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“O DIREITO SUCESSÓRIO DOS CONJUGES E CONVIVENTES A

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
ACADEMICO 
 
 
 
 
ROMULO ANTONIO MENDES SIMOES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O DIREITO SUCESSÓRIO DOS CONJUGES E CONVIVENTES A 
LUZ DO NOVO CODIGO CIVIL BRASILEIRO” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
ACADEMICO 
 
 
 
RÔMULO ANTÔNIO MENDES SIMÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O DIREITO SUCESSÓRIO DOS CONJUGES E CONVIVENTES A 
LUZ DO NOVO CODIGO CIVIL BRASILEIRO” 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado a coordenação do 
Curso de Direito do Centro de 
Ensino Superior do Amapá – CEAP, 
exigido para obtenção do Grau de 
Bacharel em Direito, sob a 
orientação do Profº. Elias Salviano 
Farias. 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
RÔMULO ANTÔNIO MENDES SIMÕES 
 
 
 
 
 
“O DIREITO SUCESSÓRIO DOS CONJUGES E CONVIVENTES A 
LUZ DO NOVO CODIGO CIVIL BRASILEIRO” 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________ 
Orientador: Profº. Elias Salviano Farias 
 
 
 
 
____________________________________________ 
1º. Examinador 
 
 
 
 
____________________________________________ 
2º. Examinador 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 Dedico in memoriam, aos meus pais que não mediram esforços aos meus 
estudos. 
 Dedico Também in memoriam, a Fátima Simões que sempre esteve ao meu 
lado me apoiando nas horas difíceis. 
 A minha esposa, que diante das dificuldades, sempre me socorreu com sua 
força e obstinação. 
 A minhas filhas, pela força de prosseguir nesta busca incessante de saber. 
 A Adriana e Raquel, minhas netinhas, que são fontes primordiais de minha 
inspiração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 A Deus, por estar junto a mim todas as horas. 
 Ao Professor Leonil de Aquino Pena Amanajás, que não mediu esforços 
diante das vezes em que a ele recorri. 
 Aos Professores, que no decorrer do curso contribuíram ao meu aprendizado 
e estiveram sempre prontos a esclarecer minhas dúvidas. 
 Aos colegas acadêmicos do grupo “OS JURADOS”, pela motivação e apoio 
incondicional. 
 A minha família, que compreenderam os momentos de dificuldades e estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EU VIM, VI E VENCI. 
(CEZAR REI DE ROMA) 
RESUMO 
Com a Constituição Federal de 1988, foram introduzidas em nosso 
ordenamento jurídico, novas formas de família, sendo uma delas a união estável 
entre o homem e a mulher. Sendo assim, além da família oriunda do casamento, 
passou-se a admitir no ordenamento jurídico pátrio o reconhecimento da união 
estável como entidade familiar. 
Neste trabalho, trataremos, especificamente sobre o direito sucessório dos 
cônjuges e conviventes à luz do Código Civil. O objetivo primordial destina-se a 
traçar a evolução ou o retrocesso do direito sucessório do companheiro (a), 
analisando os aspectos teóricos e doutrinários, sob o método indutivo. Visa 
demonstrar se houve ou não discriminação pelo atual Código Civil quanto aos 
direitos dos companheiros em relação ao cônjuge. Em suma, busca-se no presente 
trabalho, aclarar alguns aspectos relacionados ao tema em questão. 
 
Palavras-chaves: Sucessão, União Estável e Conviventes. 
 
ABSTRACT 
 
 With the Federal Constitution of 1988, were introduced into our legal system, 
new forms of family, one of which the stable union between man and woman. Thus, 
in addition to the family come to the marriage, it moved to admit the legal recognition 
of the vernacular as a stable family. 
 
 In this work, treat, especially on inheritance law of the spouses and 
conviventes the light of the Civil Code. The primary goal is to trace the evolution or 
the setback of succession law partner of (a) by examining the theoretical and 
doctrinal aspects, under the inductive method. It aims to demonstrate whether or not 
there was discrimination by the current Civil Code regarding the rights of partners in 
relation to the spouse. In short, seeks to apply in this work, clarify some aspects 
related to the subject in question. 
 
 Key words: Succession, the Stable and Conviventes. 
 
SUMARIO: 
 
INTRODUÇÃO 09 
CAPÍTULO I – EVOLUÇÃO HISTÓRICA 13 
CAPÍTULO 2 - ESPÉCIES DE UNIÃO E SEUS REGIMES 17 
2.1 - REGIME DO CASAMENTO 17 
2.1.1 - Regime de Comunhão Parcial 18 
2.1.2 - Regime de Comunhão Universal 20 
2.1.3 - Regime de Participação Final nos Aqüestos 23 
2.1.4 - Regime de Separação de Bens 24 
2.1.5 - União Estável 25 
2.2 - DIFERENÇA ENTRE UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO 28 
2.3 - UNIÃO ESTÁVEL E O CONCUBINATO 28 
2.4 - UNIÃO ESTÁVEL E CASAMENTO 30 
2.5 - PACTO ANTENUPCIAL 31 
CAPÍTULO 3 - DIREITOS SUCESSÓRIOS 33 
3.1 - SUCESSÃO E MEAÇÃO 34 
3.2 - SUCESSÃO DO CÔNJUGE 34 
3.3 – SUCESSÃO LEGITIMA 37 
3.4 - SUCESSÃO DO CONVIVENTE 40 
3.5 – COLATERAIS 43 
3.6 - PODER PÚBLICO 44 
3.7 - HERANÇA 44 
3. 8 - SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 46 
3.8.1 – Testamento 46 
3.8.2 – Testamenteiro 51 
3.9 – LEGADOS 52 
3.9.1 - Espécies de Legado 52 
3.9.2 - Dos Efeitos dos Legados 53 
3.10 – CODICILO 54 
CONCLUSÃO 58 
REFERÊNCIAS 64 
 
