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EU TAMBÉM ACREDITO EM LOBISOMEM (OU COMO SE DISTORCE A LEI NO STJ) - Povoa, Liberat

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LIBERATO	PÓVOA
EU	TAMBÉM	ACREDITO	EM
LOBISOMEM
(OU	COMO	SE	DISTORCE	A	LEI	NO	STJ)
Goiânia-GO	Kelps,	2016
Copyright	©	2016	by	Liberato	Póvoa
Editora	Kelps
Rua	19	nº	100	—	St.	Marechal	Rondon-	CEP	74.560-460	—	Goiânia	—	GO	Fone:	(62)	3211-1616	-	Fax:	(62)	3211-1075
E-mail:	kelps@kelps.com.br
homepage:	www.kelps.com.br
Programação	Visual:	Marcos	Digues
CIP	-	Brasil	-	Catalogação	na	Fonte	BIBLIOTECA	PÚBLICA	ESTADUAL	PIO	VERGAS
POV	Póvoa,	Liberato.
tam	Eu	também	acredito	em	lobisomem	(ou	como	se	distorce	a	lei	no	STJ).	-	Liberato	Póvoa.	-	Goiânia	/	Kelps,
2016
80	p.
ISBN:978-85-400-1655-2
1.	Literatura	brasileira.	2.	Ensaios.	I.	Título.
CDU:	869.0(81)-4
Índice	para	catálogo	sistemático:	CDU:	869.0(81)-4
DIREITOS	RESERVADOS
É	proibida	a	reprodução	total	ou	parcial	da	obra,	de	qualquer	forma	ou	por	qualquer	meio,	sem	a	autorização	prévia	e	por	escrito	do	autor.	A	violação
dos	Direitos	Autorais	(Lei	nº	9.610/98)	é	crime	estabelecido	pelo	artigo	184	do	Código	Penal.
Impresso	no	Brasil	Printed	in	Brazil	2016
DEDICATÓRIA
Dedico	este	modesto,	mas	esclarecedor	trabalho	ao	meu	advogado,	Dr.	NATHANAEL	LIMA
LACERDA,	que,	sempre	solidário,	ajudou-me	a	ombrear	a	pesada	cruz	que	me	foi	colocada	por
alguns	membros	do	“Tribunal	da	Cidadania”,	conhecendo	mais	do	que	eu	as	entranhas
apodrecidas	da	nossa	Justiça.
	PREFÁCIO
Podemos	confiar	no	Superior	Tribunal	de	Justiça?	Como	magistrado,	fico	na	dúvida.	Não
gostaria	de	fazer	críticas	àquela	Corte	em	razão	da	conduta	de	uns	pouquíssimos	ministros,	já
que	a	esmagadora	maioria	deve	ter	proceder	ilibado.	Mas	é	imperioso	abrir	os	olhos	do	povo,
que	precisa	saber	a	influência	da	política	e	dos	ricos	em	determinados	julgamentos.	
A	política,	porque	a	indicação	de	nomes	para	comporem	as	Cortes	Superiores	passa	pelos
gabinetes	de	deputados	e	senadores,	principalmente	quando	se	refere	ao	quinto
constitucional	da	OAB.	Nomeiam-se	ministros	não	pela	qualificação	jurídica,	mas	pelo
apadrinhamento,	na	certeza	de	que	mais	tarde	lhes	será	cobrado	um	julgamento	parcial.	E
aos	ricos,	principalmente	entidades	financeiras,	porque	possuem	amplos	interesses	em
julgamentos,	infiltrando	naquela	Corte	fieis	escudeiros,	de	quem	futuramente	cobrarão	suas
indicações.
Abro	um	parêntese:	segundo	os	incisos	I	e	II	do	artigo	104	da	Constituição	Federal,	o	STJ	é
composto	“um	terço	dentre	juízes	dos	Tribunais	Regionais	Federais	e	um	terço	dentre
desembargadores	dos	Tribunais	de	Justiça,	e	um	terço,	em	partes	iguais,	dentre	advogados	e
membros	do	Ministério	Público	Federal,	Estadual,	do	Distrito	Federal	e	dos	Territórios,
alternadamente”.
Ocorre	que	vários	ministros,	que	entraram	no	STJ	como	juízes	de	TRFs	e	desembargadores	de
Tribunais	de	Justiça,	não	tiveram	sua	origem	na	magistratura,	ou	seja,	nunca	foram	juízes
(como	mandaria	a	lógica)	e,	com	a	investidura	nos	Tribunais	estaduais	e	Regionais	Federais,
em	vez	de	concorrerem	pelo	quinto	de	origem,	passam	a	concorrer	ao	STJ	como	magistrados,
sem	terem	feito	concurso	para	tal,	usurpando,	desta	forma,	as	vagas	dos	suados	magistrados
de	carreira.	É	evidente	que	não	têm	culpa,	se	a	lei	é	falha.	Mas,	com	isto,	os	juízes	de	carreira
são	prejudicados.	Não	deveria	ter	chegado	ao	STJ	como	desembargador	ou	juiz	de	TRF	quem
não	foi	juiz	na	origem.
Entraram	na	magistratura	por	esse	espúrio	quinto:	Francisco	Falcão	(entrou	pela	OAB	no
TRF-5,	de	onde	veio	para	o	STJ),	Humberto	Martins	(entrou	no	TJ/AL	pelo	quinto	do	MP),
Jorge	Mussi	(concorreu	como	desembargador	do	TJ-SC,	mas	ali	chegou	pelo	quinto	da	OAB),
Ribeiro	Dantas	(veio	para	o	STJ	na	cota	de	juiz	de	TRF-5,	mas	ali	entrou	pelo	quinto	do
MP/RN)	e	Raul	Araújo	Filho	(concorreu	como	desembargador	do	TJ-CE,	aonde	chegou	pelo
quinto	da	OAB).
Entraram	efetivamente	pela	classe	da	OAB,	com	apadrinhamento	ou	não,	mas	legalmente:
Antonio	Carlos	Ferreira	OAB/	SP),	João	Otávio	de	Noronha	(OAB/MG),	Maria	Thereza	Rocha
de	Assis	Moura	(OAB/SP),	Sebastião	Alves	dos	Reis	Júnior	(OAB/MG),	Herman	Benjamin
(MP/SP),	Maria	Isabel	Gallotti	(MP/RJ),	Mauro	Campbell	Marques	(MP/AM)	e	Ricardo	Villas
Bôas	Cueva	(OAB/SP).
Pelo	quinto	do	Ministério	Público,	entraram:	Félix	Fischer	(MP/PR),	Laurita	Hilário	Vaz
(MP/GO),	Rogerio	Schietti	Machado	Cruz	(MP/MG)	e	Sérgio	Luíz	Kukina	(MP/PR).
Fecho	o	parêntese.
Apresento	neste	opúsculo,	que	é	uma	espécie	de	introdução	do	livro	”Nos	bastidores	das
Cortes	–	Como	a	p	olítica	interfere	no	Judiciário”,	o	trâmite	de	um	recurso	especial	cujo
julgamento,	pela	Terceira	Turma	do	STJ	(composta	na	época	pelos	ministros	Pádua	Ribeiro,
Nancy	Andrighi,	Carlos	Alberto	Menezes	Direito,	Castro	Filho	e	Humberto	Gomes	de	Barros),
é	único	dentre	milhares	naquela	Corte,	pois	atropelou	a	lei	e	toda	a	sua	orientação
jurisprudencial	para	beneficiar	uma	das	partes,	justamente	um	grande	banco.	Fico	na	dúvida
se	os	cinco	ministros	compunham	uma	Turma	ou	um	bando.
E	ao	citar	nomes	e	transcrever	decisões,	lanço	uma	sombra	de	dúvida	sobre	a	imparcialidade
de	seus	julgamentos,	com	os	nomes	de	todos	os	ministros	que	distorceram	a	lei	e	a
jurisprudência	para	beneficiar	a	outra	parte,	simplesmente	pelo	fato	de	que	eu,	como
colunista	do	Jornal	do	Tocantins,	sempre	fazia	críticas	a	membros	daquela	Corte,	e	levantava
sérias	dúvidas	sobre	a	imparcialidade	de	alguns	membros	do	“Tribunal	da	Cidadania”.
Mas	posso	dizer,	também,	com	segurança,	que	a	política	(através	de	políticos	do	Tocantins)
conduziu	a	tramitação	do	Inquérito	569-TO	e	Ação	Penal	690-TO,	relatados	pelo	ministro	João
Otávio	de	Noronha,	e	a	Sindicância	293-TO,	também	por	ele	relatada,	que	escandalosamente
beneficiou	o	ex-governador	do	Tocantins,	José	Wilson	Siqueira	Campos.	
E	o	dinheiro	também	seguramente	movimentou	a	caneta	do	ministro	João	Otávio	de	Noronha,
no	inexplicado	alvará	concedido	em	09/03/2004,	ao	então	dono	da	VASP,	Wagner	Canhedo	no
Habeas	Corpus	nº	34.138-SP	em	menos	de	duas	horas;	a	decisão	sua	que	possibilitou	à	“TV
Globo”	adquirir	com	documentos	falsos	a	antiga	“TV	Paulista”	em	2010;	a	decisão	em	favor	da
“Companhia	de	Seguros	Aliança	do	Brasil”,	a	cujo	Conselho	Deliberativo	pertencera,	e	do
Banco	do	Brasil,	de	que	fora	advogado	muitos	anos	(mas	são	assuntos	de	um	outro	livro,	que
expõe	quem	é	o	ministro:	sua	formação,	seu	caráter	e	como	chegou	ao	Superior	Tribunal	de
Justiça).	Da	mesma	forma,	o	leitor	conhecerá	o	ministro	Francisco	Falcão	e	se	perguntará:
com	que	moral	ele	julgava	magistrados	como	corregedor	do	CNJ?
Este	livreto	é	um	prelúdio	de	“Nos	bastidores	das	Cortes	(Como	a	política	interfere	no
Judiciário)”,	cujas	mais	de	quatrocentas	páginas	trarão	uma	crua	radiografia	dos	porões	do
nosso	Judiciário.	É	só	esperar	(isto,	se	não	o	apreenderem	antes).	Após	2010,	verifiquei	no
CNJ	que	haviam	me	jogado	nas	costas	nada	menos	que	vinte	e	cinco	procedimentos,	mas
foram	todos	arquivados,	à	míngua	de	motivos.	E	estou	consciente	de	que	haverá	ministros
que,	na	Corte	Especial	do	STJ,	poderão	retaliarme,	mas	quem	tem	medo	de	falar	a	verdade
não	merece	viver.	Não	é	preciso	ser	advogado	para	entender	este	livro,	tão	gritante	foi	a
injustiça	deliberadamente	praticada	naquele	e	em	outros	processos	no	STJ,	que	o	leitor
conhecerá	no	referido	livro.	Basta	ler.
INTRODUÇÃO
Anos	atrás,	li	um	livro	muito	interessante,	de	Serafim	Machado,	chamado	“Por	que	acredito
em	lobisomem”,	publicado	pela	Editora	Globo,	que	narra	um	caso	relacionado	com	um
processo,	cujo	enredo	pode	ser	assim	resumido:
O	livro	conta	a	história	de	um	processo	que	discutia	o	testamento	de	Auristela	Pereira	Alves,
uma	pessoa	muito	rica,	mas	oligofrênica,	com	idade	mental	de	8	anos,	que	deixou	um
testamento	prejudicando	seus	legítimos	herdeiros	e	favorecendo	pessoas	estranhas	a	sua
família.
Ocorre	que	Auristela	era	incapaz	de	fazer	um	cálculo,	ainda	que	aproximado,	não	sabia	dizer
o	dia,	mês	e	ano	que	nascera.	Não	sabia	ler	nem	escrever;	enfim,	ela	era	classificada	na
classe	da	oligofrenia,	da	imbecilidade	grave,	tangenciando	a	fronteira	da	idiotia.	Dentro
destas	características,	ela	era	incapaz	de	reger	sua	pessoa	e	bens,	carecendo	de	proteção	que
a	lei	facultaem	tais	casos.
Auristela	teve	como	curador	seu	pai	e,	posteriormente,	o	Sr.	Sebastião	Pereira	Rodrigues,
uma	pessoa	sem	eira	nem	beira	que	o	pai	de	Auristela	contratou	para	domar	cavalos	e	depois,
vendo	que	sua	vida	estava	próxima	do	fim,	fez	Sebastião	casar-se	com	ela	tornando-o	podre	de
rico.
Com	o	passar	do	tempo,	Sebastião	envelheceu	e	tratou	de	arrumar	as	coisas	de	modo	que,	ao
partir,	metade	da	sua	fortuna	ficasse	com	seu	parente	Manoel	José	Pereira	Rodrigues.
Manoel	passou	a	ser	o	curador	de	Auristela	após	a	morte	de	Sebastião,	conseguindo	no	Foro
de	Cachoeira	do	Sul-RS,	a	interdição	de	sua	curatelada	e	confirmada	pelo	Tribunal	de	Justiça.
Manoel	requereu,	então,	ao	juiz	da	Comarca	a	mudança	da	graduação	da	capacidade	de
Auristela,	de	incapaz	para	relativamente	capaz,	a	fim	de	poder	testar	e	conseguir	tirar	a
fortuna	da	pobre	velhinha.
Conseguindo	o	Alvará	Judicial	para	outorgar	suas	disposições	de	última	vontade,	Auristela
pôde	então	testar	seus	bens.
Manoel	leva-a	para	sua	fazenda,	para	que	lá	fosse	feito	o	testamento,	passando	todos	os	bens
dela	para	os	dois	filhos	adotivos	do	espertalhão	Manoel,	ou	seja,	foi	lavrado	na	fazenda	um
testamento	público	do	Cartório	de	Cachoeira	do	Sul,	sem	testemunhas	presentes,	às
escondidas	e	totalmente	fora	das	normas	jurídicas.
Quatro	anos	depois,	Manoel	requereu	fosse	revisado	o	processo,	questionando	grave	erro	dos
peritos,	obviamente	já	conhecendo	e	influenciando	as	pessoas	que	iriam	verificar	a	petição	a
fim	de	garantir	a	sua	fortuna	e	a	de	seus	filhos.
Após	a	morte	de	Auristela,	Nair	Alves	Estrázulas,	sobrinha	e	afilhada	de	Auristela,	solicitou	o
exame	do	processo	que	dera	origem	ao	testamento	ao	Dr.	Serafim	Machado,	autor	do	livro.
