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Um breve histórico da psicologia Jurídica no Brasil

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Um breve histórico da Psicologia Jurídica no Brasil
Marco Histórico
Os aspectos históricos do surgimento da psicologia jurídica têm formas bem diferenciadas em dois pólos: França e Brasil.
Em meados do século XIX na França, médicos eram convidados por juízes para “desvendarem” os enigmas de alguns crimes da época que não estavam relacionados com quadros de loucura.
 A criminologia surge no cenário das ciências humanas para dar conta do estudo da relação entre crime e criminoso, tendo como campo de pesquisa as causas (os fatores determinantes) da criminalidade, bem como a personalidade e a conduta do delinquente e a maneira de ressocializá-lo. 
Há preocupação em avaliar o criminoso, principalmente quando se trata de um doente mental delinquente.
Loucura – exclusão – internação
Justificava-se pois eles ameaçavam a ordem da razão e moral da sociedade
Lombroso, psiquiatra, pai da criminologia e criador da antropologia criminal (ciência que estuda a relação entre as características físicas do indivíduo e a criminalidade)
Desenvolveu a teoria de que o criminoso é vítima principalmente de influências atávicas, isso é, uma regressão hereditária a estágios mais primitivos da evolução, justificando sua tese com base nos estudos científicos de Charles Darwin. Uma de suas conclusões é possibilitar a equivalência do criminoso a um doente que não pode responder por seus atos por lhe faltarem forças para lutar contra os ímpetos naturais
No final do século XIX a Psicologia Criminal passou a usar maior rigor metodológico nas suas investigações
“Não se concebe, no processo penal, que se omitam os conhecimentos científicos da Psicologia, no sentido de se obter maior perfeição no julgamento de cada caso em particular. (...) Para se compreender o delinqüente, mister se faz que se conheçam as forças psicológicas que o levaram ao crime. Esta compreensão só se pode obter examinando-se os aspectos psicológico psiquiátricos do criminoso e de seu crime” Dourado (1965, P. 7)
No Brasil, a psicologia jurídica tem o início do seu reconhecimento na década de 60, de forma gradual e informal, por meio de trabalhos voluntários por parte dos psicólogos.
Os primeiros trabalhos foram na área criminal, enfocando o estudo de criminosos e jovens infratores. Também há registros de trabalhos junto ao sistema penitenciário.
O termo psicologia jurídica relaciona a ciência psicológica com o sistema judiciário.
Psicologia é subjetiva! 
Quando partimos desta premissa nos referimos que é a questão do tempo. 
O tempo para os juristas é fundamental. Quanto antes resolver determinado assunto, melhor.
Para a psicologia, o tempo é relativo e depende da singularidade de cada sujeito, perpassadas por conflitos, afetos e angústias...
A psicologia é útil ao direito ao fazer uma análise no que diz respeito ao contato com as partes envolvidas numa ação judicial e toda compreensão da linguagem emocional que permeiam as situações. 
Grande parte da fala está impregnada de componentes psicológicos, então através da verificação experimental, se verificava a fidedignidade do relato do sujeito envolvido no processo jurídico. 
Quando a psicologia é aplicada de forma simplista, ela reforça o lado negativo do direito que é a exclusão do diferente. Desta forma, não cabe a Psicologia julgar, mas sim ser complementar, avaliativa em relação as demandas do Direito, sem jamais poder sobressair ou se colocar submisso a ele.
Foucault (1974) afirma que as práticas jurídicas e judiciárias são submissas ao Estado, interferem e determinam as relações e, desta forma, determinam a subjetividade humana.
A psicologia tem que se questionar sobre suas contribuições no que tange a manutenção do sistema ou se esta contribuindo para o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos.
No que diz respeito aos Direitos Humanos, a psicologia jurídica é vista como campo de saber desde a década de 70 devido a demanda de uma postura de compromisso social, luta por justiça e principalmente por levantar reflexões.
A psicologia jurídica deve ter todo o aparato que sustente a sua prática, como um embasamento teórico bem estabelecido e NUNCA atribuir ao outro seus próprios questionamentos e visão de mundo.
Assim como qualquer outra área da psicologia o psicólogo deve submeter-se a psicoterapia com o intuito de lidar com as questões emocionais e dificuldades encontradas por conta do trabalho realizado em situações limites. (Silva, 2003)
A prática deve ser comprometida com a ética, onde a cidadania e a diferença tenham seu lugar na construção desta prática. Deve ter um embasamento contextualizado junto as abordagens sócio-histórico-cultural.
 
