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STJ JULGADOS DO MIN. HAMILTON CARVALHIDO

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Ministros do 
Superior Tribunal de Justiça
no Tribunal Superior Eleitoral
Julgados do
Ministro Hamilton Carvalhido
Superior Tribunal de Justiça
MINISTROS DO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
NO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL
Volume 8
JULGADOS DO 
MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO
1ª edição
Brasília
STJ
2011
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ministro Francisco Falcão 
Marcos Perdigão Bernardes
Andrea Dias de Castro Costa
Eloame Augusti
Gerson Prado da Silva
Jacqueline Neiva de Lima
Maria Angélica Neves Sant’Ana
Fagno Monteiro Amorim
Cristiano Augusto Rodrigues Santos
Diretor
Chefe de Gabinete
Servidores
Técnico em Secretariado
Mensageiro
GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA
Gabinete do Ministro Diretor da Revista
Setor de Administração Federal Sul (SAFS)
Q. 6 - Lote 1 - Bloco C - 2º andar - sala C-240
CEP 70095-900 - Brasília-DF
Telefone (61) 3319-8003 - Fax (61) 3319-8992 
www.stj.jus.br, revista@stj.jus.br
B823j Brasil. Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Julgados do Ministro Hamilton Carvalhido. – – Brasília : STJ, 
2011.
674 p. – (Ministros do Superior Tribunal de Justiça no Tribunal 
Superior Eleitoral / v. 8)
ISBN 978-85-7248-135-9.
1. Julgamento, coletânea, Brasil. 2. Tribunal superior, 
jurisprudência, Brasil. 3. Decisão judicial, Brasil. 4. Brasil. Superior 
Tribunal de Justiça. 5. Brasil. Tribunal Superior Eleitoral. I. Título. 
II. Série. 
CDU 347.992(81)
Ministros do Superior Tribunal de Justiça 
no Tribunal Superior Eleitoral
Ministro Francisco Falcão 
Diretor da Revista
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PLENÁRIO
Ministro Ari Pargendler
Ministro Felix Fischer
Ministro Cesar Asfor Rocha
Ministro Gilson Dipp
Ministra Eliana Calmon
Ministro Francisco Falcão
Ministra Nancy Andrighi
Ministra Laurita Vaz
Ministro João Otávio de Noronha
Ministro Teori Albino Zavascki
Ministro Castro Meira
Ministro Arnaldo Esteves Lima
Ministro Massami Uyeda
Ministro Humberto Martins
Ministra Maria Th ereza de Assis Moura
Ministro Herman Benjamin
Ministro Napoleão Maia Filho
Ministro Sidnei Beneti
Ministro Jorge Mussi
Ministro Og Fernandes
Ministro Luis Felipe Salomão
Ministro Mauro Campbell Marques
Ministro Benedito Gonçalves
Ministro Raul Araújo
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino
Ministra Isabel Gallotti
Ministro Antonio Carlos Ferreira
Ministro Villas Bôas Cueva
Ministro Sebastião Reis Júnior
Presidente
Vice-Presidente
Diretor-Geral da ENFAM
Corregedora Nacional de Justiça
Diretor da Revista
Corregedor-Geral da Justiça Federal
Resolução n. 19/1995-STJ, art. 3º. RISTJ, arts. 21, III e VI; 22, § 1º, e 23.
SUMÁRIO
I - Ministro Hamilton Carvalhido - Perfil 11
II - Jurisprudência 
Crimes Eleitorais 13
Desincompatibilização 39
Doação Irregular 71
Inelegibilidade 77
Processual 259
Propaganda Eleitoral 441
Propaganda Partidária 455
Registro de Candidatura 495
Resoluções 599
 
III - Índice Analítico 637
IV - Índice Sistemático 663
V - Siglas e Abreviaturas 669
 
MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO
Para os jurisdicionados brasileiros são raros os exemplos de 
operadores do Direito que conseguem atingir o cume do sistema judiciário 
infraconstitucional plasmados de tão ampla e sólida experiência profi ssional. 
Pois bem, Hamilton Carvalhido é um desses bons exemplos que devemos 
referir e admirar sempre.
Inicia sua trajetória profi ssional ingressando muito jovem no 
Ministério Público do fi ndo Estado da Guanabara, porém aqui a primeira 
peculiaridade que vem marcar indelevelmente toda sua produção intelectual 
no campo jurídico, naqueles idos de 1966 e até a nova conformação 
do Parquet, ingressava-se no cargo de Defensor Público, o inaugural da 
carreira. Sem dúvida foi da constante convivência com os mais necessitados 
de Justiça e das vitórias sociais daí advindas que nosso homenageado trouxe 
para sua longa caminhada forense a convicção de que por mais difíceis que 
possam parecer as lides a solução delas começa sempre com um gesto de 
bondade. 
Meu primeiro contato foi com o então Subprocurador-Geral de 
Justiça na primeira quadra da década de 90 quando os interesses da Justiça 
fl uminense exigiram o empenho do aparato da segurança pública do 
Amazonas então sob nossa gestão.
Passam-se os anos e nos reencontramos na Reunião do Conselho 
Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da 
União realizada em Manaus e assisto manifestação ímpar de apoio de todos 
os seus pares daquele sodalício institucional ao candidato a Ministro do c. 
Superior Tribunal de Justiça, o Procurador de Justiça do Rio de Janeiro 
Hamilton Carvalhido.
No perene exercício do magistério superior e na sua vasta biblioteca 
pessoal buscou atualização e sabedoria a lançar achegas certeiras por ocasião 
dos debates de relevantes temas em quaisquer dos lados do cancelo em que 
atuou, normalmente apartes contaminados de raro humanismo.
Dispensável qualquer consulta ao currículo do eminente Ministro 
Carvalhido para sabermos o que ele sabe do Direito, bem mais prático e 
substancial é pesquisar na jurisprudência brasileira as manifestações de Sua 
Excelência, o sempre Professor e Mestre Hamilton Carvalhido, para bem 
sustentar qualquer tese e em qualquer dos polos que atue o profi ssional.
É para melhor refi nar a pesquisa em matéria de Direito Eleitoral que 
esta obra antológica condensa alguns dos brilhantes votos e decisões do 
Ministro Hamilton Carvalhido no Tribunal Superior Eleitoral, mais um 
dos indispensáveis livros que os profi ssionais de Direito utilizarão em defesa 
da Justiça que seu autor encarna com maestria e exação.
Ministro Mauro Campbell Marques
Superior Tribunal de Justiça
Crimes Eleitorais 
HABEAS CORPUS N. 2.324-08.2010.6.00.0000 – CLASSE 16 – 
PORTO VELHO (Rondônia)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Impetrante: Defensoria Pública da União
Paciente: Maria da Conceição Miranda Gomes
Advogada: Defensoria Pública da União
Órgão coator: Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia
EMENTA
Habeas corpus. Defensoria Pública. Ausência de intimação 
pessoal. Nulidade do julgamento. Concessão da ordem.
1. É prerrogativa da Defensoria Pública, sob pena de nulidade, 
ser intimada pessoalmente.
2. Deve ser renovado o julgamento da apelação por ausência 
de intimação pessoal da Defensoria Pública.
3. Concessão da ordem.
ACÓRDÃO
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por 
unanimidade, em conceder a ordem, nos termos das notas de julgamento.
Brasília, 14 de outubro de 2010.
Ministro Hamilton Carvalhido, Relator
DJe 22.11.2010
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido: Senhor Presidente, habeas 
corpus impetrado pela Defensoria Pública da União contra acórdão do 
Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Rondônia, que, dando provimento 
a recurso interposto pelo Ministério Público Eleitoral, condenou a paciente, 
Maria da Conceição Miranda Gomes, a dois anos e oito meses de reclusão 
16 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
cumulada com pena de multa; a pena privativa de liberdade foi substituída 
por prestação de serviços à comunidade pelo prazo da condenação, à razão 
de uma hora de tarefa por dia de pena, além da prestação pecuniária de dois 
salários mínimos.
A impetrante sustentou a nulidade do julgamento do recurso 
interposto pelo Ministério Público, porque não foi realizada a intimação 
pessoal da Defensora Pública da União para a sessão de julgamento.
Requereu a concessão de liminar para suspender a execução das sanções 
restritivas de direitos e da pena de multa e demais efeitos da condenação e, 
no mérito, a concessão defi nitiva da ordem de habeas corpus a fi m de, se 
reconhecida a nulidade, anular o acórdão condenatório por ausênciade prévia 
e pessoal intimação do representante da Defensoria Pública para a sessão de 
julgamento, desconstituindo-se, em consequência, o trânsito em julgado da 
condenação e todos os seus efeitos.
Em 03.09.2010, foi concedida a liminar.
Foram prestadas informações pela Presidente do Tribunal de origem, 
Desembargadora Zelite Andrade Carneiro, nestes termos (fl s. 462-465):
[...]
02. Conforme consta no termo de deliberação de fl . 244, a ora 
paciente optou por assistência judiciária gratuita, motivo pelo qual 
foi ofi ciado à Defensoria Pública do Estado de Rondônia. Houve 
apresentação de defesa preliminar (fl . 251-254) e alegações fi nais (fl s. 
369-373). Ambos os réus foram absolvidos naquele Juízo (fl s. 389-
392).
03. Em razão de recurso manejado pelo Ministério Público 
Eleitoral, foram os recorrentes condenados nas penas do art. 299 
do Código Eleitoral (corrupção eleitoral) em concurso de pessoas 
e continuidade delitiva, além de multa pela Corte Regional, nos 
autos da Apelação Criminal n. 89, Classe 31. Tal decisum, prolatado 
por este Regional em 27.05.2008, está materializado no Acórdão n. 
171/08 (fl s. 476-497).
04. Registre-se que a paciente apresentou contrarrazões através 
[sic] Defensoria Pública do Estado de Rondônia (fl s. 417-420), 
peça subscrita pela Defensora Pública Estadual Telma Regina de 
Souza. A Defensora Pública foi intimada do julgamento da Apelação 
17
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
Criminal por meio de Pauta publicada no Diário da Justiça do Estado 
de Rondônia n. 093, de 21.05.2008, p. 44 (fl s. 474 e 474-v).
