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Hipnose e ciência Túlio Machado de Oliveira

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hipnose e ciência: um diálogo necessário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Túlio Melo Machado de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
 
2006 
 
 
2
Túlio Melo Machado de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hipnose e ciência: um diálogo necessário 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de 
Psicologia da Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais, na disciplina 
Orientação de Monografia como requisito 
parcial para obtenção do título de graduação 
em Psicologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. João Leite 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
 
2006 
 
 
3
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho à minha família, quem me inspira e apóia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4
 
RESUMO 
 
 
Esta pesquisa tem como objetivo discutir alguns estudos sobre como a hipnose tem 
sido compreendida e utilizada no âmbito científico, especialmente em psicologia 
clínica, incentivando a discussão acadêmica a respeito do tema. Para estes fins, são 
explorados alguns estudos que visam descrever como se deu a construção do 
conhecimento sobre a hipnose, procurando compreendê-la dentro de um contexto 
em que se considera a forma de se fazer ciência e a conjuntura social e política da 
época em que ela foi estudada. Atualmente, como a hipnose tem sido mais estudada 
pela ciência, conseqüentemente, novas compreensões e novas formas de utilização 
prática estão se fazendo. Alguns estudos são apresentados no intuito de se ilustrar 
esse contexto. Os procedimentos metodológicos utilizados para a construção do 
trabalho foram pesquisas bibliográficas. 
 
 
 
 
Palavras Chave: Hipnose, Psicologia e Ciência, Sugestão. 
 
 
5
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................06 
2 CAPÍTULO I - A HIPNOSE COMO FENÔMENO LEGÍTIMO..........................08
3 CAPÍTULO II - FREUD E A HIPNOSE.............................................................17
4 CAPÌTULO III - CIÊNCIA E HIPNOSE.............................................................24
5 CONCLUSÃO...................................................................................................32
6 REFERÊNCIAS................................................................................................34
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6
INTRODUÇÃO 
 
 
É natural que, no mundo científico, trabalhos e teorias sejam aproveitadas a 
fim de se constituírem novas compreensões e sejam utilizadas para o 
desenvolvimento de novos trabalhos. Da mesma forma que outros objetos 
estudados pela ciência, a hipnose passou por uma considerável trajetória de 
avaliações e estudos. Evidentemente, as concepções e os conhecimentos sobre 
esse tema foram-se alterando e, como conseqüência, também a sua prática se 
estabeleceu de formas diferentes e atuante em diversas áreas. Frente aos novos 
conhecimentos, o nível de sua utilização prática tornou-se mais especializado. A 
comunidade científica atual vem cada vez mais inserindo a hipnose em suas 
pesquisas e a utilizando de diferentes formas. A posição que a hipnose ocupa frente 
a essa comunidade científica pode ser melhor entendida se atentarmos para o 
contexto em que o fenômeno veio sendo estudado e para as influências de vários 
determinantes que, de certa forma, influenciaram e até hoje influenciam o modo 
como ela é estudada e compreendida tanto no âmbito científico quanto 
popularmente. Não só no curso de Psicologia do São Gabriel, mas em várias outras 
instituições do meio acadêmico, os fenômenos hipnóticos quase não fazem parte 
das propostas de estudo e, quando mencionados, tem como base orientações 
oriundas há cem anos, geralmente relativas aos estudos desenvolvidos por Freud. 
Não que o tempo seja um critério que invalide esses estudos pois, de forma inversa, 
ele pode proporcionar um aprimoramento no sentido de ser entendido e 
desenvolvido de formas diferentes. No entanto, a falta de clareza a respeito deste 
tema, a deturpação de seus fenômenos e a maneira como há vários anos ele foi 
experienciado por alguns brilhantes teóricos, dão margem a concepções antigas e 
eivadas de preconceitos, contribuindo para a construção de uma cultura onde seja 
comum o desinteresse pelo seu estudo acadêmico. Esta pesquisa tem como 
objetivo citar alguns estudos sobre como a hipnose tem sido compreendida e 
utilizada no âmbito científico, especialmente em psicologia clínica, e também, 
incentivar a discussão acadêmica a respeito do tema. 
No primeiro capítulo, inicialmente apresento alguns estudos que descrevem 
como a hipnose foi utilizada e vivenciada de diferentes formas na história da 
humanidade. Em seguida, apresento alguns estudos que retratam a tentativa de se 
 
 
7
compreender o fenômeno dentro de uma visão dita racional, ou seja, científica. Estes 
estudos relatam sobre a evolução de conceitos, algumas controvérsias e a trajetória 
que se deu até que o fenômeno fosse compreendido como algo real e digno de ser 
objeto de pesquisa cientifica. 
No capítulo seguinte, apresento a vivência que Freud teve com a hipnose e a 
forma como ele a utilizou em sua clínica. Para isso, são explicitados alguns estudos 
que mostram a utilização da hipnose como forma se compreender a estrutura dos 
sintomas histéricos, e também, como recurso para se tratar a histeria. Mais adiante, 
relato sobre os motivos e as circunstâncias em que Freud optou por abandonar o 
uso da hipnose em sua clínica, correlacionando também com o desenvolvimento de 
uma nova forma de terapia, ou seja, o surgimento da psicanálise. 
No terceiro capítulo, cito algumas conseqüências para o estudo científico da 
hipnose, tendo Freud não mais a utilizado em sua clínica. Procuro situar o lugar que 
ela ocupou perante a sociedade e ao meio acadêmico, tendo em vista algumas 
variáveis importantes a serem consideradas. Discuto uma pesquisa que 
problematiza o atual interesse de se estudar o fenômeno. Encontra-se também 
nesse capítulo alguns estudos hodiernos sobre a hipnose, novas formas de 
compreensão e utilização em psicoterapia. Por fim, insere-se um estudo que procura 
trabalhar a relação entre ciência e hipnose. 
 
 
 
8
CAPÍTULO I - A HIPNOSE COMO FENÔMENO LEGÍTIMO 
 
 
Ao longo da história da humanidade, de uma forma ou de outra, a hipnose 
tem sido utilizada e vivenciada mesmo antes de se ter consciência “científica” da 
existência do fenômeno. “Sociedades primitivas já usavam o “tá-tá-tá” e o “tom-tom” 
do ritmo dos tambores e as danças ritualisticas das tribos, para induzir um estado de 
transe semelhante ao da hipnose.” (Erickson, Hershman e Secter, 1998, p.19). 
Não só esses rituais, mas infindáveis situações e acontecimentos capazes de 
induzir o transe hipnótico acompanharam o passar dos anos. Ao tratar sobre o 
assunto Osmard Andrade, em seu Manual de Hipnose médica e odontológica, nos 
relata que no séc. XVI: 
 
Na Inglaterra, Eduardo, o Confessor, introduziu a prática do que costumava 
chamar “o toque real”. Os sofredores eram trazidos à presença do rei em 
audiências prefixadas quando este, tocando a fronte de seus súditos, 
acreditava corta-lhes os males. Tal prática reconhecida mais tarde 
oficialmente pela Igreja da Inglaterra passou a contar com a presença de um 
sacerdote assistente real. Sempre que Eduardotocava um doente aquele 
citava passagens adequadas da Bíblia. (Faria, 1979, p.6) 
 
Também acreditando ser possuidor de forças sobrenaturais, como relata Faria 
(1979), em 1662 apareceu na Irlanda um curandeiro chamado Greatrakes. Como 
enviado divino, julgava ter poderes de cura, exorcismo e sacerdócio. Foi responsável 
por conseguir, através de seus poderes, milhares de curas. Após os pacientes 
receberem uma série de “passes”, caíam numa espécie de torpor semelhante ao 
sono. 
Crenças sem fundamentos científicos davam margens a várias explicações e 
conclusões acerca do que se constituía o fenômeno em tela. Mesmer, um jovem 
médico da universidade de Medicina Vienense, buscou firmar uma explicação dita 
racional e em 1766 concluiu seu doutorado. Segundo sua tese: 
 
Atribuía aos corpos celestes a emissão de um misterioso “fluído” ligando os 
corpos entre si e todos ao conjunto estelar. Tal “fluído” que titulou de 
magnetismo animal teria ainda a particularidade de ser captado e reservado 
por corpos metálicos especiais que se poderiam usar terapeuticamente sob 
determinado controle. (Faria, 1979, p.7) 
 
 
 
9
A aplicação do chamado mesmerismo criou corpo através das práticas de 
Mesmer e seus adeptos. Foi tanto que em 12 de março de 1784, o rei Luís XVI 
nomeou uma comissão de estudiosos da Faculdade de Paris e da Academia Real de 
Ciências para prestar contas a respeito do magnetismo animal praticado pelo Sr. 
Charles Deslon, amigo e discípulo de Mesmer (Chertok e Stengers, 1990). A citação 
abaixo caracteriza o ambiente em que se dava a aplicação do mesmerismo. 
 
