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Associação dos Advogados de São Paulo Rua Álvares Penteado, 151 Centro cep 01012 905 São Paulo SP tel (11) 3291 9200 www.aasp.org.br
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O NOVO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL
nº126_novo_cpc.pdf 1 22/04/2015 13:24:05
ISSN-0101-7497
Ano XXXV Nº 126 Maio de 2015
DIRETORIA
Presidente	 Leonardo Sica
Vice-Presidente	 Luiz Périssé Duarte Junior 
1º	Secretário	 Fernando Brandão Whitaker
2º	Secretário	 Renato José Cury
1º	Tesoureiro	 Marcelo Vieira von Adamek
2º	Tesoureiro	 Mário Luiz Oliveira da Costa
Diretora	Cultural	 Viviane Girardi
Assessor	da	Diretoria Ricardo de Carvalho Aprigliano
REVISTA DO ADVOGADO
Conselho	Editorial:	Eduardo Reale Ferrari, Fátima Cristina 
Bonassa Bucker, Fernando Brandão Whitaker, Flávia 
Hellmeister Clito Fornaciari Dórea, Juliana Vieira dos Santos, 
Leonardo Sica, Luís Carlos Moro, Luiz Périssé Duarte Junior, 
Marcelo Vieira von Adamek, Mário Luiz Oliveira da Costa, 
Nilton Serson, Paulo Roma, Pedro Ernesto Arruda Proto, 
Renato José Cury, Ricardo de Carvalho Aprigliano, Ricardo 
Pereira de Freitas Guimarães, Roberto Timoner, Rogério 
de Menezes Corigliano, Sérgio Rosenthal, Silvia Rodrigues 
Pereira Pachikoski, Viviane Girardi
Ex-Presidentes	da	AASP:	Walfrido Prado Guimarães, Américo 
Marco Antonio, Paschoal Imperatriz, Theotonio Negrão, 
Roger de Carvalho Mange, Alexandre Thiollier, Luiz Geraldo 
Conceição Ferrari, Ruy Homem de Melo Lacerda, Waldemar 
Mariz de Oliveira Júnior, Diwaldo Azevedo Sampaio, José de 
Castro Bigi, Sérgio Marques da Cruz, Mário Sérgio Duarte 
Garcia, Miguel Reale Júnior, Luiz Olavo Baptista, Rubens 
Ignácio de Souza Rodrigues, Antônio Cláudio Mariz de 
Oliveira, José Roberto Batochio, Biasi Antonio Ruggiero, 
Carlos Augusto de Barros e Silva, Antonio de Souza Corrêa 
Meyer, Clito Fornaciari Júnior, Renato Luiz de Macedo 
Mange, Jayme Queiroz Lopes Filho, José Rogério Cruz e 
Tucci, Mário de Barros Duarte Garcia, Eduardo Pizarro 
Carnelós, Aloísio Lacerda Medeiros, José Roberto Pinheiro 
Franco, José Diogo Bastos Neto, Antonio Ruiz Filho, Sérgio 
Pinheiro Marçal, Marcio Kayatt, Fábio Ferreira de Oliveira, 
Arystóbulo de Oliveira Freitas e Sérgio Rosenthal
Diretor	Responsável:	Luiz Périssé Duarte Junior
Jornalista	Responsável:	Reinaldo Antonio De Maria 
(MTb 14.641)
Coordenação-Geral:	Ana Luiza Távora Campi Barranco Dias
Capa:	Aline Vieira Barros - AASP
Revisão:	 Elza Doring, Luanne Batista, Milena Bechara e 
Paulo Nishihara - AASP
Editoração	Eletrônica:	Altair Cruz - AASP
Administração	 e	 Redação:	 Rua Álvares Penteado, 151 - 
Centro - cep 01012 905 - São Paulo-SP
tel (11) 3291 9200 - www.aasp.org.br
Impressão:	Rettec, artes gráficas
Tiragem:	97.000 exemplares
A	Revista do Advogado	 é	uma	publicação	da	Associação	
dos	 Advogados	 de	 São	 Paulo,	 registrada	 no	 6º	 Ofício	 de	
Registro	de	Títulos	e	Documentos	de	São	Paulo,	sob	nº	997,	
de	25/3/1980.
©	Copyright	2015	-	AASP
A	 Revista do Advogado	 não	 se	 responsabiliza	 pelos	
conceitos	emitidos	em	artigos	assinados.	A	reprodução,	no	
todo	ou	em	parte,	de	suas	matérias	 só	é	permitida	desde	
que	citada	a	fonte.
Solicita-se	permuta.	Pídese	canje.	On	demande	I’échange.	
We	ask	for	exchange.	Si	richiede	lo	scambio.
Toda	 correspondência	 dirigida	 à	 Revista do Advogado	
deve	ser	enviada	à	Rua	Álvares	Penteado,	151	-	Centro	-	
cep	01012		905	-	São	Paulo-SP.
SUMÁRIO
5	 	 Nota dos Coordenadores.
José Rogério Cruz e Tucci
	 	 Heitor Vitor Mendonça Sica
9	 	 Citações e intimações por meio eletrônico no Novo CPC.
Augusto Tavares Rosa Marcacini 
16	 	 O art. 3º do Novo Código de Processo Civil e o processo do 
trabalho.
Bruno Freire e Silva 
27	 	 Os honorários recursais no Novo Código de Processo Civil.
Bruno Vasconcelos Carrilho Lopes 
33	 	 Legitimidade recursal do amicus curiae no Novo CPC.
Camilo Zufelato 
39		(In)devido processo legislativo e o Novo Código de Processo 
Civil.
Cassio Scarpinella Bueno 
47	 	 A colaboração como norma fundamental do Novo Processo 
Civil brasileiro.
Daniel Mitidiero 
53	 	 A função contrafática do Direito e o Novo CPC.
Dierle Nunes 
58	 	 Nota sobre o incidente de conversão em ação coletiva.
Eduardo Talamini 
64	 	 Novo CPC: reflexões em torno da imposição e cobrança de 
multas.
Fabio Guidi Tabosa Pessoa 
76	 	 Negócios jurídicos processuais: uma nova fronteira?
Fábio Peixinho Gomes Corrêa 
83	 	 Um novo paradigma para o juízo de admissibilidade dos 
recursos cíveis.
Flávio Cheim Jorge 
Thiago Ferreira Siqueira 
89	 	 Convenção das partes em matéria processual no Novo CPC.
Flávio Luiz Yarshell 
95	 	 Estabilização da tutela provisória satisfativa e honorários 
advocatícios sucumbenciais.
Fredie Didier Jr. 
Paula Sarno Braga 
Rafael Alexandria de Oliveira 
101		 Partes e terceiros no Novo Código de Processo Civil.
Gláucia Mara Coelho 
107		 Técnicas de uniformização da jurisprudência e o incidente de 
resolução de demandas repetitivas.
Guilherme J. Braz de Oliveira 
Livro_126.indb 3 23/04/2015 16:28:41
ISSN-0101-7497
Livro_126.indb 4 23/04/2015 16:28:41
ISSN-0101-7497
115		 Primeiras impressões sobre a “estabilização da tutela 
antecipada”.
Heitor Vitor Mendonça Sica 
124		 A profundidade do efeito devolutivo nos recursos extraordinário 
e especial: o que significa a expressão “julgará o processo, 
aplicando o direito” (CPC/2015, art. 1.034)?
João Francisco Naves da Fonseca 
131		 O juiz, a aplicação do Direito e o Novo CPC.
José Carlos Baptista Puoli 
137		 Tutela provisória.
José Roberto dos Santos Bedaque 
143		 O regime do precedente judicial no Novo CPC.
José Rogério Cruz e Tucci 
152		 Novidades em matéria de embargos de declaração no CPC 
de 2015.
Luis Guilherme Aidar Bondioli 
158		 Uma provável ofensaà garantia da inafastabilidade do acesso 
à justiça no Novo CPC.
Marcelo José Magalhães Bonicio 
162		 Da expressa proibição à “decisão-surpresa” no Novo CPC.
Oreste Nestor de Souza Laspro 
169		 Motivação das decisões jurídicas e o contraditório: 
identificação das decisões imotivadas de acordo com o 
NCPC.
Paulo Henrique dos Santos Lucon 
175		 Anotações sobre a prova no Novo CPC.
Ricardo de Barros Leonel 
182		 A distribuição dinâmica do ônus da prova e o Novo CPC.
Ronnie Preuss Duarte 
Mateus Costa Pereira 
192		 Apontamentos sobre o saneamento e a organização do 
processo.
Swarai Cervone de Oliveira 
198		 O que se espera do Novo CPC?
Teresa Arruda Alvim Wambier 
204		 A prova pericial no Novo Código de Processo Civil.
William Santos Ferreira 
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Nota dos Coordenadores
José	Rogério	Cruz	e	Tucci
Advogado. Ex-presidente da AASP. Professor 
titular e diretor da Faculdade de Direito da 
USP. Coordenador do Conselho da Presidência 
do CNJ para a Disseminação Nacional da 
Jurisprudência Uniformizada.
Heitor	Vitor	Mendonça	Sica
Professor doutor de Direito Processual Civil 
da Faculdade de Direito da Universidade de 
São Paulo. Advogado.
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E xaltado	 quando	 aprovado,	 o	 Código	 de	 Processo	 Civil	 (CPC)	 de	 1973,	 nestas	últimas	quatro	décadas,	prestou-se,	de	um	lado,	a	reger	precipuamente	o	processo	contencioso	de	forma	segura	e	eficiente,	e,	de	outro,	a	construir	vigorosa	doutrina	
e	sólida	jurisprudência	acerca	de	institutos	e	mecanismos	que	marcaram	a	nossa	experiência	
jurídica.
