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Estado de Minas 01.05.2020

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771809 9870699
ISSN 1809-9874
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●● M G : R $ 2 , 5 0 ●● N Ú M E R O 2 8 . 3 3 3 ●● F E C H A M E N T O D A E D I Ç Ã O : 2 2 H 3 0
B E L O H O R I Z O N T E , S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0
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COVID-19
●● Pesquisa britânica mostra que Brasil tem maior taxa de contágio do mundo
●● Rio de Janeiro e São Paulo esperam colapso iminente do sistema de saúde
●● Ministro da Saúde afirma ser possível o país registrar 1.000 mortes diárias
Aumento de pacientes infectados, de mortes e de alertas de
saturamento da rede pública mostra que a situação caminha para um
drama ainda maior. Dois dias após superar a China em óbitos, o Brasil
ultrapassou ontem o país asiático em casos. A expansão da COVID-19
aparece em estudo do renomado Imperial College de Londres. Segundo
os britânicos, a taxa brasileira de contaminação é a maior entre 48
países analisados. Em meio a incertezas, cenas como esse enterro em
São Paulo ((aacciimmaa)), no qual parentes e coveiros são obrigados a usar
máscaras, se espalham por capitais como Rio de Janeiro e Manaus.
Sem remédios ou vacinas contra a COVID-19, infectologistas afirmam
que o momento é de reforçar o isolamento social, em vez de pensar em
flexibilização. Países que adotaram restrições mais drásticas e de forma
precoce, como Paraguai e Nova Zelândia, comemoram queda drástica de
pacientes internados e iniciam o retorno gradual das atividades. O ex-
ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta lamentou em sua conta no
Twitter o agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil.
“Sempre foi uma previsão que torci para não se cumprir, que trabalhei
para evitar, mas que infelizmente estamos vivendo”. PÁGINAS 5 E 15
85.380 CASOS
5.901 MORTES
1.827 CASOS
82 MORTES
BOLSONARO ATACA ISOLAMENTO E QUER FUTEBOL
O QUE BH DEVE FAZER PARA CONTINUAR FORA DA CURVA
O presidente Jair Bolsonaro criticou governadores
durante sua transmissão semanal pela internet e
disse que o isolamento social contra a COVID-19 foi
“inútil”. “Pelo que parece, todo empenho para
achatar a curva (de crescimento dos casos) foi inútil.
Qual a consequência colateral disso? Desemprego. O
povo quer voltar a trabalhar”, afirmou, sem
apresentar dados para comprovar.
O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da
Saúde defendem o isolamento social, pois, sem ele, os
números seriam maiores. Bolsonaro defendeu ainda
a volta de partidas de futebol e disse que jogadores
têm risco pequeno de morrer se forem infectados.
Pela manhã, o presidente atacou o ministro do STF
Alexandre de Moraes, por barrar nomeação para a
Polícia Federal. PÁGINAS 3 A 5
Em situação relativamente mais confortável que outras capitais,
Belo Horizonte precisa manter as restrições de circulação de pessoas
e elevar o número de testes se quiser manter esse quadro, na
avaliação de especialistas. “O isolamento social e as medidas tomadas
a tempo resultaram em uma redução brutal nos casos que
esperávamos”, avalia o infectologista Carlos Starling.
De acordo com o médico, BH tem 32% dos leitos destinados ao
tratamento da COVID-19 ocupados. “Nós estamos em plena
batalha, não estamos de forma nenhuma confortáveis. Se você
relaxou hoje, em uma ou duas semanas vamos colher esse fruto,
que é o tempo de incubação”, afirma Starling, que não considera ser
o momento de bloqueio total (lockdown). PÁGINA 8
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ESTAMOS
PERDENDO
A BATALHA
●● Ministro do STF Celso de Mello determina que a Polícia Federal ouça Sergio Moro num prazo de cinco dias. PÁGINA 3
E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0
OPINIÃO E - M A I L : o p i n i a o . e m @ u a i . c o m . b rT E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 3 7 3
6
Socorro
e diálogo
O diálogo é sempre o melhor caminho para se encontrar a
solução mais adequada para atender aos interesses das par-
tes envolvidas em uma disputa, a exemplo da ajuda do Planal-
to aos estados e municípios, que vem se arrastando após a
eclosão da crise provocada pela pandemia do novo coronaví-
rus. Sem a ajuda federal, os demais entes federados não terão
condições econômicas e financeiras para atravessar tempos
tão turbulentos quanto os atuais. Diante disso, é promissor o
acordo que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presi-
dente do Senado, Davi Alcolumbre, chegaram, ontem, para a li-
beração do socorro aos governadores e prefeitos, cujos cofres
encontram-se totalmente vazios e não podem, como a União,
imprimir dinheiro.
De acordo com a proposta da equipe econômica, estados e
municípios serão beneficiados, diretamente, com R$ 60 bi-
lhões pagos em quatro parcelas, sem qualquer intermediação.
Antes, o governo ofereceu R$ 40 bilhões, cifra considerada pe-
quena no Congresso. Os recursos sairão direto do Tesouro Na-
cional para os cofres das administrações estaduais e munici-
pais, sendo R$ 10 bilhões para o enfrentamento à COVID-19 –
R$ 7 bilhões para os caixas dos estados e do Distrito Federal e
R$ 3 bilhões para os municípios.
O socorro deve-se à queda do desempenho econômico em
todo o país, o que vem refletindo nas receitas de todos as uni-
dades federativas. A ideia é que
os outros R$ 50 bilhões sejam dis-
tribuídos da seguinte forma: me-
tade para estados e o Distrito Fe-
deral e a outra metade para os
municípios.
Em troca da ajuda que pode
chegar a R$ 130 bilhões – além do
repasse direto de recursos haverá
perdão temporário de dívidas e
outros incentivos anunciados an-
teriormente –, o governo conse-
guiu o compromisso de que os
salários dos servidores públicos
ficarão congelados por 18 meses.
As exceções, no período da pan-
demia, ficam por conta dos profissionais diretamente liga-
dos ao combate ao novo coronavírus, como médicos e enfer-
meiros. Os reajustes poderiam ser feitos através de gratifica-
ções temporárias. Outra categoria que deverá ser incluída
na lista de exceções é a dos policiais.
Nos cálculos dos técnicos do Ministério da Economia, a sus-
pensão dos aumentos salariais, por 18 meses, deve gerar uma
economia de cerca de R$ 130 bilhões. A empresários, Paulo
Guedes afirmou que esses recursos poderão ser aplicados em
áreas críticas, como saúde e saneamento, no combate à CO-
VID-19. No entanto, fica proibida sua utilização para outros
fins, como aumento dos salários, principalmente em um ano
eleitoral. A proposta, aceita pelo presidente do Senado, deve-
rá ir a votação em plenário amanhã, o que é raro na Casa por
ser sábado, e encaminhada à Câmara dos Deputados, que já
tinha debatido e alterado uma outra proposição da equipe
econômica. Agora, o que se espera é que o diálogo também
prevaleça para a aprovação final do projeto, em prol de toda
a população brasileira.
O governo
conseguiu o
compromisso
de que os
salários dos
servidores
públicos ficarão
congelados por
18 meses
ESTADO DE MINAS
F U N D A D O E M 7 D E M A R Ç O D E 1 9 2 8
EDITORIAL
FUNDADOR DOS DIÁRIOS ASSOCIADOS: ASSIS CHATEAUBRIAND
DIRETOR-PRESIDENTE: ÁLVARO TEIXEIRA DA COSTA
DIRETOR-EXECUTIVO: GERALDO TEIXEIRA DA COSTA NETO
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DIRETOR DE REDAÇÃO: CARLOS MARCELO CARVALHO
DIRETORA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA: SÔNIA MÁRCIA SOUZA SILVA CAMPOS
EDITOR-GERAL: JOÃO BOSCO MARTINS SALLES
EDITORA-EXECUTIVA: RENATA NEVES
CONSELHO EDITORIAL: FÁBIO PROENÇA DOYLE
Quem manda sou eu e
eu quero o Ramagem lá
■■ Jair Bolsonaro, presidente da República, ao criticar a decisão do STF de impedir
a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal
Se os outros fizessem tantos
testes quantos nós, os números
seriam diferentes
■■ Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ao tentar justificar o número
elevadode casos da COVID-19 em seu país, o maior do mundo
FRASES
EESSPPAAÇÇOO DDOO LLEEIITTOORR
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POLÍTICA
Erros de Bolsonaro
não são uma surpresa
Rafael Moia Filho
Bauru – SP
"Quem poderia imaginar que após
demitir o presidente do Inpe,
sucatear o Ibama, calar o Coaf,
indicar um manso para a PGR e
demitir Mandetta, ex-ministro da
Saúde, em plena pandemia do novo
coronavírus, fosse capaz de intervir
na PF em favor da família e amigos
do condomínio, e até num decreto
do Exército? Quem poderia
imaginar que no lugar do Moro
fosse indicado alguém amigo dos
filhos de Bolsonaro, assim como
será o indicado a delegado-geral da
Polícia Federal, que até réveillon já
passou com Carlos Bolsonaro?
Meritocracia? Fim da mamata?
Escolhas de ministros técnicos? Fim
da troca de cargos com políticos e
partidos? E você acreditou?"
DITADURA
Ato pela democracia
orgulha o brasileiro
João Baptista Herkenhoff
Vitória
"Leio em jornais que Fernando
Henrique Cardoso, Lula e outros
líderes estarão unidos numa
manifestação nacional, a ocorrer em
1º de maio, a favor da democracia,
contra a ditadura. Se
esse ato de união nacional
concretizar-se, o Brasil está de
parabéns. Apesar disso, temos de
prezar pela segurança e manutenção
da quarentena. Então, que a
manifestação seja feita
de forma correta."
DEMISSÃO
A surpreendente saída
de Moro do governo
José Carlos Saraiva da Costa
Belo Horizonte
"O ex-ministro da Justiça e
Segurança Pública Sérgio Fernando
Moro pediu demissão do cargo, pois
não considerava justificável a
exoneração de Maurício Valeixo do
cargo de diretor-geral da Polícia
Federal (PF). Segundo Moro, o
presidente Jair Bolsonaro
não apresentou uma causa
consistente para tal exoneração. Moro
considera que a indicação do diretor
da PF deve se basear em habilidades e
conhecimentos técnicos, sem
interferência política. Salientou, ainda,
que sempre foi fiel ao compromisso
assumido com Bolsonaro, desde o
início dos trabalhos, em 2019.
Afirmou que o presidente não
cumpriu o compromisso da mesma
forma. Moro defende que a PF deve ter
autonomia e independência para
executar as suas funções."