05. Nesses termos, não houve intimação pessoal da Defensora 
Pública Estadual que atuava no processo, sendo que apenas Edison 
Gazoni interpôs recurso especial, admitido neste Regional, porém 
negado seguimento pelo c. TSE, havendo tal decisão transitado em 
julgado para a defesa, conforme certidão de fl . 600.
06. Em razão do trânsito em julgado do acórdão regional, esta 
Presidência determinou a remessa dos autos ao Juízo da 21ª Zona 
Eleitoral de Porto Velho para seu cumprimento (fl . 603).
07. Pelo que se percebe, a Defensoria Pública da União apenas 
passou a intervir nos autos na fase de execução do acórdão, por 
determinação do MM. Juiz da 21ª Zona Eleitoral (fl . 611), visto que 
o magistrado observou que a paciente era benefi ciária de assistência 
judiciária gratuita.
08. Nesse sentido, registramos que a Defensoria Pública da 
União não foi intimada pessoalmente do julgamento da apelação 
criminal neste Regional. Também é importante ressaltar que a defesa 
da paciente era patrocinada, à época, pela Defensoria Pública do 
Estado de Rondônia.
09. Acrescentamos, ainda, que consultando a legislação 
disciplinadora do funcionamento da Defensoria Pública do Estado 
de Rondônia, representada pela Lei Complementar do Estado 
de Rondônia, n. 117, de 04.11.2004, obtida no sítio da internet 
daquele órgão (http://www.defensoria.ro.gov.br), verifi camos que o 
referido Diploma Legal confere idêntica prerrogativa da intimação 
pessoal a seus membros, verbis:
Art. 69 - São prerrogativas do membro da Defensoria 
Pública, dentre outras que lhe sejam conferidas por lei ou que 
forem inerentes ao seu cargo, as seguintes:
I a X - omissis.
XI - receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de 
jurisdição, contando-lhe em dobro todos os prazos;
XII a XVI - omissis.
[...]. (grifos no original)
18 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
O Ministério Público Eleitoral veio pela concessão da ordem, em 
parecer da lavra da Exma. Sra. Procuradora Regional da República Dra. 
Fátima Aparecida de Souza Borghi, assim sumariado (fl . 470):
Habeas corpus. Eleições 2006. Apelação. Defensoria Pública não 
intimada pessoalmente. Nulidade. Ocorrência. Pela concessão da 
ordem impetrada.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido (Relator): Senhor Presidente, 
habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública da União em favor de 
Maria da Conceição Miranda Gomes contra acórdão do Tribunal Regional 
Eleitoral do Estado de Rondônia que condenou a paciente às penas do 
artigo 299 do Código Eleitoral – prática de corrupção eleitoral.
A impetrante assevera a nulidade do julgamento do recurso do 
Ministério Público Eleitoral contra a sentença que absolveu a paciente, 
porque não se procedeu à intimação pessoal da Defensora Pública para a 
sessão de julgamento.
Concedo a ordem.
Esta é a letra do artigo 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/1950, acrescentado 
pela Lei n. 7.871, de 8 de novembro de 1989, verbis:
Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por 
eles mantida, o Defensor Público, ou quem exerça cargo equivalente, 
será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas 
as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos.
Assim, tem-se que ao defensor público, nos termos do referido 
dispositivo, está assegurada a intimação pessoal de todos os atos do processo 
e em ambas as instâncias. Não há como afastar do alcance dessa disciplina 
a intimação pessoal para a sessão de julgamento de recurso interposto. Isto 
porque, ao assim disciplinar, o legislador deu consecução à garantia da 
19
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (artigo 5º, inciso LV, 
da Constituição Federal).
A propósito, trago à colação os seguintes precedentes do Superior 
Tribunal de Justiça:
Habeas corpus. Processual Penal. Defensor Público não intimado 
pessoalmente do acórdão da apelação. Cerceamento de defesa. 
Nulidade.
Assentada jurisprudência desta Corte no sentido de que deve ser 
sempre pessoal a intimação do Defensor Público ou dativo, sob pena 
de nulidade.
Habeas Corpus concedido para tão-somente afastar o trânsito 
em julgado da condenação. (HC n. 39.692-AC, Rel. Ministro José 
Arnaldo da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 03.02.2005, DJ 
07.03.2005)
Processo Penal. Recurso de apelação. Homicídio. Ausência de 
intimação pessoal do Defensor Público. Causa de nulidade.
- É fi rme a jurisprudência desta Corte e do Pretório Excelso, no 
sentido de que a ausência de intimação pessoal do defensor público 
para o julgamento do recurso de apelação é causa de nulidade.
- Mantém-se, entretanto, a constrição do paciente, que respondeu 
a todo o processo nessa condição, restando condenado a 39 anos de 
reclusão pela prática de 02 homicídios duplamente qualifi cados.
- Ordem parcialmente concedida para anular o v. acórdão, 
determinando novo julgamento do recurso de apelação, procedendo-
se à regular intimação pessoal do defensor público, mantendo-se, 
contudo, a constrição do réu. (HC n. 24.935-SP, Rel. Ministro Jorge 
Scartezzini, Quinta Turma, julgado em 13.05.2003, DJ 18.08.2003)
Processo Penal. Habeas corpus. Art. 157, § 3º, primeira parte, 
do Código Penal. Apelação. Procuradoria de assistência judiciária. 
Ausência de intimação pessoal da data designada para o julgamento. 
Cerceamento de defesa. Nulidade.
A teor dos artigos 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/1950 e 370, § 4º, do 
CPP, a intimação do defensor público ou dativo deve ser pessoal, sob 
pena de nulidade absoluta por cerceamento de defesa. A falta dessa 
20 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
intimação enseja a realização de novo julgamento (Precedentes do 
Pretório Excelso e do STJ).
Writ concedido. (HC n. 50.180-SP, Rel. Ministro Felix Fischer, 
Quinta Turma, julgado em 09.05.2006, DJ 19.06.2006)
Do Supremo Tribunal Federal, o seguinte precedente:
Habeas corpus. Defensor Público que foi injustamente impedido 
de fazer sustentação oral, por ausência de intimação pessoal quanto à 
data da sessão de julgamento do recurso em sentido estrito interposto 
pelo paciente. Confi guração de ofensa à garantia constitucional da 
ampla defesa.Nulidade do julgamento. Pedido deferido.
– A sustentação oral – que traduz prerrogativa jurídica de 
essencial importância – compõe o estatuto constitucional do direito 
de defesa. A injusta frustração desse direito, por falta de intimação 
pessoal do Defensor Público para a sessão de julgamento do recurso 
em sentido estrito, afeta, em sua própria substância, o princípio 
constitucional da amplitude de defesa. O cerceamento do exercício 
dessa prerrogativa – que constitui uma das projeções concretizadoras 
do direito de defesa – enseja, quando confi gurado, a própria 
invalidação do julgamento realizado pelo Tribunal, em função 
da carga irrecusável de prejuízo que lhe é ínsita. Precedentes do 
STF. (HC n. 98.646-BA, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento de 
15.09.2009, Órgão Julgador: Segunda Turma - grifos no original)
No caso, não houve a intimação pessoal da Defensora Pública 
daquele Estado. Ocorreu, tão somente, a publicação da pauta de julgamento 
da apelação criminal no Diário da Justiça do Estado de Rondônia n. 093, 
de 21.05.2008, p. 44, consoante se verifi ca das informações prestadas pelo 
Tribunal Regional Eleitoral (fl s. 462-465).
Pelo exposto, acolhendo o parecer ministerial (fl s. 470-473), 
concedo a ordem para declarar a nulidade do julgamento da apelação, 
exclusivamente em relação à ora paciente, a ser renovado pelo egrégio 
Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia, com a prévia intimação pessoal 
da Defensoria Pública.
É o voto.
21
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
HABEAS CORPUS N. 3.337-42.2010.6.00.0000 – CLASSE 16 – 
TOCANTINS (Palmas)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Impetrantes: Mauricío Kraemer Ughini e outro
Paciente: Clayton Maia Barros
Advogados: Mauricío Kraemer Ughini e outro
Órgão coator: Tribunal Regional Eleitoral de Tocantins
EMENTA
Habeas corpus. Pedido de liberdade provisória mediante 
pagamento e recolhimento de fi ança. Ordem concedida.
1 - Insufi cientes para justifi car a necessidade da constrição 
cautelar a qualidade de prefeito do paciente e a própria natureza da 
infração penal, não havendo porque obstar a concessão imediata da 
fi ança.
2 - Ordem concedida para convolar em defi nitivo a medida 
liminar.
ACÓRDÃO
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por 
unanimidade, em conceder a ordem, nos termos das notas de julgamento.
Brasília, 4 de novembro de 2010.
Ministro Hamilton Carvalhido, Relator
DJe 25.11.2010
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido: Senhor Presidente, habeas 
corpus impetrado em favor de Clayton Maia Barros contra ato do Presidente 
22 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
do Tribunal Regional Eleitoral de Tocantins, que homologou a prisão em 
fl agrante do paciente, mantendo a custódia cautelar até às 17 horas de 
03.10.2010, quando seria concedida a liberdade provisória mediante fi ança.
Segundo a impetração, são estes os fatos:
a) o paciente foi preso em fl agrante delito por suposta prática da 
conduta descrita no artigo 299 do Código Eleitoral, em 02.10.2010, 
encontrando-se sob custódia da Polícia Militar. Foi formulado pedido de 
liberdade provisória perante o Tribunal Regional Eleitoral de Tocantins, 
mas essa pretensão foi indeferida na madrugada de 03.10.2010, sob o 
fundamento de que estariam presentes os requisitos do Código de Processo 
Penal autorizadores da prisão preventiva, mormente no que tange à garantia 
da ordem pública;
b) o paciente compareceu, espontaneamente, à delegacia de polícia, 
constando no auto de prisão em fl agrante que se deslocou até lá em seu 
próprio veículo, no intuito de colaborar com o esclarecimento sobre suposta 
doação de combustível, a convite do Sr. Edvardo Vieira de Oliveira;
c) a voz de prisão em fl agrante foi dada na delegacia, o que os 
impetrantes consideram ilegal;
d) o paciente é réu primário, com bons antecedentes, possui 
residência fi xa, sendo desnecessária a persistência da indigitada custódia.
