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771809 9870699 ISSN 1809-9874 9 ●● M G : R $ 2 , 5 0 ●● N Ú M E R O 2 8 . 3 3 3 ●● F E C H A M E N T O D A E D I Ç Ã O : 2 2 H 3 0 B E L O H O R I Z O N T E , S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0 w w w. e m . co m . b r Assinaturas e serviço de atendimento: Belo Horizonte: (31) 3263-5800 Assinatura Uai: 0800 031 5000 ● Baixe o aplicativo Estado de Minas na Google Play ou Apple Store. WhatsApp: (31) 99402-0234 COVID-19 ●● Pesquisa britânica mostra que Brasil tem maior taxa de contágio do mundo ●● Rio de Janeiro e São Paulo esperam colapso iminente do sistema de saúde ●● Ministro da Saúde afirma ser possível o país registrar 1.000 mortes diárias Aumento de pacientes infectados, de mortes e de alertas de saturamento da rede pública mostra que a situação caminha para um drama ainda maior. Dois dias após superar a China em óbitos, o Brasil ultrapassou ontem o país asiático em casos. A expansão da COVID-19 aparece em estudo do renomado Imperial College de Londres. Segundo os britânicos, a taxa brasileira de contaminação é a maior entre 48 países analisados. Em meio a incertezas, cenas como esse enterro em São Paulo ((aacciimmaa)), no qual parentes e coveiros são obrigados a usar máscaras, se espalham por capitais como Rio de Janeiro e Manaus. Sem remédios ou vacinas contra a COVID-19, infectologistas afirmam que o momento é de reforçar o isolamento social, em vez de pensar em flexibilização. Países que adotaram restrições mais drásticas e de forma precoce, como Paraguai e Nova Zelândia, comemoram queda drástica de pacientes internados e iniciam o retorno gradual das atividades. O ex- ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta lamentou em sua conta no Twitter o agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil. “Sempre foi uma previsão que torci para não se cumprir, que trabalhei para evitar, mas que infelizmente estamos vivendo”. PÁGINAS 5 E 15 85.380 CASOS 5.901 MORTES 1.827 CASOS 82 MORTES BOLSONARO ATACA ISOLAMENTO E QUER FUTEBOL O QUE BH DEVE FAZER PARA CONTINUAR FORA DA CURVA O presidente Jair Bolsonaro criticou governadores durante sua transmissão semanal pela internet e disse que o isolamento social contra a COVID-19 foi “inútil”. “Pelo que parece, todo empenho para achatar a curva (de crescimento dos casos) foi inútil. Qual a consequência colateral disso? Desemprego. O povo quer voltar a trabalhar”, afirmou, sem apresentar dados para comprovar. O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde defendem o isolamento social, pois, sem ele, os números seriam maiores. Bolsonaro defendeu ainda a volta de partidas de futebol e disse que jogadores têm risco pequeno de morrer se forem infectados. Pela manhã, o presidente atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes, por barrar nomeação para a Polícia Federal. PÁGINAS 3 A 5 Em situação relativamente mais confortável que outras capitais, Belo Horizonte precisa manter as restrições de circulação de pessoas e elevar o número de testes se quiser manter esse quadro, na avaliação de especialistas. “O isolamento social e as medidas tomadas a tempo resultaram em uma redução brutal nos casos que esperávamos”, avalia o infectologista Carlos Starling. De acordo com o médico, BH tem 32% dos leitos destinados ao tratamento da COVID-19 ocupados. “Nós estamos em plena batalha, não estamos de forma nenhuma confortáveis. Se você relaxou hoje, em uma ou duas semanas vamos colher esse fruto, que é o tempo de incubação”, afirma Starling, que não considera ser o momento de bloqueio total (lockdown). PÁGINA 8 PA U LO LO PE S/ BW PR ES S/ ES TA D ÃO CO N TE Ú D O RA U LP ER EI RA /F O TO AR EN A/ ES TA D ÃO CO N TE Ú D O ESTAMOS PERDENDO A BATALHA ●● Ministro do STF Celso de Mello determina que a Polícia Federal ouça Sergio Moro num prazo de cinco dias. PÁGINA 3 E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0 OPINIÃO E - M A I L : o p i n i a o . e m @ u a i . c o m . b rT E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 3 7 3 6 Socorro e diálogo O diálogo é sempre o melhor caminho para se encontrar a solução mais adequada para atender aos interesses das par- tes envolvidas em uma disputa, a exemplo da ajuda do Planal- to aos estados e municípios, que vem se arrastando após a eclosão da crise provocada pela pandemia do novo coronaví- rus. Sem a ajuda federal, os demais entes federados não terão condições econômicas e financeiras para atravessar tempos tão turbulentos quanto os atuais. Diante disso, é promissor o acordo que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presi- dente do Senado, Davi Alcolumbre, chegaram, ontem, para a li- beração do socorro aos governadores e prefeitos, cujos cofres encontram-se totalmente vazios e não podem, como a União, imprimir dinheiro. De acordo com a proposta da equipe econômica, estados e municípios serão beneficiados, diretamente, com R$ 60 bi- lhões pagos em quatro parcelas, sem qualquer intermediação. Antes, o governo ofereceu R$ 40 bilhões, cifra considerada pe- quena no Congresso. Os recursos sairão direto do Tesouro Na- cional para os cofres das administrações estaduais e munici- pais, sendo R$ 10 bilhões para o enfrentamento à COVID-19 – R$ 7 bilhões para os caixas dos estados e do Distrito Federal e R$ 3 bilhões para os municípios. O socorro deve-se à queda do desempenho econômico em todo o país, o que vem refletindo nas receitas de todos as uni- dades federativas. A ideia é que os outros R$ 50 bilhões sejam dis- tribuídos da seguinte forma: me- tade para estados e o Distrito Fe- deral e a outra metade para os municípios. Em troca da ajuda que pode chegar a R$ 130 bilhões – além do repasse direto de recursos haverá perdão temporário de dívidas e outros incentivos anunciados an- teriormente –, o governo conse- guiu o compromisso de que os salários dos servidores públicos ficarão congelados por 18 meses. As exceções, no período da pan- demia, ficam por conta dos profissionais diretamente liga- dos ao combate ao novo coronavírus, como médicos e enfer- meiros. Os reajustes poderiam ser feitos através de gratifica- ções temporárias. Outra categoria que deverá ser incluída na lista de exceções é a dos policiais. Nos cálculos dos técnicos do Ministério da Economia, a sus- pensão dos aumentos salariais, por 18 meses, deve gerar uma economia de cerca de R$ 130 bilhões. A empresários, Paulo Guedes afirmou que esses recursos poderão ser aplicados em áreas críticas, como saúde e saneamento, no combate à CO- VID-19. No entanto, fica proibida sua utilização para outros fins, como aumento dos salários, principalmente em um ano eleitoral. A proposta, aceita pelo presidente do Senado, deve- rá ir a votação em plenário amanhã, o que é raro na Casa por ser sábado, e encaminhada à Câmara dos Deputados, que já tinha debatido e alterado uma outra proposição da equipe econômica. Agora, o que se espera é que o diálogo também prevaleça para a aprovação final do projeto, em prol de toda a população brasileira. O governo conseguiu o compromisso de que os salários dos servidores públicos ficarão congelados por 18 meses ESTADO DE MINAS F U N D A D O E M 7 D E M A R Ç O D E 1 9 2 8 EDITORIAL FUNDADOR DOS DIÁRIOS ASSOCIADOS: ASSIS CHATEAUBRIAND DIRETOR-PRESIDENTE: ÁLVARO TEIXEIRA DA COSTA DIRETOR-EXECUTIVO: GERALDO TEIXEIRA DA COSTA NETO VICE-PRESIDENTE DE NEGÓCIOS CORPORATIVOS: JOSEMAR GIMENEZ DE RESENDE DIRETOR DE PUBLICIDADE: MÁRIO NEVES DIRETOR JURÍDICO: JOAQUIM DE FREITAS DIRETOR DE REDAÇÃO: CARLOS MARCELO CARVALHO DIRETORA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA: SÔNIA MÁRCIA SOUZA SILVA CAMPOS EDITOR-GERAL: JOÃO BOSCO MARTINS SALLES EDITORA-EXECUTIVA: RENATA NEVES CONSELHO EDITORIAL: FÁBIO PROENÇA DOYLE Quem manda sou eu e eu quero o Ramagem lá ■■ Jair Bolsonaro, presidente da República, ao criticar a decisão do STF de impedir a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal Se os outros fizessem tantos testes quantos nós, os números seriam diferentes ■■ Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ao tentar justificar o número elevadode casos da COVID-19 em seu país, o maior do mundo FRASES EESSPPAAÇÇOO DDOO LLEEIITTOORR AS CARTAS DEVEM CONTER NOME, ENDEREÇO COMPLETO, NÚMERO DO TELEFONE E CÓPIA DA CARTEIRA DE IDENTIDADE, PODENDO SER PUBLICADAS NA ÍNTEGRA OU PARCIALMENTE. AVENIDA GETÚLIO VARGAS, 291 - 2º ANDAR - FUNCIONÁRIOS - BELO HORIZONTE - MG - CEP 30112-020 - FAX: (31) 3263-5070 POLÍTICA Erros de Bolsonaro não são uma surpresa Rafael Moia Filho Bauru – SP "Quem poderia imaginar que após demitir o presidente do Inpe, sucatear o Ibama, calar o Coaf, indicar um manso para a PGR e demitir Mandetta, ex-ministro da Saúde, em plena pandemia do novo coronavírus, fosse capaz de intervir na PF em favor da família e amigos do condomínio, e até num decreto do Exército? Quem poderia imaginar que no lugar do Moro fosse indicado alguém amigo dos filhos de Bolsonaro, assim como será o indicado a delegado-geral da Polícia Federal, que até réveillon já passou com Carlos Bolsonaro? Meritocracia? Fim da mamata? Escolhas de ministros técnicos? Fim da troca de cargos com políticos e partidos? E você acreditou?" DITADURA Ato pela democracia orgulha o brasileiro João Baptista Herkenhoff Vitória "Leio em jornais que Fernando Henrique Cardoso, Lula e outros líderes estarão unidos numa manifestação nacional, a ocorrer em 1º de maio, a favor da democracia, contra a ditadura. Se esse ato de união nacional concretizar-se, o Brasil está de parabéns. Apesar disso, temos de prezar pela segurança e manutenção da quarentena. Então, que a manifestação seja feita de forma correta." DEMISSÃO A surpreendente saída de Moro do governo José Carlos Saraiva da Costa Belo Horizonte "O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Fernando Moro pediu demissão do cargo, pois não considerava justificável a exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF). Segundo Moro, o presidente Jair Bolsonaro não apresentou uma causa consistente para tal exoneração. Moro considera que a indicação