BANCOS
Planos econômicos no
período de pandemia
Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha – ES
"O governo, antecipando saques no
FGTS, quer capitalizar a
população,
girar a roda econômica e
amenizar o impacto da COVID-19.
Como consequência de
planos econômicos passados,
há muita grana dos correntistas
liberada judicialmente, mas
retidas pelos bancos.
Os lucros dos bancos são
enormes. O que o governo está
esperando para obrigar o
pagamento?"
PELA INTERNET
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QUINHO
●● BOLSONARO DIZ QUE O PAÍS FICOU À BEIRA DE UMA
CRISE INSTITUCIONAL E DESAFIA MINISTRO DO STF
"Acho ótimo colocarem entre parêntese SEM PARTIDO! Acho que
chegou a hora de refletirmos sobre nosso país e nós mesmos com
nossas escolhas partidárias em 520 anos."
■■ Lidia Batista do Santos
"Você é o maior vírus do século, Bolsonaro!"
■■ Arlan Cetano
●● MORO FAZ CONTRAPONTO A BOLSONARO
AO FAZER ALERTA: ''CUIDE-SE!''
"Mais um que vai virar político..."
■■ Pablo Oliveira
●● CIENTISTAS ALERTAM TEICH: SEM AÇÕES MAIS
EFETIVAS, COLETIVAS SE LIMITARÃO A ATUALIZAR MORTES
"Ele está mais perdido que cego em tiroteio! Mais algumas semanas e
se perguntar o nome dele... ele irá procurar no gráfico."
■■ Claudete Diamante Ferreira
"Ele foi colocado lá exatamente para isso: não fazer nada!"
■■ Alan Fontes
"Parabéns pelo discurso verdadeiro como uma nota de três reais"
■■ Marina Pacheco
"Não espere nada desse daí, porque até medo de abrir a boca ele
tem. Porque sabe que não pode desapontar o presidente."
■■ Janaina Silva
●● À RÁDIO, BOLSONARO DIZ QUE PODE TER PEGO
CORONAVÍRUS E REITERA CRÍTICAS A MORAES
"E vaso ruim quebra? O brasileiro não tem assistência médica igual o
político tem. Se Bolsonaro estiver com COVID-19, ele tem uma junta
médica para atendê-lo. E o eleitor?"
■■ Ariana
●● BRASIL PODE DOBRAR MORTES ATÉ DOMINGO E
ESTUDO APONTA PIOR SITUAÇÃO NO MUNDO
"Os doentes da cognição já chegaram aqui pra falar idiotices! Cinco
mil pessoas, seres humanos mortos! E ainda temos que ler gente
louca, maldosa, que duvida ou finge duvidar dessa doença e seu
rastro de morte!!"
■■ Tânia Carvalho
Selo de solidariedade
olidariedade é o qualificado selo
de autenticidade da cidadania, é
o olhar humano nobre, dirigido
ao pobre e ao vulnerável, que
inspira a compaixão, alicerçando
gestos de partilha capazes de re-
novar esperanças. Dos cristãos, a
solidariedade é selo de autentici-
dade da fé. Muitos se dizem reli-
giosos, se inscrevem em diferentes confissões,
mas somente quem é solidário vivencia, genuina-
mente, o cristianismo. O ensino do Novo Testa-
mento, com raízes profundas na tradição judaica
do Antigo Testamento, interpela cada pessoa que
se propõe a seguir Jesus com a exigência da soli-
dariedade.
Jesus Cristo é o Deus da solidariedade, o filho
do Pai solidário com a humanidade sofredora e
submersa na condenação do pecado. O coração
que se abre à ação do Espírito Santo, à Trindade, é
inspirado a agir de forma sempre solidária, com
palavras que consolam, a partir de gestos corajo-
sos e considerando que o outro, o irmão, é sempre
mais importante – um princípio da moralidade
cristã. Não há, pois, outro caminho para a civiliza-
ção contemporânea. A única via possível é a da so-
lidariedade. Se não for trilhada, a humanidade
continuará a ser atormentada, de modo devasta-
dor, por pandemias. No sofrimento, perceberá que
não adianta acumular riquezas para vencer a mor-
te. O mal só se vence com a luz da efetiva solida-
riedade. Uma luminosidade capaz de debelar até
mesmo a morte, conforme ensina a ressurreição
de Cristo.
Estranha muito, e certamente revela perversi-
dades, escolhas equivocadas, quando alguns cris-
tãos agem como se tivessem medo da solidarieda-
de. Fecham-se às ações solidárias, sentem-se
ameaçados nas fronteiras impostas por seus pró-
prios egoísmos doentios. Passam a caluniar a soli-
dariedade, para enfraquecê-la, valendo-se de este-
reótipos obsoletos e inadequados, vinculados a
ideologias políticas sem consistência. Assim pro-
cedendo, talvez sem perceber e sem se dar conta
de que estão se contrapondo à solidariedade, es-
sas pessoas habitam no terreno de outras ideolo-
gias políticas igualmente perversas, que alimen-
tam a indiferença em relação aos pobres, aos tra-
balhadores da cidade e do campo.
A doutrina social da Igreja Católica convoca os
cristãos a se sensibilizarem diante da humanidade
ferida, que não encontrará a sua cura em uma eco-
nomia gananciosa. A recuperação somente virá a
partir de novas configurações fundamentadas na
solidariedade, no respeito, no amor. Mas o amor
cristão exige o compromisso de denunciar o que
está errado e ajudar no desenvolvimento de novos
projetos nos campos social, cultural e econômico,
capazes de garantir a todos o direito e a justiça. O
ciclo novo que se espera ao final dessa pandemia
do novo coronavírus necessita da inspiração de
um humanismo integral e solidário.
Não pode prevalecer a mesquinhez nos mais
diferentes grupos ou mesmo na interioridade de
mum e da justiça. Trata-se de um longo caminho
de purificação para vencer o acúmulo de vícios e
práticas abomináveis – manipulação, iniciativas
motivadas por interesses espúrios, perpetuação
de privilégios e submissão ao dinheiro, por medo
ou conivência.
A solidariedade é a luz que precisa revisitar
mentes, corações, contextos diversos, a exemplo
de tribunais, mesas executivas, esferas variadas da
conjuntura cidadã. Estre esses está o mundo do
trabalho, que merece especial atenção. É preciso
um olhar solidário para reconhecer a importância
e, assim, respeitar trabalhadorese trabalhadoras,
considerando a sacralidade de seus direitos e de
sua dignidade. Neste Dia do Trabalho, importan-
te mais uma vez retomar o que ensina a doutrina
social da Igreja Católica, para que as mudanças em
curso não ocorram de modo determinista. Seja a
humanidade protagonista das transformações al-
mejadas e cada pessoa torne-se reconhecida como
protagonista de seu trabalho. Modos mecanicis-
tas e economicistas de ordenamento social são pe-
rigosos. Em vez de propostas inadequadas, pouco
lúcidas e que desrespeitam a dignidade humana,
particularmente do trabalhador, a humanidade é
convocada a priorizar o selo da solidariedade.
cada pessoa. No coração humano deve habitar a
voz da solidariedade, que corrige rumos, alarga
horizontes de modo iluminador, exigindo novas
lógicas e práticas. O coração solidário salva a men-
te de escolhas políticas obscurecidas, enraizadas
em fanatismos ou na escravidão ao dinheiro. A
oportunidade de consolidar um ciclo novo para a
humanidade depende de muitos e de cada um.
Precisa de lúcida e qualificada participação, parti-
cularmente das instâncias governamentais, legis-
lativas e judiciárias a serviço do povo, do bem co-
Não pode prevalecer
a mesquinhez nos
mais diferentes grupos
ou mesmo na
interioridade de
cada pessoa
Pandemia:
educar e se
descobrir
Dizem que as mulheres são
muitas em uma só. Venho, a ca-
da dia, descobrindo em mim
mais e mais faces de ser mulher,
vejo que posso descobrir quali-
dades e tirar muitas alegrias de-
las. E assim tem sido desde que
me coloquei como educadora.
Educar é um desafio, pois te-
mos que penetrar em mundos
diferentes, entender pessoas de
todas as situações e estilos de vi-
da, inseridas em um só grupo. Ao
educar, estamos sempre mudan-
do, evoluindo, atualizando, adap-
tando, personalizando, e nesse
processo temos que combinar a
rotina profissional e pessoal.
Porém, diante de desafios,
como o isolamento social pro-
vocado pelo novo coronavírus,
somos estimulados a crescer.
Somos impulsionados a enfren-
tar mudanças. Nesse tempo de
pandemia, nossa casa deixou de
ser "apenas" nosso lar e passou a
ser sala de aula para ensinar e
aprender.
No início da quarentena, au-
las on-line, gra-
var vídeos, mi-
crofone, webcâ-
mera, platafor-
mas interativas,
entre outros, que
para mim eram
uma realidade
distante, se tor-
naram, da noite
para o dia, alia-
dos importantes.
Não posso dizer
que não foi desa-
fiador, mas edu-
car é assim.
Encarei o de-
safio e me colo-
quei a aprender
rapidamente co-
mo educar sem o contato físico.
Como estar com tantos alunos e
saber se estavam absorvendo o
necessário. Trabalhei com as fer-
ramentas novas e outras já bem
conhecidas, como aplicativos de
mensagens e e-mail e, dentro
desse mundo novo, descobri o
quanto essa realidade digital era
importante. Coloquei casos prá-
ticos como testes e gravei as cor-
reções, para no outro encontro
poder tirar dúvidas, e o retorno
foi sensacional.
Pude acompanhar, mesmo
que pela tela do computador,
questões de alunos que estavam
realmente interessados, que es-
tavam "quebrando a cabeça", co-
mo escutei de uma aluna. Tam-
bém pude acompanhar por ava-
liações o desenvolvimento entre
um exercício e outro.
Percebi que conteúdos, hoje
em dia, estão de fácil acesso aos
alunos sim! O que precisamos é
ensiná-los a usar. Como Albert
Einstein já dizia: "Educar, verda-
deiramente, não é ensinar fatos
novos ou enumerar fórmulas
prontas, mas sim preparar a
mente para pensar". E isso, deve-
mos prezar nas aulas, presencial-
mente ou não.
O desafio de educar por plata-
formas digitais trouxe mais
chances de oferecer aos alunos a
oportunidade de aprender, mes-
mo em um mundo colapsando.
O que era visto como ferramenta
de distanciamento social se tor-
nou um instrumento de união
entre educadores, educandos e o
futuro. E eu continuo a descobrir
outras habilidades em mim.
