialidade e 
elegância, mas também em razão de sua inegável inteligência e contribuição 
intelectual para a Corte hoje conhecida como “Tribunal da Cidadania”. O 
Ministro Aldir Passarinho Junior passou mais de 12 anos como membro da 
2ª Seção, tendo apresentado inúmeras teses que fl oresceram e orgulham o 
mundo do direito privado brasileiro.
É de se lamentar a sua aposentadoria precoce, mas, como já adiantei, 
o Ministro Aldir Passarinho Junior sempre foi um prodígio, de modo 
que nos resta apenas reconhecer o seu grande valor humano e profi ssional 
e aceitar o fato de que a vida é mesmo um processo contínuo e que as 
grandes alegrias vêm do exercício da curiosidade, do ultrapassar barreiras 
e do vencer desafi os. Tenho a convicção de que o Ministro Aldir deixou 
o Superior Tribunal de Justiça para cumprir a sua missão de continuar 
encantando as pessoas com sua gentileza e construindo novos paradigmas 
com sua competência ímpar.
Ministro Francisco Falcão
Diretor da Revista
Abuso do Poder Econômico 
ou Político
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL 
ELEITORAL N. 37.250 (43527-81.2009.6.00.0000) – CLASSE 32 – 
RONDÔNIA (Ji-Paraná)
Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior
Embargantes: José Vanderlei Nunes Fernandes e outro
Advogados: Reginaldo Vaz de Almeida e outros
Embargado: Ministério Público Eleitoral
EMENTA
Embargos de declaração. Decisão unipessoal. Efeito 
infringente. Recebimento. Agravo regimental. Recurso especial. 
Eleições 2008. Abuso de poder político e de autoridade. AIJE. 
Julgamento de procedência antes da diplomação. Cassação do 
registro. Efeito imediato. Possibilidade. Benefi ciário da conduta. 
Agravo não provido.
1. “Recebem-se como agravo regimental os embargos 
declaratórios, com pretensão infringente, opostos contra 
decisão monocrática” (ED-AI n. 12.113-CE, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, DJe de 11.05.2010).
2. O julgamento de procedência da AIJE anterior à 
diplomação dos eleitos gera a cassação do registro de candidatura, 
independentemente de seu trânsito em julgado (AgR-AI n. 10.963-
MT, Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 04.08.2009; AgRg-MS n. 
3.567-MG, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ de 12.02.2008).
3. Embora não fosse agente público, o recorrente foi 
benefi ciário direto da conduta abusiva de seu irmão, servidor da 
Funai, que agindo nessa qualidade desequilibrou e comprometeu a 
legitimidade do pleito. É o quanto basta para a confi guração do abuso 
de poder político com a cassação de seu registro de candidatura, tal 
como previsto no art. 22, XIV, da LC n. 64/1990.
4. Conforme jurisprudência do e. TSE, “o abuso de poder 
pode ser apurado tanto em relação ao benefi ciário como em relação ao 
autor, porquanto o que se busca preservar é a lisura do pleito” (AAG 
16 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
n. 7.191-BA, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de 26.09.2008).
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
ACÓRDÃO
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por 
unanimidade, em receber os embargos de declaração como agravo 
regimental e o desprover, nos termos das notas taquigráfi cas.
Brasília, 1º de junho de 2010.
Ministro Ricardo Lewandowski, Presidente
Ministro Aldir Passarinho Junior, Relator
DJe 03.08.2010
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Aldir PassarinhoJunior: Senhor Presidente, José 
Vanderlei Nunes Fernandes, candidato ao cargo de Vereador pelo DEM no 
Município de Ji-Paraná-RO, opôs embargos de declaração (fl s. 437-442) 
em desfavor de decisão unipessoal (fl s. 426-443) que negou seguimento 
ao recurso especial por não vislumbrar violação ao art. 22, XV, da LC n. 
64/1990, ou a ocorrência de dissídio jurisprudencial.
A decisão embargada foi proferida nos seguintes termos:
(...)
Relatados, decido.
O apelo não merece provimento.
O recorrente aponta violação ao art. 22, XV, da LC n. 64/1990, 
além de divergência jurisprudencial, sob a alegação de que o 
julgamento de procedência da AIJE teria ocorrido após a diplomação 
dos eleitos.
Assim, não seria hipótese de cassação de seu registro de 
candidatura, mas de remessa de cópia dos autos ao Parquet para 
17
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
eventual instauração de Recurso contra Expedição de Diploma 
(RCED) ou Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME).
Sem razão o recorrente, uma vez que o v. acórdão regional é 
expresso ao consignar que a sentença de procedência da AIJE foi 
proferida em 17.12.2008 e a diplomação dos eleitos em 30.12.2008 
(fl . 316-v).
Assim, considero correta a conclusão do v. acórdão regional, 
porquanto proferida conforme a jurisprudência do e. TSE:
(...) Nos termos da jurisprudência mais recente do 
Tribunal Superior Eleitoral, a cassação do registro é possível 
quando o julgamento de procedência da ação de investigação 
judicial eleitoral ocorre até a data da diplomação, e não 
apenas até a proclamação dos eleitos, como antes se entendia 
(RO n. 1.362-PR, Rel. Min. José Gerardo Grossi, DJe de 
06.04.2009). (AgR-AI n. 10.963-MT, Rel. Min. Felix 
Fischer, DJe de 04.08.2009).
Adoção de entendimento contrário visando a afastar a data 
de ocorrência da diplomação, tal como consignada no v. acórdão 
regional, encontra óbice na Súmula n. 7-STJ.
O recorrente assevera, ainda, que a cassação do registro estaria 
condicionada a ocorrência do trânsito em julgado da AIJE em 
momento anterior à diplomação dos eleitos.
Ocorre que tal alegação encontra-se divorciada da jurisprudência 
desta c. Corte Superior:
Execução imediata da condenação na AIJE. Possibilidade, 
caso o julgamento ocorra antes da diplomação. Precedente 
recente do RO n. 1.362-PR. (AgR-AI n. 10.969-MT, Rel. 
Min. Felix Fischer, DJe de 04.08.2009).
(...) 3. A regra constitucional que garante ao cidadão 
não sofrer nenhuma conseqüência de ordem penal, cuja 
imposição dependa de juízo defi nitivo de culpabilidade, não 
pode ser aplicada, em toda sua extensão, em matéria eleitoral, 
uma vez que fi caria totalmente comprometida a efi cácia das 
decisões judiciais eleitorais, caso houvesse que se aguardar 
o trânsito em julgado, levando-se em conta a limitação 
18 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
temporal dos mandatos eletivos. (REspe n. 25.215-RN, Rel. 
Min. Caputo Bastos, DJ de 09.09.2005)
O c. TSE tem compreendido que, no caso de procedência da Ação 
de Investigação Judicial Eleitoral, somente a pena de inelegibilidade 
tem sua execução condicionada ao trânsito em julgado da decisão. 
Nesse sentido, cito trecho do voto do e. Min. Cezar Peluso no AgRg-
MS n. 3.567-MG, DJ de 12.02.2008:
(...) Esta Corte tem reafi rmado que, em hipóteses de ação 
de investigação judicial eleitoral, se deve aguardar o trânsito 
em julgado da decisão para que se lhe proceda à execução.
Mas esse entendimento limita-se aos casos de ação de 
investigação judicial eleitoral que trate de inelegibilidade.
Nessas hipóteses, a Corte tem por aplicável o art. 15 
da Lei Complementar n. 64/1990, o qual determina que a 
decisão que declarar a inelegibilidade do candidato apenas 
surtirá efeito após seu trânsito em julgado.
Confi ram-se os Acórdãos n. 25.765, de 29.06.2006, 
Rel. Min. Carlos Ayres Britto; n. 3.275, de 17.05.2005, Rel. 
Min. Carlos Madeira; e n. 3.278, de 24.02.2005, Rel. Min. 
Peçanha Martins.
O recorrente ainda assevera que os arts. 128, 293 e 460 do CPC 
teriam sido violados, pois ausente pedido de cassação do seu registro 
de candidatura.
Quanto ao tema, o e. TRE-RO arrematou que, a despeito da 
ausência de pedido expresso nesse sentido, “a cassação do registro de 
candidatura é consequência direta por força da lei (art. 22, XIV, LC 
n. 64/1990)”.
O v. acórdão regional não merece retoques, uma vez que converge 
com a jurisprudência desta c. Corte Superior. Confi ra-se:
(...) 3. A decretação de inelegibilidade constitui 
sanção prevista no art. 22, XIV, da LC n. 64/1990, sendo 
perfeitamente cabível quando a causa de pedir reside na 
prática de abuso do poder político, não fi cando caracterizado, 
in casu, o julgamento extra petita. (REspe n. 35.980-MG, 
Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 22.03.2010).
19
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
Certo também que o réu se defende dos fatos que lhe são 
imputados e não de sua qualifi cação jurídica, logo, a ausência 
de pedido expresso na petição inicial não viola o princípio da 
congruência. Confi rmo:
(...) 6. Não houve violação aos arts. 128, 460, 512 e 
513, do CPC, ou reformatio in pejus, alegada em função 
da ausência de pedido expresso sobre a decretação de 
inelegibilidade na petição inicial, pois o réu se defende dos 
fatos que lhe são imputados. A primeira página da petição 
inicial menciona a prática de abuso de poder econômico, o 
que, nos termos do art. 1º, I, da LC n. 64/1990, conduz 
à decretação de inelegibilidade. (REspe n. 28.395-PR, Rel. 
