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Prof. Henrique Santillo Aula 09 1 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Aula 09 – Lei nº 12.850, de 2013 e suas alterações. Legislação Penal Extravagante para Delegado da PC AL Prof. Henrique Santillo Prof. Henrique Santillo Aula 09 2 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Sumário LEI Nº 12.850/2013 (CRIME ORGANIZADO). 3 INTRODUÇÃO 4 CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 10 Circunstância Agravante 11 Causas de Aumento de Pena 11 Funcionário Público Integrante de Organização Criminosa 12 Efeitos da Condenação 13 Investigação em Caso de Participação de Policial 13 Disposições Acrescentadas Pela Lei Anticrime 14 CRIME DE EMBARAÇO OU IMPEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO 18 DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA 20 Colaboração Premiada 21 Ação Controlada 47 Infiltração de Agentes 49 QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 55 LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 89 GABARITO 100 RESUMO DIRECIONADO 101 CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 102 Funcionário Público Integrante de Organização Criminosa 103 Efeitos da Condenação 103 Disposições Acrescentadas Pela Lei Anticrime 103 CRIME DE EMBARAÇO OU IMPEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO 103 DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA 104 Colaboração Premiada 104 Ação Controlada 111 Infiltração de Agentes 111 LEI Nº 12.850/2013 (ATUALIZADA COM A “LEI ANTICRIME”) 114 Prof. Henrique Santillo Aula 09 3 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Crime organizado (Lei nº 12.850/2013). Bom dia, boa tarde, boa noite! Muito bom iniciar este encontro contigo! Abordaremos, na aula de hoje, um assunto importantíssimo que sofreu alterações substanciais após a vigência da Lei Anticrime (Lei nº 13.864/2019): O tema da nossa aula de hoje é consideravelmente explorado pelo CESPE. Acredito que a incidência de questões sobre a Lei nº 12.850/2013 será ainda maior após a vigência da Lei Anticrime, pois tivemos inúmeras mudanças no regramento dos institutos da colaboração premiada e da infiltração de agentes. Visando te preparar de forma eficiente para a sua prova, sugiro que você não saia daqui hoje sem ter assimilado os seguintes tópico: Por fim, não vamos esgotar todos os dispositivos da Lei nº 12.850/13: selecionei aqueles que mais importam para a sua prova! Vamos juntos?! Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013) O que não devo esquecer hoje? Elementos da Organização Criminosa Crime do Art. 1º (Elementos, Agravantes e Majorantes) Colaboração Premiada e Infiltração de Agentes Alterações Promovidas Pela Lei Anticrime (Lei nº 13.964/2019) Prof. Henrique Santillo Aula 09 4 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Introdução Antes de iniciarmos o nosso encontro, quero que você pare e pense um pouco... O que significa a palavra organização? Bom, como a nossa aula é de Legislação Penal (não de Português, rs), quero que você reflita um pouquinho sobre que o pode significar o termo Organização Criminosa ou Crime Organizado... Será que são agentes que se organizam para praticar crimes? Será que o modo como executam os delitos é feito de forma ordenada, com projetos e definição de metas? Quem nos dá a resposta é a Lei nº 12.850/2013 – a Lei das Organizações Criminosas! Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Organização (s.f.) 1 Ato ou efeito de organizar(-se). 2 Instituição, associação ou entidade que atua no âmbito dos interesses comuns; organismo: 3 Conjunto de diretrizes, normas e funções que contribuem para o bom funcionamento de qualquer empreendimento. 4 Arrumação ordenada das partes de um todo. 5 Preparação de um projeto, com definição de procedimentos e metas. Prof. Henrique Santillo Aula 09 5 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Opa! Vamos aos elementos que caracterizam uma ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: Perceba que a organização criminosa funciona como uma verdadeira “empresa do crime”: pelo menos quatro agentes juntam-se com o objetivo de produzir um mesmo resultado, a saber, a união estável e permanente para praticar infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos OU que possuam caráter transnacional. E le m en to s d a O rg an iz aç ão C ri m in o sa 4 ou mais pessoas Inclusive: → inimputáveis → pessoas não identificadas Associados de forma estruturalmente ordenada Pressupõe a estabilidade e a permanência dos agentes (sem isso, teremos concurso de agentes) Divisão de tarefas, ainda que informalmente → Hierarquia → Cada agente tem uma função Informalidade: não precisa necessariamente registrar ata, organograma. A divisão pode ser feita de "boca a boca" Para obter vantagem de qualquer natureza Não necessariamente precisa ser financeira. A vantagem pode ser a ascensão a cargo, a obtenção ilícita de votos etc. Mediante a prática de infrações penais ...com penas