do diretor da PF deve se basear em habilidades e conhecimentos técnicos, sem interferência política. Salientou, ainda, que sempre foi fiel ao compromisso assumido com Bolsonaro, desde o início dos trabalhos, em 2019. Afirmou que o presidente não cumpriu o compromisso da mesma forma. Moro defende que a PF deve ter autonomia e independência para executar as suas funções." BANCOS Planos econômicos no período de pandemia Humberto Schuwartz Soares Vila Velha – ES "O governo, antecipando saques no FGTS, quer capitalizar a população, girar a roda econômica e amenizar o impacto da COVID-19. Como consequência de planos econômicos passados, há muita grana dos correntistas liberada judicialmente, mas retidas pelos bancos. Os lucros dos bancos são enormes. O que o governo está esperando para obrigar o pagamento?" PELA INTERNET POR CARTA OU FAX twitter @em_com facebook www.facebook.com/estadodeminas e-mail site opiniao.em@uai.com.br www.em.com.br/opiniao QUINHO ●● BOLSONARO DIZ QUE O PAÍS FICOU À BEIRA DE UMA CRISE INSTITUCIONAL E DESAFIA MINISTRO DO STF "Acho ótimo colocarem entre parêntese SEM PARTIDO! Acho que chegou a hora de refletirmos sobre nosso país e nós mesmos com nossas escolhas partidárias em 520 anos." ■■ Lidia Batista do Santos "Você é o maior vírus do século, Bolsonaro!" ■■ Arlan Cetano ●● MORO FAZ CONTRAPONTO A BOLSONARO AO FAZER ALERTA: ''CUIDE-SE!'' "Mais um que vai virar político..." ■■ Pablo Oliveira ●● CIENTISTAS ALERTAM TEICH: SEM AÇÕES MAIS EFETIVAS, COLETIVAS SE LIMITARÃO A ATUALIZAR MORTES "Ele está mais perdido que cego em tiroteio! Mais algumas semanas e se perguntar o nome dele... ele irá procurar no gráfico." ■■ Claudete Diamante Ferreira "Ele foi colocado lá exatamente para isso: não fazer nada!" ■■ Alan Fontes "Parabéns pelo discurso verdadeiro como uma nota de três reais" ■■ Marina Pacheco "Não espere nada desse daí, porque até medo de abrir a boca ele tem. Porque sabe que não pode desapontar o presidente." ■■ Janaina Silva ●● À RÁDIO, BOLSONARO DIZ QUE PODE TER PEGO CORONAVÍRUS E REITERA CRÍTICAS A MORAES "E vaso ruim quebra? O brasileiro não tem assistência médica igual o político tem. Se Bolsonaro estiver com COVID-19, ele tem uma junta médica para atendê-lo. E o eleitor?" ■■ Ariana ●● BRASIL PODE DOBRAR MORTES ATÉ DOMINGO E ESTUDO APONTA PIOR SITUAÇÃO NO MUNDO "Os doentes da cognição já chegaram aqui pra falar idiotices! Cinco mil pessoas, seres humanos mortos! E ainda temos que ler gente louca, maldosa, que duvida ou finge duvidar dessa doença e seu rastro de morte!!" ■■ Tânia Carvalho Selo de solidariedade olidariedade é o qualificado selo de autenticidade da cidadania, é o olhar humano nobre, dirigido ao pobre e ao vulnerável, que inspira a compaixão, alicerçando gestos de partilha capazes de re- novar esperanças. Dos cristãos, a solidariedade é selo de autentici- dade da fé. Muitos se dizem reli- giosos, se inscrevem em diferentes confissões, mas somente quem é solidário vivencia, genuina- mente, o cristianismo. O ensino do Novo Testa- mento, com raízes profundas na tradição judaica do Antigo Testamento, interpela cada pessoa que se propõe a seguir Jesus com a exigência da soli- dariedade. Jesus Cristo é o Deus da solidariedade, o filho do Pai solidário com a humanidade sofredora e submersa na condenação do pecado. O coração que se abre à ação do Espírito Santo, à Trindade, é inspirado a agir de forma sempre solidária, com palavras que consolam, a partir de gestos corajo- sos e considerando que o outro, o irmão, é sempre mais importante – um princípio da moralidade cristã. Não há, pois, outro caminho para a civiliza- ção contemporânea. A única via possível é a da so- lidariedade. Se não for trilhada, a humanidade continuará a ser atormentada, de modo devasta- dor, por pandemias. No sofrimento, perceberá que não adianta acumular riquezas para vencer a mor- te. O mal só se vence com a luz da efetiva solida- riedade. Uma luminosidade capaz de debelar até mesmo a morte, conforme ensina a ressurreição de Cristo. Estranha muito, e certamente revela perversi- dades, escolhas equivocadas, quando alguns cris- tãos agem como se tivessem medo da solidarieda- de. Fecham-se às ações solidárias, sentem-se ameaçados nas fronteiras impostas por seus pró- prios egoísmos doentios. Passam a caluniar a soli- dariedade, para enfraquecê-la, valendo-se de este- reótipos obsoletos e inadequados, vinculados a ideologias políticas sem consistência. Assim pro- cedendo, talvez sem perceber e sem se dar conta de que estão se contrapondo à solidariedade, es- sas pessoas habitam no terreno de outras ideolo- gias políticas igualmente perversas, que alimen- tam a indiferença em relação aos pobres, aos tra- balhadores da cidade e do campo. A doutrina social da Igreja Católica convoca os cristãos a se sensibilizarem diante da humanidade ferida, que não encontrará a sua cura em uma eco- nomia gananciosa. A recuperação somente virá a partir de novas configurações fundamentadas na solidariedade, no respeito, no amor. Mas o amor cristão exige o compromisso de denunciar o que está errado e ajudar no desenvolvimento de novos projetos nos campos social, cultural e econômico, capazes de garantir a todos o direito e a justiça. O ciclo novo que se espera ao final dessa pandemia do novo coronavírus necessita da inspiração de um humanismo integral e solidário. Não pode prevalecer a mesquinhez nos mais diferentes grupos ou mesmo na interioridade de mum e da justiça. Trata-se de um longo caminho de purificação para vencer o acúmulo de vícios e práticas abomináveis – manipulação, iniciativas motivadas por interesses espúrios, perpetuação de privilégios e submissão ao dinheiro, por medo ou conivência. A solidariedade é a luz que precisa revisitar mentes, corações, contextos diversos, a exemplo de tribunais, mesas executivas, esferas variadas da conjuntura cidadã. Estre esses está o mundo do trabalho, que merece especial atenção. É preciso um olhar solidário para reconhecer a importância e, assim, respeitar trabalhadorese trabalhadoras, considerando a sacralidade de seus direitos e de sua dignidade. Neste Dia do Trabalho, importan- te mais uma vez retomar o que ensina a doutrina social da Igreja Católica, para que as mudanças em curso não ocorram de modo determinista. Seja a humanidade protagonista das transformações al- mejadas e cada pessoa torne-se reconhecida como protagonista de seu trabalho. Modos mecanicis- tas e economicistas de ordenamento social são pe- rigosos. Em vez de propostas inadequadas, pouco lúcidas e que desrespeitam a dignidade humana, particularmente do trabalhador, a humanidade é convocada a priorizar o selo da solidariedade. cada pessoa. No coração humano deve habitar a voz da solidariedade, que corrige rumos, alarga horizontes de modo iluminador, exigindo novas lógicas e práticas. O coração solidário salva a men- te de escolhas políticas obscurecidas, enraizadas em fanatismos ou na escravidão ao dinheiro. A oportunidade de consolidar um ciclo novo para a humanidade depende de muitos e de cada um. Precisa de lúcida e qualificada participação, parti- cularmente das instâncias governamentais, legis- lativas e judiciárias a serviço do povo, do bem co- Não pode prevalecer a mesquinhez nos mais diferentes grupos ou mesmo na interioridade de cada pessoa Pandemia: educar e se descobrir Dizem que as mulheres são muitas em uma só. Venho, a ca- da dia, descobrindo em mim mais e mais faces de ser mulher, vejo que posso descobrir quali- dades e tirar muitas alegrias de- las. E assim tem sido desde que me coloquei como educadora. Educar é um desafio, pois te- mos que penetrar em mundos diferentes, entender pessoas de todas as situações e estilos de vi- da, inseridas em um só grupo. Ao educar, estamos sempre mudan- do, evoluindo, atualizando, adap- tando, personalizando, e nesse processo temos que combinar a rotina profissional e pessoal. Porém, diante de desafios, como o isolamento social pro- vocado pelo novo coronavírus, somos estimulados a crescer. Somos impulsionados a enfren- tar mudanças. Nesse tempo de pandemia, nossa casa deixou de ser "apenas" nosso lar e passou a ser sala de aula para ensinar e aprender. No início da quarentena, au- las on-line, gra- var vídeos, mi- crofone, webcâ- mera, platafor- mas interativas, entre outros, que para mim eram uma realidade distante, se tor- naram, da noite para o dia, alia- dos importantes. Não posso dizer que não foi desa- fiador, mas edu- car é assim. Encarei o de- safio e me colo- quei a aprender rapidamente co- mo educar sem o contato físico. Como estar com tantos alunos e saber se estavam absorvendo o necessário. Trabalhei com as fer- ramentas novas e outras já bem conhecidas, como aplicativos de mensagens e e-mail e, dentro desse mundo novo, descobri o quanto essa realidade digital era importante. Coloquei casos prá- ticos como testes e gravei as cor- reções, para no outro encontro poder tirar dúvidas, e o retorno foi sensacional. Pude acompanhar, mesmo que pela tela do computador, questões de alunos que estavam realmente interessados, que es- tavam "quebrando a cabeça", co- mo escutei de uma aluna. Tam- bém pude acompanhar por ava- liações o desenvolvimento entre um exercício e outro. Percebi que conteúdos, hoje em dia, estão de fácil acesso aos alunos sim! O que precisamos é ensiná-los a usar. Como Albert Einstein já dizia: "Educar, verda- deiramente, não é ensinar fatos novos ou enumerar fórmulas prontas, mas sim preparar a mente para pensar". E isso, deve- mos prezar nas aulas, presencial- mente ou não. O desafio de educar por plata- formas digitais trouxe mais chances de oferecer aos alunos a oportunidade de aprender, mes- mo em um mundo colapsando. O que era visto como ferramenta de distanciamento social se tor- nou um instrumento de união entre educadores, educandos e o futuro. E eu continuo a descobrir outras habilidades em mim. O desafio de educar por plataformas digitais trouxe mais chances de oferecer aos alunos a oportunidade de aprender S COVID-19 e a especialidade vascular E o mundo virou de cabeça