Aduzem os impetrantes que o artigo 299 do Código Eleitoral 
comporta liberdade provisória, com ou sem arbitramento de fi ança, e, 
mesmo em caso de condenação, a pena máxima cominada ao tipo permitiria 
um regime inicial de cumprimento aberto, o que não se coadunaria com 
a manutenção da prisão; e que o supracitado encarceramento, mormente 
com a previsão de liberdade somente ao término do processo de escrutínio, 
cercearia o direito constitucional do paciente ao voto, previsto nos artigos 
1º e 60, § 4º, da Carta Magna.
Foram elencados precedentes do Superior Tribunal de Justiça e deste 
Tribunal Superior sobre diversas situações em que foi concedido o direito 
de se responder a processo em liberdade.
Requereram a concessão do direito do paciente de aguardar em 
liberdade o curso das investigações instauradas em seu desfavor, pelo crime 
23
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
previsto no artigo 299 do Código Eleitoral, com a expedição de alvará 
de soltura, por asseverar presentes o fumus boni iuris, este “[...] fundado no 
princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º da Constituição 
Federal e por ter sido de toda ilegal a prisão em fl agrante efetuada [...]” (fl . 10), 
e o periculum in mora, já que, se concedida a liberdade provisória tão somente 
quando encerrada a votação, ser-lhe-ia tolhido o direito/dever constitucional 
ao voto.
Em 03.10.2010, o pedido liminar foi deferido (fl s. 23-26).
Foram prestadas informações pelo Presidente do Tribunal de origem, 
Desembargador José de Moura Filho (fl . 40).
O Ministério Público Eleitoral veio pelo não conhecimento da 
ordem, em parecer da lavra da Procuradora Regional da República, Dra. 
Fátima Aparecida de Souza Borghi, assim sumariado (fl . 44):
Habeas corpus. Eleições 2010. Crime previsto no artigo 299 do 
Código Eleitoral. I - Inconformismo contra a segregação cautelar do 
paciente com supedâneo no fundamento de ausência dos requisitos 
ensejadores da medida constritiva. Superveniência de expedição de 
alvará de soltura. Perda de objeto. II - Pelo não conhecimento do 
writ.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido (Relator): Senhor Presidente, 
habeas corpus impetrado em favor de Clayton Maia Barros contra ato do 
Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Tocantins.
Por primeiro, registre-se que o Supremo Tribunal Federal já afi rmou 
que:
[...] 4. De acordo com a estrutura da Justiça Eleitoral brasileira, 
é competente o TSE para conhecer e julgar habeas corpus impetrado 
contra ato supostamente ilegal ou abusivo, perpetrado por qualquer 
dos órgãos fracionários do TRE, no caso, a Presidência da Corte 
24 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
regional [...]. (Habeas Corpus n. 88.769-4-SP, Relª. Ministra Ellen 
Gracie, julgado em 09.09.2008, DJ 26.09.2008, 2ª Turma)
O pedido liminar foi concedido ao fundamento de que a 
preservação da prisão cautelar do paciente está essencialmente fundada na 
qualidade de prefeito do paciente e na própria natureza da infração penal, 
induvidosamente insufi cientes para justifi car a necessidade da constrição 
cautelar, não havendo porque obstar a concessão imediata da fi ança.
Os autos dão conta de que o paciente não mais se encontra segregado, 
tendo sido a ele concedida a liberdade provisória mediante pagamento de 
fi ança, fi xada e recolhida no valor de R$ 5.100,00 (cinco mil e cem reais).
Pelo exposto, concedo a ordem para convolar em defi nitivo a liminar 
deferida.
É o voto.
RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N. 35.502 (42619-
24.2009.6.00.0000) – CLASSE 32 – PARAÍBA (Remigio)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Recorrente: Célia Maria Pereira Passos
Advogados: Vanina Carneiro da Cunha Modesto e outros
Recorrido: Ministério Público Eleitoral
EMENTA
Recurso especial. Crime de corrupção eleitoral. Compra de 
voto.Reexame de prova. Impossibilidade. Nulidade do acórdão. Não 
ocorrência. Violação do artigo 59 do Código Penal. Caracterização. 
Recurso conhecido em parte e parcialmente provido.
1. Não há falar em falta de fundamentação pela inexistência de 
relatório e voto escritos, quando perfeitamente documentados pela 
transcrição das notas taquigráfi cas.
25
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
2. A invocação abstrata da objetividade jurídica do crime, 
ínsita no tipo, não pode ser considerada como circunstância judicial.
3. Substituída a pena privativa de liberdade não superior a 1 
ano nem inferior a 6 meses, impositiva a fi xação de uma restritiva de 
direito, conforme artigo 44, § 2º, do Código Penal.
4. A pena de multa, no seu valor unitário, deve atender às 
condições pessoais e econômicas do réu, reclamando adequada 
fundamentação.
5. Recurso especial conhecido em parte e parcialmente 
provido. Habeas corpus concedido de ofício.
ACÓRDÃO
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por 
unanimidade, em conhecer parcialmente do recurso, dar-lhe parcial 
provimento e conceder habeas corpus, de ofício, para fi xar o valor unitário 
do dia multa no mínimo legal, nos termos das notas taquigráfi cas.
Brasília, 20 de maio de 2010.
Ministro Ricardo Lewandowski, Presidente
Ministro Hamilton Carvalhido, Relator
DJe 10.06.2010
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido: Senhor Presidente, recurso 
especial interposto por Célia Maria Pereira Passos, com fundamento nos 
artigos 121, § 4º, incisos I e II, da Constituição Federal e 276, inciso 
I, alíneas a e b, do Código Eleitoral, impugnando acórdão do Tribunal 
Regional Eleitoral da Paraíba, assim ementado:
Direito Penal Eleitoral e Processual Penal. Crime de corrupção 
eleitoral. Recurso criminal apresentado por todos os réus 
conjuntamente. Apresentação posterior de 2º recurso por apenas 
26 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
um dos réus. Conhecimento de ambos os recursos. Preliminar de 
preclusão consumativa suscitada pelo Procurador Regional Eleitoral 
em relação ao 2º recurso. Rejeição. Prevalência do princípio do 
devido processo legal substantivo. Preliminar de nulidade do processo 
por cerceamento de defesa suscitada pelo recorrente. Rejeição. Prazo 
de três dias estabelecido para apresentação de defesa em dissonância 
com a norma do art. 359 do Código Eleitoral. Recebimento da 
peça de defesa após o tríduo inicialmente estabelecido. Ausência 
de prejuízo. Princípio da instrumentalidade das formas. Mérito. 
Absolvição de José Passos da Costa. Inexistência de prova quanto 
à sua autoria. Provimento do recurso. Manutenção da condenação 
de Célia Maria Pereira Passos e Antônio Júnior da Silva. Prova da 
autoria e materialidade. Dosimetria. Cominação de multa em valor 
superior ao máximo previsto no artigo 299 do Código Eleitoral. 
Exacerbação indevida da pena privativa de liberdade. Inexistência 
de agravantes, atenuantes, minorantes ou majorantes. Redução das 
penas impostas. Pena privativa de liberdade fi xada em 1 ano, 4 meses 
e 15 dias e pena pecuniária fi xada em 6 dias-multa. Provimento 
parcial. Prescrição da pretensão punitiva inocorrente, considerando 
a data do fato – 16.06.2004 – e os marcos interruptivos previstos no 
art. 117 do Código Penal. (fl s. 292-293).
A insurgência especial está fundada na violação dos artigos 458, 535 
e 563 do Código de Processo Civil e 59 e 68 do Código Penal.
É esta a letra dos artigos 458, 535 e 563 do Código de Processo 
Civil:
Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido 
e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências 
havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato 
e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as 
partes lhe submeterem.
[...]
Art. 535. Cabem embargos de declaração quando:
27
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou 
contradição; 
II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz 
ou tribunal.
[...]
Art. 563. Todo acórdão conterá ementa.
E teriam sido violados, porque:
À intelecção dos dispositivos acima referidos, temos que os 
requisitos legais de um acórdão são: ementa, relatório, motivação 
ou fundamentação e dispositivo. Contudo, ao proceder-se a análise do 
caderno processual, constatou-se que o acórdão apresenta apenas duas 
páginas contendo a ementa e o dispositivo. (grifo no original - fl . 364).
Esta, a letra dos artigos 59 e 68 do Código Penal:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, 
à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, 
às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao 
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
sufi ciente para reprovação e prevenção do crime:
[...]
Art. 68 - A pena-base será fi xada atendendo-se ao critério do art. 
59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias 
atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de 
aumento.
E teriam sido violados, porque “A motivação foi valorada de forma 
equivocada [...]” e “[...] o intuito de ganhar a eleição através de captação 
ilícita de sufrágio é inerente ao próprio tipo penal, não havendo como 
se aplicar novamente de modo contrário ao denunciado quando da 
fi xação da pena-base, sob pena de confi guração da dupla valoração (bis 
in idem), amplamente expurgador por nosso ordenamento penal (grifos 
no original - fl . 370), bem como que:
É inequívoco no tipo penal em comento que as suas 
conseqüências incidirão diretamente no pleito, comprometendo 
28 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
a sua lisura. A mencionada corrupção de eleitores, através de 
oferecimento de vantagens ou bens, é ínsita ao próprio tipo 
penal, não havendo como se aumentar a pena, além do mínimo, 
com espeque em circunstância penal incrustada no preceito 
secundário do dispositivo imputado, sob pena de confi guração da 
dupla valoração (bis in idem), amplamente expurgado por nosso 
ordenamento penal. (fl . 371).
