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AULA 9 DIREITO PENAL V CRIME ORGANIZADO (1)

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DIREITO PENAL V 
 
CRIME ORGANIZADO 
 
AULA 9 
 
Professor Eduardo 
 
BRASÍLIA 
2015 
1 
 
CRIME ORGANIZADO 
Leitura obrigatória: 
 
 LEI Nº 12.850/13; 
 
 Doutrina: livros de qualidade. Rogério S. Cunha por exemplo. 
 
 Jurisprudência: 
 
- Súmulas STF 
- Súmulas STJ 
 
- Informativos STF 
- Informativos STJ 
 
 
2 
CRIME ORGANIZADO 
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 A Lei n. 12.850/2013 define organização criminosa e o tipo penal 
correspondente e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção 
de prova, o procedimento criminal e outros crimes correlatos e conexos. 
 
CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
 Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas 
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de 
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas 
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
 
 A Lei n. 12.850/2012, ademais, estabelece uma inversão quantitativa de 
agentes ao conceituar organização criminosa (quatro ou mais pessoas) e ao 
renomear o crime de quadrilha ou bando (mais de três pessoas), denominando-
o, agora, associação criminosa (três ou mais pessoas). 
CRIME ORGANIZADO 
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ABRANGÊNCIA DA LEI N. 12.850/2013 
 
 Esta Lei se aplica também: 
 
a) às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional 
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter 
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
 
b) às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as 
normas de direito internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, 
cujos atos de suporte ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou 
de execução de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em 
território nacional. 
CRIME ORGANIZADO 
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TIPO PENAL INCRIMINADOR DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
 De acordo com o artigo 2º desta lei, caracterizam crime de organização 
criminosa as condutas de promovê-la, constituí-la, financiá-la ou integrá-
la, pessoalmente ou por interposta pessoa. 
 
 A objetividade jurídica consiste na paz pública, aspecto específico da 
incolumidade pública. 
 
 Saliente-se que o agente promove, constitui, financia ou integra a 
associação de 4 (quatro) ou mais pessoas. 
 
 Note-se que a caracterização do crime depende da união entre quatro 
ou mais pessoas, independentemente do papel formal de cada uma no 
contexto associativo (como integrante, como financiador, etc.). 
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 Esta associação deve ter caráter estável e duradouro, uma vez que é 
caracterizada pela estrutura ordenada e divisão de tarefas, ainda que 
informalmente e que busca um resultado claro: obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) 
anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
 
 A essência da organização criminosa, portanto, está na gravidade das 
infrações penais às quais ela se propõe a praticar: aquelas cujas penas 
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter 
transnacional. 
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 O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, o que caracteriza um crime comum 
ou geral. 
 
 Ademais, o tipo penal reforça a prescindibilidade da presença física do agente 
na composição de uma organização criminosa, poderá agir por meio de 
interposta pessoa. 
 
 Todavia, trata-se de crime plurissubjetivo, plurilateral ou de concurso 
necessário, ou seja, a pluralidade agentes (quatro ou mais) é essencial na 
caracterização deste crime. 
 
 Especificamente, constitui crime plurissubjetivo de condutas paralelas, posto 
que todos os agentes cooperam para o mesmo resultado, qual seja, obter, 
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou 
que sejam de caráter transnacional. 
 
 O sujeito passivo é a coletividade, o que caracteriza um crime vago. 
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 Trata-se de um crime formal, de consumação antecipada ou de resultado 
cortado, cuja consumação verifica-se a partir da simples atividade de promover, 
constituir, financiar ou integrar a organização criminosa. 
 
 Não admite tentativa, posto que a conduta associativa é unissubsistente e 
demanda, além do mais, a presença de, no mínimo, quatro pessoas. 
 
 Vale dizer que, havendo somente duas ou três pessoas, buscando por uma 
quarta, não há se falar em crime. 
 
 O crime é apenado com reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem 
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
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 Quem impede ou embaraça a investigação de infração penal que envolva 
organização criminosa, incorre nas mesmas penas. 
 