Meio	desconfiado,	ele	aceitou	examinar	o	processo	e	ingressou	com	um	protesto	judicial,
afirmando	que	Auristela	não	podia	testar	e	pedindo	a	anulação	do	testamento.	Divulgando	o
caso	na	impressa	através	do	jornal	de	Cachoeira	do	Sul,	ele	esperava	que	a	opinião	pública
pressionasse	os	julgadores.
A	petição	foi	para	o	fórum,	mencionando	que	na	inicial	que	Auristela	havia	sido	interditada
em	ação	contenciosa	transitada	em	julgado.
Após	o	ganho	de	causa,	o	processo	foi	para	o	Tribunal	de	Justiça,	em	Porto	Alegre	onde	o
acórdão	lavrado	favoreceu	Manoel.
Serafim	chegou	até	ao	Supremo	com	sua	ação.	
A	decisão	é	tomada,	e	por	problemas	hermenêuticos,	por	falta	de	aprofundamento	do
processo	e	devido	aos	grandes	nomes	de	juristas	com	currículos	fartos,	éticos,	dotados	de
inumeráveis	qualidades,	envolvidos	no	processo,	que	durou	anos,	a	decisão	é	favorável	para
Manoel.
A	partir	daí	Serafim	Machado	começa	acreditar	em	lobisomem,	pois	os	homens	que	ele
considerava	íntegros,	éticos,	insubornáveis	e	que	faziam	justiça	transformaram-se	em	outros
seres	naquele	dia.
O	livro	mostra	que	a	Justiça	pode	algumas	vezes	cometer	graves	erros,	por	ser	feita	por
homens,	mas	que	a	Justiça	emanada	por	um	poder	superior	é	justa,	embora	ainda	não
saibamos	o	dia	do	julgamento	final.
O	mais	assombroso:	o	então	Promotor	de	Justiça	da	Comarca	de	Cachoeira	do	Sul,	foi
promovido	e	oficiou	como	Procurador	de	Justiça	no	Tribunal	e	–	coincidentemente	–	também
oficiou	como	Procurador	da	República	junto	ao	Supremo	Tribunal	Federal,	sem	ter-se	dado
por	suspeito	ou	impedido	e	sempre	opinando	em	desfavor	da	parte	saqueada.
O	processo	já	nascera	com	a	intenção	de	saquear	uma	das	partes	(dois	interditados),	e,
passando	pelas	diversas	esferas	de	julgamento,	acabou	confirmando	aquela	sentençazinha
encomendada	do	primeiro	grau.
Coincidência	do	destino:	quem	oficiou	pelo	Ministério	Público	de	primeiro	grau	foi	o	promotor
de	Justiça	Henrique	Fonseca	de	Araújo;	quando	a	apelação	foi	para	o	Tribunal,	já	era
Procurador-Geral	de	Justiça	e	oficiou	no	feito,	e,	no	Supremo	Tribunal	Federal,	era	o
Procurador	Geral	da	República,	que	também	funcionou	no	mesmo	processo.
Este	é	o	resumo	do	caso	de	que	trata	aquele	livro.
Sumário
PREFÁCIO	..........................................................................................	7	INTRODUÇÃO
................................................................................	11
O	“Tribunal	da	Cidadania”	(será?)	......................................	17
Como	são	escolhidos	os	ministros	......................................	17
Ministro	João	Otávio	de	Noronha	.......................................	18
Um	mensalão	bem	comprometedor	....................................	20
Suspeição	existe	é	para	ser	declarada	..................................	21
Advogado	de	parte	.................................................................	22
A	mídia	gosta	de	quem	caça	corruptos	..............................	23
O	estranho	alvará	para	Wagner	Canhedo	...........................	25
Interesses	econômicos	e	políticos	........................................	26
E	o	agravo	só	foi	julgado	14	sessões	depois	........................	28
Ministro	Francisco	Falcão,	presidente	do	STJ	....................	31
Mais	um	nome:	Raul	Araújo	Filho	......................................	36
Ministros,	que	deviam	dar	o	exemplo,	são	investigados	...	37
STJ	–	um	oásis	de	mordomias	..............................................	39
Surge	novo	lobisomem,	agora	no	STJ	.................................	42
Primeira	derrota	do	banco	....................................................	43
Sobe	o	recurso	que	não	devia	subir	.....................................	43
Segunda	derrota	do	banco	....................................................	45
Pedido	de	vista	“por	recomendação”	...................................	46
A	jurisprudência	pacífica	do	STJ	.........................................	47
Representação	contra	a	ministra	..........................................	52
O	julgamento	caolho:	meia	vitória	do	banco	......................	52	Um	magistrado	de	coragem:
Humberto	Gomes	de	Barros	57	A	esperteza	do	julgamento	dos	embargos	.........................	59
Os	embargos	são	admitidos...	...............................................	61	...	mas	após	ser	ouvido	o
banco,	são	rejeitados	..................	62	Uma	crítica	muito	cara
..........................................................	62	Sucessão	de	crimes
................................................................	62	Derrota	do	banco	no	Supremo
.............................................	63	Inédito:	único	caso	julgado	dessa	forma	no	STJ	................	66
Conclusão	................................................................................	68
O	uso	da	Justiça	para	agasalhar	situações	...........................	69
A	quadrilha	não	está	no	Tribunal	do	Tocantins	................	70
Uma	rescisória	para	restabelecer	a	credibilidade	...............	71
Resultado	previsível:	o	banco	sabia	que	ia	ganhar	.............	77
O	“TRIBUNAL	DA	CIDADANIA”	(SERÁ?)
Ao	passar	os	olhos	nestas	páginas,	leitor	se	estarrecerá	por	um	fato,	documentalmente
provado,	que	demonstra	como	o	Superior	Tribunal	de	Justiça	nem	sempre	pode	ser	chamado
de	“O	Tribunal	da	Cidadania”.
Apresento,	passo	a	passo,	o	trâmite	de	um	processo	cujo	j	ulgamento,	pela	sua	Terceira
Turma,	é	único	dentre	milhares	naquela	Corte,	pois	atropelou	a	lei	e	toda	a	sua	orientação
jurisprudencial	para	beneficiar	uma	das	partes,	citando	nomes	e	transcrevendo	decisões,
lançando	uma	sombra	de	dúvida	sobre	a	imparcialidade	de	seus	julgamentos,	com	os	nomes
de	todos	os	ministros	que	distorceram	a	lei	e	a	jurisprudência	para	beneficiar	a	outra	parte
(uma	poderosa	instituição	financeira),	simplesmente	pelo	fato	de	eu,	como	colunista	do	Jornal
do	Tocantins,	ter	feito	críticas	a	membros	daquela	Corte,	e	levanto	sérias	dúvidas	sobre	a
imparcialidade	de	alguns	membros	do	“Tribunal	da	Cidadania”.
Mas	isto	é	apenas	a	ponta	do	iceberg.
COMO	SÃO	ESCOLHIDOS	OS	MINISTROS
A	escolha	de	ministros	costuma	ferir	de	morte	a	ética,	tanto	no	STJ	como	no	STF:	prevalece	o
interesse	de	grupos,	de	políticos,	fazendo	da	seleção	uma	verdadeira	guerra.	Inúmeros
ministros	do	STJ	foram	nomeados	devidamente	“calçados”	por	grupos	interessados.	No
Supremo	não	é	diferente:na	edição	nº	2.235	(de	21/09/2011)	da	revista	“Veja”,	o		ex-ministro
da	Justiça	Márcio	Thomaz	Bastos	aparece	como	articulador	da	indicação	do	substituto	da
ministra	Ellen	Gracie,	como	já	o	fora	de	outros	seis	ministros	do	STJ,	que	possivelmente	iriam
julgar	seus	processos.	Por	trás	de	uma	aparente	função	de	conselheiro	da	presidente	Dilma
Rousseff,	estava	a	esperteza	raposista	do	ex-ministro,	pois	ele	era	defensor	de	uns
“mensaleiros”	e	testemunha	de	outro,	e	como	o	relator	do	“mensalão”,	ministro	Joaquim
Barbosa,	nunca	se	deixara	levar	por	pedidos	políticos	e	até	se	tornou	uma	espécie	de
“estranho	no	ninho”	por	suas	decisões	eminentemente	técnicas	e	sem	interferências	externas,
a	estratégia	de	Márcio	Thomaz	Bastos	era	colocar	ali	um	ministro,	que,	sendo	o	próximo	a
votar	depois	do	relator,	poderia	influir	na	votação	do	Inquérito	nº	2.245	(depois	transformada
na	Ação	Penal	470-MG).	Mas	viu-se	que	a	personalidade	dos	ministros	do	Supremo	estava
acima	dessas	interferências.	Meses	depois	do	julgamento	do	mensalão,	a	mídia	nacional
lançou	suspeitas	sobre	a	nomeação	de	ministros,	pelo	governo	do	PT,	que	teriam	sido
guindados	àquele	posto	sob	o	compromisso	de	ajudar	o	Governo	nos	julgamentos.
Como	o	cenário	deste	opúsculo	é	o	“	Tribunal	da	Cidadania”,	tomemos,	aleatoriamente,	dois
ministros	com	assento	naquela	Corte,	João	Otávio	de	Noronha	e	Francisco	Falcão.	Mas	as
formas	de	escolha	de	membros	do	“quinto	constitucional”,	capitaneadas	por	políticos	e	grupos
econômicos,	não	se	atêm	ao	STJ,	mas	a	todos	os	tribunais,	estaduais,	regionais	e	superiores,
(à	exceção	do	STF,	que	não	obedece	a	essa	espécie	de	“cota”	do	MP	e	OAB);	tampouco	se
restringem	ao	“quinto”,	pois	a	política	e	a	“sobrenomenologia”	imperam	também	nas
indicações	de	magistrados	de	carreira.	Mas	vamos	a	apenas	três	exemplos.
Ministro	João	Otávio	de	Noronha
Conheci	o	ministro	João	Otávio	de	Noronha,	mineiro	da	terra	do	Rei	Pelé,	jovem	advogado	do
Banco	do	Brasil,	instituição	em	que	alcançou	os	píncaros	da	atividade	jurídica	naquele	Banco,
tendo	chefiado	as	mais	destacadas	funções	na	sua	área.	Inteligente,	dedicado,	muito
organizado	e	sobretudo	investido	a	fundo	na	função	judicante,	muito	bom	de	mídia,	sempre	se
mostrou	muito	articulador	e	com	poder	de	persuasão,	a	ponto	de,	em	poucas	horas,	conseguir
	reunir	grande	número	de	ministros	para	um	referendo.	Traz	a	fama,	perfeitamente
justificada,	de	ser	“mão	pesada”.
Participamos,	juntos	(ele,	como	advogado,	e	eu,	como	magistrado),	de	diversos	eventos
jurídicos,	e	até	temos	fotos	juntos,	durante	o	“VI	seminário	Jurídico	da	ABRADEE”,	em	Porto
Alegre-	RS,	em	27/10/05.	Como	advogado	especializado	em	questões	bancárias,	demonstrava
muito	conhecimento.	Na	época	da	indicação,	compuseram	a	lista	sêxtupla	os	seguintes	nomes
de	peso	e	com	vivência	jurídica	numa	apertada	votação:	Luiz	Carlos	Lopes	Madeira	(DF)	-	25
votos,	Evandro	Ferreira	de	Viana	Bandeira	(MS)	-	24	votos,	Paulo	de	Moraes	Penalva	Santos
(RJ)	-	24	votos,	João	Otávio	de	Noronha	(DF)	-	21	votos,	Álvaro	Wendhausen	de	Albuquerque
(PR)	-	11	votos,	Leda	Maria	Soares	Janot	(DF)	-	11	votos.	Embora	penúltimo	colocado	no
escrutínio,	foi	para	a	lista	tríplice,	que	se	compunha	de	Paulo	Penalva,	(26	votos)	e	Álvaro
Wendenhausen	(21	votos).	O	candidato	João	Otávio	de	Noronha	obteve	24	votos,	tendo	sido	o
escolhido	por	Fernando	Henrique	Cardoso.	Sua	nomeação	ocorreu	após	intenso	lobby	do
Banco	do	Brasil	e	da	Febraban,	com	o	respaldo	do	então	ministro	da	Fazenda	Pedro	Malan.
Embora	os	outros	tivessem	conhecimentos	jurídicos,	faltavam-lhes	o	essencial:	padrinhos.	
De	seu	currículo,	tirado	do	próprio	site	do	STJ,	extrai-se	que	desempenhou	inúmeras	funções
fora	daquela	advocacia,	como	a	de	professor	universitário	em	diversas	faculdades,	lecionando
Direito	Processual	Civil	e	Direito	Comercial	e	integrou	o	Conselho	de	Administração	das
seguintes	empresas:	Cia.	Energética	do	Rio	Grande	do	Norte	–	COSERN,	ITAPEBI	Geração	de
Energia	S/A,	Companhia	de	Seguros	Aliança	do	Brasil	e	Valesul	Alumínios	S.A.	Mas	seu	ápice
como	competente	profissional	foi	como	advogado	do	Banco	do	Brasil,	de	onde	saiu
diretamente	para	o	Superior	Tribunal	de	Justiça.	Além	daquelas	atividades	desenvolvidas	na
cátedra	e	no	Banco	do	Brasil,	o	ministro	Noronha	possui	extenso	currículo,	resumido	apenas
em	participação	em	seminários,	palestras	e	conferências	e	condecorações,	títulos	e	medalhas,
tudo	indicando	ser	devido	ao	cargo,	pois	não	consta	que	ele	tenha	publicado	uma	só	obra,
opúsculo	ou	artigo	jurídico,	nem	mesmo	na	sua	área	bancária.	Aliás,	para	ser	justo,	no	seu
site	individual,	consta	apenas,	em	“Discursos	e	Publicações”,	a	transcrição	de	seu	voto,	em
21/06/2011,	no	REsp.	nº	827.962-RS,	sobre	união	homoafetiva,	sua	única	“produção	jurídico-
literária”	(e	caprichou	no	voto,	demonstrando	que	pelo	menos	entende	daquele	assunto,	não
bastassem	os	gestos	e	a	forma	como	se	expressa,	valendo	conferir	o	vídeo	de	sua	palestra	no
“5º	Encontro	Nacional	de	Advogados	da	Previdência	Complementar”,	em	24/05/2010,	em	São
Paulo).	É	bom	esclarecer	que	tudo	o	que	afirmo	sobre	ele	foi	retirado	de	seu	próprio
curriculum	vitae,	no	site	do	STJ,	sendo	o	integrante	daquela	Corte	que	possui	o	currículo	mais
pobre,	ao	lado	do	ministro	Francisco	Falcão	(coincidentemente,	guindados	ao	cargo	por	mero
apadrinhamento).	E	nas	palestras	e	conferências	(que	ele	adora	proferir),	não	deixa	de
escapar	que	o	Judiciário	tem	“ploblemas”	(v.	vídeo	da	entrevista	durante	a	“XXI	Conferência
Nacional	dos	Advogados”,	dias	20	e	21/11/2011,	em	Curitiba).	Talvez	por	isso	tente	superar
sua	inconsistência	curricular	com	decisões	duras	e	que	rendem	dividendos	na	mídia.	Existe
uma	distância	abissal	entre	seu	currículo	e	o	de	alguns	colegas.