A recorrente sustenta, ainda, divergência jurisprudencial no sentido 
de que:
[...] trata de caso idêntico ao ora telado, onde também houve 
condenação pela prática do ilícito tipifi cado no art. 299 do Código 
Eleitoral. Ademais, nas duas situações houve a equivocada valoração 
das circunstâncias judiciais, ensejando assim, [sic] a reforma do 
julgado. (fl . 375).
E, por fi m, sem indicar dispositivo legal apontado como violado, 
alega que “A fragilidade do acervo probatório, levando ao questionamento 
acerca da autoria delitiva implica na aplicação do princípio da presunção 
de inocência do acusado, disciplinado constitucionalmente [...].” (fl . 367).
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido (Relator): Senhor Presidente, 
por primeiro, quanto à alegada fragilidade do acervo probatório, tem-se 
que a ausência de particularização do dispositivo de lei federal a que os 
acórdãos – recorrido e paradigma – teriam dado interpretação discrepante 
consubstancia defi ciência bastante, com sede própria nas razões recursais, 
a inviabilizar a abertura da instância especial, atraindo, como atrai, a 
incidência do Enunciado n. 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, 
verbis:
É inadmissível o recurso extraordinário, quando a defi ciência 
na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da 
controvérsia.
29
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
De qualquer modo, o tema encontra óbice nos Enunciados n. 7 do 
Superior Tribunal de Justiça e n. 279 do Supremo Tribunal Federal.
Assim defi nido o âmbito de cabimento do recurso especial,dou-lhe 
parcial provimento.
A fundamentação das decisões do Poder Judiciário, tal como 
resulta da letra do inciso IX do artigo 93 da Constituição da República, é 
condição absoluta de sua validade e, portanto, pressuposto de sua efi cácia. 
Substancia-se na defi nição sufi ciente dos fatos e do direito que a sustentam, 
de modo a certifi car a realização da hipótese de incidência da norma e os 
efeitos dela resultantes.
Veja-se, a propósito, o disposto no artigo 458, inciso II, do Código 
de Processo Civil:
Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido 
e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências 
havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato 
e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as 
partes lhe submeterem.
In casu, está a recorrente em que o acórdão recorrido carece de 
fundamentação porque não constam nos autos relatório, fundamentação 
e ementa.
No entanto, não há falar em falta de fundamentação, não 
ultrapassando, quando muito, os limites da irregularidade a inexistência 
de relatório e voto do relator escritos, visto que perfeitamente 
documentados pela transcrição das notas taquigráfi cas aptas a suprir a 
alegada falta.
O acórdão, com sua ementa e dispositivo, está às fl s. 292-293; o 
relatório, às fl s. 302-304; o voto do relator, às fl s. 333-340; e o voto do 
revisor, vencedor, às fl s. 341-344.
30 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
Tampouco, em nulidade. Não só porque o feito não se ressente 
de nenhuma das peças reclamadas, mas também porque o suprimento da 
falta pelas notas taquigráfi cas afasta de forma peremptória a ocorrência de 
qualquer prejuízo, de modo a inibir que se fale em nulidade na espécie.
Da fundamentação, diga-se, em especial, é bastante, abrangendo a 
análise detida de todos os elementos da prova, aptos a tornar certa a prática 
do ilícito pela recorrente.
Senão, vejamos o voto do relator:
[...] Eu considerei prejudicadas as preliminares porque ele pediu 
desentranhamento da peça. Aí não tinha mais o que... entendeu, 
doutor? Porque foi numa segunda peça também. No mérito: 
Inicialmente, ressalto que anterior decisão que julga pela procedência 
de ação de investigação judicial eleitoral para apurar a captação ilícita 
de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei das Eleições não obsta 
eventual condenação por crime de corrupção eleitoral, dada a 
independência da esfera criminal em relação à esfera cível eleitoral, 
conforme recente precedente do TSE. Diz a denúncia que os eleitores 
aliciados, os irmãos Francisco Sales Medeiros Dias e Francisco de 
Assis Medeiros Dias, teriam recebido a importância de R$ 100,00, 
cada, do segundo e terceiros denunciados – me refi ro a Célia Maria 
Pereira Passos e Antônio Júnior da Silva - e logo em seguida, 
procuraram o Promotor Eleitoral e a Juiza Eleitoral para denunciar 
o fato, razão porque [sic] a magistrada requisitou à autoridade 
policial a abertura do competente inquérito policial. A prova 
documental demonstra as quatro cédulas R$ 50,00 (cinqüenta reais), 
que se encontram às fl s. 15. A quantia foi dada aos irmãos Francisco 
Sales e Francisco de Assis Medeiros Dias em troca de voto, 
considerando que, conforme as próprias declarações prestadas por 
Francisco de Assis Medeiros Dias, ele, seu irmão e sua mãe sempre 
foram eleitores de Cláudio Régis, opositor político do denunciado 
José Passos da Costa. As declarações em juízo prestadas pelos 
declarantes e pelas testemunhas corroboram a versão ministerial que 
efetivamente houve a captação ilícita de sufrágio prevista no art. 299 
do Código Eleitoral Brasileiro, cuja redação é a seguinte ... eu me 
abstenho de ler a redação do Código porque todos conhecem. Passo 
então a examinar as provas testemunhais neste sentido: Francisco de 
Assis Medeiros afi rmou em juízo que: “Que o declarante e seu irmão 
31
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
foram assediados pelo denunciado Antônio Júnior, a fi m de que eles 
votassem no candidato a Prefeito Dr. Passos; que o réu ofereceu a 
quantia de 200 reais para cada um; que no dia marcado com o 
acusado, ele declarante e seu irmão Francisco Sales, [sic] foram até a 
casa do réu e lá chegando estava a Dona Célia Passos e a testemunha 
Wellington; que nesse dia havia bebida e comida para o declarante e 
seu irmão, na casa do réu; que a Dona Célia Passos aproximou-se do 
declarante e seu irmão e deu-lhes a quantia de 100 reais para cada 
um, afi rmando que se tratava de uma doação do Dr. Passos; bem 
como que aquilo deveria fi car em segredo; que não reclamaram de 
ter recebido metade da quantia combinada porque estavam 
precisando de dinheiro para montar um salão; que sua mãe sempre 
foi eleitora de Cláudio Régis, como também ele declarante e seu 
irmão; que quando saíram da casa do acusado Júnior, este encontrou-
se com sua mãe e agrediu-a verbalmente e só não a agrediu fi sicamente 
porque foi impedido; que em razão disso ele declarante e seu irmão 
resolveram denunciar o ocorrido à Polícia; que não tinha 
conhecimento que a sua conduta ao receber dinheiro em troca de 
voto é correspondente a um crime eleitoral também; que quando 
aceitou a proposta do acusado Júnior tinha apenas a intenção de 
montar o seu salão, pois o declarante afi rma que não tem emprego 
nem condições para tanto”; Declaração de Francisco Sales Medeiros 
Dias, disse ele: “Que afi rma que desde o início da campanha o 
candidato Júnior o assediava e também ao seu irmão a fi m de que 
trocassem de partido para votar neste candidato, bem como no Dr. 
Passos; que haveria uma compensação fi nanceira para tanto, no valor 
de 100 reais para cada um; que não aceitou a proposta do acusado 
Júnior, mas um dia este lhe chamou para tomar vodka em sua casa 
– era também a casa Dr. Passos – mas um dia este lhe chamou para 
tomar vodka em sua casa, foi quando o declarante e seu irmão, ao 
chegarem em lá, depararam-se com Dona Célia Passos, a qual lhes 
deu 100 reais para cada um; que ele declarante recebeu o dinheiro 
das mãos de Dona Célia, bem como seu irmão; que os fatos 
ocorreram dentro da casa do candidato Júnior; que lá só estavam ele 
declarante, seu irmão, os denunciados Júnior e Dona Célia e mais 
ninguém; que recebeu o dinheiro da ré Célia, devido à pressão que 
sofreu no momento, como também, a infl uência da bebida; que esses 
foram os maiores motivos, apesar de estar necessitando de dinheiro; 
que a festa já estava no fi nal quando sua mãe ia chegando da cidade 
de Campina Grande e ouviu o seu nome e de seu irmão no carro de 
32 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
som, momento em que ela resolveu perguntar ao acusado Júnior e 
mãe deste o que estava acontecendo com seus fi lhos, tendo eles a 
agredido verbalmente; que por razão disso sua mãe desmaiou, tendo 
o declarante afi rmado que o dinheiro era para que ele declarante e 
seu irmão mudassem de partido e votassem em Dr. Passos – está 
truncada aqui a redação; que depois de ter recebido o dinheiro da 
denunciada Célia vestiu uma camisa do candidato Dr. Passos e deu 
uma volta em cima do carro; que naquela ocasião o carro de som 
afi rmava que ele e seu irmão havia mudado de partido e aderido à 
campanha do Dr. Passos; que seu irmão também vestiu a camisa 
deste candidato e subiu no veículo; que o acusado Júnior foi quem 
lhe pressionou a aceitar o dinheiro e a vestir a camisa de Dr. Passos, 
pois sempre afi rmava que era melhor para ele que o Dr. Passos 
ganhasse; que o dinheiro foi entregue na casa da mãe do candidato 
Júnior”. - fl s. 107-108. Digo eu: Observa-se dos depoimentos 
prestados pelos declarantes que a iniciativa de receber o dinheiro e 
depois procurar as autoridades para denunciaro ilícito não se deu 
por razões nobres de cidadania, mas porque a mãe dos declarantes foi 
detratada pelo denunciado Antônio Júnior da Silva. Restou 
evidenciado também que a família a qual pertence os dois declarantes 
tinha no Município de Remígio um histórico apoio ao adversário 
político do denunciado José Passos, daí a importância de suas adesões 
ao seu projeto político para prefeito daquela comuna e que motivou 
o desfi le em praça pública dos dois irmãos, o que reforça mais ainda 
a tese da captação ilícita de sufrágio – foi discutida em ação própria. 