para baixo. De re- pente, nossos pacientes crônicos que fazem con- trole regular de suas patologias vasculares, com medo da epidemia, sumiram dos nossos consul- tórios, ambulatórios e do nosso monitoramen- to. O momento é de angústia e incerteza. Porém, temos que colocar na balança os riscos e benefí- cios e entender que, às vezes, o que sentimos ou apresentamos podem ser pior que a COVID-19. Sabemos como é difícil a decisão de buscar auxí- lio médico ou ficar em casa em isolamento so- cial. Na especialidade vascular, lidamos com doenças degenerativas que, mesmo bem cuida- das, progridem lentamente. Nossos pacientes, ou uma boa parte, são do grupo de risco para a COVID-19, e são exatamente esses que também têm risco de ficar sem a nossa atenção. Tenho conversado com diversos colegas do Brasil inteiro, que relatam que os casos de fe- ridas infectadas, principalmente nos diabéti- cos, têm chegado aos hospitais em estado avançado de comprometimento e, assim sen- do, evoluindo mal e, com isso, aumentando o número de amputações e até mortes que po- deriam ser prevenidas se o atendimento fosse feito precocemente. Também temos pacientes com doença arterial periférica controlada que podem se agravar com um quadro de trombo- se arterial, com risco de perda de membro se não houver intervenção imediata. Temos tido relatos de casos de pacientes que chegam aos hospitais já com necrose de dedos e dor inten- sa. Pacientes portadores de aneurisma, que fa- zem acompanhamento regular, devem manter esse controle. Pacientes que têm um edema súbito de perna, com endurecimento da mus- culatura da panturrilha e, às vezes, por medo, tendem a diminuir a importância do sintoma e falar que é uma distensão ou que pisou erra- do, podem estar diante de uma trombose ve- nosa profunda aguda, que pode levar a proble- mas sérios se não reconhecida e tratada. Te- mos, também, pacientes que fazem uso de me- dicação anticoagulante com controle periódi- co e que precisam desse controle, pois correm o risco de uma hemorragia. Além dos pacientes crônicos, que podem ter seus problemas agudizados, temos uma inter- face nova com a epidemia de COVID-19, que são sintomas de microtromboses de pequenos vasos de extremidade ou cutâneas que podem aparecer ainda no começo da infecção e que ajudam a corroborar no diagnóstico da doença. Também temos colaborado com nossos cole- gas intensivistas e clínicos na avaliação dos ca- sos de tromboses em pacientes de COVID-19, e seu tratamento, que tem particularidades que ainda estamos estudando e aprendendo. En- fim, estamos atentos aos novos estudos cientí- ficos que têm surgido sobre o tema, mas que- remos, também, zelar pelos nossos pacientes antigos, outrora bem controlados e que po- dem, neste momento, por um medo excessivo, deixar passar o período mais adequado de se- rem bem cuidados e submetidos a uma inter- venção precoce antes do agravamento do qua- dro. Qualquer sintoma novo que possa apare- cer, como dor forte, edema, mudança de colo- ração ou temperatura de uma extremidade; se for portador de ferida crônica, mudança no as- pecto, cheiro, ou tamanho da lesão devem ser motivos de um contato com seu médico. A for- ma como vai acontecer esse atendimento de- verá ser combinada entre o médico e o pacien- te, mas o importante é não menosprezar os si- nais que o nosso corpo usa para se comunicar conosco e dizer que algo não anda bem. Enfim, cuidar-se bem neste momento inusi- tado exige bom senso, tranquilidade, escutar seu corpo e gerir prioridades com sabedoria. OPINIÃO E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0 7 WANIA CLÉLIA DOS REIS BRITO PARANAÍBA Professora DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) BRUNO DE LIMA NAVES Presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) SUCURSAL SÃO PAULO Alameda Joaquim Eugênio de Lima, nº 732/766 - Edifício MaryHarriet Speers - 7º andar - Bairro Jardins - São Paulo - SP CEP: 01403-000 ● Fone: (11) 3372-0022 ● e-mail: sucursal.sp@uai.com.br e associadossp@uaigiga.com.br SUCURSAL RIO DE JANEIRO Rua Fonseca Teles, 114 a 120 – bloco 2 - 1º andar - São Cristóvão – Rio de Janeiro - RJ CEP: 20940-200 Tel : (21) 2263-1945 ● Fax: (21) 2263-2045 e-mail: sucursal.rj@uai.com.br Avenida Getúlio Vargas, 291 - Funcionários, Belo Horizonte-MG-Cep 30112-020 Filiado ao Instituto Verificador de Circulação TABELA DE PREÇOS REPRESENTANTES EXCLUSIVOS TELEFONES DE APOIO O ESTADO DE MINAS trabalha com as seguintes agências de notícias: Agência Estado, Agência O Globo, Agência Folha, France-Presse e Reuters. AGÊNCIAS D.A PRESS MULTIMÍDIA (31) 3263-5000 F U N D A D O E M 7 D E M A R Ç O D E 1 9 2 8 Redação (31) 3263-5330 Editorias: Gerais (31) 3263-5244 Política (31) 3263-5293 Economia e Agropecuário (31) 3263-5103 Esportes (31) 3263-5313 Internacional (31) 3263-5301 Opinião (31) 3263-5373 Cultura - TV - Pensar e Divirta-se (31) 3263-5126 Fotografia (31) 3263-5214 Turismo (31) 3263-5333 Informática (31) 3263-5360 Vrum (31) 3263-5078 Bem Viver, Guri e Negócios e Oportunidades (31) 3263-5048 Feminino & Masculino (31) 3263-5260 Belo Horizonte (31) 3263-5800 DISTRIBUIDOR DE ASSINATURAS INTERIOR 0800 283 5062 DEPARTAMENTO DE COBRANÇA (31) 3263-5421 DEPARTAMENTO COMERCIAL (31) 3263-5501 e (31) 3263-5224 SERVIÇO DE ATENDIMENTO À VENDA AVULSA Capital e Contagem (31) 3263-5830 Interior de Minas Gerais 0800 283 5062 Telefax Circulação (31) 3263-5961 S/A ESTADO DE MINAS SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO ASSINANTE VENDA AVULSA (R$) Localidade 2ª a sábado MG, SP, RJ (capital) RJ (interior), ES e DF 2,50 3,50 Domingos 3,50 4,50 Outros estados 5,00 6,50 ASSINE Belo Horizonte (31) 3263-5800 ▲ SEDE TELEFONE GERAL ATENDIMENTO PARA PESQUISA E VENDA DE CONTEÚDO: Por e-mail e telefone: de segunda a sexta, das 9h às 22h/ sábados, das 14h às 21h/ domingos e feriados, das 15h às 22h. Telefones: (61) 3214.1575 /1582/1568/0800 647 73 77. Fax: (61) 3241.1595. E-mail: dapress@dabr.com.br Site: www.dapress.com.br ANUNCIE Publicidade (31) 3263-5501/5197 Classificados (Pequenos Anúncios Fonados) (31) 3228-2000 ▲ WhatsApp: (31) 99508-4155 2 E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0 COVID-19 Decretos de calamidade pública, diante da pandemia, recebem aval do Legislativo mineiro, que retira restrições a despesas necessárias ao enfrentamento da doença Prefeitos liberados para gasto Uma risada vale mais que mil palavras “Olha aqui, eu tô, eu num tô. Pra que isso? Daqui a pouco quer saber se eu sou virgem ou não. Vou ter que apresentar o exame de virgindade pra vocês. Dá positivo ou negativo?” Foi o que disse ontem o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), minutos antes de embarcar para Porto Alegre (RS). A Advocacia-Geral da União (AGU) não apresentou os exames. Optou por fazer um simples relatório médico da coordenação de saúde da própria Presidência da República. Ele é datado de 18 de março sob a Coordenação de Saúde da Presidência da República, que atestou estar Bolsonaro “encontrando-se assintomático, tendo realizado exame para detecção da COVID-19 entre os dias 12 e 17 de março com o referido exame dando não reagente (negativo)”. Melhor então tratar do Supremo Tribunal Federal (STF), cuidar de notícia que de lá vem. O ministro Gilmar Mendes negou seguimento ao mandado de segurança pedido pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em que ele buscava “impedir a prorrogação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News e excluir a validade de duas reuniões do colegiado”. O deputado, filho do presidente da República, sustentava que o objeto da CPMI foi desvirtuado com a intenção de prejudicar a atuação política dos membros do Legislativo aliados do presidente da República e que a análise das notícias falsas na campanha eleitoral de 2018 era “completamente acessória”. Argumentava ainda que a prorrogação da CPMI por mais seis meses ameaça seus direitos políticos, tendo em vista o “caráter tendencioso e parcial dos atos praticados”. Só que, para o ministro Gilmar Mendes, a utilização de perfis falsos para influenciar o resultado das eleições de 2018 integra o objeto inicial de apuração da CPMI previsto no seu requerimento de criação. “A própria justificação desse requerimento apresentada à Mesa Diretora do Congresso já destacava como motivos determinantes da instalação da comissão o contexto de utilização de fake news no processo eleitoral”, ressaltou. E encerra o ministro Gilmar Mendes: “Os fatos apurados pela CPMI das Fake News são da mais alta relevância para a preservação da ordem constitucional do país. Não à toa, há crescente preocupação mundial com os impactos que a disseminação de estratégias de notícias falsas têm provocado nos processos eleitorais”. ■ Em tempo sobre a nota, esta semana, envolvendo o ex-deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB), o relator do inquérito, o ministro Ricardo Lewandowski, votou pela rejeição da denúncia por ausência de justa causa (artigo 395, inciso III, do Código de Processo Penal). ■ Para o ministro do Supremo Tribunal Federal, “não há nos autos elementos seguros que confirmem indícios mínimos de autoria do crime imputado ao parlamentar”. Lewandowski citou pareceres, do Tribunal de Contas da União (TCU), confirmando a regular prestação de contas do convênio. ■ Haja medidas provisórias este mês. É isso mesmo, nada menos que 26 medidas provisórias (MPs) publicadas pelo governo federal. E todas em abril. O detalhe: todos os textos, com exceção de um, se referem à pandemia da COVID–19. ■ A senadora Simone Tebet (foto) (MDB- MS), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), reconhece o “momento de exceção” atravessado por todos os países, e defende que o Executivo se valha das medidas provisórias, que são instrumentos típicos para situações de urgência e relevância. ■ Diante disso, o melhor a fazer é encerrar urgentemente a coluna por hoje. Um bom feriado a todos. O 1º de maio deste ano é diferente mesmo. Resta torcer para que venham melhores dias na política nacional. PINGAFOGO BAPTISTA CHAGAS DE ALMEIDA Os fatos