Ao redor da cuba de Mesmer, as mulheres da melhor sociedade – inclusive 
a própria rainha, alegavam os panfletários – perdiam o controle, desatavam 
num riso “histérico”, desmaiavam e eram tomadas por convulsões. A cuba 
de Mesmer efetuava a transmutação de um grupo policiado numa 
aglomeração desenfreada, com os efeitos do fluido em cada um reforçando 
a potência de seus efeitos nos demais, com a primeira gargalhada 
desencadeando as outras em cascata, e com o primeiro espasmo 
catalisando as crises através de uma irresistível reação em cadeia. (Chertok 
e Stengers, 1990, p.24) 
 
Segundo Chertok e Stengers (1990), como resultado das observações a 
comissão concluiu que nenhum agente que pudesse ser objeto da ciência, nenhum 
fluído, permitiria explicar a crise mesmeriana. Esta, não foi considerada como algo 
que pudesse trazer para o conhecimento um objeto ou uma nova razão. O 
mesmerismo não foi considerado objeto da ciência e sim uma ameaça aos costumes 
e a moral da sociedade. O encargo da situação foi transferido àquele que é 
responsável por essas questões, o governo, a fim de ser tratado pelos rigores da lei. 
De acordo com a interpretação de Chertok e Stengers (1990), a razão 
reivindicada pela comissão para julgar a prática do mesmerismo feita por Deslon não 
era neutra tal qual a razão que define o que Kant chamava de revolução 
copernicana. Seu método conduzia a uma purificação do cenário, que apresentava-
se excessivamente acumulado de elementos incontroláveis. 
 
A razão, tal como reivindicada pela comissão confrontada com o fenômeno 
mesmeriano, tinha por atribuição primordial, portanto, a caça aos parasitas, 
a purificação do cenário, excessivamente acumulado de elementos 
incontroláveis, oferecido pela cuba de Deslon. Os comissários não sabiam a 
quais princípios poderia responder o “fluido” hipotético invocado por Mesmer 
e Deslon para explicar as crises. Não tentaram descobri-los, mas 
procuraram por à prova a relação entre o fluído hipotético e seus efeitos 
observáveis. (Chertok e Stengers, 1990, p.30) 
 
Segundo relatam Chertok e Stengers (1990), ao fazer a primeira tentativa 
experimental de avaliar o trabalho que o Sr. Deslon estava desenvolvendo, a 
 
 
10
comissão propôs um método de investigação: Pessoas consideradas de serem 
honestas e terem boa fé serviram de testemunhas ao experimento empreendido. 
Diferente dos efeitos múltiplos e da agitação que acontecia nos tratamentos 
públicos, houve calma e silêncio na experimentação. O magnetismo parecia 
despojado de qualquer ação sensível e, segundo esse ponto de vista, a comissão 
teve uma prova negativa. Para Deslon, a experimentação foi feita em condições 
desfavoráveis, pois as sessões foram breves, espaçadas e os participantes estavam 
desatentos. Não só por esses motivos o magnetizador alegou a constatação 
impertinente. Segundo ele, os efeitos são variados e dependem da sensibilidade de 
cada indivíduo. Portanto, o fato das testemunhas não terem experimentado 
nenhuma sensação não pode ser um indicativo de que o magnetismo não existe. 
Ainda de acordo com Chertok e Stengers (1990), Jussie, um dos membros da 
comissão, acreditava que o fato suscitava um problema e defendia que o exame 
deveria ser feito nas condições em que se produzia e não da forma como estava 
sendo feito. 
 
Para uns, o fato era aquilo que resistia à purificação, ao isolamento, à 
preparação experimental. Para outros, o fato era o que requeria elucidação, 
uma elucidação crítica, certamente, mas sem que a crítica correspondesse, 
no caso, a critérios gerais apriorísticos (se o fluido existia, tinha que agir de 
maneira semelhante em todos os corpos vivos); ela era indissociável de 
uma aprendizagem que permitisse distinguir, precisar, explicitar, em suma, 
elaborar a linguagem conveniente ao fato. (Chertok e Stengers, 1990, p.36) 
 
Como informam Chertok e Stengers (1990), a comissão foi em busca de 
novas formas de experimentação para verificar a hipótese do fluído animal. 
Suspeitaram que os efeitos do magnetismo eram determinados pela persuasão 
antecipada e, ao entrevistar e fazer outros experimentos com alguns pacientes de 
olhos vendados, obtiveram o fato que lhes proporcionaram um veredicto final. Por 
estarem convencidos de que estavam sendo magnetizados, alguns dos pacientes 
entraram em crise mesmo na ausência do magnetismo. A imaginação foi apontada 
como a verdadeira causa dos efeitos atribuídos ao fluido. 
 
Um relatório conclusivo, publicado em 11 de agosto de 1784, afirmava que o 
chamado fluído não existia e os resultados obtidos por Mesmer se deviam 
apenas à imaginação – S`il existe en nous ou autour de nous, c`est donc 
dùne manière insensible1 (Ferreira, 2006, p.2) 
 
1 “Se ele existe em nós ou em torno de nós é então de uma maneira insensível” 
 
 
11
O enfoque na imaginação serviu para refutar a hipótese do magnetismo. No 
entanto, a comissão não se preocupou em delimitar o que vinha a ser a imaginação, 
de que forma se dava seu efeito curativo, as crises e as convulsões, como se na 
época a imaginação não fosse passível de ser considerada objeto de estudo 
científico. 
Segundo Chertok e Stengers (1990), Deslon e Jussie apresentaram objeções 
à conclusão das comissões e também novas hipóteses que não desconsideravam a 
existência do magnetismo. De qualquer maneira, não foram ouvidos. Foram 
publicados milhares de exemplares dos relatórios que, em seu conteúdo, negavam a 
existência do magnetismo e condenavam a prática do mesmerismo. Exigiu-se que 
os médicos iniciados nessa prática assinassem um ato de abjuração, 
comprometendo-se a renunciá-la, não só a prática mas também a crença na 
efetividade do fenômeno. 
 
As brutais conseqüências institucionais dos relatórios de ambas as 
Comissões dão o que pensar. Esses relatórios negaram, em nome da 
ciência, em nome da razão, a explicação fornecida para um fenômeno que, 
em si, não correspondia às normas da racionalidade experimental, e essa 
negação equivaleu a uma condenação. (Chertok e Stengers, 1990, p.46) 
 
Por afirmar que a práticado mesmerismo era inconsistente, permitiu-se que o 
tema fosse banido e não considerado como um objeto digno de investigações 
científicas. A partir deste acontecido, pode-se deduzir o quanto as pesquisas sobre o 
tema ficaram prejudicadas. Esta constatação acabou abrindo margens para o 
surgimento de concepções deturpadas e para um desinteresse científico sobre o 
assunto. De qualquer forma, alguns defensores do mesmerismo continuaram a 
estudá-lo e, por darem ênfase em outros aspectos da variedade de seus fenômenos, 
constituíram-se novas compreensões e conhecimentos. 
Tendo sido orientado de início pelas teorias magnéticas, por volta de 1815, 
Custódio Faria deu uma grande contribuição para a atual compreensão do 
fenômeno: 
 
Na opinião de Custódio de Faria era a vontade do paciente e o poder de 
sugestão que conduziam ao que chamava de “sono lúcido”. Tal ponto de 
vista foi expresso no seu livro “De la cause du sommeil lucide ou l’etude sur 
la nature de l’homme” onde conceituava: “Não posso conceber como a 
espécie humana foi procurar a causa desse fenômeno à tina de Mesmer, a 
uma vontade externa ou a mil outras extravagâncias deste gênero.” (Faria, 
1979, p.13) 
 