Nesse mesmo sentido, entendeu o douto Procurador, cujo trecho do 
parecer cito, neste ponto: “De outra banda, não se pode olvidar, 
ainda, que, consoante se pode auferir inequivocamente das 
informações prestadas em juízo, os irmãos gêmeos em testilha sempre 
foram eleitores de Cláudio Regis, e que, pelo fato de não estar 
apoiando a candidato do recorrente José Passos, estavam sendo 
constantemente procurados para mudança de partido e de candidato. 
Circunstâncias estas que reforçam a tese de que houve efetivamente 
compra de votos em questão, pois, em nenhum momento do 
presente contexto probatório, é possível identifi car qualquer 
indicativo de outro motivo para a adesão dos referidos irmãos ao 
lado político dos recorrentes. E prossegue o Ministério Público 
Eleitoral: Tal entendimento encontra respaldo quando se depreende 
dos autos o fato incontroverso de que a confusão envolvendo a 
genitora daqueles eleitores se deu justamente porque o assédio 
33
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
eleitoral dos recorrentes em busca de apoio político dos gêmeos em 
tela provocou a ira daquela mãe, que ao chegar de viagem, percebeu 
tal situação e reagiu de maneira ríspida e descontente, uma vez que 
esta, juntamente com sua prole, sempre foram eleitores do político 
opositor”. E eu digo: O anúncio em carro de som de adesão dos dois 
declarantes à candidatura de José Passos foi presenciada pela 
testemunha Welington Dias da Silva, cabo eleitoral do terceiro 
denunciado. A referida testemunha também afi rma que ouviu dois 
irmãos que os mesmos teriam recebido das mãos de Célia Maria 
Pereira Passos as quatro notas de R$ 50,00 reais [sic] quando estavam 
na casa de Antônio Júnior da Silva. Cito o depoimento de um deles: 
“Que era cabo eleitoral do candidato Júnior, quando após uma 
passeata fi cou na frente da casa da mãe deste e viu quando lá entraram 
Dona Célia, o candidato Júnior e os declarantes Francisco de Assis e 
Francisco Sales; que apenas sabe informar que quando os irmãos 
declarantes saíram de lá foram para sua casa e lá mostraram quatro 
notas de 50,00 reais [sic] e afi rmaram que receberam de Dona Célia; 
Que antes de receber o dinheiro, após tomar algumas doses de 
bebida alcoólica, os dois irmãos subiram no carro em passeata, sendo 
naquela oportunidade anunciado no carro de som que os mesmos 
tinham mudado de candidatos”. Eu digo: A testemunha Francisco 
de Assis Ferreira da Silva também declarou em juízo que no dia dos 
fatos narrados estava próximo à casa do denunciado Antônio Júnior 
da Silva quando viu os citados irmãos subirem num carro e desfi larem 
em comemoração às suas adesões à candidatura do denunciado José 
Passos da Costa e que o carro de som anunciava a aludida adesão. 
Afi rmou também que ouviu a discussão entre Antônio Júnior da 
Silva e a Mãe de Francisco Medeiros Dias e Francisco de Assis 
Medeiros Dias e que depois da referida discussão os mencionados 
irmãos declararam que tinham recebido dinheiro da recorrente Célia 
Passos para que os mesmos votassem em seu marido”. E segue 
depoimento também da testemunha Adailton de Farias Araújo, que 
presenciou outros fatos. E eu digo: As demais testemunhas ouvidas 
em juízo às fl s. que eu cito em nada acrescentaram à prova 
testemunhal, visto que são testemunhas de “ouvir dizer”. A 
testemunha Alexandre Gonçalves Dias confi rma que o fato dos 
gêmeos circularem em cima de um veículo nas ruas da cidade se deu 
em razão da adesão à candidatura do Sr. José Passos e que, até aquele 
dia, os irmãos mesmos eram eleitores do seu adversário político. Vale 
registrar que sobre o fato em análise, a Justiça Eleitoral da 67ª Zona 
34 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
já havia se pronunciado e reconhecido também a captação ilícita de 
sufrágio com base no art. 41-A da Lei das Eleições, razão [sic] porque 
cassou o registro de candidatura do denunciado José Passos, decisão 
essa que foi mantida pelo plenário desta Corte. Está aqui transcrito 
o trecho da decisão desta Corte em relação a [sic] penação do 
candidato José Passos, que eu me permito deixar de ler. E prossigo: 
No TSE, o recorrente José Passos não obteve êxito e o seu Recurso 
Especial sequer foi conhecido. De igual forma, nestes autos, a prova 
testemunhal, aliada aos demais elementos de prova (as cédulas 
constantes às fl s. 15) somente corrobora a existência de captação 
ilícita de sufrágio praticada pelos denunciados, ora recorrentes. As 
declarações prestadas na esfera extrajudicial foram confi rmadas em 
juízo e foram conclusivas quanto à existência do tipo previsto no art. 
299 do CE. No caso concreto, os requisitos exigidos pela lei e pela 
jurisprudência do TSE restaram preenchidos, confi gurando, assim, o 
art. 299 do Código Eleitoral, quais sejam a doação de dinheiro, 
dádiva ou qualquer outra vantagem a eleitor e o elemento subjetivo 
do tipo que é a fi nalidade de obter-lhe o voto. Entendo que, até por 
uma questão de coerência, considerando a prova dos autos e os tipos 
descritos nos art. 299 do CE e 41-A da Lei das Eleições, que são os 
mesmos, não teria sentido a Justiça Eleitoral cassar o registro do 
candidato com base neste último dispositivo, como de fato ocorreu, 
e, por outro lado, entender que não fi cou caracterizado o crime 
eleitoral previsto no art. 299 do Código Eleitoral, principalmente 
quando a prova que ensejou a cassação do registro do Sr. José Passos 
da Costa no inquérito policial é a mesma que fundamenta esta ação 
criminal. [...] (fl s. 334-338).
E também, o voto do revisor, no que interessa à espécie:
Em primeiro lugar, eu peço paciência e desculpa à Corte e 
aos Advogados, porque, pelo número alentado de processos que 
ingressaram no meu gabinete, eu não tive condições de trazer um 
voto escrito, tenho necessidade de fazer o voto oral. Com relação 
à materialidade do fato, eu também entendo que não há nenhuma 
dúvida da sua ocorrência, não só porque a sentença proferida 
em sede de ação civil eleitoral que culminou com a cassação do 
mandato por captação ilícita de sufrágio, mas também pelas provas 
produzidas nesse processo é no sentido da apreensão das cédulas que 
35
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
teriam sido entregues às vítimas, depoimento das vítimas e também 
das testemunhas, ainda que tirando os possíveis aliciadores e os 
aliciados, não havia terceiros naquele local, naquele momento, mas 
nós temos também testemunhas circunstanciais que corroboram 
o fato de que essas pessoas estiveram na casa do acusado Antônio 
Júnior da Silva, viram quando eles saíram e imediatamente, na saída 
dessa casa, já apresentaram as cédulas e narraram para essas pessoas 
o que tinha ocorrido no interior daquela casa, ou seja, de que eles 
foram cooptados por Célia Maria Pereira Passos, Antônio Júnior da 
Silva. Inclusive, o relator teve o cuidado de narrar e descrever os 
vários depoimentos e os trazidos também pelo Ministério Público, 
em especial de Wellington Dias da Silva, Francisco de Assis Pereira 
da Silva, Adailto de Farias Araújo, Josivan Sousa da Silva, Diva 
Maria Gomes da Silva. Inclusive com relação ao primeiro, que diz 
assim: que era cabo eleitoral do candidato Júnior, quando após uma 
passeata fi cou na frente da casa da mãe deste e viu quando entraram 
Dona Célia,o candidato Júnior e os declarantes Francisco Assis e 
Francisco Chaves; que quando os irmãos declarantes saíram de lá 
foram para sua casa e lá mostraram quatro notas de cinqüenta reais e 
afi rmaram que receberam de Dona Célia. Então, unindo todos esses 
elementos de prova, eu não tenho dúvida nenhuma no meu espírito 
de que houve, realmente, o crime previsto no art. 299 do Código 
Penal Eleitoral. Com relação à autoria, o conjunto probatório foi 
muito bem examinado pelo relator no sentido da autoria do crime 
que é imputado a Célia Maria Pereira Passos e Antônio Júnior da 
Silva.
[...] (fl s. 341-342).
[...]. Agora, com relação à Célia Maria Pereira Passos e Antônio 
Júnior da Silva, pelos fundamentos que já expus de forma sucinta, o 
meu voto é pelo provimento parcial de ambos os recursos. Por quê? 
Enquanto havia a discussão aí, eu estava fazendo a dosimetria da pena. 
Na análise, na observância do critério trifásico, o juiz, na primeira 
fase, afi rmou que a culpabilidade é presente pois agiu com dolo. 