apurados pela CPMI das Fake News são da mais alta relevância para a preservação da ordem constitucional do país’ Antes é claro O presidente do Senado alertou os seus colegas de que será votado amanhã, a partir das 16h, em sessão extraordinária deliberativa remota. Davi Alcolumbre ainda fez questão de avisar que os senadores poderão apresentar emendas à sua primeira versão do relatório até as 10h de amanhã. E acrescentou ainda que nas cinco horas seguintes essas emendas serão analisadas, para que seja possível chegar a um texto de consenso até as 15h. Essa última parte é que recomenda esperar se vai haver um consenso. Como têm os governadores fazendo pressão, deve dar tudo certo. Terceirizou A culpa é dos governadores, alegou o presidente Bolsonaro: “Não adianta a imprensa querer colocar na minha conta essas questões que não cabem a mim. O Supremo Tribunal Federal decidiu que quem decide essas questões são governadores”. Melhor deixar a palavra ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB): “Venha ver a gripezinha e o resfriadinho. Venha ver as pessoas agonizando nos leitos e a preocupação dos profissionais da saúde”. Se o convite será aceito, nem precisa esperar. É certo que o presidente não irá. Ah! E muito menos os repórteres verão. Desabafo O deputado João Leite (PSDB), declarou, ontem, na reunião remota da Assembleia Legislativa (ALMG), que está recebendo vários apelos de prefeitos do Vale do Mucuri para que tente conseguir frear o desemprego na região provocado pela quarentena do novo coronavírus. “Estamos assistindo a uma calamidade pública nos municípios, em função do alto índice de desemprego por causa das medidas tomadas para barrar o coronavirus”, ressaltou. E aproveitou a caminhada para indagar: “Não é possível que não tenhamos uma solução para esta situação”.[ ] Tem mais... Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou, na sessão de ontem, por unanimidade, alguns trechos da Medida Provisória (MP-928), editada mês passado, pelo governo Jair Bolsonaro para restringir a Lei de Acesso à Informação (LAI). Todos os ministros votaram de acordo com o relator, Alexandre de Moraes, que suspendeu as mudanças promovidas pelo presidente no meio da pandemia ligada ao novo coronavírus. O detalhe O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (foto), apresentou ontem a primeira versão do seu relatório ao projeto de lei que prevê compensação a estados e municípios pela perda de arrecadação provocada pela pandemia de coronavírus. Para deixar claro o detalhe, o texto, que é um substitutivo à proposta já aprovada na Câmara dos Deputados, será votado amanhã. Isso mesmo, votação amanhã, em plena seca de notícias políticas. O senador fez questão de avisar ainda que esse projeto será o único item da pauta. MARCOS BRANDÃO/SENADO FEDERAL – 20/12/19 >>b a p t i s t a a l m e i d a . m g @ d i a r i o s a s s o c i a d o s . c o m . b r ✓ Abaeté ✓ Alfenas ✓ Almenara ✓ Araguari ✓ Arcos ✓ Belo Horizonte ✓ Bicas ✓ Bom Despacho ✓ Caeté ✓ Cambuí ✓ Cambuquira ✓ Campo Belo ✓ Campos Altos ✓ Carmo da Cachoeira ✓ Centralina ✓ Conceição das Alagoas ✓ Coromandel ✓ Espinosa ✓ Extrema ✓ Goianá ✓ Governador Valadares ✓ Guaranésia ✓ Ibirité ✓ Itabira ✓ Itaguara ✓ Itajubá ✓ Itanhandu ✓ Itapecerica ✓ Jaboticatubas ✓ João Monlevade ✓ Lagoa Santa ✓ Manhuaçu ✓ Mário Campos ✓ Matozinhos ✓ Monte Azul ✓ Montes Claros ✓ Morro da Garça ✓ Nanuque ✓ Nazareno ✓ Nova Serrana ✓ Novo Cruzeiro ✓ Pedro Leopoldo ✓ Pirapetinga ✓ Porto Firme ✓ Ribeirão das Neves ✓ Santa Luzia ✓ Santana do Paraíso ✓ Santos Dumont ✓ São Francisco ✓ São Gotardo ✓ São João del-Rei ✓ São José da Lapa ✓ São Sebastião do Paraíso ✓ Serra do Salitre ✓ Teófilo Otoni ✓ Viçosa ■■ NA LISTA Municípios incluídos no projeto PE D RO FR AN ÇA /S EN AD O FE D ER AL – 10 /7 /1 9 GUILHERME PEIXOTO Projeto de resolução que reconhece o estado de calamidade pública em Belo Horizonte e outros 55 municípios de Mi- nas Gerais recebeu o aval dos deputados estaduais ontem em turno único de vo- tação. Devido à pandemia do novo coro- navírus, a proposta tramitou em regime de urgência na Assembleia Legislativa do estado (ALMG). Os decretos sobre cala- midade pública já vigoram em cada um dos municípios. Contudo, a ratificação do Parlamento permite que as administrações munici- pais, conforme determina a Lei de Res- ponsabilidade Fiscal (LRF), suspendam os prazos e limites ligados ao pagamen- to da dívida pública das cidades e aos gastos com pessoal. O estado de calami- dade dá aos prefeitos a possibilidade de comprar, sem licitação, insumos neces- sários ao enfrentamento da pandemia. O texto aprovado pela Assembleia Le- gislativa prevê que o estado de calamida- de terá duração de três meses, contados a partir da publicação de cada decreto municipal. No entanto, o prazo pode ser prorrogado pelos deputados estaduais enquanto os efeitos impostos pela CO- VID-19 forem sentidos. Em Belo Hori- zonte, o prefeito Alexandre Kalil editou decreto de calamidade em 21 de abril. O relator da proposta na ALMG foi o deputado Cássio Soares (PSD). A votação ocorreu de modo remoto, sob o coman- do do presidente da Casa, Agostinho Pa- trus (PV). O PRE 92/2020 foi aprovado por 67 deputados. Delegada Sheila (PSL), João Vítor Xavier (Cidadania) e Léo Portela (PL) se manifestaram contrariamente. Outros dois parlamentares — Doutor Wilson Ba- tista (PSD) e Guilherme da Cunha (Novo) — votaram em branco. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Os deputados estaduais mineiros aprovaram, ainda ontem, em turno único, projeto que permite a denúncia de casos de violên- cia doméstica por meio da Delegacia Virtual do estado. Devido à pandemia do novo coronavírus, a proposta tra- mitou em regime de urgência e, agora, segue para sanção do governador Ro- meu Zema (Novo). O texto, de autoria da deputada Ma- rília Campos (PT), estabelece a inclusão da violência doméstica no rol de ocor- rências possíveis de oficialização por meio da internet. Após o recebimento da denúncia, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher deve conversar com a autora da denúncia por meio de ligação telefônica, mensagens on-line ou qualquer outro meio virtual que garanta a comunicação adequada. Segundo o Projeto de Lei (PL) 1.876/2020, nas regiões em que não hou- ver Delegacia Especializada, o acolhi- mento será feito pela delegacia respon- sável pela localidade. Após a conversa com a responsável pela ocorrência, os dados do caso devem ser encaminhados à Justiça em até 48 horas, para que sejam concedidas medidas protetivas em cará- ter de urgência. O projeto recebeu aval dos parlamen- tares na forma de um texto substitutivo, apresentado pelo relator Cássio Soares (PSD). Na nova redação, a proposta con- templa, ainda, a denúncia de agressões cometidas contra crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. Na jus- tificativa da proposta, Marília Campos explica que o isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19 pode au- mentar o número de ocorrências de vio- lência doméstica. “Pelas dificuldades encontradas para buscar ajuda, denunciar as violências e requerer medidas cabíveis, os riscos po- dem ser agravados, colocando em peri- go a vida das mulheres”, argumenta a de- putada, que, até dezembro do ano passa- do, presidia a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia. Durante a reunião plenária, ocorrida de modo remoto, os parlamentares de- ram aval, em primeiro turno, a um ou- tro projeto que obriga condomínios re- sidenciais a informarem às autoridades de segurança pública casos ou indícios de violência doméstica ocorrida nesses locais. Síndicos deverão encaminhar de- núncias de possíveis agressões contra crianças, mulheres, idosos e pessoas com deficiência à delegacia de Polícia Civil responsável pela região. O Projeto de Lei (PL) 1.054/2019 foi apresentado pelos deputados Mauro Tramonte e Charles Santos, ambos do Republicanos. O relator Cássio Soares apresentou texto alternativo, que re- tirou da proposta a multa aplicada aos condomínios que deixassem de informar, mais de uma vez, os casos de agressão. O deputado alegou que a sanção financeira foi excluída pelo fa- to de a proposta não ter caráter puni- tivo, mas sim educativo. Antes de ser votada em caráter definitivo em ple- nário, a matéria será novamente ana- lisada pelas comissões temáticas da Assembleia. SARAH TORRES/ALMG – 14/4/20 Reunião dos deputados foi realizada de forma remota, sob comando do presidente da Assembleia, Agostinho Patrus POLÍTICA E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0 3 Presidente faz duras críticas à decisão que suspendeu nomeação de Alexandre Ramagem para a PF. Magistrado critica “achismo” e afirma que está faltando liderança ao país BOLSONARO ATACA MORAES E MINISTROS DO STF REAGEM Brasília – O ministro do Supremo Tri- bunal Federal Celso de Mello determinou ontem à noite que a Polícia Federal ouça o ex-ministro da Justiça Sergio Moro num prazo de cinco dias. Ele deverá prestar de- poimento sobre as acusações de que o pre- sidente Jair Bolsonaro tentou interferir no trabalho da PF e em inquéritos relaciona- dos a familiares. Na última terça-feira, Cel- so de Mello tinha determinado que o de- poimento fosse colhido em até 60 dias. O inquérito, que foi autorizado pelo STF, vai investigar se as acusações de Moro são ver- dadeiras. Se não, ele poderá responder na Justiça por denunciação caluniosa e cri- mes contra a honra. O pedido de redução do prazo foi envia- do ao STF ontem à tarde pelo senador Ales- sandro Vieira (Cidadania-SE) e pelos depu- tados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Ri- goni (PSB-ES). "A diligência ora determina- da deverá ser efetuada pela Polícia Federal, no prazo de 5 (cinco) dias, consideradas as razões invocadas pelos senhores parla- mentares que subscrevem, juntamente com seus ilustres advogados, a petição a que anteriormenteme referi", definiu Cel- so de Mello. Ainda ontem, os ataques de Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes causa- ram reação imediata dos integrantes da corte, durante a sessão virtual. O próprio Moraes mandou recados ao Palácio do Pla- nalto. Ao votar em uma discussão sobre as consequências do novo coronavírus, Mo- raes disse que o Brasil terá esperança de sair da crise apenas se houver liderança pa- ra conduzir o processo. “E esperança se dá com liderança. Quando nós, que exercemos cargos públi- cos, possamos olhar para a população e afirmar que estamos fazendo o melhor com base em regras técnicas, regras de saúde pública, regras internacionalmente conhecidas. E não com base em achismos, com base em pseudomonopólios de po- der por autoridade”, disse Moraes. Ele também cobrou coordenação do governo federal com prefeitos e governa- dores no combate à doença. “O Brasil já chega quase a 6 mil mortos. Enquanto os entes federativos continuarem brigando, judicialmente ou pela imprensa, a popu- lação é que sofre. A população não está muito preocupada com a divisão de com- petências administrativas ou legislativas, a população quer um norte seguro para que ela tenha saúde”, disse. O presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, ressaltou que é testemunha da dedi- cação de Moraes“ao direito e à causa públi- ca”.