 
12
 
De acordo com Ferreira (2006), médico neurologista e pesquisador de 
Curitiba, em 1838, um professor de medicina da Universidade de Londres e 
presidente da Royal Medical and Surgical Society chamado John Elliotson (1791-
1868), estudou e começou a praticar o mesmerismo empreendendo aulas e 
demonstrações sobre o que ainda era chamado de sono magnético. A opinião geral 
de seus colegas logo se voltaram contra ele. Thomas Wakley, fundador da 
conceituada revista The Lancet, advertiu-o com uma forte crítica: “O paciente, aliás, 
a vítima, ou melhor o particips criminis é tão culpado quanto o operador. E até quem 
ler o relato de tais atuações é um leproso”. (Van Pelt SJ. apud Ferreira, 2006, p.3) 
 A repercussão da iniciativa de Elliotson pode ser compreendida tendo em 
vista as obscuridades do fenômeno, a condenação à qual o mesmerismo já havia 
sofrido pela comunidade acadêmica e a forma como ele ainda vinha sendo 
assimilado pela maior parte dessa comunidade. Refutado da ciência , o 
mesmerismo era considerado charlatanismo e não era tido como digno de ser objeto 
de estudo científico. 
Mesmo neste contexto, a caracterização e a indução do estado hipnótico foi 
estudada e praticada de diferentes formas. Um exemplo, são os experimentos que 
James Esdaile (1808-1859) desenvolveu na Índia em torno do ano de 1845 (Faria, 
1979). Neles, beneficiavam-se pela analgesia conseguida no estado hipnótico para 
facilitar a prática cirúrgica. “Muito cedo seus arquivos lhe permitiriam comunicar ao 
Medical Board um total de setenta e cinco intervenções cirúrgicas feitas sob 
hipnose.” (Faria, 1979, p.15). Segundo Erickson, Hershman e Secter, (1998), 
quando Esdaile voltou à Inglaterra e expôs suas experiências, foi ridicularizado e 
marginalizado por seus colegas. Enfatizou em seu livro que não apenas era difícil 
convencer as pessoas sobre o valor de seu trabalho, mas também era difícil lutar 
contra a opinião pública. 
Um outro importante teórico a ser considerado é James Braid (1795-1860). 
De acordo com Faria (1979), a ele se deve a primeira conceituação realmente 
científica e fisiológica, despida de empirismo e idéias absurdas sobre a hipnose. 
Apesar de Custódio Faria já ter se pronunciado, antes dos estudos de Braid, dizendo 
que é a sugestão e a vontade do paciente que são responsáveis por ocasionar o 
“sono lúcido”, ainda sim “o mesmerismo era aceito como resultante de forças 
 
 
13
estranhas e sobrenaturais, derivada dos astros através de fluidos especiais de que 
se empregnavam os metais e os animais”. (Faria, 1979, p.19). 
Segundo Faria (1979), Braid era médico oculista e radicalmente contrário às 
práticas mesmeristas. Por esse motivo, foi a uma das sessões que Charles 
Lafontaine, discípulo de Mesmer, ocupava-se em fazer demonstrações de 
magnetismo animal. Ao colocar uma jovem em estado de sono profundo, logo foi 
cercado pelos curiosos. De forma discreta Braid tomou um alfinete e introduziu em 
baixo da unha de um dos dedos da paciente. Não ocorreu a menor reação dolorosa, 
nenhum gesto, nem a mais leve contração muscular. Para quem tinha a intenção de 
desmascarar o magnetizador, tal situação serviu para criar um interesse sobre o 
assunto. De acordo com Albuquerque (1959), uma das questões para qual Braid 
atentou ao observar o experimento de Lafontaine, foi a impossibilidade que o 
paciente apresentou de abrir os olhos quando em transe mesmérico. Albuquerque 
(1959) informa que, em busca de conseguir alguns resultados pela fadiga da vista, 
Braid desempenhou experimentos onde mandou que as pessoas fixassem o olhar 
em um ponto que, pela convergência forçada dos olhos, trouxessem mais 
rapidamente o cansaço. O resultado foi as evidencias de se ter induzido o transe 
mesmérico. Posteriormente desenvolveu uma técnica de fixação do olhar e “logo 
descobriu que poderia acelerar esse processo dizendo às pessoas: Agora você está 
ficando com muito, muito sono” (Shrout, 1995, P.35). Com base no que ele 
acreditava ser o fenômeno, propôs o uso de um outro termo para o que, até então, 
era designado como magnetismo animal ou mesmerismo. 
 
Inicialmente pensava que a hipnose era idêntica ao sono, então usou o 
termo hypnos, uma palavra grega que significa “sono”. Mais tarde, depois de 
reconhecer seu erro, tentou mudar o nome para monoideísmo, que significa 
concentração sobre uma idéia. Entretanto, o termo “hipnose” persistiu 
apesar dele ser tecnicamente errado. (Erickson, Hershman e Secter, 1998, 
p.21) 
 
 Através de um rigoroso espírito científico Braid extraiu de suas observações 
algumas conclusões que, em alguns aspectos, ainda hoje são consideradas atuais e 
foram de fundamental importância para se alcançar novas compreensões. Como 
relata Faria (1979), Braid não via fundamento no mecanismo mesmérico. Acreditava 
que a causa do sono hipnótico estava dentro de nós mesmos e que não havia 
nenhuma influência fluídica derivada dos astros, da atmosfera ou de outras pessoas. 
 
 
14
Segundo Faria (1979), Braid concluiu que a indução hipnótica é obtida pela fadiga 
excessiva dos órgãos dos sentidos, especialmente o da visão. Afirmou que sempre 
que se obriga o paciente a receber estimulação continuada, monótona e persistente 
durante um certo tempo, consegue-se tal fadiga. Relatou sobre a importância do 
paciente concentrar toda sua atenção no objetivo em causa e que depois de 
conseguida a hipnose, é possível introduzir idéias novas no cérebro do paciente. 
Acreditava que a anestesia, a amnésia e os demais componentes do fenômeno 
hipnótico eram devidos a uma inibição de parte do cérebro do paciente. Finalmente, 
diferente do mesmerismo, julgava que a hipnose como recurso terapêutico não era 
remédio universal. 
Não foi de súbito que a comunidade científica passou a considerar digno de 
ser objeto de estudo temas relacionados com a hipnose. Como relata Albuquerque 
(1959), em uma reunião anual da British Association, Braid quis ler um trabalho 
relatando suas experiências e recusaram-lhe este direito. O tempo que lhe tinha sido 
destinado foi concedido a outra pessoa que fez uma comunicação sobre o meio de 
distinguir as aranhas velhas das novas pelo exame dos respectivos palpos. De 
acordo com Ferreira (2006), um médico cirurgião chamado Squire Ward em 1842 
havia amputado um membro inferior na altura da coxa, sob condições mesméricas e 
sem que opaciente sentisse dor. Ao comunicar tal fato à Royal Medical Surgical 
Society, um de seus membros reagiu dizendo que o paciente havia sido treinado 
para não sentir dor. Em 1851, em seu edital, a conceituada revista científica The 
Lancet publica uma crítica ao mesmerismo dizendo: 
 
O mesmerismo é uma farsa demasiada estúpida para merecer qualquer 
atenção. Consideramos os seus sequazes como impostores e charlatões. 
Deveriam ser expulsos sem piedade das agremiações profissionais. 
Qualquer médico que envie um paciente seu para consultar com um 
mesmerista deveria ser condenado a ficar sem clientes para o resto da vida. 
(Faria apud Ferreira, 2006, p.4) 
 
Albuquerque (1959) relata que, neste contexto, de diferentes formas e de 
localidades variadas, trabalhadores independentes continuavam com seus estudos, 
tentavam em vão provocar o exame sério da comunidade acadêmica que opunha 
toda sorte de empecilhos. 
No entanto, uma tendência à mudança começou a se firmar quando um 
conceituado neurologista francês chamado Jean Martin Charcot (1825-1893) em 
 
 
15
1878 se despendeu ao estudo do hipnotismo. Como informa Albuquerque (1959), 
Charcot sentiu que para vencer a prevenção geral tornava-se necessário mais do 
que a autoridade de seu nome, precisava apresentar fenômenos cuja realidade 
fosse bastante clara e pudesse excluir toda a idéia de simulação. Por esse motivo 
deu menos ênfase ao estudo de fenômenos psíquicos mais complexos e menos 
suscetíveis de verificação, dedicando-se principalmente aos verificáveis e 
registráveis por instrumentos. Frente ao oficialismo acadêmico, “Charcot serviu-lhes 
o hipnotismo, já preparado em um quadro rigoroso. Não era mais a selva inculta dos 
fatos desconexos apresentados por Mesmer [...]”. (Albuquerque, 1959, p.40) 
De acordo com Melvin A. Gravitz (2004), Charcot considerou o hipnotismo 
como sendo uma modificação fisiológica do sistema nervoso, artificialmente induzida 
e a qual só podia ser observada em pacientes histéricas. Assinalou três fases 
características: a catalepsia, a letargia e o sonambulismo. Como relatam Chertok e 
Stengers (1990), o interesse de Charcot pela hipnose era inseparável do método 
anátomo-clinico e da identificação das alterações anatômicas passíveis de explicar 
as doenças nervosas orgânicas. No entanto, tais estudos propiciaram que as 
hipóteses de simulação, as quais se levantavam como suspeita de fraude ao se 
analisar o fenômeno, fossem excluídas do julgamento e os incrédulos acabassem 
precisando confessar a real evidencia do fenômeno. 
Segundo Erickson, Hershman e Secter (1998), os experimentos de Charcot 
eram conduzidos principalmente com três pacientes que eram histéricos. Ele 
retomou a teoria de mesmer sobre o magnetismo animal e uma grande controvérsia 
surgiu entre suas teorias e a escola teórica de Nancy. 
Os postulados teóricos de Charcot tiveram uma repercussão muito importante 
em relação aos da Escola de Nancy, pois uma dessas posições sendo considerada 
correta, naturalmente implicava na invalidade da outra. A teoria de Charcot tinha 
uma base somática para explicar o hipnotismo, enquanto a Escola de Nancy, 
subsidiada por Ambroise Auguste Liébeault e Henri Bernheim, se baseava na 
sugestão (Faria, 1979; Albuquerque, 1959). Como relata Faria (1979), Liébeault 
reuniu informações desde Mesmer a Braid e permaneceu por mais de vinte anos 
estudando e praticando seu trabalho hipnótico. Informa que Bernheim também se 
voltou para tais estudos devido a um fato clínico que o deixou bastante interessado. 
Um doente que sofria de ciática rebelde há seis anos foi procurá-lo e empreendeu-se 
em um tratamento que se estendeu por seis meses e onde Bernheim já havia 
 