Min. José Delgado, DJ de 09.11.2007).
(...) Os limites do pedido são demarcados pela ratio 
petendi substancial, vale dizer, segundo os fatos imputados à 
parte passiva, e não pela errônea capitulação legal que deles 
se faça. (Ag n. 3.066-MS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 
de 17.05.2002).
Como bem destacou o e. Min. Arnaldo Versiani no ED-RO n. 
1.447-AP, DJe de 14.09.2009:
(...) O pedido, em se tratando de processo eleitoral, há 
de ser interpretado sempre como solicitação da aplicação das 
sanções legais, independentemente de maior rigor quanto 
à especifi cidade de qualquer uma delas, cassação, multa, 
inelegibilidade, e outras.
De outro giro, o recorrente afi rma que não havendo recurso 
específi co do Ministério Público Eleitoral, não poderia o e. TRE-
RO alterar o conteúdo da condenação de primeira instância, que 
reconheceu a prática de abuso do poder econômico e político, vindo 
a reconhecer apenas a prática de abuso do poder político. Assim 
decidindo, o v. acórdão regional padeceria de nulidade.
Sucede que, no ponto, não existe interesse recursal, pois a redução 
do campo de incidência da norma eleitoral implicou conclusão mais 
benéfi ca ao ora recorrente.
20 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
Alega-se, também, violação ao art. 22, XIV, da LC n. 64/1990, 
além de divergência jurisprudencial, sob o entendimento de que, não 
sendo exercente de cargo ou função pública, descabe sua condenação 
nas penas de abuso do poder político.
Embora o recorrente, de fato, não fosse agente público, benefi ciou-
se da prática de abuso de poder político do irmão, servidor da Funai, 
desequilibrando e compromentendo a legitimidade do pleito.
Logo, a decisão recorrida revela-se em consonância com a 
jurisprudência do e. TSE no sentido de que “o abuso de poder pode 
ser apurado tanto em relação ao benefi ciário como em relação ao 
autor, porquanto o que se busca preservar é a lisura do pleito” (AAG 
n. 7.191-BA, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de 26.09.2008).
Nesse mesmo sentido, cito o seguinte precedente:
(...) 2. A caracterização de abuso do poder político 
depende da demonstração de que a prática de ato da 
administração, aparentemente regular, ocorreu de modo a 
favoreceralgum candidato, ou com essa intenção, e não em 
prol da população. 
(RCED n. 642-SP, Rel. Min. Fernando Neves, DJ de 
17.10.2003).
Quanto à aventada divergência jurisprudencial, o recurso não 
é passível de conhecimento, uma vez que o recorrente não logrou 
demonstrar a existência do alegado dissídio, deixando de proceder ao 
devido cotejo analítico entre a tese das decisões tidas por paradigmas 
e o entendimento adotado pela decisão impugnada.
Por fi m, quanto à negativa genérica de inexistência do abuso de 
poder, o e. TRE-RO, soberano na análise de fatos e provas, assim 
consignou no v. acórdão recorrido (fl s. 321/v-322/v):
Com efeito, consta demonstrado nos autos que Vicente 
Batista manipulou os indígenas a votarem em seu irmão-
candidato, valendo-se de diversos artifícios.
Primeiro se valeu de sua infl uência pessoal junto aos 
índios e caciques das tribos, prerrogativa essa auferida, em 
especial, pelo cargo que ocupa na Funai. Vale acrescentar 
nesse aspecto que a instituição, além de suas atribuições afetas 
21
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
aos índios, também transportava os índios para votarem (fl s. 
116-117).
Com esse acesso privilegiado aos índios e contando com 
a estrutura e facilidades que a função lhe proporcionava, fez 
visitas nas tribos, acompanhado de seu irmão candidato, 
José Vanderlei, e fi rmou compromisso eleitoral em benefício 
deste, conforme relatou com clareza o Cacique Catarino e o 
fi lho deste Josia Sebirop.
Para que a infl uência tivesse a máxima potencialidade, 
foram engendradas medidas indispensáveis para o sucesso do 
induzimento indevido dos índios.
Inicialmente buscaram impedir que outros candidatos 
pudessem desfazer a infl uência que tinham realizado junto 
aos índios. Para tanto, foram espalhados cartazes e santinhos 
exclusivos de José Vanderlei nas tribos e contaram com o 
Cacique Catarino para proibir que outros candidatos falassem 
com os índios no sentido de fazerem campanha.
Em seguida, na véspera das eleições, foi utilizado um 
simulacro de urna eletrônica para treinamento prévio dos 
indígenas, sendo que alguns já treinavam o voto com os 
santinhos de José Vanderlei.
Para a garantia da infl uência, foi escrito na lousa, que 
fi cava na sala de votação, o nome e número de José Vanderlei, 
sendo que a cabine de votação fi cava de fronte ao que estava 
escrito.
Não bastasse tudo isso, para que os votos da tribo não 
fossem perdidos por difi culdades na hora de votar, um índio 
adolescente fi cou ao lado da cabine de votação e auxiliou os 
índios mais velhos a digitar na urna eletrônica.
A infl uência nos índios foi tamanha que o boletim de 
urna anexado à fl . 18 indica o comparecimento de 176 
votantes, sendo que desse total 168 votos foram destinados 
a José Vanderlei.
Veja-se que esse induzimento indevido aos índios, 
ocorrido em razão do abuso de poder político perpetrado por 
Vicente Batista, tinha o inteiro conhecimento e participação 
de José Vanderlei, conforme pode se extrair das provas dos 
22 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
autos. Em várias passagens dos depoimentos, José Vanderlei 
foi citado em companhia de seu irmão Vicente Batista 
visitando as tribos indígenas, sobretudo nos dias anteriores 
ao pleito eleitoral.
O abuso de poder político em afronta ao art. 73, inciso 
III, da Lei n. 9.504/1997, fi ca claro em trechos, por exemplo, 
em que, valendo-se de sua chefi a na Funai, Vicente Batista 
proíbe que outros candidatos façam campanha junto aos 
índios.
Nota-se que o e. Tribunal de origem entendeu que, no caso, 
houve a prática da conduta abusiva e, efetivamente, consoante os 
fatos descritos no acórdão, há. Para se chegar a diferente conclusão, 
ter-se-ia, aí sim, de reexaminá-los para um novo delineamento 
da moldura fática, o que é impossível a esta Corte, nos termos da 
Súmula n. 7-STJ.
Ante o exposto, nego seguimento ao recurso especial, com base no 
art. 36, § 6º, do RI-TSE.
Nas razões dos declaratórios aponta os seguintes vícios:
a) a v. decisão embargada padece de omissão porque não teria 
defi nido o termo a partir do qual o julgamento de procedência da AIJE 
geraria o efeito de cassação do registro de candidatura: se da sentença, do 
acórdão ou do trânsito em julgado;
b) ao concluir que a cassação do registro de candidatura não se 
vincula ao trânsito em julgado da decisão de procedência da AIJE, a v. 
decisão embargada deixou de apontar quais seriam os precedentes da 
jurisprudência dominante do e. TSE ou o dispositivo legal de amparo à 
mencionada tese;
c) também não foi citado o dispositivo legal ou a jurisprudência 
dominante no sentido de que a pena de cassação de registro independe de 
pedido expresso;
d) ao considerar que o efetivo exercício de cargo ou função pública 
não seria elemento essencial na confi guração de abuso do poder político, 
a v. decisão embargada carece de fundamento legal e de entendimento 
jurisprudencial específi co sobre o tema;
23
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
e) “o embargante está sendo acusado de ter praticado abuso de poder 
político sem que lhe tenha sido aberta oportunidade para se defender a 
respeito de tal fato” (fl . 441);
Requer, ao fi nal, a complementação da decisão embargada e a 
suspensão do prazo do agravo regimental.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior (Relator): Senhor 
Presidente, primeiramente, verifi co que eventual acolhimento da pretensão 
deduzida nesses embargos declaratórios implicaria a atribuição de efeitos 
modifi cativos ao julgado, razão pela qual é cabível a sua apreciação como 
agravo regimental.
Conforme jurisprudência desta Corte, recebem-se como agravo 
regimental os embargos declaratórios, com pretensão infringente, opostos contra 
decisão monocrática (ED-AI n. 12.113-CE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
DJe de 11.05.2010).
Entretanto, a irresignação não merece prosperar.
O julgamento de procedência da AIJE em momento anterior 
à diplomação dos eleitos gera a cassação do registro de candidatura, 
independentemente de seu trânsito em julgado. Firme nesse entendimento, 
a v. decisão agravada tem espeque na jurisprudência predominante do e. 
TSE. (AgR-AI n. 10.963-MT, Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 04.08.2009; 
REspe n. 25.215-RN, Rel. Min. Caputo Bastos, DJ de 09.09.2005).
Também segue entendimento jurisprudencial dominante a 
conclusão de que “o pedido, em se tratando de processo eleitoral, há de 
ser interpretado sempre como solicitação da aplicação das sanções legais, 
independentemente de maior rigor quanto à especifi cidade de qualquer 
uma delas, cassação, multa, inelegibilidade, e outras.” (ED-RO n. 1.447-
AP, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe de 14.09.2009).
De outro giro, verifi co que, embora o recorrente não ostentasse a 
qualidade de agente público, foi benefi ciário direto da conduta abusiva 
24 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
de seu irmão, servidor da Funai, que desequilibrou e comprometeu a 
legitimidade do pleito.