“Fica aqui meu carinho e meu abraço ao querido colega e amigo ministro Alexandre de Moraes”, afirmou. O ministro Luís Barro- so saiu em defesa do colega. “O ministro chegou ao Supremo Tribunal Federal após sólida carreira acadêmica e de haver ocupa- do cargos públicos relevantes, sempre com competência e integridade. No Supremo, sua atuação tem se marcado pelo conheci- mento técnico e pela independência. Senti- mo-nos honrados em tê-lo aqui”, disse. ■■ 'CENSURA PERSONALISTA' Gilmar Mendes por sua vez, se manifes- tou pelas redes sociais. “As decisões judi- ciais podem ser criticadas e são suscetíveis de recurso, enquanto mecanismo de con- trole. O que não se aceita, e se revela ilegí- tima, é a censura personalista aos mem- bros do Judiciário. Ao lado da independên- cia, a Constituição consagra a harmonia entre os poderes." A ministra Cármen Lúcia afirmou que o colega “honra a magistratura brasileira” pela sua responsabilidade e pelo“vasto co- nhecimento que faz com que o Brasil saiba que há, sim, ótimos juízes”. O ministro Luiz Edson Fachin foi na mesma linha e disse que se sente honrado em integrar o STF ao lado de Moraes. “Faço três cumpri- mentos: em primeiro lugar, ao nosso emi- nente colega Alexandre de Moraes, cuja contribuição intelectual e acadêmica foi realçada da tribuna virtual e espelha aqui- lo que de real tem em todos os estudantes e estudiosos do Brasil.” B rasília – O presidente Jair Bolsonaro criticou duramente a decisão do mi- nistro Alexandre de Moraes, do Su- premo Tribunal Federal (STF), de suspender a nomeação de Alexan- dre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal. "Eu não engoli ainda essa de- cisão do senhor Alexandre de Moraes. Não en- goli. Não é essa a forma de tratar um chefe do Executivo, que não tem uma acusação de cor- rupção e faz tudo possível pelo seu país", decla- rou. Para Bolsonaro, a decisão de Moraes foi "po- lítica". Ele revogou a nomeação de Ramagem. Moraes acatou mandado de segurança im- petrado pelo PDT que questionava a ligação de Ramagem com a família de Bolsonaro e a pos- sibilidade de interferência do presidente na PF. "Desautorizar o presidente da República com uma canetada dizendo 'impessoalidade'? On- tem quase tivemos uma crise institucional, quase, faltou pouco. Eu apelo a todos que res- peitem a Constituição", afirmou o presidente. Questionado sobre a possível crise institu- cional, Bolsonaro disse que não entraria em detalhes. Ele cobrou coerência de Moraes para também desautorizar Ramagem na direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Se- gundo ele, se Ramagem não tem confiança pa- ra estar na PF também não poderia estar na Abin, cargo que ocupava antes de ser nomea- do para a PF. "Essa decisão do senhor Alexandre de Mo- raes, no meu entender, falta um complemento para mostrar que não é uma coisa voltada pes- soalmente para o senhor Jair Bolsonaro. Falta ele decidir se o Ramagem pode ou não continuar na Abin. É isso que espero dele", disse. O chefe do Executivo cobrou posiciona- mento imediato do ministro. "Se ele (Moraes) não se posicionar, ele está abrindo a guarda para eu nomear o Ramagem independente- mente da liminar dele. É isso que não quere- mos. Queremos o respeito de dupla mão en- tre os poderes", afirmou. O presidente afirmou que a Advocacia-Ge- ral da União (AGU) recorrerá da decisão de Moraes, mas que o governo estuda outros no- mes para o cargo de diretor-geral da Polícia Fe- deral. "Pretendo o mais rápido possível, sem atropelo, indicar o diretor-geral, que é compe- tência minha indicar. Quero o mais rápido possível dar tranquilidade para a Polícia Fede- ral trabalhar." Bolsonaro deu as declarações na saída do Palácio da Alvorada, antes de embar- car para Porto Alegre, para onde iria participar de solenidade do Exército. Ao dizer que espera celeridade na análise de recursos, o presidente questionou a isenção do ministro. “Espero que seja tão rápido quanto a liminar. Espero no mínimo isso do senhor Ale- xandre de Moraes. O mínimo que espero é ra- pidez para que a gente possa tomar as provi- dências. Não justifica a questão da impessoali- dade (um dos argumentos na decisão do minis- tro). Como o Alexandre de Moraes foi para o Su- premo? Amizade com o senhor Michel Temer.” Ao desembarcar em Porto Alegre, Bolsonaro disse em entrevista à Rádio Guaíba que não se- rá um presidente "pato manco". "Não serei um presidente pato manco. Não vou admitir ser um presidente pato manco, refém de decisões mo- nocráticas de quem quer que seja. Não é um re- cado. É uma constatação ao senhor Alexandre de Moraes. Tudo tem limite. Essa decisão do se- nhor Alexandre de Moraes, não engoli ela no dia de ontem. É uma afronta à pessoa do presiden- te da República", apontou. "Cobrei que o ministro Alexandre de Moraes tome posição no tocante ao Ramagem, porque ele continua à frente da Abin, que é tão impor- tante quanto a PF", disse. Para o presidente, im- pedir que Ramagem assuma o controle da PF en- quanto comanda a Abin é o mesmo que impe- dir, "por questões pessoais", que um sargento do Exército ocupe o mesmo posto na Aeronáutica. "Decisão que não engoli, é uma afronta. Não aceito ser refém de decisões monocráticas de quem quer que seja", completou Bolsonaro. POLÍCIA FEDERAL A polêmica de Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal decorre da saí- da bombástica do ex-juiz federal Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. De- pois de 16 meses no governo, ele pediu demis- são há uma semana alegando interferência polí- tica de Bolsonaro na Polícia Federal. No dia anterior, o presidente havia chamado Moro ao Palácio do Planalto para informá-lo de que demitiria o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. O ex-juiz rejeitou a mudança porque considerou que era ingerência, já que Bolsonaro teria manifestado, segundo Moro dis- se em pronunciamento, interesse em acessar in- formações de investigações da Polícia Federal que chegaram ao vereador Carlos Bolsonaro, fi- lho dele envolvido na articulação de divulgação de fake news pelas redes sociais. Bolsonaro acusou Moro de estar mentindo e de ter barganhado a troca no comando da PF à sua indicação ao Supremo Tribunal Federal. PF tem cinco dias para ouvir Moro Decisão que não engoli, é uma afronta. Não aceito ser refém de decisões monocráticas de quem quer que seja. Como Alexandre de Moraes foi para o Supremo? Amizade com o senhor Michel Temer” ■■ Jair Bolsonaro, presidente da República Esperança se dá com liderança. Quando estamos fazendo o melhor com base em regras técnicas, de saúde pública, e não com base em achismos, em pseudomonopólios de poder por autoridade” ■■ Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal EVARISTO SÁ/AFP MARCELOCAMARGO/AGÊNCIA BRASIL - 25/10/18 COVID-19 E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0 4 Justiça rejeita relatórios médicos da AGU e dá novo prazo para Bolsonaro apresentar resultado de testes. Ele disse que já pode ter contraído o vírus 48h para entregar exames Brasília – O presidente Jair Bolsonaro tem 48 horas para en- tregar os resultados dos exames de coronavírus aos quais foi sub- metido. A juíza federal Ana Lúcia Petri Betto não aceitou os relató- rios médicos enviados pela Ad- vocacia-Geral da União (AGU), considerando que não atendem de forma integral ao que foi de- terminado por ela mesma na úl- tima segunda-feira, ao acatar pe- dido judicial feito pelo jornal O Estado de S.Paulo. A magistrada também havia determinado prazo de 48 horas para o cumprimento da deci- são, mas a AGU optou por en- viar relatório médico de 18 de março. O documento atestava que Bolsonaro se encontrava "assintomático" e tinha tido re- sultado negativo para a presen- ça do novo coronavírus no or- ganismo. Esse relatório já tinha sido divulgado em março. Após a entrega do relatório, o jornal pediu à Justiça uma apu- ração de descumprimento de ordem judicial. Na decisão de ontem, a juíza entendeu que o relatório "não atende, de forma integral, à de- terminação judicial", mandando que "renove-se a intimação da União" para que "em 48 horas, dê efetivo cumprimento quanto ao decidido, fornecendo os lau- dos de todos os exames aos quais foi submetido o exmo. sr. presidente da República para a detecção da COVID-19, sob pena de fixação de multa de R$ 5.000 por dia de omissão injustifica- da". Ana Lúcia também indefe- riu um pedido do governo para decretar sigilo documental no caso. A juíza considerou os prin- cípios constitucionais do direito de acesso à informação, princí- pio da publicidade e liberdade de informação jornalística.. Antes da decisão judicial de ontem, o presidente afirmou que se perdesse o recurso movi- do pela Advocacia-Geral da União divulgaria os documen- tos. "Eu talvez já tenha pegado esse vírus no passado e nem senti," disse Bolsonaro. O chefe do Executivo ainda repetiu que usa "nomes fantasia" em pedi- dos de exames e