 
16
esgotado todos seus recursos terapêuticos. Ainda em busca de melhora, o paciente 
foi consultar com Liébeault. No dia seguinte, apresentou-se a Bernheim curado. Tal 
acontecimento bastou para que Bernheim viesse a se interar dos métodos de 
Liébeault e tornar-se seu discípulo e companheiro. 
 A escola de Nancy desenvolveu novas teorias a respeito da hipnose, tendo 
como ponto de vista central a sugestão e seus efeitos na obtenção de resultados 
terapêuticos. 
 
Se para os experimentadores da Salpêtrière o hipnotismo era uma nevrose 
peculiar aos histéricos e com três fases nítidas e características, para os de 
Nancy nem o hipnotismo é uma nevrose, nem é peculiar aos histéricos, nem 
apresenta as três fases tão miudamente descritas por Charcot. (Medeiros e 
Albuquerque, 1959, p.51) 
 
Segundo Faria (1979), os postulados de Nancy defendiam que em 
determinados estados fisiológicos acontece uma absoluta inércia intelectual, 
semelhante a um esvaziamento cerebral de idéias próprias. Acreditavam que nesta 
situação, torna-se possível depositar em tais mentes uma idéia planejada que logo 
ganha forças irresistíveis, agindo de maneira impetuosa. Este estado, provocado 
artificialmente, constitui o hipnotismo que, no dizer dos estudiosos de Nancy, 
aproxima-se mais do sono normal do que qualquer estado patológico. Entendiam 
como sugestão o ato pelo qual se faz aceitar no cérebro de outrem uma idéia 
qualquer (Faria, 1979). 
 
 
17
CAPÍTULO II – FREUD E A HIPNOSE 
 
 
Em seu estudo autobiográfico, Freud (1924) relata que em 1885 foi 
condecorado com uma bolsa de estudos que o possibilitou empreender uma viajem 
a Paris e tornar-se aluno na Salpêrtrière. Nesta ocasião, o que mais lhe 
impressionou ao entrar em contato com os estudos de Charcot foram as últimas 
investigações acerca da histeria. 
 
Ele provara, por exemplo, a autenticidade das manifestações histéricas e de 
sua obediência a leis, a ocorrência freqüente de histeria em homens, a 
produção de paralisias e contraturas histéricas por sugestão hipnótica e o 
fato de que tais produtos artificiais revelam, até em seus menores detalhes, 
as mesmas características que os acessos espontâneos, que eram muitas 
vezes provocados traumaticamente. (Freud, 1924, p.20) 
 
De acordo com Chertok e Stengers (1990), foi com Charcot que Freud 
aprendeu a distinguir os distúrbios orgânicos ligados a uma afecção nervosa dos 
distúrbios histéricos. Esse ensinamento associou, de maneira imediata e operatória, 
a hipnose e a histeria. Relatam que Charcot recorrera à hipnose para demonstrar 
que as paralisias histéricas não eram determinadas por uma lesão orgânica e, 
através de demonstrações experimentais, conseguiu provar que tais paralisias eram 
o resultado de representações psicogênicas. No entanto, não contemplou a idéia de 
utilizar a hipnose em um contexto terapêutico, desfazendo sintomas que não foram 
primeiramente provocado de maneira artificial. Ainda de acordo com Chertok e 
Stengers (1990), Charcot colocou Freud frente ao mesmo tipo de problema com que 
se tinham tido que confrontar os membros da comissão que analisaram o trabalho 
de Deslon no tocante à crise mesmeriana: efeitos inegáveis que não podiam ser 
relacionados com nenhuma causa racionalmente legítima. Não havia nenhuma lesão 
orgânica, da mesma forma que não existia um fluido magnético. No entanto, as 
causas psicológicas não serviram para Freud como pretexto para afastar o 
fenômeno de seu interesse. Muito pelo contrário, a noção de causa psicológica foi 
redefinida e estudada de forma a romper com a causalidade anatômica. 
Freud (1924) relata que, mesmo antes de se dirigir a Paris, Breuer já o havia 
comunicado sobre um caso de histeria que, em torno de 1880 e 1882, o permitira 
penetrar profundamente na acusação e no significado dos sintomas histéricos. 
Informa que a paciente era uma jovem de educação e dons incomuns e adoecera 
 
 
18
enquanto cuidava de seu estimado pai. Ela apresentou um quadro variadode 
paralisias e contraturas, inibições e estados de confusão mental. Ainda de acordo 
com as informações de Freud (1924), uma observação casual revelou a Breuer que 
sua paciente poderia ser aliviada desses estados nebulosos de consciência se fosse 
induzida a expressar em palavras a fantasia emotiva pela qual se achava no 
momento dominada. Tendo em vista esta descoberta, ele chegou a um novo método 
de tratamento. Levava a paciente a um estado de hipnose profunda e a pedia para 
lhe dizer o que era que lhe oprimia a mente. Depois de os ataques de confusão 
depressiva terem sido separados dessa maneira, utilizou-se do mesmo processo 
para acabar com as inibições e distúrbios físicos. Relata que nos estados de vigília a 
jovem apresentava-se incapaz de descrever mais do que outros pacientes como 
seus sintomas haviam surgido, da mesma forma que não tinha como descobrir 
ligação alguma entre eles e quaisquer experiências de sua vida. No entanto, sob 
hipnose ela conseguia descobrir a ligação que faltava. Segundo Freud (1924), o fato 
de os sintomas estarem voltados à situações comovedoras que experimentara 
enquanto cuidava do pai, possibilitou verificar-se que esses sintomas tinham um 
significado e eram resíduos ou reminiscências daquelas situações emocionais. 
Observou-se que na maioria dos casos onde houve algum pensamento ou impulso 
que ela suprimiu enquanto encontrava-se próxima ao enfermo, em seu lugar, como 
substituto, posteriormente surgia o sintoma. Ele relata que quando sob hipnose e de 
forma alucinatória a paciente recordava de uma situação desse tipo, levando até a 
sua conclusão o ato mental que havia originalmente suprimido, o sintoma era 
eliminado de forma permanente. Através desse processo Breuer conseguiu, após 
longos e penosos esforços, aliviar a paciente de seus sintomas. Referiu-se ao 
método como catártico e explicou que sua finalidade terapêutica era a de 
proporcionar que a cota de afeto utilizada para manter o sintoma fosse dirigida para 
uma trilha normal, ao longo da qual pudesse obter descarga. Tal fato deixou para 
Freud uma noção implícita de uma atividade psíquica inconsciente que tinha uma 
ligação estreita com a histeria. Mais tarde, depois de suas experiências na 
Salpétriere e em Nancy, e de seus extensos estudos sobre a histeria, tal noção 
pode ser melhor esquadrinhada. 
Segundo Freud (1924), no intuito de aperfeiçoar sua técnica hipnótica, no 
verão de 1889, empreendeu uma viagem a Nancy. Ao observar os experimentos de 
Bernheim, teve a profunda impressão da possibilidade de haver poderosos 
 
 
19
processos mentais que permaneciam escondidos da consciência dos homens. Ainda 
de acordo com seu estudo autobiográfico, de volta a Viena e com uma grande 
experiência na utilização da hipnose, ele pode lançar maior compreensão sobre a 
origem dos sintomas histéricos. Relata ter dado maior ênfase à significação da vida 
das emoções e à importância de estabelecer distinção entre os atos mentais 
conscientes e os inconscientes. Com a hipótese de que um sintoma surge através 
do represamento de um afeto e classificando o sintoma como o produto da 
transformação de uma quantidade de energia que, de outra maneira, em uma 
situação não patológica, teria sido empregada de forma diferente, introduziu uma 
forma de compreensão considerando no funcionamento psíquico fatores dinâmicos e 
econômicos. 
Ao falar sobre a sintomatologia da histeria e suas formas de tratamento, 
Freud (1888) aponta a utilização da hipnose como um recurso para tal fim. Relata 
que “o tratamento direto consiste na remoção das fontes psíquicas que estimulam os 
sintomas histéricos, e isto se torna compreensível se buscarmos as causas da 
histeria na vida ideativa inconsciente.” (Freud, 1888, p.93). Este método se baseia 
em dar ao paciente sob hipnose uma sugestão que contém a eliminação do distúrbio 
em causa. 
 