É o quanto basta para a confi guração de abuso do poder político 
com a cassação do registro de candidatura de que trata o art. 22, XIV, da 
LC n. 64/1990.
Conforme jurisprudência do e. TSE, “o abuso de poder pode 
ser apurado tanto em relação ao benefi ciário como em relação ao autor, 
porquanto o que se busca preservar é a lisura do pleito” (AAG n. 7.191-BA, 
Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de 26.09.2008).
Por fi m, a alegada impossibilidade de defesa pela prática de abuso 
do poder político não merece conhecimento, pois constitui inovação 
recursal (AgR-REspe n. 35.095-SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJe de 
14.04.2010).
Ante o exposto, recebo os embargos de declaração como agravo 
regimental e nego-lhe provimento,ratifi cando a decisão agravada.
É como voto.
RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA N. 661 (34712-
03.2006.6.00.0000) – CLASSE 21 – SERGIPE (Aracaju)
Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior
Recorrente: Ministério Público Eleitoral
Recorrido: Marcelo Déda Chagas
Advogados: José Rollemberg Leite Neto e outros
Recorrido: Belivaldo Chagas Silva
Advogado: José Carlos Felizola Soares Filho
EMENTA
Recurso Contra Expedição de Diploma. Preliminares. Ação de 
Investigação Judicial Eleitoral. Improcedência. Identidade de fatos. 
25
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
Rediscussão. Possibilidade. Incorporação do partido autor por outro. 
Desistência. Homologação. Polo ativo. Ministério Público Eleitoral. 
Assunção. Partido Político. Litisconsórcio passivo necessário. 
Inexistência. Mérito. Propaganda institucional. Desvirtuamento. 
Abuso de poder político. Inaugurações de obras públicas. 
Apresentações musicais. Desvio de fi nalidade. Potencialidade. Não 
comprovação. Desprovimento.
1. O Recurso Contra Expedição de Diploma e a Ação de 
Investigação Judicial Eleitoral são processos autônomos, com 
causas de pedir e sanções próprias, razão pela qual a procedência ou 
improcedência dessa não é oponível àquele. Precedentes.
2. A desistência manifestada pelo recorrente no Recurso 
Contra Expedição de Diploma não implica extinção do feito sem 
resolução do mérito, tendo em vista a natureza eminentemente 
pública da matéria. Na espécie, o recorrente originário, o Partido 
dos Aposentados da Nação (PAN), foi incorporado pelo Partido 
Trabalhista Brasileiro (PTB), que requereu a desistência da ação. 
O pedido foi homologado por esta Corte e o Ministério Público 
Eleitoral assumiu a titularidade da ação.
3. Não há litisconsórcio passivo necessário entre os titulares 
do mandato eletivo e os respectivos partidos políticos em Recurso 
Contra Expedição de Diploma, pois o diploma é conferido ao eleito 
e não à agremiação partidária, que tem prejuízo apenas mediato na 
hipótese de cassação de mandato de seu fi liado, por ter conferido 
legenda a quem não merecia. Precedentes.
4. O abuso de poder político, para fi ns eleitorais, confi gura-
se no momento em que a normalidade e a legitimidade das eleições 
são comprometidas por condutas de agentes públicos que, valendo-se 
de sua condição funcional, benefi ciam candidaturas, em manifesto 
desvio de fi nalidade.
5. Fatos anteriores ao registro de candidatura podem, em 
tese, confi gurar abuso de poder político, desde que presente a 
potencialidade para macular o pleito, porquanto a Justiça Eleitoral 
deve zelar pela lisura das eleições. Precedentes.
6. Na espécie, em março de 2006, o recorrido Marcelo Déda 
Chagas, na condição de prefeito municipal de Aracaju, à conta de 
26 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
realizar solenidades de inauguração de obras públicas, convocou 
a população da capital do Estado e também a do interior para 
participar de shows com a presença de cantores e grupos musicais 
famosos nacionalmente e, nessas oportunidades, aproveitou para 
exaltar os feitos de sua gestão, depreciar a atuação administrativa do 
Governo do Estado e apresentar-se como alternativa política para 
aquela Unidade da Federação, transmitindo ao público a mensagem 
de que seria o mais apto a governar Sergipe.
7. O reconhecimento da potencialidade em cada caso 
concreto implica o exame da gravidade da conduta ilícita, bem como 
a verifi cação do comprometimento da normalidade e da legitimidade 
do pleito, não se vinculando necessariamente apenas à diferença 
numérica entre os votos ou a efetiva mudança do resultado das 
urnas, embora essa avaliação possa merecer criterioso exame em cada 
situação concreta. Precedentes.
8. No caso dos autos, não há elementos sufi cientes para 
comprovar o grau de comprometimento dessas condutas ilícitas na 
normalidade e legitimidade do pleito, inexistindo, portanto, prova 
da potencialidade lesiva às eleições.
9. Recurso desprovido.
ACÓRDÃO
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por 
unanimidade, em rejeitar as preliminares e desprover o recurso, nos termos 
das notas de julgamento.
Brasília, 21 de setembro de 2010.
Ministro Aldir Passarinho Junior, Relator
DJe 16.02.2011
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior: Senhor Presidente, o Partido 
dos Aposentados da Nação (PAN) - Estadual interpõe, com base no art. 
27
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
262, IV, do Código Eleitoral1, Recurso Contra Expedição de Diploma 
(RCED) em desfavor de Marcelo Déda Chagas e Belivaldo Chagas Silva, 
respectivamente governador e vice-governador do Estado de Sergipe, eleitos 
nas eleições de 2006.
Alega o Recorrente que Marcelo Déda Chagas, no mês de março de 
2006, pouco antes de renunciar ao cargo de prefeito de Aracaju/SE para 
se candidatar ao Governo de Sergipe, realizou, às custas do Erário, atos 
de promoção pessoal que caracterizam propaganda eleitoral antecipada e 
abuso de poder político e econômico.
Os mesmos fatos, antes, foram objeto de Ação de Investigação 
Judicial Eleitoral (AIJE n. 08/2006), que restou improcedente por acórdão 
do e. TRE-SE transitado em julgado em 05.12.2007.
O Recorrente enumera as seguintes condutas atribuídas ao Recorrido 
Marcelo Déda Chagas, que confi gurariam propaganda irregular:
a) declarações na imprensa local sobre sua pré-candidatura ao cargo 
de Governador do Estado de Sergipe;
b) propaganda institucional no rádio, na televisão e na imprensa 
escrita sob o slogan “Em cinco anos Aracaju deu certo para todos”, com nítido 
caráter eleitoral, conforme degravações constantes na inicial. Anota que a 
propaganda televisiva foi insistentemente reproduzida em todo o Estado, 
embora dissesse respeito apenas ao Município de Aracaju-SE, num total 
de 650 (seiscentas e cinquenta) inserções durante o mês de março de 2006;
c) confecção e distribuição, às custas do Erário, de impressos para 
divulgação do Relatório de Gestão de Assistência Social 2005, nos quais há 
destaque para o nome e imagem do recorrido;
d) distribuição da “Revista Balanço da Administração Aracaju, uma 
cidade para todos”, dedicada a comparar a gestão de Marcelo Déda Chagas 
com as anteriores do Executivo Municipal, destacando-se a sua assinatura 
1 Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes casos:
(...)
IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova dos autos, nas 
hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei n. 9.504, de 30 de setembro de 1997. (Redação 
dada pela Lei n. 9.840, de 28.09.1999).
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Abuso do Poder Econômico ou Político
pessoal no impresso, em desrespeito à impessoalidade que deve reger as 
propagandas institucionais dos entes públicos.
O Recorrente sustenta, ainda, que Marcelo Déda Chagas promoveu, 
a pretexto da inauguração de obras e da comemoração do aniversário de 
Aracaju-SE, eventos assemelhados a comícios, nos quais se anunciava a sua 
candidatura ao cargo de governador.
De acordo com o Recorrente, tais eventos incluíam:
a) discursos com mensagens implícitas de pedido de voto;
b) comparação entre a gestão do recorrido como prefeito de Aracaju-
SE e a gestão do governador do Estado à época, candidato à reeleição;
c) críticas a obras promovidas pelo então governador do Estado, seu 
futuro adversário nas eleições, as quais classifi cou como “obras de fachada”;
d) convocação da população para participar dos eventos por meio de 
panfl etos e da mídia televisiva;
e) corpo-a-corpo do Recorrido junto à população;
f) aclamação e foguetório antes dos discursos do Recorrido;
g) presença de diversos políticos do interior do Estado;
h) nos eventos realizados em 23.03.2006, no bairro Bugio, eem 
30.03.2006, no bairro Coroa do Meio, utilizou-se uma bandeira vermelha 
com estrelas brancas que identifi cava o Partido dos Trabalhadores;
i) realização de shows de artistas conhecidos em âmbito nacional, 
contratados por Secretarias Municipais com superfaturamento, no total 
de R$ 772.716,00 (setecentos e setenta e dois mil, setecentos e dezesseis 
reais). Segundo a exordial, o Município de Aracaju-SE, nos meses de 
janeiro e fevereiro de 2006 despendeu mais de quatrocentos mil reais (R$ 
444.554,95) com publicidade no rádio, televisão, jornal e produção, ao 
passo que, no mês de março do referido ano, período objeto da investigação, 
foram gastos R$ 1.247.071,20 (um milhão, duzentos e quarenta e sete 
mil, setenta e um reais e vinte centavos) apenas com shows e publicidade 
televisiva, além da quantia gasta com propaganda no rádio e nos jornais 
e com a produção e distribuição de revistas e panfl etos, sendo que, deste 
valor, R$ 474.355,29 (quatrocentos e setenta e quatro mil, trezentos e 
cinquenta e cinco reais e vinte nove centavos) foram gastos apenas com 
pagamentos à TV Sergipe e à TV Atalaia.