Veja, a culpabilidade que nós examinamos nessa fase da dosimetria 
da pena não é a culpabilidade elemento do crime, e sim aquela 
culpabilidade que excede a culpabilidade elemento do crime, e não 
há nenhum indicativo de uma culpabilidade que exceda ao normal 
daquele crime, ou seja, prevista no próprio tipo. Com relação ao 
dolo, há muito que já está abandonada a teoria causal da ação, o dolo 
36 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
é elemento do fato típico, da conduta, ele é examinado para efeito de 
verifi car se há crime ou não. Então, me parece que essa circunstância 
judicial aqui ela foi equivocadamente valorada. Com relação aos 
antecedentes, não há antecedentes. A conduta social, também 
não há nenhum elemento aqui indicativo da conduta social e da 
personalidade, nenhum elemento desabonador, como reconheceu o 
juiz. As circunstâncias não foram boas, posto que aliciou diretamente 
os eleitores. Ora, isso é a própria elementar do crime é você oferecer, 
dar, etc., a vantagem para cooptar o voto. Então, isso aqui não traduz 
circunstância judicial negativa. As conseqüências foram graves diante 
da interferência direta na lisura do processo democrático. Nesse 
aspecto eu entendo que, realmente, há essa circunstância judicial 
negativa e, portanto, eu reconheço apenas uma circunstância judicial 
negativa para esse fato. Considerando que o mínimo da pena não é 
identifi cado, mas como é pena de reclusão então o mínimo é um 
ano e o máximo quatro anos, são oito circunstâncias judiciais, então, 
objetivamente, porque a dosimetria é sempre um calo, então, se são 
oito circunstâncias judiciais, se nós aquilatarmos cada circunstância 
na base de 1/8, então a pena-base fi ca um ano, quatro meses e 15 
dias, o reconhecimento de uma única circunstância e considerando 
que há também uma circunstância judicial negativa, para efeito de 
aplicação de dias-multa, considerando que a variação, a defesa tem 
toda razão, eu até me surpreendi, doutor, porque no direito penal 
comum o legislador não teve essa preocupação de fi xar os limites 
mínimos e máximos no tipo penal. No tipo penal não tem, é lá na 
parte geral do Código Penal, a partir do 59, que ele estabelece de 
um a trezentos e sessenta dias-multa, mas o legislador penal eleitoral 
teve esse cuidado de estabelecer limites mínimos e máximos. Ora, se 
não há na segunda fase nenhum agravante e nenhum atenuante, na 
terceira fase nenhuma majorante e nenhuma minorante, então essa 
imposição da pena de multa ela não poderia desbordar dos limites 
mínimo e máximo por infringência ao art. 59, II, que diz que o juiz 
deve fi xar nessa fase dentro dos limites da pena cominada no tipo 
penal. Então, fazendo o cálculo, daria, considerando cinco a quinze 
dias multa, daria seis dias-multa. E aí a razão de um salário mínimo 
vigente à data do fato, porque a fi xação de um parâmetro menor do 
que esse ia tornar absolutamente inócua a norma penal. Então, o 
meu voto com relação aos Recursos de Célia Maria Pereira Passos 
e Antônio Júnior da Silva, já que os fundamentos para a dosimetria 
são idênticos para um e para outro, é pelo provimento parcial do 
37
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
recurso apenas para reformar a sentença no que tange à dosimetria 
da pena, reduzindo a pena de prisão para um ano, quatro meses e 
quinze dias e a pena de multa para seis dias-multa, à razão de um 
salário mínimo vigente à data do fato. E com relação, mas o juiz já, 
diante da observância dos requisitos e pressupostos do art. 44, já fez 
a conversão em pena restritiva de direito, então quanto a isso eu não 
tenho nenhuma objeção a fazer.[...] (fl s. 343-344).
Relativamente à individualização da pena, estou em que houve 
efetivamente violação da lei federal.
A própria objetividade jurídica do crime foi invocada como 
circunstância judicial para exasperar o mínimo legal de 1 ano para 1 ano, 4 
meses e 15 dias de reclusão, e de 5 dias multa para 6 dias multa.
É caso, pois, de redução das penas ao mínimo legal e, 
consequentemente, da aplicação de uma única pena restritiva de direito, 
que as circunstâncias e natureza do crime indicam a prestação de serviços à 
comunidade, apta a fortalecer o sentimento de cidadania.
Remanesce, ainda, a meu sentir, uma questão, a saber: a falta de 
fundamentação do valor unitário do dia multa, que deverá ser fi xado, de 
acordo com o artigo 286, § 1º, do Código Eleitoral, segundo o prudente 
arbítrio do juiz, devendo ser consideradas as condições pessoais e 
econômicas do condenado.
Para a certeza das coisas, a fi xação do valor unitário do dia multa está 
assim justifi cada:
[...] Então, fazendo o cálculo, daria, considerando cinco a quinze 
dias-multa, daria seis dias-multa. E aí à razão de um salário mínimo 
vigente à data do fato, porque a fi xação de um parâmetro menor do 
que esse ia tornar absolutamente inócua a norma penal. (fl . 344).
Ante a evidente falta de fundamentação, o valor unitário do dia 
multa deverá ser fi xado em seu mínimo legal.
Pelo exposto, conheço parcialmente do recurso e lhe dou parcial 
provimento, para, reformando o acórdão impugnado, fi xar as penas da 
recorrente no mínimo legal, mantido, no mais, o decisum de primeiro 
38 MSTJTSE, a. 3, (8): 13-38, agosto 2011
Crimes Eleitorais
grau e, de acordo com o artigo 44, § 2º, do Código Penal, excluir a pena 
restritiva de direito de prestação pecuniária, por se cuidar de pena privativa 
de liberdade igual a um ano.
Concedo, entretanto, habeas corpus de ofício, para fi xar o valor 
unitário do dia multa no mínimo legal.
É o voto.
Desincompatibilização
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N. 
1.866-87.2010.6.18.0000 – CLASSE 32 – PIAUÍ (Teresina)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Agravante: Coligação Para o Piauí Seguir Mudando (PSB/PMDB/
PT/PC do B/ PRB/PR/PTN/PRP)
Advogado: Guilardo Cesá Medeiros Graça
Agravado: Ministério Público Eleitoral
EMENTA
Agravo regimental. Recurso ordinário. Registro de candidatura. 
Deputado estadual. Impugnação. Desincompatibilização. Ocupante 
de cargo na Administração Pública. Prova. Intimação para sanar o 
vício. Juntada de novos documentos com os embargos de declaração. 
Contraditórios. Desprovimento.
1 - O prazo de desincompatibilização deve ser cumprido de 
modo a não imprimir dúvida ao julgador.
2 - Agravo regimental a que se nega provimento.
ACÓRDÃO
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, 
em desprover o agravo regimental, nos termos das notas de julgamento.
Brasília, 1º de fevereiro de 2011.
Ministro Hamilton Carvalhido, Relator
DJe 18.02.2011
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido: Senhor Presidente, agravo 
regimental interposto pela Coligação Para o Piauí Seguir Mudando, com 
fundamento no artigo 36, §§ 8º e 9º,do RITSE, contra decisão que negou 
seguimento a recurso ordinário, in verbis (fl . 148-151):
42
Desincompatibilização
MSTJTSE, a. 3, (8): 39-69, agosto 2011
[...]
De início, envolvendo o caso dos autos discussão acerca de prazo 
de desincompatibilização, conforme a disciplina estabelecida pelo 
artigo 49, I, da Res.-TSE n. 23.221/2010, recebo o recurso como 
ordinário.
A orientação fi rme deste Tribunal é de que “[...] A necessidade 
de desincompatibilização é uma forma de preservar a lisura do pleito 
e o equilíbrio entre os postulantes a cargos eletivos [...]” (REspe n. 
20.060-RS, Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo, publicado na sessão 
de 20.9.2002).
No caso, o Ministério Público Eleitoral formulou impugnação 
à candidatura de Roberto Ramos de Queiroz Júnior ao cargo 
de deputado estadual nas eleições de 2010, por considerar que o 
requerente, ocupante de cargo na administração pública, apresentara 
documentos contraditórios na tentativa de comprovar sua 
desincompatibilização.
O Tribunal a quo, considerando a prova nos autos, indeferiu o 
pedido de registro, valendo-se da seguinte fundamentação (fl . 45):
[...]
No caso em tela, o requerente não observou o prazo legal 
de desincompatibilização, devendo, portanto, ser considerado 
inelegível, nos termos da Lei Complementar n. 64/1990.
Apreciando nova documentação trazida pelo candidato em sede 
de embargos, assim se posicionou aquela Corte (fl . 66-66 v.):
[...]
Agora, com a petição dos embargos de declaração, a 
coligação recorrente apresenta três outros documentos, às fl s. 
53-55.
O primeiro consiste na petição de afastamento, subscrita 
pelo candidato, datada de 02.07.2010, e supostamente 
recebida pelo Diretor da Unidade Escolar Antonio de 
Almendra Freitas, na mesma data.
O segundo, trata-se de uma declaração, lavrada também 
em 02.07.2010, pelo referido Diretor daquela escola, 
43
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
afi rmando que o Sr. Roberto Ramos de Queiroz Junior lhe 
apresentara o pedido de desincompatibilização, em razão 
do qual se encontraria licenciado a partir de 03.07.2010, 
declaração esta recebida pela titular da Coordenação de 
Benefícios da Unidade de Gestão de Pessoas, vinculada 
à Secretaria da Educação e Cultura do Estado do Piauí, 
também em 02.07.2010. Esses documentos foram, todos, 
e em sequência, emitidos na mesma data, em tramitação 
expressivamente célere.
O terceiro documento ora apresentado consiste em uma 
declaração fi rmada pela titular da Coordenação de Benefícios 
da Unidade de Gestão de Pessoas, vinculada à Secretaria da 
Educação e Cultura do Estado do Piauí, desta vez com data 
de 27.07.2010, mesma data da declaração acostada às fl s. 40, 
também por ela subscrita, atestando que o servidor Roberto 
Ramos de Queiroz Junior “requereu licença para Atividade 
Política através do Processo n. 0034101/10, de 23.07.2010, 
mas o referido servidor encontra-se afastado de suas funções 
desde 03.07.2010, conforme Declaração da escola (em 
anexo), portanto, o mesmo já está em gozo da referida licença 
desde 03.07.2010”. Vale dizer, o processo administrativo é 
mesmo datado de 23.07.2010.
As contradições, destarte, são evidentes e relevantes. 
Ora, se na mesma data, ou seja, em 23.07.2010, a titular da 
Coordenação de Benefícios da Unidade de Gestão de Pessoas, 
vinculada à Secretaria da Educação e Cultura do Estado do 
Piauí, emitiu duas declarações, uma das quais esclarecendo 
que o candidato já se encontrava afastado desde 03.07.2010, 
por que então o postulante, quando intimado, trouxe aos 
autos apenas a declaração menos elucidativa, qual seja, a 
de que a desincompatibilização fora requerida através de 
processo datado de 23.07.2010?
Ademais, se o candidato, ou a coligação pela qual 
concorre, já possuía documentos contemporâneos à data 
do pedido de registro, quais sejam, a petição de licença 
para atividade política e a declaração do Diretor da escola 
na qual o servidor é lotado, ambos de 02.07.2010, por que 
estes documentos não acompanharam o RRC nem foram 
apresentados pelo candidato quando de sua intimação?
[...]