O desafio de
educar por
plataformas
digitais
trouxe mais
chances de
oferecer aos
alunos a
oportunidade
de aprender
S
COVID-19 e a especialidade vascular
E o mundo virou de cabeça para baixo. De re-
pente, nossos pacientes crônicos que fazem con-
trole regular de suas patologias vasculares, com
medo da epidemia, sumiram dos nossos consul-
tórios, ambulatórios e do nosso monitoramen-
to. O momento é de angústia e incerteza. Porém,
temos que colocar na balança os riscos e benefí-
cios e entender que, às vezes, o que sentimos ou
apresentamos podem ser pior que a COVID-19.
Sabemos como é difícil a decisão de buscar auxí-
lio médico ou ficar em casa em isolamento so-
cial. Na especialidade vascular, lidamos com
doenças degenerativas que, mesmo bem cuida-
das, progridem lentamente. Nossos pacientes,
ou uma boa parte, são do grupo de risco para a
COVID-19, e são exatamente esses que também
têm risco de ficar sem a nossa atenção.
Tenho conversado com diversos colegas do
Brasil inteiro, que relatam que os casos de fe-
ridas infectadas, principalmente nos diabéti-
cos, têm chegado aos hospitais em estado
avançado de comprometimento e, assim sen-
do, evoluindo mal e, com isso, aumentando o
número de amputações e até mortes que po-
deriam ser prevenidas se o atendimento fosse
feito precocemente. Também temos pacientes
com doença arterial periférica controlada que
podem se agravar com um quadro de trombo-
se arterial, com risco de perda de membro se
não houver intervenção imediata. Temos tido
relatos de casos de pacientes que chegam aos
hospitais já com necrose de dedos e dor inten-
sa. Pacientes portadores de aneurisma, que fa-
zem acompanhamento regular, devem manter
esse controle. Pacientes que têm um edema
súbito de perna, com endurecimento da mus-
culatura da panturrilha e, às vezes, por medo,
tendem a diminuir a importância do sintoma
e falar que é uma distensão ou que pisou erra-
do, podem estar diante de uma trombose ve-
nosa profunda aguda, que pode levar a proble-
mas sérios se não reconhecida e tratada. Te-
mos, também, pacientes que fazem uso de me-
dicação anticoagulante com controle periódi-
co e que precisam desse controle, pois correm
o risco de uma hemorragia.
Além dos pacientes crônicos, que podem ter
seus problemas agudizados, temos uma inter-
face nova com a epidemia de COVID-19, que
são sintomas de microtromboses de pequenos
vasos de extremidade ou cutâneas que podem
aparecer ainda no começo da infecção e que
ajudam a corroborar no diagnóstico da doença.
Também temos colaborado com nossos cole-
gas intensivistas e clínicos na avaliação dos ca-
sos de tromboses em pacientes de COVID-19, e
seu tratamento, que tem particularidades que
ainda estamos estudando e aprendendo. En-
fim, estamos atentos aos novos estudos cientí-
ficos que têm surgido sobre o tema, mas que-
remos, também, zelar pelos nossos pacientes
antigos, outrora bem controlados e que po-
dem, neste momento, por um medo excessivo,
deixar passar o período mais adequado de se-
rem bem cuidados e submetidos a uma inter-
venção precoce antes do agravamento do qua-
dro. Qualquer sintoma novo que possa apare-
cer, como dor forte, edema, mudança de colo-
ração ou temperatura de uma extremidade; se
for portador de ferida crônica, mudança no as-
pecto, cheiro, ou tamanho da lesão devem ser
motivos de um contato com seu médico. A for-
ma como vai acontecer esse atendimento de-
verá ser combinada entre o médico e o pacien-
te, mas o importante é não menosprezar os si-
nais que o nosso corpo usa para se comunicar
conosco e dizer que algo não anda bem.
Enfim, cuidar-se bem neste momento inusi-
tado exige bom senso, tranquilidade, escutar
seu corpo e gerir prioridades com sabedoria.
OPINIÃO
E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0
7
WANIA CLÉLIA DOS REIS BRITO
PARANAÍBA
Professora
DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
BRUNO DE LIMA NAVES
Presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia
e de Cirurgia Vascular (SBACV)
SUCURSAL SÃO PAULO
Alameda Joaquim Eugênio de Lima, nº 732/766 - Edifício
MaryHarriet Speers - 7º andar - Bairro Jardins - São Paulo - SP
CEP: 01403-000 ● Fone: (11) 3372-0022 ● e-mail:
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COVID-19
Decretos de calamidade pública, diante da pandemia, recebem aval do Legislativo
mineiro, que retira restrições a despesas necessárias ao enfrentamento da doença
Prefeitos liberados para gasto
Uma risada vale mais
que mil palavras
“Olha aqui, eu tô, eu num tô. Pra que isso? Daqui a pouco
quer saber se eu sou virgem ou não. Vou ter que apresentar o
exame de virgindade pra vocês. Dá positivo ou negativo?” Foi o
que disse ontem o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem
partido), minutos antes de embarcar para Porto Alegre (RS).
A Advocacia-Geral da União (AGU) não apresentou os
exames. Optou por fazer um simples relatório médico da
coordenação de saúde da própria Presidência da República. Ele
é datado de 18 de março sob a Coordenação de Saúde da
Presidência da República, que atestou estar Bolsonaro
“encontrando-se assintomático, tendo realizado exame para
detecção da COVID-19 entre os dias 12 e 17 de março com o
referido exame dando não reagente (negativo)”.
Melhor então tratar do Supremo Tribunal Federal (STF),
cuidar de notícia que de lá vem. O ministro Gilmar Mendes
negou seguimento ao mandado de segurança pedido pelo
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em que ele
buscava “impedir a prorrogação da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News e excluir a validade de
duas reuniões do colegiado”.
O deputado, filho do presidente da República, sustentava que
o objeto da CPMI foi desvirtuado com a intenção de prejudicar a
atuação política dos membros do Legislativo aliados do
presidente da República e que a análise das notícias falsas na
campanha eleitoral de 2018 era “completamente acessória”.
Argumentava ainda que a prorrogação da CPMI por mais
seis meses ameaça seus direitos políticos, tendo em vista o
“caráter tendencioso e parcial dos atos praticados”. Só que,
para o ministro Gilmar Mendes, a utilização de perfis falsos
para influenciar o resultado das eleições de 2018 integra o
objeto inicial de apuração da CPMI previsto no seu
requerimento de criação. “A própria justificação desse
requerimento apresentada à Mesa Diretora do Congresso já
destacava como motivos determinantes da instalação da
comissão o contexto de utilização de fake news no processo
eleitoral”, ressaltou.
E encerra o ministro Gilmar Mendes: “Os fatos apurados pela
CPMI das Fake News são da mais alta relevância para a
preservação da ordem constitucional do país. Não à toa, há
crescente preocupação mundial com os impactos que a
disseminação de estratégias de notícias falsas têm provocado
nos processos eleitorais”.
■ Em tempo sobre a nota, esta
semana, envolvendo o ex-deputado
federal Eduardo Barbosa (PSDB), o
relator do inquérito, o ministro Ricardo
Lewandowski, votou pela rejeição da
denúncia por ausência de justa causa
(artigo 395, inciso III, do Código de
Processo Penal).
■ Para o ministro do Supremo Tribunal
Federal, “não há nos autos elementos
seguros que confirmem indícios
mínimos de autoria do crime imputado
ao parlamentar”. Lewandowski citou
pareceres, do Tribunal de Contas da
União (TCU), confirmando a regular
prestação de contas do convênio.
■ Haja medidas provisórias este mês.
É isso mesmo, nada menos que 26
medidas provisórias (MPs) publicadas
pelo governo federal. E todas em abril.
O detalhe: todos os textos, com
exceção de um, se referem à
pandemia da COVID–19.
■ A senadora
Simone Tebet
(foto) (MDB-
MS),
presidente da
Comissão de
Constituição e
Justiça (CCJ),
reconhece o
“momento
de exceção”
atravessado por todos os países, e
defende que o Executivo se valha das
medidas provisórias, que são
instrumentos típicos para situações de
urgência e relevância.
■ Diante disso, o melhor a fazer é
encerrar urgentemente a coluna por
hoje. Um bom feriado a todos. O 1º de
maio deste ano é diferente mesmo.
Resta torcer para que venham melhores
dias na política nacional.
PINGAFOGO
BAPTISTA CHAGAS DE ALMEIDA
Os fatos apurados pela CPMI das Fake News
são da mais alta relevância para a preservação
da ordem constitucional do país’
Antes é claro
O presidente do Senado alertou os seus colegas de que será votado amanhã, a partir das 16h, em
sessão extraordinária deliberativa remota. Davi Alcolumbre ainda fez questão de avisar que os
senadores poderão apresentar emendas à sua primeira versão do relatório até as 10h de amanhã.
E acrescentou ainda que nas cinco horas seguintes essas emendas serão analisadas, para que seja
possível chegar a um texto de consenso até as 15h. Essa última parte é que recomenda esperar se
vai haver um consenso. Como têm os governadores fazendo pressão, deve dar tudo certo.
Terceirizou
A culpa é dos governadores, alegou o
presidente Bolsonaro: “Não adianta a
imprensa querer colocar na minha
conta essas questões que não cabem a
mim. O Supremo Tribunal Federal
decidiu que quem decide essas
questões são governadores”. Melhor
deixar a palavra ao governador de São
Paulo, João Doria (PSDB): “Venha ver a
gripezinha e o resfriadinho. Venha ver
as pessoas agonizando nos leitos e a
preocupação dos profissionais da
saúde”. Se o convite será aceito, nem
precisa esperar. É certo que o
presidente não irá. Ah! E muito
menos os repórteres verão.
Desabafo
O deputado João Leite (PSDB),
declarou, ontem, na reunião remota
da Assembleia Legislativa (ALMG),
que está recebendo vários apelos de
prefeitos do Vale do Mucuri para
que tente conseguir frear o
desemprego na região provocado
pela quarentena do novo
coronavírus. “Estamos assistindo a
uma calamidade pública nos
municípios, em função do alto
índice de desemprego por causa das
medidas tomadas para barrar o
coronavirus”, ressaltou. E aproveitou
a caminhada para indagar: “Não é
possível que não tenhamos uma
solução para esta situação”.[
]
Tem mais...
Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
referendou, na sessão de ontem, por unanimidade,
alguns trechos da Medida Provisória (MP-928),
editada mês passado, pelo governo Jair Bolsonaro
para restringir a Lei de Acesso à Informação (LAI).