Com	 o	 passar	 do	 tempo,	 no	 entanto,	 diante	 de	 um	 número	 crescente	 e	 alarmante	
de	 demandas,	 devido	 a	 vários	 fatores,	 o	 diploma	 processual	 em	 vigor	 sofreu	 sucessivas	
intervenções	 legislativas,	 que	 acabaram	 fragmentando	 demasiadamente	 a	 sua	 estrutura	
original.	Ressalte-se,	outrossim,	que,	acompanhando	as	tendências	de	vanguarda	da	ciência	
processual,	diferentes	paradigmas	foram	sendo	assimilados	e	aperfeiçoados	pelos	operadores	
do	Direito.	
Assim,	toda	esta	natural	evolução	recomendava,	de	modo	inexorável,	a	elaboração	de	um	
novel	CPC.	
Apresentado	ao	Senado	Federal,	o	Anteprojeto	que	se	transformou	no	Projeto	nº	166/2010,	
do	 novo	Codex,	 caracterizou-se	 por	 uma	 tramitação	 legislativa	 cuidadosa	 e	 participativa,	
imbuída	de	inequívoco	espírito	republicano.	Na	verdade,	em	reiteradas	oportunidades,	toda	a	
comunidade	jurídica	foi	convidada	a	oferecer	críticas	e	sugestões	à	sua	respectiva	elaboração.		
É,	sem	dúvida,	empenho	hercúleo	a	construção	de	nova	codificação,	qualquer	que	seja	o	
seu	objeto.
No	tocante	ao	processo	civil,	colocando	em	destaque	essa	evidente	dificuldade,	Carnelutti	
chamava	a	atenção	para	a	diferença	entre	a	arquitetura	científica	e	a	arquitetura	legislativa,	
sendo	certo	que	esta	não	deve	desprezar	os	valores	conquistados	pela	dogmática	jurídica.	
A	 tal	 propósito,	 nota-se,	 de	 logo,	 que	 o	 texto	 legal,	 finalmente	 sancionado	 em	 16	 de	
março	de	2015	–	Lei nº 13.105	–,	não	descurou	a	moderna	linha	principiológica	que	advém	
do	 texto	constitucional.	Pelo	contrário,	destacam-se	em	sua	 redação	 inúmeras	 regras	que,	
a	todo	momento,	procuram	assegurar	o	devido	processo	legal	aos	litigantes.	Até	porque	os	
fundamentos	de	um	CPC	devem	se	nortear,	em	primeiro	lugar,	pelas	diretrizes	traçadas	pela	
Constituição	Federal.	
E,	assim,	num	primeiro	exame	de	conjunto,	é	possível	afirmar	que	a	legislação	processual	
recém-sancionada	merece	os	maiores	encômios.
Embora	 passível	 de	 críticas	 pontuais,	 o	 novo	 Código	 encerra	 um	 modelo	 processual	
governado	pelas	garantias	do	due process of law.
Saliente-se,	por	outro	lado,	que	a	disciplina	legal	agora	aprovada,	em	vários	dispositivos,	
fomenta	 a	 solução	 consensual	 das	 controvérsias,	 em	particular,	 por	meio	 da	 conciliação	 e	
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da	mediação.	Não	é	preciso	registrar	que,	à	luz	desse	novo	horizonte	que	se	descortina	sob	
a	 égide	 do	novel	 diploma	processual,	 os	 aludidos	 protagonistas	 do	 foro	 não	 devem	medir	
esforços	no	rumo	da	composição	amigável	do	litígio.
Ademais,	o	legislador	adotou	importantes	novidades	em	prol	da	efetividade	do	princípio	da	
duração	razoável	do	processo,	inclusive	no	que	se	refere	à	atividade	satisfativa.
Há	que	se	lamentar	apenas	que	o	novo	Código	não	tenha	aproveitado	o	ensejo	para	também	
dispor	sobre	a	tutela	de	direitos	transindividuais	–	construída	com	base	nas	Leis	nº	7.437/1985	
e	nº	8.078/1990	–	ou	ao	menos	se	proposto	a	abrir	maior	interação	com	esse	microssistema.	
Ao	contrário,	o	sistema	eleito	aposta	decisivamente	na	valorização	do	precedente	judicial	e	
nos	mecanismos	de	aglutinação	de	processos	repetitivos.	
Em	cumprimento	a	mandamento	estatutário,	nesse	sentido,	procurando	contribuir,	como	
sempre	de	forma	pioneira,	para	o	aperfeiçoamento	dos	profissionais	do	Direito,	especialmente	
de	seus	sócios,	a	Associação	dos	Advogados	de	São	Paulo	oferece	a	presente	coletânea	de	
estudos,	estampada	na	prestigiosa	Revista do Advogado,	cujo	conteúdo	reúne	uma	análise	
preambular,	 tanto	 quanto	 possível	 de	 cunho	 prático,	 elaborada	 por	 inúmeros	 especialistas	
acerca	de	temas	de	grande	relevância	processual,	visando	à	melhor	exegese	e	compreensão	
do	CPC	de	2015.
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Augusto	Tavares	Rosa	Marcacini																																																																																						
Advogado em São Paulo. Mestre, doutor e 
livre-docente em Direito Processual pela Facul-
dade de Direito da USP. Professor do Programa 
de Mestrado em Direito da Sociedade da Infor-
mação e de Direito Processual Civil da UniFMU. 
Vice-presidente da Comissão de Direito Proces-
sual Civil da OAB-SP. Foi presidente da Comis-
são de Informática Jurídica e da Comissão da 
Sociedade Digital da OAB-SP.
Citações e intimações por meio 
eletrônico no Novo CPC.
Sumário
1. Introdução
2. O Novo CPC, a Informática e os atos de comu-
nicação
3. Natureza dos atos de comunicação por meio 
eletrônico
4. Citações e intimações eletrônicas no Novo 
CPC
5. Considerações finais
 Bibliografia
1 Introdução
A importância, para o processo, dos chamados 
atos de comunicação, a citação e a intimação, 
certamente é compreendida por todo e qualquer 
profissional do Direito que atue no contencioso. 
Tais atos, destinados a dar ciência às partes acer-
ca da própria existência do processo, no caso da 
citação, ou dos seus demais atos, tarefa cumprida 
pelas intimações, garantem praticamente a obser-
vância do princípio do contraditório. Além disso, 
em um cenário em que os litigantes têm prazos 
peremptórios para manifestação,prazos esses cuja 
inobservância pode lhes acarretar a perda de di-
reitos, é sobremaneira importante que haja trans-
parência e certeza sobre a correta prática dessas 
comunicações (leia-se: que o destinatário tenha 
tido ciência de seu conteúdo) e sobre qual é o mo-
mento preciso em que os prazos se iniciam.
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De um lado, pois, são instrumentos que, bem 
realizados, contribuem para um processo justo, 
afastando a iniquidade de julgar-se alguém que 
não tenha sido adequadamente ouvido. De ou-
tro lado, os defeitos desses atos de comunicação 
têm potencial para gerar nulidades que conta-
minam, se não todo o processo, grande extensão 
de seus atos; assim, até mesmo sob o ângulo da 
mera eficiência da máquina processual, é impor-
tante que citações e intimações não contenham 
vícios, a fim de se evitar que, com a decretação 
da nulidade, tenha-se desperdiçado tempo e es-
forços das partes e do próprio Poder Judiciário, a 
provocar outros meses ou anos de retardamento 
da causa.
A Informática muito pode contribuir para o 
processo, entre outros aspectos, tornando mais 
ágeis e precisos aqueles atos burocráticos internos 
ao órgão judicial, evitando que o cansaço gerado 
pela prática de trabalho humano puramente me-
cânico e repetitivo induza o funcionário a erros 
que provoquem nulidades. Basta lembrar, por 
exemplo, do tempo em que as intimações a pu-
blicar no Diário Oficial (em papel) eram, uma a 
uma, datilografadas pelo serventuário: quantas in-
timações não eram anuladas, em razão dos mais 
variados desvios formais, especialmente pela in-
correção da grafia do nome de partes e advogados. 
Um sistema automatizado, em que as informa-
ções constantes das intimações são retiradas auto-
maticamente de uma base de dados digital, reduz 
enormemente a chance de erros como esses. Mas, 
claro, a Informática não é uma panaceia. Ela tem 
um enorme potencial para colaborar com o siste-
ma judicial, mas também introduz novos proble-
mas e dificuldades.
2 O Novo CPC, a Informática e os atos 
de comunicação
Reconheça-se, inicialmente, que o Novo 
Código contém muitos progressos no que diz 
respeito a outros temas processuais. Entretanto, 
suas disposições sobre o uso das novas tecnolo-
gias são quase frustrantes. Pouco se avançou em 
relação às normas legais já vigentes, sejam as da 
Lei nº 11.419/2006, sejam as trazidas por reformas 
recentes ao Código de Processo Civil (CPC) de 
1973. Considerando que o Judiciário de todo o país 
vem promovendo uma rápida migração para o uso 
de autos digitais, era de se esperar que o Novo CPC 
dedicasse maior atenção a essas questões.
