Buscar

GARRET, B Metafísica Conceito chave em filosofia CAP 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

metafísica
CONCEITOS.CHAVE EM FILOSOFIA
Brian Garrett
Sen.or Lecturer in Philosophy •t the Australian Nat'ona( Umvers•ty. Australia
Traduçáo
Consotto• i a supervisio e •cvisio tecmca desta cdiç50:
Carolin.. Santos Rocha
G239m Garret'
Mctulisx•n- cunceitus-clsavv
Felipe Rangel EJizalde
23 cm
ISUN 978-85-363m
Metafisicx I Titula
-artnfcd'
CI)U
Catalopçao na publicaçao. Monica Uallqo Cantu — CRIS
2008
Deus
INTRODUÇÃO
Uma das mais antigas questóes metafisicas é. Deus existe? AO dis-
cutir essa "Deus" no sentido filosófico clássico de
um ser que é todo•poderoso (onipotente), todo•cognoscente (oniscien•
te) e completamente bonnNeste capítulo, examinaremos três dos argu•
mentos mais conhecidos em favor da existêncta de Deus e um argumen-
to habitual contra a sua existência Os argumentos em favor da existên-
Cia de Deus sio conhecidos como os argumentos ontológico, cosmológico
e teleológtco, embora existam muitas versões para cada um deles. O
argumento contra a existêncta de Deus é o argumento do mal,
O argumento ontológtco tenta provar a existência de Deus somen•
te por mcio da razio- Trata-se de um argumento puramente a priori. A
é que simplesmente pela optvens.io do conceito ou da idéin de
Deus. Juntamente com uma compreensào do que essa idéia acarreta,
nós podemos provar que Deus existe O atb'umento ontológico prentende,
portanto, scr uma prova dedutivamente válida da existencia de Deus a
partir dc premissas conhectd.ts Ele é proletado para sertão cogente
e inevitável quanto qualquer prova encontrada em lógica e matemática.
Os argumentos cosmológico e teleológico não sio baseados em
premissas conhecíveis a priori, mas em premissas empíricas, contingen•
teso O argumento cosmológico parte do fato de que o universo ao nosso
redor existe. E continua: visto que a existência do universo é contingen•
te (poderia náo existir nada, em vez de existir algo), deve haver um ser
necessário ou n50•contingente que criou o universo.
16 Brian Garrett
O argumento teleológico (ou argumento do desígnio) também pro-cede a partir de uma premissa empírica: nio a premissa de que o univer-so existe, mas a premissa mais específica de que o universo contém enti-dadesmaravilhosamente complexas, tais como flores e olhos e cérebros,cuja existência, alega-se. dá sustentação à hipótese de um criador benjg-no e amorosŒ Tais maravilhosas entidades muito provavelmente vierama existir por desígnio. não por acaso. Note-se que esse argumento n.iotem caráter dedutivo. A alcgaç50 n50 é que a cxistëncla dc estruturascomplexas tais como olhos e cérebros implica logicamente a extstëncta-de Deus, mas somente que a existência dessas estruturas torna razoávelacreditar que Deus existe A postulaçäo de um criador divino explicamelhor a existência dessas estruturas.
Um importante argumento contra a existência de Deus é O argu-
mento do mal. Este é um argumento contra e existência de Deus. conce.' bido como todo-amoroso, todo-cognoscente e todo-poderoso. O argu-
mento do mal alega que a existência do mal é incompatível com a exis-
tencia de Deus. Uma versão mais fraca. evidencial. desse argumento
defende apenas que a existência do mal fornece evidënoa contra a eus-
tência de Deus e conclui. dado o predomínio do mal, que é irracional
acreditar em um Deus amoroso.
O ARGUMENTO ONTOLÓCJCO
Houve muitas versöes diferentes do argumento ontológico através
da história da filosofia. mas a primeira e rnats discutida é aquela que foi
apresehtada no século XI por Santo Anselmo, Arcebispo de Cantuária,
• em seu Prostogion. Aqui está um parágrafo central a partir do qua/ pode-
mos reconstruir o seu argumento:
Assim. mesmo o insensato é convencido de que algo cm relasfio ao qual
nada rnmor ser concebido está no entendimento, voto que. quan.
do ele ouve sso. ele o entende; e tudo o que é entendido está no enten.
E certamente que aquilo em rclaçáo qual nada major pode
ser ruo podc estar somente no entcndnnentu Pois. se ele está
(.. .) no entendimento somente. ele n.io podc ser concebido como e.us.
Undo também na realidade, o que é major Portanto. se aquilo cm rela.
ç50 ao qual nada maior pode scr concebido está somente no entendi•
mento. entao. aquilo em relaç50 ao qual nada major concvbldo
é. ele próprio. aquilo em relaç50 ao qua/ nada maior pode ser concebido
Mas. seguramente, isso n50 podc scr Portanto. sem dúvida. algo em
relaçao ao qualmada maior pode scr concebido existe, tanto no entendi,
Metafísica 17
Uma reconstruçáo pode proceder como segue:
(l) Deus é aquilo em relas50 ao qual nada maior pode ser concebido.
(2) Deus ou existe somente no entendimento ou existe tanto no entendi•
mento quanto na realidade
(3) Se Deus existisse somente no entendimento, um ser maior poderia
ser concebido. isto é, um ser com todas as qualidades de Deus. mas
que existisse tanto no entendimento quanto na realidade
(4) Porem, Deus é aquilo etn relaç.io ao qual nada maior pode ser conce-
bido (de I I J)
SANTO ANSELMO (1033-1 109)
Anselmo nasceu em Aosta, na Itália. Tornou-se monge e, posterior•
mente. foi nomeado Arcebisto de Cantuána. Tanto como teólogo quan•
to como filósofo. a Anselmo é creditada a primeira versio do argumen-
to ontológtco da existência de DeusD A sua crença em Deus nio estava
fundada nessa prova. ele quena simplesmente tornar manifesta a exis-
téncia e a natureza de Deus Como ele uma vez disse "Eu nio procum
entender de modo a poder crer. mas creto para entender" Seu argu-
mento onto!ógco tem tido uma recepç,io vanada São Tomás de Aquino
e Kant o regeitaram, Duns Scotus e Descartes propuseram sersöes pró-
pnas para ele Embora o argumento tenha poucos adeptos hoje, n50
existe nenhum consenso sobe o ponto em que o raciocínio se extravia.
(5) Portanto. Deus n.10 pode existir somente no entendimento (de [3) e
(6) Portanto, Deus existe tanto no entendimento quanto na realidade
(de [21) e
(7) Portanto, Deus existe (na realidade) (de [6])
Pretende-se que a premissa (l) seja uma verdade puramente
definicional. Para Anselmo, a palavra "Deus" significa simplesmente (en•
tre outras coisas) "aquilo etn relaçåo ao qual nada 
maior pode ser conce•
bido", precisamente como um "triângulo significa 
"figura plana com três
lados, três ângulos" e "solteira- significa "mulher 
nio-casada-. o
insensato nio estaria sendo majs inteligente ao negar 
que Deus é aquilo
cm relaçáo ao qual nada maior pode ser 
concebido do que ao negar que
triângulos têm três lados ou que mulheres solteiras 
såo náo•casadas.
Pretende-se que também a premissa (2) seja 
um truísmo, bem como
uma instância da seguinte verdade que se 
supðe completamente geral;
para qualquer F que tenha sido concebido, 
ou F existe somente no en•
18 Brian Garrett
tendimento ou F existe tanto no entendimento quanto na realidade
Portanto, unicórnios e dragðes existem somente no entendimento, ho-
mens e cavalos existem tanto no entendimento quanto na realidade
A premissa (3) é motivada pela seguinte seqúéncia dc pensamen-
tos. Suponhamos que nós consideramos dogs scrcs stmilares em suas
propriedades. exceto uc o pnmeiro scr custe somente no entendimen.
to. enquanto o segun o existe tanto no entendimento quanto na real'-
dade. Assim, o segundo ser é maior do que o pritnelto — .
realidade é uma propnedade que o torna maior princípio.
mente com a premissa (l). produz a (J) l).nlo (2) (J)
(7) segue-se prontamente
Como podemos crittcar o argumento? comes.ita n.10
mos considerar que todas as defimçOcs sio coerentes Algumas nio sio
Por exemplo, eu podcna tentar dcfltur "mcganúmcto" deste modo
(M) Meganúmcro é aquclc número natural cm ccl.is.io qual n.'o há
nenhum maior
Considerando que -maior", aqut, significa "maior cm \ alor". (XI)
incoerente. Nio exjste nenhum número natural maior. que Séne
dos números naturats é infinita
Existe alguma razio para pensar que prenuss.i(l) dc
similar. incoerente? Ela o será sc as qualidades que tornam Deus major
forem n50•rnaximms (isto é, qualidades que podem sempre ser possuí•
das em um grau maior, tais como altura ou peso) Mas. plausivelmente.
as qualidades que tornam Deus major sâo Qualidades como
onipotencia, oniscjência e bondade perfeita p.ueccm
nhum ser podç ser mais poderoso do que um ser onipotcnte. por cxcm•
PIO. Portanto. näo podemos criticar a definiç,lo quc Santo Anselmo apre-
senta de • Deus" como criticamos dcliniç50 (M)
Poderia ser objetado que. mesmo que prvmissži (I ) coerente.
ela n50 pode ter quaisquer conscqúências ontológicas Uma mera csti•
pulaç50 nåo pode gerar entidades reajs Quando palavra "solteir:t" foi
pela primeira vez introduzida na linguagem e definida como
nio-casada-, a definiçäo n50 garantiu que o mundo continha solteiras
Que existam solteiras deve-se nio a urna deftnis•.io, mas ao fato (nåo.
verb•al) dé que algumas mulheres escolhem náo se casar Ou, ainda.
nós tenhamos definiçóes significauvas de palavras como "dragáo e
"unicórnio" n50 deveria levar alguém a pensar que tais criaturas existem,
Portanto, como pode a premissa uma mera definiçio, ter possíveis
consequências ontológicas?