 
INTRODUÇÃO 
A Constituição Federal de 1988 alterou profundamente a concepção jurídica 
da família, trazendo ao lado da família criada pelo casamento, o reconhecimento de 
outras entidades familiares, como, por exemplo, a união estável entre o homem e a 
mulher, que até então, o mundo jurídico tentava agasalhar. 
Com o advento do novo Texto Constitucional, mediante a promulgação da 
Carta de Direitos de 1988, a dogmática constitucional, seguindo a construção 
doutrinária e jurisprudencial de então, ampliou o conceito de família, nele incluindo a 
união estável entre um homem e uma mulher e a família mono parental. 
Embora as definições sejam, a rigor, formuladas pela doutrina, todavia, no 
particular da união estável, o próprio diploma civil desenhou seu conceito no art. 
1.727 dispondo que "é reconhecida como entidade familiar à união estável entre o 
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e 
estabelecida com o objetivo de constituição de família". Dessa forma, configura-se 
tal união quando presentes os requisitos de diversidade de sexos, notoriedade, 
estabilidade ou duração prolongada, continuidade, inexistência de impedimentos 
matrimoniais e relação monogâmica (GONÇALVES, 2005). 
Reconhecida como entidade familiar, há de se ressaltar a importância dos 
aspectos sucessórios desse instituto no mundo das sucessões, que busca 
regulamentar a transmissão do patrimônio de uma pessoa morta aos seus herdeiros, 
na espécie, quando se tratar de membro de união estável. 
A nova abrangência da família conforme o comando do art. 226 da 
Constituição Federal, e de acordo com o novo Código Civil acabam com expressões 
discriminatórias do Código de 1916 que se referia a "família legítima", sendo aquelas 
formadas pelo casamento, como se gozassem de uma proteçãoespecial do Estado. 
Como conseqüência utiliza-se, simplesmente, a expressão "família" ou "entidade 
familiar" para designar aquelas formadas pelo casamento civil ou religioso com 
efeitos civis; pela união estável, e àquela formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes. 
O texto constitucional vigente no Brasil decretou a igualdade entre a união 
estável (concubinato) e o casamento, sendo assim, conferindo praticamente os 
mesmos direitos para os companheiros e cônjuges. 
Ressalte-se que a definição de união legal é a celebrada com a observância 
das formalidades exigidas na lei, e união estável é uma relação em que às pessoas 
se unem com o propósito de constituírem família, compartilhando interesses e 
sentimentos. É a união entre homem e mulher configurada na convivência pública, 
contínua e duradoura. 
A Constituição Federal ao admitir a união estável como entidade familiar 
inseria esta união no âmbito do Direito de Família, modificando as construções 
jurídicas que a denominava "sociedade de fato". 
Mesmo após o amparo legal da união estável na Constituição Federal, tal 
proteção não atribui direito sucessório aos companheiros. Por isto foram criadas leis 
para regulamentar o assunto. 
A Lei nº. 8.971/94 foi declaradamente editada com o fim de regular o direito 
dos companheiros a alimentos e à sucessão. A Lei foi redigida com má técnica, o 
que não chegou a alcançar a originalidade do panorama brasileiro. O advento da Lei 
nº. 9.278/96 menos de dois anos depois, veio regulamentar o § 3° do art. 226 da 
Constituição Federal, e diz que dissolvida à união estável por morte de um dos 
conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não 
constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência 
da família (parágrafo único do artigo 7º). 
Com a entrada em vigor do Novo Código Civil, instituído pela Lei nº. 10.406, 
de janeiro de 2002, é preciso verificar ainda as mudanças e os impactos ocorridos 
no Direito Sucessório dos companheiros, fazendo um paralelo entre a Lei nº. 
8.971/94 e a Lei nº. 9.278/96 que tratavam da matéria e analisar se o novo Código 
Civil garantiu os direitos já conquistados ou se os suprimiu. 
O que se pode observar neste novo instituto é que o legislador poderia ter 
optado em fazer a sucessão da união estável equivalente ao casamento, mas não o 
fez, restringiu apenas aos elementos essenciais. Preferiu estabelecer um sistema 
sucessório isolado, no qual o companheiro nem é equiparado ao cônjuge, nem 
estabelece regras claras para a sucessão. O artigo 1.790 do novo Código Civil, 
numa primeira leitura, comparando com as legislações supracitadas, modificam a 
sucessão entre companheiros. 
Um outro ponto a se examinar concernente a este assunto, diz respeito ao 
direito real de habitação, previsto pela Lei nº. 9.278/96 para a companheira, sobre o 
imóvel de residência do casal. O novo Código Civil previu este direito, mas o fez 
somente para o cônjuge, não contemplando o companheiro. 
Das doutrinas referentes ao direito real de habitação, citadas neste trabalho, a 
que se pretende reforçar, é a da teoria que garante o direito aos companheiros, 
previsto no artigo 7º, parágrafo único, da Lei nº. 9.278/96, e que desta forma não 
pode ser considerado revogado, por não ter sido contemplado no novo Código Civil, 
apesar da tentativa de se absorver todas as matérias do contexto. 
Inicia-se esta monografia, fazendo considerações gerais sobre o tema e 
posteriormente apresentando a evolução histórica sobre união estável, o seu 
conceito, as denominações recebidas, passando pelo "concubinato" e "impuro", 
codicilos, testamentos, espécies de união, pacto antenupcial, fazendo ainda um 
paralelo entre o casamento e a união estável e quais os seus requisitos. Será 
tratada a sucessão em geral, apresentando conceito, histórico, espécies de 
sucessão em geral, apresentando conceitos, históricos, espécies de sucessão e 
sucessores, sucessão legítima e da ordem de vocação hereditária. 
 Por ser requisito da união estável a diversidade de sexo, não se aplica à 
união homossexual as normas atinentes à união estável, pois constituem sociedade 
de fato, com possibilidade de partilha de bens adquiridos em comum, que devem ser 
administrado em condomínio, e sua regulamentação exige lei própria, portanto este 
tema não será discutido nesta monografia. 
A família antecede o Estado, o Direito e a Igreja. É algo natural que brota de 
um instinto também natural, pela aproximação biológica das pessoas, que se 
entrelaçam psicologicamente e se estruturam em sociedade como fato social. 
Seja o casamento, com toda sua formalidade e melhor aceitação perante os 
mais conservadores, ou a união estável, instituto que sempre existiu, porém que 
ganhou maior apreço e notoriedade após a Constituição Federal de 1988, sendo 
tratada de maneira particular e individualizada no Novo Código Civil. 
Inovações foram trazidas no Novo Código Civil no que concerne aos Direitos 
Sucessórios, principalmente quando se trata das diferenças entre a sucessão dos 
cônjuges e dos conviventes. 
No Código Civil de 1916 os cônjuges estavam colocados em terceiro lugar na 
sucessão hereditária, e no sistema atual passaram a integrar as primeiras classes 
preferenciais, concorrendo com descendentes ou ascendentes do falecido, desde 
que não estivessem separados judicialmente, nem de fato há mais de dois anos 
quando da abertura da sucessão. 
A posição do cônjuge supérstite melhorou com o advento do Novo Código, 
porém o mesmo não aconteceu com o companheiro, que em alguns pontos foi 
bastante prejudicado. As desigualdades são notáveis, e serão abordadas 
especificamente nos capítulos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO 01 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 Para Rizzardo (2004, p. 14), as denominadas “uniões livres”, as 
extramatrimoniais entre o homem e a mulher sempre existiram, porém, nossa 
sociedade não aceitava ou simplesmente relevava a um plano inferior. 
 Cumpre, primeiramente, observar que, numa fase primitiva, não havia 
exclusividade nas relações entre o homem e a mulher. No alvorecer do gênero 
humano, as uniões ocorriam em momentos de procriação, visando, sobretudo essa 
finalidade, formando-se um elo à semelhança do que se efetua entre o macho e a 
fêmea no reino animal guardando-se as devidas proporções, com domínio do líder 
ou o mais forte do grupo, que vencia os concorrentes (RIZZARDO, 2004, p. 894): 
 Apresentam-se, embora, de relance, as várias fases da união entre o homem 
e a mulher, até chegarmos ao Direito atual, resultado de uma longa evolução, que se 
impôs em face do fato social, que tornou uma realidade a constituição da família 
paralelamente à formada de forma oficializada. 
Para Rodrigues (2002, p. 4), Origem e fundamento do direito sucessório – A 
possibilidade de alguém transmitir seus bens, por sua morte é instituição de grande 
antiguidade, encontra-se consagrada, entre outros, nos direitos egípcios, hindu e 
babilônico, dezenas de séculos antes da Era Cristã. Todavia, as razões pelas qual a 
lei agasalha o direito hereditário têm virado no correr dos tempos. 
Para Venosa (2003, p. 91), Historicamente, há dúvidas acerca das origens 
das duas formas de sucessão. Tudo indica que o testamento já era conhecido desde 
os primórdios de Roma, que tivesse sido conhecido muito antes da Lei das XII 
tábuas, que o admite. Contudo, nessa época, o ato de última vontade não é pratica 
constante, já que é solene feito perante a assembléia popular. 
 
De acordo com Venosa (2003, p. 34), 
 
O legislador do Código Civil de 1916 ignorou a família ilegítima, fazendo 
apenas rarasmenções ao então chamado concubinato unicamente no 
propósito de proteger a família legítima, nunca reconhecendo o direito à 
união de fato. 
 
O Código Civil de 1916 previa uma divisão dos filhos em legítimos e 
ilegítimos, nascidos de uniões oficiais ou não. Proibia ainda as doações e 
disposições testamentárias à concubina (RIZZARDO, 2004, p. 896). 
No Brasil, o Código Civil de 1916 fez raríssimas referências ao concubinato, 
disposições que, em sua maioria, estigmatizavam as uniões livres, tendo por escopo 
a proteção da "família legítima". 
No Brasil, também foi à jurisprudência (1937) que abriu, lentamente, as portas 
para os direitos em favor dos concubinos tendo aceitação a tese da remuneração 
pelos serviços prestados pela mulher. 
 "Para justificar a indenização, formulou-se a teoria da prestação de serviços 
ao companheiro, no período da convivência. [...] A partir daí começaram a proliferar 
as decisões que concediam tal verba" (RIZZARDO, 2004, p. 897). 
Coube à doutrina, a partir da metade do século XX, tecer posições em favor 
dos direitos dos concubinos, preparando terreno para a jurisprudência e para a 
alteração legislativa. 
No Brasil, em legislação anterior ao Código Civil de 1916, altamente 
influenciada pela codificação francesa, previa linha de vocação hereditária composta 
pêlos descendentes, ascendentes, colaterais até o 10° grau e só posteriormente o 
cônjuge sobrevivente, e ainda por último, o fisco. A Lei nº. 1.839 de 1907 inverteu a 
posição do cônjuge sobrevivo com os colaterais, reduzindo-os ao 6° grau, regra que 
foi mantida pelo Código Civil de 1916, e que posteriormente foi alterada pelo 
Decreto-lei nº. 9.461 de 1946, limitando até o 4° grau o chamamento dos colaterais à 
sucessão. 
As leis brasileiras, no que concerne a respeito do casamento consagram-se 
como um marco na revolução do conceito de “Família”, uma vez que a Constituição 
Federal/88 assegura em seu art. 226, caput, que a família é a base da sociedade, 
tendo especial proteção do Estado, e ainda reconhecendo de forma explicita e 
intrínseca a União Estável entre o homem e a mulher, também como entidade 
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento (§ 3º). Deste modo, a 
legislação infraconstitucional, vem contemplar às uniões extra matrimoniais, bem 
como o novel Código Civil. 
 
Contudo, o que se vê é que o casamento formal, aquele em que existia um 
dogma da sociedade, parece ter perdido a importância, tanto foram os direitos 
concedidos constitucionalmente e infraconstitucionais, com a diretriz de que “As 
relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, 
respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos” (art. 1.724, CC). 
Ao analisarmos e compararmos com as legislações anteriores, as disposições 
do Art. 1.790 e seus incisos, o que se vê é que o companheiro assume privilégios 
dantes imagináveis, até mais que os próprios filhos do “de cujus”, e mais 
especialmente se estes não forem filhos comuns do casal, neste diapasão, o 
companheiro terá a metade do que couber a cada um deles, o que é 
incompreensível e contrário aos preceitos do Direito Natural, pois mesmo que se 
reconheça que os conviventes merecem alguma proteção no caso de falecimento de 
um ou outro, não se pode ignorar que estes têm a mesma necessidade que os filhos 
do autor da herança. 
 