Um	mensalão	bem	comprometedor
Circula	há	muito	tempo	em	Palmas	um	boato	(digo	“boato”,	porque	a	afirmação	não	é	minha),
de	que,	apesar	de	nomeado	para	o	STJ,	continuaria	percebendo	os	salários	da	função	que
exercia	no	Banco,	e	pessoas	ligadas	à	Superintendência	do	Banco,	citam	até	o	nome	do
emissário:	Ary	Joel	de	Abreu	Lanzarin,	(ex-superintendente	que	já	saiu	do	banco,	sendo
nomeado	em	16/08/2012	presidente	do	Banco	do	Nordeste	do	Brasil),	que	iria	mensalmente
levar-lhe,	em	espécie,	o	dinheiro.	Com	sua	saída	dos	quadros	da	instituição,	naturalmente	o
emissário	agora	é	outro.	Todo	mundo	sabe	que	a	nomeação	de	um	adv	ogado	como	ministro
de	tribunal	superior	traz	a	reboque	as	mordomias,	os	congressos	patrocinados	por	empresas
com	processos	em	andamento	e	por	lobistas,	pois	não	é	pelos	simples	vencimentos	que
deixam	um	emprego	mais	bem	remunerado	ou	uma	promissora	advocacia	para	ingressar	num
outro	mundo,	hipoteticamente	fiscalizado,	pois	só	a	imprensa	está	de	olho	(é	suspeito	um
ministro,	apenas	com	os	vencimentos	oficiais,	levar	uma	vida	faustosa	e	manter	o	status	de
nababo	perante	a	sociedade).
Suspeição	existe	é	para	ser	declarada
O	ministro	jamais	se	deu	por	suspeito	de	funcionar	em	processos	do	Banco	do	Brasil,	tendo	se
dado	por	impedido	apenas	no	REsp	510.299-T	e	na	Rescisória	4.010-TO,	por	ter	funcionado	no
processo,	como	advogado	do	banco.	E,	se	o	leitor	quiser	conferir,	é	só	entrar	no	site	do	STJ.	Se
ele	decidiu	em	favor	do	Banco	qualquer	recurso,	isto	é	irrelevante,	pois	sempre	fica	a	sombra
da	suspeita.
Também	nunca	se	deu	por	suspeito	em	processos	em	que	são	partes	as	empresas	a	cujo
Conselho	de	Administração	pertencera:	Valesul	Alumínio	S/A	(Agravo	de	Instrumento
344.331-RJ),	ITAPEBI	-	Geração	de	Energia	Elétrica	(Agr	avo	de	Instrumento	1.021.336-BA)	e
Cia.	Energética	do	Rio	Grande	do	Norte	–	COSERN	(Agravos	de	Instrumento	1.190.916-RN	e
1.185.842-RN	e	Resp	1.085.002-RN).	
Advogado	de	parte
Também	não	é	demais	assinalar	que,	verificando	o	site	do	Supremo	Tribunal	Federal,
podemos	constatar	vários	recursos	em	que	é	parte	o	Banco	do	Brasil	e	figura	João	Otávio	de
Noronha	como	advogado,	mesmo	após	sua	nomeação	como	ministro	do	STJ.	Pode	ter	passado
despercebido,	mas	ainda	figura	seu	nome	como	advogado	nos	seguintes	feitos,	o	que	pode
influenciar	os	julgadores,	por	um	natural	“espritde	corps”:	No	STF	-	Agravo	de	Instrumento	
434752	(protocolado	em	06/03/2003);	Agravo	de	Instrumento		471745	(protocolado	em
23/09/2003);	Agravo	de	Instrumento	583732	(protocolado	em	17/02/2006);	Agravo	de
Instrumento	647413	(protocolado	em	08/01/2007);	Recurso	Extraordinário		577.014	(autuado
em	30/01/2008),	Agravo	de	Instrumento	709844	(protocolado	em	28/02/2008)	e	Recurso
Extraordinário	com	Agravo	(ARE)	720773	(protocolado	em	07/11/2012),	como	ainda	figura,	no
próprio	STJ,	seu	nome	como	advogado	do	Banco	do	Brasil	em	processos	em	tramitação,	o	que
é	mais	grave,	mesmo	se	sabendo	que	ele	não	iria	firmar	nenhuma	petição.	O	só	fato	de
constar	seu	nome	no	cabeçalho	já	é	um	excelente	memento	para	influir	no	julgamento.	O
leitor	pode	conferir:	RMS	16.014-RS	(autuado	em	2003),	Agravo	de	Instrumento	1.094.112-RJ
(autuado	em	2008),	REsp	1.115.743-ES	(autuado	em	2009),	Agravo	de	Instrumento	1.185.050-
SE	(autuado	em	2009),	REsp	1.115.743-ES	(autuado	em	2009),	Agravo	de	Instrumento
1.266.896-SP	(autuado	em	2010),	Agravo	de	Instrumento	1.329.079-MG	(autuado	em	2010),
AREsp	51.150-MG	(autuado	em	2011).
NENHUM	OUTRO	MINISTRO	DO	STJ	ORIUNDO	DO	QUINTO	DA	OAB	CONSTA	COMO
ADVOGADO	APÓS	A	ASSUNÇÃO	AO	CARGO	NAQUELA	CORTE.	É	só	conferir	as	publicações
no	“Diário	da	Justiça:	acórdão	de	04/12/2003	no	RMS	16.014-RS	(publicado	em	25/02/2004);
decisão	de	13/01/2009	no	Agravo	de	Instrumento	1.094.112-RJ	(publicada	em	06/02/2009);
decisão	27/08/2009	no	Agravo	de	Instrumento	1.185.050-SE	(publicada	em	18/09/2009);
decisão	de	23/08/2010	no	Agravo	de	Instrumento	1.329.079-MG	(publicada	em	01/09/2010)	e
decisão	de	20/09/2011	no	Agravo	no	Recurso	Especial	51.150-MG	(publicada	em	26/09/2011),
e	assim	por	diante.	E	até	no	cabeçalho	das	próprias	decisões	dos	relatores	está,	com	todas	as
letras,	seu	nome	como	advogado	do	Banco	do	Brasil.	É	só	verificar	nos	processos	onde	consta,
inclusive,	sua	inscrição	na	Seccional	mineira	(OAB/	MG	035.179),	que,	naturalmente,	deveria
estar	suspensa	pela	posse	no	STJ.
A	mídia	gosta	de	quem	caça	corruptos	
O	ministro	Noronha	sempre	foi	“mão	pesada”:	foi	ele	quem	mandou	prender	o	ex-governador
do	Distrito	Federal,	José	Roberto	Arruda,	o	do	Amapá,	Pedro	Paulo	Dias,	um	ex-governador
candidato	ao	Senado,	Waldez	Góes	(PDT),	e	mais	16	autoridades	do	Amapá,	logrando	elogios
da	mídia	(quem	não	gosta	de	caçacorrupto?),	como	publicou	a	Revista	“Veja”	on	line	de
20/09/2010	e	a	coluna	de	Ricardo	Setti	de	17/09/2010:
“Amigos,	ainda	há	esperanças	“neste	país”.	Num	momento	em	que	os	cidadãos	de	bem	vêm-se
desalentados	com	tanta	notícia	ruim	vinda	do	Planalto	–	e	o	escândalo	de	favorecimentos	na
Casa	Civil	que	derrubou	a	ex-ministra	Erenice	Guerra	é	apenas	o	último	de	uma		longa	série	–,
este	blog	tem	o	prazer	de	louvar	o	espírito	público	de	um	magistrado:	o	pouco,	pouquíssimo
conhecido	ministro	do	Superior	Tribunal	João	Otávio	de	Noronha.		É	graças	a	ele,	seu
destemor	e	sua	independência	que	estão	na	cadeia	o	governador	Pedro	Paulo	Dias	(PP),	um
ex-governador	candidato	ao	Senado,	Waldez	Góes	(PDT),	e	mais	16	autoridades	do	Amapá	–
todos	eles	firmes	aliados	do	poderoso	e	influente	senador	José	Sarney	(PMDB-AP).	A	turma	é
suspeita	de	grossa	roubalheira	de	dinheiro	público	que	não	poupou	nem	sequer	a	merenda
escolar	do	estado	e	cujo	montante	pode	chegar	a	800	milhões	de	reais”,
concluindo	por	mostrar	a	sua	escassez	curricular:
“O	ministro	não	ostenta	um	currículo	espetacular.	É	formado	em	Direito	pela	Faculdade	de
Direito	do	Sul	de	Minas,	em	Pouso	Alegre,	com	três	cursos	de	especialização	na	mesma
escola,	e	os	cargos	de	mais	vulto	que	exerceu	antes	de	assumir	sua	cadeira	no	STJ,	em	2002,
foram	os	de	consultor	jurídico	geral	e	depois	diretor	jurídico	do	Banco	do	Brasil”.	
Foi	nas	garras	do	“caçador	de	corruptos	e	de	quadrilhas”	que	foi	parar	o	Inquérito	569-TO
(transformado	na	Ação	Penal	690-TO),	o	que	trouxe	desalento	a	todos	os	investigados,	face	à
dureza	de	suas	decisões,	mais	chegadas	à	Polícia	Federal	do	que	à	Justiça,	ainda	mais
sabendo-se	que	o	STJ	nunca	suspendeu	o	afastamento	de	nenhum	magistrado,	e	aqueles	que
conseguiram	furar	a	barreira	das	ilegalidades,	como	Roberto	Haddad,	do	TRF3,	e	vários	do
Tribunal	do	Mato	Grosso	conseguiram	retornar,	graças	ao	Supremo	Tribunal	Federal,	que
reconheceu	a	ilegalidade	dos	processos.	Em	15/05/2013,	o	STJ	afastou	de	suas	funções,	por
proposta	do	ministro	João	Otávio	de	Noronha,	o	desembargador	Arthur	Del	Guércio	Filho,	do
TJ-SP.	O	desembargador	do	Tribunal	de	Justiça	do	Piauí	Augusto	Falcão	Lopes	passou	sete
anos	afastado,	tendo	retornado	só	após	ter	sido	absolvido,	por	unanimidade,	em	15/12/2010,
pelo	próprio	STJ.	Mas	o	relator	era	outro	ministro,	Aldir	Passarinho	Júnior	(que	era	juiz	de
carreira),	e	não	o	ministro	Noronha.	Quem	vai	reparar	os	danos	morais	do	colega	crucificado
e	depois	absolvido?
O	estranho	alvará	para	Wagner	Canhedo
É	bem	verdade	que	o	CNJ	estava	criado,	mas	não	instalado	em	2004,	mas	consciência	e
honestidade	sempre	existiram.	Com	base	neste	entendimento	é	que	um	certo	habeas	corpus
decidido	em	10/03/2004	deixa	uma	dúvida	sobre	se	a	agilidade	da	Justiça	é	questão	de
consciência	ou	de	conveniência:	chegou	ao	STJ	o	HC	34.138-SP,	exatamente	às	22	horas	e	02
minutos	do	dia	09/03/2004,	distribuído	automaticamente	ao	ministro	João	Otávio	de	Noronha.
Às	12h	07m	do	dia	10,	foi	encaminhado	à	Coordenadoria	da	Divisão	de	Processamento	Às	13
horas	e	57	minutos,	ou	seja;	exatamente	uma	hora	e	cinquenta	minutos	depois	de	chegar	à
Coordenadoria	(e	não	às	suas	mãos),	Wagner	Canhedo	obtinha	alvará	de	soltura	(em	pleno
horário	de	almoço),	fato	noticiado	na	imprensa	nacional:
“STJ	C	ONCEDE	LIMINAR	PARA	LIBERTAR	DONO	DA	VASP
O	ministro	João	Otávio	Noronha,	do	Superior	Tribunal	de	Justiça,	concedeu	na	madrugada
desta	quarta-feira,	liminar	em	habeas	corpus	ao	dono	da	Vasp,	Wagner	Canhedo.	Com	a
decisão,	o	empresário	que	se	encontrava	detido	desde	a	noite	da	última	segunda-feira	(8/3)	foi
colocado	em	liberdade.
Canhedo	estava	preso	na	Superintendência	da	Polícia	Federal,	em	Brasília.
Ao	conceder	liberdade	para	Canhedo,	o	ministro	João	Otávio	acolheu	o	pedido	dos	advogados
do	empresário	que	alegavam	no	habeas	corpus	a	inexistência	de	“um	plano	de
administração”,	“verdadeiro	pressuposto	legal	da	penhora	sobre	o	faturamento”.	No
despacho,	o	ministro	frisou	que	“somente	depois	de	aprovado	dito	plano	pelo	juiz	é	que	tem
lugar	a	implementação	da	medida	construtiva”.	(Revista	Consultor	Jurídico,	10	de	março	de
2004)”.
É	muito	suspeito	que,	em	uma	hora	e	50	minutos,	tenha	sido	elaborada	uma	decisão	de	quatro
laudas,	com	citações	doutrinárias	e	jurisprudenciais.	O	que	dá	a	entender	é	que	a	decisão
estava	pelo	menos	minutada,	a	partir	do	momento	em	que	o	ministro	soube	ser	o	relator.	Mas
não	seria	o	primeiro	caso.	Basta	continuar	esta	leitura.	Em	31/08/2013,	Canhedo	foi	preso	em
Brasília,	por	sonegação	de	impostos.	Impetrou	em	03/09	no	STJ	o	HC	277.694-SC,	distribuído
ao	ministro	Og	Fernandes,	que,	no	dia	seguinte,	indeferiu	a	liminar.	Nesse	caso,	o	ministro
não	era	Noronha.	Mas	no	vaivém	prende-e-solta,	o	ministro	Dias	Toffoli	mandou	soltá-lo	no	dia
6,	pela	Medida	Cautelar	no	HC	119.245,	após	Canhedo	ter	quitado	sua	dívida	fiscal.