Contudo. sena cometer petiçáo de princípio contra Anselmo insistir
em ta/ objeç50 nesse cstágjo, pois cle poderia razoavelmente replicar que,
Metafisica 19
embora muitas definiçðes de fato nio tenham nenhuma conseqúência
ontológica. a sua defimç50 tem Se quisermos criticar Anselmo direta.
mente. devemos examinar os passos subsequentes do seu raciocínio.
Uma vez que o façamos. contudo, inquietaçöes surgirlo
imcdiatemcntc Logo torna-se claro que Anselmo tem um entendimento
totalmente bizarro do que é possuir um conceito ou idéia. A pnmelra das
tris sentenças da citaç50 mencionada sugere a seguinte cadeia de pensa•
mentos El' primeiro entendo uma palavra (um termo geral. digamos).
Em virtude de entender "I: , um F existe em meu entendimento e tem
todas as qualidades-padråo de um F, Podemos, encho. indagar se Fs tam•
bem custem n.1 rc.llld.ldc
Portanto. se eu entendo o termo "unicórnio". um unicórnio existe
cm meu cntcndimento. e cssc unicórnio tcm as qualidades geralmente
associadas aos unicórnios (quatro patas, chifre espiralado, rabo de leio,
etc ) , somente lhe faltando a ualidade da existencia realL Mas isso é
incrivel Quando entendo a pa avra "unicórnio". eu nio tenho nenhu-
tna cotsa com quatro patas c chifre espiralado em minha mente! Anselmo
cometeu o que nós poderíamos chamar de falacia da rei]iarçclo. Ele con•
fundiu entender uma palavra ou apreender um conceito com a mente
conter o objeto concebido Entretanto, isso é confundir conceito com
obleto o conceito está em minha mente. mas o seu objeto nåo. Os prin•
c í )ios sublacentes às premtssas (2) e (3) sio exemplos evidentes dessa
fa ácta Uma vez que reconhecemos que se trata de uma falácia — que.
quando cu entendo a palavra "Deus", n,io existe nada em minha mente
que seja onipotente, onjsoente. etc nós podemos rejeitar essas pre•
nussas Elas estio baseadas em uma concepçåo insustentável do que
cntendcr uma palavra.
Embora o que toi dito acima seja suficicntc parn fixar a vcrsno do
argumento ontológico de Anselmo. vale mencionar uma reposta dada a
CIC por um de seus contemporâneos. Gaunilo de Marmoutiers. Em seu
On lhe Fool,• Gaunilo contempla uma ilha em relaçåo à qual
mais excelente pode ser concebido e entio escreve:
Sc alguém me dissesse que existe tal ilha. fncitmente compreenderia
suas palavras ( ) Mas suponhamos que ele continuasse a dizer. como se
por inferência lógic.c nao pode mais duvidar de que essa ilha. que é
mais excelente do que todas as ilhas, existe cm algum lugar. visto que você
n.io tem nenhuma dúvida de que ela está no seu entendimento. E. visto
que é mais excelente nio somente estar no entendimento, mas existir
tanto no entendimento quanto na realidade, por essa razúo, ela devc exis•
tir Pois, se ela n.50 existe. qualquer ilha que realmente exista setá mais
excelente do que ela. e, portanto. a ilha que você entende ser mais cxce•
lente nio a mais
N de T: Em defesa clo insensato
Brian Garrett
O ARGUMENTO ONTOLÓGICO
O argumento ontológico de Santo Anselmo é um exemplo clássico de
to racionalistx O argumento tenta mostrar que podemos es.
ecer uma conclusåo substancial — a existência de Deus — somente
razåo. Isso contradiz o pnncípio empirista (associado a filósofos
ritAnicos como Locke. Berkeley e Hume) segundo o qual a razio
sozinha jamajs pode produzir conhecimento substancial da realidade
Os empiristas sustentavam que o conhecimento realidade baseia-se
essencialmente em imprvssöes dos sentidos O argumento
é engenhoso Tenta provar a existencia Deus meramente partir da
idéia ou definiçåo de Deus como "aquilo em n•l.iVio ao qual nada
maior pode concx•bido- Seria extraonlijui'io se delinis•io uma
palavra pudesse provar a existencia de qualquer coisa além de si mes•
ma. Felizmente. o argumento de Anselmo nio faz nada disso,
Gaunilo está aqui tentando fazer uma paródia da pjova dc Anselmo,
Ou seja, está empregando um raciocínio análogo ao de Anselmo para
estabelecer uma conclus50 obviamente absurda. Certamente, o mundo
n50 possui uma ilha perfeita (isto é, uma ilha cm à qual nada
maior pode ser concebido), ou um cavalo perfeito, ou um crocodilo per.
feito, etc. Se argumentos análogos ao de Anselmo sio inválidos, o argu.
mento de Anselmo deve ser inválido tambémv Note-se que paródias de
argumentos, embora potencialmente efetivas em um aspecto. silo dclicien•
tes em outro. Se bem•succdida, uma paródia de argumento mostra ue o
argumento original (parodiado) está errado, mas nio fornece nen tum
diagnóstico de onde está o erro.
Entretanto, parece que a paródia de Gaunilo polque o seu
argumento nio é análogo ao de Anselmo cm um aspecto decisivo, Eu
disse anteriormente que, para uc a definiçöo dc "Deus" por
Anselmo seja coerente, as quali adcs que tornam Deus maior evem
maximais, isto é. devem scr qualidades que "fio podem ser cm
um grau maior. Porém. as qualidades que tornam i c.xcx•lcntc
(tais como abundancia de cocos. quantidade de palmeiras, ptvponder,in•
; cia de morenas solteiras, etc.) såo claramente nio•nuuximaise Nessc caso. a
desc#) 
•ilha cm relaçåo à qual nada maior pode ser concebido" (como
"número natural em relaçáo ao qual nada maior scr nio
expressa nenhum conceito coerente.
O AROUMENTO COSMOLÓGICO
Embora rejeitando o argumento ontológico de Anselmo, Sio To.
más de Aquino (c. 1225•1274) advogava o argumento cosmológico cm
Metafisica
favor da existência de Deus. Esse argumento pode 
tomar muitas formas,
uma das quais é conhecida como "o argumento da contingência" 
Em um
famoso debate com Bertrand Russell, o filósofo e historiador 
jesufta
Frederick Copleston delineou uma vers50 do argumento da 
contingência:
o mundo é simplesmente o ( u) agregado de objetos 
individuais, nenhum
dos quais contém em si próprio a razio de sua existencia 
de 
Visto 
sua pré—
que
nenhum objeto da experiência contém em si mesmo a raz50 
a si
pria existência, essa totalidade de objetos steve ter uma 
esse 
razio 
seréa 
externa 
razåoda
mesma Essa raz.io deve ser um ser existente. Ou bem 
sua própna existência. ou ele nio o é Porém. se nós ptocedennœ 
'Assim
ao infinito
) n.50 há em absoluto nenhuma explicaçåo da existência. 
para explicar existência. devemos nos valer de um 
cx)0tém 
ruo existir.'
em si
'mesmo a razio de sua própna oastènaa — (.. v) o que nåo pode 
Postenormente. no debate, Copleston apresenta uma sucinta reca-
pitulaçáo da essência do argumento•
A série dos eventos (compreendendo a história do universo) ou é ou 
nio
é causada. Se ela é causada. deve obviamente existir uma causa 
externa à
série, Se ela nåo é causada. entio, basta a si mesma; e se bastaa si mesma,
ela é o que eu chamo necessário. Contudo. (o universo) n50 
pode ser
necessáno. sisto que cada membro é contingente. e (, . .) o total ruo 
tem
nenhuma realidade à parte dos seus membros'
Para avaliar esses argumentos. pode ser útil começar com um dos
comentários de Russell. Ambos os argumentos valem-se de noçðes modais.
A conclusio do raciocjnio de Copleston é que existe um ser necessário
(isto é, Deus). Russell discorda como segue: "a palavra 'necessário'
se aplica significativamente somente a proposíçðes. E . .) somente
àquelas proposiçöes que sio analíticas. quer dizer, àquelas cuja negaçåo
"Aé uma contradiçåo" Para Russell, nenhuma proposiçao do tipo 
existe" yode scr analítica. Portanto, falar de "seres necessários", ou mes•
mo de seres contingentes , é um solecismo.
É clato, se o argumento ontológico é válido. ent50. "Deus existe" é
analítico, mas esse argumento foi considerado insuficiente. Entretanto,
mesmo que admitamos que "Deus existe" nio é analítico. ainda há 
uma
resposta possível para Russell. Desde a obra de Saul IGipke. nos anos 
de
1960 e 1970. é geralmente aceito que a analiticidude ("verdade em 
vir•
tude do significado") n50 é a única fonte da necessidade: existem 
verda•
des necessárias que nio sio analíticas 6 Mesmo antes de Kripke, 
alguns
filósofos suspeitaram que verdades como "nada pode ser completamen•
te vermelho e verde" eram necessárias. embora nao sejam analíticas.
Mas Kripke forneceu uma estrutura teórica na qual necessidades nio•
22 Brian Garrttt
analiticas SIO intcligíveis c forncccu excmplos mais por cxcmplo.