"Se, por um lado, o casamento ainda guarda posição de proeminência 
sociológica e jurídica em nosso meio, não é menos verdadeiro que a 
entidade familiar sem casamento goza do beneplácito da sociedade e de 
proteção constitucional" (VENOSA, 2003, p. 36). 
 
 
 O código de 2002 traça dispositivos que visam regular a entidade familiar sem 
matrimônio, tanto no direito de família, como no direito das sucessões, nem sempre 
com a eficiência necessária. (VENOSA, 2003, p. 36). 
O mesmo se deve dizer com relação às inovações trazidas pelo Novo Código 
Civil com referência à sucessão legítima, a partir da introdução do cônjuge na 
relação de herdeiro necessário, vindo este a concorrer com os descendentes ou 
ascendentes do autor da herança, o que repugna os mais elementares princípios de 
direito natural e de ordem social. 
Com efeito, o filho é e sempre será filho, assim como o pai e a mãe, mas o 
mesmo não se pode dizer do cônjuge ou companheiro, que vão e vem ao sabor dos 
sentimentos afetivos, amorosos e vicissitudes dos relacionamentos que unem 
homens e mulheres. As pessoas se casam ou se unem pelas mais variadas 
circunstâncias e motivos, como também se separam ou divorciam com a mesma 
desenvoltura. Daí erigir o cônjuge ou companheiro à condição de herdeiro 
necessário é uma grande temeridade, com enorme possibilidade de lesão àqueles 
que são os verdadeiros necessitados e legítimos sucessores, ou seja, os 
descendentes e ascendentes. 
Com o advento do Novo Código Civil fica claro que o direito à sucessão 
hereditária, nas leis da união estável, é assegurado de forma ampla ao companheiro 
sobrevivente, se comparado ao direito do cônjuge supérstite. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
ESPÉCIES DE UNIÃO E SEUS REGIMES 
2.1 - REGIME DO CASAMENTO 
O casamento é a união do homem e da mulher buscando a plena comunhão 
de vida com base na igualdade de direitos e obrigações, conforme trata o artigo 
1.511 do Código Civil Brasileiro. 
É forma tradicional e clássica de constituição da família, podendo ser civil ou 
religioso com efeitos civis. O casamento civil é controlado pelo Estado para 
verificação de possíveis impedimentos. É tido como contrato, pois depende do 
consentimento expresso dos nubentes, sendo lavrado em cartório a declaração de 
vontade dos mesmos. A definição de casamento, segundo o entendimento de Silvio 
Rodrigues. 
"Casamento é o contrato de direito de família que tem por fim promover a 
união do homem e da mulher, de conformidade com a lei, a fim de regularem suas 
relações sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem mútua assistência". 
O matrimônio traz responsabilidades econômico-financeiras ao casal, 
devendo este responder de maneira solidária a essas responsabilidades, segundo 
dispõe Rolf Madaleno: 
[...] com o casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição 
de consortes, companheiros e, assim, responsáveis pêlos encargos da 
família. A sociedade conjugal constitui uma unidade jurídica que se faz 
titular do domínio dos bens que compõem o seu patrimônio, assim 
compreendida a massa dos bens conjugais, que não se confunde com os 
bens particulares e individuais dos sócios conjugais". 
Ainda com relação aos efeitos patrimoniais provocados pelo casamento, 
importante destacar a posição de Zeno Veloso (1997, p.81): 
"O casamento desencadeia muitos efeitos econômicos, para o sustento do 
lar, para as despesas comuns, para atendimentos dos encargos da família, 
incluída nesta rubrica a manutenção da casa, a compra de coisas 
necessárias à economia doméstica, para o sustento, guarda e educação 
dos filhos". 
O novo Código Civil adota o princípio relativo à variedade dos regimes de 
casamento, assim o ordenamento não somente contempla modelos específicos ou 
típicos, como permite aos nubentes estipular a respeito o que lhes aprouver, salvo 
os casos especiais. 
Assim, prevê o art. 1.639.“É licito aos nubentes, antes de celebrado o 
casamento estipular, quanto aos seus bens, o que lhe aprouver”. 
O Princípio da Liberdade dos Pactos Antenupciais permite aos nubentes a 
livre escolha do regime que lhes convier, desde que haja observância do art. 1.641 
do CC, podendo os nubentes escolher entre os regimes legaisou podem combiná-
los formando um regime misto ou especial, sendo-lhes lícito, ainda, estipular 
cláusulas, desde que respeitados os princípios de ordem pública. 
2.1.1 - Regime de Comunhão Parcial 
Regulamentado pelo artigo 1.658 do Novo Código Civil, neste regime os bens 
e obrigações que cada um dos cônjuges tinha antes de contrair matrimônio, ou que 
mesmo após este, receberem por herança, não se comunicam, porém àqueles 
adquiridos após o casamento presume-se esforço comum, comunicando-se e 
cabendo administração dos mesmos por parte de ambos os consortes. Nesse 
regime formam-se três massas de bens: os do marido, os da mulher e os bens 
comuns. 
a) Dos Bens Incomunicáveis no Regime de Comunhão Parcial de Bens 
No regime de comunhão parcial não se comunicam e constituem o patrimônio 
pessoal da mulher ou do marido, estão elencados no artigo 1.659 CC: 
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na 
constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges 
em sub-rogação dos bens particulares; 
III - as obrigações anteriores ao casamento; 
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; 
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 
A anuência de ambos é necessária para os atos, a título gratuito, que 
impliquem cessão de uso ou gozo de bens comuns. Em caso de malversação dos 
bens, o juiz poderá atribuir à administração a apenas um dos cônjuges. 
b) Incomunicabilidade de Bens Adquiridos com Titulo Anterior ao Casamento 
Se o titulo aquisitivo precede ao patrimônio, achando-se tão somente 
aquisição adiada por condição ou termo, o bem adquirido não entrará para a 
comunhão. Se um rapaz solteiro vender o crédito um terreno seu, cujo valor só lhe 
foi entregue após o casamento sob o regime de comunhão parcial, sua mulher a 
nada terá direito, pois o recebimento do quantum prendeu-se a causas anteriores as 
núpcias, como define o art. 1.661 CC; 
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma 
causa anterior ao casamento. 
c) Dos Bens Comunicáveis ou Patrimônio Comum dos Cônjuges 
Basicamente, comunicam-se todos os bens adquiridos na constância do 
casamento, sem que sua causa de aquisição preexista ao casamento, assim 
comunicam-se, como transcreve o artigo 1.660 do CC. 
 
 
 
Art. 1.660. Entram na comunhão: 
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só 
em nome de um dos cônjuges; 
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou 
despesa anterior; 
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os 
cônjuges; 
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na 
constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. 
As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de seus 
bens particulares e em benefício destes não obrigam os bens comuns. 
Os bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas pelo marido 
ou pela mulher para atender aos encargos da família, às despesas de administração 
e às decorrentes de imposição legal. 
2.1.2 - Regime de Comunhão Universal 
De acordo com o artigo 1.667, do Novo Código Civil, fica estipulada no pacto 
antenupcial que, tanto os bens que o casal já possui quanto aqueles que virão 
adquirir na constância do casamento, tornar-se-ão uma massa, dando direito a cada 
consorte de metade desse patrimônio comum, bem como das dívidas comuns, 
ficando por conta de ambos a administração dos mesmos. 
Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos 
os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções 
do artigo seguinte. 
 