Interesses	econômicos	e	políticos
Acusado	de	não	despachar	o	Inquérito	569-TO	para	não	atender	aos	pedidos	dos	acusados	e
recusando-se	a	publicar	seus	despachos	para	não	propiciar	a	defesa	(a	denúncia,	por	exemplo,
ficou	sem	ser	apreciada	desde	02/12/2011),	o	interesse	econômico	(veja-se	o	episódio	do
alvará	de	Wagner	Canhedo)	é	patente,	como	o	é	o	interesse	político,	como	o	leitor	verá	a
seguir.
Entrando	em	cena	o	interesse	político,	observa-se	que	a	mesma	pressa	que	teve	o	ministro
relator	em	agilizar	o	afastamento	dos	desembargadores	e	retardar	o	atendimento	de	nossos
pedidos,	mostrou	agilidade	no	arquivamento	da	Sindicância	nº	293-TO,	que	versava	sobre
crimes	diversos,	promovida	contra	o	governador	Siqueira	Campos,	como	se	vê:	
Data	de	autuação:	28/06/2011	(em	recesso	forense)	Data	da	distribuição	ao	ministro:
01/07/2011
Dataem	que	a	autuação	foi	retificada:	11/07/2011	C	onclusão	ao	relator:	12/07/2011
Movimentações	após	a	reautuação:	03
Tempo	de	tramitação	(descontando-se	o	recesso):	16	dias	Tempo	para	publicar	a	decisão:	48
horas.
No	dia	17/08/2011,	o	relator	determinou	o	arquivamento,	sem	ouvir	o	Ministério	Público	num
despacho	assim	ementado	no	Diário	da	Justiça	Eletrônico	de	19/08/2011:
“EMENTA
NOTÍCIA	CRIME.	PREVARICAÇÃO.	NARRAÇÃO	DEFICIENTE	DE	SUPOSTOS	FATOS
CRIMINOSOS.	REJEIÇÃO	DE	OFÍCIO.
1.	A	comunicação	ou	notícia	da	ocorrência	de	fato	criminoso	à	autoridade	competente	para
ensejar	investigação	criminal	e	a	respectiva	ação	penal	somente	pode	ser	admitida	quando
arrimada	em	elementos	mínimos	que	apontem	a	plausibilidade	do	que	se	denuncia.
2.	A	delatio	criminis	diretamente	apresentada	ao	juiz,	quando	narra	fatos	que	obviamente	não
indicam	a	ocorrência	de	fato	tipificado	como	criminoso,	nem	mesmo	por	leves	indícios,	deve
ser	arquivada	de	ofício.
3.	Delatio	criminis	arquivada.
Brasília	(DF),	16	de	agosto	de	2011.
MINISTRO	JOÃO	OTÁVIO	DE	NORONHA	Relator”.
Por	que	o	relator	não	mandou	investigar	a	veracidade	dos	fatos	de	que	tratam	os	documentos?
Por	que	não	encaminhou	ao	Ministério	Público	ou	à	Polícia	Federal	a	SD	293-TO,	como
fizeram	os	ministros	Aldir	Passarinho	Junior	e	Humberto	Martins	com	a	Representação	414-
TO	e	o	Inquérito	731-TO,	respectivamente?
,	respectivamente?
TO,	em	desfavor	de	Siqueira	Campos,	foi	publicado	48	(quarenta	e	oito)	horas	depois,	como
vimos,	Mas	o	diligente	Ministério	Público	interpôs	agravo	regimental.
O	art.	258	Regimento	Interno	do	STJ	estabelece	que	o	relator	apresentará	o	agravo	em	mesa
para	julgamento,	ou	seja,	sem	precisar	pautá-lo.
E	o	agravo	só	foi	julgado	14	sessões	depois
Pelo	Regimento,	deveria	ser	julgado,	no	mais	tardar,	em	março	de	2011,	mas	transcorreram
nada	menos	que	14	(quatorze)	sessões	(02	e	16	de	março,	06	e	28	de	abril,	04,	12	e	18	de
maio,	1º,	09	e	15	de	junho,	03,	15	e	17	de	agosto,	sendo	que	nas	três	primeiras	de	agosto	o
relator	não	compareceu),	sendo	finalmente	julgados	(após	provocação	formal	nos	autos)	na
sessão	extraordinária	de	31	de	agosto,	6	meses	e	14	dias	depois,	com	o	resultado	mais	que
previsível:	o	voto	do	ministro	João	Otávio	de	Noronha	foi	pela	rejeição	dos	embargos.	Mas	em
29/05/2012	o	diligente	Ministério	Público	interpôs	embargos	de	declaração,	que,	em
18/09/2012,	foram	conclusos	ao	gabinete	do	relator,	que	não	os	julgou.	Nesse	ínterim,	como
um	dos	sindicados	assumiu	a	vaga	de	senador,	os	autos	foram	remetidos	em	17/12/2012	ao
STF.
Enquanto	isto,	quando	os	magistrados	do	“baixo	clero”	retardam	qualquer	julgamento,	chega
logo	do	CNJ	uma	Representação	por	Excesso	d	e	Prazo	(REP).	Os	juízes	ficam	tão	apavorados
com	o	CNJ,	que	temem	escrever	até	um	“junte-se”	num	processo,	porque	qualquer	despacho
pode	ser	interpretado	como	pedido	de	advogado,	e	às	vezes	querem	decidir	com	rapidez	para
não	ser	denunciados	e	acabam	errando	as	decisões.
Tanto	o	fato	de	decidir	“a	toque	de	caixa”,	bem	como	retardar	o	andamento	de	processos
constitui	o	tipo	do	art.	319	do	Código	Penal:	prevaricação	(“Retardar	ou	deixar	de	praticar,
indevidamente,	ato	de	ofício,	ou	praticá-lo	contra	disposição	expressa	de	lei,	para	satisfazer
interesse	ou	sentimento	pessoal”),	que	não	é	aplicável	apenas	aos	mortais	comuns.	A	lei	é
para	todos.	Embora	o	ministro	relator	não	respeite	o	direito	dos	investigados,	nenhum	de	nós,
seguramente,	deixa	de	respeitar	os	seus.	E	esse	mesmo	ministro,	como	relator,	em	conluio
com	a	subprocuradora-geral	Lindôra	Maria	Araújo,	está	fazendo	misérias	com	a	Ação	Penal
690-TO,	decidindo	com	base	em	documentos	inexistentes,	indeferindo	todos	os	meus
requerimentos,	acatando	de	imediato	os	pedidos	da	Polícia	Federal	e	do	Ministério	Público	e
prorrogando	escutas	ilegais	sem	sequer	fundamentar,	em	gritante	parcialidade,	como	a
própria	imprensa	já	divulgou;	o	leitor	constatará	em	“Nos	bastidores	das	Cortes	–	Como	a
política	interfere	no	Judiciário	”,	que	se	acha	pronto	para	impressão.	E	não	será	surpresa	se
ele	encontrar	soluções	salomônicas	para	me	julgar.
Mas	Noronha	também	sabe	fazer	conchavos	e	plantar	para	colher	depois.	O	jornal	virtual
“GGN	–	O	jornal	de	todos	os	Brasis”,	na	edição	de	16/02/2016,	publicou	matéria	de	Patricia
Faermann,	sob	o	título	“Noronha,	o	homem	de	Aécio	no	TSE”,	que	merece	ser	transcrita:	
	
“O	planejamento	da	cassação	do	mandato	da	presidente	Dilma	Rousseff	e	do	vice	Michel
Temer	no	Tribunal	Superior	Eleitoral	(TSE)	foi	arquitetado	para	cumprir	o	mesmo	andamento
da	Operação	Lava	Jato	na	Vara	Federal	de	Curitiba.	No	Paraná,	o	comando	é	exercido	pelo	juiz
Sergio	Moro.	No	TSE,	João	Otávio	de	Noronha	estava	assumindo	o	papel.	A	estratégia	que
hoje	veio	à	tona	pelo	noticiário,	já	foi	brecada	quando	a	ministra	Maria	Thereza	de	Assis
Moura	voltou	a	assumir	a	relatoria	do	processo,	em	novembro	de	2015.
		Noronha	sempre	foi	considerado	o	mais	aecista	dos	membros	do	Judiciário,	nome	certo	para
o	STF	caso	Aécio	Neves	fosse	eleito.	A	troca	de	documentos	entre	o	TSE	e	o	juiz	Sergio	Moro,
da	13ª	Vara	Federal	de	Curitiba	
-	onde	o	processo	da	Lava	Jato	iniciou	-	já	era	realizada	desde	maio	de	2015,	quando	o
corregedor-geral	da	Justiça	Eleitoral	e	ministro	do	TSE,	João	Otávio	de	Noronha,	deu	início	à
convocação	de	testemunhas	para	a	investigação	se	houve	irregularidades	na	captação	de
recursos	para	a	campanha	da	chapa	Dilma	e	Temer.	
	Em	7	de	maio,	por	exemplo,	Otávio	de	Noronha	solicitou	que	Moro	repassasse	informaões
sobre	o	local	onde	as	testemunhas	estavam	presas	e	a	autorização	para	o	deslocamento	delas
ao	Tribunal	Regional	Eleitoral	mais	próximo	para,	em	data	marcada,	testemunhar	junto	ao
TSE.		Com	essa	determinação,	em	15	de	junho	de	2015,	Marcelo	Neri	foi	convocado	a	prestar
depoimento.	Em	seguida,	oito	dias	depois,	Rogério	Miranda	e	Ricardo	Pessoa	também	foram
chamados	a	audiências	para	depor.		Durante	esse	período	de	oitivas,	o	ministro	João	Otávio	de
Noronha	designou	o	juiz	auxiliar	Nicolau	Lipianhes	Neto	para	dar	sequência	ao	processo.	E
foi	por	meio	do	novo	juiz	que	foi	suspensa	a	audiência	então	marcada	com	Ricardo	Pessoa,
porque	a	Procuradoria-Geral	da	República	informou	o	TSE	que	Pessoa	tinha	firmado	acordo
de	delação	premiada.	A	partir	desse	momento,	em	setembro	de	2015,	por	ordem	de	Noronha,
foi	retirado	o	sigilo	do	processo	de	cassação	contra	Dilma	e	Temer.			Como	justificativa,	a
publicidade	seria	um	modo	de	pressionar	pelo	andamento	do	caso”.
Como	o	leitor	já	sabe	a	ficha	do	ministro	João	Otávio	de	Noronha,	vamos	conhecer	outro	da
cota	dos	apadrinhados.
Ministro	Francisco	Falcão,	presidente	do	STJ
Como	vimos	antes,	a	escolha	de	ministros	costuma	ferir	de	morte	a	ética,	tanto	no	STJ	como
no	STF:	prevalece	o	interesse	de	grupos,	de	políticos,	fazendo	da	seleção	uma	verdadeira
guerra.	Inúmeros	ministros	do	STJ	foram	nomeados	devidamente	“calçados”	por	grupos
interessados.
Aliás,	é	muito	comum	os	próprios	ministros	lutarem	por	determinado	candidato	ligado	a	eles,
e	um	exemplo	mais	recente	ocorreu	na	escolha	do	sucessor	do	ministro	Aldir	Passarinho
Junior,	quando	a	“Folha	de	São	Paulo”	de	22	de	novembro	de	2011,	a	exemplo	de	vários	blogs,
noticiou	que	o	presidente	do	STJ,	na	época	Ari	Pargendler,	“Faz	lobby	por	candidatura	de
cunhada.	Campanha	para	emplacar	desembargadora	tem	incomodado	colegas”
Em	junho	de	1999,	conforme	noticiou	o	“Jornal	do	Brasil,	a	Comissão	de	Constituição	e	Justiça
do	Senado	aprovou	as	indicações	de	quatro	novos	ministros	do	STJ,	feitas	pelo	presidente
Fernando	Henrique	Cardoso.	Foram	aprovados	os	nomes	de	Eliana	Calmon	Alves,	primeira
mulher	a	integrar	um	tribunal	superior,	Jorge	Tadeo	Scartezzini,	Francisco	Cândido	de	Melo
Falcão	Neto	e	Paulo	Ben	jamin	Fragoso	Galotti.	Os	três	juízes	indicados	são	parentes	de
magistrados.	Francisco	Falcão,	hoje	Corregedor	Nacional	de	Justiça,	é	filho	do	ministro
aposentado	do	STF	Djaci	Falcão	e	parente	dos	então	vice-presidente	da	República,	Marco
Maciel	e	do	procurador-geral	da	República,	Geraldo	Brindeiro;	Jorge	Scartezini	entrou	na
vagado	irmão,	o	ministro	Cid	Flaquer	Scartezini,	que	se	aposentou	no	STJ.	Paulo	Benjamin
Fragoso	Galotti	é	primo	do	ministro	Otávio	Galotti,	do	STF.	Os	quatro	foram	empossados	no
mesmo	dia,	30/06/1999.	
Não	obstante	a	aprovação	unânime	do	ministro	Francisco	Falcão	pelo	Senado	Federal	para	o
cargo	de	Corregedor	Nacional,	seu	ingresso	no	STJ	não	foi	pacífico:	além	da	polêmica	gerada
pelo	fato	de	sua	indicação	ter	sido	alavancada	pelo	parentesco,	a	imprensa,	que	nunca
perdoou	ninguém,	estampou	(Jornal	do	Brasil),	a	matéria	“Indicações	ao	STJ	causam
polêmica”,	da	jornalista	Sônia	Carneiro,	que	esmiuçou	o	parentesco	e	o	dedo	da	política	em
três	casos,	e	a	política,	que	Eliana	Calmon	tanto	combatia,	levou-a	ao	STJ:	o	dedo	do	então
todo-poderoso	Antônio	Carlos	Magalhães,	seu	padrinho,	como	afirmou	a	revista	Época.
Depois,	o	patrocínio	do	senador	Edson	Lobão,	que	encampou	sua	candidatura.
Durante	a	sabatina	da	época,	Francisco	Falcão	confirmou	denúncia	encaminhada	à	CPI	do
Judiciário,	admitindo	ser	alvo	de	uma	ação	de	investigação	de	paternidade	em	Pernambuco.