• Túlio é Cícero". • água é H,o-, -este suporte feito dc madeira" Sc
essa moderna ortodoxia esta correta. cntno a nåo.analiticidadc de - Deus
existe- nAo vale contra a sua necessidade
sÅo TOMÁS DE AQUINO (c
Tbmás de Aquino nasceu cm Itália
Aristótclcs na Univxrsidade dc Nápoles e tot
Sua obra mais J)
tava que fé c razio n.10 podem
exercida. nunca produzirá veredictos Aquino
que a cxtstCnci.i de t)cus provada
exso sobre idéia dc Deus — cle o
ont016gico dc Anselmo Entretanto. que de
tkus podia ser estabelecida a partir dc prttniss.vs conccrncntcs natu
reza e à existencia do universo (SIO""
sio as ramosas -cinco Vias - dc .S50 10m.is para provar existência dc
Deus. urna das quais sc vale da contingente do
(uma do argumento cosmológico)
No entanto. há urn problema mais profundo com resposta dc
Russell. É certamentc verdadeiro di/er dc quaisquer coisas ordinárias
que nós encontramos: • isto poderia n50 ter costido- DC tato. podc•e
verdadeiramente dizer de si mesmoj cu nho ter «ustido (por
exemplo. se meus pajs n.10 tivesscm conhecido)
imediatamente que - Eu cxisto" é uma ' ontingcntc e pottanto
que cu sou um ser contingente l)essc modo. f,i/
contingcntcs. Nesse caso, deve pelo menos 1,1/0 / servs
necessários (se ou nio alguns
Entretanto. essa disputa n50 realmente ao Ensb0/.i
Copleston usc as expressôcs -scr que n.60 podc c
sário- para dcscrrvcr Deus o aspecto rclcvantc dc Deus par.' os propo.
sitos de Copleston n50 é sua necessidade. sua Deus
contém em si mesmo a razio da sua própria
O problema é que a idéia de quc contém pró.
pria existencia é demasiado obscura para que foçamos coisa com
ela. Russell diz que. a menos quc a expressáo -ramo suficiente" signifi•
que -causa•, ele nio pode saber o cla significa. Contudo, -razio
suficiente- nio podc significar 
•
"causa . pois. de outro modo. podcr.se•ia
dizer que Deus é um ser autocausado•. o que Copleston 'oncorda que
20
faz nenhum scntido Assim. alegaçåo dc Russell parece justificar,
se" sc n cxprcssno "ratao suficiente" nho significa "causa". o que cla
significa? Consequentemente. a primeira apresentaçåo que Copleston
faz do argumento cosmológico nccessita de esclarecimento antes que
possamos
A segunda apresentas ao. mais sóbria. opera com a noçao de auto•
suficiência apenas posteriormente no desenvolvimento do argumento.
com o (Inteiro) ou é ou é causado.
Russell objeta que essa premissa nio fot nenhum sentido. Faz sentido
pela desse ou daquele evento (que é como Oós aprende•
mos usar palavra "causa"), mas nao nenhum sentido perguntar
peta causa dc todos os eventos. isto é. do universo inteiro.
Entretanto, ratåo que Russell apresenta para essa alegaçao é
convtnccnte Ele mostra que uma falácia inferir que uma totalidade tem
alguma prupnedade precisamcnte porque cada membro da totalidade tem
propncdade E Isso é. de fato. uma falácia (a falácia da composiçåo)P
usar o exemplo dc Russell do fato de que todo ser humano tenha uma
podemos inferir validamente que a raça humana Inteira tenha
uma mie Mas Coplcston comete essa falhCia. Ele nio argumenta: todo
evento tem uma causa. a totalidade dos eventos deve ter uma cau•
Ele apenas pensa que faz perfeitamente sentido perguntar sco universo
tem uma causa E procurar saber se o universo tem uma causa nio parece
envolver o tipo de erro categonnl envolvido cm procurar saber se a raça
humana tctn uma
Assim. vamos conceder a Copleston sua premissa de abertura: o
universo inteiro ou é ou nio é causado. Como o argumento procede?
Visto que nos50 dc auto•suticiëncin foi considerada demasiado obscu•
teremos dc operar com a noçäo de necessidade. Assim. podemos
reformular segunda apresentaçio que Copleston fez do argumento do
scb'"inte modo
(I) O universo ou é n.io causado
(2) Se é causado. causa encontra-se fora do universo.
(J) Se n.10 causado. o universo Itccessirto
(4) O universo nio é
(5) O universo é causado (de 131 c ('II)
(6) Consequentemente. causa do unjvcrso encontra•sc fora do universo
(de (21 c •
Desde que estejamos sat isfcitos com a terminologia usada aqui. como
devemos responder? As premtssns (I) e (2) sio incontroversas. (l) um
truísmo (uma vez que admitamos. 'vntnt Russell, que faz sentido dizer
que o unisx•no tem uma causa) e (2). se n causa do universo encontra-se
Orian Garrett
dentro do corrcto di:cr quc deve do
so. nenhuma parte de uma coisa podc causar propria
que a causa do uni'.rno deve cnconttar•sc fora Jo universo
A premlssa cmbora tenha sido ncgada por alguns filósofos.
tambëm Supondo quc AO
inves de cxistir alguma coiSa. a do algo
Sirio ou cx»ntingcntc A raz50 de C"l'lcston (A)
compmmct&lo com a da o
verso um lodo e
I\.srém, SCu raoocínio 010
urna totalidaelc
A da composisåo l'odc•
nas a ccrlos de propnc•vl.ldco c
nno scia
sc o argumento ela
sa ( 3h alguetn sustcntar que o uniSA•1so "AO
e. ainda assim. seta 'mntingcnte/
tentar, eurno Aristótclcs o que u c.
é cvntingrnte Scgundo, muitos que
O unlsxrso. cmbora tenha sempre cAistido. sx•io litcsalmcnte do
cle tuo tem ncnhuma causa Conforme o
tlvcssc nenhuma causa. ainda assim sua setia
( da Um defensor do argutncnto mostrar quc tnis cot'.
insustcntavcis c. ate que cle o o
tuo sera Inteiramcntc convincente dis"'. se o
fosse convinccntc. sua conclusio
da causa do universo (por se boa
WILUAM (1
William estudou c leciooou ten
"do detigo Igrqa Inglatcrra
cam. Ern ( detendvu 0
utilitarismo (a vis.io scgundo a qual o
a feluuiadc hununa)
da W.brr
obta mais «.)nhecida de Ih'cy. tu qual elc aprrxnta sua do argu.
do argurncntando que o mundo e uo
mais disina.
Metafisica 25
O AROUNENTO
O argumcnto telcolób'ico em (avor da 
existencia de Deus. também
chamndo argomento do designlo, tenta atgumentar 
simplcsmcnte a
partir da evistencia contingente do univcno. 
mas a partir da compltca•
qlo c complexidndc da sua estrutura.
Esnborn o conhccido 'Icsde os 
cstóia)S. William
(1 1 805) cl.'borou versio mais conhecida. 
bascada na
di: quc. quando encontramos uma pcdra no
qlcscrto. "50 supotnos que cla condor, 
utn admitlrcmoa 
nos deparar•
quecomo 
cle c justificados nessa 
alegasåo. pois.
que elas foram -esttuturudas c reunl•no cs:uninar suas partes. vercmos conclulr
cot"ptopósito- Portanto. podcmos rozoavelmente 
"o rclORio ter um fobticonte (L Deve ter havido. em algum
ou outro artjmx ou quc o construíram para o propðsl•
(0 no qual n6s o servir. atguem quc compreendeu sua construçao
c scu uso"
que nós podemos raciocinar analogicamente a
partir do universo cncontramos ao nosso rcdor. cm particular a par•
atetir dos scrcs complexos. taiS O)mo norcs, coraçOes c olhos. 
de crtador do universo Deus Sc cstamos iustlficados
custência elc um fnbrtcante do relðgio,
dcvcmos «star iguulmentc '08titicados a inferir da existencia de
blolök'icas de um criador. disso.
bclcza c a sunctrla dosas cstruturas indicam a naturcza benevolentc
do Seu ctindor
Como rxspoudcr cssc argumcnto? Note-se que. difeten.
tcmcntc dos orgumcntos o argumcnto nAO é
aprvscntado como 'IC'tuuvamcnte vatldo Visto que nem a ctiaçio cr
arranlo alcatòti0 de particulas cm uma configuraçao
logicamente imposslvel. a existêncta de um
implica logicamente a evistëttcia de um fabricantc do rtlð•
AO inves disso. a alcgns.io de que. ao nos depararmos com
um telðgio, ta:oAvet acrcditar que cle foi ieito por um fabrtcante. lista
é a mclhor explicaçào para a custencia um retðgicx Analogamente. ao
obscn•armos o complexo mundo ao nosso redor. é ratoAvcl actcditar
que ele toi ctiado por Deus.
A pnmcira a observar que. mesmo considerartnoa o raaxi•
nio de Pale.' convincente. o mi\imo que CIC pode estabctecere que Deus
ctiou o universo. 050 que etc ainda esiste t inteiramcntc consistente
Brun Garrett
com o argumento de Paley a idéia de que Deus •abandonou a constru.
çao• logo após o ato de ataçåo Assam. seu argumento nåo nos dá qualquer
rado para que agora, como nio temos
nenhuma razåo para pensar que o fabncante do relógjo exsste agora
(Curiosamente. Str Isaac Newton acreditava que. sem Deus. os planetas
desorbitariam em diferentes direçðcs Portanto. para Newton. o movi-
mento regular dos planetas torna razoável acrcditar na existencia conti.
nuada de Deus.)
Segundo. ( 779) de l).'vjc/ I lume
publicado após a morte de Hume e antes da publicaçáo do tratado dc
(em 1802). um dos participantes imagmános, Filo, chama a aten
çåO para quio pouco estamos autorizados a inferir sobre o criador apartir da observaçåo do mundo (tio distante do início) ao nosso redor
Ete mundo, cic (um dcfcnwr do argumcnto do desígnio) saiba.
muito falho e comparado a um mcxlclo sojx•nor: e foi
o ensuo uno dci't.uk quc IX»tenormcnte o
úndorou. envrrpnhada sua realizaçáo cte tio-somcntc
a Obra de tuna deidade derrndcnte infcnor c o UbJC(0 dc deri£io dos
Sucrriores• ek é prt.x.duçáo da velhic•c c dccrcpltucic dc urna deidade
artt¼uada. e. &sde a sua mortc. deu-se 'Arnturas, cm conscquèncta do
jmÑso e força atava quc dcl. recclxu
De fato. sugere filo. o argumento do desígnio n.io nos dá nenhu•
ma raz.åo para supor que existiu somente um coador Por que n50 con.
cluir que, precisamente como • muitos homens se reúnem para construiruma casa ou embarcaçåo, ra erigir uma cidade. para formar uma co•munidade; . ( . ) nio
-
em várias deidades combinar dc projetor emodelar um mundo? 