29
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
Após o pedido de renúncia ao cargo de prefeito de Aracaju-SE, 
Marcelo Déda Chagas usou outdoors em diversos pontos do Estado, com 
fotos e mensagens direcionadas a sua candidatura ao cargo de governador.
Na ótica do Recorrente, tais fatos, em conjunto, confi gurariam 
ilícitos com potencialidade para comprometer a lisura do pleito de 2006, 
no qual se sagraram vencedores os ora Recorridos.
O Recorrente acostou aos autos cópia da AIJE n. 08/2006, e 
requereu o aproveitamento, como prova emprestada, dos elementos que ali 
foram produzidos.
Devidamente intimados, Belivaldo Chagas Silva e Marcelo Déda 
Chagas, respectivamente vice-governador e governador do Estado de 
Sergipe, apresentaram contrarrazões às fl s. 830-836 e 842-866.
O Recorrido Belivaldo Chagas Silva, vice-governador do Estado de 
Sergipe, argúi preliminar de coisa julgada, sob alegação de que a Ação de 
Investigação Judicial Eleitoral que apurou os fatos invocados nestes autos 
foi julgada improcedente, não podendo ser alvo de novo pronunciamento 
judicial.
No mérito, sustenta que os fatos invocados ocorreram antes do 
período eleitoral de 2006 e que a respectiva Ação de Investigação Judicial 
Eleitoral foi ajuizada em maio daquele mesmo ano, ou seja, antes do pedido 
de registro das candidaturas daquele pleito, razão pela qual não podem ser 
objeto de Recurso Contra Expedição de Diploma.
Além disso, destaca que não há prova de que Marcelo Déda Chagas 
tenha praticado atos de abuso de poder que pudessem comprometer a 
lisura do pleito eleitoral de 2006, conforme assentado na decisão que 
julgou improcedente a Ação de Investigação Judicial Eleitoral que instrui 
estes autos.
Ao fi m, requer a improcedência deste Recurso Contra Expedição de 
Diploma.
Por sua vez, o Recorrido Marcelo Déda Chagas aduz preliminarmente:
a) a existência de coisa julgada, uma vez que a Ação de Investigação 
Judicial Eleitoral que instrui estes autos foi julgada improcedente;
30 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
b) que o Partido dos Aposentados da Nação (PAN), então 
Recorrente, foi incorporado pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e, 
portanto, não mais existe razão pela qual se impõe a extinção do feito;
c) necessidade de citação dos partidos aos quais os Recorridos são 
fi liados, por serem litisconsortes passivos necessários, o que não ocorreu na 
espécie.
No mérito, alega a inexistência de propaganda antecipada e de abuso 
do poder econômico e político. Sustenta, em suma, que:
a) a sua participação nas inaugurações de obras suscitadas na inicial foi 
legal, porquanto promovidas antes do período vedado pela legislação eleitoral, 
à época em que exercia o cargo de prefeito de Aracaju-SE, conforme o art. 
77 da Lei n. 9.504/19972;
b) os shows patrocinados pelo Executivo Municipal de Aracaju 
durante os eventos de inauguração de obras e de comemoração do 
aniversário da cidade seguiram o modelo adotado nos eventos promovidos 
nos anos anteriores;
c) as publicações “Relatório de Gestão da Assistência Social de 2005” e 
“Revista Balanço da Administração Aracaju uma cidade para todos” possuíam 
conteúdo eminentemente informativo das medidas implementadas pelo 
Executivo Municipal de Aracaju-SE;
d) a divulgação televisiva de atos ofi ciais não teve conotação eleitoral, 
mas sim de prestação de contas à população sobre a sua administração;
e) não há prova de que os discursos proferidos durante os eventos 
de inauguração de obras tiveram cunho eleitoral, mediante mensagem 
subliminar de pedido de voto, nem de que a decoração de tais eventos 
continha fi gura apta a identifi car o Partido dos Trabalhadores (PT);
2 Art. 77. É proibido aos candidatos a cargos do Poder Executivo participar, nos três meses 
que precedem o pleito, de inaugurações de obras públicas.
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo sujeita o infrator à cassação do registro. 
(Redação da Lei n. 9.504/1997 à época dos fatos)
Art. 77. É proibido a qualquer candidato comparecer, nos 3 (três) meses que precedem o pleito, a 
inaugurações de obras públicas. (Redação dada pela Lei n. 12.034, de 2009)
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo sujeita o infrator à cassação do registro 
ou do diploma. (Redação dada pela Lei n. 12.034, de 2009)
31
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
f) os fatos alegados pelo Recorrente não possuem potencialidade para 
infl uir na lisura do pleito, pois foram realizados antes do período eleitoral, 
em data na qual sequer havia candidatura formalizada.
Pelas razões expostas, requerem a extinção do feito sem resolução 
do mérito. Caso superadas as preliminares, pedem a citação dos partidos 
políticos aos quais são fi liados os Recorridos e o improvimento deste 
Recurso Contra Expedição do Diploma.
À fl . 984, o então relator, Ministro Felix Fischer, determinou a 
regularização da representação processual do recorrente, tendo em vista a 
incorporação do Partido dos Aposentados da Nação (PAN) pelo Partido 
Trabalhista Brasileiro (PTB), o qual se manifestou pela ausência de interesse 
no prosseguimento do feito, requerendo a sua extinção sem resolução de 
mérito (fl . 986).
Instada a se manifestar, em 02.03.2009, a d. Procuradoria-Geral 
Eleitoral insurgiu-se contra o pedido de desistência formulado pelo PTB e 
pugnou pelo prosseguimento do processo por se tratar de matéria de ordem 
pública. Além disso, opinou pelo “retorno dos autos para decidir sobre 
eventual legitimidade ativa superveniente” (fl s. 1.897-1.900).
Diante da manifestação ministerial, em 03.03.2009, o e. Ministro 
Felix Fischer indeferiu o pedido de extinção do processo (fl . 1.011).
Contra essa decisão, Marcelo Déda Chagas, Belivaldo Chagas Silva 
e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) - Estadual interpuseram agravos 
regimentais, aos quais foi negado provimento por esta c. Corte, em acórdão 
assim ementado (fl s. 1.044-1.045):
Agravos regimentais com o mesmo objeto. Recurso Contra 
Expedição de Diploma. Eleições 2006. Pedido de desistência. 
Extinção do feito sem resolução do mérito. Impossibilidade. Matéria 
de ordem pública. Ministério Público Eleitoral. Legitimidade ativa 
superveniente. Possibilidade. Não provimento.
1. Em recurso contra expedição de diploma, a desistência 
manifestada pelo recorrente não implica extinção do feito sem 
resolução do mérito, tendo em vista a natureza eminentemente 
pública da matéria. Precedentes: REspe n. 26.146-TO, Rel. Min. 
José Delgado, DJ de 22.03.2007; AgRgREspe n. 18.825-MG, Rel. 
Min. Waldemar Zveiter, DJ de 27.04.2001.
32 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômicoou Político
2. Não há interesse recursal antes que seja proferida decisão 
que contrarie interesse jurídico do recorrente. Na espécie, a decisão 
agravada não assentou ser indispensável que o Parquet assuma o polo 
ativo para que este RCED tenha prosseguimento, mesmo porque o 
Ministério Público Eleitoral ainda não se pronunciou a respeito do 
seu interesse em assumir a titularidade da ação. Assim, neste ponto, 
falta interesse recursal aos agravantes.
3. Agravos regimentais não providos.
Após a publicação do acórdão em 07.05.2009, os autos foram 
encaminhados à d. Procuradoria-Geral Eleitoral, que opinou pela rejeição 
das preliminares e, no mérito, pelo acolhimento do Recurso Contra Expedição 
de Diploma (fl s. 1.946-1.962).
À fl . 1.966, João Alves Filho, segundo colocado no pleito de 2006, 
requereu fosse desconsiderado o pedido de ingresso no feito formulado em 
02.02.2009 (fl s. 992-994).
Remetidos os autos ao d. Ministério Público Eleitoral, em 
27.08.2009, para que se manifestasse sobre o interesse em assumir a autoria 
desta ação (fl . 1.968), o mesmo requereu, na mesma data, o prosseguimento 
do feito, com sua inclusão no polo ativo, com o acolhimento dos “pedidos 
estampados na inicial” (fl . 1.970).
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) formulou petição 
insistindo no pedido de extinção do processo, sem julgamento de mérito, e 
na exclusão de seu nome e de seu presidente da capa dos autos (fl s. 1.974-
1.975), argumentando que o Ministério Público “não se pronunciou 
tempestivamente sobre o assunto” (fl . 1.978).
Em decisão monocrática de 08.09.2009, proferida às fl s. 1.977-
1.981 o e. Ministro Felix Fischer deferiu o pedido de desistência formulado 
à fl . 986 e determinou a exclusão do nome do então postulante da capa dos 
autos. Não obstante, determinou o prosseguimento do feito com a inclusão do 
Ministério Público no polo ativo da demanda. Entendeu Sua Excelência que 
“diante da natureza eminentemente pública da matéria versada nestes autos, 
pode o Ministério Público Eleitoral assumir a titularidade deste RCED, na 
condição de substituto processual”. (fl . 1.980)
33
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
Irresignado, o Partido Trabalhista Brasileiro interpôs agravo 
regimental (fl s. 1.983-1.984), que não foi provido por esta c. Corte, nesses 
termos (fl s. 1.116-1.117):
Agravos regimentais com o mesmo objeto. Recurso Contra 
Expedição de Diploma. Eleições 2006. Pedido de desistência. 