Aparentemente, neste campo, o Novo CPC é 
mais um produto de uma mesma espécie de sín-
drome que tem afetado o legislador atual. Pensa-
-se que basta fazer referências, na lei, ao uso de 
“meios eletrônicos” e tudo, como mágica, estará 
resolvido por si só. Outras leis recentes de nos-
so país já enveredaram nessa mesma trilha,1 e 
imensas lacunas são deixadas em aberto, talvez 
esperando que caiba aos técnicos da computação 
supri-las, e que eles implementem no sistema in-
formático aquilo que o legislador não definiu, não 
regulou, não deu forma nem conteúdo, tampouco 
definiu requisitos a serem observados, ou por vezes 
nem sequer indicou quem é o sujeito que reali-
zará as tarefas tecnológicas de que fala a lei. É 
1. Desde ao menos a Medida Provisória nº 2.200/2001, que ainda 
vige “provisoriamente” por força da EC nº 32, inúmeras outras leis, 
a pretexto de modernizar o direito e o processo, adequando-os às 
novas tecnologias da informação, não mais fizeram do que, de modo 
simplista, referir-se ao uso de “meios eletrônicos” ou usar expressões 
semelhantes, pouco ou nada colaborando para dar um regramento 
jurídico a tal uso, nem apontando soluções para os possíveis proble-
mas práticos dele decorrentes. Cite-se, como exemplos dessa síndro-
me de simplismo pseudotecnológico, as Leis nº 11.280/2006, que 
introduziu parágrafo único ao art. 154, permitindo a prática de atos 
por meio eletrônico, sem quaisquer outras considerações de cunho 
formal; nº 11.341/2006, que fala em “mídia eletrônica, em que ti-
ver sido publicada a decisão divergente” usada para fundamentar 
recurso especial por dissídio jurisprudencial, sem qualquer menção 
explícita a quem a publicou eletronicamente, nem como o fez; 
nº 11.382/2006, sobre emprego de meios eletrônicos nos atos de exe-
cução, com textos bastante lacônicos; nº 11.419/2006, que regula o 
chamado “processo eletrônico” e incluiu no CPC de 1973 diversas 
referências, pouco explicadas, a meios eletrônicos; ou nº 12.682/2012, 
sobre arquivamento e cópias de documentos em meios eletromagné-
ticos, um texto legal que em sua inteireza beira a inutilidade e que, 
se não tivesse sido vetado em metade de suas disposições, teria che-
gado à monstruosidade.
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possível que isso seja fruto de um absoluto desco-
nhecimento da tecnologia utilizada, de como ela 
funciona e, principalmente, de como é operada e 
de quem a controla.
Diga-se, ao menos, que tais problemas, decor-
rentes da má compreensão das novas tecnologias, 
não são exclusivamente nacionais.2 
Assim, de um lado, o novo Código corre o ris-
co de se tornar precocemente superado, quando, 
dentro de poucos anos, já não existirem autos em 
papel. No que toca especificamente aos atos de 
comunicação, que são objeto destas breves linhas, 
o uso da forma digital é aplicável a todos os pro-
cessos, mesmo os que ainda correm em autos fí-
sicos. Era de se esperar, então, que o Novo CPC 
tivesse dado mais atenção ao tema, o que, infeliz-
mente, não ocorreu.
3 Natureza dos atos de comunicação 
por meio eletrônico
Afirmar simplesmente que a citação ou inti-
mação poderão ser feitas por “meio eletrônico”, 
como o fez várias vezes o novo texto legal em co-
mento,3 parece ter o mesmo significado de dizer, 
no cenário anterior, que na sua prática seriam 
utilizadas “folhas de papel”. Ou seja, não se diz 
nada de juridicamente relevante, pois não descre-
ve o modo como se fará a comunicação por “meio 
eletrônico”, nem os requisitos a observar. Dúzias 
de diferentes “meios eletrônicos” podem, em tese, 
ser empregados para envio de uma comunicação 
a alguém, com diferentes maneiras de proceder 
ou variados requisitos de segurança a aplicar, que 
permitam extrair maior ou menor certeza de que 
o ato cumpriu sua finalidade. A título de compara-
ção, repare-se nas formalidades que a lei determi-
na para a prática dos mesmos atos, quando efetiva-
dos pela via postal ou por oficial de Justiça, formas 
essas que o atual legislador não deve ter julgado 
inúteis, pois as repetiu no novo Código: para a 
citação postal, estão no art. 248 e seus quatro pa-
rágrafos; para a citação por oficial, formalidades 
são previstas nos arts. 250 e 251.4 É incompreensí-
vel que o legislador não tenha o mesmo cuidado 
quando se trata de atos praticados eletronicamen-
te, deixando lacunas que poderão causar grande 
insegurança jurídica e alimentar novas questões 
processuais paralelas.
Por outro lado, seja lá como esses atos de co-
municação serão praticados em forma eletrônica, 
se por essa forma se quer dizer um envio remoto, a 
distância, da citação ou intimação, sem qualquer 
contato direto ou pessoal com o destinatário, isso 
se trata, essencialmente, de uma forma de comu-
nicação presumida.Presumir é admitir a existên-
cia de um fato, não por conhecimento direto do 
próprio fato, mas pelo conhecimento de um outro 
fato, a partir do qual, mediante um juízo mental 
(ou por determinação legal), se pode deduzir a 
existência do primeiro. Neste sentido, as intima-
ções feitas mediante publicação no Diário Oficial 
são essencialmente comunicações presumidas: da 
correta publicação do ato, forrado de seus requi-
sitos legais, presume-se que seu conteúdo tenha 
chegado ao conhecimento do advogado da causa, 
supondo a lei, de forma marginal, um dever pro-
fissional de ler tais publicações.
Assim, via de regra, uma comunicação eletrô-
nica é apenas uma forma presumida de dar ciên-
Comunicações por meios 
eletrônicos são intimações 
presumidas, não importa o 
que diga a lei.
2. V., a respeito, “The Italian Style of E-Justice in a Comparative 
Perspective” e “Information and communication technology for justice: 
the Italian experience”, de Marco Fabri.
3. V. arts. 183, § 1º, 231, inciso V, 246, inciso V, 270, 513, § 2º, inciso 
III, 535, 876, § 1º, inciso III, todos do Novo CPC.
4. Regras que correspondem às dos arts. 223, 225 e 226 do CPC de 
1973.
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cia do ato ao destinatário. A partir de registros ele-
trônicos gravados pelo sistema, relativos aos passos 
dados na realização desta comunicação, acredita- 
-se que o destinatário esteja ciente de seu teor.
Evidentemente, dada a relevância dos atos de 
comunicação, muita cautela há de ser tomada na 
previsão legal ou realização prática destes atos em 
suas formas presumidas. Pode-se até afirmar que 
o excesso na prática de atos de comunicação de 
forma presumida constitui violação das garan-
tias constitucionais do contraditório e do devido 
processo legal. Afinal, tais garantias determinam 
um modo de ser do processo e suas formas, limi-
tando o poder normativo do legislador. Dissesse 
a lei que, mediante o envio de sinais de fumaça, 
o réu estaria citado, por certo ninguém duvidaria 
da inconstitucionalidade da norma. Uma mera 
alusão da lei a “meios eletrônicos”, sem quaisquer 
outras considerações, apesar do ar de modernida-
de que aparenta ter, não faz da norma algo muito 
melhor do que o exemplo anterior. Especialmente 
porque, a depender dos meios eletrônicos que fo-
rem empregados, ou do descuido nas medidas de 
segurança a tomar, estes podem ser tão incertos e 
efêmeros quanto a fumaça...
De longa data temos sustentado que a melhor 
maneira de realizar atos de comunicação por meio 
eletrônico é pela forma editalícia, reproduzindo- 
-se em arquivos digitais publicamente disponibili-
zados a experiência do velho e conhecido Diário 
Oficial.5 O motivo para isso é que a ampla publi-
cidade e acessibilidade do canal de comunicação 
– levadas ao seu máximo com sua divulgação pela 
internet – servem para equilibrar a natureza pre-
sumida da mensagem, dando maiores possibilida-
des de que tenha chegado a seu destino e, espe-
cialmente, tornando publicamente demonstráveis 
suas eventuais falhas. É importante que o modelo 
eletrônico de comunicação a ser utilizado permi-
ta, de modo fácil e rápido, demonstrar a inexistên-
cia ou nulidade desses atos, evitando que a parte 
se coloque diante da kafkiana – e potencialmen-
te insuperável – situação de ter que demonstrar 
que o sistema informático judicial tenha falhado 
e que aquela suposta comunicação não foi rece-
bida. Imagine-se, a cada alegação de não recebi-
mento de uma comunicação judicial, ter-se que 
realizar uma perícia sobre o sistema informático 
utilizado pelo tribunal (isso, claro, se por absurdo 
não se criar uma presunção iuris et de iure de que 
os sistemas informáticos judiciais sejam os únicos 
no mundo imunes a erros...). Além disso, sob o 
ângulo econômico, é muitíssimo improvável que 
se encontre mecanismo tecnológico mais barato e 
menos sujeito a erros do que a feitura automática 
de um “jornal” em arquivo digital e sua corres-
pondente publicação na internet.
Qualquer que seja a forma de citar ou intimar 
mediante o uso de computadores, tal tarefa pressu-
põe a existência de regras prévias para estabelecer 
que os destinatários mantenham um relaciona-
mento constante com o modelo informático a ser 
utilizado. Obrigar alguém, um qualquer do povo, 
a utilizar – e saber utilizar corretamente – um sis-
tema informático para o fim de receber comuni-
cações judiciais, ao que nos parece, no contexto 
atual, seria uma exigência absurda. Pessoas com 
diferentes níveis de conhecimento ou familiarida-
de com a tecnologia não podem ser compelidas a 
usar computadores para receber tais atos.
Daí, citações e intimações eletrônicas devem 
ser definidas com muita cautela na lei. Os advoga-
dos das partes, em nosso país, já são intimados de 
forma presumida há cerca de um século por meio 
do Diário Oficial. Aceita-se com naturalidade, 
então, a obrigação desta nossa categoria de acom-
panhar o jornal diário, que mais recentemente 
passou a ser publicado em arquivos digitais, em 
tese, mais fáceis de ler e de encontrar a informação 
que lhe é dirigida. Exigi-lo, de modo constante e 
5. Maiores considerações a respeito foram tecidas no já decenal 
artigo “Intimações judiciais por meio eletrônico: riscos e alternativas”, 
também disponível on-line em: <http://augustomarcacini.net/index.
php/DireitoInformatica/IntimacoesEletronicas>. 