 
a) Bens Excluídos da Comunhão Universal 
Embora o regime de comunhão universal implique a comunicabilidade de 
bens presentes e futuros, excepcionalmente, a lei exclui da comunhão alguns bens, 
por terem efeitos personalíssimos ou devido a sua própria natureza. 
As hipóteses de bens e dividas da comunhão universal propostos pelo novo 
código civil são mais restritas que as até então existentes. Diz o art. 1.668: 
Art. 1.668. São excluídos da comunhão: 
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-
rogados em seu lugar; 
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes 
de realizada a condição suspensiva; 
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus 
aprestos, ou reverterem em proveito comum; 
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de 
incomunicabilidade; 
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. 
Sobre o item l, é necessário trazer o posicionamento do professor Washington 
de Barros Monteiro, que defende que embora omissa a lei, são também 
incomunicáveis, os bens doados com cláusula de reversão, art. 547, Código Civil, ou 
seja, com a morte do donatário o bem doado retorna ao patrimônio do doador que 
lhe sobrevive, não e comunicando com o cônjuge falecido e também os bens 
doados, legados ou herdados com cláusula de inalienabilidade. 
A vantagem deste Regime de Comunhão Universal de Bens é a exclusão dos 
bens em caso de dissolução da sociedade conjugal, não sendo nenhum dos 
cônjuges responsáveis pelas dívidas contraídas anterior ao matrimônio, ou seja, 
jamais um dos cônjuges será responsabilizado por um ato que não teve 
conhecimento, ou mesmo tendo ciência desde ato, este não lhe trouxe nenhum tipo 
de beneficio. 
b) Dissolução da Comunhão Universal 
A Comunhão Universal dos Bens cessa quando é realizada a partilha dos 
mesmos ou nos casos em que se dissolver a sociedade conjugal, seja em virtude de 
falecimento de um dos cônjuges, sendo por declaração judicial de nulidade de 
casamento ou de anulação do mesmo, seja enfim pela separação judicial, o divorcio. 
No caso de falecimento os bens são partilhados, ficando uma metade com o 
cônjuge viúvo meeiro e a outra com os herdeiros do cônjuge falecido. Já na 
separação judicial amigável e no litigioso, as partes e na falta de acordo o juiz 
estabelece o modo de dividir os bens comuns. 
Sendo o casamento declarado nulo um deles que os cônjuges estejam de 
boa-fé, não produzirá efeito nenhum e cada um deles volta a sua situação 
patrimonial que tinha antes da celebração do casamento. Se for ao contrário tendo 
havido má-fé de uma das partes, o casamento é putativo, o cônjuge culpado perde 
todas as vantagens havidas do cônjuge inocente, mas é obrigado a cumprir as 
promessas que lhe fez no contrato antenupcial, dessa forma o cônjuge inocente 
poderá pedir a divisão dos bens comuns como se o casamento tivesse sido válido. 
Segundo Pereira (2004, p.137), a Cessão deste regime pode se dar: 
I - Pela morte de um dos cônjuges, permanecendo o supérstite na posse dos bens 
comuns na qualidade de cabeça-de-casal, até que se homologue a partilha, 
incluindo nela os frutos, produtos e acréscimos, não excluídos os acrescentamentos 
devidos à indústria, trabalho ou herança do cônjuge sobrevivente. 
II - Pela anulação do casamento, quando sentença considerar putativa, pois em caso 
contrário o decreto judicial anulatório retroage para se restituírem os cônjuges ao 
status quo ante nuptias, vale dizer: considera-se não ter havidocomunhão 
reconhecida à boa-fé de ambos ou de um dos cônjuges, a sentença opera como se 
a sociedade conjugal se dissolve pela morte. 
III - Pela separação judicial, assim denominada na Lei n° 6.515, restabelecendo-se a 
comunhão se eles se reconciliam. 
IV - Pelo divórcio 
Extinto a comunhão, procede-se à divisão do ativo e do passivo cessando a 
responsabilidade de cada um dos cônjuges pelas dividas contraídas pelo outro, 
salvo se, se tratar de divida contraída no interesse comum. 
2.1.3 - Regime de Participação Final nos Aqüestos 
O legislador do novo código civil de 2002 introduziu esta modalidade de 
regime de bens, até então desconhecida da legislação brasileira, mas adotado, 
dentre outros países, na Alemanha, França, Espanha, Portugal e Argentina. 
Reclamam para sua opção, o pacto antenupcial, como regime da comunhão 
universal e separação total de bens. 
Representa um regime híbrido, ou misto, ao prever a separação de bens na 
constância do casamento, preservando, cada cônjuge, seu patrimônio pessoal, com 
a livre administração de seus bens, embora só se possa vender os imóveis com a 
autorização do outro, ou mediante expressa convenção do pacto dispensando a 
anuência (arts. 1.672, 1.673, parágrafo único c/c o art. 1.656 do CC). Mas com a 
dissolução fica estabelecido o direito a metade dos bens adquiridos a título oneroso 
pelo casal na constância do casamento art. 1.672 CC; 
Art. 1.672. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui 
patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da 
dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, 
a título oneroso, na constância do casamento. 
Resumidamente, apuram-se os bens anteriores ao casamento, os sub-
rogados a eles, os que sobrevierem a cada cônjuge por sucessão ou liberdade e as 
dividas relativas aos bens. Estes são incluídos da apuração dos aqüestos art. 1.674 
CC. 
Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante 
dos aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios: 
I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; 
II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; 
III - as dívidas relativas a esses bens. 
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o 
casamento os bens móveis. 
Na teoria a proposta é boa, pois conserva a independência patrimonial de 
cada um, inclusive quanto ao incremento ocorrido durante o casamento, ao mesmo 
tempo em que, se e quando da ruptura, a proteção econômica daquele que, direta, 
indiretamente, ou pela só qualidade de parceiro, acompanhou a evolução patrimonial 
do outro, sem ter bens em seu nome. 
Ocorre que, na prática, considerando a complexidade da apuração contábil 
proposta, tornando necessária não só, a exata identificação dos aqüestos, como a 
respectiva valoração, a exigir, conforme o caso, a realização de perícia, tudo a tornar 
extremamente morosa e onerosa a solução de eventual litígio, a tendência deverá 
ser por desaconselhar aos noivos essa opção. 
2.1.4 - Regime de Separação de Bens 
Os bens dos cônjuges não se comunicam na constância do casamento e nem 
depois de dissolvido o mesmo. Existem, portanto, dois patrimônios distintos, sendo 
um do marido e outro da mulher, por decisão de ambos. Cabe a cada um dos 
consortes administrarem seus bens, podendo aliená-los ou dispor conforme sua 
vontade, devendo as despesas ser rateadas entre o casal. 
a) Regime Obrigatório de Separação 
A separação dos bens pode ser fruto e uma imposição legal, que segundo 
Caio Mário da Silva Pereira (2002, p. 192), pode ser qualificativa de "separação 
obrigatória" ou “separação”. 
Temos no art. 1641, do Código Civil, as hipóteses onde deve ocorrer 
obrigatoriamente a separarão dos bens.: 
I — Das pessoas que contraírem com inobservância das causas suspensivas da 
celebração do casamento 
II - Das pessoas maiores de sessenta e cinco anos. 
III - De todos os que dependerem, para casar de suprimento judicial. 
Tais imposições ocorrem simplesmente pela preocupação da lei ou para punir 
um dos nubentes. Um exemplo típico de punição é quando há interesse do tutor em 
casar-se com o tutelado, ou do divorcio, enquanto não houver sido homologado e 
decidido à partilha dos nubentes do casal, exceto se s provar a inexistência do dano 
patrimonial para o cônjuge. 
No caso de pessoas sobre o pátrio poder, portanto de menor entre 16 e 21 
anos, a lei é mais branda, pois lhe permite contrair casamento pelo regime de 
comunhão ou da comunhão parcial, se com isso anuírem seus pais, pois a estes 
incumbe zelar pelo interesse dos filhos, e se entendem não haver inconveniente na 
adoção de um daqueles regimes, o legislador não contraria seu julgamento. Além 
disso, no mais das vezes, a base do patrimônio dos filhos será constituído, pela 
herança a ser recebida dos pais, portanto, a estes cabe o recurso de fazerem 
testamento, vinculando com cláusula de incomunicabilidade o quinhão dos filhos mal 
casados, assim impedindo que ingressem na comunhão os bens recebidos por 
sucessão hereditária. 
2.1.5 - União Estável 
A conceituação da união estável é a mesma dada pela Lei n° 9.278/96, ou 
seja, convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituição de 
família, como trata o artigo 1.723 do Código Civil Brasileiro. 
"É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a 
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida 
com o objetivo de constituição de família". 
Importante ressaltar o caráter heterossexual de que trata o artigo supra. Não 
será possível reconhecer como sendo "união estável" aquela entre pessoas do 
mesmo sexo, não incidindo sobre estas, portanto, o disposto na legislação e na 
abordagem ora apresentada. 
As uniões extraconjugais sempre estiveram presentes na sociedade 
brasileira, entretanto a jurisprudência foi durante muito tempo reticente sobre o tema 
e alguns julgados acabaram por negar efeitos jurídicos a essas relações, 
considerados como imorais. Aos poucos, a relação pura, sem impedimento 
matrimonial foi, em algumas situações peculiares, reconhecida. 
O avanço jurisprudencial da questão tornou-se de suma importância para a 
evolução dos efeitos advindos dessas relações extra matrimoniais, afastando-se 
graves injustiças presentes em leis ultrapassadas. Nesse sentido, o Supremo 