Todos os ministros votaram de acordo com o
relator, Alexandre de Moraes, que suspendeu as
mudanças promovidas pelo presidente no meio da
pandemia ligada ao novo coronavírus.
O detalhe
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (foto),
apresentou ontem a primeira versão do seu
relatório ao projeto de lei que prevê compensação a
estados e municípios pela perda de arrecadação
provocada pela pandemia de coronavírus. Para
deixar claro o detalhe, o texto, que é um substitutivo
à proposta já aprovada na Câmara dos Deputados,
será votado amanhã. Isso mesmo, votação amanhã,
em plena seca de notícias políticas. O senador fez
questão de avisar ainda que esse projeto será o
único item da pauta.
MARCOS BRANDÃO/SENADO FEDERAL – 20/12/19
>>b a p t i s t a a l m e i d a . m g @ d i a r i o s a s s o c i a d o s . c o m . b r
✓ Abaeté
✓ Alfenas
✓ Almenara
✓ Araguari
✓ Arcos
✓ Belo Horizonte
✓ Bicas
✓ Bom Despacho
✓ Caeté
✓ Cambuí
✓ Cambuquira
✓ Campo Belo
✓ Campos Altos
✓ Carmo da Cachoeira
✓ Centralina
✓ Conceição das Alagoas
✓ Coromandel
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✓ São Gotardo
✓ São João del-Rei
✓ São José da Lapa
✓ São Sebastião do Paraíso
✓ Serra do Salitre
✓ Teófilo Otoni
✓ Viçosa
■■ NA LISTA
Municípios incluídos no projeto
PE
D
RO
FR
AN
ÇA
/S
EN
AD
O
FE
D
ER
AL
–
10
/7
/1
9
GUILHERME PEIXOTO
Projeto de resolução que reconhece o
estado de calamidade pública em Belo
Horizonte e outros 55 municípios de Mi-
nas Gerais recebeu o aval dos deputados
estaduais ontem em turno único de vo-
tação. Devido à pandemia do novo coro-
navírus, a proposta tramitou em regime
de urgência na Assembleia Legislativa do
estado (ALMG). Os decretos sobre cala-
midade pública já vigoram em cada um
dos municípios.
Contudo, a ratificação do Parlamento
permite que as administrações munici-
pais, conforme determina a Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal (LRF), suspendam
os prazos e limites ligados ao pagamen-
to da dívida pública das cidades e aos
gastos com pessoal. O estado de calami-
dade dá aos prefeitos a possibilidade de
comprar, sem licitação, insumos neces-
sários ao enfrentamento da pandemia.
O texto aprovado pela Assembleia Le-
gislativa prevê que o estado de calamida-
de terá duração de três meses, contados
a partir da publicação de cada decreto
municipal. No entanto, o prazo pode ser
prorrogado pelos deputados estaduais
enquanto os efeitos impostos pela CO-
VID-19 forem sentidos. Em Belo Hori-
zonte, o prefeito Alexandre Kalil editou
decreto de calamidade em 21 de abril.
O relator da proposta na ALMG foi o
deputado Cássio Soares (PSD). A votação
ocorreu de modo remoto, sob o coman-
do do presidente da Casa, Agostinho Pa-
trus (PV). O PRE 92/2020 foi aprovado por
67 deputados. Delegada Sheila (PSL), João
Vítor Xavier (Cidadania) e Léo Portela (PL)
se manifestaram contrariamente. Outros
dois parlamentares — Doutor Wilson Ba-
tista (PSD) e Guilherme da Cunha (Novo)
— votaram em branco.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Os deputados
estaduais mineiros aprovaram, ainda
ontem, em turno único, projeto que
permite a denúncia de casos de violên-
cia doméstica por meio da Delegacia
Virtual do estado. Devido à pandemia
do novo coronavírus, a proposta tra-
mitou em regime de urgência e, agora,
segue para sanção do governador Ro-
meu Zema (Novo).
O texto, de autoria da deputada Ma-
rília Campos (PT), estabelece a inclusão
da violência doméstica no rol de ocor-
rências possíveis de oficialização por
meio da internet. Após o recebimento da
denúncia, a Delegacia Especializada de
Atendimento à Mulher deve conversar
com a autora da denúncia por meio de
ligação telefônica, mensagens on-line ou
qualquer outro meio virtual que garanta
a comunicação adequada.
Segundo o Projeto de Lei (PL)
1.876/2020, nas regiões em que não hou-
ver Delegacia Especializada, o acolhi-
mento será feito pela delegacia respon-
sável pela localidade. Após a conversa
com a responsável pela ocorrência, os
dados do caso devem ser encaminhados
à Justiça em até 48 horas, para que sejam
concedidas medidas protetivas em cará-
ter de urgência.
O projeto recebeu aval dos parlamen-
tares na forma de um texto substitutivo,
apresentado pelo relator Cássio Soares
(PSD). Na nova redação, a proposta con-
templa, ainda, a denúncia de agressões
cometidas contra crianças, adolescentes,
idosos e pessoas com deficiência. Na jus-
tificativa da proposta, Marília Campos
explica que o isolamento social imposto
pela pandemia da COVID-19 pode au-
mentar o número de ocorrências de vio-
lência doméstica.
“Pelas dificuldades encontradas para
buscar ajuda, denunciar as violências e
requerer medidas cabíveis, os riscos po-
dem ser agravados, colocando em peri-
go a vida das mulheres”, argumenta a de-
putada, que, até dezembro do ano passa-
do, presidia a Comissão de Defesa dos
Direitos da Mulher da Assembleia.
Durante a reunião plenária, ocorrida
de modo remoto, os parlamentares de-
ram aval, em primeiro turno, a um ou-
tro projeto que obriga condomínios re-
sidenciais a informarem às autoridades
de segurança pública casos ou indícios
de violência doméstica ocorrida nesses
locais. Síndicos deverão encaminhar de-
núncias de possíveis agressões contra
crianças, mulheres, idosos e pessoas
com deficiência à delegacia de Polícia
Civil responsável pela região.
O Projeto de Lei (PL) 1.054/2019 foi
apresentado pelos deputados Mauro
Tramonte e Charles Santos, ambos do
Republicanos. O relator Cássio Soares
apresentou texto alternativo, que re-
tirou da proposta a multa aplicada
aos condomínios que deixassem de
informar, mais de uma vez, os casos
de agressão. O deputado alegou que a
sanção financeira foi excluída pelo fa-
to de a proposta não ter caráter puni-
tivo, mas sim educativo. Antes de ser
votada em caráter definitivo em ple-
nário, a matéria será novamente ana-
lisada pelas comissões temáticas da
Assembleia.
SARAH TORRES/ALMG – 14/4/20
Reunião dos deputados foi realizada de forma remota, sob comando do presidente da Assembleia, Agostinho Patrus
POLÍTICA
E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0
3
Presidente faz duras críticas à decisão que suspendeu nomeação de Alexandre Ramagem
para a PF. Magistrado critica “achismo” e afirma que está faltando liderança ao país
BOLSONARO ATACA MORAES
E MINISTROS DO STF REAGEM
Brasília – O ministro do Supremo Tri-
bunal Federal Celso de Mello determinou
ontem à noite que a Polícia Federal ouça o
ex-ministro da Justiça Sergio Moro num
prazo de cinco dias. Ele deverá prestar de-
poimento sobre as acusações de que o pre-
sidente Jair Bolsonaro tentou interferir no
trabalho da PF e em inquéritos relaciona-
dos a familiares. Na última terça-feira, Cel-
so de Mello tinha determinado que o de-
poimento fosse colhido em até 60 dias. O
inquérito, que foi autorizado pelo STF, vai
investigar se as acusações de Moro são ver-
dadeiras. Se não, ele poderá responder na
Justiça por denunciação caluniosa e cri-
mes contra a honra.
O pedido de redução do prazo foi envia-
do ao STF ontem à tarde pelo senador Ales-
sandro Vieira (Cidadania-SE) e pelos depu-
tados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Ri-
goni (PSB-ES). "A diligência ora determina-
da deverá ser efetuada pela Polícia Federal,
no prazo de 5 (cinco) dias, consideradas as
razões invocadas pelos senhores parla-
mentares que subscrevem, juntamente
com seus ilustres advogados, a petição a
que anteriormenteme referi", definiu Cel-
so de Mello.
Ainda ontem, os ataques de Bolsonaro
ao ministro Alexandre de Moraes causa-
ram reação imediata dos integrantes da
corte, durante a sessão virtual. O próprio
Moraes mandou recados ao Palácio do Pla-
nalto. Ao votar em uma discussão sobre as
consequências do novo coronavírus, Mo-
raes disse que o Brasil terá esperança de
sair da crise apenas se houver liderança pa-
ra conduzir o processo.
“E esperança se dá com liderança.
Quando nós, que exercemos cargos públi-
cos, possamos olhar para a população e
afirmar que estamos fazendo o melhor
com base em regras técnicas, regras de
saúde pública, regras internacionalmente
conhecidas. E não com base em achismos,
com base em pseudomonopólios de po-
der por autoridade”, disse Moraes.
Ele também cobrou coordenação do
governo federal com prefeitos e governa-
dores no combate à doença. “O Brasil já
chega quase a 6 mil mortos. Enquanto os
entes federativos continuarem brigando,
judicialmente ou pela imprensa, a popu-
lação é que sofre. A população não está
muito preocupada com a divisão de com-
petências administrativas ou legislativas,
a população quer um norte seguro para
que ela tenha saúde”, disse.
O presidente do Supremo, ministro Dias
Toffoli, ressaltou que é testemunha da dedi-
cação de Moraes“ao direito e à causa públi-
ca”.“Fica aqui meu carinho e meu abraço ao
querido colega e amigo ministro Alexandre
de Moraes”, afirmou. O ministro Luís Barro-
so saiu em defesa do colega. “O ministro
chegou ao Supremo Tribunal Federal após
sólida carreira acadêmica e de haver ocupa-
do cargos públicos relevantes, sempre com
competência e integridade. No Supremo,
sua atuação tem se marcado pelo conheci-
mento técnico e pela independência. Senti-
mo-nos honrados em tê-lo aqui”, disse.
■■ 'CENSURA
PERSONALISTA'
Gilmar Mendes por sua vez, se manifes-
tou pelas redes sociais. “As decisões judi-
ciais podem ser criticadas e são suscetíveis
de recurso, enquanto mecanismo de con-
trole. O que não se aceita, e se revela ilegí-
tima, é a censura personalista aos mem-
bros do Judiciário. Ao lado da independên-
cia, a Constituição consagra a harmonia
entre os poderes."