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diuturno, de qualquer do povo (alguém que pas-
sa a maior parte de seus dias sem receber qual-
quer dessas comunicações) parece-nos um grave 
desrespeito ao seu direito de ser adequadamente 
informado e uma restrição desnecessária a sua 
liberdade individual. Disso resulta a dificuldade 
que temos em aceitar a constitucionalidade de ci-
tações por meio eletrônico, exceto em situações 
peculiares, em que tal meio pode até mesmo ser 
mais seguro ao destinatário do que a citação pessoal.
4 Citações e intimações eletrônicas no 
Novo CPC 
Como já mencionado, o novo texto legal ape-
nas faz referências ao uso de meios eletrônicos 
na citação e intimação, sem descrever sua forma, 
nem seus requisitos mínimos de segurança, que 
permitam concluir que o ato atingiu sua finalida-
de. No máximo, remete para a “forma da lei”.
O problema é que a única lei em vigor sobre 
o tema, que traz um mero arremedo de previsão 
sobre a “forma” desses atos, é a Lei nº 11.419/2006, 
em seus arts. 4º a 7º. O art. 6º autoriza a citação 
por meio eletrônico segundo a “forma” do art. 5º, 
que descreve um meio confuso, falível e especial-
mente muito pouco transparente de se realizarem 
intimações. Aquela lei jamais esclareceu como 
adaptar tal proceder às citações que, como dito 
acima, exigiriam uma prévia inserção do destina-
tário do ato – ou seja, a própria parte – no ambiente 
informático utilizado.
O Novo CPC, correndo o risco de inundar o 
Judiciário com novas questões formais, parece 
desejar levar adiante essa tentativa de amplamente 
realizar citações por meio eletrônico. É o que se lê 
nos parágrafos do art. 246: 
“§ 1º - Com exceção das microempresas e das 
empresas de pequeno porte, as empresas públicas 
e privadas ficam obrigadas a manter cadastro jun-
to aos sistemas de processo em autos eletrônicos, 
para efeito de recebimento de citações e intima-
ções, as quais serão efetuadas preferencialmente 
por esse meio.
§ 2º - O disposto no § 1º aplica-se à União, aos 
Estados,ao Distrito Federal, aos Municípios e às 
entidades da administração indireta”.
Essa má ideia de se fazer esse “cadastro” (algo 
também muito pouco regrado na lei), e para esse 
fim, é objeto de nossas críticas desde o trâmite do 
projeto que resultou na Lei nº 11.419/2006.6 Man-
ter íntegro e atualizado um cadastro populacional 
dessas dimensões é tarefa cujas dificuldades ainda 
não foram experimentadas pelo Poder Judiciário, 
e soa um tanto quanto arriscada a pretensão do 
legislador de se realizar essa experiência na prá-
tica de atos processuais tão importantes como as 
citações. Por outro lado, não está claro na lei qual 
será a consequência de não se cadastrar.
O novo texto também andou mal ao definir 
por exclusão os sujeitos obrigados a tal cadastro. 
Ao invés de dizer diretamente quem teria obri-
gação de se cadastrar, o § 1º, usando categorias 
emprestadas do Direito Empresarial, excepciona 
quem não está obrigado. Se, amanhã, a lei socie-
tária criar novas modalidades de pequenas pessoas 
jurídicas (que, por certo, não deveriam igualmente 
ser obrigadas ao cadastro), ou transformar estas 
que são referidas no parágrafo, isso poderá trazer 
novos problemas práticos. 
Mesmo a obrigação de se cadastrar imposta a 
todas as empresas de maior porte soa um enorme 
despropósito. A experiência sugere que há muitas 
empresas médias no país que apenas eventual-
Exigir da parte acesso a um 
sistema informático que nada 
lhe transmitirá é uma restrição 
de sua liberdade individual.
6. V. nota nº 5.
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mente tiveram problemas judiciais ao longo de 
toda a sua existência. Obrigar uma empresa des-
sas, que foi a juízo umas poucas vezes em déca-
das, a acompanhar diária ou semanalmente um 
“meio eletrônico” qualquer, a fim de verificar se 
está sendo citada, é uma imposição desmedida, 
que atinge sua liberdade desnecessariamente, e 
haverá de agregar custos desproporcionais aos que 
diligentemente tentarem se manter atentos à re-
gra; ou servirá para surpreender os mais incautos 
com uma repentina e despercebida citação, após 
meses ou anos em que nada lhes foi comunicado 
pelo sistema.
Além disso, a forma como tais citações serão 
realizadas aos sujeitos assim cadastrados é uma 
absoluta incógnita. Embora a nova lei tenha in-
cluído a obrigatoriedade de informar no processo 
o endereço de e-mail das partes,7 e usá-lo para in-
timar tenha sido ventilado durante o trâmite do 
projeto, felizmente não restou no texto aprovado 
nenhuma referência ao envio de intimações ou 
citações por correio eletrônico. Agiu bem o legis-
lador em retirar tais referências do texto final, eis 
que o e-mail não é uma via confiável para a práti-
ca de comunicações formais e sensíveis como es-
sas. A exigência de informar o endereço eletrônico 
deve ser vista, assim, como uma forma de permitir 
um canal auxiliar de comunicação com a parte 
(por exemplo, para avisá-la automaticamente da 
redesignação de uma audiência ou passar-lhe da-
dos da causa); ademais, ninguém pode ser obri-
gado a ter um endereço eletrônico ou a utilizá-lo 
com frequência.
5 Considerações finais
As disposições sobre atos de comunicação por 
meio eletrônico mereceriam maior análise, tanto 
por parte da comunidade jurídica como por parte 
do legislador, sendo aqui sugerido que os artigos 
correlatos, constantes do Novo CPC, sejam objeto 
de uma revisão.
Em primeiro lugar, no que toca às intimações, 
depois que praticamente todo o Poder Judiciário 
nacional adotou com sucesso o Diário Eletrônico 
da Justiça, meio fácil, rápido, barato e pouco sus-
cetível a erros, não há por que se pensar em criar 
na lei outra maneira de praticar tais atos. Evidente-
mente, tais intimações eletrônicas só são admissí-
veis para os casos em que a parte deva ser intimada 
na pessoa de seu advogado, o que ocorre quando 
os atos a realizar após a intimação tenham a na-
tureza de atos de postulação (DINAMARCO, 
2001, p. 431). Para as situações em que se exige 
intimação pessoal da própria parte, para a prática 
de atos personalíssimos, sua forma, a princípio, 
não pode ser eletrônica (e, não importa o que 
diga a lei, uma intimação eletrônica não pode ser 
considerada “intimação pessoal”), excetuadas as 
situações que sugerimos a seguir.
Se é intenção do legislador agilizar o proces-
so simplificando a citação, melhor seria citar de 
forma editalícia, pelo Diário Eletrônico, somente 
os grandes litigantes; isto é, aqueles que, pelo vo-
lume de processos que mantêm em juízo, já têm 
o ônus de regularmente acompanhar o diário ele-
trônico, e certamente o fazem. É muito mais razoá-
vel definir que apenas a pessoa jurídica que tenha, 
digamos, uns 20 ou 30 processos em andamento 
em uma mesma Justiça Estadual ou Seção Ju-
diciária passe a receber citações pelo próprio DJe 
(sendo desnecessário qualquer cadastro!) do que 
obrigar dezenas ou centenas de milhares de em-
presas a manterem um cadastro atualizado junto 
ao Poder Judiciário, tudo isso para serem citadas de 
um modo mal explicado na lei. Sem contar, in-
sista-se, com as dificuldades e custos que o Poder 
Judiciário haverá de ter com o desenvolvimento 
de sistemas para a criação do próprio cadastro, e a 
manutenção de ambos ao longo do tempo.
Na medida em que o Poder Judiciário está se 
informatizando, um sistema bem desenvolvido 
7. V. art. 319, inciso II.
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Bibliografia
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Processual Civil. v. III. São Paulo: Malheiros, 2001.
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for justice: the Italian experience. In: OSKAMP, Anja; 
LODDER, Arno; APISTOLA, Martin (Org.). IT Support 
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Perspective. In: MARTINEZ, Agustí Cerrillo i; ABAT, 
Pere Fabra i (Org.). E-Justice – Using Information 
Communication Technologies in the Court System. Hershey: 
Information Science Reference, 2009. p. 1-19.
MARCACINI, Augusto Tavares Rosa. Intimações judiciais 
por meio eletrônico: riscos e alternativas. Direito em bits. 
São Paulo: Fiuza, 2004. p. 35-61.
não teria dificuldades em constatar, até mesmo 
em tempo real, quem são os grandes litigantes 
que superem o mínimo definido pela lei e – seria 
prudente fazê-lo – automaticamente cientificá-los 
de que suas futuras citações e intimações pessoais 
serão substituídas, a partir daí, por publicações no 
DJe. De certo modo, até para o destinatário des-
ses atos, uma vez ciente de que passará a ser assim 
citado e intimado, haverá de ser mais simples e 
seguro acompanhar o jornal eletrônico do que as 
demais formas de comunicação que são esboçadas 
no Novo CPC e na Lei nº 11.419/2006. 
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Bruno	Freire	e	Silva																																																																																						
Advogado em São Paulo, Rio de Janeiro e 
Brasília. Professor adjunto de Teoria Geral do 
Processo da Universidade do Estado do Rio de 
Janeiro (Uerj) e professor titular do Programa 
de Mestrado da Universidade de Ribeirão Preto 
(Unaerp). Membro da Associação dos Advogados 
de São Paulo, do Instituto dos Advogados de 
São Paulo e do Instituto Brasileiro de Direito 
Processual.