[...] curamos uma tussis nervosa hysterica fazendo pressão sobre a laringe 
do paciente hipnotizado e assegurando-lhe que foi removido o estímulo que 
o faz tossir, ou curamos uma paralisia histérica do braço compelindo o 
paciente, sob hipnose, a mover o membro paralisado, parte por parte. 
(Freud, 1888, p.93) 
 
Acreditava que o efeito se tornaria maior se colocasse em prática o método 
desenvolvido por Breuer, fazendo o paciente, sob hipnose, remontar à pré-história 
psíquica da doença e compelindo-o a reconhecer a ocasião psíquica em que se 
originou o distúrbio. Freud (1893) entendia como reação toda classe de reflexos 
voluntários e involuntários, como por exemplo as lágrimas ou até atos de vingança 
ou de fala, pelos quais os afetos são descarregados. Relata que quando essa 
reação acontece em grau suficiente, como resultado, grande parte do afeto 
desaparece. Porem, quando a reação é reprimida o afeto permanece vinculado à 
lembrança, dando margens ao desenvolvimento de sintomas. Fazendo, sob hipnose, 
o paciente a remontar à história psíquica que estava relacionada ao sintoma e que 
estava inteiramente ausente de suas lembranças em estado psíquico normal, lhes 
 
 
20
proporcionava, naquele momento, uma oportunidade de reação mais adequada e 
suficiente para tal vivência. Julgava ser essa maneira a mais apropriada para tratar a 
histeria justamente pelo fato de imitar o mecanismo de sua origem e possibilitar uma 
retificação do referido distúrbio, a qual chamava de ab-reação. Um exemplo em que 
Freud utilizou desse método de tratamento foi o caso da Sra. Emmy Von N. (1893-
1895). Nele, através do processo de ab-reação e da sugestão direta, lutou contra as 
representações patológicas da paciente, utilizando-se de proibições e apresentando 
toda espécie de representações opostas. No entanto, não soube dizer o quanto do 
êxito terapêutico deveu-se à transformação do afeto por ab-reação e à eliminação do 
sintoma por sugestão direta. Constatou que, de modo geral, o sucesso terapêutico 
era considerável, mas não duradouro. A tendência da paciente de adoecer de forma 
semelhante sob o impacto de novos traumas não foi afastada. 
O método em que Freud utilizava a hipnose apresentou-se limitado e, tendo 
em vista as dificuldades que lhe foram apresentadas, procurou desenvolver novos 
recursos para atingir melhores resultados terapêuticos e não ficar restrito ao 
emprego do hipnotismo. “O procedimento catártico, como Breuer utilizava, exigia 
previamente a hipnose profunda do doente, pois só no estado hipnótico é que se 
tinha o conhecimento das ligações patogênicas que em condições normais lhe 
escapavam” (Freud, 1910, p.38). No entanto, apesar dos esforços, não conseguia 
hipnotizar todos os pacientes. Freud (1917) relata que para o médico, em longo 
prazo, o método se tornava monótono. Em cada caso, procedia da mesma maneira, 
com o mesmo ritual, proibindo aos mais variados sintomas existirem, não sendo 
capaz de aprender nada de seu sentido e significado. Dizia ser um trabalho braçal e 
não uma atividade científica; o procedimento não era confiável em nenhum aspecto 
e não podia ser utilizado em todos os pacientes; conseguia-se bons resultados com 
uns, bem pouco com outros e não se sabia por quê. Julgava ser a falta de 
permanência dos êxitos algo marcante pois, passado pouco tempo após o 
tratamento, recebia notícias de que a antiga enfermidade do paciente havia 
retornado ou, em seu lugar, tinha-se instaurado uma nova doença. 
 
[...] até mesmo os resultados mais brilhantes estavam sujeitos a ser de 
súbito eliminados, se minha relação pessoal com o paciente viesse a ser 
perturbada. Era verdade que seriam restabelecidos se uma reconciliação 
pudesse ser efetuada, mas tal ocorrência demonstrou que a relação 
emocional pessoal entre o médico e o paciente era, afinal decontas, mais 
 
 
21
forte que todo o processo catártico, e foi precisamente esse fator que 
escapava a todos os esforços de controle.(Freud, 1924, p.33) 
 
 Para aqueles casos em que se atingia um êxito completo e permanente da 
terapia, as condições que determinavam tal situação permaneciam desconhecidas. 
Também outros infortúnios contribuíram para que Freud abandonasse a hipnose. 
Como relata em seu estudo autobiográfico (1924), vinha tendo bons resultados ao 
utilizar o hipnotismo com uma de suas pacientes. Em certa ocasião, ao despertar, 
ela lançou os braços em torno de seu pescoço. Ele não atribuiu este fato aos seus 
próprios atrativos pessoais, e sim, supôs-se estar diante da natureza de um 
misterioso elemento que se achava em ação por trás do hipnotismo. A partir daquela 
ocasião entendeu-se que a única maneira que se tinha para excluir ou isolar esse 
elemento, seria abandonar o hipnotismo. 
Freud (1924) relata que deixou de utilizar a hipnose em seus atendimentos, 
passando inicialmente a empregar uma técnica que, quando esteve presente em 
Nancy observou Bernheim a utilizar. Informa que em seu procedimento usual, tanto 
para efetuar as sugestões diretas quanto para que fosse possível o paciente ter 
acesso aos motivos e conteúdos latentes de seus sintomas, era de praxe colocá-los 
sobre condições hipnóticas. Como era do conhecimento de Freud, sem o uso da 
hipnose, chegava a um ponto em que o paciente afirmava não saber mais nada 
sobre seus sintomas. No entanto, ele assegurava ao mesmo que, “no fundo”, ele 
sabia das origens da enfermidade e que só precisava dizer. Ao interrogar o paciente 
auxiliava-o com um toque na testa e, desta forma pode, prescindindo do hipnotismo, 
conseguir que os doentes revelassem tudo quanto fosse preciso para estabelecer as 
ligações existentes entre as cenas patogênicas esquecidas e os seus sintomas 
(Freud, 1924). Freud (1924) relata que desta maneira, confirmou que o material 
esquecido não se havia perdido, e sim, ainda estava em poder do doente. Este fato 
o levou a concluir que alguma força os detinha, obrigando-os a permanecer 
inconsciente. Essa descoberta acabou por originar a técnica de associação livre que, 
posteriormente foi melhor desenvolvida. 
O contexto em que Freud optou por abandonar o uso da hipnose foi marcado 
por alguns acontecimentos que possibilitaram uma transformação na forma de 
interpretar a patologia e o conjunto dos elementos que o haviam norteado até então. 
De acordo com Chertok e Stengers (1990), com o abandono da “teoria da sedução” 
entendeu-se que os traumas sexuais poderiam ser oriundos de fantasias que 
 
 
22
permitiam às crianças se defenderem das ameaças suscitadas por suas próprias 
pulsões. Se a origem da patologia não era mais centrada em um trauma, num 
acontecimento real, então ela remetia-se não apenas aos acontecimentos, mas aos 
traços intrínsecos de toda a história humana. 
 
À ‘reminiscência’ de que sofriam unicamente os histéricos veio suceder-se, 
a partir de então, um fenômeno a quem ninguém podia escapar: o “retorno 
do recalcado”, sob a forma de sintomas, bem como de sonhos e atos falhos, 
e do conjunto do material a ser suscitado pela técnica da associação livre, 
desde então colocada no centro da análise. A verdade a ser buscada já não 
era de ordem factual, mas antropológica. (Chertok e Stengers, 1990, p.61) 
 
No entendimento de Chertok e Stengers (1990), duas importantes questões 
condenaram a utilização da hipnose: A primeira, é o perigo que a transferência 
descontrolada representava para a pessoa do analista, evidenciada na paciente que 
acorda do transe abraçando Freud. A segunda, é que a análise já não podia ter 
como finalidade reativar a lembrança de um acontecimento real, no intuito de 
esvaziá-la de seu afeto, e sim levar a uma conscientização dos conflitos psíquicos 
que explicavam, sobretudo, a possibilidade dessas lembranças. A lembrança era 
apenas o caminho para uma verdade cuja somente a análise dos conflitos psíquicos 
que investissem a cena analítica poderia fazer vir à tona. O tratamento não mais 
consistia em fazer ressurgir uma verdade passada, mas em enfrentar um problema 
que reaparecia na cena analítica como algo de real e atual. 
Em torno de 1917, depois de Freud já ter melhor desenvolvido seu 
entendimento psicanalítico, esboçou nas Conferências Introdutórias sobre 
Psicanálise seu ponto de vista em relação à diferença entre o tratamento hipnótico e 
o tratamento psicanalítico. 
 