A ministra Cármen Lúcia afirmou que
o colega “honra a magistratura brasileira”
pela sua responsabilidade e pelo“vasto co-
nhecimento que faz com que o Brasil saiba
que há, sim, ótimos juízes”. O ministro
Luiz Edson Fachin foi na mesma linha e
disse que se sente honrado em integrar o
STF ao lado de Moraes. “Faço três cumpri-
mentos: em primeiro lugar, ao nosso emi-
nente colega Alexandre de Moraes, cuja
contribuição intelectual e acadêmica foi
realçada da tribuna virtual e espelha aqui-
lo que de real tem em todos os estudantes
e estudiosos do Brasil.”
B
rasília – O presidente Jair Bolsonaro
criticou duramente a decisão do mi-
nistro Alexandre de Moraes, do Su-
premo Tribunal Federal (STF), de
suspender a nomeação de Alexan-
dre Ramagem para a direção-geral
da Polícia Federal. "Eu não engoli ainda essa de-
cisão do senhor Alexandre de Moraes. Não en-
goli. Não é essa a forma de tratar um chefe do
Executivo, que não tem uma acusação de cor-
rupção e faz tudo possível pelo seu país", decla-
rou. Para Bolsonaro, a decisão de Moraes foi "po-
lítica". Ele revogou a nomeação de Ramagem.
Moraes acatou mandado de segurança im-
petrado pelo PDT que questionava a ligação de
Ramagem com a família de Bolsonaro e a pos-
sibilidade de interferência do presidente na PF.
"Desautorizar o presidente da República com
uma canetada dizendo 'impessoalidade'? On-
tem quase tivemos uma crise institucional,
quase, faltou pouco. Eu apelo a todos que res-
peitem a Constituição", afirmou o presidente.
Questionado sobre a possível crise institu-
cional, Bolsonaro disse que não entraria em
detalhes. Ele cobrou coerência de Moraes para
também desautorizar Ramagem na direção da
Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Se-
gundo ele, se Ramagem não tem confiança pa-
ra estar na PF também não poderia estar na
Abin, cargo que ocupava antes de ser nomea-
do para a PF.
"Essa decisão do senhor Alexandre de Mo-
raes, no meu entender, falta um complemento
para mostrar que não é uma coisa voltada pes-
soalmente para o senhor Jair Bolsonaro. Falta ele
decidir se o Ramagem pode ou não continuar
na Abin. É isso que espero dele", disse.
O chefe do Executivo cobrou posiciona-
mento imediato do ministro. "Se ele (Moraes)
não se posicionar, ele está abrindo a guarda
para eu nomear o Ramagem independente-
mente da liminar dele. É isso que não quere-
mos. Queremos o respeito de dupla mão en-
tre os poderes", afirmou.
O presidente afirmou que a Advocacia-Ge-
ral da União (AGU) recorrerá da decisão de
Moraes, mas que o governo estuda outros no-
mes para o cargo de diretor-geral da Polícia Fe-
deral. "Pretendo o mais rápido possível, sem
atropelo, indicar o diretor-geral, que é compe-
tência minha indicar. Quero o mais rápido
possível dar tranquilidade para a Polícia Fede-
ral trabalhar." Bolsonaro deu as declarações na
saída do Palácio da Alvorada, antes de embar-
car para Porto Alegre, para onde iria participar
de solenidade do Exército.
Ao dizer que espera celeridade na análise de
recursos, o presidente questionou a isenção do
ministro. “Espero que seja tão rápido quanto a
liminar. Espero no mínimo isso do senhor Ale-
xandre de Moraes. O mínimo que espero é ra-
pidez para que a gente possa tomar as provi-
dências. Não justifica a questão da impessoali-
dade (um dos argumentos na decisão do minis-
tro). Como o Alexandre de Moraes foi para o Su-
premo? Amizade com o senhor Michel Temer.”
Ao desembarcar em Porto Alegre, Bolsonaro
disse em entrevista à Rádio Guaíba que não se-
rá um presidente "pato manco". "Não serei um
presidente pato manco. Não vou admitir ser um
presidente pato manco, refém de decisões mo-
nocráticas de quem quer que seja. Não é um re-
cado. É uma constatação ao senhor Alexandre
de Moraes. Tudo tem limite. Essa decisão do se-
nhor Alexandre de Moraes, não engoli ela no dia
de ontem. É uma afronta à pessoa do presiden-
te da República", apontou.
"Cobrei que o ministro Alexandre de Moraes
tome posição no tocante ao Ramagem, porque
ele continua à frente da Abin, que é tão impor-
tante quanto a PF", disse. Para o presidente, im-
pedir que Ramagem assuma o controle da PF en-
quanto comanda a Abin é o mesmo que impe-
dir, "por questões pessoais", que um sargento do
Exército ocupe o mesmo posto na Aeronáutica.
"Decisão que não engoli, é uma afronta. Não
aceito ser refém de decisões monocráticas de
quem quer que seja", completou Bolsonaro.
POLÍCIA FEDERAL A polêmica de Bolsonaro
com o Supremo Tribunal Federal decorre da saí-
da bombástica do ex-juiz federal Sergio Moro do
Ministério da Justiça e Segurança Pública. De-
pois de 16 meses no governo, ele pediu demis-
são há uma semana alegando interferência polí-
tica de Bolsonaro na Polícia Federal.
No dia anterior, o presidente havia chamado
Moro ao Palácio do Planalto para informá-lo de
que demitiria o diretor-geral da Polícia Federal,
Maurício Valeixo. O ex-juiz rejeitou a mudança
porque considerou que era ingerência, já que
Bolsonaro teria manifestado, segundo Moro dis-
se em pronunciamento, interesse em acessar in-
formações de investigações da Polícia Federal
que chegaram ao vereador Carlos Bolsonaro, fi-
lho dele envolvido na articulação de divulgação
de fake news pelas redes sociais.
Bolsonaro acusou Moro de estar mentindo e
de ter barganhado a troca no comando da PF à
sua indicação ao Supremo Tribunal Federal.
PF tem cinco
dias para
ouvir Moro
Decisão que não engoli, é uma afronta. Não aceito ser
refém de decisões monocráticas de quem quer que seja.
Como Alexandre de Moraes foi para o Supremo? Amizade
com o senhor Michel Temer”
■■ Jair Bolsonaro,
presidente da República
Esperança se dá com liderança. Quando estamos fazendo o
melhor com base em regras técnicas, de saúde pública, e
não com base em achismos, em pseudomonopólios de
poder por autoridade”
■■ Alexandre de Moraes,
ministro do Supremo Tribunal Federal
EVARISTO SÁ/AFP
MARCELOCAMARGO/AGÊNCIA BRASIL - 25/10/18
COVID-19
E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0
4
Justiça rejeita relatórios médicos da AGU e dá novo prazo para Bolsonaro
apresentar resultado de testes. Ele disse que já pode ter contraído o vírus
48h para entregar exames
Brasília – O presidente Jair
Bolsonaro tem 48 horas para en-
tregar os resultados dos exames
de coronavírus aos quais foi sub-
metido. A juíza federal Ana Lúcia
Petri Betto não aceitou os relató-
rios médicos enviados pela Ad-
vocacia-Geral da União (AGU),
considerando que não atendem
de forma integral ao que foi de-
terminado por ela mesma na úl-
tima segunda-feira, ao acatar pe-
dido judicial feito pelo jornal O
Estado de S.Paulo.
A magistrada também havia
determinado prazo de 48 horas
para o cumprimento da deci-
são, mas a AGU optou por en-
viar relatório médico de 18 de
março. O documento atestava
que Bolsonaro se encontrava
"assintomático" e tinha tido re-
sultado negativo para a presen-
ça do novo coronavírus no or-
ganismo. Esse relatório já tinha
sido divulgado em março.
Após a entrega do relatório, o
jornal pediu à Justiça uma apu-
ração de descumprimento de
ordem judicial.
Na decisão de ontem, a juíza
entendeu que o relatório "não
atende, de forma integral, à de-
terminação judicial", mandando
que "renove-se a intimação da
União" para que "em 48 horas,
dê efetivo cumprimento quanto
ao decidido, fornecendo os lau-
dos de todos os exames aos
quais foi submetido o exmo. sr.
presidente da República para a
detecção da COVID-19, sob pena
de fixação de multa de R$ 5.000
por dia de omissão injustifica-
da". Ana Lúcia também indefe-
riu um pedido do governo para
decretar sigilo documental no
caso. A juíza considerou os prin-
cípios constitucionais do direito
de acesso à informação, princí-
pio da publicidade e liberdade
de informação jornalística..
Antes da decisão judicial de
ontem, o presidente afirmou
que se perdesse o recurso movi-
do pela Advocacia-Geral da
União divulgaria os documen-
tos. "Eu talvez já tenha pegado
esse vírus no passado e nem
senti," disse Bolsonaro. O chefe
do Executivo ainda repetiu que
usa "nomes fantasia" em pedi-
dos de exames e receitas de me-
dicamentos para se proteger.
"Sou uma pessoa conhecida pa-
ra o bem ou para o mal. Quando
fui medicado, coloquei nome
fantasia porque na ponta da li-
nha está um ser humano, não se
sabe o que pode ser feito se al-
guém souber que é Jair Bolsona-
ro", justificou o presidente.
GOVERNADORES Ainda ontem,
Bolsonaro voltou a acusar gover-
nadores de desvio de verbas des-
tinadas ao combate do novo co-
ronavírus. A fala ocorreu na saída
do Palácio da Alvorada. O chefe
do Executivo, no entanto, não
apresentou nenhuma prova. "O
governo federal fez tudo. O Pau-
lo Guedes [ministro da Econo-
mia], em contato com o Congres-
so e governadores, liberou recur-
sos para tudo. Nós fizemos tudo
que foi possível e mais alguma
coisa. Agora, cabe aos governado-
res gerir esses recursos. O que
mais nós temos, por parte de al-
guns estados, é desvio de recur-
sos. É isso que está acontecendo.
Por isso precisamos da Polícia Fe-
deral isenta, sem interferência,
para poder coibir possíveis abu-
sos", apontou.
Bolsonaro disse ainda que os
chefes de Executivo estaduais não
conseguiram diminuir a curva de
transmissão do coronavírus.
"O Supremo decidiu que as
medidas para evitar ou para fa-
zer a curva ser achatada cabe-
riam a governadores e prefeitos.
Não achataram a curva. Gover-
nadores e prefeitos que toma-
ram medidas bastante rígidas
não achataram a curva", afir-
mou, pouco antes de embarcar
para Porto Alegre para partici-
par da solenidade de transmis-
são de cargo do comandante
militar do Sul.