receitas de me- dicamentos para se proteger. "Sou uma pessoa conhecida pa- ra o bem ou para o mal. Quando fui medicado, coloquei nome fantasia porque na ponta da li- nha está um ser humano, não se sabe o que pode ser feito se al- guém souber que é Jair Bolsona- ro", justificou o presidente. GOVERNADORES Ainda ontem, Bolsonaro voltou a acusar gover- nadores de desvio de verbas des- tinadas ao combate do novo co- ronavírus. A fala ocorreu na saída do Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo, no entanto, não apresentou nenhuma prova. "O governo federal fez tudo. O Pau- lo Guedes [ministro da Econo- mia], em contato com o Congres- so e governadores, liberou recur- sos para tudo. Nós fizemos tudo que foi possível e mais alguma coisa. Agora, cabe aos governado- res gerir esses recursos. O que mais nós temos, por parte de al- guns estados, é desvio de recur- sos. É isso que está acontecendo. Por isso precisamos da Polícia Fe- deral isenta, sem interferência, para poder coibir possíveis abu- sos", apontou. Bolsonaro disse ainda que os chefes de Executivo estaduais não conseguiram diminuir a curva de transmissão do coronavírus. "O Supremo decidiu que as medidas para evitar ou para fa- zer a curva ser achatada cabe- riam a governadores e prefeitos. Não achataram a curva. Gover- nadores e prefeitos que toma- ram medidas bastante rígidas não achataram a curva", afir- mou, pouco antes de embarcar para Porto Alegre para partici- par da solenidade de transmis- são de cargo do comandante militar do Sul. ACORDO Após negociação com o Senado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aumentou para R$ 120 bilhões o pacote de socorro aos estados e municípios na crise do coronavírus, sendo R$ 60 bi- lhões de repasse direto para o cai- xa de governadores e prefeitos. Em meados de abril, a proposta apresentada pela equipe econô- mica previa ajuda financeira de R$ 77,4 bilhões, com R$ 40 bilhões de transferência direta. Mas o plano de Guedes foi considerado tímido, principalmente diante do projeto aprovado pela Câma- ra, considerado pelo governo co- mo uma pauta-bomba por ter al- to potencial de gasto público. Por isso, o governo federal te- ve que ceder e ampliar o valor previsto, inclusive para os repas- ses diretos, que têm efeito no Orçamento. Governadores e prefeitos pedem ao Palácio do Planalto mais dinheiro para enfrentar a Covid-19 e para manter a má- quina pública funcionando. Com a queda da economia, a receita dos estados e municí- pios está caindo e alguns ges- tores dizem que logo ficarão sem recursos para pagar salá- rios. Principal ponto em dis- cussão, o valor dos repasses a governadores e prefeitos foi elevado para R$ 60 bilhões, a serem pagos em quatro parce- las que saem direto do caixa do Tesouro e vão para o caixa dos governos regionais. A nova ver- são do pacote de auxílio foi en- tregue aos senadores de forma eletrônica pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). A ideia é votar a pro- posta neste sábado (2). No relatório, o governo pro- põe que R$ 10 bilhões sejam re- passados diretamente para o en- frentamento ao coronavírus – R$ 7 bilhões aos cofres de esta- dos e do Distrito Federal e R$ 3 bilhões aos dos municípios. Pa- ra completar o repasse, o gover- no sugere que o montante de R$ 50 bilhões seja distribuído de duas formas, sendo R$ 25 bi- lhões distribuídos diretamente aos estados e ao DF e os outros R$ 25 bilhões, a municípios. A distribuição será feita se- gundo a regra de proporção, le- vando em consideração critérios mistos, como as perdas de ICMS (imposto estadual) e de ISS (mu- nicipal) causadas pela pandemia e o número de habitantes. O ministro da Economia, Paulo Guedes, ampliou para R$ 120 bilhões o socorro para estados e municípios MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO Brasília – Pressionado em audiência no Senado ontem, o ministro da Saúde, Nelson Teich, citou estudo da pasta para mudar a diretriz de isolamento só para alguns grupos – como idosos, casos con- firmados e aqueles em contato com doentes – e regiões mais críticas. Mas ponderou que o posicionamento do mi- nistério não mudou até agora. "O fato de estar planejando agora não quer dizer que vai liberar ou sugerir flexibilização no momento em que a curva ainda está ascendente", afirmou. Criticado por ter falado em relaxar o isolamento, Teich ponderou que a mudança dependerá de uma queda na curva de casos e a decisão será de estados e municípios. "Viramos referência mundial negati- va", resume o infectologista Antônio Flo- res. "Tem a ver com nossas estratégias de testagem, não satisfatórias; da forma co- mo o distanciamento social foi imple- mentado em diferentes regiões e das mensagens conflitantes do governo. Ter uma mensagem consolidada é impor- tante para que a comunidade tenha con- fiança na resposta; e aqui vemos protes- tos contra o isolamento", diz. "O Brasil adotou medidas de distanciamento so- cial precocemente, diferentemente dos EUA, e achatamos a curva (de crescimen- to da epidemia), adiamos o pico, mas is- so tem de ser acompanhado pela oferta de leitos", afirma o infectologista Rober- to Medronho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. INÚTIL Em live nas redes sociais ontem, o presidente Jair Bolsonaro disse que o iso- lamento social não teve efeito. “Eu já dis- se, 70% da população vai ser infectada pe- lo coronavírus. Pelo que parece, todo o empenho para achatar a curva foi prati- camente inútil. Agora, o efeito colateral disso é desemprego. O povo quer voltar a trabalhar”, disse ele. Ele segue defendendo afrouxamento da quarentena para reabrir a economia e ampliou ontem a lista de atividades con- sideradas essenciais, incluindo até star- tups e serviços de locação de veículos. O decreto de Bolsonaro inclui no rol de ser- viços essenciais atividades de alimenta- ção, bancos, mecânica automotiva, trans- porte e armazenamentode cargas (mais informações acima.). A maior parte já es- tava liberada em alguns estados, por de- terminação de governadores e prefeitos, já que nenhum local tem lockdown (fe- chamento) completo. O objetivo é impe- dir que essas atividades sejam atingidas por ordens locais. Startups, serviços de locação de veícu- los e de equipamentos de refrigeração estão entre os que têm aval da União, mas não são contemplados no decreto de São Paulo, por exemplo. Brasília - O Brasil agora é o 10º no ranking do mundo, segundo a Univer- sidade Johns Hopkins, com mais diag- nósticos do novo coronavírus, com o re- gistro de novas mortes e casos. Já são 5.901 óbitos, 435 confirmados em um dia. Até quarta-feira eram 5.466. No to- tal, o país chegou a 85.380 casos oficiais, somados os últimos 7.218. Com isso, ul- trapassou a China em casos — o país asiático tem 84.373. Segundo o Ministé- rio da Saúde, ao menos 38.564 pacien- tes estão em acompanhamento e mais de 34.132 já se recuperaram. E 1.452 óbi- tos seguem em investigação. A taxa de letalidade — que compara os casos totais pelos números de óbitos confirmados — no Brasil é de 6,9%. O anúncio oficial, no entanto, não signifi- ca que 435 pessoas morreram nas últi- mas 24 horas. Desde o início da pande- mia, o Ministério da Saúde tem somado ao balanço diário mortes ocorridas dias atrás, mas com confirmação de COVID- 19 no último dia. No total, as mortes em decorrência do coronavírus confirmadas em cada es- tado são as seguintes: Acre (19); Alagoas (47), Amapá (34); Amazonas (425); Bahia (104); Ceará (482); Distrito Federal (30); Espírito Santo (83); Goiás (29); Maranhão (184); Mato Grosso (11); Mato Grosso do Sul (9); Minas Gerais (82); Pará (208); Pa- raná (83); Paraíba (62); Pernambuco (565); Piauí (24); Rio Grande do Norte (56); Rio Grande do Sul (51); Rio de Janei- ro (854); Rondônia (16); Roraima (7); San- ta Catarina (46); São Paulo (2.375); Sergi- pe (12) e Tocantins (3). São Paulo vive a si- tuação mais crítica. A capital e a região metropolitana tem 85% dos leitos da re- de estadual ocupados. Ao avaliar o está- gio da pandemia, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que está “começando a fase mais dura e mais difí- cil da infecção e número de mortos". Na avaliação do Imperial College de Londres, o Brasil pode chegar a 9,7 mil até domingo. O novo estudo da institui- ção revela que o país apresenta pior si- tuação no mundo, com o número de casos "em provável crescimento" e re- gistro "muito grande" de óbitos. O le- vantamento do Imperial College com 48 nações, divulgado ontem, revela que o número de óbitos deverá ser "muito alto" (acima de 5 mil) só em dois países, Brasil e Estados Unidos. Numa previsão menos pessimista, os cientistas pre- viam 5,6 mil óbitos até o fim desta se- mana no Brasil - ontem, o Ministério da Saúde contabilizava 5.466. Os números previstos para os EUA são maiores, de 13 mil a 15 mil, mas por lá a epidemia já está se estabilizando. O Imperial College é uma das mais conceituadas instituições em modela- gem matemática e vem publicando pro- jeções desde que a epidemia chegou à Europa. Foi por causa dos seus números que o primeiro-ministro do Reino Uni- do, Boris Johnson, se convenceu de que o isolamento social era necessário para evitar uma catástrofe. O levantamento lista os países em que a disseminação do coronavírus está "provavelmente declinando", como França, Itália e Espanha e outros em que há estabilidade ou crescimento lento, co- mo Alemanha, Reino Unido e os EUA. A pior previsão é para nove países em que a epidemia ainda se encontra "em pro- vável crescimento", o que inclui Brasil, Canadá, Índia, México e Rússia. O Brasil tem ainda o maior número de reprodu- ção de casos - cada doente transmite pa- ra aproximadamente três outros, forte indício de que a velocidade do cresci- mento da infecção é alto. Brasília – No dia em que o Brasil re- gistrou 435 mortes e 7.218 casos (ultra- passando a China em diagnósticos) con- tabilizados em 24 horas, chegando, por- tanto a 5.901 e 85.380, respectivamente, no fechamento de abril, o Imperial Col- lege de Londres divulgou estudo indi- cando que o total de óbitos pode