Terceiro, e mau importante. devemos tcmbrar que l i.'ley escreveu
antes da teona da evoluçáo dc Darw•n e do despertar cosmologia
moderna fhra qualquer pessoa em 1800. a única explicaçåo para a or•
dem do universo era a criaçao divina, O raciocínio dc teria pareci.
do. entao, ser o mais simples senso comum- Entretanto, cm nossa pcrs.
pectiva atuai. temos outra explicaçåo disponívcð — a tcona da cvoluçåo
de Darwin —e o raciocínio de Paley náo parccc mais tio inescapável.
Se procuramos saber como os seres humanos. com todos os seus
a)mplicados órgåos internos (tais como olhos e corasocs) vjcram exi'•
tir aqui. nós temos duas explicaçöes concorrentes' a teorja darwiniana
da evoluçao por meio da scleç50 natural c expljcaçâo divina. A teoria
da evoluç50 tem desfrutado de grande sucesso explicativo e está tio
estabelecida que ruo é zriarnente em dúvida Ela (atua]mcnte)
a expliaçio para a existencia e a natureza da humana
Metafisica 27
c de outras espécies Nesse caso. o raaocínio de IhJey caduca o olho ruo é
análogo a um rtt6gio achado A disponibilidade da expliaçáo darwiniana da
ongem das espécies, com efeito, torna o argumento teleológico antiquada
O ARGUMENTO OO
Até aqui crittcarnos os argumentos em favor da existência de Deus.
Agora vamos cx)nsidcrar um argumento bastante conhecido contra a eXiS•
tencia de Dcus: o argumento do rml Este é um em favor da
nåo-cxistëncta de Deus. conforme a alegaç50 de que Deus (se ele aiste)
tem as características da ompotëncta. da omsaenaa c da bondade perfeita.
A idéia básica que subjaz ao argumento do é que a do mal.
do ma] natural (a morte e o sofnmcnto causados por deAsues nauzais)
quanto do mal mora] (a a•ueldade dos humanos entr si), é
cvm a cx.lsténcia de (brtanto. já que o mal edste, Deus odste
Contudo. precisamos desenredar um pouco as coisas para esclare-
cer o carátcr da alegada incompatibilidade O argumento do mal susten•
ta que as scgumtes proposiçöes formam um quarteto incompatível:
(I) Deus é onisciente
(2) Deus é onipotcnte
(3) Deus é perfeitamente bom
(4) O mal existe
Sc ( sio incompatívets, elas ruo podem ser todas verdadeiras.
Visto que (4) é inegnvelmente verdadeira, uma das três anteriores (I).
(3) é falsa Porém. se qualquer uma das (l é falsa. entAo Deus nIOL
cxjstc Se 050 existe nenhum ser que é oniscicnte. onipotente e perfeita•
mente bom. cnt50 nio existe nenhum Dcus. De acordo com o argumen.
to do mal. nio cxjstc nenhum ser desse tipo c. portanto. nenhum Deus.
Por que pensar que (l sno incompatíveis? O mal, tanto natu-
ral quanto moral. existe Se Deus é onjscjente. ele sabe da existência do
se ele perfeitamente bom. ele quer evitar o mal. se ete onipoten.
te ele é capaz de evitar o mal Entåo, porque cle nåo o evita? Se existis.
se um scr que fosse onisc•ente. onjpotcnte e perfeitamente bom. o muo.
do náo contena nenhum mal MAS o mundo contem O mal. Entåo. ne-
nham ser com tais caracterisucas cxjstc,
Este é um argumento agradavelmente dilCto. Têm havido, é claro,
muitas respostas a ele Essas tentam. de diferentes modos, mos.
trar como (I poderiam tornar-se, apesar de tudo. compatíveis. Aqui
vai uma sugestio de respostx Qual o problema se certos mates sáo ncm•
para a existência de certos bens? Ou seja, sem tais males nio haveria
tajs„bens, Desse modo. o teísta poderia argumentar que o valor dos bens
20 Brian Garrett
em questio ultrapassa o custo dos males que os acompanhanv Nesse
aso, a existencia desse mal 050 precna valer contra o amor, o conhccj•
mento ou o poder de Deus.
Um exempto Simples ilustra a idéia• eu sofro dor na cadeira do
dentista. mas isso é necessário para que cu fique sem dor c tenha dentes
saudivei' no futuro. Contudo, essa necessidade — dc que eu deva ter dor
agora para ter menos dor no futuro —é um caso de neccssjdmie causal ou
tecnológica. No estágio atua' da tecnologia, visitas dolorosas ao dentista
slo necessárias para que se tenha dentes saudáveis no futurou Porém;
Deus é onipotentc Ele náo é limitado por necessidades causan ou
tecnológicas. A onipotencia de Deus 'ignifica que CIC pode fazer tudo o
que é logicamente possível. Elc poderia ter arranjado conas de modo
que as visitas ao dentista fossem mcnos dolorosas. ou ter nos equipado
com dentes que nunca tivessem cáries, Mas. ent50, por quc cle n50 0 fez?
O que a defesa dos •males necessários" requer se prctendc scr
plausível. SJO males que sejam logicamcntc ncccssários para que cxiS.
tam certo' bens. Assim. se é desejável quc o mundo contenha tais bcns.
Deus n'O pode ser criticado por permitir tal mal, visto que é logicamente
impossível ter tais bens sem o maj que os acompanha Mesmo Deus nio
pode fazer o que é logicamente impossível
Exemplos de bens que parecem logicamcntc rcqucrer certos males
Ao o heroísmo, a benevolência e a simpatiaHeroísmo benevolência e
simpatia slo possívcjs somente porque o mundo contém, por exemplo,
desastres natura". vítimas com as qual' outras podcrn scr hcrói•
simpáticas ou benevolentes.
Contudo, çxxfcrnos formular três respostas aquiL Primeiro. bens
a simpatia náo parecem logicamcnte requerer a ocorrencia dc dc.
'astres reais. A aparencia de um desastre seria suficienrc para suscitar
sentimentos de simpatia. Se Deus é onipotcnte, cle ccrtamcnte poderia
ter arranjado para que o mundo conuvcssc ilusórios aos quajs
pudéssemos reagir Mas ele escolheu nåo faze.10J Por quê?
Segundo, a dcfcsa dos -males necessános- é dcmasiado limitada
O mundo contém muitos males que nio têm quaisquer bens concxos ou
atenuantes, Há muitos de morte e sofrimento cm toda a Instórja
humana (e animal) que nunca mencionados ou lembrados Tais males.
obviamente, nio podem ser justificados em termos dc sua produçAo dc
algum bem para os outros."
Terceiro, há algo de moralmente detestável associado defesa dos•males necessários- Mo estio as pessoas, vítimas de dcsastrcs naturais,
sendo usadas como um mero meio para o apcrfciçoamcnto moral dc
Mctafisica
outras pessoas? "O sofrimento dos outros é bom para a minha alma'
dificilmentc pode constituir•se na máxima dc um indivfduo moral.
Uma segunda via de resposta. no intento de mostrar a compatibili•
dade dc ( I é conhecida como a "defesa do Deus deu
às pessoas o livre•arbltrio, e isso é um bem. Um mundo que contém
pessoas livres que por vezes escolhem livremente o bem e por vezes
escolhem livrementc o mal é melhor. assim é alegado. do que um mundo
dc programados para sempre fazer o bem. No entanto. o
livrc.arbitriO tem um custo muitos males sáo introduzidos em nosso
mundo como resultado da açáo humana livre, Visto que Deus nåO é
responsável por tais malcs. cJes náo podem valer contra a bondade ou O
amor ou o conhecimento de Deus
Essa resposta é uma varjantc da 'rirneira: para que exista um certo
bcm (o livrearbítrio) é necc"åno to erar as más conse 
a åcfesa 
Ciências provc•
nicntcs dos maus exercícios dcsse bem Entretanto. do livre•
arbitrio está aberta às scgujntcs cinco objeçöes.
(I) A defesa refere•sc somente a casos de mal moral (o mal que resulta da
escolha humana livre) Ela nada esclarece sobre a queståo de saber
por que Deus permitiria males naturais.
(2) Ela supóe que nós somos dotados de livre-arb(trio. Alguns filósofos
negaram que os scres humanos tern livre.arbitrio. ou porque sio fata•
listas, ou porque consideram que o determinismo é verdadeiro, ou por•
que consideram o conceito dc livrc.arbítrio confuso (ver Capftulo 7).
(3) N50 é óbvio que o bem do tjvrr.arbltrio seja superior à quantidade de
mal que os seres humanos têm realmente produzido. implausível
pensar que o valor do livre•arbltrto de uma pessoa seja superior ou.
cornpcnsc qualquer quantidade dc mal produzido pelo seu exercicio.
O mundo 1150 podena ter Sido um lugar melhor se Hitler ou Stalin, por
exempto, tivessem Sido autðmatos. programados para fazer boas açóes?
(4) N.10 é verdade que, sc os scres humanos têm livre.arbltrio. deva ha•
ver más consequências. Mesmo que Deus nos tenha dotado de livre•
arbltrjo. ele poderja ter interferido depois que alguma má escolha
tivesse sido feita. garantindo que nenhuma má consequencia se se•
gume Isso certamente serta melhor do que deixar que as más consc•
quencias sc seguissem. Entio. por que Deus nio interferiu?
(5) Há um outro modo. mais radical. pelo qual Deus poderia ter nos
dado o livre-arbítno, garantindo, que nenhuma má conseqOên•
cia se seguisse. Por que Deus n50 criou seres que sempre escolhem
livremente o pensar que tais seres sio impossíveis.
mas isso está longe de estar claro. Podem os anjos ora escolher livre•
mente o bem, ora Mais sobriamente, nós somos seres que
escolhemos livremente o bem. Por que seria incoerente imagi•
Ji
30 Brian Garrett
nar•nos xmpre escolhendo o bem? Certamente 050 existe nenhum
limite superior a prieri para o número de vezes cm quc um agente
escolher livremente o bem.