ACORDO Após negociação com o
Senado, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, aumentou para R$
120 bilhões o pacote de socorro
aos estados e municípios na crise
do coronavírus, sendo R$ 60 bi-
lhões de repasse direto para o cai-
xa de governadores e prefeitos.
Em meados de abril, a proposta
apresentada pela equipe econô-
mica previa ajuda financeira de
R$ 77,4 bilhões, com R$ 40 bilhões
de transferência direta. Mas o
plano de Guedes foi considerado
tímido, principalmente diante
do projeto aprovado pela Câma-
ra, considerado pelo governo co-
mo uma pauta-bomba por ter al-
to potencial de gasto público.
Por isso, o governo federal te-
ve que ceder e ampliar o valor
previsto, inclusive para os repas-
ses diretos, que têm efeito no
Orçamento.
Governadores e prefeitos
pedem ao Palácio do Planalto
mais dinheiro para enfrentar a
Covid-19 e para manter a má-
quina pública funcionando.
Com a queda da economia, a
receita dos estados e municí-
pios está caindo e alguns ges-
tores dizem que logo ficarão
sem recursos para pagar salá-
rios. Principal ponto em dis-
cussão, o valor dos repasses a
governadores e prefeitos foi
elevado para R$ 60 bilhões, a
serem pagos em quatro parce-
las que saem direto do caixa do
Tesouro e vão para o caixa dos
governos regionais. A nova ver-
são do pacote de auxílio foi en-
tregue aos senadores de forma
eletrônica pelo presidente do
Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP). A ideia é votar a pro-
posta neste sábado (2).
No relatório, o governo pro-
põe que R$ 10 bilhões sejam re-
passados diretamente para o en-
frentamento ao coronavírus –
R$ 7 bilhões aos cofres de esta-
dos e do Distrito Federal e R$ 3
bilhões aos dos municípios. Pa-
ra completar o repasse, o gover-
no sugere que o montante de R$
50 bilhões seja distribuído de
duas formas, sendo R$ 25 bi-
lhões distribuídos diretamente
aos estados e ao DF e os outros
R$ 25 bilhões, a municípios.
A distribuição será feita se-
gundo a regra de proporção, le-
vando em consideração critérios
mistos, como as perdas de ICMS
(imposto estadual) e de ISS (mu-
nicipal) causadas pela pandemia
e o número de habitantes.
O ministro
da
Economia,
Paulo
Guedes,
ampliou
para R$ 120
bilhões o
socorro para
estados e
municípios
MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
Brasília – Pressionado em audiência
no Senado ontem, o ministro da Saúde,
Nelson Teich, citou estudo da pasta para
mudar a diretriz de isolamento só para
alguns grupos – como idosos, casos con-
firmados e aqueles em contato com
doentes – e regiões mais críticas. Mas
ponderou que o posicionamento do mi-
nistério não mudou até agora. "O fato de
estar planejando agora não quer dizer
que vai liberar ou sugerir flexibilização
no momento em que a curva ainda está
ascendente", afirmou. Criticado por ter
falado em relaxar o isolamento, Teich
ponderou que a mudança dependerá de
uma queda na curva de casos e a decisão
será de estados e municípios.
"Viramos referência mundial negati-
va", resume o infectologista Antônio Flo-
res. "Tem a ver com nossas estratégias de
testagem, não satisfatórias; da forma co-
mo o distanciamento social foi imple-
mentado em diferentes regiões e das
mensagens conflitantes do governo. Ter
uma mensagem consolidada é impor-
tante para que a comunidade tenha con-
fiança na resposta; e aqui vemos protes-
tos contra o isolamento", diz. "O Brasil
adotou medidas de distanciamento so-
cial precocemente, diferentemente dos
EUA, e achatamos a curva (de crescimen-
to da epidemia), adiamos o pico, mas is-
so tem de ser acompanhado pela oferta
de leitos", afirma o infectologista Rober-
to Medronho, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
INÚTIL Em live nas redes sociais ontem, o
presidente Jair Bolsonaro disse que o iso-
lamento social não teve efeito. “Eu já dis-
se, 70% da população vai ser infectada pe-
lo coronavírus. Pelo que parece, todo o
empenho para achatar a curva foi prati-
camente inútil. Agora, o efeito colateral
disso é desemprego. O povo quer voltar a
trabalhar”, disse ele.
Ele segue defendendo afrouxamento
da quarentena para reabrir a economia e
ampliou ontem a lista de atividades con-
sideradas essenciais, incluindo até star-
tups e serviços de locação de veículos. O
decreto de Bolsonaro inclui no rol de ser-
viços essenciais atividades de alimenta-
ção, bancos, mecânica automotiva, trans-
porte e armazenamentode cargas (mais
informações acima.). A maior parte já es-
tava liberada em alguns estados, por de-
terminação de governadores e prefeitos,
já que nenhum local tem lockdown (fe-
chamento) completo. O objetivo é impe-
dir que essas atividades sejam atingidas
por ordens locais.
Startups, serviços de locação de veícu-
los e de equipamentos de refrigeração
estão entre os que têm aval da União,
mas não são contemplados no decreto
de São Paulo, por exemplo.
Brasília - O Brasil agora é o 10º no
ranking do mundo, segundo a Univer-
sidade Johns Hopkins, com mais diag-
nósticos do novo coronavírus, com o re-
gistro de novas mortes e casos. Já são
5.901 óbitos, 435 confirmados em um
dia. Até quarta-feira eram 5.466. No to-
tal, o país chegou a 85.380 casos oficiais,
somados os últimos 7.218. Com isso, ul-
trapassou a China em casos — o país
asiático tem 84.373. Segundo o Ministé-
rio da Saúde, ao menos 38.564 pacien-
tes estão em acompanhamento e mais
de 34.132 já se recuperaram. E 1.452 óbi-
tos seguem em investigação.
A taxa de letalidade — que compara
os casos totais pelos números de óbitos
confirmados — no Brasil é de 6,9%. O
anúncio oficial, no entanto, não signifi-
ca que 435 pessoas morreram nas últi-
mas 24 horas. Desde o início da pande-
mia, o Ministério da Saúde tem somado
ao balanço diário mortes ocorridas dias
atrás, mas com confirmação de COVID-
19 no último dia.
No total, as mortes em decorrência
do coronavírus confirmadas em cada es-
tado são as seguintes: Acre (19); Alagoas
(47), Amapá (34); Amazonas (425); Bahia
(104); Ceará (482); Distrito Federal (30);
Espírito Santo (83); Goiás (29); Maranhão
(184); Mato Grosso (11); Mato Grosso do
Sul (9); Minas Gerais (82); Pará (208); Pa-
raná (83); Paraíba (62); Pernambuco
(565); Piauí (24); Rio Grande do Norte
(56); Rio Grande do Sul (51); Rio de Janei-
ro (854); Rondônia (16); Roraima (7); San-
ta Catarina (46); São Paulo (2.375); Sergi-
pe (12) e Tocantins (3). São Paulo vive a si-
tuação mais crítica. A capital e a região
metropolitana tem 85% dos leitos da re-
de estadual ocupados. Ao avaliar o está-
gio da pandemia, o governador de São
Paulo, João Doria (PSDB), disse que está
“começando a fase mais dura e mais difí-
cil da infecção e número de mortos".
Na avaliação do Imperial College de
Londres, o Brasil pode chegar a 9,7 mil
até domingo. O novo estudo da institui-
ção revela que o país apresenta pior si-
tuação no mundo, com o número de
casos "em provável crescimento" e re-
gistro "muito grande" de óbitos. O le-
vantamento do Imperial College com
48 nações, divulgado ontem, revela que
o número de óbitos deverá ser "muito
alto" (acima de 5 mil) só em dois países,
Brasil e Estados Unidos. Numa previsão
menos pessimista, os cientistas pre-
viam 5,6 mil óbitos até o fim desta se-
mana no Brasil - ontem, o Ministério da
Saúde contabilizava 5.466. Os números
previstos para os EUA são maiores, de
13 mil a 15 mil, mas por lá a epidemia
já está se estabilizando.
O Imperial College é uma das mais
conceituadas instituições em modela-
gem matemática e vem publicando pro-
jeções desde que a epidemia chegou à
Europa. Foi por causa dos seus números
que o primeiro-ministro do Reino Uni-
do, Boris Johnson, se convenceu de que
o isolamento social era necessário para
evitar uma catástrofe.
O levantamento lista os países em
que a disseminação do coronavírus está
"provavelmente declinando", como
França, Itália e Espanha e outros em que
há estabilidade ou crescimento lento, co-
mo Alemanha, Reino Unido e os EUA. A
pior previsão é para nove países em que
a epidemia ainda se encontra "em pro-
vável crescimento", o que inclui Brasil,
Canadá, Índia, México e Rússia. O Brasil
tem ainda o maior número de reprodu-
ção de casos - cada doente transmite pa-
ra aproximadamente três outros, forte
indício de que a velocidade do cresci-
mento da infecção é alto.
Brasília – No dia em que o Brasil re-
gistrou 435 mortes e 7.218 casos (ultra-
passando a China em diagnósticos) con-
tabilizados em 24 horas, chegando, por-
tanto a 5.901 e 85.380, respectivamente,
no fechamento de abril, o Imperial Col-
lege de Londres divulgou estudo indi-
cando que o total de óbitos pode chegar
a 9,7 mil até domingo. Segundo a insti-
tuição, o país tem a pior situação no
mundo, com o número de casos "em
provável crescimento" e registro "muito
grande" de mortes. O cenário sombrio já
está no horizonte do ministro da Saúde,
Nelson Teich, que alertou, em entrevista
coletiva, que é possível que o Brasil che-
gue a confirmar 1.000 por dia. Enquan-
to isso, o ex-ministro da Saúde Luiz
Henrique Mandetta usou as redes so-
ciais para confirmar o que ele havia pre-
visto quando era o titular a pasta: o país
já está vivendo colapso causado pela
pandemia de coronavírus.
"Em relação a um possível número
de mortes, hoje, estamos em 435 em 24
horas, o número de 1.000, se tivermos
um crescimento significativo na pande-
mia, é possível acontecer. Não quer di-
zer que vai acontecer. A gente tem que
acompanhar a cada dia para tomar as
decisões", disse. "Hoje, a prioridade que
a gente tem, absoluta, é ajudar estados e
municípios a ter a estrutura necessária
para tratar das pessoas. Nosso foco é es-
se", completou o ministro.