O tratamento hipnótico procura encobrir e dissimular algo existente na vida 
mental; o tratamento analítico visa a expor e eliminar algo. O primeiro age 
como cosmético, o segundo, como cirurgia. O primeiro utiliza-se da 
sugestão, a fim de proibir os sintomas: fortalece as repressões, mas afora 
isso deixa inalterados todos os processos que levaram à formação dos 
sintomas. O tratamento analítico faz seu impacto mais retrospectivamente, 
em direção às raízes, onde estão os conflitos que originaram os sintomas, e 
utiliza a sugestão a fim de modificar o resultado desses conflitos. (Freud, 
1917, p.451) 
 
Freud (1917) relata que o tratamento hipnótico, utilizando-se de sugestões 
diretas, não permitia que os pacientes re-significassem os conteúdos conflitantes 
 
 
23
que eram as bases causadoras dos sintomas. Informa que quando se empregava 
uma sugestão no intuito de proibir ou dissimular um sintoma, talvez até que a 
enfermidade fosse suprimida momentaneamente, mas não existia nenhuma garantia 
que ela não voltasse a se manifestar de outras formas. A grande diferença que o 
tratamento analítico proporcionava era a superação das resistências que se 
apresentavam ao decorrer da terapia, propiciando uma re-significação de conteúdos 
psíquicos que estavam em conflito e que eram responsáveis pela estruturação dos 
sintomas. Como reflexo, a possibilidade do paciente adoecer novamente pela 
mesma causa já não era mais cogitada. (Freud, 1917) 
De acordo com Edelwaiss (1994), para Freud, não havia uma clara distinção 
entre sugestão e hipnose. Relata que levando-se em consideração a forma na qual 
ele a praticava, baseado nos métodos de seus mestres franceses, foi um ganho tê-la 
abandonado e dado lugar ao desenvolvimento da técnica de associação livre. Diz 
ainda que, naquele tempo, Freud estava de mãos vazias perante a hipnose e, 
atualmente, o próprio desenvolvimento da psicanálise fornece ao terapeuta mais 
recursos para novos empreendimentos. 
 
[...] para Freud, tratamento hipnótico significava o uso da hipnose com a 
sugestão concomitante, obrigatória, de tentar fazer os sintomas 
desaparecerem, ou seja, levar o cliente a não mais sentir o que, até a 
pouco, indiscutivelmente sentia. Um dos grandes equívocos de Freud foi ter 
visto na hipnose, pura e simplesmente, produto da sugestão, no sentido de 
Liébault, que via, nesta, a própria causa dos fenômenos hipnóticos, pois 
eram por ela induzidos, e eram empregados na concomitância da sugestão 
proibitória como forma de eliminar os sintomas. (Edelweiss, 1994, p.91) 
 
Segundo Edelweiss (1994), Freud abandonou a hipnose em sua clinica e 
nunca mais voltou a utilizá-la, a não ser para alguns experimentos. Contudo, ele 
abandonou a utilização da hipnose como forma de tratamento, segundo aos moldes 
que ele conhecia e praticava. A hipnose da qual ele se defendeu e repudiou era 
apenas um aspecto de um fenômeno complexo e ainda muito desconhecido, 
entretanto, ele a pôs a baixo por inteira. 
 
 
24
CAPÍTULO III – CIÊNCIA E HIPNOSE 
 
 
De acordo com Edelweiss (1994), Freud ao excluir a hipnose de sua prática 
possibilitou um certo desdém sobre as pesquisas nesse ramo, pois o peso de sua 
autoridade, sendo o responsávelpela a admirável arquitetura da psicanálise, ostenta 
certa fidelidade a tal atitude. Para muitos pesquisadores e terapeutas, foi cômodo 
apelar para o fato de Freud ter abandonado a prática hipnótica, julgando que as 
possibilidades de trabalhar o tema estivessem veladas. A falta de informação sobre 
os atuais entendimentos sobre o tema muitas vezes funciona como uma bola de 
neve, pois ao se transmitir o conhecimento baseando-se em concepções antigas, 
seja em um meio acadêmico ou em outras circunstancias, reforça-se cada vez mais 
um caminho voltado para a acomodação e estagnação do conhecimento, não 
fazendo por onde estimular a busca das várias contribuições que já se fizeram 
durante o século XX e que abriram grandes perspectivas de pesquisas. Em 
acréscimo, um outro fator que contribuiu para a vulgarização e descrédito da hipnose 
foram as demonstrações públicas de fins espetaculares que, de forma corriqueira, 
colocavam os indivíduos em estado de transe a desempenhar atividades que por fim 
os expunham ao ridículo. Essa prática possibilitou o surgimento de vários estigmas e 
falsas idéias sobre a natureza do fenômeno hipnótico. (Edelweiss, 1994) 
A hipnose adquiriu uma fama de estar supostamente superada e de se 
constituir como um fenômeno pouco sério e banal, onde a insignificância do tema 
não valia a perda de tempo para quem se enveredasse por estudá-la (Edelweiss, 
1994). Vários fatores em consonância foram e ainda são responsáveis por 
desestimular as pesquisas científicas que tenham a hipnose como objeto de estudo. 
Idéias conturbadas e estigmatizadas sobre seus fenômenos são reflexos de uma 
trajetória histórica, onde a falta de clareza sobre sua real natureza se constituiu 
como uma ameaça para a ordem científica, política e moral da sociedade. Neste 
ponto de vista é natural que o estudo sobre a hipnose tenha caído sob um 
desprestígio e desinteresse comum. 
 Segundo Chertok e Stengers (1990), durante a Primeira Guerra Mundial a 
hipnose foi utilizada no tratamento das neuroses de guerra. “[...] o ressurgimento do 
interesse despertado por essa técnica levara Freud a admitir que talvez se pudesse 
reserva-lhe um lugar no futuro.” (Chertok e Stengers, 1990, p.228). A mesma 
 
 
25
tendência aconteceu nos Estados Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial, onde 
a utilização da hipnose por psicanalistas não se deparou com grandes obstáculos 
institucionais. 
 Atualmente, seu estudo tem crescido de modo considerável e sua aplicação 
clínica tomou grande impulso, principalmente, no campo das psicoterapias e no 
terreno da psicossomática (Ferreira, 2006). Como relata Ferreira (2006), o University 
College de Londres que havia banido a hipnose de suas dependências em 1838, 
está oferecendo desde 1993 um curso extensivo de dois anos – Diploma ou MSc in 
Clinical/applied hypnosis. O autor informa que um crescente aumento das teses de 
doutoramento relacionadas à hipnose vem acontecendo de forma significativa em 
vários países, sendo que nos Estados Unidos cresceu de três na década de 1920 
para 298 na década de 1980 (tabela 1). Apresenta também a distribuição das teses 
nas áreas mais freqüentes de estudo (tabela 2). 
 
 Tabela 1 Tabela 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Ferreira (2006) Fonte: Ferreira (2006) 
 
Com esse crescente número de pesquisas sobre a hipnose é natural que hoje 
exista uma grande distância das concepções e conhecimentos de outrora, relativas 
ao início do século XX, quando havia pouco tempo que o fenômeno hipnótico tinha 
sido considerado digno de ser objeto de pesquisa científica. Muitas das idéias que 
davam margens a um pensamento estigmatizado e floreado de mitos, já não têm 
espaço em meio à diversidade de estudos que, até então, foram e estão sendo hoje 
desenvolvidos. 
O uso da hipnose em procedimentos médicos para auxiliar a prática cirúrgica 
através do fenômeno de analgesia é algo que já foi praticado por alguns 
 
Área das Teses - 1980 – 1989 
Estados Unidos 
 
Área Quantidade 
Aplicações clínicas 48,6% (145) 
Natureza da 
Hipnose 
14,7% (44) 
Técnicas usadas 14,7% (44) 
Ferramenta de 
pesquisa 
11,4% (34) 
Miscelânea 10,4% (31) 
 
Teses de Doutoramento sobre 
Hipnose nos Estados Unidos 
Período Quantidade 
1920 – 1929 3 
1930 – 1939 6 
1940 – 1949 2 
1950 – 1959 16 
1960 – 1969 75 
1970 – 1979 190 
1980 – 1989 298 
 