“Esse	juiz	deveria	ter	uma	postura	mais	compatível	com	o	cargo	que	vai	ocupar”,	protestou	o
senador	José	Dutra	(PT-SE).	A	senadora	Emília	Fernandes	(PDT-RS)	disse	que	o	mais	grave	foi
a	indicação	ter	recebido	o	voto	favorável	de	senadores	da	cúpula	da	CPI	do	Judiciário,	Ramez
Tebet	(PMDB-MS)	presidente,	e	Carlos	Wilson	(PSDB-PE),	vice-presidente.	“Eles	investigam
de	um	lado	e	acobertam	de	outro”,	afirmou	a	senadora.	“Considero	que	a	reputação	desse	juiz
está	totalmente	comprometida”,	disse	a	senadora	Heloísa	Helena	(PT-AL).
A	indicação	do	juiz	Francisco	Falcão	de	Melo	Neto	para	o	cargo	de	ministro	do	STJ	foi
polêmica.	Falcão	era	acusado	pela	procuradora	da	República	Armanda	Soares	Figueiredo	de
ter	ameaçado	de	morte	os	gêmeos	Rodrigo	e	Renato,	de	17	anos,	que	moviam	ação	de
investigação	de	paternidade	contra	ele.	Apesar	da	acusação,	o	juiz	foi	aprovado	no	Senado
por	59	votos	a	favor,	16	contrários	e	uma	abstenção.	Junto	com	Falcão	foram	aprovados	outros
juízes	inclusive	a	primeira	mulher	a	ter	uma	cadeira	no	STJ,	a	baiana	Eliana	Calmon.	Apoiada
por	Antônio	Carlos	Magalhães,	ela	teve	65	votos	a	favor”.
A	procuradora	da	República	Armanda	Soares	Figueiredo	(falecida	em	04/10/2006)	empenhou-
se	em	uma	verdadeira	cruzada	contra	a	nomeação	do	ministro	Francisco	Falcão,
encaminhando	cartas	às	mais	diversas	autoridades.	Em	29	de	junho	de	1999,	véspera	de	sua
posse,	foi	endereçada	por	nada	menos	que	35	representantes	de	entidades	jurídicas	de	vários
Estados	(e	até	uma	advogada	de	Ottawa-Canadá)	ao	então	presidente	do	STJ,	ministro	Antônio
de	Pádua	Ribeiro,	extensa	missiva,	em	que,	após	tecer	comentários	sobre	os	outros
empossandos,	evoca	o	art.	104	da	Constituição	Federal,	focando	no	requisito	da	reputação
ilibada,	quando	menciona	ameaças	e	abuso	de	poder	perpetrado	contra	seus	supostos	filhos;
incluindo	a	determinação	de	ordem	de	prisão,	quando	os	mesmos	foram	procurá-lo	na	Sede	do
Tribunal	Regional	Federal	da	5ª	Região,	em	janeiro	passado;	seu	nome	obteve	a	expressiva
rejeição	de	16	senadores,	que	votaram	contrariamente	à	indicação;	jamais	se	submeteu	a
qualquer	concurso	público.
O	ministro	Falcão	–	como	se	viu	-	entrou	“pela	janela”	no	Tribunal	Regional	Federal	do	Recife,
alavancado	pelo	parentesco	(filho	do	ex-ministro	do	STF	Djaci	Falcão	e	primo	do	então	Vice-
Presidente	da	República	Marco	Maciel	e	do	Procurador-Geral	da	República	Geraldo
Brindeiro).	Se	o	leitor	quiser	saber	a	ficha	do	sucessor	de	Eliana	Calmon,	basta	ver	as	edições
da	revista	“Veja”	de	9	e	de	16	de	junho	de	1999,	época	de	sua	escolha	e	nomeação	para	o	STJ.
O	que	está	escrito	lá	é	de	arrepiar:	como	advogado	nunca	teve	uma	ação	relevante;	a	revista
“Veja”	chama-o	de	“advogado	obscuro”,	que	nunca	publicou	sequer	um	artigo,	e,	para
completar,	basta	dizer	que	na	sabatina	da	Comissão	de	Constituição	e	Justiça	do	Senado	(que
nunca	reprovou	ninguém)	ele	teve	expressivo	número	de	votos	contrários	a	sua	nomeação.	E
já	estava	vindo	do	TRF-5,	do	qual	fora	até	presidente,	com	uma	gestão	mal	explicada,	com
carros	importados	na	garagem,	apartamento	de	luxo	à	beira-mar	no	Recife,	licitações
dirigidas	etc.	E	com	esse	histórico	foi	escolhido	para	apurar	corrupção	e	desvios	de	conduta
de	magistrados	no	CNJ.	E	no	STJ,	apesar	do	péssimo	relacionamento	com	seus	pares,	está
impondo	seu	estilo,	indispondo-se	com	o	seu	colega	João	Otávio,	dentre	outros,	buscando
marcar	território
O	prestigiado	blog	do	jornalista	Luiz	Nassif,	em	edição	de	05/06/2012,	sob	o	título	“Seção
Especial	–	Vamos	tirar	Francisco	Falcão	do	Superior	Tribunal	de	Justiça”,	reproduz	toda	a
correspondência	encaminhada	pela	procuradora	Armanda	Soares	Figueiredo	às	mais	diversas
autoridades,	bem	como	os	e-mails	disparados	para	todo	o	Brasil	denunciando-o	pelos	fatos
acima	citados.	O	jornal	digital	“247”,	tão	logo	foi	decidida	a	escolha	do	substituto	de	Eliana
Calmon	na	Corregedoria	Nacional	de	Justiça,	publicou	(03/01/2012):
“Eliana	Calmon	será	sucedida	por	exato	oposto	no	CNJ	
-	A	mudança	de	estilos	não	significa	que	Falcão	seja	um	ministro	mais	transigente	em	relação
aos	eventuais	abusos	da	magistratura.	Em	2010,	ele	comandou	uma	inspeção	no	Tribunal
Regional	Federal	da	3ª	Região,	em	São	Paulo.	“A	hora	que	eu	tomar	conhecimento	que	algum
desembargador	está	usando	carro	oficial	para	fins	particulares,	eu	vou	dar	ordem	para	a
Polícia	Federal	apreender	imediatamente	o	carro,	com	o	magistrado	dentro”.	Fora	do	CNJ,
Eliana	Calmon	poderá	optar	pela	volta	ao	STJ	ou	pela	carreira	política.	Ela	tem	convites	de
vários	partidos	para	disputar	o	governo	da	Bahia,	em	função	da	popularidade	conquistada
com	a	crítica	aos	“bandidos	de	toga”.
No	entanto,	todos	os	comentários	àquela	matéria	trazem	dissabor,	depondo	contra	a	“ilibada“
conduta	do	Corregedor	Nacional	de	Justiça,	que	não	tem	respaldo	moral	para	julgar	ninguém.
É	só	conferir:	o	jornal	“O	Estado	de	São	Paulo”,	edições	de	02	de	junho	(pág,	12),	06	de	junho
(pág,	10)	e	09	de	junho	de	1999	(pág,	11),	bem	como	as	edições	da	revista	“Veja”	de
09/06/1999	(“Ficha	suspeita	-	Candidato	a	ministro	do	STJ	é	acusado	de	maltratar	filhos	que
diz	não	serem	seus)	que	arremata::	“Até	então,	era	um	advogado	obscuro,	sem	nenhuma
grande	causa	no	currículo.	Credita-se	sua	ascensão	e	atual	nomeação	ao	fato	de	ser	filho	de
um	ministro	aposentado	do	STF,	além	de	primo	do	procurador-geral	da	República	Geraldo
Brindeiro	e	também	do	vice-presidente	Marco	Maciel”,	e,	nessa	própria	edição,	declarou	a
“Veja”,	sobre	os	pretensos	filhos:	“Só	digo	que	não	conheço	essas	pessoas.	Nunca	as	vi”;	a
matéria	de	16/06/1999,	da	jornalista	Dina	Duarte	(“Aos	parentes,	tudo	-	Novo	ministro	do	STJ
empregou	a	mulher,	a	irmã	e	a	filha	em	tribunal	de	Pernambuco”,	também	questiona	sua
probidade,	seu	patrimônio	e	outros	aspectos	nada	agradáveis	de	sua	vida.	E	quanto	aos
supostos	filhos,	que	ele	renegava,	a	publicação	virtual	“Consultor	Jurídico”	de	27	dezembro	de
2002,	desmentia	na	substanciosa	matéria	“Sem	dúvida	-	DNA	comprova	que	ministro	do	STJ	é
pai	de	rapazes	em	Recife”.
Não	se	pode	dizer	que	o	ministro	Francisco	Falcão	não	seja	um	homem	de	sorte:	além	de	ter
entrado	na	magistratura	pela	janela,	alavancado	por	parentesco	ilustre,	sem	jamais	ter
prestado	um	concurso,	lecionado	nem	mesmo	em	cursinho	e	escolhido	para	o	STJ	dentro	do
mesmo	critério	de	apadrinhamento,	o	destino	lhe	acenou	para	um	fato	jamais	acontecido:
Fischer	deixou	a	presidência	em	31/08/2014;	com	isto,	Falcão	ganhou	quatro	anos	na	carreira,
pois	era	o	4º	em	antiguidade:	precediam-no	Ari	Pargendler,	Eliana	Calmon	e	Gilson	Dipp;
Pargendler	já	foi	presidente;	com	a	aposentadoria	de	Eliana	em	dezembro	de	2013,	a
presidência	iria	para	Gilson	Dipp,	que	se	aposenta	em	1º/10/2014.	Com	isto,	Falcão	ganhou	de
presente	de	Natal	antecipado	a	presidência	do	STJ,	após	deitar	fama	como	implacável
Corregedor	Nacional	de	Justiça,	cargo	que	deixou	em	05/09/2014,	depois	de	fazer	estragos	na
reputação	de	tantos	magistrados.	Só	no	Brasil!...
Mais	um	nome:	Raul	Araújo	Filho
Embora	hajavários	outros	nomes	que	deixam	a	desejar	no	STJ,	pela	falta	de	antecedentes
jurídicos,	vou	ficar	nestes	já	citados	e	neste	novo	nome,	reservando	outros	comentários	para	o
alentado	“Nos	bastidores	das	Cortes	(Como	a	política	interfere	no	Judiciário”),	que	não	vai
demorar	a	sair.	Quando	Raul	Araújo	foi	indicado	ministro,	em	2010,	esteve	no	gabinete	da
ministra	Eliana	Calmon,	e	ela,	com	a	franqueza	de	sempre,	lhe	disse,	olhando	nos	olhos:	“O
senhor	não	é	desembargador,	entrou	pelo	quinto	e	tem	três	anos	de	magistratura.	Acho	um
absurdo	votarem	no	senhor	e	falarei	com	todos	meus	colegas	para	não	o	fazerem.”	Mas	Raul
Araújo	Filho	foi	eleito,	e	ela	publicou	um	artigo	intitulado	“A	magistratura	pede	socorro”,	no
qual	desancou	a	forma	como	se	dava	a	escolha	dos	ministros	de	seu	próprio	tribunal	(Revista
Piauí	nº	6,	na	matéria	“Não	gosto	de	firula”	da	jornalista	Daniela	Pinheiro,	página	8).	Isto
mostra	claramente	que	muitas	vezes	não	se	segue	o	preceito	constitucional	do	“notável	saber
jurídico”	(art.	104,	§	Único),	pois,	dentre	exatos	1.575	desembargadores	virtuais	candidatos,
foi	escolhido,	na	época,	um	com	três	anos	de	magistratura,	e,	ainda	por	cima,	originário	do
“quinto”,	que	nem	sempre	traz	na	bagagem	conhecimentos	jurídicos,	mas	“padrinhos”.	Deve
ser	um	gênio.	No	seu	currículo	do	site	do	STJ	não	há	referência	a	qualquer	data	anterior	ao
seu	ingresso	no	STJ,	talvez	para	que	não	se	saiba	quando	ingressou	no	Tribunal	alencarino.
Como	Noronha	e	Falcão,	é	da	grande	turma	dos		quase	um	terço	de	ministros	do	STJ	sem	obra
publicada.	Quem	terá	sido	seu	“padrinho?
Ministros,	que	deviam	dar	o	exemplo,	são	investigados	Segundo	a	publicação	“Congresso	em
Foco”,	de	28/07/2015,	sob	o	título	“Mensagem	de	Marcelo	Odebrecht	cita	presidente	e
ministros	do	STJ”,	estampou:
“Investigadores	da	Operação	Lava	Jato	encontraram	nos	registros	pessoais	do	presidente	da
Odebrecht,	Marcelo	Odebrecht,	indícios	de	que	o	empreiteiro	pretendia	usar	contatos
políticos	no	Judiciário	para	se	livrar	da	prisão.	No	telefone	celular	apreendido	de	Marcelo,
havia	mensagem	cifrada	que	listava	o	presidente	do	Superior	Tribunal	de	Justiça	(STJ),
ministro	Francisco	Falcão,	como	uma	das	autoridades	que	poderiam	agir	em	seu	favor	em
caso	de	problemas	judiciais.	Outros	três	ministros	do	STJ	foram	citados	pelo	empresário:
Nancy	Andrighi,	João	Otávio	de	Noronha	e	Raul	Araújo.	As	informações	são	do	site	da
revista	Veja”.
Jornais	virtuais	diversos,	dentre	eles	o	Jota,	publicaram	em	07/02/2016,	sob	o	título	“STJ:	mais
um	ministro	do	tribunal	está	sendo	investigado”:
“A	nota	foi	publicada	pelo	jornalista	Lauro	Jardim,	em	O	Globo.	Mais	um	ministro	do	Superior
Tribunal	de	Justiça	(STJ)	estaria	sendo	investigado	no	Supremo	Tribunal	Federal.	A	suspeita	é
de	venda	de	sentença.	Já	é	investigado	no	STF	o	ministro	Benedito	Gonçalves.	O	processo,
entretanto,	tramita	de	forma	oculta.	O	JOTA	consultou	alguns	ministros	para	saber	de	quem
desconfiavam.	Os	nomes	citados	foram	variados.	Um	mau	sinal	sobre	o	STJ”.
Mas	a	coisa	não	para	aí:	como	alguns	ministros	sugeriram	vários	nomes,	dev	e	haver	muita
coisa	debaixo	do	tapete.