 A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, 
da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de 
execução. 
 
 As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização 
criminosa houver emprego de arma de fogo. 
 
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 A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços) nas cinco situações 
seguintes: 
 
a) se há participação de criança ou adolescente; 
 
b) se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa 
dessa condição para a prática de infração penal; 
 
c) se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, 
ao exterior; 
 
d) se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações 
criminosas independentes; 
 
e) se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da 
organização. 
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POLICIAIS E OUTROS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 
 
 Quando houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta 
Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao 
Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua 
conclusão. 
 
 Quando houver indícios suficientes de que o funcionário público integra 
organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do 
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se 
fizer necessária à investigação ou instrução processual. 
 
 No caso da condenação do funcionário público por crime de organização 
criminosa haverá, enquanto efeito secundário extrapenal e automático, a perda 
do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de 
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao 
cumprimento da pena. 
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MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA E INVESTIGAÇÃO 
 
 Esta lei cuida também da investigação criminal e de meios de obtenção de 
prova, admitidos e permitidos em qualquer fase da persecução penal, sem 
prejuízo de outros já previstos em lei. 
 
 São admitidos oito meios de obtenção da prova na apuração de organização 
criminosa, a saber: 
 
1 - colaboração premiada (artigos 4º ao 7º); 
 
2 - ação controlada (artigos 8º e 9º); 
 
3 - infiltração, por policiais, em atividade de investigação (artigos 10 ao 14); 
 
4 - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais 
constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais 
ou comerciais, bem como a documentos relacionados (artigos 15 a 17); 
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5 - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
 
6 - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da 
legislação específica;7 - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da 
legislação específica; 
 
8 - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e 
municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da 
instrução criminal. 
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 A lei reserva especial atenção os quatro primeiros meios operacionais de 
investigação criminal e obtenção de provas, regulamentando alguns 
detalhes e requisitos quanto aos mesmos, o que se verá a seguir (artigos 
4º ao 17). 
 
 Da mesma forma, para resguardar a seriedade ou o sigilo destes meios 
de obtenção de prova, a lei incriminou algumas condutas correlatas e 
conexas (artigos 18 ao 21). 
 
 Estes crimes correlatos afetam a Administração em Geral, são comuns e 
o sujeito passivo é o Estado. 
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DA COLABORAÇÃO PREMIADA (ARTIGOS 4º AO 7º) - 
 
 A colaboração premiada, também denominada de delação premiada ou delação 
eficaz, consiste em instituto que confere um benefício ao agente que colabora 
com a Justiça. 
 
 Nesta lei (assim como nas de lavagem de dinheiro e de proteção a vítimas e 
testemunhas) sua natureza jurídica é híbrida, posto que poderá caracterizar 
perdão judicial, causa de diminuição da pena, substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos, óbice ao oferecimento da denúncia etc.. 
 
PARTICULARIDADES 
 
1) Depende de requerimento e o Juiz não participa das negociações entre as 
partes, que serão feitas entre: 
 
a) O delegado de polícia e o investigado e seu defensor, no inquérito policial, 
ouvido Ministério Público; 
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b) O Ministério Público a qualquer tempo e o investigado ou acusado e seu 
defensor. 
 
2) O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e 
conter: 
 
a) o relato da colaboração e seus possíveis resultados; 
 
b) as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; 
 
c) a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; 
 
d) as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de 
polícia, do colaborador e de seu defensor; 
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e) a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando 
necessário. 
 
3) Após elaborado o termo de acordo de colaboração, será remetido ao juiz para 
homologação, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação. 
 
4) O Juiz deverá verificar a regularidade, legalidade e voluntariedade do termo de acordo, 
podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. 
 
5) O Juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou 
adequá-la ao caso concreto. 
 
6) Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu 
defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia 
responsável pelas investigações. 
 