Em postagem no Twitter, o ex-mi-
nistro Mandetta afirmou: “Sempre foi
uma previsão que torci para não se
cumprir, que trabalhei para evitar, mas
que infelizmente estamos vivendo”. Ele
compartilhou reportagem do período
em que ocupou a pasta na qual previu
a situação a que o Brasil já está viven-
do. Mandetta foi demitido em 16 de
abril após inúmeras discordâncias com
o presidente Jair Bolsonaro. A principal
foram as medidas de isolamento social
da população. Eles chegaram a trocar
críticas publicamente. Bolsonaro disse
que Mandetta estava extrapolando sua
função e que tinha virado estrela. O en-
tão ministro rebateu dizendo que está
seguindo as recomendações da Organi-
zação Mundial da Saúde, que é o isola-
mento social generalizado da popula-
ção para evitar o colapso a que o país
chegou agora.
RECOMENDAÇÕES Mandetta pregava
seguir estritamemte as recomendações
da OMS, enquanto Bolsonaro defende
maior flexibilização do isolamento e
minimiza os impactos das mortes, afir-
mando que 70% da população serão in-
fectados. O presidente tem como prin-
cipal preocupação a retomada das ativi-
dades econômicas. Vale relembrar que
Mandetta realmente fez previsões en-
COVID-19
E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0
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Instituição inglesa diz que o Brasil tem o quadro em evolução mais dramática.
Teich já admite mil óbitos por dia e Bolsonaro diz que isolamento é “inútil”
‘Pior situação do mundo’
Número de casos supera a China
quanto esteve à frente da pasta. Em de-
claração feita em 20 de março, o ex-mi-
nistro disse que o “apagão sanitário”
ocorreria no fim deste mês. "Claramen-
te, em final de abril, nosso sistema de
saúde entra em colapso", afirmou após
reunião com o presidente Bolsonaro e
um grupo de empresários em março. "O
que é um colapso? Você pode ter o di-
nheiro, o plano de saúde, mas simples-
mente não há sistema para você entrar",
explicou em seguida.
Hoje, estamos
em 435 mortes em 24
horas. O número de
1.000, se tivermos
crescimento
significativo na
pandemia, é possível
acontecer. Não quer
dizer que vai
acontecer"
■■ Nelson Teich,
ministro da Saúde
Sempre foi uma
previsão (colapso
do sistema de
saúde) que torci
para não se
cumprir, que
trabalhei para
evitar, mas que,
infelizmente,
estamos vivendo”
■■ Luiz Henrique Mandetta,
ex-ministro da Saúde
JOSÉ DIAS/PR
NELSON CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL
Está começando
a fase mais dura
e mais difícil da
infecção e
do número de
mortos"
■■ João Doria,
governador de São Paulo
SÉRGIO ANDRADE/GOVERNO DE SÃO PAULO
Ministro
avalia
mudanças
“Eu já disse, 70% da
população vai ser
infectada pelo
coronavírus. Todo o
empenho para
achatar a curva foi
praticamente inútil.
Agora, o efeito
colateral disso é
desemprego. O povo
quer voltar a
trabalhar
■■ Jair Bolsonaro,
presidente da RepúblicaCOVID-19
E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0
8
Minas Consciente entrega a prefeitos a responsabilidade de marcar a
volta às atividades, apesar do número limitado de exames no estado
MÁRCIA MARIA CRUZ
Com 11.606 testes realizados
para a COVID-19 em Minas Gerais,
as autoridades de saúde do estado
não devem seguir plenamente as
orientaçõesdoComitêPermanen-
tedeAcompanhamentodasAções
de Prevenção e Enfrentamento do
NovoCoronavírusdaUFMG,entre
elas a de um mapeamento maior
dapropagaçãodadoençaparanor-
teararetomadadasatividadeseco-
nômicas e fim do isolamento. Em
coletiva na Cidade Administrativa,
o secretário adjunto da pasta de
Saúde, Marcelo Cabral, afirmou
que "não considera errado" que se
adotem os protocolos sanitários
do programa Minas Consciente.
Anunciado na terça-feira pelo go-
vernador Romeu Zema (Novo), o
programa foi publicado ontem no
Minas Gerais, o diário oficial do es-
tado, e, na prática, põe na mão dos
municípios o peso das decisões,
mesmocomobaixoníveldetesta-
gem no estado.
O programa setoriza as ativida-
deseconômicasemquatro“ondas”
(onda verde – serviços essenciais;
onda branca – baixo risco; onda
amarela – médio risco; onda ver-
melha – alto risco), a serem libera-
das para funcionamento de forma
progressiva,conformeindicadores
decapacidadeassistencialedepro-
pagação da doença. Segundo a SES,
uma vez publicadas as diretrizes,
cabe aos municípios promover as
avaliações para posterior adoção
dos protocolos. O problema está
em como fazer essa avaliação.
Emrelatóriotécnico,apresentan-
donaquarta-feiranaAssembleiaLe-
gislativa de Minas Gerais, o comitê
da UFMG aponta lacunas no proto-
colo do Minas Consciente, como o
planejamento da testagem da po-
pulação e o intervalo de reavaliação
das decisões tomadas ao longo da
execução do projeto, fixado em 14
dias. Ontem, Marcelo Cabral disse
queogovernotrabalhaemparceria
comoutrasinstituições,entreelaso
Ministério Público, órgãos de con-
trole e universidades. Afirmou que
os dados são levados em considera-
ção na tomada de decisões. Porém,
nãosinalizouqualquerintençãodo
governodereverourecuaremrela-
çãoaoMinasConsciente.
Minas tem 1.827 diagnósticos
confirmados por exames e 82 óbi-
tos pela COVID-19. O número de
casos suspeitos se aproxima de 85
mil. No entanto, segundo o secre-
tário, nem todos esses casos se
transformam em amostras para
testagem. Segundo ele, a diferença
entre amostras nos laboratórios
(12.864)ejácomresultado(11.606)
é pequena. Marcelo Cabral infor-
mou que ainda não é possível sa-
ber o número de municípios que
já aderiram ao Minas Consciente,
masqueomovimentoderetoma-
da já vem ocorrendo.
CRÍTICAS A presidente do comitê,
CristinaAlvim,avaliouqueosprin-
cipais indicadores utilizados pelo
estado para acompanhar a evolu-
ção da pandemia de coronavírus –
incidênciadaSíndromeRespirató-
ria Aguda Grave (SARS) e volume
dehospitalizações–sãoinsuficien-
tes para garantir a segurança das
medidas de flexibilização do isola-
mento social.
A professora comparou os da-
dos usados pela SES com a "ponta
de um iceberg", que precisa ser
analisado com metodologias ade-
quadas de testes, capazes de locali-
zaradireçãodasurtoemMinas.De
acordo com ela, estudos matemá-
ticos feitos pela universidade
apontamqueeventuaismudanças
na taxa de transmissão do vírus
provocadas pelo relaxamento po-
dem multiplicar por dez o núme-
rodeinfecçõespelaCOVID-19,sem
que haja aumento da demanda
por leitos. Quando as autoridades
notarem os efeitos dessa propaga-
ção em ocupação de vagas de UTI,
alerta Cristina, pode não haver
mais tempo para evitar o colapso
do sistema de saúde.
“Não é necessário testar 100%
das pessoas, mas, sim, ter um pla-
nejamento para que a amostra-
gem das pessoas testadas seja re-
presentativa do todo. Para isso,
existem recursos de modelagem
matemática muito avançados –
que é o que está sendo utilizado
emmuitospaíses, inclusivenaAle-
manha”, ponderou.
CASOS Ontem, o número de casos
confirmados de coronavírus em
Minas Gerais chegou a 1.827, con-
forme o balanço da Secretaria de
Estado de Saúde divulgado pela
manhã. O aumento foi de 4% em
relação ao número do dia anterior.
Entre essas pessoas, 82 morreram.
Naquarta-feira,MinasGeraisti-
nha1.758confirmaçõesdaCOVID-
19. Ou seja, 69 novos casos foram
confirmados – com duas mortes –
entre um dia e outro. Entre as víti-
mas no estado está o pai do secre-
tário de Estado de Planejamento e
Gestão, Otto Levy.
Segundo a Secretaria de Saúde
de Minas Gerais, há 81 mortes em
investigaçãonestemomento,qua-
se o mesmo número de óbitos
confirmados. Outras 421 foram
descartadas para a doença. Em to-
do o estado, 84.994 casos suspeitos
da doença são investigados.
Em Belo Horizonte, o número
de casos subiu de 561 para 576 nas
últimas 24 horas. Na capital, 17
pessoas morreram em decorrên-
cia da COVID-19. Em Juiz de Fora,
na Zona da Mata, a segunda cida-
de com o maior número de ocor-
rências da doença no estado, o au-
mento de casos foi de 128 ontem
para 146 nesta quinta, incluindo
cinco pacientes que morreram.
Em Uberlândia, no Triângulo, foi
confirmado mais um caso, che-
gando a 106. O município regis-
tra oito mortes.
■■ SECRETÁRIO
PERDE PAI
O pai do secretário de Estado
de Planejamento e Gestão de Mi-
nas Gerais, Otto Levy, está entre
as vítimas da COVID-19 no esta-
do. Otto Mariano dos Reis tinha
89 anos e ficou internado por 26
dias lutando contra a doença pro-
vocada pelo coronavírus. A infor-
mação foi confirmada pela Se-
plag ao Estado de Minas ontem.
Segundo a pasta, morador de Be-
lo Horizonte, Reis faleceu na se-
gunda-feira, dia 27, por COVID-19
e septicemia (infecção grave). O
funeral foi realizado na terça-fei-
ra, somente com a presença da
família, conforme os protocolos
de segurança recomendados.
❚❚ CORONAVÍRUS
EM MINAS
» Casos confirmados: 1.827
» Casos suspeitos: 84.994
» Óbitos confirmadas: 82
» Mortes suspeitas: 81
» Óbitos descartados: 421
» Amostras nos laboratórios: 12.864
» Testes realizados: 11.606
PEDRO CERQUEIRA
Em situação aparentemente
confortável em relação às de-
mais capitais do Brasil, o volu-
me de casos confirmados do co-
ronavírus em Belo Horizonte dá
a entender que as medidas de
prevenção vêm sendo acerta-
das. Porém, o infectologista Car-
los Starling alerta para as conse-
quências de um relaxamento
do distanciamento social. “Se is-
so for feito sem planejamento
ou de forma aleatória, sem res-
peito nenhum às regras, com
certeza vamos ter problemas
semelhantes aos dos lugares
que romperam essas medidas.