Oart. 3º do Novo Códigode 
Processo Civil e o processo do trabalho.
Os meios alternativos de solução de conflitos se aplicam 
nessa seara processual?
Sumário
1. Introdução
2. A aplicação do Novo Código de Processo Civil 
ao processo do trabalho
3. O art. 3º do Novo Código de Processo Civil e 
sua repercussão no processo do trabalho
3.1. Arbitragem
3.2. Conciliação 
3.3. Mediação
4. Conclusão
 Bibliografia
1 Introdução
O art. 3º do Novo Código de Processo Civil 
(CPC) trata do acesso à Justiça e das formas de 
resolução dos conflitos, permitindo a utilização 
da arbitragem (na forma da lei), conciliação, me-
diação e outros métodos de solução consensual de 
conflitos, que deverão ser estimulados pelos juí-
zes, advogados, defensores públicos e membros do 
Ministério Público.
Neste breve e despretensioso trabalho, procura-
mos realizar a leitura desse dispositivo sob a ótica 
do processo do trabalho, tendo em vista a aplicação 
subsidiária do Novo CPC nessa seara processual, 
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conforme expressa previsão do art. 769 da Con-
solidação das Leis do Trabalho (CLT) e art. 15 do 
próprio CPC.
2 A aplicação do Novo Código de 
Processo Civil ao processo do trabalho
O art. 15 do Novo CPC dispõe que 
“na ausência de normas que regulem proces-
sos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as 
disposições deste Código lhes serão aplicadas 
supletiva e subsidiariamente”. 
O dispositivo enuncia norma já vigente no or-
denamento brasileiro, segundo a qual o processo 
comum é fonte subsidiária dos processos espe-
ciais, como o processo do trabalho, objeto deste 
breve estudo. 
O Título X da CLT trata “Do Processo Judi-
ciário do Trabalho”. Em suas disposições preli-
minares, determina o art. 763 que 
“o processo da Justiça do Trabalho, no que 
concerne aos dissídios individuais e coletivos e à 
aplicação de penalidade, reger-se-á, em todo o ter-
ritório nacional, pelas normas estabelecidas neste 
Título”.
Ocorre que a CLT é omissa em muitos aspec-
tos processuais e, assim, aplica-se a lei processual 
comum subsidiariamente. Há, inclusive, previsão 
expressa de aplicação subsidiária do CPC nas hipó-
teses de omissão da lei trabalhista, como preveem 
os arts. 769 e 889 da CLT.1
A aplicação subsidiária da legislação processual 
civil ao processo do trabalho é, inclusive, objeto de 
algumas súmulas do Tribunal Superior do Trabalho 
(TST), a exemplo do Enunciado nº 435: 
“ART. 557 DO CPC. APLICAÇÃO SUBSIDIÁ-
RIA AO PROCESSO DO TRABALHO. Aplica-se 
subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 557 
do Código de Processo Civil”.
Diante dessa grande lacuna legislativa proces-
sual trabalhista, alguns estudiosos chegaram até a 
negar a existência de uma autonomia do Direito 
Processual do Trabalho. Octávio Bueno Magano 
(1990, p. 78-9) já afirmou que: 
“A pertinência do processo à atividade jurisdi-
cional, e a sua não pertinência ao direito material, 
mostra ser impossível sustentar-se a autonomia de 
um processo trabalhista pela simples circunstância 
de se estatuírem procedimentos especiais para a 
composição de lides do trabalho. Quanto aos prin-
cípios que estadeariam o seu particularismo, é pre-
ciso ter presente, em primeiro lugar, que surgiram 
quase todos a modo de contraponto aos princípios 
e peculiaridades do processo comum, quando este 
possuía feições marcadamente individualistas, o 
que não mais ocorre nos dias atuais. A conclusão 
no sentido de não passar o processo de um ramo 
ou divisão do direito processual civil, desprovido de 
autonomia, além de lastreada no magistério de re-
nomados juristas, constitui, no Brasil, consectário 
da regra inserta no art. 8º, XVII, b, da Constituição 
vigente (art. 22, I, CF/1988), que se refere a um 
único Direito Processual”.
A despeito da existência ou não da referida au-
tonomia, enquanto inúmeros projetos de reforma 
que poderiam ter o condão de reduzir essas lacu-
nas não se concretizam, é necessária uma inces-
sante complementação das regras do processo do 
trabalho com os institutos do processo comum. 
1. Art. 769 da CLT: “Nos casos omissos, o direito processual comum 
será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto 
naquilo em que for incompatível com as normas deste Título”.
Art. 889 da CLT: “Aos trâmites e incidentes do processo da execução 
são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, 
os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a 
cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal”.
É necessária uma incessante 
complementação das regras do 
processo do trabalho com os 
institutos do processo comum.
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É digno de registro que há duas formas de apli-
cação subsidiária do processo comum ao proces-
so do trabalho: 1º) Supletividade expressa – indica 
pontualmente os dispositivos do processo comum 
a serem aplicados no processo do trabalho. 2º) Suple-
tividade aberta – dispõe genericamente que as 
normas do processo comum são subsidiárias do 
processo do trabalho.
Na CLT encontramos dispositivos que indicam 
pontualmente os artigos do CPC a serem aplicados 
no processo do trabalho, como o 836, que dispõe 
sobre a utilização da ação rescisória,2 e o 882, que 
estabelece a observância da ordem de gradação le-
gal prevista no art. 655 do CPC,3 os quais deverão 
ser atualizados diante do Novo CPC. 
Além dessa previsão de supletividade expressa, 
com indicação pontual dos dispositivos do CPC a 
serem aplicados no processo do trabalho, não se 
pode olvidar a previsão de supletividade aberta, 
através da previsão genérica de aplicação subsidiá-
ria do CPC no já citado art. 769 da CLT, in verbis: 
“Nos casos omissos, o direito processual co-
mum será fonte subsidiária do direito processual 
do trabalho, exceto naquilo em que for incompa-
tível com as normas desse Título”.
Podemos concluir, pois, que o sistema adotado 
pelo legislador brasileiro de aplicação do processo 
comum ao processo do trabalho é misto ou eclé-
tico, isto é, utiliza tanto os subsídios da supletivi-
dade expressa como aberta. 
Assim, o Direito Processual Civil é fonte sub-
sidiária do Direito Processual do Trabalho, além 
daquelas situações expressamente previstas pelo 
legislador, nas hipóteses de omissão desta e com-
patibilidade daquela, de acordo com os termos já 
transcritos do art. 769 da CLT.
Na verdade, de acordo com a leitura do referi-
do dispositivo, podemos extrair os seguintes requi-
sitos para aplicação subsidiária do CPC na suple-
tividade aberta: I) a matéria não esteja regulada de 
outro modo na CLT (omissão na lei trabalhista); 
II) não viole os princípios do processo do trabalho; 
III) adapte-se às peculiaridades do procedimento 
da reclamação trabalhista.
Esse autêntico exercício de heterointegração 
do direito, de supletividade do processo comum 
ao sistema processual trabalhista, não é exclusivi-
dade do ordenamento jurídico brasileiro.
Em Portugal, o Decreto-Lei nº 480/1999, que 
consiste no Código de Processo do Trabalho, es-
tabelece em seu art. 1º que “nos casos omissos, 
recorre-se sucessivamente à legislação processual 
comum” (NETO, 2002, p. 22).
Na Argentina, o art. 155 da Lei nº 18.345/1969, 
consistente na Organización y Procedimiento 
Laboral, adota dois critérios para a matéria: a) o 
da supletividadeexpressa, que indica pontual-
mente os dispositivos do Código Procesal Civil y 
Comercial de la Nación que são aplicáveis ao pro-
cesso; e b) o de supletividade aberta, que é seme-
lhante à regra brasileira: “Las demás disposiciones 
del Código Procesal Civil y Comercial de la Nación 
serán supletorias en la medida que resulten com-
patibles con el procedimiento reglado en esta ley” 
(PIROLO, 2006, p. 424-5).
Em síntese, portanto, diante da norma do art. 
769 da CLT e, agora, do art. 15 do novo Códi-
go, tem-se fortalecida a aplicação subsidiária do 
processo civil ao processo do trabalho, o que ex-
plica a relevância da análise dos novos institutos 
processuais numa leitura voltada para os operado-
res do Direito do Trabalho. Devido às limitações 
do presente trabalho, restringimos nossa análise 
ao art. 3º do novo diploma, que positiva formas 
alternativas de solução de conflitos. Vejamos sua 
aplicação ao processo do trabalho. 
2. Art. 836: “É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer 
de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previs-
tos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do 
disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei 5.869, de 11 de janeiro 
de 1973, Código de Processo Civil, dispensando o depósito referido 
nos arts. 488, inc. II, e 494 daquele diploma legal”.
3. Art. 882: “O executado que não pagar a importância reclamada 
poderá garantir a execução mediante depósito da mesma, atualizada 
e acrescida das despesas processuais, ou nomeando bens à penhora, 
observada a ordem preferencial estabelecida no art. 655 do Código 
de Processo Civil”.
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3 O art. 3º do Novo Código de 
Processo Civil e sua repercussão 
no processo do trabalho
O art. 3º do Novo CPC estabelece que:
“Não se excluirá da apreciação jurisdicional 
ameaça ou lesão a direito.
§ 1º - É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º - O Estado promoverá, sempre que possí-
vel, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º - A conciliação, a mediação e outros mé-
todos de solução consensual de conflitos deverão 
ser estimulados por juízes, advogados, defensores 
públicos e membros do Ministério Público, inclu-
sive no curso do processo judicial”.