• apresentar essa última objcs50 do seguinte modo pitor-cs.
eo: imagtncmos Deus examsnando todos os mundos procu-
rando saber qual deles tornar real Cm algum desses mundos. todas as
cxolhem livremente o bem Em outros. cso'lhe o
Em outros ainda. alguns homens o enquanto outros
exolhem o mar Jbr que Deus um
prirrEira ates»ria? S: de queria c ele
tê-lo feita MX 050 0 fez. IX'rtanto. a Deus quanto
poder.
Uma última via de resposta ao argumento do mal assinala que (
(4) nio 150 formalmente inconsistentes. Talvez exista uma razio para
que Deus permita o mal. mas essa razio é desconhecida ou incognoscível
-para nós Contudo. é dificil distinguir essa resposta da criaç50 ilusóna
de fatos que se desejaria que fossem realidade
O PROBLEMA DO MAL
A prinapal raz50 pela qual muitas pessoas ponderadas nio acreditam
em a existência do mal. Elas nio podcm entcnder como um
tod'.»poderoso. ttxio-amo'oso adnu-
tir o mal mundo exemplo. o sofrimento que a
esastm natural como uma inundaçåo ou a fome). CIC
as mas cona•qOências das escolhas das O'
teist.u (Isto aqueles que acreditam na extstenci:' dc Deus) ofe
várias que pretendem nurstrar o nno o conhcctmcn•
to, o o amor de Deus sio 'X).nsistcntes a do mal
xreditava todas as tetxiicéias estio fadadas fracassar (A
1793). e nosu parece confim.i•lo
OBSERVAçðtS FINAIS
os argumentos.padråo em favor da existência dc Deus estio
abertœ a A existencia do mal (ornexx• um fortc argumento contra
a eóstêrxia de Deus. Ê. por isso. inte'ramovte aumlitar que 
nio
existe nenhum qIR seja onirx»tcttte. onisciente e lx•rfcigamcntc
OUESTÖES PARA ESTUOO
Anselmo realmente cometeu a falácia 
da reificaç50 em sua do
argumento ontolópco?
Russell estava certo ao questionar a 
ctxrenaa da nc•o de um ser
construar ui na plaustvcl 
JO do
nuss•va improbabilidade de um 
unnxrso que propioo 5 ?
Qual a resposta pronussora 
que um teísta pcxic•na dar ao amnnento 
do
LEITURAS RECCMENOAOAS
M M Adams e Adams 
4 Eril Oxford OxfCMd
lhtss. 1992 Um interessante e 
•.•czes cxis•cnte ensaio. 
ao
problema do mal A introduçao muito 
útil. e eu
artigos dc L MacbJe, N Pb. A 
T'tantmgu c RM Adams
L Mirace 
Oxford Clarcndon Press. 1982 Uma
introduçSo a os principau ar;urnentos 
a favor contra a existência dcPew
Altamente recomendada
A Pianung• (cd 
Arrumcnt Nov 
1965 Um
pequeno e útil, dmdido duas 
panes Na pnnztra pane. Hanunp
as do arvnncnto 
ontolðgiCO dc Anselmo. Descartes. 
Spjnoza e Leibniz.
arntelamente a comcntånos críticos 
de Gaunilo. CateruS. Gassendi. 
e
u»pervbaucr Na segunda parte. manti.nga 
selectotu uma (hote nus ainda
intcrcssantc cotesSo dc comentadorrs 
do •éculo XX A mais 
irnçman•
te dc N Malcolm. 
dc A Ptanunga e P Helm.
A Plantioga. Col. 
Evit Londow Alen e Unwin. 1975 
Mais um
idido cm duas Na pntrxtra 
pane. mantinp apresenta a sua própru 
e
isto é. sua para o 
do mal. tu
do defesa do livre-arbitna Na 
parte. cle delineu e critica
cosmológico. teleolôgtco e 
em favor da dc Deus nru•
uma vrrAo do argumcnto ontológ.co 
que. cie. ruo
a verdadc. mas a actuabllubdc 
Jo tcismo Ambas as 
da
dc um mundo
os do arsunento 
cosm016gtco
RECURSOS NA INTERNET
A I'tantinea (1998)
'f DisF)nivcI cm: <bupåSonv.rrpmi
KL129> ActSSOcm. 31 maio
i2 irian Garrett
C Ed 00 do
N Zalu (ed)
Aœsso em 2006
Evil•. ( do
2004), Edward N (ed cm < http}/Natostanford cdlv'
cm ma•o
Existência
INTROOUÇÅO
A existencja dA ongcm a inúmeras questóes especificamente filos6•
ficas que se encontram no coraçåo da metaflsicx Neste capítulo. abor•
daremos as seguintes questðcs Pnrnetro. qual é a extensJoou abrangência
do ser?' Em particular, entidades nio-rea•s ou meramente possíveis po•
dcrn custir? O que realmente existemeramente uma pequena parte de
tudo o que cxjste? Segundo. por que o universo existe? Por que exute
algo em vez de n50 exjsur nada? E por que este algo e ruo outro? Temei.
ro. há objctos nåo.cxjstcntes? Por que alguém pensaria que eles exis-
tem? Quarto. o que é a existência? Em particular. a existencia é uma
propriedade dos oblctos comuns. ou nio? Por que importa o como
rcspondemos a essa quest.io? Responder às queståes 3 e 4 exigira O exa.
me profundo de complicados problemas concernentes a significado. re.
fcrenci" c estrutura 16gsca
A ORANOE AORANOtNCiA 00 SER
É muito natural pensar que o que existe é somente o que realmente
existe É claro. podenam ter exjstido porcos voadores. dragðes cuspidores
de fogo. montanhas de ouro. máquinas cm perpétuo movimento e asstm
por diante Mas tais coisas nio cxtstem. Elas poderiam ter existido. mas
n.10 existcm, David Lems discorda. O que poderia ter existido realmen.
te existe — em algum outro mundo possível. Mundos possíveis também
existem. exatamente do mesmo modo que o mundo real existe, Essa é a
infame doutrina do realismo modal. Lewis escreve.
34 Brian Garrett
a da pluralidxie mundos. ou mtiin•r. nada', qual
antenu O mundo é um cntm outros Eustem outros
muru½s. outras a»sa.S lamente abrangulas ( ) Clas
n.10 existem quatsquer espaço-temporaJs entre coi
&rrntes que Frtencrm a mundos dilerrntes Ncm nada que acuuc-
itece cm outro ( ) Os
mundos da mesma deste nosw• mundo ( Ô). Nem este
outros xu ( ) Os mundos
A doutrina do realismo modal capturada nas scgutntcs sctc teses
(l) Mundos (incluindo o novso mundo)
(2) Eles da mesma c•sr£ctc de corsas que O nosso mundo
(3) Mundos rx»sfvcis. como o mundo rval, n.10 podem scr
mais.
(4) N'O hi nada ontolog•eamentc especial em ao mundo real
Cada mundo real para seus habitantes
(5) é simplesmente um indcxical. como -aqui-
(6) Mundos possíveis sio isolados e portanto.
ausalrnentc isolados um em rclaç50 ao outro
(7) Mundos possíveis ruo s50 dependentes da mente
É considerar o que a doutnna do realismo modal SignifiJ
e o que ela ruo significa Ela nio é a concrpç.io segundo qual • muitos
mundos existem realmente- (uma conccpç50 que às é proposta
por certos intérpretes da mecånjca quinoca) Segundo tal O...•nccpçåo, o
mundo rcaJ é muito major do que pensamos. e a conccpsao dc
é o realismo modal a concepçJo segundo a qual custem
mundos possíveis ou serei possívejs quc
nhuma distinçao entre -exlstcm Fs• c de
o das O'isas realmcntc existentes é um no
de todas as coisas cx•stentes. exatamente como o conjunto de pessoas que
em Camberra um suba.jnjunto do conjunto populaçåo total •
do o conjunto das rxssoas exjstentes cm 1940 é um subcontunto
ao mnjunto das pessoas existentes no século XX
Cada mundo possível corresponde a um modo diferente que o nos•
so mundo poderia ter sido. Alguns mundos possivcis s50 como o nosso
— eles contêm rxssoas de carne e osso c burros. exatamente como o
nosso munda Contudo, outrt» mundos possíveis s50 mais exóticos e
contém tipos de entidades nåo sonhadas neste mundo Mundos poss/.
veis s50 mundos concretos como o nosso. irredutivcis a algo mais (por
exemplo, a objctos abstratos conjuntos de prupooçòcs)_
Metafisica
REALISMO MODAL
A doutnna do realismo nuxlal procede em duas etapas th•imeiro. eta
analisa o discurso modal ordináno nos termos do dix•um mun•
dos possivx•iß A sentença '.trdadeira -pxiertarn eustir asna azuis• é
traduzida como -existe um mundo possível qtk contém
Segundo cla endossa o realismo sobre os mundos e gus habi•
ontcs Outros mundos custem cxatatœnte do modo
que o nosso mundo evste Cisnes azuis existem. mas ruo em
mondo Alguns filósofos negam que o discurso modal envolva a
sobre mundos Outros aceitam a nt»
termos do diaurso sobre mundos iÄñS/vcts. mas negam que
mundos existam O mundo real é prlvllegtadcx ele o Uruco mundo
O que, entalo. torna vrrd.utctro um
que conténvcisru•s azuis se ruo a de um mundo concreto que
contém cisnes azuis? Realistas. como eles Ao chamadœ, postulam. em
vez dc um mundo. alguns
Pto. um conjunto completo e consistente dc sentenças contendo a
tença -cisnes azuis • Esse comunto o que torna verdadetro
existir cisnes azuts, Mas ISSO é Mesrro ruo aistg•
se nenhum conjunto de sentenças ( por se ruo ntn•
tes)D ainda assim exisunam cisnes azuis
De acordo com o realismo modal. a existêncta real (existentes no
mundo real) n.10 é de modo algum prralegiada. Ela nio é a marca do real.
usto que outros mundos sio igualmente reais, O mundo -real• declarado
pelo habitante dc qualquer mundo simplesmente se refere ao mundo do
habitante Cada mundo é real para seus habitantes. exatamente como
cada lugar é -aqui" para seus ocupantes. - Real - um mero indexical.