Extinção do feito sem resolução do mérito. Impossibilidade. Matéria 
de ordem pública. Procurador-Geral Eleitoral. Legitimidade 
ativa superveniente. Competência. Preclusão. Inexistência. Não 
provimento.
1. Em recurso contra expedição de diploma, a desistência 
manifestada pelo recorrente não implica extinção do feito sem 
resolução do mérito, tendo em vista a natureza eminentemente 
pública da matéria. Precedentes: REspe n. 26.146-TO, Rel. Min. 
José Delgado, DJ de 22.03.2007; AgRgREspe n. 18.825-MG, Rel. 
Min. Waldemar Zveiter, DJ de 27.04.2001.
2. Embora não haja previsão expressa para que o Ministério 
Público assuma o polo ativo da demanda, tal medida é justifi cada 
pela relevância do interesse público ínsito na demanda e por 
analogia, nos art. 9º da Lei n. 4.717/1965 (GOMES, José Jairo. 
Direito Eleitoral. 2ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. p. 341), 
e nos arts. 82, III e 499, § 2º, CPC. (REsp n. 8.536, Rel. Min. 
Paulo Brossard, DJ 24.03.1993; REspe n. 15.085-MG, Rel. Min. 
José Eduardo Alckmin, DJ de 15.05.1998. No caso, a primeira 
oportunidade em que se poderia dar vista ao Ministério Público para 
que, expressamente, se manifestasse sobre seu interesse em assumir 
a autoria desta ação ocorreu com o despacho datado de 20.08.2009, 
após a decisão monocrática (fl s. 1.902-1.903) que indeferiu o pedido 
de extinção do feito, em razão do pedido de desistência do PTB, 
e o acórdão que confi rmou tal decisão (publicado em 29.04.2009 
fl s. 1.936-1.944). Houve manifestação do Parquet no mesmo dia 
em que recebeu os autos na Secretaria (27.08.2009), não havendo 
falar em preclusão da pretensão ministerial de assumir o polo ativo 
da demanda. Frise-se que o deferimento do pedido de desistência 
ocorreu somente em 08.09.2009 (fl s. 1.977-1.981).
3. O c. Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento do HC 
n. 67.759, DJ 1º.07.1993, Rel. Min. Celso de Mello, tem afi rmado 
que o princípio do promotor natural não existe no ordenamento 
34 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
jurídico brasileiro, com aplicabilidade imediata. Orientação 
reafi rmada no HC 84.468, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 29.06.2007 
e HC n. 90.277, Relª. Minª. Ellen Gracie, DJe 1º.08.2008. No 
mesmo sentido, o e. Tribunal Superior Eleitoral já se manifestou: 
AG n. 8.789-PB, Rel. Min. Eros Grau, DJe de 20.05.2009 e AREspe 
n. 28.468-PB, Rel. Min. Eros Grau, DJe de 13.08.2008.
4. Ainda que fosse admitido o princípio, no caso, a competência 
do c. TSE para julgamento do recurso contra expedição de diploma 
tem natureza originária (ARCED n. 656, Rel. Min. Carlos 
Velloso, DJ 21.11.2003, Referendo MC-DF, Rel. Min. Eros Grau, 
30.09.2009 e 1º.10.2009). Daí decorre a atribuição do Procurador-
Geral Eleitoral para dar continuidade ao RCED (art. 74, II e III, da 
Lei n. 1.341/1951).
5. Embora não tenha sido objeto da decisão agravada, defere-se 
como pedido autônomo o desentranhamento dos documentos de 
fl s. 992-1.884 e 1.999, uma vez que João Alves Filho não integra a 
lide em nenhuma condição.
6. Agravos regimentais não providos.
Às fl s. 1.141-1.142, o e. Ministro Felix Fischer renovou o prazo para 
que o Ministério Público Eleitoral trouxesse aos autos o inteiro teor da AIJE 
n. 08/2006, bem como determinou a intimação dos requeridos para que se 
pronunciassem sobre o seu interesse na produção de prova testemunhal.
Após as manifestações do Parquet (fl s. 1.146-1.147) e de Marcelo 
Déda Chagas (fl s. 1.149-1.156), o e. Ministro Relator originário deferiu 
maior prazo para que o Ministério Público Eleitoral juntasse a prova 
documental pretendida, bem como deferiu a oitiva apenas das testemunhas 
Antônio Fernando Valeriano, Álvaro Joaquim Fraga e Marcos Antônio 
Fontes da Silva.
Foram juntados documentos pelo Ministério Público Eleitoral (fl s. 
1.161-2.112) e deferido pedido de vista aos Recorridos (fl . 2.125).
Marcelo Déda Chagas manifestou-se às fl s. 2.127-2.138 e também 
juntou documentos (fl s. 2.139-2.654).
Em razão do término do biênio do e. Ministro Felix Fischer, os autos 
foram a mim redistribuídos em 14.04.2010 (fl . 2.656).
35
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
Às fl s. 2.659-2.660, Marcelo Déda Chagas requereu a desistência da 
prova testemunhal, o que foi por mim deferido (fl . 2.667). Nesse mesmo 
despacho, determinei às partes que apresentassem alegações fi nais.
O Ministério Público Eleitoral apresentou suas alegações fi nais às fl s. 
2.673-2.683, Marcelo Déda Chagas às fl s. 2.689-2.756, e Belivaldo Chagas 
Silva à fl . 2.761.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior (Relator): Senhor Presidente, 
trata-se de Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED) interposto pelo 
Partido dos Aposentados da Nação (PAN) - Estadual, com base no art. 262, 
IV, do Código Eleitoral, em desfavor de Marcelo Déda Chagas e Belivaldo 
Chagas Silva, respectivamente governador e vice-governador do Estado de 
Sergipe eleitos em 2006, pela suposta prática de atos de promoção pessoal, 
às custas do erário municipal, que caracterizariam propaganda eleitoral 
antecipada e abuso de poder político e econômico.
Passo, inicialmente, ao exame das preliminares suscitadas pelos 
Recorridos.
1. Da possibilidade de apreciação, em Recurso Contra a Expedição 
de Diploma, de matéria examinada em Ação de Investigação Judicial 
julgada improcedenteO Recurso Contra Expedição de Diploma é instrumento processual 
adequado à proteção do interesse público na lisura do pleito, assim como 
o é a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE). Cada uma dessas 
ações, todavia, constitui processo autônomo, com causas de pedir próprias e 
consequências distintas.
Na AIJE, apura-se o uso indevido, desvio ou abuso do poder 
econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida dos meios 
36 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
de comunicação social, de acordo com o estabelecido no art. 22 da Lei 
Complementar n. 64/19903.
O objeto do RCED, por sua vez, é mais amplo em comparação à 
AIJE, a teor do que dispõe o art. 262 do Código Eleitoral4. Além disso, o 
Recurso Contra Expedição de Diploma possui larga dilação probatória, o 
que dá azo à possibilidade de se chegar a conclusão diversa do arremate de 
outras ações eleitorais, mesmo na hipótese de os mesmos fatos terem sido 
analisados. Nesse sentido:
Agravos regimentais. Recurso ordinário recebido como especial. 
Provimento. Recurso Contra Expedição de Diploma. Eleição 
municipal. 2008. Dilação probatória. Possibilidade. Produção de 
prova oral. Indeferimento. Improcedência da ação. Ausência de 
provas. Cerceamento de defesa. Manutenção da decisão agravada.
1. A atual jurisprudência deste Tribunal vem-se orientando 
no sentido de ser cabível a ampla dilação probatória nos recursos 
contra expedição de diploma, ainda que fundados no art. 262, IV, 
do Código Eleitoral, desde que o autor indique, na petição inicial, as 
provas que pretende produzir.
2. Se a produção de provas requerida a tempo e modo pela parte 
não é oportunizada, e a ação é julgada improcedente por insufi ciência 
3 Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral 
poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos 
e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso 
indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de 
veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido 
o seguinte rito:
4 “Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes casos:
I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato;
II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação proporcional;
III - erro de direito ou de fato na apuração fi nal, quanto à determinação do quociente eleitoral 
ou partidário, contagem de votos e classifi cação de candidato, ou a sua contemplação sob determinada 
legenda;
IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova dos autos, nas 
hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei n. 9.504, de 30 de setembro de 1997. (Redação 
dada pela Lei n. 9.840, de 28.09.1999)”
37
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
de prova, confi gurado está o cerceamento de defesa. Precedentes.
3. A ação de impugnação de mandato eletivo, a ação de investigação 
judicial eleitoral e o recurso contra expedição de diploma são 
instrumentos processuais autônomos com causa de pedir própria. 
Precedentes.
4. Os argumentos trazidos no recurso não são sufi cientes a 
ensejar a modifi cação da decisão agravada.