O	jornal	virtual	Cristalvox	de	18/02/2016,	estampou	em	matéria	assinada	pelos	jornalistas
Filipe	Coutinho	e	Talita	Fernandes,	a	manchete:
GRAVÍSSIMO:	Ministro	do	STJ	é	investigado,	suspeito	de	vender	decisão	que	“soltou”	ladrão
de	cargas	em	Goiás”	
-	A	revista	Época	divulga	no	final	desta	quinta,	18	de	fevereiro,	mancheteando	como
Exclusivo,	que	Ministro	Sebastião	Alves	dos	Reis	do	STJ	está	sendo	investigado	pelo	STF	–
relatora	é	a	Ministra	Rosa	Weber	–	figurando	no	procedimento	como	suspeito	de	vender
decisão	em	“foro”	de	habeas	corpus,	em	favor	de	um	perigoso	assaltante.	Afirma	Época	ter
obtido,	por	meio	de	fontes	acreditadíssimas	na	Corte,	que	uma	semana	depois	de	manter
prisão	o	bandido	e	após	advogada	pedir	“boa	vontade”	a	ele,	Sebastião	dos	Reis	mandou
soltar	suspeito	de	roubo	de	carga	em	Goiás.
No	primeiro	despacho	no	HC	243.074,	em	24/05/2012,	o	ministro	indeferiu	a	liminar
requerida	por	Cleonor	Onório	Avelino,	mas	no	dia	31	do	mesmo	mês,	uma	semana	depois,
reconsiderou	a	decisão,	mandando	soltá-lo.	A	matéria	da	revista	Época	é	extensa	e
elucidativa.	Depois,	já	no	dia	10/02/2016,	a	ação	constitucional	foi	redistribuída	ao
desembargador	convocado	Ericson	Maranho	“por	suspeição”.
Mais	recentemente,	a	mesma	revista	Época,	em	matéria	do	mesmo	jornalista	Filipe	Coutinho,
com	a	manchete	“As	irregularidades	ocorreram	quando	o	ministro	João	Noronha	era	o
responsável	pela	área”,	diz:
“Uma	perícia	da	Polícia	Federal	encomendada	pelo	Superior	Tribunal		de	Justiça	(STJ)		aponta
um	superfaturamento	de	pelo	menos	R$	8	milhões	em	contratos	de	R$	30	milhões	na	área	de
informática	da	Corte.	Os	peritos	chegaram	a	esse	valor	comparando	os	preços	contratados
pelo	STJ	e	os	de	mercado.	Eles	apontaram,	também,	indícios	de	acerto	prévio	entre	as
empresas	concorrentes.	As	irregularidades	ocorreram	quando	o	ministro	João	Noronha	era	o
responsável	pela	área	de	informática.	Integrantes	da	comissão	interna	escalados	para	apurar
as	irregularidades	reclamaram	que	estavam	sendo	sabotados	na	investigação	e,	por	isso,	a	PF
foi	acionada.	A	Procuradoria-Geral	da		República	também	investiga	os	principais	suspeitos	do
caso.	O	STJ	e	o	ministro	João	Noronha	não	quiseram	se	manifestar	sobre	o	episódio”.
O	ministro	Francisco	Falcão	deve	estar	rindo	de	satisfação,	pois	é	sabido	e	consabido	que	ele
não	se	dá	com	Noronha,	e	o	fato	de	pedir	a	Polícia	Federal	para	entrar	no	caso	era-lhe
duplamente	favorável:	aparentaria	ser	um	administrador	cioso	e,	por	outro	lado,	vingar-se-ia.	.
O	caso	do	superfaturamento	na	área	de	informática	veio	a	calhar.	Nada	mais	lógico.	Se
pudéssemos	ter	acesso	a	todos	os	conchavos	por	baixo	das	cortinas,	certamente	haveria	muita
surpresa.
Mas	o	livro	“	Nos	bastidores	das	Cortes	(como	a	política	interfere	no	Judiciário),	que	não	vai
tardar	a	estar	nas	livrarias,	vai	esmiuçar	com	detalhes	assuntos	que	o	público	nem	imagina
que	possam	existir	nesse	cipoal	que	une	Justiça	e	politica(gem).
STJ	–	UM	OÁSIS	DE	MORDOMIAS
Antes	de	ver	o	que	se	passou	nos	subterrâneos	do	STJ,	é	muito	importante	ler	o	lúcido	artigo.
“Triste	Judiciário!”,	do	historiador	e	professor	Marco	Antônio	Villa,	da	Universidade	Federal
de	São	Carlos,	que	circulou	em	11/11/2013	nas	redes	sociais	e	demonstra	o	porquê	da	briga
por	uma	vaga	de	ministro,	ao	denunciar:
“O	Superior	Tribunal	de	Justiça	(STJ)	é	formado	por	33	ministros.	Foi	criado	pela	Constituição
de	1988.	Poucos	conhecem	ou	acompanham	sua	atuação,	pois	as	atenções	nacionais	estão
concentradas	no	Supremo	Tribunal	Federal.	No	site	oficial	está	escrito	que	é	o	tribunal	da
cidadania.	Será?
Um	simples	passeio	pelo	site	permite	obter	algumas.	Um	simples	passeio	pelo	site	permite
obter	algumas	informações	preocupantes.
O	tribunal	tem	160	veículos,	dos	quais	112	são	automóveis	e	os	restantes	48	são	vans,	furgões
e	ônibus.	É	difícil	entender	as	razões	de	tantos	veículos	para	um	simples	tribunal.	Mais
estranho	é	o	número	de	funcionários.	São	2.741	efetivos.
Muitos,	é	inegável.	Mas	o	número	total	é	maior	ainda.	Os	terceirizados	representam	1.018.
Desta	forma,	um	simples	tribunal	tem	3.759	funcionários,	com	a	média	aproximada	de	mais
de	uma	centena	de	trabalhadores	por	ministro!	Mesmo	assim,	em	um	só	contrato,	sem
licitação,	foram	destinados	quase	R$	2	milhões	para	serviço	de	secretariado.
Não	é	por	falta	de	recursos	que	os	processos	demoram	tantos	anos	para	serem	julgados.
Dinheiro	sobra.	Em	2010,	a	dotação	orçamentária	foi	de	R$	940	milhões.	O	dinheiro	foi	mal
gasto.	Só	para	comunicação	e	divulgação	institucional	foram	reservados	R$	11	milhões,	para
assistência	médica	a	dotação	foi	de	R$	47	milhões	e	mais	45	milhões	de	auxílio-alimentação.
Os	funcionários	devem	viv	er	com	muita	sede,	pois	foram	destinados	para	compra	de	água
mineral	R$170	mil.	E	para	reformar	uma	cozinha	foram	gastos	R$	114	mil.	Em	um	acesso
digno	de	Oswaldo	Cruz,	o	STJ	consumiu	R$	225	mil	em	vacinas.	À	conservação	dos	jardins	-
que,	presumo,	devem	estarmuito	bem	conservados	-	o	tribunal	reservou	para	um	simples
sistema	de	irrigação	a	módica	quantia	de	R$	286	mil.
Se	o	passeio	pelos	gastos	do	tribunal	é	aterrador,	muito	pior	é	o	cenário	quando	analisamos	a
folha	de	pagamento.	O	STJ	fala	em	transparência,	porém	não	discrimina	o	nome	dos	ministros
e	funcionários	e	seus	salários.	Só	é	possível	saber	que	um	ministro	ou	um	funcionário	(sem	o
respectivo	nome)	recebeu	em	certo	mês	um	determinado	salário	bruto.	E	só.	Mesmo	assim,
vale	muito	a	pena	pesquisar	as	folhas	de	pagamento,	mesmo	que	nem	todas,	deste	ano,
estejam	disponibilizadas.	A	média	salarial	é	muito	alta.	Entre	centenas	de	funcionários
efetivos	é	muito	difícil	encontrar	algum	que	ganhe	menos	de	5	mil	reais.
Mas	o	que	chama	principalmente	a	atenção,	além	dos	salários,	são	os	ganhos	eventuais,
denominação	que	o	tribunal	dá	para	o	abono,	indenização	e	antecipação	das	férias,	a
antecipação	e	a	gratificação	natalinas,	pagamentos	retroativos	e	serviço	extraordinário	e
substituição.	Ganhos	rendosos.	Em	março	deste	ano	um	ministro	recebeu,	neste	item,	169	mil
reais.	Infelizmente	há	outros	dois	que	receberam	quase	que	o	triplo:	um	recebeu	R$	404	mil;
e	outro,	R$	435	mil.	Este	último,	somando	o	salário	e	as	vantagens	pessoais,	auferiu	quase
meio	milhão	de	reais	em	apenas	um	mês!	Os	outros	dois	foram	“menos	aquinhoados”,	um
ficou	com	R$	197	mil	e	o	segundo,	com	432	mil.	A	situação	foi	muito	mais	grave	em	setembro.
Neste	mês,	seis	ministros	receberam	salários	astronômicos:	variando	de	R$	190	mil	a	R$	228
mil.
Os	funcionários	(assim	como	os	ministros)	acrescem	ao	salário	(designado,	estranhamente,
como	“remuneração	paradigma”)	também	as	“vantagens	eventuais”,	além	das	vantagens
pessoais	e	outros	auxílios	(sem	esquecer	as	diárias.	Assim,	não	é	incomum	um	funcionário
receber	R$	21	mil,	como	foi	o	caso	do	assessor-chefe	CJ-3,	do	ministro	19,	os	R$	25,8	mil	do
assessor-chefe	CJ-3	do	ministro	22,	ou,	ainda,	em	setembro,	o	assessor	chefe	CJ-3	do
desembargador	1	recebeu	R$	39	mil	(seria	cômico	se	não	fosse	trágico:	até	parece
identificação	do	seriado	“Agente	86”).	(...)
Certamente	o	STJ	vai	argumentar	que	todos	os	gastos	e	privilégios	são	legais.	E	devem	ser.
Mas	são	imorais,	dignos	de	uma	república	bufa.	Os	ministros	deveriam	ter	vergonha	de
receber	30,	50	ou	até	480	mil	reais	por	mês.	Na	verdade	devem	achar	que	é	uma	intromissão
indevida	examinar	seus	gastos.	Muitos,	inclusive,	podem	até	usar	o	seu	poder	legal	para
coagir	os	críticos.	Triste	Judiciário.	Depois	de	tanta	luta	para	o	estabelecimento	do	estado	de
direito,	acabou	confundindo	independência	com	a	gastança	irresponsável	de	recursos
públicos,	e	autonomia	com	prepotência.	Deixou	de	lado	a	razão	da	sua	existência:	fazer
justiça”
Quem	não	quer	ser	ministro	do	STJ?
SURGE	NOVO	LOBISOMEM,	AGORA	NO	STJ
Pois	bem,	agora	surge	um	fato,	originado	no	Estado	do	Tocantins,	que	muito	se	assemelha
àquele,	não	pela	participação	caolha	do	representante	do	Ministério	Público	(que	sequer
oficiou	nesse	feito),	mas	pelo	casuísmo	dos	grandes	lá	do	Superior	Tribunal	de	Justiça,	que,
sem	querer	generalizar,	estão	deixando	em	xeque	a	própria	Justiça,	pelo	tanto	que	torcem	as
coisas	para	chegar	a	um	ponto	que	lhes	convém.
O	Banco	do	Brasil	perdeu,	exatamente	para	mim,	uma	ação	indenizatória	por	danos	morais	no
primeiro	grau,	no	valor	equivalente	a	3.600	salários-mínimos;	apelou	(Apelação	Cível	nº
3.111/01),	e	o	Tribunal	confirmou	a	sentença,	por	unanimidade,	havendo	apenas	uma
divergência	quanto	ao	montante	da	indenização,	sem,	no	entanto,	alterar	o	mérito.	Depois	de
interpor	Embargos	de	Declaração	(improvidos),	o	Banco	entrou	com	Embargos	Infringentes
(mas	que	não	eram	cabíveis,	pois	não	houvera	reforma	da	sentença),	cujo	seguimento	foi
negado.	Após,	também	foi	vencido	em	Agravo	Regimental	interposto	contra	decisão
monocrática	denegatória	de	seu	seguimento.
Perdendo	os	Embargos	Infringentes,	o	Banco	do	Brasil	interpôs	Recurso	Especial	para	o
Superior	Tribunal	de	Justiça.	Mas	como	a	lei	estabelece	que	os	Embargos	Infringentes	não
suspendem	o	prazo	do	processo,	e	remansosa	e	pacífica	jurisprudência	navega	nesse	sentido,
o	ingresso	do	Recurso	Especial	já	se	dera	fora	do	prazo,	com	atraso	de	exatos	80	dias.
Primeira	derrota	do	banco
Em	06/08/2002,	o	Banco	do	Brasil	ingressou	no	Supremo	Tribunal	Federal	com	o	Agravo	de
Instrumento	nº	398.654,	atacando	a	decisão	que	negara	seguimento,	pelo	Tribunal	de	Justiça
a	quo,	aos	Embargos	Infringentes;	distribuídos	ao	ministro	Nelson	Jobim,	teve	seu	seguimento
negado	em	21/03/2003.
Sobe	o	recurso	que	não	devia	subir
Voltando	um	pouco	no	tempo,	o	Tribu	nal	tocantinense,	não	se	sabe	por	que	razão,	admitiu	o
recurso	especial,	mesmo	80	dias	após	o	prazo	de	lei	(o	julgamento	da	Apelação	3.111/01
terminou	em	15/04/2002,	e	o	Recurso	Especial	só	foi	interposto	em	09/09/2002),	tendo	o
Presidente,	desembargador	Luiz	Gadotti,	admitido	o	recurso,	embora	intempestivo,	como	se
vê	da	anotação	no	andamento	da	apelação:
Ao(s)	20	dia(s)	do	mês	de	Dezembro	de	2002,	no	(a)	ASS.	JURÍDICA	DA	PRESIDÊNCIA	faço
remessa	destes	autos	a	(o)	DIV.	DE	RECURSOS	CONSTITUCIONAIS.	Decisão	admitiu	os
recursos	especial	e	extraordinário	e	deferiu	o	pedido	de	extração	de	carta	de	sentença,	e
lavro	o	presente	termo.	Eliane	Aparecida	Bastazini.”
A	admissão	do	recurso	do	Banco	teve	uma	nuance	que	ninguém	sabe,	que	envolveu,	como
sempre,	a	interferência	do	Executivo	no	Judiciário.	O	Presidente	do	Tribunal	à	época,
desembargador	Luiz	Gadotti,	tendo	sido	“indicado”	(para	não	dizer	imposto)	pelo	governador
Siqueira	Campos,	recebeu	o	recurso	do	Banco	em	12/09/2002,	remetendo-o	para	a	Divisão	de
Recursos	Constitucionais,	à	qual	competia	admiti-lo,	ou	não;	caso	admitido,	seria	remetido	ao
Superior	Tribunal	de	Justiça.