Além disso. pensa que os mundos posstveis slo unidades espa•
ço-temporats. sendo espaço-temporalmente isolados um cm ao ou•
Finalmente. mundos posslvcis n.io sao ficçOes criadas
os mundos possíveis (jnauindo o nosso) existem indqxndentemente de
nós nem fazemos com que clcs existam. nem mantemos a sua existência.
POR out O NOSSO HONOO EXISTE'
O realismo de Levás tem impliasóes para uma das mais
complicadas da existencix que o aiste? Esa questio
pode prmritosanxnte dividida em duas quest&s disuntar que aiste
cm vez de 100 existir nadai' E ate e outm?
Brian Garrett
QUE EXISTE ALGO EM VEZ DE N'Åo NADA?
Durante eculos. Frtsaram que qucstJo exigia uma res-
criaturas intemr dele mesmo nós rrnsarrnos quen.50 existe nenhum a qucstáo ainda parc•xx• sentido A.l§tns
c sustentam que ela nio ter ncnhunn resposta inte-
Houvr uma minadënoa de que pernu'i-
ram o finco cmcrgissc e pmptcaassc ouzrgttrxnto da v-óda. hi nenhuma dc por que
inxiais Muitos satisfeitos
mutos ruo estau Sc d.
iruaais qux o da 00 "Wnsvlmcnte
ruo d.c•vc uma expixas.io dc que
responder a qucsuo R afirnu que
te um rnurd• o mundo real Sc essa afirmasåo e falsa. como
enUo o mundo é meramente um
muitœ mundos propícios ao da Vida Nesse caso. nioé tb nuterx»o qtz o nosso mundo pmpíoo ao surwnento da
mutos o Ao. e ocorre qtx o nosso um deles
Lewis tem uma resposta pronta para a pnmcira quest50 Para ele.
ruo poderia haver
Um muruJo anno unu queruo rtnhuma O mundo a totat"tidc «usas q'..R
quaæ nada Jgunt
tahcz um Mas
aÞrna n cm que
em torna aJgunu cvi" •
Lewis ruo considera que esta seja urna explicaçio dc por que custe
algo em vez de nio existir nada (ele nio acredita que possa haver
explicaçao). Simplesmente que ela mostra que a queståo se baseta
em uma hipótese falsa — a hipótese segundo qual poderia nio cxastjr
literalmente nada. um mundo absolutamente vazio
Entretanto, mesmo que Lcwts cateia errado sobre ponto e exis•
-ta um mundo que seja vazio. ainda assim sua doutrina do realismo modal
terá implicaçðcs para a questlo: por que existe algo cm vez de n50 cxis.
tir nada? Se existe um mundo quc é vazio, poJc•mos responder
Metafísica 37
o "em vez de- está mal.lp'icado — nio existe nada (no mundo possível
que é vazio) De acordo com o realismo modal. esse mundo existe preci.
sarnente como o nosso mundo existe
O que ocorre com a questio por que cxaste este algo e ruo outro?
Alguém que proponha essa questio normalmente tem em mente a ques•
tio mais especifica por que este mundo é propícjo 5 vida em vez de ser
contrano a ela? Dertk Parfit descreve apropriadamente a raz.åo para
cons'derarmos essa questio urgente
rara que ío"e possivci. as cond"ùcs iniciais tinham de
sclcctonad.as com o dc prrvtOo necessarø um
tiro nu dc 
que vida é algo 
Das incvnti•.tls 
aram foram 
distante Visto que ruo arrogante
arnrrnte sintonia fina precisa gr
posstsms. que aquela que prvpxi.
aquelas que prevalectram?'
Urna resposta óbvia a teísta Deus. cup existência é necessária.
arramou as coisas desse modo Mas, obviamente. essa é uma boa respos•
ta apenas se Deus existe (ver Capitulo I) Outra resposta é que nso há
nenhuma resposta O universoreal sumplesmente é propicio à vida. e
nenhuma explicaç50 sobre isso pode ser dada Mas essa resposta pode
parecer insatisfatória. Echzmcnte, uma terceira resposta:
Nosso Uruvcrso ar a totÅ .•wns
muitos ujuvcr-sos — ou. entar
murdos tem as mesmas 10s natureza o e a
de Big Bangs nus cada urn candROes iniciais liFira•
mente diferentes Segundo ruo
dc untcntas sc suficientes Bane.
roo xna uns
prrosamcnte as propicias lura a Vida. E n.10 nenhuma R O
nosso fosse um desses
Embora Parfit talvez nao tenha pensado na doutrina do realismo
modal de Lewis quando escreveu essas palavras. trata-se do mesmo
pontoo Se o realismo modal é e o nosso mundo é um mun.
do entre incontáveis outros. entio nåo surpreende que o nosso mundo
seja propício ao surgimento da vida, Muitos mundos o sio. e ocorre
que o nosso é um dclesD Portanto, com o apelo ao realismo modal. a
necessidade de uma explicaç50 teísta é evitada. Como o realismo modal
explica algo que de outra maneira permaneceria enigmático. este é um
ponto a seu favor
30 Brian Garrett
REALISMO HOOAL E.x.04tNAOO
Lewis alega uma uantidade dc virtudes do realismo modal. nåoEndo a menor delas o ato de ele itjr uma análise clara do discursomcxial (o dtxurso que contém como •rxxlcna•, 
(condicionais 
-posst•
da
velmente•. •necessáno-. etc ) e do dc 
forma A tivesse B n.10 tena aa.'ntcctdo•y Por exempto.entendemos a xntença -p)rcos n.10 voam - e sabemos o que tornadadetra: as coisas como cias realntcntc (.:nntudo. entendcmos•rx.m:• rxxknarn e supomos que cl. e svnladctr.i Mas oquea torna vcrdaJctr•a? N50. tomo elas realmente sio. O entáo? Lewis uma as cosas s.íoem outro mundo difcrcntc) A q•ntcnç.l -porcosriam tr.iuz.ida Lcwts mundo noqual porcos Visto que existe ta/ mundo e que c concreto como O nosa:'. O rntsttno u'brv o que tnrn:.verdadeiras é Similarmente. xntcnças do -
por -existe um mundo no qtiAl I • . c sentenças•mxssartarncnte traduzidas os mundosr. • R.sstsœ/rnente• e • n«x-sunatncntc- modo. jntcr•pretadcn quantificadores dc mundos
Uma confusáo surF. entretanto. no caso das acercadé indivíduos particulares reats Suponhamos (aGore ter a cicjçáo presjdcnu.il dc 2000 nosEstados Unidos que a torna vcrdcjra? Comoas sio cm um outro mundo Mas sio asnesg mundo? Ele contém o própno Gore,um F'to dc vitóna? é urna undo daeaistencta. indivíduos cm mais
irulivfduos 
Cmtudo. 
restritos a urn mundo Gore um (o
os
c em nenhum agno entáo. um mundo nao ' ontcrCom ano n da -( 'orv tuslcria terdc Estados t-Jnid•n7 A dcesg mitro mundo uma dc Gore (alguém muitosimilar a Gore. mas Gore) dc 2(ÄÅ) Assnn. édam Gcxe rx.deria tcr a pressdcncta/ dc porqueum mundo similar ao tunga, que contém uma contrapamdade Gore v.rnce a cleiçáa
Existe, portanto, um debate entre a teoria da múltipla existencia ea teoria da a'ntr•partida Saul Kripkc demonstrou dc modo brilhanteque a teoria da contrapartida náo poderia (aar justiça nossas JIcga.
Metafisica 3'
a teom da contrapartida) se rós -Humphrey çx:xkria
ter vrncido a • nio estamos falando sobre alguma coua
poderia ter acontecido a mas a alguém mais. uma
-contraparlida- ržovavclmente. contudo. Humphrey cxxieria
dc modo algum sc alguém mais. ruo importa semelhante a
ele, tivesse Sido vuonoso cm outro mundo posstKl
Tem havido muita discuss.io sobre se a obiec50 de Kripke acerta o
alvo Os tcóncos da contrapartida replicam que urna contrapartida de
Humphrey vencendo clctç50 é o que torna vrrdadeiro que Humphrey
vencido ctcjç.ío Os tcóncos da múltipla existencia replicam
dtzcndo que nio Nio está chro com quem fica a vitória. Mas nós
podemos considerar um ponto mais fraco A teona da múltipla existenaa
Iorncce uma sc-tnånuca nuns do que a tcona da contrapartida
para o nosso discurso modal Segundo a tcona da múltipla existencia.
- Gore podcr•.i ter vencido cluuç.io• é verdadetra somente se extste um
mundo possivel no qual Gore vence a cletçào Essa é urna mau
dircta do uc a dos tcóricos contrapartida, e este é um Fx)ntoern favor
da teoria múltipla cxtstêncja.
Muitos filósofos rejeitam o pano dc fundo do realismo modal con•
tra o qual conduzimos essa disputa Em razio de sua prodigalidade
ontológica. é unta doutrjna que conquista poucos adeptos. Muitos a
constdcram stmptcsmcntc inacreditavel Isso é bastante compreensiva
Somos convidados a acreditar que há mundos que contem burros falantes
c IX)rcos voadores que extstcm precisamente do mesmo e vigoroso modo
que os nossos porcos e burros extstcm Porém. se essa é a nossa
dcvcriamos ver como alguém que lança um desafio: explicar o que
torna nossas .ilcgaç3cs modais vcrdadetras sem fazer referencia a
possivcis realisticamente construidos Talvez isso possa scr feito. Por excm•
PIO. conforme o relat.ldo. uma sentença como -porcos poderiam voar- é
vcrdadcjra somente se sentença porcos voam • é um membro de um
relato (con.unto dc sentcuças) completo c conststentc Os defensores do
realismo modal responderao ditcndo que as possibilidades slo obictivas c
independentes da mcntc Mesmo nio existissem quaisquer sentenças.