chegar a 9,7 mil até domingo. Segundo a insti- tuição, o país tem a pior situação no mundo, com o número de casos "em provável crescimento" e registro "muito grande" de mortes. O cenário sombrio já está no horizonte do ministro da Saúde, Nelson Teich, que alertou, em entrevista coletiva, que é possível que o Brasil che- gue a confirmar 1.000 por dia. Enquan- to isso, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta usou as redes so- ciais para confirmar o que ele havia pre- visto quando era o titular a pasta: o país já está vivendo colapso causado pela pandemia de coronavírus. "Em relação a um possível número de mortes, hoje, estamos em 435 em 24 horas, o número de 1.000, se tivermos um crescimento significativo na pande- mia, é possível acontecer. Não quer di- zer que vai acontecer. A gente tem que acompanhar a cada dia para tomar as decisões", disse. "Hoje, a prioridade que a gente tem, absoluta, é ajudar estados e municípios a ter a estrutura necessária para tratar das pessoas. Nosso foco é es- se", completou o ministro. Em postagem no Twitter, o ex-mi- nistro Mandetta afirmou: “Sempre foi uma previsão que torci para não se cumprir, que trabalhei para evitar, mas que infelizmente estamos vivendo”. Ele compartilhou reportagem do período em que ocupou a pasta na qual previu a situação a que o Brasil já está viven- do. Mandetta foi demitido em 16 de abril após inúmeras discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro. A principal foram as medidas de isolamento social da população. Eles chegaram a trocar críticas publicamente. Bolsonaro disse que Mandetta estava extrapolando sua função e que tinha virado estrela. O en- tão ministro rebateu dizendo que está seguindo as recomendações da Organi- zação Mundial da Saúde, que é o isola- mento social generalizado da popula- ção para evitar o colapso a que o país chegou agora. RECOMENDAÇÕES Mandetta pregava seguir estritamemte as recomendações da OMS, enquanto Bolsonaro defende maior flexibilização do isolamento e minimiza os impactos das mortes, afir- mando que 70% da população serão in- fectados. O presidente tem como prin- cipal preocupação a retomada das ativi- dades econômicas. Vale relembrar que Mandetta realmente fez previsões en- COVID-19 E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0 5 Instituição inglesa diz que o Brasil tem o quadro em evolução mais dramática. Teich já admite mil óbitos por dia e Bolsonaro diz que isolamento é “inútil” ‘Pior situação do mundo’ Número de casos supera a China quanto esteve à frente da pasta. Em de- claração feita em 20 de março, o ex-mi- nistro disse que o “apagão sanitário” ocorreria no fim deste mês. "Claramen- te, em final de abril, nosso sistema de saúde entra em colapso", afirmou após reunião com o presidente Bolsonaro e um grupo de empresários em março. "O que é um colapso? Você pode ter o di- nheiro, o plano de saúde, mas simples- mente não há sistema para você entrar", explicou em seguida. Hoje, estamos em 435 mortes em 24 horas. O número de 1.000, se tivermos crescimento significativo na pandemia, é possível acontecer. Não quer dizer que vai acontecer" ■■ Nelson Teich, ministro da Saúde Sempre foi uma previsão (colapso do sistema de saúde) que torci para não se cumprir, que trabalhei para evitar, mas que, infelizmente, estamos vivendo” ■■ Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde JOSÉ DIAS/PR NELSON CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL Está começando a fase mais dura e mais difícil da infecção e do número de mortos" ■■ João Doria, governador de São Paulo SÉRGIO ANDRADE/GOVERNO DE SÃO PAULO Ministro avalia mudanças “Eu já disse, 70% da população vai ser infectada pelo coronavírus. Todo o empenho para achatar a curva foi praticamente inútil. Agora, o efeito colateral disso é desemprego. O povo quer voltar a trabalhar ■■ Jair Bolsonaro, presidente da RepúblicaCOVID-19 E S T A D O D E M I N A S ● S E X T A - F E I R A , 1 º D E M A I O D E 2 0 2 0 8 Minas Consciente entrega a prefeitos a responsabilidade de marcar a volta às atividades, apesar do número limitado de exames no estado MÁRCIA MARIA CRUZ Com 11.606 testes realizados para a COVID-19 em Minas Gerais, as autoridades de saúde do estado não devem seguir plenamente as orientaçõesdoComitêPermanen- tedeAcompanhamentodasAções de Prevenção e Enfrentamento do NovoCoronavírusdaUFMG,entre elas a de um mapeamento maior dapropagaçãodadoençaparanor- teararetomadadasatividadeseco- nômicas e fim do isolamento. Em coletiva na Cidade Administrativa, o secretário adjunto da pasta de Saúde, Marcelo Cabral, afirmou que "não considera errado" que se adotem os protocolos sanitários do programa Minas Consciente. Anunciado na terça-feira pelo go- vernador Romeu Zema (Novo), o programa foi publicado ontem no Minas Gerais, o diário oficial do es- tado, e, na prática, põe na mão dos municípios o peso das decisões, mesmocomobaixoníveldetesta- gem no estado. O programa setoriza as ativida- deseconômicasemquatro“ondas” (onda verde – serviços essenciais; onda branca – baixo risco; onda amarela – médio risco; onda ver- melha – alto risco), a serem libera- das para funcionamento de forma progressiva,conformeindicadores decapacidadeassistencialedepro- pagação da doença. Segundo a SES, uma vez publicadas as diretrizes, cabe aos municípios promover as avaliações para posterior adoção dos protocolos. O problema está em como fazer essa avaliação. Emrelatóriotécnico,apresentan- donaquarta-feiranaAssembleiaLe- gislativa de Minas Gerais, o comitê da UFMG aponta lacunas no proto- colo do Minas Consciente, como o planejamento da testagem da po- pulação e o intervalo de reavaliação das decisões tomadas ao longo da execução do projeto, fixado em 14 dias. Ontem, Marcelo Cabral disse queogovernotrabalhaemparceria comoutrasinstituições,entreelaso Ministério Público, órgãos de con- trole e universidades. Afirmou que os dados são levados em considera- ção na tomada de decisões. Porém, nãosinalizouqualquerintençãodo governodereverourecuaremrela- çãoaoMinasConsciente. Minas tem 1.827 diagnósticos confirmados por exames e 82 óbi- tos pela COVID-19. O número de casos suspeitos se aproxima de 85 mil. No entanto, segundo o secre- tário, nem todos esses casos se transformam em amostras para testagem. Segundo ele, a diferença entre amostras nos laboratórios (12.864)ejácomresultado(11.606) é pequena. Marcelo Cabral infor- mou que ainda não é possível sa- ber o número de municípios que já aderiram ao Minas Consciente, masqueomovimentoderetoma- da já vem ocorrendo. CRÍTICAS A presidente do comitê, CristinaAlvim,avaliouqueosprin- cipais indicadores utilizados pelo estado para acompanhar a evolu- ção da pandemia de coronavírus – incidênciadaSíndromeRespirató- ria Aguda Grave (SARS) e volume dehospitalizações–sãoinsuficien- tes para garantir a segurança das medidas de flexibilização do isola- mento social. A professora comparou os da- dos usados pela SES com a "ponta de um iceberg", que precisa ser analisado com metodologias ade- quadas de testes, capazes de locali- zaradireçãodasurtoemMinas.De acordo com ela, estudos matemá- ticos feitos pela universidade apontamqueeventuaismudanças na taxa de transmissão do vírus provocadas pelo relaxamento po- dem multiplicar por dez o núme- rodeinfecçõespelaCOVID-19,sem que haja aumento da demanda por leitos. Quando as autoridades notarem os efeitos dessa propaga- ção em ocupação de vagas de UTI, alerta Cristina, pode não haver mais tempo para evitar o colapso do sistema de saúde. “Não é necessário testar 100% das pessoas, mas, sim, ter um pla- nejamento para que a amostra- gem das pessoas testadas seja re- presentativa do todo. Para isso, existem recursos de modelagem matemática muito avançados – que é o que está sendo utilizado emmuitospaíses, inclusivenaAle- manha”, ponderou. CASOS Ontem, o número de casos confirmados de coronavírus em Minas Gerais chegou a 1.827, con- forme o balanço da Secretaria de Estado de Saúde divulgado pela manhã. O aumento foi de 4% em relação ao número do dia anterior. Entre essas pessoas, 82 morreram. Naquarta-feira,MinasGeraisti- nha1.758confirmaçõesdaCOVID- 19. Ou seja, 69 novos casos foram confirmados – com duas mortes – entre um dia e outro. Entre as víti- mas no estado está o pai do secre- tário de Estado de Planejamento e Gestão, Otto Levy. Segundo a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, há 81 mortes em investigaçãonestemomento,qua- se o mesmo número de óbitos confirmados. Outras 421 foram descartadas para a doença. Em to- do o estado, 84.994 casos suspeitos da doença são investigados. Em Belo Horizonte, o número de casos subiu de 561 para 576 nas últimas 24 horas. Na capital, 17 pessoas morreram em decorrên- cia da COVID-19. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, a segunda cida- de com o maior número de ocor- rências da doença no estado, o au- mento de casos foi de 128 ontem para 146 nesta quinta, incluindo cinco pacientes que morreram. Em Uberlândia, no Triângulo, foi confirmado mais um caso, che- gando a 106. O município regis- tra oito mortes. ■■ SECRETÁRIO PERDE PAI O pai do secretário de Estado de Planejamento e Gestão de Mi- nas Gerais, Otto Levy, está entre as vítimas da COVID-19 no esta- do. Otto Mariano dos Reis tinha 89 anos e ficou internado por 26 dias lutando contra a doença pro- vocada pelo coronavírus. A infor- mação foi confirmada pela Se- plag ao Estado de Minas ontem. Segundo a pasta, morador de Be- lo Horizonte, Reis faleceu na se- gunda-feira, dia 27, por COVID-19 e septicemia (infecção grave). O funeral foi realizado na terça-fei- ra, somente com a presença da família, conforme os protocolos de segurança recomendados. ❚❚ CORONAVÍRUS EM MINAS » Casos confirmados: 1.827 » Casos suspeitos: 84.994 » Óbitos confirmadas: 82 » Mortes suspeitas: 81 » Óbitos descartados: 421 » Amostras nos laboratórios: 12.864 » Testes realizados: 11.606 PEDRO CERQUEIRA Em situação aparentemente confortável em relação às de- mais capitais do Brasil, o volu- me de casos confirmados do co- ronavírus em Belo Horizonte dá a entender que as medidas de prevenção vêm sendo acerta- das. Porém, o infectologista Car- los Starling alerta para as conse- quências de um relaxamento do distanciamento social. “Se is- so for feito sem planejamento ou de forma aleatória, sem res- peito nenhum às regras, com certeza vamos ter problemas semelhantes aos dos lugares que romperam essas medidas. Estamos em plena batalha, não estamos de forma nenhuma confortáveis. Se você relaxou hoje, em uma ou duas semanas vamos colher esse fruto, que é o tempo de incubação da doen- ça”, desmistifica Starling. Para ele, o baixo volume de testes também é problema. A título de comparação, de acordo com dados do Ministé- rio da Saúde e das secretarias municipais e estaduais da área, entre as 50 cidades com mais casos do Brasil (comparação justa para uma cidade do porte de BH), a capital mineira é a pe- núltima em volume de diag- nósticos comparados à sua po- pulação, com 21,7 diagnósticos confirmados por 100 mil habi- tantes. Quanto à mortalidade pela COVID-19, BH é a quarta capital com menos óbitos, com uma taxa de 2%. De acordo Starling, a incidên- cia do coronavírus em Belo Hori- zonte e até em Minas Gerais co- mo um todo é de fato menor que a maioria dos estados e capi- tais do país.