7) As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias 
produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. 
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REQUISITOS DA COLABORAÇÃO PREMIADA 
 
1) Colaboração voluntária; 
 
2) Análise da personalidade do colaborador, da gravidade, da natureza, das circunstâncias e 
da repercussão social do fato criminoso; 
 
3) Eficácia efetiva da colaboração, viabilizando um ou mais dos seguintes resultados: 
 
a) a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das 
infrações penais por eles praticadas; 
 
b) a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; 
 
c) a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; 
 
d) a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais 
praticadas pela organização criminosa; 
 
e) a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
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Ao sentenciar, o Juiz apreciará os termos do acordo homologado e 
sua eficácia e poderá: 
 
1) conceder o perdão judicial, 
 
2) reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou 
 
3) substituí-la por restritiva de direitos. 
 
 
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 Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador 
poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da 
autoridade judicial. 
 
 Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou 
recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive 
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações. 
 
 Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade 
ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. 
 
 Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu 
defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a 
verdade. 
 
 Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o 
colaborador deverá estar assistido por defensor. 
 
 Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas 
declarações de agente colaborador. 
 
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DIREITOS DO COLABORADOR 
 
 O artigo 5º da lei estabelece os seguintes direitos do colaborador: 
 
a) usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica, qual seja, 
a Lei n. 9.807/1999 (Lei de proteção a vítimas e testemunhas); 
 
b) ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados; 
 
c) ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; 
 
d) participar das audiências sem contato visual com os outros acusados; 
 
e) não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser 
fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito; 
 
f) cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou 
condenados. 
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 Caracterizam crime previsto no artigo 18, punido com reclusão de 1 (um) 
a 3 (três) anos, e multa, as condutas de revelar a identidade, fotografar 
ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito. 
 
 O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que 
recebida a denúncia, resguardados os direitos do colaborador. 
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DA AÇÃO CONTROLADA (artigos 8º e 9º) 
 
 Ação controlada é o ato estratégico de retardar a intervenção policial ou 
administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela 
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a 
medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e 
obtenção de informações. 
 
 Também é conhecida como flagrante diferido, não-atuação policial, 
retardamento do flagrante etc.. 
 
 O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente 
comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites 
e comunicará ao Ministério Público. 
 
 Percebe-se, pois, que não há necessidade de prévia autorização judicial, como 
exigido em medida semelhante, no artigo 53, caput, da Lei n. 11;343/2006 (Lei 
de Drogas). 
 
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 A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter 
informações que possam indicar a operação a ser efetuada e até o 
encerramento da diligência restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado 
de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. 
 
 Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação 
controlada. 
 
 Caracteriza crime previsto no artigo 20,punido com reclusão de 1 (um) a 4 
(quatro) anos, e multa, a conduta de descumprir determinação de sigilo das 
investigações que envolvam a ação controlada. 
 
 Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da 
intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer com a 
cooperação das autoridades dos países que figurem como provável itinerário ou 
destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do 
produto, objeto, instrumento ou proveito do crime. 
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DA INFILTRAÇÃO, POR POLICIAIS, EM ATIVIDADE DE INVESTIGAÇÃO (artigos 10 ao 
14) 
 
 Trata-se de um instituto polêmico, consistente na infiltração de agentes de 
polícia em tarefas de investigação, diante da principal questão que dela 
decorre: a prática de crimes pelo agente policial infiltrado no grupo criminoso. 
 
 Depende de pedido, após manifestação técnica do delegado de polícia quando 
solicitada no curso de inquérito policial e será: 
 
a. Representada pelo delegado de polícia, ouvido Ministério Público; 
 
b. Requerida pelo Ministério Público a qualquer tempo. 
 
c. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de 
polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade 
da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou 
apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração. 
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 Não é aleatória e depende de dois requisitos: 
 
a. Haver indícios de crime de organização criminosa; 
 
b. A prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis. 
 