44
Desincompatibilização
MSTJTSE, a. 3, (8): 39-69, agosto 2011
Por outro lado, se o embargante traz aos autos 
elementos inéditos, mas contemporâneos ao pedido de 
registro, sem declinar as razões de sua não-apresentação 
quando da postulação ou do cumprimento da diligência, 
estes documentos devem ser examinados com as cautelas 
necessária e devem, também, harmonizar-se com outros 
elementos do conjunto probatório, sob pena de serem tidos 
por imprestáveis para modifi car a decisão vergastada.
[...]
No caso destes autos, os novos documentos, pelas 
contradições já apontadas, não se prestam para infi rmar a 
intempestividade do afastamento do pretenso candidato 
Roberto Ramos de Queiroz Junior de suas atividades no 
Serviço Público, devendo ser mantida a decisão desta Corte 
que indeferiu seu pedido de registro de candidatura em razão 
de sua desincompatibilização tardia.
[...].
Como se depreende, a Corte de origem fundamentou o decisum 
na ausência de comprovação do afastamento de fato do candidato 
no prazo legal, ante a contradição dos documentos por ele trazidos.
É importante ressaltar que, consoante o artigo 26, V, da Res.-
TSE n. 23.221/2010, a prova da desincompatibilização deve ser 
apresentada no momento do pedido de registro, verbis:
Art. 26. A via impressa do formulário Requerimento de 
Registro de Candidatura (RRC) será apresentada com os 
seguintes documentos:
[...]
V – prova de desincompatibilização, quando for o caso;
[...].
A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral admite a 
regularização de documentação na instância superior somente 
quando esta não foi oportunizada pelo juízo a quo. Senão vejamos:
Eleições 2006. Registro de candidatura. Indeferimento. 
Agravo regimental. Recurso especial. Desincompatibilização. 
Escolha em convenção. Ausência. Fundamentos não infi rmados.
45
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
- Nos termos da Súmula-TSE n. 3, a possibilidade de 
sanar a falha com a juntada da documentação com o recurso, 
só se dá no caso de não ter sido dada oportunidade para o 
suprimento da omissão, o que não se aplica ao caso dos autos.
[...]
- Agravo Regimental a que se nega provimento.
(AgRgRO n. 1.285-RN, Rel. Ministro Gerardo Grossi, 
publicado na sessão de 25.9.2006)
Com efeito, no caso, o Tribunal Regional Eleitoral do 
Piauí intimou o recorrente, e este apresentou documentos que, 
contrariamente ao que foi sustentado nas razões do recurso, 
corroboraram a impugnação ofertada.
Nesse contexto, não merece reparo o acórdão impugnado, 
porquanto, à vista dos elementos constantes dos autos, não foi 
atendido o preceito legal no tocante ao afastamento tempestivo do 
cargo público, fundamento, por si só, sufi ciente para o desprovimento 
do recurso interposto.
Pelo exposto, com fundamento no artigo 36, § 6º, do Regimento 
Interno do Tribunal Superior Eleitoral, nego seguimento ao recurso.
[...].
A agravante alega ofensa ao artigo 1º, II, l, c.c. o inciso VI, da Lei 
Complementar n. 64/1990, insistindo, em síntese, que, verbis (fl . 161):
[...]
O que se verifi ca no presente caso é que o e. TRE-PI se apegou 
demasiadamente à forma, quando da apreciação da documentação 
apresentada pelo candidato requerente para indeferir o seu registro de 
candidatura, esquecendo-se de verifi car a situação fática, qual seja, o 
efetivo afastamento do candidato de suas atividades profi ssionais no serviço 
público estadual desde o dia 03.07.2010, o que contraria o entendimento 
deste Colendo Tribunal acerca do tema [...]. (grifos do original)
Reporta-se ao julgado por este Tribunal no REspe n. 20028, Rel. 
Ministro Sepúlveda Pertence, publicado no DJU de 5.9.2002; REspe n. 
19988, Rel.Ministro Sálvio de Figueiredo, publicado no DJU de 3.9.2002; 
46
Desincompatibilização
MSTJTSE, a. 3, (8): 39-69, agosto 2011
RO n. 541, Rel. para o Acórdão Ministro Fernando Neves, publicado no DJU 
de 3.9.2002; quanto à necessidade de se verifi car a desincompatibilização 
no plano fático.
Requer o provimento do agravo regimental para que seja dado 
seguimento ao recurso ordinário e deferido o registro de candidatura.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido (Relator): Senhor Presidente, o 
agravo não merece prosperar.
In casu, o candidato ocupava o cargo público de auxiliar de serviços 
de vigilância na Secretaria da Educação e Cultura (SEDUC) do Estado do 
Piauí, lotado na Unidade Educacional Antonio de Almendra Freitas, em 
Teresina.
Consta da fl . 35 despacho do Relator no Tribunal a quo, Juiz Haroldo 
Oliveira Rehem, de 21.7.2010, determinando que o candidato esclarecesse 
(fl . 35):
[...] mediante documento hábil, sua condição de servidor 
público, indicado o cargo que ocupa, a função que exerce e o órgão 
ou instituição a cujo quadro pertence [...], devendo apresentar, em 
consequência, comprovante de sua desincompatibilização.
A intimação foi efetuada em 22.7.2010, havendo o candidato, no 
dia seguinte, apresentado declaração da Coordenadora de Benefícios da 
SEDUC, datada de 23.7.2010, atestando que o servidor “[...] requereu 
licença para Atividade Política através do Processo n. 0034101/10, de 
23.07.2010” (fl . 40).
O Tribunal Regional Eleitoral do Piauí indeferiu-lhe o registro por 
concluir que a declaração, apresentada à fl . 40, não se prestava a provar a 
desincompatibilização.
No caso, o referido documento não faz menção à data em que o 
servidor teria se afastado de fato. E mais, ainda que se infi ra que se trate da 
47
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
data referida no documento, 23.7.2010, o prazo de três meses anteriores do 
pleito não teria sido cumprido, pois o afastamento deveria ter ocorrido em 
3.7.2010.
Saliente-se, também, que os documentos trazidos a posteriori, com os 
embargos de declaração, tampouco socorrem ao candidato.
Aos autos, foram juntadas: nova declaração da Coordenadora de 
Benefícios da SEDUC, datada também de 23.7.2010, atestando que o 
candidato “[...] requereu licença para Atividade Política através do Processo 
n. 0034101/10, de 23.07.2010, mas o referido servidor encontra-se afastado 
de suas funções deste 03.07.2010, conforme Declaração da escola (em anexo), 
portanto, o mesmo já está em gozo da referida licença desde 03.07.2010” 
(fl . 55); petição de afastamento, subscrita pelo candidato, de 2.7.2010, 
recebida pelo diretor da Unidade Escolar Antonio de Almeida Freitas, no 
mesmo dia 2; declaração, com data de 2.7.2010, assinada pelo dirigente da 
unidade de ensino afi rmando que o candidato lhe apresentara o pedido de 
desincompatibilização, em razão do qual se encontraria licenciado a partir 
do dia 3, documento este recebido pela Coordenadora de Benefícios.
Os documentos apresentados com os declaratórios mostram-se 
contraditórios em relação ao juntado à fl . 40 no que diz respeito à data 
do efetivo afastamento. Com efeito, o prazo de desincompatibilização deve 
ser cumprido de modo a não imprimir dúvida ao julgador. Assim tenho 
por correto o acórdão recorrido, não merecendo, portanto reparos a decisão 
agravada.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É o voto.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO N. 1.494-47. 
2010.6.07.0000 – CLASSE 37 – DISTRITO FEDERAL (Brasília)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Agravante: Maria do Socorro Marques Miranda
Advogados: Andrea Brito Lustosa da Costa e Sousa e outros
48
Desincompatibilização
MSTJTSE, a. 3, (8): 39-69, agosto 2011
EMENTA
Eleições 2010. Registro de candidatura. Agravo regimental 
no recurso ordinário. Membro de Conselho. Desincompatibilização. 
Comprovação. Insufi ciência. Fundamento não infi rmado. Enunciado 
n. 182 da Súmula do STJ. Desprovimento.
1. Após o indeferimento do pedido de registro de candidatura, 
somente é permitida a apresentação de documento a fi m de provar o 
afastamento do cargo desde que ao candidato não tenha sido dada a 
oportunidade para suprir a falta, na fase prevista nos artigos 11, § 3º, 
da Lei n. 9.504/9731 e 31 da Res.-TSE n. 23.221/2010.
2. A persistência da falha na instrução do registro, não obstante 
concedidas oportunidades para saná-la, acarreta o indeferimento do 
registro de candidatura.
3. Torna-se inviável o provimento do agravo regimental quando 
não afastados os fundamentos da decisão impugnada, fazendo incidir 
o Enunciado n. 182 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça.
4. Agravo regimental desprovido.
ACÓRDÃO
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por 
unanimidade, em desprover o agravo regimental, nos termos das notas de 
julgamento.
Brasília, 3 de novembro de 2010.
Ministro Hamilton Carvalhido, Relator
Publicado em Sessão
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido: Senhor Presidente, agravo 
regimental contra decisão de minha lavra pela qual neguei seguimento a 
49
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
recurso ordinário interposto por Maria do Socorro Marques Miranda, nos 
termos seguintes (fl s. 94-95):
[...]
Tudo visto e examinado, decido.
À recorrente foram concedidas duas oportunidades pela Corte 
Regional para sanar a ausência de documentação (fl s. 24 e 51). 
Porém, apenas acostou os documentos de fl s. 54-61, o que não se 
mostrou, como não se mostra, sufi ciente para comprovar seu efetivo 
afastamento do cargo ocupado no Consea-DF.
Sobre o tema, é esta a jurisprudência desta Corte, verbis:
[...]
1. Em processo de registro de candidatura é permitida 
a apresentação de documentos até em sede de embargos de 
declaração perante a Corte Regional, mas desde que o juiz 
eleitoral não tenha concedido prazo para o suprimento do 
defeito. Precedentes.