Eu	exercia,	na	época,	a	Presidência	do	Tribunal	Regional	Eleitoral,	e	estava	em	minha	mesa,
para	admissão,	ou	não,	um	recurso	eleitoral	da	Procuradoria	Regional	Eleitoral	para
impugnar	o	mandato	da	então	Prefeita	de	Palmas,	Profª	Nilmar	Gavino	Ruiz	e	seu	Vice,
Raimundo	Nonato	Pires	dos	Santos,	que,	em	agosto,	sob	a	relatoria	do	então	corregedor
eleitoral,	des	embargador	José	Maria	das	Neves,	julgou,	por	maioria,	improcedente	a
impugnação	(vencida	a	juíza	federal).
Um	assessor	da	Presidência	do	Tribunal	de	Justiça	(cujo	nome	não	posso	revelar	para	evitar
represálias),	encarregado	do	despacho	de	inadmissão	do	Recurso	Especial	do	Banco,	chegou
a	mostrar-me	a	minuta,	já	no	ponto	de	ser	as	sinada	por	Gadotti,	da	decisão	presidencial
inadmitindo	o	recurso,	por	intempestivo.
Nesse	ínterim,	várias	“recomendações”	do	então	governador	Siqueira	Campos	chegaram	a
mim:	eram	para	que	não	admitisse	o	recurso	eleitoral,	para	não	subir	para	o	TSE.	Como
sempre,	decidi	de	acordo	com	minha	consciência	e	respaldado	na	lei,	admiti	o	recurso	e
remeti	ao	TSE.	Diante	de	dois	pescoços,	candidatos	à	guilhotina,	preferi	salvar	o	meu.
Tão	logo	encaminhei	o	recurso	eleitoral,	fui	surpreendido	pela	decisão	do	desembargador	Luiz
Gadotti,	que	(depois	eu	soube	que	por	“recomendação”	do	Executivo)	desta	vez	e	em	razão	de
minha	atitude,	admitiu	o	recurso	do	Banco,	atropelando	todas	as	decisões	anteriores	nesse
sentido:	ao	recurso	intempestivo	sempre	foi	negado	seguimento.	Chumbo	trocado	não	doi:	se
mandei	subir	o	recurso	da	Nilmar,	o	meu	também	tinha	que	subir.	E	subiu,	ordenado	por
Gadotti,	a	mando	de	Siqueira.
Segunda	derrota	do	banco	
O	Banco	do	Brasil,	diante	do	Recurso	Especial	interposto,	ingressou	no	STJ	com	a	Medida
Cautelar	nº	5.726-TO,	buscando	conferir	efeito	suspensivo	ao	Recurso	Especial.	O	ministro	Ari
Pargendler,	na	época	relator,	simplesmente	indeferiu	a	inicial	ao	argumento	de	que	o
requerente,	ao	ajuizar	os	embargos	infringentes	(que	não	suspendem	o	prazo),	perdera	o
prazo	do	recurso	especial,	e	sua	decisão	foi	pelo	indeferimento	da	inicial,	como	se	vê	do
despacho:
“O	pedido	não	pode	prosperar,	à	vista	da	intempestividade	do	recurso	especial.	Mantida	a
sentença	de	fls.,	ainda	que	por	acórdão	não	unânime,	não	cabiam	embargos	infringentes,	a
teor	do	art.	530	do	Código	deProcesso	Civil,	na	redação	dada	pela	Lei	nº	10.352,	de	2001.
Nessas	condições,	o	tempo	perdido	no	processamento	dos	embargos	infringentes	consumiu	o
prazo	do	recurso	especial.	Indefiro,	por	isso,	a	petição	inicial.	Intimem-se”.	(Diário	da	Justiça
de	14/03/2003)
O	Recurso	Especial	nº	510.299-TO	chegou	ao	STJ,	e,	como	o	ministro	Ari	Pargendler,	a	quem
por	prevenção,	seria	distribuído,	estava	em	função	não	judicante,	e	o	recurso	foi	redistribuído
ao	Ministro	Humberto	Gomes	de	Barros,	que	não	conheceu	do	recurso	por	intempestivo,	o
que	levaria	ao	cumprimento	da	sentença	do	primeiro	grau.
Mas	aí	comecei	a	acreditar	em	lobisomem,	Papai	Noel,	saci	pererê,	mula-sem-cabeça	e	outras
coisas	que	povoam	a	mente	do	povo.
Pedido	de	vista	“por	recomendação”
Na	sessão	do	dia	17/02/2004,	o	relator	levou	os	autos	a	julgamento	e,	como	dito,	não
conheceu	do	recurso,	face	à	flagrante	intempestividade.	O	próximo	a	votar	seria	o	ministro
Carlos	Alberto	Menezes	Direito,	que,	não	se	sabe	o	porquê,	discutiu	bastante	(e	as	notas
taquigráficas	comprovam),	insistindo	em	que	“deveria	ser	encontrada	uma	forma	de	conhecer
do	recurso	para	examinar	o	mérito”,	e	sugeriu	à	Ministra	Nancy	Andrighi,	que	era	“muito
estudiosa	e	perspicaz”,	que	pedisse	vista	antecipada	dos	autos,	para	encontrar	uma	forma	de
co	nhecer	do	recurso	e	julgar-lhe	o	mérito.	Pura	maldade	do	ministro	Menezes	Direito,	que
demonstrou	ter	interesse	no	processo.	E	ela	retirou	os	autos	com	vista.	Alguns	ministros	das
Cortes	Superiores	costumam	“adotar”	processos	como	seus.
O	Regimento	Interno	do	STJ,	no	seu	art.	162,	dispõe	que	o	ministro	que	formular	o	pedido	de
vista	restituirá	os	autos	ao	Presidente	dentro	de	dez	dias,	no	máximo,	contados	do	dia	do
pedido,	devendo	prosseguir	o	julgamento	do	feito	na	primeira	sessão	subsequente	a	esse
prazo.
Mas	a	ministra	Nancy	Andrighi	ficou	com	o	processo	quase	quatro	meses,	talvez	buscando
encontrar	a	solução	alvitrada	pelo	seu	colega	Menezes	Direito,	para	que	fosse	julgado	de
qualquer	jeito	o	mérito,	no	sentido	de	baixar	o	valor	da	indenização,	que	já	tinha	sido
considerada	líquida	e	certa.
A	jurisprudência	pacífica	do	STJ
É	pacífica	a	jurisprudência	daquela	Corte	Superior	no	sentido	de	que	os	Embargos
Infringentes	não	suspendem	o	prazo	do	Recurso	Especial,	existindo	inúmeros	julgados	nesse
sentido,	todos	à	unanimidade,	não	só	da	Terceira	Turma,	mas	também	das	demais.
1ª	TURMA:	
Agravo	Regimental	no	Agravo	de	Instrumento	nº	528.403/	PR	–	Rel.:	Ministra	DENISE
ARRUDA:	“PROCESSUAL	CIVIL	-	AGRAVO	REGIMENTAL	-	AGRAVO	DE	INSTRUMENTO	NÃO
CONHECIDO	-	EMBARGOS	INFRINGENTES	INADMISSÍVEIS	-	APELAÇÃO	EM	MANDADO
DE	SEGURANÇA	-	RECURSO	ESPECIAL	INTEMPESTIVO	-	DESPROVIMENTO	DO	AGRAVO
REGIMENTAL.	1.	“Não	cabem	embargos	infringentes	de	acórdão	que,	em	mandado	de
seguranç	a,	decidiu	por	maioria	de	votos,	a	apelação»	(Súmula	597/STF)	e	«São	inadmissíveis
embargos	infringentes	no	processo	de	mandado	de	segurança”	(Súmula	169/STJ).	2.	A
INTERPOSIÇÃO	DE	EMBARGOS	INFRINGENTES	INCABÍVEIS	NÃO	SUSPENDE	O	PRAZO
PARA	A	INTERPOSIÇÃO	DO	RECURSO	ESPECIAL,	CUJO	TERMO	INICIAL	SE	DÁ	COM	A
INTIMAÇÃO	DO	ACÓRDÃO	RECORRIDO.	3.	Recurso	especial	intempestivo.	4.	Agravo
regimental	desprovido”	(ACÓRDÃO	UNÂNIME	de	10/02/2004).
2ª	TURMA:	
1)	Recurso	Ordinário	em	Mandado	de	Segurança	nº	
14.151/MG	–	Rel.:	Min.	PAULO	MEDINA:“MANDADO	DE	SEGURANÇA	-	EMBARGOS
INFRINGENTES	
-	RECURSO	ORDINÁRIO.	1	-	São	incabíveis	embargos	infringentes	contra	acórdão	não
unânime	que	decide	mandado	de	segurança	de	competência	originária	de	Tribunal	de	Justiça
de	Estado.	2	-	A	INTERPOSIÇÃO	DE	RECURSO	INCABÍVEL	NÃO	SUSPENDE	OU
INTERROMPE	O	PRAZO	PARA	INTERPOSIÇÃO	DO	RECURSO	PRÓPRIO.	Intempestividade	do
recurso	ordinário.	3	-	Recurso	não	conhecido”	(ACÓRDÃO	UNÂNIME	de	24/09/2002)
2)	Agravo	Regimental	no	Agravo	de	Instrumento	nº	
67.963/SP	–	Rel:	Min.	PEÇANHA	MARTINS:“AGRAVO	REGIMENTAL.	RECURSO	ESPECIAL	E
EXTRAORDINARIO.	SUSPENSÃO	DO	PRAZO	DE	INTERPOSIÇÃO.	IMPOSSIBILIDADE.	1.
EMBARGOS	INFRINGENTES	NÃO	RECEBIDOS	NÃO	SUSPENDEM	O	PRAZO	PARA
INTERPOSIÇÃO	DE	RECURSO	ESPECIAL	OU	EXTRAORDINARIO.	2.	AGRAVO	REGIMENTAL
IMPROVIDO”	(ACÓRDÃO	UNÂNIME	de	
04/09/1995).
	
3)	Recurso	Ordinário	em	MS	Nº	14.151/MG	–	Rel.:	Min.	PAULO	MEDINA-	“MANDADO	DE
SEGURANÇA	
-	EMBARGOS	INFRINGENTES	-	RECURSO	ORDINÁRIO.	1	-	São	incabíveis	embargos
infringentes	contra	acórdão	não	unânime	que	decide	mandado	de	segurança	de	competência
originária	de	Tribunal	de	Justiça	de	Estado.	2	-	A	INTERPOSIÇÃO	DE	RECURSO	INCABÍVEL
NÃO	SUSPENDE	OU	INTERROMPE	O	PRAZO	PARA	INTERPOSIÇÃO	DO	RECURSO
PRÓPRIO.	INTEMPESTIVIDADE	DO	RECURSO	ORDINÁRIO.	3	-	Recurso	não	conhecido”
(ACÓRDÃO	UNÂNIME	de	24/09/2002).
3ª	TURMA:	
1)	Agravo	Regimental	no	Agravo	de	Instrumento	nº	590.969/RS	-	Rel.:	Min.	CASTRO	FILHO:-
“AGRAVO	DE	INSTRUMENTO.	RECURSO	ESPECIAL	INTEMPESTIVO.	I	–	A	viabilidade	do
agravo	de	instrumento,	em	que	se	objetiva	o	exame	do	recurso	especial	por	esta	Corte,
requer,	entre	outras	exigências,	a	tempestividade	do	recurso	excepcional.	II	-	Os	embargos
infringentes	incabíveis,	assim	reconhecidos	por	decisão	do	relator,	NÃO	TÊM	O	CONDÃO	DE
INTERROMPER	OU	SUSPENDER	O	PRAZO	PARA	O	RECURSO	ESPECIAL.	Agravo	improvido”
(ACÓRDÃO	UNÂNIME	de	07/10/2004	-	Os	Srs.	Ministros	Antônio	de	Pádua	Ribeiro,	Carlos
Alberto	Menezes	Direito	e	Nancy	Andrighi	votaram	com	o	Sr.	Ministro	Relator.	Ausente,
ocasionalmente,	o	Sr.	Ministro	Humberto	Gomes	de	Barros).
2)	Agravo	Regimental	no	Agravo	de	Instrumento	nº	549.356/SP	–	Rel.:	Min.	CASTRO	FILHO:-
“PROCESSUAL	CIVIL.	EMBARGOS	INFRINGENTES	NÃO	CONHECIDOS.
INTEMPESTIVIDADE	DO	RECURSO	ESPECIAL.	A	oposição	de	embargos	infringentes	tidos
por	incabíveis	NÃO	TEM	O	CONDÃO	DE	SUSPENDER	A	CONTAGEM	DO	PRAZO	para	a
interposição	do	recurso	especial.	Agravo	a	que	se	nega	provimento”	(ACÓRDÃO	UNÂNIME	de
26/08/2004	-	Os	Srs.	Ministros	Carlos	Alberto	Menezes	Direito	e	Nancy	Andrighi	votaram	com
o	Sr.	Ministro	Relator.	Ausentes,	justificadamente,	os	Srs.	Ministros	Antônio	de	Pádua	Ribeiro
e	Humberto	Gomes	de	Barros).
3)	Agravo	Regimental	no	Recurso	Especial	nº	547191/	DF	-	Rel.:	Min.	CARLOS	ALBERTO
MENEZES	DIREITO:-	“Agravo	regimental.	Recurso	especial.	Intempestividade.	Embargos
infringentes.	Descabimento.	Negativa	de	seguimento.	Interrupção	ou	suspensão	de	prazo.	Lei
nº	10.352,	de	26/12/01.	1.	Mesmo	com	as	modificações	introduzidas	pela	Lei	nº	10.352,	de
26/12/01,	em	relação	aos	artigos	498	e	530	do	Código	de	Processo	Civil,	os	embargos
infringentes	incabíveis,	assim	reconhecidos	em	decisão	monocrática	irrecorrida,	NÃO	TÊM	O
CONDÃO	DE	INTERROMPER	OU	SUSPENDER	O	PRAZO	PARA	O	RECURSO	ESPECIAL.