5. Agravos regimentais desprovidos.
(AgR-RO n. 2.359-SP, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 
1º.02.2010)
Ainda, no mesmo sentido: AgR-AI n. 11.734-PA, Rel. Min. Marcelo 
Ribeiro, DJe de 10.12.2009; QO-RCED n. 671-MA, Rel. Min. Ayres 
Britto, DJ de 05.11.2007; AgR-REspe n. 25.301-PR, Rel. Min. Gerardo 
Grossi, DJ de 07.04.2006; AgR-REspe n. 26.276-CE, Rel. Min. Marcelo 
Ribeiro, DJ de 07.08.2008; REspe n. 35.923-SP, Rel. Min. Felix Fischer, 
DJe de 14.04.2010; RCED n. 696-GO, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 
de 05.04.2010; AgR-AI n. 11.734-PA, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 
10.12.2009; AgR-REspe n. 28.025-RJ; Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
DJE de 11.09.2009; RCED n. 703-SC, Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 
1º.09.2009; AgR-AI n. 7.191-BA, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 
de 26.09.2008; REspe n. 28.015-RJ, Rel. Min. José Delgado, DJ de 
30.08.2008.
Portanto, no caso dos autos, não prospera a preliminar apontada 
pelos Recorridos de que seria impossível rever, em sede de Recurso 
Contra Expedição de Diploma, a decisão judicial já proferida em Ação de 
Investigação Judicial Eleitoral, ainda que os fatos sejam comuns a ambas as 
ações.
Rejeito a preliminar.
2. Da alegada necessidade de extinção do processo pela superveniente 
incorporação do Partido dos Aposentados da Nação (PAN) – recorrente 
originário – ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)
Conforme noticiado nestes autos, o Partido dos Aposentados 
da Nação (PAN), Recorrente originário, foi incorporado ao Partido 
38 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
Trabalhista Brasileiro (PTB), nos termos da Resolução-TSE n. 22.519, 
Rel. Min. José Delgado, DJ de 28.03.2007.
Em razão disso, o Recorrido Marcelo Déda Chagas pugna pela 
extinção do feito pela superveniente inexistência do Recorrente.
No ponto, não há o que discutir, porquanto a questão já foi decidida 
incidentalmente por esta c. Corte, que homologou a desistência da ação 
requerida pelo PTB, bem como a assunção do polo ativo da ação pelo Ministério 
Público Eleitoral, como relatado.
Afasto a preliminar.
3. Do litisconsórcio passivo necessário entre os recorridos e seus respectivos 
partidos políticos
A última preliminar levantada pelo Recorrido Marcelo Déda Chagas 
diz respeito à suposta existência de litisconsórcio passivo necessário entre os 
Recorridos e seus respectivos partidos políticos.
O Recorrido baseia-se na premissa de que, sendo os partidos políticos 
os verdadeiros detentores do mandato eletivo, tal como assentado por esta 
c. Corte no julgamento da Consulta n. 1.407-DF, Rel. Min. Ayres Britto, 
DJ de 28.12.2007, a citação dele é imprescindível, por serem litisconsortes 
necessários.
Prima facie, anoto que a hipótese dos autos é diversa daquela 
disciplinada pela Res.-TSE n. 22.610/2007. Nela, a c. Corte Eleitoral, em 
cumprimento à determinação do c. STF5, disciplinou o processo de perda 
de cargo eletivo em decorrência de desfi liação partidária sem justa causa, 
bem como a ação de justifi cação de desfi liação. Tal regramento, portanto, 
teve por objetivo proteger o vínculo entre o candidato e o partido político 
pelo qual se elegeu. Daí a fi delidade partidária. Não por outra razão, o 
principal legitimado a propor a ação é o partido, nos termos do art. 1º, 
caput, da aludida Resolução, verbis:
Art. 1º. O partido político interessado pode pedir, perante 
a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em 
decorrência de desfi liação partidária sem justa causa.
5 Cf. Mandados de Segurança n. 26.602, n. 26.603 e n. 26.604.
39
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
Nos processos que versam sobre cassação de diploma, além de não 
haver disposição legal que imponha o litisconsórcio necessário entre o 
partido e seu candidato/representante, a natureza da relação jurídica não 
permite que se chegue à mesma conclusão acerca da infi delidade partidária. 
A cassação decorrente de abuso de poder, tal como se pleiteia nestes autos, 
não implica a perda ou a restrição de um direito do partido, mas, sim, 
trata-se de consectário lógico da conduta ilícita praticada pelo candidato. 
O diploma, pois, é conferido ao eleito e não ao respectivo partido político, 
que tem prejuízo apenas mediato na hipótese de cassação de mandato de 
seu fi liado, por ter conferido legenda a quem não merecia.
A respeito da ausência de litisconsórcio necessário entre o fi liado 
e seu partidopolítico, o e. Min. Marco Aurélio Mello, assim decidiu no 
REspe n. 11.422-ES, DJ de 12.11.1993:
Distintas são as situações em que se impugna o registro de 
determinado candidato e aqueloutra em que em jogo já se encontra 
o próprio diploma expedido. No que concerne a este, o titular do 
direito substancial é o próprio candidato, não se podendo, ainda 
que se vislumbre legitimação concorrente à defesa, concluir pela 
necessidade da citação do partido político. Descabe cogitar, na 
espécie, da prolação de sentença a surtir efeitos no tocante a pessoas 
diversas. Tenho como desnecessária a citação do partido político, 
razão pela qual concluo pela ausência de vulneração ao artigo 47 do 
Código de Processo Civil, e não conheço do recurso no particular.
A jurisprudência atual do c. TSE converge com o entendimento 
esposado ao assentar que “o litisconsórcio necessário entre o candidato e 
o partido pelo qual concorreu às eleições somente incide na hipótese de pedido 
de perda de mandato por infi delidade partidária, com a disciplina dada pela 
Resolução n. 22.610-TSE.” (destaquei) (RO n. 1.589-RJ, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, DJe de 1º.02.2010).
Trago à colação, ainda, nesse mesmo sentido, os seguintes julgados: 
RCED n. 739-RO, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe 20.05.2010; RCED n. 
743-RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 19.11.2009; RO n. 1.497-
PB, Rel. Min. Eros Grau, DJe de 02.12.2008; AgR-REspe n. 25.910-PR, 
Rel. Min. Gerardo Grossi, DJ de 06.12.2006.
Por essas razões, rejeito a preliminar.
40 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
4. Do mérito
Ultrapassadas as preliminares, examino o mérito da demanda.
Inicialmente, cabe destacar tratar-se de fato incontroverso, nos 
presentes autos, que o governador, ora Recorrido, à época dos fatos objetos 
desta ação, já havia assumido publicamente a intenção de concorrer à 
reeleição.
Os documentos de fl s. 127-141 corroboram as alegações do 
Recorrente nesse sentido. Constituem eles cópias de jornais impressos que 
circulam no Estado de Sergipe, tais como Jornal do Dia, Correio de Sergipe, 
Cinform e Jornal da Cidade, em que há diversas declarações de Marcelo 
Déda Chagas e de seus aliados denotando intuito de concorrer ao Governo 
do Estado.
Fixada tal premissa, passo à análise de cada fato tido por irregular 
pelo Recorrente.
4.1. Do desvirtuamento da publicidade institucional
Alega o Recorrente que Marcelo Déda Chagas, ainda prefeito de 
Aracaju-SE, promoveu “durante todo o mês de março de 2006 uma maciça 
campanha promocional – a título de propaganda institucional do Governo 
Municipal – de todas as realizações da sua gestão à frente do Município de 
Aracaju, ressaltando que ‘em cinco anos Aracaju deu certo para todos’, slogan 
este repetido insistentemente na mídia televisiva, radiofônica e impressa, 
inclusive outdoors, cujas peças publicitárias apresentam conteúdo alheio ao 
obrigatório caráter educativo, informativo ou de orientação social (art. 37 § 
1º da CF), e, ao revés, detêm nítido caráter eleitoreiro, conforme se infere 
dos anúncios de jornais (...) e dos 11 diferentes VTs constantes das fi tas 
anexas (...)” (fl s. 6-7).
Tal matéria, como já salientado ao longo do voto, foi objeto da AIJE 
n. 08/2006, julgada improcedente pelo e. TRE-SE (fl s. 876-898).
Compulsando os autos, verifi ca-se que a publicidade institucional 
consubstanciou-se em: a) publicações na mídia impressa relacionadas a 
melhorias urbanísticas e educacionais promovidas no Município de Aracaju-
SE (fl s. 142-148); b) veiculação de publicidade institucional em rádio 
41
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
e televisão a respeito das realizações da gestão de Marcelo Déda Chagas à 
frente da Prefeitura de Aracaju (degravação na inicial – fl s. 7-11 – mídias 
em formato DVD às fl s. 970-971); c) uso de outdoors com dizeres favoráveis 
a Marcelo Déda Chagas (fl s. 222-223); d) distribuição do informativo 
“Relatório de gestão da assistência social 2005” (fl s. 290-315 e 1.163-
1.189) e do informativo “Aracaju deu certo – Um balanço dos cinco anos 
da administração ‘Aracaju, uma cidade para todos’” (fl s. 241-288).
4.1.1. Da publicidade institucional veiculada em jornais impressos
Para comprovar o aludido desvirtuamento da publicidade 
institucional divulgada em jornais de Sergipe, que teria se transmudado 
em propaganda eleitoral antecipada em favor de Marcelo Déda Chagas, o 
Recorrente trouxe aos autos as cópias de jornais impressos (Jornal da Cidade 
e Jornal do Dia) – fl s. 142-148 (novas cópias foram juntadas às fl s. 1.477-
1.483) –, todos do mês de março de 2006, nos quais há divulgação de obras 
públicas realizadas no município de Aracaju-SE e melhorias na área da 
educação.