 
26
pesquisadores, como o já citado James Esdaile. No entanto, esses trabalhos não 
tiveram muito crédito perante a comunidade cientifica justamente por faltarem 
recursos comprobatórios. Com a capacitação da tecnologia, atualmente os 
pesquisadores possuem recursos que proporcionam um estudo mais apurado 
acerca do efeito da hipnose no corpo humano. Um recente artigo divulgado na 
revista cientifica Seed (2006), informa que a hipnose está sendo atualmente objeto 
de várias pesquisas experimentais que apontam, através de testes neurológicos, as 
alterações cerebrais que ela causa. O autor, Emily Anthes (2006), cita um 
experimento que demonstra que a sugestão hipnótica pode produzir mudanças no 
centro de processamento de dor no cérebro. Relata que quando as pessoas estão 
em estado hipnótico as áreas cerebrais que processam a dor ficam menos ativas, 
fornecendo evidencias sobre as modificações provenientes do estado hipnótico. 
Estudos eletroencefalográficos, testes de reflexos, pulso e pressão sanguínea 
revelam que a hipnose não é um estado de sono, e sim, um estado alterado de 
consciência (Erickson, Hershman e Secter, 1998). 
O conceito que caracteriza a natureza da hipnose não é unânime, muito pelo 
contrário, é algo difícil de se conceitualizar teoricamente, pois existem várias 
concepções e muitas controvérsias. O artigo da revista Seed (2006) informa que, 
apesar da exata definição do conceito de hipnose ainda estar em discussão, é de 
consenso dos pesquisadores voltados para esse tema que a hipnose envolve 
intensa concentração, relaxamento e sugestibilidade aumentada. Contudo, mais 
importante do que julgar qual dos conceitos é o mais adequado para definir o 
fenômeno hipnótico é perceber que, com os atuais esclarecimentos acerca de sua 
natureza, o problema de comprovar a veracidade e a existência do fenômeno já não 
é mais, como no final do século XIX, a questão principal a ser discutida. Mesmo 
antes de se ter consciência ou comprovações cientificas da eficácia e da existência 
de seus fenômenos, a hipnose vem sendo utilizada com fins terapêuticos de 
diversas maneiras. Um exemplo, como já exposto no primeiro capítulo, são as 
sessões de magnetismo de Mesmer ou também o curandeiro Greatrakes, que 
julgava ter poderes divinos capazes de curar as pessoas. No entanto, no âmbito 
científico, até quase o fim do século XIX o que se passou foi uma tentativa de se 
reconhecer os fenômenos hipnóticos como um fenômeno real, constituinte de 
particularidades próprias. Depois que sua existência foi reconhecida pela 
comunidade acadêmica, devido a estudos que comprovaram seus efeitos psíquicos 
 
 
27
e somáticos, o interesse científico ficou também voltado para seus possíveis usos 
terapêuticos. 
A hipnose tem sido utilizada em psicoterapias de forma bem diferente das que 
eram utilizadas no início do século XX. Milton H. Erickson (1902-1980) foi um clínico 
inovador no campo da hipnose e da psicoterapia, seu legado abriu grandes 
perspectivas de estudo nessas áreas. A forma como ele utilizava a hipnose era 
extremamente diferente da qual Bernheim, Charcot, Freud e outros estudiosos 
utilizaram em suas clínicas. Segundo Bauer (1998) e Zeig (1985), Erickson não 
usava os métodos formais de indução ao transe hipnótico e nem aplicavasugestões 
diretas sob um paciente passivo, como se já soubesse o que é importante para 
possibilitar a recuperação dessa pessoa . Seu trabalho consistia na busca de 
proporcionar ao sujeito que, através de seus próprios recursos, alcançasse a melhor 
maneira de resolver seus conflitos. Para isso, utilizava o estado de transe hipnótico 
de uma maneira singular, almejando as particularidades que acreditava serem 
características deste estado. Rosen (1994) relata que, de acordo com a concepção 
de Erickson, o estado de transe possibilita maior probabilidade de se produzirem 
aprendizagens e apresenta mais disponibilidade para a ocorrência de mudanças. 
Nele, os pacientes ficam mais susceptíveis a compreender de maneira intuitiva o 
significado dos sonhos, símbolos e outras manifestações inconscientes. 
 
A indução e a manutenção do transe servem para promover um estado 
psicológico especial, no qual os pacientes podem reassociar e reconhecer 
suas complexidades interiores e utilizar suas próprias capacidades em 
manejá-las de acordo com sua experiência de vida. (Milton H. Erickson, 
apud Bauer, 1998, p.64) 
 
 De acordo com Haley (1991), a abordagem de Erickson foi diretamente 
desenvolvida da orientação hipnótica. Ele utilizava a hipnose de maneira informal, 
indireta e implícita nas comunicações exercidas com os clientes. Através da sua 
experiência com o fenômeno, ele pode perceber o quão sutil e complexo é o ato de 
se comunicar. A hipnose que é empregada em sua prática é entendida como um tipo 
especial de comunicação. Ele considerou que a comunicação se estabelece em 
vários níveis, tanto consciente quanto inconsciente (Bauer, 1998), e redefiniu o 
 
 
28
transe hipnótico como um processo entre duas pessoas ou como uma maneira pela 
qual as pessoas se comunicam umas com as outras (Haley, 1991). 
 
Mesmo quando formalmente não utiliza a hipnose, seu estilo de terapia se 
baseia tanto na orientação hipnótica que o que quer que faça parece ter 
origem nessa arte. Levou para a terapia uma gama extraordinária de 
técnicas hipnóticas e, para a hipnose, uma expansão de idéias que a 
ampliaram para muito além de um ritual de um estilo especial de 
comunicação.(Haley, 1991, p.21) 
 
Erickson acreditava que o estado de transe é um estado psicobiológico do 
homem e conceituava que situações onde a atenção e a percepção estão 
focalizadas e concentradas em uma idéia, como em um momento de fantasia, 
distração ou preocupação que absorva a atenção, são consideradas como um 
estado hipnótico (Rosen, 1994). De acordo com Erickson, Hershman e Secter 
(1998), a hipnose é uma manifestação comum que está presente diariamente em 
nossa vidas, mesmo que não tenhamos consciência desse fato. Eles citam o 
exemplo de indivíduos que ficam tão absorvidos ao escutar uma sinfonia que, por 
determinado momento, entram em um estado hipnótico e se desligam para o que 
está acontecendo ao seu redor. Explicam que quando uma pessoa permanece em 
um estado focado de concentração, como no caso do indivíduo que está ouvindo a 
sinfonia, pode-se dizer que ele está experienciando um estado de transe hipnótico. 
Nesse momento ele pode não estar sentindo seus pés dentro do calçado, ou até 
mesmo o apoio da cadeira em suas costas. No entanto, a capacidade de perceber 
esses detalhes estava presente, apenas não estava consciente no momento 
justamente por não atrair a sua atenção. Assim como em um estado normal de 
consciência, em hipnose, pode-se manter um certo relacionamento com o exterior. O 
indivíduo não precisa ficar inconsciente, ele continua tendo a capacidade de ouvir, 
ver, pensar e compreender as coisas, porem sua atenção fica mais focada em 
determinada idéia (Erickson, Hershman e Secter, 1998). 
Que a hipnose hoje seja reconhecida cientificamente é algo que variados 
estudos e pesquisas já se encarregaram de certificar. Através do legado de Erickson 
puderam-se abrir novas perspectivas a respeito do uso da hipnose, tanto em 
psicoterapias quanto na área médica. Conforme já explicitado, a hipnose é utilizada 
por ele de forma muito diferente das que outros terapeutas utilizaram até então. Seja 
através de diferentes formas de indução, seja na comunicação hipnótica, sua forma 
de terapia baseia-se de tal forma na orientação hipnótica que algumas questões 
 
 
29
fazem-se necessárias: como avaliar cientificamente a utilização ou o manejo da 
hipnose em psicoterapias? A forma de se conceber e utilizar a hipnose tal qual foi 
legada por Erickson pode ser compreendida separadamente dos outros 
pressupostos e técnicas pertencentes à sua forma de psicoterapia? Se não, como 
situar a obra de Erickson no âmbito científico? 
 Neubern (2002), doutorando em Psicologia pela Universidade de Brasília 
(UnB), em seu artigo intitulado “Milton H. Erickson e o cavalo de tróia: a terapia não 
convencional no cenário da crise dos paradigmas em psicologia clinica”, procura 
situar a obra de Erickson frente ao paradigma científico dominante da psicologia 
clínica. O autor aponta a importância dessa questão justamente por ela tocar em 
pontos fundamentais sobre a própria construção do conhecimento.Segundo Neubern 
(2002), a ciência se fundamenta a partir de alguns parâmetros que coordenam e 
possibilitam a construção do conhecimento e recorre à utilização de métodos 
justamente por visar o acesso à leis universais que regem os fenômenos. Na 
tentativa de buscar maneiras precisas e confiáveis de se compreender o real, 
diversas áreas das ciências tiveram como conseqüência uma estruturação teórica 
tendente a conceber realidades únicas, exclusivas e universais. Neubern (2002) 
relata que a Psicologia, constituindo-se como ciência, também se enveredou por 
esse caminho ao desenvolver os seus sistemas teóricos. 
 