O art. 3º do Novo CPC consiste na positivação, 
no Novo CPC, do princípio da inafastabilidade do 
controle jurisdicional, consignado no art. 5º, inciso 
LV, da Constituição Federal (CF): “a lei não ex-
cluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito”. Trata-se de consequência do 
que a doutrina chama de constitucionalização 
do processo.
O acesso à Justiça pode ser considerado como a 
mais importante das garantias processuais constitu-
cionais. Conforme aponta Leonardo Greco (2005, 
p. 225-6), 
“todas as pessoas naturais e jurídicas, indepen-
dentemente de qualquer condição, têm o direito de 
dirigir-se ao Poder Judiciário e deste receber respos-
ta sobre qualquer pretensão. Este é um direito que 
todos devem ter a possibilidade concreta de exer-
cer, para a tutela de qualquer direito ou posição 
de vantagem, inclusive os de natureza coletiva ou 
difusa, tanto nas relações entre particulares como 
naquelas entre particular e o Estado, pois sem ela 
perdem os cidadãos a possibilidade de viverem em 
sociedade sob o império da lei”. 
Ao lado da resolução de conflitos pela jurisdição 
estatal, o novo Código amplia o âmbito do acesso à 
Justiça, consagrando expressamente no texto legal 
meios alternativos de resolução de conflitos. O § 1º 
trata da arbitragem, e os §§ 2º e 3º dispõem sobre 
a solução consensual, notadamente através da me-
diação e da conciliação. 
Os conceitos podem gerar certa confusão. Por 
meio de uma negociação, as partes envolvidas 
num litígio buscam diretamente e sem interve-
niência de uma terceira pessoa chegar a uma solu-
ção consensual. Frustrada essa tentativa, pode-se 
passar à mediação, por meio da qual se insere a 
figura de um terceiro, que irá atuar junto às partes 
litigantes para conseguir obter a pacificação do 
conflito. Fala-se em modalidade passiva quando 
o mediador apenas escuta as versões, tenta apazi-
guar as partes, mas não introduz o seu ponto de 
vista. E, modalidade ativa, quando o mediador 
interage com as partes e apresenta propostas para 
solução do conflito. No Direito brasileiro esse úl-
timo modelo recebe o nome de conciliação e está 
ligado ao Poder Judiciário. E, por fim, na arbitra-
gem, um terceiro, que não pertence ao Poder Ju-
diciário, na hipótese de as partes não conciliarem, 
profere uma decisão para solução da controvérsia, 
que deverá ser respeitada pelas partes.
A doutrina fala de meios de autocomposição e 
heterocomposição de solução dos conflitos. Con-
forme esclarece Ana Paula Pellegrina Lockmann 
(2014, p. 127-128), 
“a autocomposição é a forma direta de solução 
do conflito, na qual os litigantes, em consenso e 
sem o emprego da força, fazem concessões recípro-
cas mediante ajustes de vontade, chegando à so-
lução pacífica da controvérsia. Pode se dar à mar-
gem do processo (extraprocessual) ou no bojo do 
próprio processo (intraprocessual). São exemplos 
Ao lado da resolução de 
conflitos pela jurisdição estatal, 
o novo Código amplia o âmbito 
do acesso à Justiça.
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de autocomposição trabalhista a convenção coleti-
va de trabalho e o acordo coletivo de trabalho (art. 
611 e seguintes da CLT), a mediação e a concilia-
ção, inclusive a celebrada no âmbito da Comissão 
de Conciliação Prévia – CCP (art. 625-E da CLT). 
Na heterocomposição, o conflito é solucionado por 
um terceiro, que decide a lide com força obrigató-
ria sobre os litigantes. Observe que, enquanto na 
autocomposição o resultado é obtido diretamente 
pelas próprias partes (ainda que haja a participa-
ção de um mediador ou conciliador como facilita-
dores), na heterocomposição os litigantes (ou um 
deles, no caso de ação judicial) submetem a lide a 
um terceiro em busca de uma solução por ele a ser 
firmada. Podemos citar a jurisdição e a arbitragem 
como exemplos de heterocomposição”. 
Acerca desta tendência do Direito Processual 
de busca de alternativas para solução dos conflitos, 
agora adotada no Novo CPC, Cintra, Grinover e 
Dinamarco (2012, p. 44) lecionam que “alarga-se 
o conceito de acesso à justiça, compreendendo os 
meios alternativos, que se inserem em um amplo 
quadro de política judicial”. Vejamos cada um deles 
e sua aplicação ao processo do trabalho.
3.1. Arbitragem
A arbitragem pode ser definida como 
“um meio essencialmente privado e efetivo, 
escolhido pelas partes com o objetivo de obter um 
provimento resolutivo final e vinculante para uma 
dada disputa, sem a necessidade de se recorrer à 
Corte Estatal” (REDFERN; HUNTER, 2009, p. 2).
No Brasil a arbitragem é regulada pela Lei 
nº 9.307/1996, e, diante de anterior polêmica 
quanto à natureza do instituto, o Fórum Perma-
nente de Processualistas Civis editou enunciados 
que apontam para o seu caráter jurisdicional,4 
diante da desnecessidade de posterior validação 
da decisão arbitral ou homologação estatal.
Não obstante a opção legislativa do Novo CPC, 
que consolida no processo comum a arbitragem 
como meio alternativo de solução de conflitos, o 
tema ainda gera bastante polêmica no processo do 
trabalho.
A jurisprudência trabalhistamajoritária, na 
verdade quase unânime, não admite a arbitragem 
como solução alternativa para solução de lides na 
seara das relações trabalhistas.5
Luciano Athayde Chaves (2012, p. 147) ressal-
va que “é de se considerar que a legislação traba-
lhista tem viés protetor em relação ao trabalhador, 
em razão de suas vulnerabilidades (técnica, eco-
nômica e social), o que implica a necessária inter-
venção do Estado ou de entidade delegada para a 
realização de atos relacionados com o contrato de 
trabalho”. E, assim, conclui: 
“Parece-me, contudo, que a vedação à arbi-
tragem – salvo situações excepcionais, em que 
ausentes as vulnerabilidades que, de ordinário, to-
cam ao sujeito ativo do contrato de trabalho, com 
ou sem subordinação – é medida que melhor se 
ajusta ao nosso sistema social e jurídico” (CHA-
VES, 2012, p. 149).
Na verdade, quanto a esse tema, é necessário 
perquirir se o crédito trabalhista é passível de ser 
objeto de transação ou não. A mera alegação de 
que se trata de direito indisponível não nos parece 
a melhor solução. 
A questão merece maior reflexão, uma vez que, 
após a extinção da relação de trabalho, desde que 
haja controvérsia quanto às parcelas objeto do lití-
gio, não vislumbramos impedimento para utiliza-
ção de tal forma de solução de conflitos judiciais, 
4. “1. Art. 3º; Art. 42. O árbitro é dotado de jurisdição para processar 
e julgar a controvérsia a ele apresentada, na forma da lei. (Grupo: 
Arbitragem – Enunciado aprovado por aclamação)”.
“3. Art. 16; Art. 42; Art. 69, § 2º. O árbitro é juiz de fato e de direito e 
como tal exerce jurisdição sempre que investido nessa condição, nos termos 
da lei. (Grupo: Arbitragem – Enunciado aprovado por aclamação)”.
5. “AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ARBITRAGEM. DIREITO INDIVI-
DUAL. IMPOSSIBILIDADE. Tendo em vista o caráter de indisponibi-
lidade e irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, é vedada a arbitra-
gem nas relações individuais de trabalho. Inteligência do art. 1º da Lei 
n. 9.307/96. Precedentes do C. TST. Recurso ordinário a que se nega 
provimento” (TRT-2ª Região, Proc. RO nº 00712001120095020442, 
Rel. Juiz Edilson Soares de Lima, 23/9/2011).
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especialmente naquelas situações em que inexiste 
a hipossuficiência econômica.
Nesse sentido é digno de registro que a arbitra-
gem é plenamente aceita e aplicada nos dissídios 
coletivos, conforme previsão do art. 114, §§ 1º e 2º, 
da CF. Nesse caso, não há que se falar em hipos-
suficiência econômica em razão da participação 
dos sindicatos, conforme entendimento da juris-
prudência laboral.6
Não são todos os direitos trabalhistas que são 
irrenunciáveis. Há alguns que podem ser objeto 
de transação, como redução de jornada de trabalho 
e consequente redução salarial. O art. 7º, inciso VI, 
da CF é claro no sentido de que 
“são direitos dos trabalhadores urbanos e ru-
rais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: irredutibilidade do salário, salvo 
o disposto em convenção ou acordo coletivo”. 
Ora, conforme o texto expresso da CF, desde que 
disposto em convenção ou acordo coletivo, é possí-
vel a redução salarial. Tal disposto visa resguardar o 
trabalhador para os momentos de crise financeira. 
Pergunta-se: é melhor perder o emprego num mo-
mento de crise econômica ou ter o salário reduzido?
Nesse contexto ganha espaço a corrente de fle-
xibilização das normas trabalhistas, que deixam 
de ser intocáveis, para se adaptarem a novas reali-
dades econômicas. Flexibilizar significa adaptar, 
tornar flexível. Permite-se, pois, a atenuação das 
formas rígidas do Direito do Trabalho em deter-
minadas situações econômicas, em oposição a um 
Direito inflexível e engessado.
Conforme ressaltam Fabíola Marques e Cláudia 
José Abud (2007, p. 13), 
“não equivale à desregulamentação, ou seja, 
à eliminação de normas do ordenamento jurídi-
co estatal, mas sim à promoção do ajustamento 
da legislação trabalhista, contratual, à realidade 
sem atingir seus fundamentos dogmáticos nem 
modificar sua estrutura normativa. Em outras pa-
lavras, significa a busca de novo paradigma para 
o contrato individual de trabalho, sem abandonar 
o protecionismo clássico da legislação trabalhista 
cogente”.