Para uma melhor atuação, o profissional deve estabelecer um trabalho interdisciplinar com o foco de desfazer a visão positivista que era sustentada pelo direito.
Além disso, há um enriquecimento de elementos pois olhares diferentes ajudam a entender o indivíduo de forma efetivada, havendo uma mudança de atitude perante o problema, substituindo a visão fragmentada do sujeito por uma visão unitária do ser humano. 
O homem é um ser dinâmico e em processo de mudança, atravessado pelo fator tempo e pelo subjetivo. 
Devemos ter ciência que o homem é um ser em construção e que está em constante interação com o meio, modificando e sendo modificado. Todos esses fatores contribuem para a construção da sua identidade.
O psicólogo jurídico propõe o resgate do humano, deste humano que está em conflito com a lei, mas não deixou a condição humana.
Só existe a psicologia quando há um encontro real entre os humanos.
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. (Jung, 1939)
O psicólogo dentro do judiciário não se resume em simplesmente emitir laudos que auxiliem na decisão do juiz, embora ainda tenha um predomínio enquanto avaliadores. Entretanto, a demanda por acompanhamentos, orientações familiares, participações em políticas de cidadania, combate à violência, participação em audiências, etc, tem crescido enormemente.
Psicologia Jurídica não é um trabalho preventivo, visto que as pessoas já chegam apresentando uma problemática de intensa gravidade e com uma dinâmica psiquica de bastante comprometida.
A ética do psicólogo está em alcançar um ideal de justiça que considere a subjetividade humana, acreditar que somos seres em transformação, seres em desenvolvimento e que estão procurando a compreensão as suas ações.
A união da psicologia e direito se apresenta a sociedade com um parecer que não é unilateral e ditatorial, já que o sujeito é biopsicossocial.
O psicólogo jurídico deve ter conhecimento de técnicas de entrevista, habilidade em ouvir, demonstrar paciência, empatia, disposição para o acolhimento, e capacidade em deixar o depoente à vontade durante a audiência.
Deve conhecer as terminologias jurídicas da sua área de atuação.
Principais Campos de Atuação
Direito de Família:
-Processos de separação e divórcio: quando as partes não conseguem acordar em relação às questões deste processo. Isso implica resolver o conflito que está nas entrelinhas, nos meandros dos relacionamentos, na tentativa de um acordo. Quando não é possível a mediação, o juiz pode solicitar ao psicólogo a avaliação de uma das partes ou do casal.
-disputa de guarda: como avaliador ou mediador, o psicólogo buscará os motivos que levaram o casal ao litígio e os conflitos subjacentes que impedem um acordo em relação aos aspectos citados. Poderá, inclusive, sugerir encaminhamento para tratamento psicológico. O juiz pode solicitar uma perícia psicológica para que se avalie qual dos genitores tem melhor condição de exercer esse direito. Para tanto, será necessário conhecimento sobre avaliação, psicopatologia, psicologia do desenvolvimento, psicodinâmica do casal, guarda compartilhada.
Quando os pais colocam o interesse pessoal ou vaidade acima do sofrimento que uma disputa pode acarretar aos filhos, na tentativa de atingir
ou magoar o companheiro, revela-se com problema de exercer a parentalidade de forma madura e responsável.
 -regulamentação de visitas: o direito a visitação é uma das questões a ser definida no processo de separação ou divórcio. Contudo, após a decisão judicial podem surgir questões de ordem prática ou até mesmo novos conflitos. O psicólogo pode atuar como mediador, procurando apontar a interferência de conflitos interpessoais dos cônjuges, com o objetivo de produzir um acordo pautado na colaboração, de forma que a a autonomia da vontade das partes seja preservada.
Direito da Criança e do Adolescente
-processos de adoção: Assessoria constante para as famílias adotivas. Recruta-se os candidatos e ajuda os postulantes a se tornarem pais capazes de satisfazer às necessidades de um filho adotivo (prevenir a negligência, o abuso, rejeição ou devolução)
-Destituição do poder familiar: esse direito dos pais pode ser suspenso ou até mesmo destituído. Essa decisão implica em toda vida futura da criança. A transferência da responsabilidade para estranhos jamais deve ser feita sem muita reflexão.
-Adolescentes autores de atos infracionais: o ECA prevê medidas sócio educativas que responsabilizam socialmente os infratores, estão no sentido da proteção integral, com oportunidade de acesso à formação e à informação. Os psicólogos devem lhe propor a superação da sua condição de exclusão, bem como a formação de valores positivos de participação na vida social. Envolver a família e comunidade com atividades que respeitem o principio da não discriminação e não estigmatização, evitando rótulos que marquem os adolescentes e exponham a situações vexatórias.
Direito Civil 
-Dano psíquico: pode ser definido como sequela, na esfera emocional ou psicológica, de um fator particular traumatizante. Este dano afeta o repertório comportamental e organização psíquica. O psicólogo deve estar atento a manipulação do sintoma.
Interdição: refere-se a incapacidade de si mesmo por atos da vida civil. Compete ao psicólogo nomeado pelo juiz realizar avaliaçãoo que comprove ou não tal enfermidade mental. À justiça cabe saber se a doença mental de que o paciente é portador o torna incapaz de reger sua pessoa e seus bens.
Direito Penal
Perito para averiguação da periculosidade, das condições de discernimento ou sanidade mental da parte em julgamento.
A lei de execução penal foi um marco no trabalho do psicólogo na execução penal. (2003) Extinguiu o exame criminológico. Para concessão de benefícios legais, as unicas exigências previstas são o tempo já previsto e a boa condita. Porém após rebeliões, há uma pressão por parte do MP pela continuidade das avaliações técnicas. Porém as avalições individuais são inviáveis em virtude da superpopulação. 
Hospitais Psiquiátricos (HCT) – subordinação a área médica. Apliação do trabalho e atendimento multiprofissional. 
Direito do Trabalho
Atuação nos processos trabalhistas. A perícia como uma vistoria para avaliar o nexo das condições de trabalho e a repercussão na saúde mental do indivíduo.

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