Ainda assim podcriam exjstir porcos voando. Portanto. o de vista
do relato pode estar certo L assun segue o debate
O que deveriamos concluir acerca da doutrina do realismo modal
de Lewis? Ela é uma doutrina com vantagens explanatórias significati•
vas Ela prove -produtores de verdade• diretos para as nossas alegaçöcs
Ela solapa uma pressuposiçåo da enigmatica qucst50 • Ibr que
existe algo em vez dc existir nada?• e possibilita uma rcsrx»ta destitujda
dc mistério para n questio -ror que este mundo própício ao surgimento
Brian Garrett
da vida em vez de ser contrário a ela? • Contudo. essas vantagens sio
contrabalançadas pelo zu ontológtco Somos comidados a acred
tar quz duendes e montanhas de ouro custem prcctsamente do
mamo que arvores e Fdras custem Isso é difical de acettar
Entretanto. qualquer um que rtiCite o realismo moda' deve uma explicaçáo
alternativa das nossas alcgaçócs •nodars c
aplicar por que razÅo. cntrt todos os mundos possnrjs. o nosso
muro tern o pnvalégto dc eusttr
OUETCS Nio-EXISTENTtS
Lewis pode discordar do quanto existe,
afirma que extstem coisas que nio existem Colin McCinn o
anrrnx Ele é um defensor da cxincc1850 segundo a qual exis-
tem Objetos nåo-exmentes Em uni livro recx•ntc. cle escreveu
fala: 
Venus cxtste Malcano ruo. 
rncramcntr 
cx.iSt.cm é ter um.' 
tu.lo o que
custem.
quatitu que
que vmncntc
quas nos mfcnmos tem — aquelas
meramenlc •
prurxžrcssa M'Oinn segue os 
trlx•o Alcxrus Mc•nong. o qual admitiu alegremente 
jetos nio-cxtstentes e muno mais atem disso
ÅLEXIUS MEINONC (1853 1920)
Meinong um filosofo austrúctx fortemcntc 
Eu Franz ( 18J7A917) dc
na Unt•æmdadc Gral. fazendo
c à A obra d' 
da c. cm da teu' de 
a qual
mentais xjarn 
urna teona qt.x x!rnite a dc 
do filósofo
eustêncta de oba
i."lo
d.'
sobre
W'inong
(u
trontarðu (o qu.ulr.tdo) I
(alw lido dc
é um obtcta Mcintmg.
lar•. e. um trúngulii
da rtxnt",
Fnsartrnto. Meinong on
u txrn 
Metafisica 41
Por que Mei nong sustentou uma concepçåo tio 
extraordlnåria? Aqui
está uma famosa passagem de Bertrand Russell:
Argumenta-se exemplo. MeinonO quc nós 
falar -a
montanha de ouros -o qu.•drado e assim diante.
tomar •,trdadeiras as das quais esgs •o os
elcs dc-.rni dc ser vtsto de 
modo.
scn.am destituídas de Nessas
tecnxs. IO uma f daqucle sentimento &
ser prescr-,ado mesmo nos estudos mais A 
do
cu anr•
050 :ulnnttr uni utlicómb mais 
do 00
a de suas e
na Utcratun
ou Imaginasio e subtcrtúgto mau de e irrisaa•
A pnnapal tarefa de Russell no capítulo do qual essa citaçAo foi
retirada. e em scu artigo mms conhecido — • On Denoting• (1905) — é
frustrar a dc raaoctnio dc Mctnong Do mero fato de um termo
dc sujeito gramatical ser significativo e figurar em sentenças significati•
vas c vcrdadctras nio se segue que cle se Itfira a algumacoisa. Portanto.
Russell rqctta muito enfaticamente a concepsåo segundo a qual O signi•
ficado é a referencia Enfaticamente. mas nAo completamente Russell
pcnsa que exjste uma variedade restrita de termos singulares genuínos
para quais o significado é a refcrencta (por exempto. o pronome pes-
soal "eu" c termos que se reterem às cxpcrienaas majs imediatas dc uma
pcsso:i. como •esta dor de cabcs-f) Para Russell. esses sio os únicos
tcrmos de referencia genuinos O uso stgtuiicattvo desses termos (-no•
logicamente própnos-o como Ao conhecidos) garante que eles te-
uma rcícrencga
Iodos os outros tcrmos dc suicito gramatical (nomes próprios co•
muns. descriçöcs dctinidas. ) slo impostores. Eles parecem estar na
dc referir. isso Absolutamente nao é o que eles eståo fazen•
do. A estrutura gramatical sentenças que contem tais termos difere
da sua estrutura lógica verdadeira O ponto da teorta das descrtçðes de
Russell exibir estrutura tógtca dessas sentenças
No caso dc algumas delin•das (isto expressöcs do tipo
-o claro que a estrutura gramatical c a estrutura lógica Ao
scparadas. Considcrv•se
(l) A familia média tem 2.3 crianças.
Esta sentença tem gramaticalmente a forma sujeito•prcdicado (a
forma onde • a • o termo de sujeito e • F- o predicado) Contudo.
a)tno c a
'2 Brian Garrett
BERTRAND RUSSELL
Bertrand em Montnuuthsžurv. membro dc
uma familia (ck txrdana títulos dc conde e vixvnde
mais tarde). Seus pai.s rrwrrtrarn ainda cra tncntno e elc foi
mado avós. qiX eram lente reltgiosos Estudou 
no
CollCF. CambndFL a Influincia de MCTawtl. foi
idcalutx tbstertormcntc. ensinou no Tnmtv
um cx.mtemrxxaneo de G tendo Wittgcnstcjn entre
OS cm quase tcxlas 
as
da nuts »grufiativamcnte em filosofia da mate•
mitica. da I c da ntcntc C assitn
em e uca Os últimos foram dingvdos a uma
audiência Fral- um t.ndc estilista prosa. foi distinguido
0 Premio Noixl dc tcratura em 1950 Dois dos wus livros — C)'
(1912) e Uma hiltåna xt'lortal ( | 945) —
Entre as suas contnbujçócs nuis imporv
tanta e influentes a teort.a das e o paradoxo dc Russell
(o tnœtruu o intuiuvo cotnprccnsao- — a cada
propned.ade corresç»nde um dc obtctos que têm preasa•
essa — leva ao paradoxo)
ó termo de sujeito -a família média• é um singular fictício. Sua
funçAO n50 é referir•x a alguma famma particular sobre a qual é dito que
ela tem 2.3 crianças. Quem pensar assim terá qucndido a sentcnça de
modo incorreto A estrutura de ( I ) evibida por
(2) O número de crianças divvdido pelo número de 2.3
(l) é simplesmente urna maneira abreviada dc expressar cn.
quanto (2) a explicitaç50 das etapas dc uma divis50 Cla e do tipo
b nio - Fa • Além disso. em (2) nio nenhum que prctcn
da referir•se família média. e isso. para Russell. um Sinal seguro dc
ue a descriçåo -a familia média•, embora gramaticalmente um termo
sujeito, nåo é um termo singular genuíno (l
iara Russell. a
genuina é ineliminável ) Embora significativa, sua funçåo nio é a de
referir um objctn
Isso é suficiente para mostrar que o raciocin•o de Megnong falho
Contudo. Russell quis mostrar que o racit"ímo de Mc•inong com•
pleu e geralmente, e nio somente no caso dc como
-a familia média• major partc das lx•ssoas entende convençöes que
subjazem a construçöes do tipo —a tat•c.tal média F. c impros%ivcl
qLE esteiam enganadas em pcnsar que o de suicito ncla 'ontidu
seja um termo de referência 'tal Porém, em outros casos, as pessoas
podem mosto bem estar enganadas. Aqui é que Russell propôs a sua teo•
para mostrar que nenhuma descnçåo (definida ou indefinida) é um
termo de referencia genuino. A estrutura gramatical de sentenças que
contem descnçóes n.10 de modo algum a sua estrutura tógicx
De acordo com a teom (Ias de Russell. descriçöes sio
quantificadores eostcnci:us disfarçados. Quando clas ocorrem cm senten•
ç.ns do tipo - Um Fé G" c • O F é G • as descriçöes. embora termcx de sujeito
gramaticais. nio saio termos stngutares genuinosu A estrutura lógica real de
F é G - é capturada por (fi e Gs) (isto é. alguma cosa é tanto F
quanto G) A estrutura lógica de - O F é G" é capturada por ax (Fx e (y)
(se Fy cnt.lox y) G.x) (isto é, existe um x que é E e unicamente ele é F.
Nas anitises resultantes, nio ocorrtm quaisquer termos referenciais
singulares. somente quantificaçno (o quantificador existencial -existe' e
o quantificador universal "para todo"), predscaçåo ("F • e • G") e identi•
dade (- ) Nada corresponde "um F • ou a -o F- na análise. 'Assim. o
que parece scr termo retercncial funciona logicamente como
quantificador, c qu.mtificadorcs n.10 sio termos referenciais. Se eu digo
"hi um homem careca na sala", nho estou me refenndo a nenhum ho•
mem careca. embora essa sentença dita por mim seja verdadeira somen•
tc sc alguém (qualquer um) na sala satisfaz a descriçlo. Sentenças
quantificadas sio satisfeitas. ou por obtctos. Se Bill é o ómco ho-
mcm careca existente no mundo. o tato de Bill ser careca torna verdadei•
ra a sentença -alguém é careca- Mas se. em vez disso. Fred fosse o único
homem careca existente no mundo. entio o tato de Fred ser careca tor.
nana verdadeira a sentença "alguém é catrca- Em contraste, uma sen•
tença que contenha termo singular gcnuíno é verdadeira ou falsa
somente pelos estados c pelas açOcs do objeto de rvferencia, Como as
coisas sio com respeito a outros objetos é irrelevante.