LOGO,	NA	HIPÓTESE	DE	DESCABIMENTO	DE	EMBARGOS	INFRINGENTES,	DEVE	O
RECURSO	ESPECIAL	SER	INTERPOSTO	DENTRO	DO	PRAZO	DE	15	(QUINZE)	DIAS,
CONTADOS	DA	PUBLICAÇÃO	DO	ACÓRDÃO	RECORRIDO.	2.	Agravo	regimental	desprovido”
(ACÓRDÃO	UNÂNIME	de	21/10/2003	-	Os	Srs.	Ministros	Castro	Filho	e	Antônio	de	Pádua
Ribeiro	votaram	com	o	Sr.	Ministro	Relator.	Ausentes,	ocasionalmente	os	Ministros	Nancy
Andrighi	e	Ari	Pargendler).
4ª	TURMA:	
Agravo	Regimental	no	Agravo	de	Instrumento	nº	505.055/	SC	–	Rel.:	Min.	JORGE
SCARTEZZINI:	-	“PROCESSO	CIVIL	-	AGRAVO	DE	INSTRUMENTO	-	NEGATIVA	DE
PROVIMENTO	-	AGRAVO	REGIMENTAL	-	EMBARGOS	INFRINGENTES	INCABÍVEIS	–	NÃO
CONHECIMENTO	-	SUSPENSÃO	OU	INTERRUPÇÃO	DO	PRAZO	RECURSAL	-
IMPOSSIBILIDADE	-	RECURSO	ESPECIAL	INTEMPESTIVO	-	DESPROVIMENTO.	1	-	Esta
Corte	já	pacificou	o	entendimento	no	sentido	de	que	A	INTERPOSIÇÃO	DE	RECURSO
INCABÍVEL	NÃO	SUSPENDE	E	NEM	INTERROMPE	O	PRAZO	PARA	A	APRESENTAÇÃO	DO
RECURSO	PRÓPRIO,	BEM	COMO	NÃO	IMPEDE	O	TRÂNSITO	EM	JULGADO	DE	ACÓRDÃO
IMPUGNADO	INADEQUADAMENTE.	In	casu,	os	embargos	infringentes	opostos	ao	v.	aresto
não	unânime,	que	manteve	inalterada	a	r.	sentença	de	primeiro	grau,	na	vigência	da	Lei
10.352/2001,	que	deu	nova	redação	ao	art.	530,	do	Código	de	Processo	Civil,	não	têm	o
condão	de	interromper	o	prazo	para	a	interposição	do	recurso	especial.	2	-	Precedentes	(AGA
535.370/RS,	RMS	14.151/MG	e	REsp	56.791/SP).	3	-	Agravo	regimental	conhecido,	porém,
desprovido”	(ACÓRDÃOUNÂNIME	de	14/09/2004).
5ª	TURMA:	
RECURSO	ESPECIAL	Nº	638.239/RS	–	Rel.:	Min.	FELIX	FISCHER:“PROCESSUAL	CIVIL.
EMBARGOS	INFRINGENTES.	APELAÇÃO.	PUBLICAÇÃO.	LEI	Nº	10.352/2001.
ANTERIORIDADE.	EMBARGOS	DE	DECLARAÇÃO.	PERÍODO	POSTERIOR.	LEI	NOVA.
REGÊNCIA.	I	-	Consoante	entendimento	pacífico,	a	lei	processual	nova	tem	incidência
imediata,	devendo	ser	aplicada	ao	processos	em	curso,	resguardados	os	atos	praticados	sob	a
legislação	revogada.	II	-	Publicados	os	embargos	de	declaração	contra	acórdão	não-unânime
que,	ao	julgar	a	apelação,	manteve	a	sentença,	quando	em	vigor	a	Lei	nº	10.352/2001,	NÃO
SÃO	CABÍVEIS	OS	EMBARGOS	INFRINGENTES,	AINDA	QUE	A	PUBLICAÇÃO	DO	JULGADO
QUE	DECIDIU	O	APELO	TENHA	SIDO	ANTERIOR	À	ALTERAÇÃO	DA	SISTEMÁTICA
RECURSAL.	III	-	A	parte	do	recurso	especial	que	se	dirige	contra	o	julgamento	da	apelação,	é
intempestiva,	porquanto	OS	EMBARGOS	INFRINGENTES,	QUANDO	INCABÍVEIS,	NÃO
INTERROMPEM	O	PRAZO	RECURSAL.	IV	-	O	dissenso	pretoriano	não	restou	caracterizado,
uma	vez	que	os	acórdãos	trazidos	à	colação	não	tratam	da	peculiaridade	da	modificação	da
Lei	de	regência	dos	embargos	infringentes	no	interregno	entre	a	publicação	do	julgamento	da
apelação	e	a	apreciação	dos	embargos	declaratórios	opostos	ao	julgado,	estando	ausente	a
indispensável	similitude	fática.	Recurso	não	conhecido”	(ACÓRDÃO	UNÂNIME	de
23/06/2004).
Meu	advogado,	Dr.	Nathanael	Lima	Lacerda,	peregrinou	semanalmente	a	Brasília	na
esperança	de	que	o	recurso	especial	fosse	devolvido	com	o	voto	da	ministra	que	pedira	vista
antecipada,	por	insistência	do	ministro	Carlos	Alberto	Menezes	Direito.
Representação	contra	a	ministra
Como	a	ministra	Nancy	Andrighi	estava	retardando,	sem	justificativa,	o	retorno	dos	autos	a
julgamento,	e	já	transcorridos	mais	de	100	(cem)	dias	e	15	sessões,	foi	feita	em	1º/06/2004,
uma	representação	(RP	nº	296-TO),	para	que	o	presidente	do	STJ	compelisse	a	ministra	a
retomar	o	julgamento,	tendo	sido	distribuída	ao	Ministro	César	Asfor	Rocha.
O	julgamento	caolho:	meia	vitória	do	banco
Tomando	conhecimento	da	representação,	e	naturalmente	melindrada,	a	ministra	Nancy
Andrighi	levou	a	julgamento	o	Recurso	Especial	logo	na	sessão	seguinte	(08/06/2004),	112
dias	após	o	pedido	de	vista,	e	encontrou	a	“solução”	pedida	pelo	ministro	Carlos	Alberto
Meneses	Direito,	ficando	assim	resumido	o	julgamento:
“RESULTADO	DE	JULGAMENTO:	“A	TURMA,	POR	MAIORIA,	AFASTOU	A	PRELIMINAR	DE
INTEMPESTIVIDADE	DO	RECURSO,	VENCIDO	O	SR.	MINISTRO	RELATOR;	EM	SEGUIDA,
AFASTOU	ALEGAÇÃO	DE	OFENSA	AO	ART.	530	DO	CÓDIGO	DE	PROCESSO	CIVIL,
VENCIDOS	OS	SRS.	MINISTROS	RELATOR	E	ANTÔNIO	DE	PÁDUA	RIBEIRO;	EM	SEGUIDA,
POR	UNANIMIDADE,	AFASTOU	ALEGAÇÃO	DE	OFENSA	AO	ART.	535	DO	CPC	E	AO	ART.	56
DA	LEI	DE	IMPRENSA	;	FINALMENTE,	NO	TOCANTE	AO	MÉRITO,	CONHECEU	DO
RECURSO	ESPECIAL	E	DEU-LHE	PARCIAL	PROVIMENTO,	NOS	TERMOS	DO	VOTO	DA	SRA.
MINISTRA	NANCY	ANDRIGHI.”	LAVRARÁ	O	ACÓRDÃO	A	SRA.	MINISTRA	NANCY
ANDRIGHI.”
Para	respaldar	seu	posicionamento	(“	encontrar	de	qualquer	forma	um	jeito	de	conhecer	do
recurso”),	foi	afrontado	o	entendimento	pacífico	de	todo	o	STJ,	no	sentido	de	que	“os
embargos	infringentes	não	suspendem	o	prazo	para	a	interposição	do	recurso	especial”,
havendo	inúmeros	precedentes	de	todos	os	integrantes	de	todas	as	Turmas	do	STJ,	inclusive
dela	própria,	que,	no	seu	acórdão,	diz:
“Ainda	que	incabíveis,	os	embargos	infringentes	interpostos	contra	parte	não	unânime	do
acórdão,	têm	o	condão	de	sobrestar	o	prazo	para	interposição	de	recurso	especial	contra	a
parte	unânime.	Interpretação	sistemática	dos	artigos	498	e	530	do	CPC,	em	atenção	às
peculiaridades	do	caso	concreto”.
As	“peculiaridades	do	caso	concreto”	não	foram	explicadas,	mas	supõe-se	que	seja	o	fato	de
estar	do	outro	lado	da	demanda	o	Banco	do	Brasil,	e,	também,	o	valor	da	indenização	(que	já
ultrapassava	mais	de	dois	milhões	de	reais),	levando	a	crer	que	alguns	integrantes	daquele
Tribunal,	antes	de	verem	as	questões	processuais,	buscam	verificar		quem	está	litigando.
A	ilustre	ministra	relatora	do	acórdão	esqueceu-se	de	que,	em	casos	idênticos,	sempre	votou
no	sentido	de	não	conhecer	do	recurso	em	tal	situação,	como	se	pode	ver	dos	acórdãos
supracitados.	Os	ministros	Castro	Filho	e	Menezes	Direito	votaram	em	precedentes	opostos.
Aliás,	escapou	o	voto	vencedor	do	posicionamento	pessoal	da	própria	condutora	,	ministra
Nancy	Andrighi,	que,	antes	do	seu	voto,	já	decidira	monocraticamente	em	pelo	menos	três
feitos	de	sua	relatoria,	no	sentido	de	não	conhecer	de	recurso	especial	quando	não	conhecidos
embargos	infringentes:
MEDIDA	CAUTELAR	NO	7.477/MG,	21	de	novembro	de	2002:
“............................................................................	Da	análise	perfunctória	dos	requisitos	de
admissibilidade	do	recurso	especial,	verifica-se	que	este	é	intempestivo,	uma	vez	que	o
acórdão	proferido	em	sede	de	embargos	de	declaração	foi	publicado	em	07/05/2003,	tendo
expirado	o	prazo	para	a	interposição	de	recurso	especial	em	22/05/2003.	Contudo	o	recurso
somente	foi	protocolado	em	27/06/2003.	Saliente-se	que	os	embargos	de	infringentes	não
foram	conhecidos	por	serem	incabíveis,	pois	o	acórdão	que	julgou	a	apelação,	apesar	de	não
unânime,	não	reformou	a	sentença	de	mérito.	Assim,	não	houve	suspensão	do	prazo	para
interposição	do	recurso	especial	iniciou-se	em	20/12/2002	(data	da	publicação	do	acórdão
proferido	em	sede	de	apelação,	como	anota	a	jurisprudência	do	STJ:	Resp	nº.	442.886/SC,	Rel.
Min.	Felix	Fischer,	Quinta	Turma,	DJ	31/03/2003,	Conclui-se,	pois,	que,	a	princípio,	o	apelo
extremo	não	apresenta	condições	de	admissibilidade.
Forte	em	tais	razões,	INDEFIRO	o	pedido	liminar.	Após,	remeta-se	o	processo	ao	i.	Min.
Relator.
Publique-se.	Intimem-se.
Brasília	(DF),	21	de	novembro	de	2003.
MINISTRA	NANCY	ANDRIGHI”
AGRAVO	DE	INSTRUMENTO	NO	567.068/SP,	2	de	fevereiro	de	2004:
“.............................................................................	Da	análise	dos	requisitos	de	admissibilidade
do	recurso	especial,	verifica-se	que	o	apelo	não	apresenta	condições	de	admissibilidade,	por
ser	intempestivo,	dado	que	os	embargos	infringentes	não	foram	conhecidos.
Em	conseqüência,	o	termo	inicial	para	a	contagem	do	prazo	Resp	nº.	227.611/PB,	Rel.	Min.
Felix	Fischer,	Quinta	Turma,	DJ	14/02/2000,	AGA	nº.	502.661/PE,	Rel.	Min.	Gilson	Dipp,
Quinta	Turma,	DJ	02/06/2003,	AGA	nº.	365.697/CE,	Rel.	Min.	Gilson	Dipp,	Quinta	Turma,	DJ
25/06/2001,	AGA	nº.	214.044/SP,	Rel.	Min.	Ari	Pargendler,	Segunda	Turma,	DJ	19/04/1999).
Como	o	recurso	especial	foi	interposto	apenas	em	11/07/2003,	resta	patente	a	sua
intempestividade.	Forte	em	tais	razões,	NEGO	PROVIMENTO	ao	agravo	de	instrumento.
Publique-se.	Intimem-se.
Brasília,	2	de	fevereiro	de	2004.
MINISTRA	NANCY	ANDRIGHI	–	Relatora”
AGRAVO	DE	INSTRUMENTO	NO	543.971/RS,	26	de	março	de	2004:
“Cuida-se	do	agravo	de	instrumento	interposto	por	Loraci	Ostroga	contra	decisão	monocrática
que	negou	seguimento	ao	recurso	especial	por	ela	interposto.	
Compulsando	os	autos,	verifica-se	a	existência	de	óbice	para	o	conhecimento	do	recurso
especial.	
O	acórdão	recorrido	foi	proferido	em	21.03.2002.	Contra	esse	julgado	foram	interpostos
embargos	de	declaração,	que	foram	rejeitados	por	acórdão	publicado	em	17.04.2002.
Em	razão	da	não	unanimidade	de	julgamento	do	acórdão	recorrido,	a	agravante	interpôs
embargos	infringentes.	Contudo,	não	foram	conhecidos	por	decisão	unipessoal	do	il.
Desembargador	Relator	relator,	por	não	ser	cabível	na	hipótese.
A	jurisprudência	do	STJ	firmou-se	no	sentido	de	que	a	interposição	de	embargos	infringentes
tidos	por	incabíveis	não	interrompe	o	prazo	recursal,	cuja	fluência	se	conta	da	data	de
publicação	do	acórdão	proferido	em	sede	de	embargos	de	declaração.
Nesse	sentido,	confiram-se	o	Recurso	Especial	442.886,	Rel.	Min.	Félix	Fischer,	DJ	de
31.03.2003	e	o	Agravo	no	Agravo	de	Instrumento	502.661,	Rel.	Min.	Gilson	Dipp,	DJ	de
13.05.2003,	esse	último	assim	ementado:
“PROCESSUAL	CIVIL.	EMBARGOS	INFRINGENTES	NÃO	CONHECIDOS.	TERMO	A	QUO
PARA	INTERPOSIÇÃO	DO	RECURSO	ESPECIAL.	INTEMPESTIVIDADE.	PRECEDENTES.

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