[...]. (AgR-REspe n. 31.213-RJ, Rel. Ministro Eros Grau, 
publicado na sessão de 4.12.2008)
[...].
A insurgência está fundada na possibilidade de conhecimento e 
provimento do recurso interposto, no que assim argumenta a agravante (fl s. 
100-102):
[...] a Recorrente requereu o seu afastamento das atividades 
de Membro Suplente do Conselho de Segurança Alimentar e 
Nutricional do Distrito Federal em 1º de julho de 2010.
É certo que no documento mencionado, foi apostado o recebido 
na data de 1º.07.2010, sem, contudo, juntar-se o carimbo de 
identifi cação do Consea-DF.
Por esse motivo foi requerida a expedição de declaração pelo 
referido Conselho para comprovar a desincompatibilização em 
tempo hábil, sendo emitido o Ofício n. 806, no qual constou que a 
candidata não poderia ser comparada a um servidor público, posto 
50
Desincompatibilização
MSTJTSE, a. 3, (8): 39-69, agosto 2011
que não era um membro remunerado do Consea-DF, mas que serviria 
também para referenciar a prova de sua desincompatibilização.
Uma vez que a Agravante foi comparada a um servidor público, 
o simples recebimento do seu pedido de afastamento de suas 
atividades seria sufi ciente para habilitar sua candidatura para as 
eleições de 2010.
Tal fato decorre da impossibilidade da Administração Pública 
em negar o pedido de afastamento, ainda mais quando feito para 
participação em disputa eleitoral.
[...]
A formulação do pedido de afastamento, devidamente comprovada 
com o protocolo, já trouxe a presunção de desincompatibilização.
[...].
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido (Relator): Senhor Presidente, 
tenho que o agravo regimental não merece prosperar.
O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal indeferiu o 
registro de candidatura de Maria do Socorro Marques Miranda ao cargo 
de deputado distrital nas eleições de2010, ao fundamento de que a ora 
agravante, ocupante de cargo no Conselho de Segurança Alimentar e 
Nutricional do Distrito Federal, tinha “[...] a obrigação de dele se afastar, 
em até (03) três meses antes das eleições, sob pena de fi car inelegível” (fl . 
72).
Para conferir, é esta a letra do voto condutor do acórdão recorrido 
(fl . 72):
[...]
Não pode o registro ser deferido.
Dou os motivos para assim entender.
Sabe-se que a desincompatibilização busca estabelecer igualdade 
de condições dentre aqueles que buscam se eleger.
51
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
Ensina Pinto Ferreira:
A norma visa a coibir o abuso do poder de pessoas 
que possam infl uenciar o resultado das eleições pela 
sua permanência em cargo público. (In Comentários à 
Constituição do Brasil, Editora Saraiva, São Paulo, 1989, 1º 
Volume, pág. 310).
Ensina Marino Pazzaglini Filho:
Assim, no dizer de Marcos Ramayana:
Tutela-se com a desincompatibilização a isonomia 
entre os pré-candidatos ao pleito eleitoral especifi co, 
bem como a lisura das eleições contra a infl uência do 
poder político e/ou econômico e a captação ilícita 
de sufrágio, porque incide uma presunção jure et de 
jure que o incompatível utilizará em seu benefício 
a máquina da Administração Pública. (In Eleições 
Gerais, São Paulo, Editora Atlas S.A, 2010, pág. 37).
Assim, quem pertence a Conselho, como é o caso da candidata, 
que tenha ingerência do Poder Público, e isto se dá com Conselho de 
Segurança Alimentar e Nutricional do Distrito Federal - Consea-DF, 
que tem membros designados pelo Senhor Governador do Distrito 
Federal, e cuida de políticas públicas, tem a obrigação de dele se 
afastar, em até 03 (três) meses antes das eleições, sob pena de fi car 
inelegível. (fl . 72)
Após o indeferimento do pedido de registro de candidatura, somente 
é permitida a apresentação de documento a fi m de provar o afastamento do 
cargo desde que, ao candidato, não tenha sido dada a oportunidade para 
suprir a falta, na fase prevista nos artigos 11, § 3º, da Lei n. 9.504/1997 e 
31 da Res.-TSE n. 23.221/2010.
No caso, foi-lhe concedida pela Corte Regional não uma oportunidade, 
mas duas (fl s. 24 e 51), para sanar as irregularidades no pedido de registro. A 
agravante, porém, após essa intimação, acostou os documentos de fl s. 27-45 e 
55-61, dos quais não se aferia a data do afastamento das suas funções perante 
o Consea-DF, daí por que o indeferimento.
52
Desincompatibilização
MSTJTSE, a. 3, (8): 39-69, agosto 2011
Somente na oportunidade do recurso ordinário é que apresentou 
declaração fi rmada pelo Secretário de Estado de Desenvolvimento Social e 
Transferência e Renda do Governo do Distrito Federal (fl . 84).
Todavia, é incabível neste momento a análise do documento, 
consoante se extraí do Enunciado n. 3 da Súmula deste Tribunal, verbis:
No processo de registro de candidatos, não tendo o juiz aberto 
prazo para o suprimento de defeito da instrução do pedido, pode o 
documento, cuja falta houver motivado o indeferimento, ser juntado 
com o recurso ordinário.
A propósito do tema, dentre outros, destaco o seguinte precedente 
deste Tribunal, verbis:
Agravo regimental. Eleições 2006. Indeferimento. 
Registro. Candidato. Deputado estadual. Insufi ciência. Prova. 
Desincompatibilização. Cargo público. Recurso ordinário. Decisão 
que se mantém por seus próprios fundamentos.
- Hipótese em que o juiz relator foi diligente e intimou o 
agravante, por duas vezes, para sanar a falta de comprovação de seu 
afastamento. Entretanto, os documentos juntados não foram hábeis 
para comprovar a tempestiva desincompatibilização.
- Descabida, outrossim, a pretensão do agravante em ver admitida 
a nova documentação trazida com o recurso ordinário, o que seria 
admissível apenas em caso de não lhe ter sido dada oportunidade para 
complementar a documentação na origem, conforme entendimento 
desta C. Corte (REspe n. 19.975-MT, rel. Ministro Sepúlveda 
Pertence, Sessão de 3.9.2002).
- Agravo a que se nega provimento. (AgRgRO n. 1.161-MS, Rel. 
Ministro Cesar Asfor Rocha, publicado na sessão de 3.10.2006)
Ainda no mesmo sentido, o acórdão no AgR-RO n. 3.154-48-SP, 
Rel. Ministro Marcelo Ribeiro, publicado na sessão de 13.10.2010.
Tem incidência, assim, o Enunciado n. 182 da Súmula do Superior 
Tribunal de Justiça, verbis:
É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar 
especifi camente os fundamentos da decisão agravada.
53
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
Pelo exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É o voto.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO N. 2.646-87. 
2010.6.05.0000 – CLASSE 37 – BAHIA (Salvador)
Relator: Ministro Hamilton Carvalhido
Agravante: Ministério Público Eleitoral
Agravado: Adalberto Souza Galvão
Advogado: Luiz Carlos de Macedo
EMENTA
Eleições 2010. Agravo regimental. Recurso ordinário. 
Registro de candidatura. Deputado Federal. Impugnação. 
Desincompatibilização. Ocupante de função de direção em entidade 
representativa de classe. Comprovação. Ônus do impugnante. 
Desprovimento.
1 – O ônus de comprovar a existência de causa de inelegibilidade 
é do impugnante, conforme remansosa jurisprudência desta Corte.
2 – Agravo regimental a que se nega provimento.
ACÓRDÃO
Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por 
unanimidade, em desprover o agravo regimental, nos termos das notas de 
julgamento.
Brasília, 1º de fevereiro de 2011.
Ministro Hamilton Carvalhido, Relator
DJe 18.02.2011
54
Desincompatibilização
MSTJTSE, a. 3, (8): 39-69, agosto 2011
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Hamilton Carvalhido: Senhor Presidente, agravo 
regimental interposto pelo Ministério Público Eleitoral contra decisão de 
minha lavra que negou seguimento ao recurso ordinário, in verbis (fl . 83-
85):
[...]
Trata-se de desincompatibilização de ocupante de função de 
direção em entidades representativas de classe.
Sobre o tema, assim dispõe a Lei Complementar n. 64/1990:
Art. 1º São inelegíveis:
[...]
II – [...] 
g) os que tenham, dentro dos 04 (quatro) meses 
anteriores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, 
administração ou representação em entidades representativas 
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições 
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e 
repassados pela Previdência Social;
[...].
A orientação fi rme deste Tribunal é de que “[...] A necessidade 
de desincompatibilização é uma forma de preservar a lisura do pleito 
e o equilíbrio entre os postulantes a cargos eletivos [...]” (REspe n. 
20.060-RS, Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo, publicado na sessão 
de 20.09.2002).
No caso, o recorrente afi rma que o candidato, sendo ocupante 
de cargos diretivos em entidades representativas de classe, “[...] 
não se desincumbiu do ônus de demonstrar que se encontra 
verdadeiramente afastado de suas atividades” (fl . 57), visto que não 
apresentou documento hábil para tanto.
O Tribunal a quo, considerando a prova nos autos, deferiu o 
pedido de registro, valendo-se da seguinte fundamentação (fl . 47):
55
Ministros do STJ no TSE - Ministro Hamilton Carvalhido
[...] 
No que tange aos documentos apresentados pela 
requerente, a fi m de instruir o pedido de registro de seus 
candidatos, entendo que foram cumpridas as exigências 
legais mínimas, em relação aos candidatos adiante elencados:
CANDIDATO NÚMERO 
PROCESSO
OBSERVAÇÃO
[...] [...] [...]
2. Adalberto 
Souza Galvão
n. 2646-
87.2010.6.05.0000
O Procurador opinou 
pelo indeferimento, 
todavia, o candidato 
apresentou os 
requerimentos de 
desincompatibilização 
(fl s. 13-26), sanando 
o vício apontado.
[...].
Ao que se tem, a Corte de origem fundamentou o decisum na 
comprovação do afastamento do recorrido, em 02.06.2010,

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