Em acréscimo a essa teoria das descriçðes. Russell tinha uma outra
e mais controversa tese: nomes próprios comuns sio descriçôes
disfarçadas e, portanto, quantificadores dislarsados. A despeito das apas
tencias, nomes própnos comuns sio termos singulares genuínos ou
termos referenciais. Os únicos termos singulares genuínos såo os nomes
logicamente própjios de Russell. os quais se rrfercm a itens mentais
atuais infalivclmcnte conhecidos Portanto, a categoria gramatical dos
termos de sujeito subdivide.se nos (poucos) termos referenciais genug.
nos. c todos os demais sJo, enfim. classificados como quantificadores.
Brian Garrett
Este nlo é o lugar de julgar a íiloiorta da linguagem por
—Russell em 1905. Sua teoria das descriçðes é ainda arnplumcnte aceito.
embora nio seja incontroversa Sua teona segundo a qual os nomes
comuns sio descriçðes disfarçadas é amplamente rejeitada (em grandc
parte graças ao trabalho de Saul Kripke) O ponto de discuss.lo do
• dc Russell aqui se divide em dois Pruncuo, CIC mostra como
• podemos resistir à aJegaçio segundo a qual para cada termo dc sutcito
• '-dcvecxistir um obicto correspondente evitando. a
ontológica dc Mejnong Segundo. an afirmar quc nomes comuns c dcs
coçðes sio quantificadores disfarçados. Ruswli dist•nguc gramática 'Ic
bllidadc dc que -existe • — cumu cssa pal;nra ocvrrv por exemplo. cm
; - -•Ccorge Bush existc•. suFr•bomcrn nho e • tigres existem - —
• 'P' sçrnbora gramauadrnente um predicado, dc fato uns quantillçador
existencial disfarçado.
"o auti AIDOSTtNCtA'
Ao perguntar -O que é existenciar nosso é dcscobnr a
natureza da existência. mas nosso método As.
afirmativa verd.idc.ra. como
• Ceor$e ßush cxiSte•u Cramaucahncntc. a forma sujeito,
predicada A forma lógica de -Ccorgc Bush existc• onno parece Fa
• George Bush- refere-se a George Uusli. o quadragésimo presidente dos
Estados Unidos; -existe• refere.sc à propncdade existencta George
• Bush tem a propricdade da exist&ncta. a 
priedade dc obictos annuns. an Lui" dc propriedades 
, • calvície. etc.
Em uni" ctjncvpç50 diferente — a 
gramática de supcrflcic é
' predicado, mas um quanuncadoc forma lógica de
um.' PIO.
altura
—
• 
M' - 
e• n'O é Fa. mas (x Ceorxe Bush) (Isto é. um x que x
dentico a George Oush)L Portanto. a existéncia uma prupncdadc
-ú,deÇeorge Uusl' ou de qualquer outro obJcto comum
e-•Meinong e McGinn. que acreditamna caistêncja de Obietos
existentes. também defendem n concvpsio segundo a qual a csistëócia
• Urna propriedade Isso nio é uma 0Jincidét"ia. Sc uma propriedade
genúlna. é natural que alguns objctos possuem outros Sc
a aistencia é uma propriedade genuína. seguc-sc alguns
cxistcm e outros Estes ultimos sio os obietos náo•existentes. Por.
tanto. a concepç50 segundo a qual a existência uma propriedade, as.
snn como a conccpçåo libera/ de significado e referencia criticada na
scs50 anterior. é compativel com n doutrina dos obietos
Como decidiremos entre a concepçio da existência como proprie•
dade e a sua concepç50 como quantificador? AJ Ayer escreveu certa
vez que. se a concqsåo da existência como propnedade fosse vrrdadeira.-
quc todas as proposiçOes cxtstenci'lis afirmativas senam-
tautologtas. e todas as proposgçOes existenciais negativas seriam
autocontraditónns- prgmcira alegaçåo dc Avcraccrta ,
o alvu Simplesmente que cx•stenci.a guio propricda•
de pare" implica/ que, exemplo, -George Uuslt extste• uma
tautolog•.i. Ccrtamcntc. sc se que todo nomc com significado
rtfcre•se um objcto c que nio quaisquèr objetos nao•cxistcntes.
cnuo de fato. a stgnttic.itividade do nome "Ceorge Bush" assegura que
uma declaraçåo da sentença - George Bush existe • mio poderia deixar de
ser verdadeira Mas a doutrino segundo qual a existencia uma
priednde n50 dcsempenha nenhum papel aqui
Há mais plausibilidade na segunda ateg.tçno de Aycr. conforme a
qual. se n teoria da como propriedade fosse verdadeira, as pro••
posisðes existenci.lts negativas contraditórias Considere•se a sen•
tença verdadeira - O supcr•homem n.50 cxjste• Segundo a teona da
tencia como propncdade, - O super.homcm custe• tcm a forma lógica •
• Fa- ( -a é F); portanto. • O super•ljumem n.50 extste• tem a mesma for•
mn, somente com F - (n.10T) no lugar de - F- • F)a• Ca é — F).
Toda sentença que tcnlja essa forma está sujeita regra da generalizaçåo
existencial de (— que Fx) (isto é . extste um x que é
nho•F) Assim, segundo conceps50. da serdadc de • O supcr•hometn
n.10 custe • que ,11gum.i que n.10 existe E isso. conto
Ayer corretmnente afirma. contraditório.
É modo pelo qual 'untr.uljçåo podc scr cvltadx Se,
existem ubjctos ent5u rvgra generalizaçåo existencial
falha. De acordo com os que afirmam n existencia dos nao.xistentes. da
verdade de "Fa- nós somente podemos infenr 'alguma coisa é -algu•
ma coisa é F- n.50 implica um objetoqucé F- Consequentemente.
de super.homem n.io existe- nós estamos autonzados n inferir
te -existe alguma coisa que nio existc•- para os defensores dos nio.çxis-*$
tentes, isso nåo é uma wntradlçåo: uma verdade! Muitas coisas nio
possuem a pjvpriedade da existência. e o super-homem uma delas.
Contudo, a tese segundo a qual extstem objctos nao.cxistcntes é
dificil dc acritar Primeiro. F'feitamente tolo acreditar que
Gárrttt
de Objetos que nio exutcmu Segundo. os defensores dos 030.
ëxl'tèntes devem afirmar que as expressOcs -alguns- e -existem • náo
'fiñfrljcam existência. Ou Eta, as sentenças • alguns Fs 'Au G - c -existem
G• sio tomadas 050 implicando 
a alegaçt'f' 
que 
de 
existem 
que todos 
Fs que
osj'Io•G'áIsso é dificil de acreditar Terceiro. 
ñomci rpfcrcm (ou oblctos existentes ou nåo-cxntentcs) - especial.
no caso de um nome tal como • Vulcano- O astrono•
Jean Leverrier introduziu o nome Vukano• p.xra no pl.sne.
entrc•McrcOrjo c o Sol, cuia presença
.astrOnOmtcas, a ser demonstrado que
é paradigmático dc 
• 4a existência pmpricd•de
i.'lr
como quantjncador sustenta. Segundo última. a sentença
f;' ýmcm) 
• O surcr•homcm 
(ou seja, nåo 
n50 
é 
existe' 
o caso 
é 
que 
traduzjd.' 
existe 
conto
tal 
.e ••sgupcr•homern). Infelizmente. pela regra da
demos Inferir ax (x • y). oque uma cuntraliist.o 
que 0 chamado problema dos existencjni. C um 
î.todos Como podemos reconhecer dc - ( )
nos própnos, ou
dos nåo.cxlstcntc.?
Existe matro modo de decidir duas
• asmo propriedade ou como I 'uns
locam•se. favor da concepç50 quantilicuoonat Primeiro.
'citamos a doutrina dos obictos
alegada propriedade da Na '10s
uma propriedade dc tudo. A nuda falta a
-á . Contudo. ela e propriedade
mente, cle nao pudessc ter ncnhuma t.
postulaç50 de tal propriedade ociosa.
Segundo. mesmo os defensores du
pro=ade concordam que as sentenças
sorneråte pensam que a última sentença 050
idêntico ao
demonstrí'
par.'
A
Ilido posto na balança, concepçåo quantificacional é malg plaus(•
vcl do que tcorla da cxlitencln como propricdndc. E, no releitnr ena
ultima. deveríamos também rejeitar o pecado mais engenhoso; a
doutrina dos Objetos n50•existentes e a conccpsno dc que todos o' nð•.
mcs c descrlØc' 'iglnificntiws referem.
OOStRVAÇCtS FINAIS
Neste capltulo. fomos gcnctosos doutnna do realis•nto
do com Alguns
isso estranho• nio sio doutrinai igualmente
c igunlmcntc Talvez n.10 HA coisas a serem ditas •
favor do rcall•mo modal Lle explica a verdade das nossaj
c questOcs relativas n por que O nosso mundo
c Xi'te. as quais, dc outro modo, pcrntancécliam obsojrns. Porém. exceto •
o lato dc torncccr como
dc sentenças comu "O 050 existe- hi nada n scr dito
cm favor da doutrina obictos n,lo.existcntes.
disso, questionamos das motivosðcs para aceitar a cxi'.
(Cncia de objctos n.%o.cxjstentc' a doutrina segundo a qual o 'ignlflca•
do implica a ia c tese 
de objetos 
C considcl'tçtws 
para negar scgungla
outsrðcs tSTUOO
existência uma
mostrou•no• o modo de negar a
scçfio anterior dcram•nog
ta lógica a primeira), EntAo. o que obtido. disso,
A uma 'IC Vilto.
LEITURAS ntCOHtNOAOAS
e oícmv filosofia daque 
postulaçio da existencia como uma das de George
T' rol observado. cla.nlo tem nenhuma
•dmitir• análise quanoncacional por raziw•s dc

Outros materiais