É conhecido no meio jurídico o caso da 
Volkswagen, que, em vez de realizar uma dispen-
sa em massa, optou por, com a intervenção do 
sindicato, reduzir a carga horária e consequente 
salário de seus operários, para que fosse respeitada 
a garantia do emprego e um de seus principais 
corolários, a dignidade da pessoa humana. A flexi-
bilização, pois, é um válido caminho a seguir.
É lógico que existem inúmeras vozes desfavo-
ráveis a ela. Algumas mais radicais, conforme o 
autor Luiz Souto Maior (2009, p. 27): “É totalmen-
te equivocado considerar que os acordos e conven-
ções coletivas de trabalho possam sem qualquer 
avaliação de conteúdo reduzir direitos trabalhistas 
legalmente previstos, simplesmente porque a cons-
tituição previu o reconhecimento das convenções 
e acordos coletivos de trabalho (inciso XXVI do 
art. 7º), redução de salário (inciso VI, art. 7º) e 
a modificação dos parâmetros da jornada redu-
zida para o trabalho em turnos ininterruptos de 
revezamento (inciso XIV, art. 7º)”, e outras mais 
moderadas, como a do ministro do TST Maurício 
Godinho Delgado (2002, p. 212), que defende: 
6. “RECURSO DE REVISTA. ARBITRAGEM. DISSÍDIOS INDI-
VIDUAIS TRABALHISTAS. INCOMPATIBILIDADE. Nos dissí-
dios coletivos, os sindicatos representativos de determinada classe de 
trabalhadores buscam a tutela de interesses gerais e abstratos de uma 
categoria profissional, como melhores condições de trabalho e remu-
neração. Os direitos discutidos são, na maior parte das vezes, disponí-
veis e passíveis de negociação, a exemplo da redução ou não da jorna-
da de trabalho e de salário. Nessa hipótese, como defende a grande 
maioria dos doutrinadores, a arbitragem é viável, pois empregados e 
empregadores têm respaldo igualitário de seus sindicatos. [...] Recurso 
de revista conhecido e provido” (RR nº 13100-51.2005.5.20.0006, Rel. 
Min. José Roberto Freire Pimenta, 14/10/2011).
Não são todos os direitos 
trabalhistas que são 
irrenunciáveis.
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“Entendo que existem direitos de indisponibilida-
de absoluta e direitos de indisponibilidade (ou dis-
ponibilidade) relativa”. De toda sorte, repetimos, 
trata-se de um válido caminho a seguir.7 
Nesse diapasão é a jurisprudência do TST, que 
admite a flexibilização, mas excepciona alguns 
direitos, como aqueles relativos a segurança e medi-
cina do trabalho:
“INTERVALO INTRAJORNADA. REDU-
ÇÃO. PREVISÃO DA HORA CORRIDA EM 
ACORDOS COLETIVOS. A Constituição Fe-
deral de 1988 conferiu maiores poderes aos sin-
dicatos, de modo que essas entidades podem, no 
interesse de seus associados e mediante negociação 
coletiva, restringir certos direitos assegurados aos 
trabalhadores a fim de obter vantagens não pre-
vistas em lei. Não obstante, tal flexibilização não 
autoriza a negociação coletiva que atente contra as 
normas referentes à segurança e saúde no trabalho. 
De fato, o estabelecimento do intervalo mínimo de 
uma hora para refeição e descanso dentro da jorna-
da de trabalho é fruto da observação e análise de 
comportamento humano, e das reações de seu or-
ganismo quandoexposto a várias horas de trabalho. 
Doutrina e jurisprudência evoluíram no sentido da 
necessidade desse intervalo mínimo para que o tra-
balhador possa não apenas ingerir alimento, mas 
também digeri-lo de forma adequada, a fim de evi-
tar o estresse dos órgãos que compõem o sistema 
digestivo, e possibilitar maior aproveitamento dos 
nutrientes pelo organismo, diminuindo também a 
fadiga decorrente de horas de trabalho. Se de um 
lado a Constituição prevê o reconhecimento das 
convenções e acordos coletivos de trabalho como 
direitos dos trabalhadores urbanos e rurais (art. 7º, 
XXVI da Constituição Federal), de outro estabele-
ce ser a saúde um direito social a ser resguardado 
(art. 6º da Carta Política). Recurso de Revista não 
reconhecido” (TST, RR nº 619.959.99.7, Rel. Min. 
Rider Nogueira de Brito, publ. 14/3/2003).
Diante de tal contexto e do Novo CPC, que 
ratifica a arbitragem como meio alternativo de 
resolução de conflitos e de acesso à Justiça no art. 
3º ora examinado, resta consignada a nossa refle-
xão para que os operadores do Direito Processual 
do trabalho reflitam e repensem sobre a aplicação do 
instituto no processo do trabalho, como já o fez o 
atual presidente do TST, Antonio José de Barros 
Levenhagem, em julgamento de um recurso de 
revista:
“Desse modo, não se depara, previamente, com 
nenhum óbice intransponível para que ex-empre-
gado e ex-empregador possam eleger a via arbitral 
para solucionar conflitos trabalhistas, provenientes 
do extinto contrato de trabalho, desde que essa 
opção seja manifestada em clima de ampla liber-
dade, reservado o acesso ao judiciário para dirimir 
possível controvérsia sobre a higidez da manifesta-
ção volitiva do ex-trabalhador, na esteira do art. 5º, 
inc. XXXV, da Constituição” (TST, 4ª T., RR nº 
144300-80.2005.5.02.0040, j. 15/12/2010).
7. É a jurisprudência dos tribunais pátrios: “PRINCÍPIO DA ADE-
QUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA. FLEXIBILIZAÇÃO DE 
DIREITOS DE INDISPONIBILIDADE RELATIVA. O princípio 
da adequação setorial negociada, que retrata o alcance da contra-
posição das normas coletivamente negociadas àquelas de cunho 
imperativo, emanadas do Estado, viabiliza que as normas autôno-
mas construídas para incidirem no âmbito de certa comunidade 
econômico-profissional possam prevalecer sobre aquelas de origem 
heterônoma, desde que transacionem parcelas de indisponibilidade 
apenas relativa, como, e.g, as concernentes à manutenção da hora 
noturna em sessenta minutos, vez que não caracteriza alteração 
em patamar prejudicial à saúde do trabalhador e desde que não 
traduza simples renúncia, mas transação de direitos” (TRT-MG, 
01512.2001.018.03.00.4, Rel. Designado Juiz Júlio Bernardo do 
Campo, publ. 7/6/2002).
“ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ÍNDICE INFERIOR 
AO LEGAL. PACTUAÇÃO EM INSTRUMENTO NORMATI-
VO. VALIDADE. A Constituição Federal de 1988 trouxe à ordem 
jurídica trabalhista brasileira maior possibilidade de flexibilização, 
permitindo, inclusive, a redução salarial, desde que por intermédio 
da negociação coletiva, como dispõe expressamente o artigo 7º, em 
seu inciso VI. O artigo 195, § 1º, da CLT, por sua vez, já permitia 
ao sindicato intentar reclamatória visando à apuração da condição 
perigosa ou insalubre em ambiente de trabalho. A conjunção dos 
dispositivos legais em tela e a natureza salarial do adicional de pe-
riculosidade revelam a possibilidade de a empresa e o sindicato dos 
trabalhadores pactuarem o pagamento do referido adicional de for-
ma parcial, considerando os parâmetros estabelecidos na transação 
havida. Válidos, portanto, os termos do acordo firmado em dissídio 
coletivo, onde restou estipulado que o percentual a ser aplicado seria 
22,5%” (TRT-SP, 02531-2003-2010-02-00-4, Rel. Designada Juíza 
Mércia Tomazinho, publ. 14/10/2008).
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3.2. Conciliação
Paralelamente à arbitragem, o dispositivo 
legal examinado também concretiza outras im-
portantes inovações no que tange a métodos de 
resolução de conflitos, como a conciliação e a me-
diação. Tais institutos figuram não apenas como 
normas fundamentais do processo, mas estão pre-
vistos de forma esparsa em todo o Código, tanto 
no que se refere aos deveres do juiz, das partes e 
dos demais sujeitos do processo como na criação 
de centros judiciários de mediação e conciliação 
(arts. 165 e ss.).
É necessário distingui-los. Conforme esclarece 
Humberto Dalla Pinho (2013, p. 920), 
“a distinção entre mediação e conciliação é 
tarefa um tanto árdua. Podemos, então, estabe-
lecer três critérios fundamentais: quanto à fina-
lidade, a mediação visa resolver, da forma mais 
abrangente possível, o conflito entre os envolvi-
dos. Já a conciliação contenta-se em resolver o 
litígio conforme as posições apresentadas pelos 
envolvidos. Quanto ao método, o conciliador as-
sume posição mais participativa, podendo sugerir 
às partes os termos em que o acordo poderia ser 
realizado, dialogando abertamente a esse respei-
to, ao passo que o mediador deve abster-se de to-
mar qualquer iniciativa de proposição, cabendo a 
ele apenas assistir as partes e facilitar sua comuni-
cação, para favorecer a obtenção de um acordo de 
recíproca satisfação. Por fim, quanto aos vínculos, 
a conciliação é uma atividade inerente ao Poder 
Judiciário, podendo ser realizada por juiz togado, 
por juiz leigo ou por alguém que exerça a função 
específica de conciliador”.