Tribunal Federal acabou editando quatro súmulas jurisprudenciais a respeito, que 
trouxeram mais justiça e conforto para esses relacionamentos que não eram 
formalizados pela celebração do casamento. Exemplos: Súmula 35, Súmula 380, 
Súmula 382, Súmula 447. 
Durante muito tempo, aplicou-se tão-somente ao concubinato, regras relativas 
ao Direito das Obrigações e não do Direito de Família, posto que a união estável só 
fosse reconhecida como família, com o advento da Constituição Federal em vigor. 
A expressão "união estável" é recente na terminologia legal brasileira, sua 
consagração oficial foi obra da Constituição Federal de 1988, que a empregou no 
art. 226, § 3°, garantindo a proteção do Estado para esse instituto. 
Para que se reconheça o instituto da união estável, necessários se faz observar 
os elementos componentes deste, quais sejam: 
• Estabilidade: cabe aos companheiros demonstrar a solidez do 
relacionamento. 
• Capacidade: tal como no casamento, há idade mínima de 16 (dezesseis) 
anos para que se figure união estável. 
• Impedimentos: se houver qualquer impedimento do artigo 1.521, do Código 
Civil, não configurará a união estável. 
Aplica-se à União Estável a mesma regra do casamento no que dizrespeito 
aos efeitos patrimoniais. Muito embora não esteja esse instituto sustentado nas 
reminiscências cartoriais, caracteriza-se como entidade familiar; o que implica dizer, 
que os companheiros terão os mesmos encargos familiares que têm os cônjuges. 
Necessário se fez, portanto, estabelecer regras sobre o patrimônio das pessoas que 
mantêm essa relação de convivência. Segundo Rodrigo da Cunha Pereira. 
O Código Civil em seu artigo 1.725 determina como sendo padrão à união 
estável o regime da comunhão parcial de bens, mas dá liberdade aos companheiros 
para que através de contrato disponham de um regime diverso, caso seja 
deliberação da vontade de ambos. 
Destaque-se o comentário de Oliveira (2003, p. 155): 
"Em verdade, o contrato de vida em comum, ainda que prescindível, 
constitui relevante meio de prova para fins de conhecimento e verificação 
dos efeitos pessoais e patrimoniais da união estável, resguardando os 
direitos dos companheiros e sua relação negocia com terceiros, servindo 
como elemento de segurança de seus atos no plano jurídico. Por esse 
ângulo, verifica-se que teria sido efetivamente útil dispositivo legal 
permissivo do registro do contrato, para sua necessária publicidade, 
trazendo conforto e garantia aos negócios jurídicos celebrados por pessoas 
unidas estavelmente. Imagine-se a compra e venda de um imóvel por 
terceiro que desconheça a situação pessoal do vendedor. Celebrado o ato 
sem anuência de eventual companheiro, mais tarde poderia ser reclamada 
sua anulação, se reconhecido o direito do meeiro sobre o imóvel alienado." 
Os bens havidos antes da união estável não se comunicam, podendo ser fruto 
de partilha ou herança apenas os bens adquiridos na constância da relação, se por 
esforço comum dos conviventes, conforme trata o artigo 5° da Lei nº. 9.278/96. 
Há a possibilidade dos conviventes estabelecerem o Contrato de Convivência, 
que visa definir a questão financeira e dos bens do casal, tal como dispõe Bertolini 
(2005, p. 33): 
"O pacto convivencial, atestado por testemunhas, poderá ser levado a 
registro no Cartório de Títulos e Documentos, a fim de que tenham a 
necessária publicidade e para conhecimento de terceiros que venham a 
contratar com os conviventes." 
Normalmente o ajuste se faz com relação à futura aquisição de bens no curso 
da união. Mas nada impede de que se estabeleçam regras sobre bens havidos antes 
da assinatura do contrato, desde que efetivamente adquiridos após o início da vida 
em comum. Por certo que a estipulação, em tais casos, haverá de ser expressa, com 
indicação precisa dos bens abrangidos, uma vez que não se admite mera 
acordância tácita decorrente de um contrato genérico. 
2.2 - DIFERENÇA ENTRE UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO 
Concubinato, de acordo com o artigo 1.727 do Código Civil Brasileiro trata-se 
de relações não eventuais entre homem e mulher impedidos de casar. 
Alguns doutrinadores entendem que existem duas espécies de concubinato, 
adulterino ou incestuoso. O concubinato adulterino pode ter duas formas. A primeira 
é a união com terceiro de pessoa casada e não separada do cônjuge. Esta forma 
não gera efeito jurídico na órbita patrimonial, embora possa gerá-lo quanto à prole 
advinda desta união. A segunda é a união concubinária de pessoa casada, mas 
separada de fato de seu cônjuge. O incestuoso se dá quando há parentesco próximo 
entre os amantes. 
A diferença entre a união estável e o concubinato está no impedimento. Na 
primeira situação, a relação é resguardada pela lei porque o casal está desimpedido 
de contrair matrimônio, embora tenham optado por não formalizar a união, enquanto 
que na segunda há a ocorrência dos impedimentos para o matrimônio previstos em 
lei, ou seja, ainda que os concubinos quisessem se casar, não poderiam, por 
estarem impedidos. 
2.3 - UNIÃO ESTÁVEL E O CONCUBINATO IMPURO 
Para entender a evolução histórica da união estável, é necessário distinguir: o 
"concubinato puro" do impuro. 
Na origem etimológica, segundo Oswaldo Froes (2.000), o vocábulo 
concubinato, deriva de concubinatus, do verbo: concubere ou concubare, de raiz 
grega, com sentido de mancebia, amasiamento, barreguice. Este é o conceito mais 
primário de concubinato, tendo com a própria transformação social evoluído 
bastante. 
Pode-se definir o concubinato como espécie diferenciava, em concubinato 
lato sensu (pela simples convivência) e concubinato stricto sensu (que se identifica 
com uma sociedade de fato), cada qual significando um tipo de convivência íntima, 
apesar de sempre more uxório, de um homem e de uma mulher. Deste modo, 
Bittencourt (1998) ressalva que em sentido lato concubinato é "a união estável, no 
mesmo teto ou em teto diferente, de homem e mulher, que não são ligados entre si 
por matrimônio legal". Já no sentido estrito, é "a convivência more uxório, ou seja, o 
convívio como se fossem marido e mulher". 
Segundo a maior parte da doutrina, concubinato e união estável são 
expressões sinônimas. Neste sentido, Bittencourt (1998) afirma: "Em poucas 
palavras, concubinato é a união estável no mesmo ou em teto diferente, do homem 
com a mulher, que não são ligados entre si por matrimônio." Ainda nessa linha, 
Rodrigues (2000) enfatiza que: "A Constituição introduziu a idéia de união estável, 
que a meu ver é a atual denominação que o legislador dá ao velho concubinato". 
Na realidade, união estável é o concubinato puro, não-adulterino e o 
concubinato propriamente dito, é o concubinato impuro ou adulterino, conforme 
destacou Pereira (1997) em seu livro de Direito de Família Contemporâneo. Por 
esse entendimento, Vianna (1999) ainda leciona que o legislador pátrio substituiu o 
vocábulo concubinato por união estável; concubino/concubina por conviventes. 
Contudo, continua a existir, o concubinato, como uma relação passageira, furtiva, 
sem maior lastro, em que não se tem a intenção de relação duradoura, estável. 
Azevedo (2004) define o concubinato no sentido amplo como "todo e qualquer 
relacionamento sexual livre" e no sentido estrito, como "a união duradoura, 
constituindo a sociedade familiar de fato, com afecctio societatis, respeito e lealdade 
recíproco". 
Pelas conceituações apresentadas conclui-se que o sentido amplo de 
concubinato abrange diversas modalidades de uniões livres, incluindo as uniões 
adulterinas e incestuosas (concubinato impuro). Porém, é no sentido estrito, que se 
encontra assentada a expressão união estável e duradoura (concubinato puro) entre 
duas pessoas, de sexo diferente, que passam a viver como se fossem marido e 
mulher. 
O Novo Código Civil brasileiro, nos arts. 1.723 e 1.727, acabou por assentar o 
entendimento da divisão das duas formas de concubinato, ou seja, o concubinato 
não-adulterino como união estável e o adulterino, simplesmente concubinato. O 
concubinato, figura que havia sido sepultada com as leis disciplinadora da união 
estável, foi ressuscitado pelo novo Código Civil, recebendo conceituação, mas sem 
que se disciplinassem seus efeitos jurídicos, abrindo ensejo a novas discussões 
doutrinárias e posicionamentos jurisprudenciais. 
Os artigos 550 e 1801, III, do Código Civil, por exemplo, são destinados à 
concubina partícipe da relação que se convencionou denominar "concubinato 
impuro", não se aplicando tais regras ao concubinato puro (união estável). 
2.4 - UNIÃO ESTÁVEL E CASAMENTO 
Outro aspecto que merece ser enfrentado é que a união estável e o 
matrimônio não se confundem, tendo o próprio legislador constitucional cuidado de 
afirmar que a lei deve facilitar sua conversão (união estável) em casamento. Ora, se 
a lei deve converter a união estável em casamento, conclui-se que os institutos em 
questão possuem naturezas diversas. 
Com oadvento do Novo Código Civil, os deveres e direitos pessoais e 
patrimoniais gerados pela união estável são os mesmos gerados pelo casamento 
(arts. 1724 e 1725 do CC). 
Para Venosa (2004) a união estável passará a existir desde quando houver a 
formação de uma família e é por isso que o legislador desejou proteger as uniões 
que se apresentam com os elementos norteadores do casamento. Logo, é um fato 
ser a união estável um casamento que se constitui sem forma exigida por lei e sem 
algumas formalidades, com pequeníssimas diferenças. 
Com efeito, a união estável constitui-se a partir de uma situação de fato, ao 
passo que o casamento é o ato mais solene de nosso direito, somente tornando-se 
válido após a celebração legalmente prevista. A união estável se prova através dos 