Estamos em plena batalha, não
estamos de forma nenhuma
confortáveis. Se você relaxou
hoje, em uma ou duas semanas
vamos colher esse fruto, que é o
tempo de incubação da doen-
ça”, desmistifica Starling. Para
ele, o baixo volume de testes
também é problema.
A título de comparação, de
acordo com dados do Ministé-
rio da Saúde e das secretarias
municipais e estaduais da área,
entre as 50 cidades com mais
casos do Brasil (comparação
justa para uma cidade do porte
de BH), a capital mineira é a pe-
núltima em volume de diag-
nósticos comparados à sua po-
pulação, com 21,7 diagnósticos
confirmados por 100 mil habi-
tantes. Quanto à mortalidade
pela COVID-19, BH é a quarta
capital com menos óbitos, com
uma taxa de 2%.
De acordo Starling, a incidên-
cia do coronavírus em Belo Hori-
zonte e até em Minas Gerais co-
mo um todo é de fato menor
que a maioria dos estados e capi-
tais do país.“A gente observa isso
pela baixa taxa de ocupação dos
leitos, e isso é um bom sinal de
que a epidemia está se compor-
tando melhor do que a gente es-
perava. O isolamento social e as
medidas tomadas a tempo resul-
taram em uma redução brutal
nos caso que esperávamos”.
O infectologista acredita que
o isolamento social também foi
– e continua sendo – importan-
te para que o próprio sistema de
saúde se preparasse, com a che-
gada de equipamentos e a aber-
tura de mais leitos, diferente da
China e da Itália, que foram pe-
gos de surpresa. De acordo com
o médico, Belo Horizonte tem
aproximadamente 32% dos lei-
tos destinadosao tratamento da
COVID-19 ocupados. Ele alerta
que, apesar de parecer tranqui-
lo, o fato de a doença crescer em
progressão geométrica faz com
que, caso a contaminação saia
do controle, sejam necessárias
apenas 72 horas para o sistema
entrar em colapso.
A respeito da flexibilização
proposta pelo governo estadual,
por meio do programa Minas
Consciente, que orienta os pre-
feitos municipais que optarem
por retomar as atividades eco-
nômicas, o infectologista consi-
dera eficiente a metodologia es-
tabelecida para avaliar se a inci-
dência do coronavírus está au-
mentando. “De acordo com os
resultados que estamos obten-
do, podemos acelerar ou pisar
no freio. A metodologia é efi-
ciente, analisamos todos os dias
indicadores como a velocidade
de ocorrência de casos, a média
dos últimos 7sete ou 10 dias pa-
ra ver essa tendência, além da
medição da velocidade e expan-
são da epidemia”, explica.
Porém, Starling aponta como
principal lacuna do sistema de
saúde o baixo volume de testes,
que resulta em uma subnotifica-
ção.“Temos que fazer mais testes,
construir um sistema de vigilân-
cia epidemiológica mais ágil por-
que esta não é a primeira e nem
será a última epidemia. Precisa-
mos fazer a informatização desde
o posto de saúde até o centro de
terapia mais sofisticado, tudo in-
terligado. Infelizmente esse inves-
timento foi interrompido por go-
vernos anteriores e estamos pa-
gando um preço alto”, lamenta.
Starling elogia o isolamento
social adotado por Belo Horizon-
te e considera que seja o bastan-
te para passar pela epidemia
com o mínimo de sofrimento.
Ele considera o lockdown uma
medida extrema, e acredita que
não estamos nesse momento. O
infectologista também comenta
a angústia comum pela chegada
do pico epidemiológico do coro-
navírus e afirma que a batalha de
quem pensa a Saúde é justamen-
te não ter esse pico. “O pico de
uma epidemia é muito doloroso,
muito penoso para toda a popu-
lação. Não queremos só evitar o
pico, mas propiciar tratamentos
cientificamente comprovados,
além de alcançar uma imunida-
de de rebanho, ponto em que o
vírus passa a circular com me-
nos agressividade”.
O infectologista atribui o
bom resultado obtido até mes-
mo a aspectos culturais da popu-
lação. “Belo Horizonte tem essa
tradição desde a epidemia de
1918 (a gripe espanhola), quando
registrou um número bem me-
nor de casos que outras regiões
do Brasil. Está certo que naquela
época tínhamos uma menor
densidade populacional do que
agora. Mas, em comum entre es-
sas duas epidemias, está a carac-
terística do mineiro ser cuidado-
so, atender às determinações das
autoridades sanitárias. É uma
consciência mesmo. É uma mar-
ca nossa. O nosso conservadoris-
mo se expressa também na con-
servação da própria vida”
LUIZ RIBEIRO
Montes Claros, no Norte de Mi-
nas,vai implantarbarreirassanitá-
rias como medida preventiva con-
tra a transmissão do coronavírus
(COVID-19)apartirdehoje.Osvisi-
tantesqueapresentaremsintomas
gripais deverão permanecer em
quarentena absoluta durante 14
dias, enquanto mesmo os assinto-
máticos terão de ficar isolados em
domicílios durante sete dias.
Umainovaçãoadotadapelopre-
feito Humberto Souto (Cidadania)
nocontroledoisolamentosocialéa
identificação das pessoas em qua-
rentena. Os visitantes assintomáti-
casreceberãopulseirasnacorlaran-
ja,enquantoaspessoascomalgum
quadrodegripeousintomasrespi-
ratóriossuspeitosterãodeusarpul-
seiras vermelhas. Somente cami-
nhoneiros e motoristas em serviço
estarão desobrigados de cumprir o
isolamentodomiciliar.
OdecretoassinadopeloExecu-
tivo municipal estabelece que
agentes de saúde terão que ir até
os endereços indicados pelos visi-
tantes para fiscalizar se eles estão
cumprindoaquarentena.Aqueles
que não permanecerem isolados
dentro dos prazos estipulados es-
tãosujeitosaopagamentodemul-
tas, assim como as empresas que
não cumprirem as medidas de
prevenção contra a transmissão
da COVID-19.
Ao mesmo tempo, o prefeito
Humberto Souto decidiu prorro-
gar até 10 de maio as medidas res-
tritivas ao comércio e aos serviços
não essenciais da cidade. O prazo
terminariaontem.Nodia25,oExe-
cutivo Municipal decidiu flexibili-
zarofuncionamentodocomércio,
autorizando a venda presencial de
mercadorias em drive-thru.
Abertura exige
planejamento,
diz infectologista
Praça do Papa,
um dos cartões-
postais de BH,
fechada ao
público: capital
adota medidas
de isolamento
social desde o
rastreamento
dos primeiros
casos na cidade
LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS – 10/4/20
Montes Claros
impõe controle
por pulseiras
Sem testes e com
o peso da decisão
LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS – 11/3/20
Profissional coleta
amostra de paciente
para exame de
detecção da
COVID-19: comitê da
UFMG recomenda
maior mapeamento
da doença para
nortear saída do
isolamento
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
A Presidente do SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DE ESPECIALISTAS EM EDUCAÇÃO DO
ENSINO PÚBLICO DO ESTADODEMINASGERAIS – SINDESPE-MG, no uso de suas atribuições
que lhe são conferidas pelo artigo 18 do Estatuto vigente, convoca todos os membros da categoria,
sobretudo os filiados que estejam em dia com as suas obrigações sociais, com fulcro no artigo 16 do
Estatuto, para aAssembleia Geral Extraordinária que será realizada no dia 13 demaio do ano de
2020, às 14:00h, em primeira convocação, e às 14:30h, em segunda convocação, à Rua Inspetor
José Aparecido, nº. 285, Bairro São Bento, Belo Horizonte/MG, para apreciar e deliberar sobre a
seguinte ORDEM DO DIA: 1- Assuntos pertinentes à Pandemia da COVID-19; 2- Ação de Mandado
de Segurança Coletivo impetrado pelo SINDESPE-MG, em trâmite no TJMG, sob o nº
1.0000.20.045530-1/000, que possui como objeto a Deliberação nº. 26 do Comitê Extraordinário; 3-
Condições mínimas de trabalho durante a pandemia, como, por exemplo, para implementar
teleaulas, resguardar a saúde individual dos servidores da categoria, definir medidas de segurança
individuais, escalonamento, dentre outros; 4- outros assuntos que se fizerem necessários. Tendo em
vista a atual situação, a fim de se evitar eventual aglomeração, será autorizada respectiva
participação tambémpormeio virtual emmídia a ser divulgada na página eletrônica daEntidade.
BeloHorizonte/MG, 30 de abril de 2020.
CARMEN TEIXEIRA SOARES E LIMA
Presidente
PL 046/2020 - PE 010/2020.
AVISODELICITAÇÃO.OBJETO
Fornecimento De Materiais /
Equipamentos Oftalmológicos
para O CEME Do Município de
Vespasiano – MG. Início de
acolhimento de propostas: Às
08h do dia 14/05/2020; As
propostas serão recebidas até às
09 horas do dia 18/05/2020;
Início da sessão de disputa de
preços: 09:30 horas do dia
18/05/2020. Edital disponível nos
e n d e r e ç o s e l e t r ô n i c o s :
www.vespasiano.mg.gov.br e
www. l i c i t acoes -e . com.b r.
Vanderson Martins. Pregoeiro
Oficial.
PREFEITURA DE VESPASIANO/MG
O vírus da paranoia
O estresse entre o presidente Jair Bolsonaro e o Judi-
ciário não é um bom sintoma político para a democra-
cia, porém, continua. Ontem, o Supremo Tribunal Fe-
deral (STF) derrubou, por unanimidade, as restrições à
Lei de Acesso à Informação previstas em uma medida
provisória (MP) editada pelo presidente da República.
A MP havia sido editada em março, motivando o pedi-
do da Rede Sustentabilidade para que o STF suspen-
desse os trechos da lei que restringiam o acesso à in-
formação. Alexandre de Moraes havia atendido ao pe-
dido; o plenário do STF confirmou a decisão, o que foi
interpretado como uma espécie de desagravo ao mi-
nistro, diante dos ataques que havia sofrido de parte
de Bolsonaro, pela manhã.
O presidente da República pretendia suspender
prazos de resposta e a necessidade de reiteração de pe-
didos durante a pandemia do novo coronavírus. A Lei
de Acesso à Informação regulamenta o trecho da Cons-
tituição que estabelece como direito de qualquer cida-
dão receber, do poder público, informações de interes-
se da sociedade. Na mesma linha da decisão do Supre-
mo, a juíza federal Ana Lúcia Petri Betto, da 14ª Vara
Cível Federal de São Paulo, determinou que a Advoca-
cia-Geral da União (AGU) forneça os laudos de todos
os

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