“A gente observa isso pela baixa taxa de ocupação dos leitos, e isso é um bom sinal de que a epidemia está se compor- tando melhor do que a gente es- perava. O isolamento social e as medidas tomadas a tempo resul- taram em uma redução brutal nos caso que esperávamos”. O infectologista acredita que o isolamento social também foi – e continua sendo – importan- te para que o próprio sistema de saúde se preparasse, com a che- gada de equipamentos e a aber- tura de mais leitos, diferente da China e da Itália, que foram pe- gos de surpresa. De acordo com o médico, Belo Horizonte tem aproximadamente 32% dos lei- tos destinadosao tratamento da COVID-19 ocupados. Ele alerta que, apesar de parecer tranqui- lo, o fato de a doença crescer em progressão geométrica faz com que, caso a contaminação saia do controle, sejam necessárias apenas 72 horas para o sistema entrar em colapso. A respeito da flexibilização proposta pelo governo estadual, por meio do programa Minas Consciente, que orienta os pre- feitos municipais que optarem por retomar as atividades eco- nômicas, o infectologista consi- dera eficiente a metodologia es- tabelecida para avaliar se a inci- dência do coronavírus está au- mentando. “De acordo com os resultados que estamos obten- do, podemos acelerar ou pisar no freio. A metodologia é efi- ciente, analisamos todos os dias indicadores como a velocidade de ocorrência de casos, a média dos últimos 7sete ou 10 dias pa- ra ver essa tendência, além da medição da velocidade e expan- são da epidemia”, explica. Porém, Starling aponta como principal lacuna do sistema de saúde o baixo volume de testes, que resulta em uma subnotifica- ção.“Temos que fazer mais testes, construir um sistema de vigilân- cia epidemiológica mais ágil por- que esta não é a primeira e nem será a última epidemia. Precisa- mos fazer a informatização desde o posto de saúde até o centro de terapia mais sofisticado, tudo in- terligado. Infelizmente esse inves- timento foi interrompido por go- vernos anteriores e estamos pa- gando um preço alto”, lamenta. Starling elogia o isolamento social adotado por Belo Horizon- te e considera que seja o bastan- te para passar pela epidemia com o mínimo de sofrimento. Ele considera o lockdown uma medida extrema, e acredita que não estamos nesse momento. O infectologista também comenta a angústia comum pela chegada do pico epidemiológico do coro- navírus e afirma que a batalha de quem pensa a Saúde é justamen- te não ter esse pico. “O pico de uma epidemia é muito doloroso, muito penoso para toda a popu- lação. Não queremos só evitar o pico, mas propiciar tratamentos cientificamente comprovados, além de alcançar uma imunida- de de rebanho, ponto em que o vírus passa a circular com me- nos agressividade”. O infectologista atribui o bom resultado obtido até mes- mo a aspectos culturais da popu- lação. “Belo Horizonte tem essa tradição desde a epidemia de 1918 (a gripe espanhola), quando registrou um número bem me- nor de casos que outras regiões do Brasil. Está certo que naquela época tínhamos uma menor densidade populacional do que agora. Mas, em comum entre es- sas duas epidemias, está a carac- terística do mineiro ser cuidado- so, atender às determinações das autoridades sanitárias. É uma consciência mesmo. É uma mar- ca nossa. O nosso conservadoris- mo se expressa também na con- servação da própria vida” LUIZ RIBEIRO Montes Claros, no Norte de Mi- nas,vai implantarbarreirassanitá- rias como medida preventiva con- tra a transmissão do coronavírus (COVID-19)apartirdehoje.Osvisi- tantesqueapresentaremsintomas gripais deverão permanecer em quarentena absoluta durante 14 dias, enquanto mesmo os assinto- máticos terão de ficar isolados em domicílios durante sete dias. Umainovaçãoadotadapelopre- feito Humberto Souto (Cidadania) nocontroledoisolamentosocialéa identificação das pessoas em qua- rentena. Os visitantes assintomáti- casreceberãopulseirasnacorlaran- ja,enquantoaspessoascomalgum quadrodegripeousintomasrespi- ratóriossuspeitosterãodeusarpul- seiras vermelhas. Somente cami- nhoneiros e motoristas em serviço estarão desobrigados de cumprir o isolamentodomiciliar. OdecretoassinadopeloExecu- tivo municipal estabelece que agentes de saúde terão que ir até os endereços indicados pelos visi- tantes para fiscalizar se eles estão cumprindoaquarentena.Aqueles que não permanecerem isolados dentro dos prazos estipulados es- tãosujeitosaopagamentodemul- tas, assim como as empresas que não cumprirem as medidas de prevenção contra a transmissão da COVID-19. Ao mesmo tempo, o prefeito Humberto Souto decidiu prorro- gar até 10 de maio as medidas res- tritivas ao comércio e aos serviços não essenciais da cidade. O prazo terminariaontem.Nodia25,oExe- cutivo Municipal decidiu flexibili- zarofuncionamentodocomércio, autorizando a venda presencial de mercadorias em drive-thru. Abertura exige planejamento, diz infectologista Praça do Papa, um dos cartões- postais de BH, fechada ao público: capital adota medidas de isolamento social desde o rastreamento dos primeiros casos na cidade LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS – 10/4/20 Montes Claros impõe controle por pulseiras Sem testes e com o peso da decisão LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS – 11/3/20 Profissional coleta amostra de paciente para exame de detecção da COVID-19: comitê da UFMG recomenda maior mapeamento da doença para nortear saída do isolamento EDITAL DE CONVOCAÇÃO A Presidente do SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DE ESPECIALISTAS EM EDUCAÇÃO DO ENSINO PÚBLICO DO ESTADODEMINASGERAIS – SINDESPE-MG, no uso de suas atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 18 do Estatuto vigente, convoca todos os membros da categoria, sobretudo os filiados que estejam em dia com as suas obrigações sociais, com fulcro no artigo 16 do Estatuto, para aAssembleia Geral Extraordinária que será realizada no dia 13 demaio do ano de 2020, às 14:00h, em primeira convocação, e às 14:30h, em segunda convocação, à Rua Inspetor José Aparecido, nº. 285, Bairro São Bento, Belo Horizonte/MG, para apreciar e deliberar sobre a seguinte ORDEM DO DIA: 1- Assuntos pertinentes à Pandemia da COVID-19; 2- Ação de Mandado de Segurança Coletivo impetrado pelo SINDESPE-MG, em trâmite no TJMG, sob o nº 1.0000.20.045530-1/000, que possui como objeto a Deliberação nº. 26 do Comitê Extraordinário; 3- Condições mínimas de trabalho durante a pandemia, como, por exemplo, para implementar teleaulas, resguardar a saúde individual dos servidores da categoria, definir medidas de segurança individuais, escalonamento, dentre outros; 4- outros assuntos que se fizerem necessários. Tendo em vista a atual situação, a fim de se evitar eventual aglomeração, será autorizada respectiva participação tambémpormeio virtual emmídia a ser divulgada na página eletrônica daEntidade. BeloHorizonte/MG, 30 de abril de 2020. CARMEN TEIXEIRA SOARES E LIMA Presidente PL 046/2020 - PE 010/2020. AVISODELICITAÇÃO.OBJETO Fornecimento De Materiais / Equipamentos Oftalmológicos para O CEME Do Município de Vespasiano – MG. Início de acolhimento de propostas: Às 08h do dia 14/05/2020; As propostas serão recebidas até às 09 horas do dia 18/05/2020; Início da sessão de disputa de preços: 09:30 horas do dia 18/05/2020. Edital disponível nos e n d e r e ç o s e l e t r ô n i c o s : www.vespasiano.mg.gov.br e www. l i c i t acoes -e . com.b r. Vanderson Martins. Pregoeiro Oficial. PREFEITURA DE VESPASIANO/MG O vírus da paranoia O estresse entre o presidente Jair Bolsonaro e o Judi- ciário não é um bom sintoma político para a democra- cia, porém, continua. Ontem, o Supremo Tribunal Fe- deral (STF) derrubou, por unanimidade, as restrições à Lei de Acesso à Informação previstas em uma medida provisória (MP) editada pelo presidente da República. A MP havia sido editada em março, motivando o pedi- do da Rede Sustentabilidade para que o STF suspen- desse os trechos da lei que restringiam o acesso à in- formação. Alexandre de Moraes havia atendido ao pe- dido; o plenário do STF confirmou a decisão, o que foi interpretado como uma espécie de desagravo ao mi- nistro, diante dos ataques que havia sofrido de parte de Bolsonaro, pela manhã. O presidente da República pretendia suspender prazos de resposta e a necessidade de reiteração de pe- didos durante a pandemia do novo coronavírus. A Lei de Acesso à Informação regulamenta o trecho da Cons- tituição que estabelece como direito de qualquer cida- dão receber, do poder público, informações de interes- se da sociedade. Na mesma linha da decisão do Supre- mo, a juíza federal Ana Lúcia Petri Betto, da 14ª Vara Cível Federal de São Paulo, determinou que a Advoca- cia-Geral da União (AGU) forneça os laudos de todos os
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