meios juridicamente disponíveis (documentos, testemunhos, etc.), o matrimônio 
pode ser provado pela certidão de casamento. O casamento é um negócio jurídico. 
A união estável é uma relação de fato, onde as pessoas optam pela união fora dos 
moldes tradicionais do casamento. Para a Constituição da República o direito de 
família é espécie do gênero entidade familiar. 
2.5 - PACTO ANTENUPCIAL 
É no pacto antenupcial que os nubentes escolhem o regime de bens, 
podendo também intervir terceiros, parentes ou não, que façam doação aos 
nubentes em virtude do casamento. A capacidade para contratar o pacto antenupcial 
não é a geral estabelecida no código. Para tanto os menores e os interditos 
necessitam da assistência de seus pais, tutores ou curadores. 
Existem alguns casos em que a lei obriga a escolha de determinado regime, 
certos casos a imposição às partes do regime de separação (menores que não 
tenham obtido o consentimento de quem de direito, menores de 18 e 16 anos, viúva 
ou mulher que anulou o casamento ou tiver declarado nulo e casa de novo antes de 
decorridos dez meses depois da viuvez ou da sentença, tutor ou curador que casa 
com tutelada ou curatelada, antes de findar a tutela ou curatela, e antes de terem 
sido prestadas as respectivas contas, juiz ou escrivão com viúva ou órfão sob 
jurisdição, licença especial). 
No pacto antenupcial as partes têm a liberdade para incluir as cláusulas e 
condições que desde que não atentem contra disposições legais imperativas e não 
prejudique direitos legais a situação ocupada pelas partes na família. 
É obrigatório que o pacto antenupcial seja lavrado por escritura pública, assim 
visando garantir a segurança de terceiros que tenham relações econômicas com o 
casal, aplicando-se no caso, os princípios de solenidade e publicidade que 
caracterizam os atos de interesses para coletividade. Caso não tenha esse pacto 
sido registrado ele terá apenas validade entre as partes, com relação a terceiros não 
terá nenhum efeito, neste diapasão Wald (1970); 
Quando as partes adotam o regime legal, ou seja, da comunhão parcial, 
não há necessidade de mandar registrar o pacto feito neste sentido, o que 
também se torna dispensável quando o regime é necessariamente o de 
separação, ou seja, nos casos legais expressos de regime de separação 
obrigatória (1970, p. 87) 
Notamos que há algumas exceções quanto ao registro desse pacto, pois 
conforme vimos existem certas situações que mesmo não tendo esse pacto sido 
registrado ele terá validade contra terceiros. 
Se no corpo do pacto antenupcial existir uma cláusula que estipule prazo para 
a realização do casamento, e esse prazo se expira sem a realização do matrimônio, 
este pacto então caducará, se não houver prazo, qualquer uma das partes, inclusive 
terceiro doador poderá notificar a outra dando prazo para a realização do 
casamento, sob pena de caducidade do pacto antenupcial. 
Quanto ao reconhecimento de filho, entendemos que qualquer modo valerá 
como prova por escrito de filiação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 3 
DIREITOS SUCESSÓRIOS 
Suceder significa substituir, tomar o lugar de outrem, no campo dos 
fenômenos jurídicos. Na sucessão, existe uma substituição do titular do direito. 
Deste modo, o sucessor substituirá o titular do direito, tomando tal titularidade para 
si. 
No sentido genérico, sucessão significa o ato pelo qual uma pessoa toma o 
lugar da outra (ato ou efeito de suceder), conforme descrito no vocábulo do 
Dicionário Aurélio, do autor Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. 
A sucessão, ou a transmissão da titularidade de direitos, pode-se dar de duas 
formas: por ato inter vivos (como uma doação ou um contrato, por exemplo) ou por 
causa mortis. No nosso ordenamento jurídico, o direito das sucessões trata apenas 
da sucessão em razão da morte, porquanto a sucessão derivada de atos realizados 
entre vivos seja objeto do direito contratual. 
Deste modo, a sucessão causa mortis configura-se como a conseqüência 
lógica da morte, que dará causa à transmissão da titularidade dos bens, direitos e 
obrigações. Ao conjunto de tais direitos e obrigações que restam em razão da morte 
do seu titular dá-se o nome de herança. 
Considera-se aberta a sucessão no instante mesmo ou no instante presumido 
da morte de alguém, nascendo, então, o direito hereditário, que acarretará na 
substituição do falecido por seus sucessores a título universal nas relações jurídicas 
em que aquele figurava segundo Giselda Hironaka. 
Conforme se depreende dos artigos 1.784 e 1.786 do Código Civil, a 
sucessão comporta duas modalidades: a legítima e a testamentária. A primeira 
decorre da lei, a segunda da vontade do de cujus que, por disposição de última 
vontade, beneficia alguém com uma deixa testamentária. No entanto, 
independentemente de o sucessor ser legítimo ou testamentário, ele entrará na 
posse dos bens da herança no momento da abertura da sucessão, no momento da 
morte do autor da herança. 
A sucessão pode operar-se a título gratuito (ex. doação) ou oneroso (ex. 
comprar e venda); inter vivos ou causa mortis. 
O objetivo dessa monografia é discutir os pontos críticos que tangem a 
sucessão causa mortis ou hereditária, em relação à transmissão da herança, por lei 
ou testamento aos companheiros e herdeiros. 
A Constituição Federal assegura, em seu art. 5º, XXX, o direito de herança, e 
o Código Civil disciplina o Direito das Sucessões em quatro títulos: "Da Sucessão 
em Geral", "Da Sucessão Legítima", "Da Sucessão Testamentária" e "Do Inventário 
e da Partilha". 
O direito sucessório dos companheiros encontra-se no Livro V, Título I, Da 
Sucessão em Geral, no artigo 1.790, do Código Civil. 
3.1 - SUCESSÃO E MEAÇÃO 
Em primeiro lugar, convém distinguir sucessão de meação de bens. 
A meação, instituto de Direito de Família, refere-se ao regime de bens. Sendo 
o regime do casamento ou da união estável, o da comunhão (universal ou parcial, ou 
até mesmo o novo regime da participação final nos aqüestos), terá o sobrevivo, por 
ocasião da morte do consorte, direito à partilha dos bens comuns. Tem-se, aí, 
meação. 
A sucessão, no entanto, independe do regime de bens. É deferida ao cônjuge 
ou companheiro por força de seu status de consorte. 
Na meação, os bens já pertencem ao sobrevivo, embora eventualmente 
estejam em nome do falecido. Já na sucessão não, os bens pertenciam ao de cujus, 
sendo-lhe deferida a título de transmissão gratuita causa mortis. 
3.2 - SUCESSÃO DO CÔNJUGE 
No sistema do Código Civil de 1916, inexistindo herdeiros necessários, a 
herança era deferida ao cônjuge sobrevivente, qualquer que fosse o regime de bens, 
desde que não estivesse dissolvida a sociedade conjugal na época da morte. A 
separação judicial tinha que estar transitada em julgado, pois, pendentede 
homologação ou de trânsito em julgado o decreto judicial, a dissolução da sociedade 
é superada e absorvida pela morte, cujos efeitos, por mais amplos, prevalecem. 
Dentre eles o direito à herança. 
O cônjuge sobrevivente, na vigência do Código Civil de 1916, face às 
alterações introduzidas nos parágrafos do art. 1.611 pela Lei n° 4.121/62, era 
herdeiro único, na falta de descendentes e ascendentes; possuía direito de usufruto 
de um quarto da herança se não era casado no regime de comunhão universal de 
bens, concorrendo com filhos do falecido, e da metade se os herdeiros não fossem 
filhos; possuía ainda direito real de habitação, se casado no regime de comunhão 
universal de bens, no imóvel destinado à residência do casal. 
Na vigência do Código Civil de 1916, o cônjuge não era herdeiro necessário e 
não concorria na herança com os descendentes e ascendentes, possuindo apenas 
direito de usufruto e habitação, porém, o Código Civil de 2002 introduziu diversas 
inovações quanto ao cônjuge no direito sucessório, estando atualmente na situação 
jurídica de herdeiro necessário, herdeiro concorrente com descendentes e 
ascendentes, herdeiro único, conferindo-lhe ainda direito real de habitação e de ser 
preferencialmente o inventariante. 
A ordem da sucessão hereditária está indicada no art. 1.829 do Novo Código 
Civil. Em primeiro lugar, são chamados os descendentes, tal como ocorria no Código 
anterior, art. 1.603. Mas, pelo art. 1.829, l, do novo Código os descendentes 
concorrem com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no 
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.641); 
ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens 
particulares. 
"No que diz respeito à sucessão do convivente, em concorrência com os 
herdeiros de primeira vocação, isto é, os descendentes, observa-se que o 
legislador civil atual pretendeu, efetivamente, dar distinto tratamento a essa 
sucessão concorrente, aplicando distintas imposições matemáticas se os 
descendentes fossem filhos do convivente supérstite e do convivente 
falecido, ou se, por outro lado fossem descendentes exclusivos do autor da 
herança". 
No entanto, somente se reconhece o direito sucessório do cônjuge supérstite, 
se ao tempo da morte do de cujus não estavam estes separados judicialmente, ou 
mesmo separados de fato por período superior a dois anos. 
No que toca ao regime de separação obrigatória, ou seja, o regime que 
disciplina o casamento daqueles que: 
a) contraírem casamento com inobservância de causas suspensivas; 
b) forem maiores de sessenta anos; e, 
c) daqueles que dependerem, para casar, de suprimento judicial; o cônjuge 
sobrevivente nada receberá. Tal disposição legal justifica-se pelo fato de que, se o 
legislador quis impor o regime da incomunicabilidade dos bens aos casos citados, 
não poderia ele vir agora e permitir tal comunicabilidade. 
Portanto, o cônjuge sobrevivente apenas participará da legítima quando o 