Em virtude de o conteúdo das publicações ser semelhante, menciono 
apenas duas, a título de ilustração:
Compromisso
Foi por isso que Aracaju deu certo
Orla do Bairro Industrial
Cartão postal da Zona Norte
Quem chega no Bairro Industrial, fi ca encantado com a beleza da 
nova orla. Tudo isso, graças ao inédito investimento que a Zona Norte 
recebeu em turismo, fazendo gerar novos empregos e movimentando o 
comércio local. Um verdadeiro presente da Prefeitura para todos os 
moradores que acreditaram na mudança e no compromisso desta 
administração em promover orgulho e dignidade para todos.
Aracaju
Prefeitura da Cidade (Jornal da Cidade – 12 e 13.03.2006 – fl . 
144)
Educação
Foi por isso que Aracaju deu certo
42 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
60,9% de aprovação nas escolas públicas
Nos últimos cinco anos o número de matrículas na pré-escola 
aumentou em 25%. Além disso, foram construídas cinco novas 
escolas, entre elas a Escola Municipal de Ensino Fundamental 
Manoel Bonfi m, no conjunto Bugio.
Também foi realizado concurso público para a contratação de 
novos professores e desenvolvido um extenso programa de reforma e 
ampliação das unidades escolares.
A Prefeitura investe em educação porque acredita que assim o 
futuro pode ser muito mais feliz para todos.
Aracaju
Prefeitura da Cidade (Jornal da Cidade – 24.03.2006 – fl . 145)
Estou em que não houve, no ponto, desvirtuamento da publicidade 
institucional. Para melhor compreensão, transcrevo o art. 37, § 1º, da 
Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e efi ciência e, também, ao seguinte:
(...)
§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e 
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, 
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar 
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de 
autoridades ou servidores públicos.
A publicidade dos atos de governo, pois, decorre de princípio 
constitucional, que confere transparência à atividade estatal. A respeito, 
diz J. Cretella Júnior, em Comentários à Constituição de 1988, v. 4, pp. 
2.252-3:
O caráter educativo, informativo ou de orientação social da 
publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos 
órgãos públicos é imposição da regra jurídica constitucional. O 
Chefe do Executivo, ao inaugurar escola ou biblioteca, dará especial 
ênfase ao empreendimento, assinalando a importância educativa do 
43
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
ato. Do mesmo modo, será educativa e informativa toda publicidade 
em torno da importância da instalação de pontos de saúde e de 
vacinação para enfrentar surtos epidemiológicos.
A orientação social também deverá estar presente na publicidade 
de atos e campanhas dos órgãos públicos, dando-se instruções ao 
povo a respeito da importância,para a coletividade, das medidas que 
estão sendo tomadas, no setor visado.
Não se pode olvidar, é bem verdade, que a propaganda institucional 
da administração benefi cia indiretamente o chefe do poder executivo. 
O que não é tolerado pela Constituição é que, à conta de publicidade 
institucional, o administrador se promova. Por essa razão é necessário 
analisar o conteúdo de cada divulgação para verifi car eventual excesso.
Assim, no caso, observo que em nenhum dos informes citados houve 
alusão explícita ao então prefeito de Aracaju-SE ou a uma provável candidatura. 
Embora existissem referências à Prefeitura Municipal de Aracaju, o que é 
até natural, em momento algum houve vinculação entre o órgão e a pessoa do 
então prefeito. O foco das informações está nos empreendimentos realizados no 
Município. Não há promoção de Marcelo Déda Chagas, ora Recorrido, mas 
somente nota, de cunho informativo, à população sobre a gestão pública.
Assim, concluo que, no particular, as provas revelam exclusivo caráter 
informativo do texto, que individualiza obras e melhorias promovidas pelo 
governo municipal, buscando dar publicidade aos empreendimentos estatais 
concretizados, inexistindo qualquer irregularidade.
4.1.2. Da publicidade institucional veiculada em rádio e televisão
O Recorrente argumenta que durante todo o mês de março de 2006 
o Recorrido Marcelo Déda Chagas promoveu, no rádio e na televisão, maciça 
campanha de divulgação de todas as suas realizações na Prefeitura Municipal 
de Aracaju-SE a título de publicidade institucional e às custas do Erário.
Aduz que o slogan “Em cinco anos Aracaju deu certo para todos” foi 
repetido com frequência na publicidade institucional, sem observância dos 
ditames constitucionais previstos no art. 37, § 1º, pois teria havido “nítido 
caráter eleitoreiro” (fl . 7).
44 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
Assevera, ainda, que as peças publicitárias indicadas na inicial “foram 
insistentemente reproduzidas nos dois canais abertos de maior audiência 
em todo o Estado (TV Sergipe e TV Atalaia), em que pese dizerem respeito 
apenas ao município de Aracaju, num total de 650 inserções distribuídas ao 
longo de toda a programação nos trinta dias do mês de março, mormente 
no horário nobre” (fl s. 11-12).
Cabe, então, identifi car se essa publicidade conferiu, como alegado, 
exposição abusiva ao ora Recorrido.
Em que pesem tais alegações, os vídeos (mídias DVD) juntados 
aos autos não fazem referência à fi gura de Marcelo Déda Chagas, então 
prefeito de Aracaju-SE, ora Recorrido – seja à sua imagem ou ao seu nome. 
Limitam-se a divulgar as ações do governo e a informar à população a 
respeito de obras e serviços públicos. Vejamos:
I - Nos DVD’s de fl . 970, nos quais foram gravados 7 VT’s, verifi ca-se 
que as vinhetas divulgam o seguinte conteúdo: 
1) Comercial 7: Recebimento do Bolsa Família por parte de mais de 20 
mil famílias; 2) Comercial 9: Construção de mais quarenta praças no 
Município de Aracaju-SE; 3) Comercial 17: Convite à população para a 
festa de inauguração Hospital Municipal Augusto Franco com show da 
banda Exaltasamba; 4) Comercial 18: Convite à população para a festa 
de entrega das obras da Coroa do Meio com show do cantor Daniel; 5) 
Comercial 19: Entrega do Cemar - Centro de Especialidades Médicas, 
no Bairro Siqueira Campos (com uma breve imagem da inauguração 
com show do cantor Dudu Nobre); 6) Comercial 20: Entrega da Unidade 
de Saúde da Família no Bairro Cidade Nova (a placa de inauguração, 
com o nome do Prefeito Marcelo Déda Chagas, aparece por apenas 1 
segundo); 7) Comercial 21: Entrega do Hospital Municipal da Zona 
Norte (com uma breve imagem da inauguração com show do cantor 
Fábio Júnior).
Ao fi nal de cada uma das vinhetas, o locutor encerrava a 
apresentação com o seguinte slogan: “Prefeitura da cidade. Em cinco anos, 
Aracaju deu certo para todos”.
II - No DVD de fl . 971, no qual foram gravados 22 VT’s, verifi ca-
se que as vinhetas divulgam o seguinte conteúdo:
45
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
1) Urbanização da Avenida São Paulo; 2) Recapeamento de 280km de 
ruas e avenidas; 3) Criação do Samu; 4) Recebimento do Bolsa Família 
por parte de mais de 20 mil famílias; 5) Aumento em 25% do número 
de matrículas na pré-escola; 6) Entrega da Unidade de Saúde da 
Família no Bairro Cidade Nova (a placa de inauguração, com o nome 
do Prefeito Marcelo Déda Chagas, aparece por apenas 1 segundo); 
7) Entrega do Cemar - Centro de Especialidades Médicas, no Bairro 
Siqueira Campos (com uma breve imagem da inauguração com show 
do cantor Dudu Nobre); 8) Reurbanização da Coroa do Meio; 9) 
Construção da Orla do Bairro Industrial; 10) Clipe promocional do 
Município de Aracaju6; 11) Convite à população para a festa de entrega 
do Cemar com show do cantor Dudu Nobre; 12) Convite à população 
para a festa de entrega das obras da Coroa do Meio com show do cantor 
Daniel; 13) Convite à população para a festa de entrega do Hospital da 
Zona Norte com show do cantor Fábio Júnior; 14) Convite à população 
para a festa de entrega do Hospital Municipal Augusto Franco com 
show da banda Exaltasamba; 15) Convite à população para show da 
cantora Ana Carolina em comemoração aos 151 anos de Aracaju-SE; 
6 Letra da música de fundo:
“Sentimentos são momentos, são memórias,
dentro de um peito aberto 
que não se perdem com o tempo porque a história
reserva um lugar certo
para quem transformou a confi ança
na mais pura satisfação
para quem trabalhou com perseverança
e com o coração
Sou feliz, sou feliz, sou feliz aqui
Meu sorriso refl ete a vida de quem viu Aracaju progredir
Sou feliz, sou feliz, sou feliz aqui
Bata no peito e diga Aracaju sou feliz aqui
Sou feliz, sou feliz, sou feliz aqui
Bata no peito e diga Aracaju sou feliz aqui.”
46 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
16) Convite à população para a festa de entrega das obras realizadas no 
loteamento Ângela Catarina com show do cantor Agnaldo Timóteo; 
17) Convite à população para a festa da entrega da recuperação 
ambiental do Morro do Avião e da pavimentação de ruas do Conjunto 
Padre Pedro com show do cantor Luiz Caldas; 18) Convite para a 
cerimônia de transmissão do cargo de prefeito em virtude da renúncia 
de Marcelo Déda Chagas; 19) Apresentação da política de habitação 
do Município de Aracaju-SE; 20) Entrega do Hospital Municipal 
da Zona Norte (com uma breve imagem da inauguração com show 
do cantor Fábio Júnior); 21) Construção de mais quarenta praças no 
Município de Aracaju-SE; 22) Reurbanização do Bairro Santa Maria, 
macrodrenagem e recuperação do Morro do Avião, pavimentação de 
ruas, abertura de novas avenidas, construção de canais, casas populares, 
escolas e espaços de lazer.