 Nunca terá prazo indeterminado. 
 
a. A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de 
eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade; 
 
b. Ao término de cada período de infiltração autorizada, um relatório 
circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que imediatamente 
cientificará o Ministério Público. 
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c. Ao término da diligência de infiltração, os autos contendo as informações da 
operação acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando serão 
disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da identidade do agente. 
 
 Será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização do Juiz 
competente, que estabelecerá seus limites. 
 
 O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter 
informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o 
agente que será infiltrado. 
 
 As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas 
diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) 
horas, devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações 
e a segurança do agente infiltrado. 
 
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 Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a 
operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo 
delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à 
autoridade judicial. 
 
 Caracteriza crime previsto no artigo 20, punido com reclusão de 1 (um) a 4 
(quatro) anos, e multa, a conduta de descumprir determinação de sigilo das 
investigações que envolvam a infiltração de agentes. 
 
 Buscando expressamente limitar as ações criminosas do agente infiltrado, o 
artigo 13 estabelece a responsabilidade pelos excessos cometidos, daquele 
agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a 
finalidade da investigação. 
 
 Mais a mais, ressalta a lei que “não é punível, no âmbito da infiltração, a prática 
de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível 
conduta diversa”. 
CRIME ORGANIZADO 
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DIREITOS DO AGENTE 
 
 O artigo 14 da lei estabelece os seguintes direitos do agente de polícia: 
 
a. recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; 
 
b. ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, as medidas 
previstas na Lei n. 9.807/1999 (Lei de proteção a vítimas e testemunhas, 
notadamente a alteração de seu nome completo e de seus familiares; 
 
c. ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações 
pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se 
houver decisão judicial em contrário; 
 
d. não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios 
de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito. 
CRIME ORGANIZADO 
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 Finalizando, esta Lei permite acesso ao delegado de polícia e ao 
Ministério Público, independentemente de autorização judicial, apenas 
aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a 
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça 
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de 
internet e administradoras de cartão de crédito. 
 
 Ademais, para reforçar a investigação de crimes praticados em 
organização criminosa as empresas de transporte possibilitarão, pelo 
prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do 
Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de 
reservas e registro de viagens. 
CRIME ORGANIZADO 
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 Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados 
mediante procedimento comum ordinário, do Código de Processo Penal. 
 
 Entretanto, a instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o 
qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver 
preso, prorrogáveis em até igual período, por decisão fundamentada, 
devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato 
procrastinatório atribuível ao réu. 
 
 O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial 
competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências 
investigatórias 
EXERCÍCIOS 
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1) Qual é o conceito de organização criminosa? 
2) De que trata a Convenção de Palermo? 
3) Quais os meios de obtenção de prova previstos nesta lei? 
4) Como é tipificado o crime de organização criminosa? 
5) Qual é a pena cominada ao crime de organização criminosa? 
6) Há condutas equiparadas ao crime de organização criminosa que recebem às mesmas penas? 
7) Em qual situação a pena do crime de organização criminosa será agravada? 
8) Em quais situações a pena do crime de organização criminosa será aumentada? 
9) É possível a tentativa em crime de organização criminosa? 
10) A lei prevê alguma medida cautelar que poderá ser imposta ao Juiz aos funcionários públicos que 
integrem organização criminosa? 
11) Quais os efeitos da condenação por crime de organização criminosa em relação ao agentes públicos? 
12) Em que consiste a colaboração premiada? 
13) Quais os requisitos da colaboração premiada nesta lei? 
14) Quem detém legitimidade para realizar a colaboração premiada nesta lei? 
15) Qual é a função do Juiz diante de acordo de colaboração premiada nesta lei? 
16) Quais as consequências jurídicas da colaboração premiada nesta lei? 
17) Em quais situações o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia contra o colaborador? 
18) Quais os direitos do colaborador? 
19) Quando a colaboração premiada ocorrer após a sentença, haverá alguma consequência? 
20) Qual é a consequência em revelar a identidade do colaborador, sem sua autorização? 
 
 
 
33

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