regime de bens era o da comunhão parcial e quando tenha o falecido deixado bens 
particulares. Se não existem bens particulares, então só existem bens comuns. 
Existindo apenas bens comuns, o cônjuge já receberá metade desses bens, de 
modo que, a mesma causa que justificou a exclusão do cônjuge no regime de 
comunhão universal justifica a exclusão neste caso. Se o cônjuge já receberá 
metade de todos os bens, é medida de justiça não deixá-lo concorrer com os filhos 
na outra metade destes mesmos bens. 
Os bens particulares são: 
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na 
constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges 
em sub-rogação dos bens particulares; 
III - as obrigações anteriores ao casamento; 
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; 
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 
Se o regime de bens do casamento for o da comunhão universal, o cônjuge 
sobrevivente recolherá metade do acervo na condição de herdeiro, pois a outra 
metade já lhe pertencerá, constituindo a meação. Se o regime adotado for o da 
comunhão parcial, a meação recairá sobre o patrimônio comum. Quanto ao regime 
de separação convencional de bens, a jurisprudência tem admitido à comunicação 
dos aqüestos – bens adquiridos na constância do casamento a título oneroso – 
quando esses resultarem do esforço comum dos cônjuges. 
3.3 – SUCESSÃO LEGITIMA 
Pelo Código Civil de 1916, os herdeiros necessários, também chamados 
obrigatórios, legitimários, reservatários, eram, apenas, os descendentes e os 
ascendentes. Cônjuge e colaterais eram herdeiros legítimos, mas não necessários, 
tanto assim que o art. 1.725 do aludido Código previa: "Para excluir da sucessão o 
cônjuge ou os parentes colaterais, basta que o testador disponha do seu patrimônio, 
sem os contemplar". 
A sucessão do cônjuge, como já dissemos, sofreu profunda modificação no 
novo Código. 
A primeira alteração importante foi à colocação do cônjuge como herdeiro 
também nas duas primeiras classes preferenciais, em concorrência, portanto, com 
os descendentes e os ascendentes. É, com efeito, o que dispõe o art. 1.829: 
Artigo 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado 
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação 
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão 
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
Tal disposição substitui o usufruto vidual, e com grandes vantagens, pois 
agora o cônjuge tem não apenas o usufruto, mas direito a parte da herança. Mas é 
bom se recordar que tal inovação só se aplica às sucessões abertas após a vigência 
do novo Código, ou seja, se o de cujus falecer após 11 de janeiro de 2003. 
Pela nova disposição legal, o cônjuge herda juntamente com os 
descendentes, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão 
universal, ou no da separação obrigatória de bens, ou se, no regime da comunhão 
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares. Ou seja, herda o 
cônjuge se for casado com regime de separação total de bens, participação final nos 
aqüestos ou, não havendo bens particulares, comunhão parcial de bens. 
O pressuposto da lei para a limitação quanto ao regime é de que, havendo 
comunhão ilimitada (que é evidenciada no regime de comunhão universal – embora 
neste também haja bens excluídos da comunhão – e no regime de comunhão parcial 
em que não haja bens particulares do de cujus), não tem o cônjuge necessidade de 
concorrer à sucessão com os descendentes. Esqueceu-se o legislador, contudo, de 
que também no regime de participação final nos aqüestos pode haver comunhão 
ilimitada. 
Nos termos do art. 1.832, caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que 
sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da 
herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. Então, se houver mais 
de quatro descendentes concorrendo por cabeça, não haverá igualdade de 
quinhões. O cônjuge herdará uma quarta parte, sendo as três restantes divididas por 
cabeça entre os descendentes. Note-se que isto só ocorrerá se o cônjuge for 
ascendentede todos os herdeiros com que concorrer. Havendo herdeiros não 
descendentes seus (ainda que em concorrência com outros descendentes), sua cota 
será sempre igual à deles. 
Em segundo lugar, herdam os ascendentes, em concorrência com o cônjuge 
sobrevivente. Aqui a lei não faz distinção quanto ao regime de bens do casamento; 
em qualquer regime o cônjuge tem direito à concorrência na sucessão. Nos termos 
do art. 1.837, concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um 
terço da herança; mas lhe caberá a metade da herança se houver um só 
ascendente, ou se maior for aquele grau. 
Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro 
ao cônjuge sobrevivente (art. 1.838), como já se dava no sistema passado. 
Mantém o novo Código o direito real de habitação no art. 1.831, estendendo-o 
a qualquer regime de bens. Não repetiu o novo Código a expressão "enquanto viver 
e permanecer viúvo". Obviamente o direito só existe enquanto viver o cônjuge, não 
sendo transmissível com sua morte. Quanto à exigência de que permaneça viúvo, 
parece-nos revogada, embora seja criticável a nova disposição legal, em face do 
caráter assistencial do instituto. É inconveniente que o imóvel permaneça gravado, 
onerando o herdeiro em benefício do cônjuge que já se casou de novo e que, 
provavelmente, não necessita mais do benefício. 
O novo Código acresce também uma restrição para o cônjuge no art. 1.830: 
seu direito sucessório se encerra não apenas com a dissolução da sociedade 
conjugal, como no Código anterior (art. 1.611, caput), mas também com a separação 
de fato por mais de dois anos. Trata-se, a nosso ver, de inovação inadequada, tendo 
em vista que a separação de fato não extingue a sociedade conjugal, não devendo 
ser causa de extinção dos direitos conjugais. Mas pode o cônjuge provar que essa 
convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. 
Por fim, cabe referir uma outra alteração importante no tocante à sucessão do 
cônjuge: passa ele a ser considerado herdeiro necessário (art. 1.845). Isto significa 
dizer que o cônjuge não pode mais ser afastado da sucessão por mero capricho do 
de cujus, simplesmente testando em favor de terceiro. Somente por meio da 
deserdação poderá o testador afastar seu cônjuge da sucessão. 
Mas aqui também reside o maior defeito do novo Código nesse campo: 
embora o cônjuge passe a ser herdeiro necessário, não cuida o novo diploma da sua 
deserdação. Com efeito, embora o art. 1.961 preveja a deserdação dos herdeiros 
necessários (aí incluído o cônjuge) e os dois artigos seguintes tratem, 
respectivamente, das causas de deserdação dos descendentes por seus 
ascendentes e dos ascendentes por seus descendentes, não há no novo Código 
dispositivo que preveja as causas de deserdação do cônjuge. 
Não sendo possível a aplicação da analogia em matéria restritiva de direito, a 
omissão da lei fica sem qualquer possibilidade de solução, até porque as hipóteses 
de deserdação tratadas na lei não seriam mesmo aplicáveis aos cônjuges. Assim, 
até que se supra tal omissão, o cônjuge, embora herdeiro necessário, não pode ser 
deserdado. 
3.4 - SUCESSÃO DO CONVIVENTE 
Somente em 1994, por meio da Lei nº. 8.971/94, reconheceu-se direito 
sucessório aos companheiros. 
O art. 2º desta Lei diz que as pessoas referidas no artigo anterior, ou seja, as 
que vivam com pessoa solteira, separada judicialmente, divorciada ou viúva, 
participarão da sucessão do companheiro nas seguintes condições: o companheiro 
sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, ao usufruto de quarta 
parte dos bens do de cujus, se houver filhos deste ou comuns; ao usufruto da 
metade dos bens, se não houver filhos, embora sobrevivam ascendentes; na falta de 
descendentes e de ascendentes, o companheiro sobrevivente terá direito à 
totalidade da herança. 
Estabeleceu-se, aí, portanto, direito sucessório e direito ao usufruto vidual, em 
condições muito semelhantes às dos cônjuges. 
Completando tal disposição, o art. 7º, parágrafo único, da Lei nº. 9.278/96, dá 
ao companheiro o direito real de habitação, também em condições muito parecidas 
com as dos cônjuges. 
Estava assim completada a igualdade de tratamento entre cônjuges e 
companheiros em termos de direitos sucessórios. 
São gritantes as alterações trazidas pelo Novo Código Civil com relação à 
sucessão, iniciando-se pelo fato do cônjuge ocupar a posição de herdeiro 
necessário, e o convivente não dispor de tal benefício. Observa-se ainda, que a este 
último não foi conferido expressamente o direito real de habitação, garantido ao 
cônjuge, sobrevindo certa dúvida quanto à vigência da Lei nº. 9.278/96, e seu artigo 
7°, parágrafo único. 
É o entendimento de Garcia (2003, p. 40): 
"[...] a solução que melhor se harmoniza com a regra constitucional é 
concluir que o convivente, a despeito da ausência de previsão expressa, 
também tem direito real de habitação". 
Tal posição justifica-se pela não revogação expressa da norma supracitada 
pelo Novo Código Civil, e ainda que se aplicada a Lei de 1916 em nada contrariará o 
sistema atual. 
O Código Civil de 1916 não conferia direito sucessório aos companheiros, 
somente concedidos com a Lei n° 8.971/94. A referida lei, exigia, para a 
configuração da união estável, que os parceiros convivessem há mais de cinco anos 
ou tivessem filhos comuns e fossem solteiros, viúvos, separados judicialmente ou 
divorciados, excluindo, portanto, os separados de fato. 
A Lei nº. 9.278/96 não estabelece prazo para caracterizar a entidade familiar, 
exigindo convivência duradoura, pública e contínua, com o objetivo de constituição 