Ao fi nal das vinhetas, exceto a de n. 18, o locutor encerrava a 
apresentação com o seguinte slogan: “Prefeitura da cidade. Em cinco anos, 
Aracaju deu certo para todos”.
Do material colacionado pelo Recorrente, à exceção dos convites 
destinados à população para os shows de inauguração de obras, que serão 
analisados em tópico a seguir (4.2), extrai-se o exclusivo caráter informativo 
do texto, ao identifi car as obras realizadas pelo governo e os serviços 
que se encontravam disponíveis para a população. Por meio do informe 
publicitário, buscou-se dar publicidade sobre atos e empreendimentos 
estatais concretizados, identifi cando o responsável e realizador, no caso o 
governo municipal de Aracaju-SE.
Não houve promoção da fi gura do então prefeito municipal Marcelo 
Déda Chagas, ora Recorrido. A propaganda institucional limitou-se a 
informar, de modo geral, à população, sobre a gestão pública. Verifi ca-se 
que a ênfase da mensagem estava na obra, no empreendimento ou serviço 
realizadopelo Município de Aracaju-SE, não se vislumbrando a presença 
de informes publicitários que extrapolassem os limites permitidos pela 
Constituição Federal.
Quanto à alegação de que o Recorrido teria utilizado o slogan 
“Aracaju deu certo para todos” em sua campanha ao governo do Estado, não 
há prova nos autos.
47
Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
No que se refere à importância de R$ 474.355,29 (quatrocentos 
e setenta e quatro mil, trezentos e cinquenta e cinco reais e vinte e nove 
centavos) despendida com a publicidade institucional do Município de 
Aracaju-SE no mês de março de 2006, embora tenha sido elevada, não é 
sufi ciente, isoladamente, para a caracterização do abuso, mormente porque 
a veiculação observou os limites impostos pela Constituição Federal (art. 37, 
§ 1º).
Na espécie, não foi demonstrado o eventual proveito à candidatura 
do Recorrido em razão dos supostos gastos excessivos nem mesmo com 
provas indiretas, motivo pelo qual é improcedente a alegação de abuso.
Como esclarecido anteriormente, possível que a publicidade 
institucional seja desvirtuada para o enaltecimento de determinada pessoa 
pública. Todavia, na espécie em exame, o foco do conteúdo da divulgação 
não mirava o então prefeito, ora Recorrido, mas, como demonstrado, as 
obras realizadas em sua gestão à frente da Prefeitura de Aracaju-SE que 
chegava ao fi m.
Assim, no caso concreto, tendo em conta o exclusivo caráter 
informativo da divulgação, torna-se irrelevante para efeito de abuso de 
poder o fato de a publicidade ter sido veiculada por centenas de vezes 
(frise-se: apenas durante o mês de março de 2006), já que sequer houve 
promoção pessoal ou propaganda subliminar em favor do ora Recorrido 
Marcelo Déda Chagas.
4.1.3. Da suposta publicidade institucional veiculada em outdoors
Sustenta o Recorrente que Marcelo Déda Chagas utilizou-se de 
propaganda institucional em seu favor também por meio de outdoors.
Contudo, da análise das provas carreadas aos autos, não se pode 
chegar à conclusão pretendida pelo Recorrente.
Às fl s. 222-223 (novas cópias às fl s. 1.557-1.558), existem apenas 
quatro cópias de fotografi as dos mencionados engenhos publicitários, que 
veicularam as seguintes mensagens: “Valeu, Déda. Aracaju continua com 
você” e “Valeu Déda. Os aracajuanos estarão sempre ao seu lado”.
48 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
Para que tal publicidade fosse considerada institucional era 
imprescindível a comprovação de que seu gasto foi custeado pela 
Administração, o que, na espécie, não foi demonstrado. Ao contrário, 
extrai-se do ofício de fl s. 341-343, assinado pelo representante da empresa 
Aracaju Outdoor Ltda., responsável pela confecção das peças publicitárias, 
que o Diretório Estadual do Partido Comunista do Brasil (PC do B) 
subvencionou a feitura de dez outdoors em homenagem a Marcelo Déda 
Chagas. Outros dez teriam sido veiculados “a título de bonifi cação” (fl . 342). 
Logo, comprovado que o custeio do material publicitário, (sem cunho eleitoral, 
diga-se de passagem), deu-se com dinheiro privado, concluo que não houve 
publicidade institucional.
Sobre o tema, colaciono a doutrina de José Jairo Gomes:
(...) a publicidade institucional dever ser realizada para divulgar de 
maneira honesta, verídica e objetiva os atos e feitos da Administração, 
sempre se tendo em foco o dever de bem informar a população. 
Para confi gurar-se, deve ser custeada com recursos públicos e autorizada 
por agente público. A propaganda paga com dinheiro privado não é 
institucional (destaquei) (GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 4 
ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 348).
Essa também é a jurisprudência do c. TSE. Confi ra-se: AgR-REspe 
n. 25.085-SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 10.03.2006; 
AG n. 5.565-SP, Rel. Min. Caputo Bastos, DJ de 26.08.2005.
Por outro lado, não há qualquer outro elemento nos autos que permita 
reconhecer a ocorrência de abuso de poder econômico decorrente de promoção 
pessoal, pois foram apresentadas cópias de fotografi as de apenas quatro 
outdoors sem a indicação do alcance da divulgação.
Logo, descabe falar em abuso de poder.
4.1.4. Da confecção e distribuição do informativo “Relatório de Gestão 
da Assistência Social 2005” e do “Aracaju deu certo – Um balanço dos 
cinco anos da administração ‘Aracaju, uma cidade para todos’”
O Recorrente defende que Marcelo Déda Chagas confeccionou às 
custas do Erário “Relatório de Gestão de Assistência Social 2005”, no qual 
haveria destaque para o nome e imagem do Recorrido.
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Ministros do STJ no TSE - Ministro Aldir Passarinho Junior
Da mesma forma, alega o Recorrente que o informativo “Aracaju 
deu certo – Um balanço dos cinco anos da administração ‘Aracaju, uma 
cidade para todos’” feriria o princípio da impessoalidade, seja pelo relevo 
que foi dado à assinatura do então prefeito, ora Recorrido, seja pelo 
confronto entre as obras realizadas pelo Poder Público municipal daquela 
época e seus predecessores.
Em primeiro lugar, ressalto é incontroverso nos autos que tanto o 
“Relatório de Gestão de Assistência Social 2005” quanto o informativo 
“Aracaju deu certo” foram confeccionados e distribuídos pela Administração 
Municipal de Aracaju, ainda na gestão de Marcelo Déda Chagas.
Deve-se, então, perquirir se houve desvirtuamento da fi nalidade da 
publicação.
A leitura dos documentos de fl s. 290-315 e 1.163-1.189 não deixa 
dúvida. De fato, o impresso institucional “Relatório de Gestão da Assistência 
Social 2005” possui cunho informativo, de prestação de contas do trabalho 
realizado na gestão municipal, que atende ao princípio da transparência, 
tão caro à Administração Pública.
Da análise dos documentos juntados aos autos, extrai-se que o 
impresso, publicado em março de 2006, no fi m da gestão de Marcelo Déda 
Chagas, teve o propósito de apresentar a política de assistência social do 
Município de Aracaju-SE, destacando as ações promovidas pela Secretaria 
de Assistência Social e Cidadania daquela municipalidade.
Dentre tais ações veiculadas, destacam-se: a política de proteção 
ao idoso, a atuação fi scalizatória da Prefeitura Municipal em relação à 
distribuição do Bolsa Família, a criação da Rede Cidade Criança de serviços 
e programas voltados à criança e ao adolescente, o crescimento do Programa 
de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) no Município de Aracaju-
SE, o combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, a 
divulgação das atividades dos Centros de Referência da Assistência Social 
(CRAS), além de outras ações relacionadas.
Conquanto o conteúdo do informativo atenda, a princípio, ao 
propósito de divulgação das atividades desempenhas pelo Município, alega-
se que a imagem do então prefeito Marcelo Déda Chagas foi atrelada ao 
desempenho da Secretaria de Assistência Social e Cidadania, através da 
veiculação de seu nome e fotografi a no folheto.
50 MSTJTSE, a. 3, (7): 13-107, agosto 2011
Abuso do Poder Econômico ou Político
No mencionado Relatório, em duas oportunidades, fl s. 292 e 295, 
há a fotografi a do Recorrido.
Na primeira, fl . 292, a imagem do prefeito Marcelo Déda Chagas 
aparece no canto superior direito da página, acima da apresentação feita 
por ele próprio dos avanços conquistados pela cidade de Aracaju na seara da 
assistência social.
Na segunda, fl . 295, há uma pequena fotografi a do prefeito ao lado 
de um adolescente.
Em outras três passagens, às fl s. 298 (por duas vezes) e 308, faz-se 
referência ao nome do prefeito. Transcrevo-as:
2. A Cidade-Criança
A gestão de Marcelo Deda, desde o seu início, optou pela proteção 
à criança como política púbica estratégica de assistência social. 
Signifi ca que aceitou a responsabilidade de cuidar da criança e do 
adolescente como medida preventiva, garantindo-lhes

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