 
[...] as categorias generalistas sobrepuseram-se quase que por completo 
as noções singulares, dissolvendo os sujeitos cotidianos em estruturas 
universais inconscientes, comportamentais ou sociais. As conseqüências 
dessa primazia generalista vão desde o paradoxo do indivíduo universal 
até a constituição da psicologia como uma ciência muito mais voltada para 
o pólo da regulação do que da emancipação. (Neuber, 2002, p.365) 
 
Em meio a esse contexto o autor explicita a situação que dá título a sua tese: 
Tal como os gregos receberam o cavalo de Tróia sem saber sobre a surpresa que 
continha em seu interior, a obra de Erickson é recebida pelos psicólogos em meio a 
grande admiração, e isso acontece sem que eles percebam os perigos que ela 
oferece às teorias alicerçadas aos moldes do paradigma científico dominante. 
Segundo Neuber (2002), os pressupostos teóricos de Erickson comportam um 
ataque contundente contra a base universal e generalista dessas abordagens, não 
 
 
30
podendo ser enquadrada na ótica das perspectivas tradicionais justamente por 
resgatar de forma radical a noção de singularidade. 
 
Tal noção em termos epistemológicos, implica em considerar os indivíduos 
como seres únicos e inéditos que, mesmo possuindo determinações gerais 
(como da espécie, da família, da sociedade, dentre outras), constituem-se 
em qualidades emergentes que não se esgotam nessas determinações nem 
se repetem nas construções sociais. Suas qualidades ativa, consciente e 
interativa permitem-lhes serem considerados na condição de sujeito que 
retroage sobre as próprias determinações que o antecedem. (Neuber, 2002, 
p.365) 
 
O autor esclarece que frente a essa noção de singularidade, torna-se inviável 
a construção de teorias com alicerce em conteúdos universais, fazendo-se 
necessário que se constitua um pensamento teórico baseado em outros 
pressupostos epistemológicos, em que a validade do pensamento teórico fiquesubmetida em função de momentos singulares. Diferente das tendências 
deterministas, esse ponto de vista se caracteriza por conceber a realidade através 
de sua complexidade constitucional, sendo sujeita a constantes transformações. 
 
Tal como pode ser notado em diversos momentos do trabalho de Erickson a 
geração de pensamento teórico adquire o caráter de construção, marcada 
pela história, cultural e subjetivamente, ao invés de um corpo transcendente 
e desvencilhado de seu sistema sócio-cultural; uma construção que não 
permite uma relação de controle e manipulação deliberada dos objetos, mas 
que considera, admira e contempla o entrelaçamento complexo de 
dimensões próprio aos mesmos. (Neubern, 2002, p.366) 
 
Neubern (2002) esclarece que essa abordagem de pensamento não vai de 
encontro com concepções que caracterizam as teorias como corpos impessoais, 
independente da relação com a subjetividade social e individual que as antecede e 
as acompanha. No entanto, informa que essa divergência teórica não se obriga a 
desconsiderar as abordagens de perspectivas comum e coletiva de pensamento, e 
sim, aponta uma necessidade de que a generalização aprenda a conviver com a 
singularidade, a diferença e a criação próprias dos sujeitos. O autor ainda alerta que, 
ao se buscar explicar as contribuições do legado de Erickson com base nos 
esquemas teóricos já consagrados, é o mesmo que esgotar todo o potencial criativo 
de reflexão, submetendo-o a formas teóricas e metodológicas não adequadas para 
lhe dar com a problemática. Ele afirma que tal atitude é “um erro epistemológico, 
social e político muito comum nas comunidades científicas, particularmente da 
 
 
31
psicologia: a de buscar travestir propostas novas com roupagens antigas” (Neubern, 
2002, p.370) 
Neubern (2002) questiona o modelo hegemônico de ciência pelo qual a 
psicologia tem se orientado e frisa a incompatibilidade epistemológica dessa 
orientação frente às características do legado de Erickson. Como saída para tal 
dilema, propõe uma alternativa diferente para se acolher a obra de Erickson dentro 
dos parâmetros da ciência: julga ser necessário permitir que modos singulares de 
fazer científico compareçam ao campo científico. Contudo, essa alternativa não 
significa por um ponto final na questão. “As possíveis conseqüências desse 
processo para o conhecimento são ainda muito obscuras, pois em uma transição de 
paradigmas existem poucos fundamentos firmes e seguros para concebê-las.” 
(Neubern, 2002, p.371) 
 
 
32
CONCLUSÃO 
 
 
Até que a hipnose fosse concebida e compreendida à maneira como é 
atualmente, muitos estudos e pesquisas se fizeram necessários. Entretanto, mesmo 
com alguns esclarecimentos que a tecnologia e as pesquisas puderam contribuir é 
evidente que muitas questões ainda permanecem no escuro. Compreender a 
hipnose, tanto em seus efeitos somáticos quanto também sobre o psiquismo, é uma 
tarefa muito complexa que ainda permanece como um grande desafio para a 
ciência. Mas isso também não significa que perante a essas dificuldades exista uma 
impossibilidade de se trabalhar com ela. Edelweiss (1994) cita o exemplo da água 
que, mesmo antes de ser descrita com os termos científicos atuais, não deixou de 
ter, universalmente, usos múltiplos corretos, que se enriqueceram com o 
desenvolvimento dos conhecimentos posteriores. 
De acordo com a ultima edição do Jornal de Psicologia do Conselho Regional 
de Psicologia de São Paulo (2006), o uso da hipnose como recurso auxiliar dos 
psicólogos, em sua aplicação prática e no valor científico, ganhou o reconhecimento 
não só do Conselho Federal de Psicologia como também da comunidade científica 
internacional. O jornal ainda informa que de acordo com a professora e 
coordenadora do Curso de Extensão de Hipnose Clínica da PUC-SP Isabel Cristina 
Labate, a hipnose tem sido usada para alívio da dor, com a produção de anestesia 
ou analgesia; em cirurgias e em diferentes áreas da clínica, notadamente em 
obstetrícia; como tranqüilização para o alívio dos estados de ansiedade e 
apreensão; para o controle de alguns hábitos, como o tabagismo; em situações na 
qual a psicoterapia possa ser útil e experimentalmente em qualquer pesquisa, no 
campo psicológico ou neurofisiológico. 
Freud utilizava a hipnose como uma forma de terapia, aplicando as sugestões 
aos sintomas sem se preocupar com os conteúdos conflitantes que davam corpo aos 
mesmos. Diferente do uso que ele e seus mestres de Nancy fizeram da hipnose, 
atualmente ela não é utilizada como forma de terapia. Hoje ela é compreendida 
como um meio de facilitação da psicoterapia, como uma técnica auxiliar que é 
empregada eventualmente e através de procedimentos especializados. A gama de 
recursos para se entender e trabalhar com a hipnose hoje é muito mais ampla do 
que naquele tempo. Os recursos tecnológicos, os diversos estudos já desenvolvidos 
 
 
33
sobre o tema e também o próprio desenvolvimento da psicanálise, que na época em 
que Freud utilizava a hipnose ainda estava em seus primórdios, possibilitam um 
rumo diferente para sua utilização em psicoterapia. O aspecto tradicional da hipnose 
como técnica passiva centralizada no médico não é mais tido como válido e, em seu 
lugar, ela se desenvolve em uma experiência interpessoal e dinâmica, onde o 
paciente participa de maneira ativa. 
É interessante atentar para o contraste que existe entre as discursões 
acadêmicas e a prática clínica da Hipnose. Atualmente existem alguns profissionais 
da área de saúde como médicos, dentistas e psicólogos que a utilizam como técnica 
auxiliar no processo de tratamento. Entretanto, do lado acadêmico, ainda que muitas 
contribuições já se fizeram desde que Freud parou de utilizar a hipnose em seu 
consultório, pouca atenção tem-se destinado a tal fato. Como reflexo, a 
disponibilidade de materiais no Brasil a respeito do tema é pouca em relação à 
quantidade de estudos já desenvolvidos internacionalmente (Ferreira, 2006). Pelo 
que pude perceber ao acompanhar o caminho que se fez na tentativa de se 
compreender a hipnose, ficou evidente que alguns fatores ligados à forma de se 
fazer ciência e também ao contexto social e político da época em que ela foi 
estudada tiveram suas parcelas de responsabilidade para direcionar o rumo de sua 
trajetória. Acredito que a posição marginal que ela ocupa hoje perante o meio 
acadêmico não é mais que um reflexo resultante de como ela veio sendo abordada 
pela comunidade científica e pela sociedade. 
Diante da atual conjuntura torna-se evidente a necessidade de que se 
desenvolvam diálogos entre a hipnose e a ciência. O estudo desse tema ainda pode 
trazer grandes contribuições para a Psicologia e para a ciência como um todo. 
 
 
34
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FREUD, Sigmund. Um Estudo Auto-biográfico: Sintomas e Ansiedade: A 
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