de família. Além de apresentar novos elementos configuradores da união estável, 
sem fixar prazo, a nova lei conferiu ao convivente direito real de habitação no imóvel 
destinado à residência da família, enquanto não constituir nova união ou casamento. 
O artigo 1.790 do Novo Código Civil dispõe que o companheiro participará da 
sucessão do outro, porém, somente quanto aos bens adquiridos onerosamente 
durante a vigência da união estável, o que implica dizer que não terá direito a bens 
que o companheiro possuía anteriormente ou que tenham sido objeto de herança ou 
doação. 
Se durante todo o período de convivência os companheiros não adquirirem, 
por esforço comum, quer real ou presumido, sequer um único bem, quando da morte 
de um deles, o sobrevivente nada receberá. Se, porventura, o companheiro que veio 
a falecer, não tinha parentes sucessíveis, e era possuidor de um grande patrimônio 
adquirido antes da união estável, ficará esta herança vacante para o ente público, 
segundo o que dispõe o artigo 1.844 do Novo Código Civil: 
"Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum 
sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao 
Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas 
circunscrições, ou à União, quando situada em território federal". 
O artigo 1.790, inciso IV, do Novo Código Civil dispõe que, com o falecimento 
de um dos conviventes, e não havendo parentes sucessíveis, o companheiro 
sobrevivente terá direito à totalidade da herança. Mas, a herança de que trata o 
referido IV em tese deve ser entendida como sendo aquela definida no "caput". 
"A companheira ou companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos 
bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável [...]". 
Nota-se grande injustiça para com o convivente, no que se refere à vacância 
da herança e também no concernente ao privilégio estabelecido em favor dos 
parentes mais distantes, onde o consorte, embora seja o familiar mais próximo, tem 
por direito apenas um terço da herança que também atravésde seu esforço se 
estabeleceu, ficando dois terços para os ascendentes ou colaterais até o quarto 
grau. É o entendimento de Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka (a. 7, n. 65, 
mai. 2003): 
"Assim, morto alguém que vivia em união estável, primeiros a herdar serão 
os descendentes em concorrência com o convivente supérstite. Na falta de 
descendentes, serão chamados os ascendentes em concorrência com o 
convivente sobrevivo. Na falta também destes e inexistindo, como é óbvio, 
cônjuge que amealhe todo o acervo serão chamados os colaterais até o 
quarto grau ainda em concorrência com o convivente, uma vez, que, ao 
final, são também os colaterais parentes sucessíveis. E só na falta destes 
será chamado o convivente remanescente para, aí sim, adquirir a 
totalidade do acervo. É flagrante a discrepância". 
Num ponto, porém, se faz vantajosa a diferença entre os direitos sucessórios 
para o companheiro em relação ao cônjuge supérstite. A concorrência com 
descendentes é por completo benéfica ao companheiro, no quer diz respeito ao 
direito de meação e herança, que são cumulativos para o mesmo. Por tratar o artigo 
1.790 do Código Civil que o companheiro tem direito à meação dos bens adquiridos 
onerosamente durante a vigência da união estável, este ainda tem direito a 
percentual na herança atribuível aos descendentes ou aos ascendentes. Ilustre-se 
com o exemplo de Oliveira (2003, p. 214-215): 
"[...] uma pessoa falecida que deixe um único bem adquirido onerosamente 
durante a convivência, herdeiro filho, e companheira; a companheira 
receberá 50% do bem pela meação e mais 25% pela concorrência na 
herança com o filho". 
Diferentemente ocorre com o cônjuge que terá direito apenas a metade do 
patrimônio referente à meação, restando igual porcentagem íntegra para o 
descendente. 
A Lei nº. 8.971/94, além da meação dos bens adquiridos pelo esforço comum, 
conferiu ao companheiro sobrevivente à qualidade de herdeiro único na falta de 
descendentes e ascendentes, portanto, incluído na terceira classe de herdeiro, 
mesma posição ocupada pelo cônjuge. Existindo descendentes o companheiro 
possuía direito de usufruto de um quarto da herança, e, concorrendo com 
ascendentes, o usufruto aumentava para a metade dos bens. 
3.5 – COLATERAIS 
Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos. Exceto 
uma hipótese disposta na lei, na sucessão dos colaterais não há direito de 
representação. Esse só ocorre em favor de filhos de irmãos, que concorrem com 
seus tios (artigo 1.640 do Código Civil). Exemplo: se o de cujus deixou dois irmãos e 
sobrinhos, filhos de um outro irmão pré-morto, a herança será dividida em três 
partes: duas partes caberão aos irmãos e uma parte caberá aos sobrinhos, que a 
dividirão entre si. 
Artigo 1.639 do Código Civil: 
"Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no artigo 
1830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau." 
O ordenamento distingue, para efeito de sucessão colateral, o irmão germano 
(filho do mesmo pai e da mesma mãe) do irmão unilateral (apenas um dos 
progenitores é o mesmo). Desse modo, a herança do unilateral é circunscrita à 
metade do que couber ao irmão germano. No caso de tios concorrerem com filhos 
de irmão unilateral, esses só receberá metade do quinhão cabente aos tios, pois, por 
direito de representação, recebem o que caberia ao pai. 
Artigo 1.643 do Código Civil: 
"Em falta de irmãos, herdarão os filhos desses". Assim, apesar de sobrinhos e 
tios serem parentes colaterais em terceiro grau, a lei dá preferência aos primeiros. 
3.6 - PODER PÚBLICO 
O Poder Público apenas recolhe a herança na falta de herdeiros, não lhe 
sendo reconhecido o direito da saisine. 
Artigo 1.844 do Código Civil: 
"Não sobrevivendo cônjuge, nem parente algum sucessível, ou tendo eles 
renunciado à herança, essa se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se 
localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território 
federal". 
3.7 - HERANÇA 
O conceito de herança está intimamente ligado à idéia que uma dada 
sociedade tem da propriedade privada. Assim, são inúmeras as formas pelas qual o 
homem regulamentou a transmissão de bens de uma para outra geração. 
Herança, no direito objetivo, é o conjunto de bens, direitos e obrigações de 
um indivíduo, que não se extingue por sua morte e passa a seus sucessores. As leis 
sobre a herança constituem um corpo de princípios e normas que regulam a forma e 
os meios pelos quais os conjuntos de titularidades jurídicas se transmitem aos 
herdeiros. A sucessão da herança efetua-se pela vontade do de cujus (primeiras 
palavras da locução latina de cujus successione agitur, "de cuja sucessão se trata", 
referindo-se à pessoa do falecido) por meio do testamento (sucessão testamentária) 
ou, na ausência desses, pela vontade da lei (sucessão legítima). 
O domínio e a posse da herança transmitem-se desde logo aos sucessores 
do falecido, que a aceitam ou a recusam, expressa ou tacitamente. 
 A recusa só pode ser feita por escritura pública ou termo judicial. Nem todos 
os direitos são transmissíveis, como ocorre com os direitos personalíssimos, que se 
extinguem com a morte (pátrio poder, direitos políticos etc.). Os credores do 
herdeiro, prejudicados pela recusa da herança, poderão aceitá-la em nome do 
renunciante. 
A herança compreende elementos extras patrimoniais e dívidas. Se as dívidas 
superarem os bens, o herdeiro pode limitar a aceitação da herança, que no direito 
brasileiro é sob benefício do inventário, isto é, o herdeiro não responde com seus 
bens pessoais. 
Em sentido subjetivo, herança é a situação jurídica do herdeiro, que dispõe de 
certos direitos e obrigações, tais como o ato de solicitar a herança e pagar os 
impostos sucessórios, além de satisfazer os legados. Esses são os bens certos e 
determinados ou quantias certas que, em vida de seu proprietário, foram destinados 
a sucessores determinados. O montante dos legados não pode exceder à metade 
da herança se o testador tem herdeiros necessários. 
Chama-se herança jacente aquela em que não há testamento nem cônjuge 
sobrevivente ou herdeiro notoriamente conhecido, ou se todos os herdeiros a ela 
renunciaram. Serão declarados vacantes os bens da herança jacente se, após as 
diligências legais, não aparecerem herdeiros. A declaração de vacância da herança 
não prejudica os herdeiros legalmente habilitados, mas decorridos cinco anos da 
abertura da sucessão, os bens arrecadados passam ao município ou ao Distrito 
Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, ou são incorporados ao 
domínio da União. 
Além de coisas e quantias certas, pode-se legar o usufruto de certos bens, ou 
a prestação de alimentos, que abrange sustento, assistência médica, vestuário, 
moradia e educação, se o legatário for menor. Os legados entram em caducidade 
com o perecimento da coisa, ou sua alienação pelo testador ou ainda pelo 
falecimento anterior do legatário, ou sua exclusão, nos mesmos casos em que, 
legalmente, o podem ser os herdeiros, mediante declaração por sentença. 
3. 8 - SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
Matéria disciplinada nos artigos 1.857 a 1.990 do Código Civil, a sucessão 
testamentária ocorre quando a herança é atribuída às pessoas designadas pelo 
testador em ato de última vontade (testamento). 
3.8.1 - TESTAMENTO 
a) Conceito 
Definição doutrinária de testamento: "É ato unilateral, personalíssimo, gratuito, 
solene e revogável pelo qual alguém, na forma da lei, dispõe sobre seus bens, no 
todo ou em parte, ou faz outras disposições para depois da sua morte". 
É considerado falho o conceito de testamento disposto no artigo 1.857 do 
Código Civil.

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