Falamos em concretização dessa tendência 
de busca de meios alternativos de resolução de 
conflitos, pois o art. 331 do vigente CPC já havia 
tornado obrigatória a tentativa judicial de con-
ciliação. E o Conselho Nacional de Justiça, por 
meio da Resolução nº 125, determinou que cabe 
ao Judiciário estabelecer política pública de 
tratamento adequado dos problemas jurídicos 
e dos conflitos de interesse não somente nos 
processos judiciais, mas mediante outros meca-
nismos de solução de conflitos, em especial dos 
consensuais, como a mediação e a conciliação. 
É digno de registro que a conciliação é um 
dos princípios norteadores do processo do tra-
balho. O juiz do trabalho é obrigado a tentar a 
conciliação na abertura da audiência e antes de 
proferir a sentença, e a decisão que a homologa é 
irrecorrível, salvo para a Previdência Social quan-
to às contribuições que lhe são devidas, como se 
observa respectivamente dos arts. 846, 850 e 831, 
parágrafo único, da CLT.8
No dissídio coletivo, a conciliação também é 
obrigatória, como se pode constatar do art. 764 
da CLT: “os dissídios individuais ou coletivos sub-
metidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão 
sempre sujeitos à conciliação”. 
Nesse diapasão, podemos concluir que o Novo 
CPC, ao dispor sobre a conciliação no seu art. 3º, 
como meio alternativo de resolução de conflitos, 
está em total consonância com o processo do tra-
balho, que já prioriza essa forma de solução dos 
litígios, com sucesso, há bastante tempo.
Quanto à mediação, não podemos dizer o 
mesmo, pois, assim como a arbitragem, sofre muito 
preconceito pela grande maioria dos operadores 
do processo do trabalho e é rechaçada pela ma-
gistratura trabalhista para solução de conflitos 
individuais.
3.3. Mediação
Na seara dos conflitos coletivos do trabalho, 
a mediação já é admitida de forma pacífica, por 
8. Art. 846 da CLT: “Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá 
a conciliação”.
Art. 850 da CLT: “Terminada a instrução, poderão as partes aduzir 
razões finais, em prazo não excedente a 10 minutos para cada uma. 
Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, 
e não se realizando esta, seráproferida a decisão”.
Art. 831, parágrafo único, da CLT: “No caso de conciliação, o termo 
que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previ-
dência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas”.
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meio de sucessivas regulamentações legais. Em 
28 de julho de 1995, foi publicado o Decreto nº 
1.572, que regulamentou a mediação nas nego-
ciações coletivas, atribuindo ao Ministério do 
Trabalho e Emprego o exercício da atividade. Os 
principais critérios para participação do mediador 
na negociação de conflitos coletivos foram esta-
belecidos pela Portaria nº 817, de 20 de agosto de 
1995. E o Decreto nº 5.063, de 3 de maio de 2004, 
definiu como competência da Secretaria de Rela-
ções do Trabalho a promoção do planejamento, 
coordenação, orientação e promoção da prática 
de negociação coletiva, mediante arbitragem e 
mediação. 
Ocorre que, na seara dos conflitos individuais, 
ainda há bastante preconceito, especialmente no 
seio da magistratura trabalhista. Exemplo deste 
consiste na intervenção da Associação Nacional 
dos Magistrados Trabalhistas (Anamatra) no Pro-
jeto de Lei (PL) nº 7.169/2014 (Nova Lei de Me-
diação Brasileira), que teve o condão de extrair o 
termo “trabalhista” do art. 41 da lei, por meio da 
incorporação da Emenda nº 5/2014, de autoria do 
deputado Alessandro Molon, que atendeu o argu-
mento de que “a aplicação da mediação no âmbi-
to das relações de trabalho é medida que afronta 
a essência própria do Direito do Trabalho [...]”.9
O deputado Alessandro Molon apresentou 
ainda, recentemente, propostas de emendas adi-
tivas ao substitutivo do PL nº 7.169 (ESB nº 8 e 
nº 9), com o objetivo de excluir qualquer possi-
bilidade de realização de mediação privada ou 
obrigatória quando envolver direito individual 
do trabalho, especialmente durante a vigência do 
contrato de trabalho, restringindo-a a procedi-
mentos que versarem sobre interesses difusos, 
coletivos e individuais homogêneos, mediados 
por órgãos do Ministério Público do Trabalho ou 
Ministério do Trabalho, ou negociações coletivas 
por meio dos sindicatos. Como sempre, o argu-
mento é a suposta indisponibilidade que reveste 
os direitos trabalhistas.
Não vemos razão para excluir de forma absolu-
ta, na solução dos conflitos trabalhistas individuais, 
a mediação. Será que o trabalhador sempre está 
numa situação de hipossuficiência frente ao seu 
empregador, de forma a estar incapacitado de ne-
gociar os seus direitos por outros meios alternativos 
sem intervenção estatal, como ocorre na mediação 
e arbitragem? Ora, tudo que foi dito em relação a 
esta última, no que tange a essa possibilidade de 
solução de conflitos e flexibilização de direitos tra-
balhistas, repetimos aqui para a mediação.
É importante voltarmos os olhos para o Direito 
Comparado e o que ocorre atualmente em outros 
países, como exemplos positivos que possamos 
adotar e seguir. A experiência com a mediação 
nos Tribunais do Trabalho do Reino Unido, por 
exemplo, é muito válida. O recente Employment 
tribunal claim form está em vigor desde 29 de 
junho de 2013. 
Conforme ressalta Michele Pedrosa Paumgartten 
(2014, p. 427), ao comentar o novo Employment 
tribunal claim form, 
“Entre as inúmeras alterações às regras proce-
dimentais trabalhistas que ocorreram a partir de 
Não vemos razão para excluir, na 
solução dos conflitos trabalhistas 
individuais, a mediação.
9. A nota que consta do site da instituição diz o seguinte: “A pre-
tensão legislativa da aplicação da mediação no âmbito das relações 
de trabalho é medida que afronta a essência própria do Direito do 
Trabalho, bem como o patamar mínimo de dignidade conferido ao 
trabalhador. Tal inviabilidade decorre do fato de que as normas de 
direito do trabalho são normas de ordem pública, assim considera-
das porque estabelecem os princípios cuja manutenção se considera 
indispensável à organização da vida social, segundo os preceitos de 
direito, sendo que a ordem pública interna denota a impossibilidade 
de disponibilidade pela vontade privada”. Disponível em: <http://
www.anamatra.org.br/index.php/anamatra-na-midia/mediacao-de-
conflitos-que-inclui-relacoes-trabalhistas-aguarda-parecer-na-ccj>. 
Acesso em: 29 out. 2014.
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2013, está a maior ênfase dada à mediação como 
meio de resolução de conflitos. Os juízes do traba-
lho são obrigados, sempre que possível e apropria-
do, a encorajar as partes na utilização da concilia-
ção, da mediação judicial, extrajudicial ou outros 
meios que possam viabilizar a celebração de um 
acordo entre as partes”. 
Merece registro nessa leitura do art. 3º do 
Novo CPC, sob o viés do processo do trabalho, 
a existência das chamadas comissões de concilia-
ção prévia, incluídas na CLT por meio da Lei nº 
9.958/2000, como exemplo de mediação trabalhista.
A despeito de o Supremo Tribunal Federal ter 
considerado inconstitucional o art. 625-D da CLT 
que submete obrigatoriamente qualquer demanda 
trabalhista ao crivo das Comissões de Conciliação 
Prévia antes da propositura da ação trabalhista e 
efetivamente na prática as partes não procurarem 
tais instituições de composição paritária entre em-
presas e sindicatos para solução de seus conflitos, 
se corretamente implantada, seria uma boa alter-
nativa para solução das lides trabalhistas, uma vez 
que a homologação dos acordos pelas comissões 
dá quitação geral para as parcelas objeto da tran-
sação (exceto para eventuais ressalvas consignadas 
no termo), além de a submissão da lide à comissão 
ter o condão de suspender o prazo prescricional 
para a propositura da ação trabalhista, conforme 
regem os arts. 625-E e 625-G do diploma traba-
lhista. Ou seja, não obtida a composição por meio 
dessa espécie de mediação, a parte pode recorrer 
ao Poder Judiciário Trabalhista sem qualquer pre-
juízo processual.
As comissões de conciliação prévia, apesar de 
constituição distinta, têm a mesma função dos 
Centros Judiciários de Solução Consensual de 
Conflitos previstos nos arts. 165 e seguintes do 
Novo CPC, que, por meio de conciliação e me-
diação, também buscam uma forma alternativa e 
célere de solucionar os conflitos.
Enfim, a mediação não afronta a essência do 
Direito do Trabalho e deve ser incentivada como 
mais uma forma de resolução de conflitos traba-
lhistas à disposição das partes litigantes, seja em 
dissídios coletivos, como já é aceito, seja em dissí-
dios individuais.
4 Conclusão
O Novo CPC, aprovado pelo Senado em 
dezembro de 2014, com vacacio legis de um ano, 
é uma realidade para os operadores do Direito e 
deve começar a ser discutido e estudado pela dou-
trina nacional. 
Nesse escopo de interpretá-lo e entendê-lo, 
não podem ser olvidados os seus reflexos no pro-
cesso do trabalho, cuja aplicação subsidiária a essa 
seara processual é obrigatória por força de seu art. 
15, bem como art. 769 da CLT. 
O art. 3º do Novo CPC permite a arbitragem, 
determina ao Estado promover, sempre que pos-
sível, a solução consensual dos litígios e incita os 
operadores do Direito a estimularem a concilia-
ção e a arbitragem como métodos alternativos de 
solução dos conflitos. 
Qual a repercussão dessa norma no processo 
do trabalho? Esses métodos alternativos se apli-
cam para solução de conflitos trabalhistas?

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