máximas superiores a 4 (quatro) anos ...que sejam de caráter transnacional, INDEPENDENTE DA PENA MÁXIMA! Prof. Henrique Santillo Aula 09 6 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Veja como podemos observar todos os requisitos de uma organização criminosa no trecho de um acórdão que eu trouxe especialmente para você: “(...) Para coibir assaltos a ônibus ocorridos na região norte do Estado, constatou-se que os denunciados promoveram, constituíram e integraram pessoalmente, uma organização criminosa voltada, em especial, para o cometimento de assaltos, com emprego de armas de fogo, a ônibus de transportes de passageiros, veículo de transporte de cargas e roubo de veículo na região norte do Estado do Rio Grande do Sul. J.C. atuava como o chefe do grupo, exercendo o comando da organização criminosa, bem como escolhendo o local dos assaltos e quem iria praticá-los; R. A. era o braço direito de J. C., com quem tinha mais contato e proporcionava a conexão deste com os demais integrantes do grupo, repassando ligações entre eles, também atuava arregimentando comparsas para o grupo, organizando reuniões entre eles e arrecadando armas e dinheiro para as empreitadas criminosas; o apelante R. M. G. atuava como motorista da organização, bem como era o responsável por conseguir dinheiro para abastecer os veículos roubados utilizados nos roubos, recrutar novos comparsas e levá-los até as reuniões (motorista e responsável pela logística da organização); o réu E. atuava como executor dos crimes planejados pelo grupo, sendo preso”1 É possível a aplicação da Lei nº 12.850/13 a infrações penais não cometidas por intermédio de organização criminosa? SIM! Alguns dispositivos da Lei nº 12.850/13, como os meios especiais de obtenção de prova (infiltração de agentes, ação controlada, colaboração premiada etc.) também se aplicam a outros casos, ainda que não se observe a presença de organização criminosa: 1 TJ-RS - ACR: 7008046057 Consegue perceber que, mesmo comentendo "crimes de rua", vislumbramos perfeitamente alguns traços da organização criminosa acimaque se assemelham aos de uma empresa? Um líder, um "gerente" que fazia a comunicação do líder com os demais "funcionários", uma sofisticada divisão de tarefas e até mesmo a presença de um "analista de logística"! Prof. Henrique Santillo Aula 09 7 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Art. 1º, § 2º Esta Lei se aplica também: I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016) Vamos de CESPE? (CESPE – TCU – 2013) Em relação ao disposto na Lei n.º 12.850/2013, que trata de crime organizado, julgue o item a seguir. Nos termos dessa lei, organização criminosa é a associação de, no mínimo, quatro pessoas com estrutura ordenada e divisão de tarefas, com estabilidade e permanência. A ausência da estabilidade ou da permanência caracteriza o concurso eventual de agentes, dotado de natureza passageira. RESOLUÇÃO: Já estamos exaustos de saber que a organização criminosa pressupõe a associação estável e permanente de, no mínimo, quatro pessoas, apresentado estrutura ordenada e divisão de tarefas. Se os agentes se reúnem de forma esporádica para praticar determinado delito, fica caracterizado o concurso eventual de agentes, de forma que o item está correto. Confere comigo outra questão CESPE: (CESPE – PC/MA – 2018) Constitui requisito para a tipificação do crime de organização criminosa a) a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a cinco anos. b) a atuação de estrutura organizacional voltada à obtenção de vantagem exclusivamente econômica. Mesmo que ausentes os requisitos da organização criminosa, os meios especiais de obtenção de prova podem ser aplicados: Às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente. É o caso do crime de tráfico internacional de drogas realizado por 2 criminosos (não 4!) às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. Prof. Henrique Santillo Aula 09 8 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF c) a divisão de tarefas entre o grupo, mesmo que informalmente. d) a prática de crimes antecedentes exclusivamente transnacionais. e) a estruturação formal de grupo constituído por três ou mais pessoas. RESOLUÇÃO: a) INCORRETA. A organização criminosa deve estar voltada à prática de crimes cuja pena máxima seja superior a quatro (e não cinco) anos: Art. 1º, § 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. b) INCORRETA. A organização criminosa deve buscar vantagem de QUALQUER natureza, e não exclusivamente econômica. c) CORRETA. Perfeito! A divisão de tarefas, ainda que informal, é traço característico de uma organização criminosa. d) INCORRETA. A organização criminosa deve estar voltada à prática de crimes não necessariamente transnacionais. e) INCORRETA. É traço elementar da organização criminosa a associação de QUATRO (e não três) ou mais pessoas. A questão não parou de errar por aí: as tarefas de cada membro também poderão ser informalmente distribuídas para a configuração de uma ORCRIM. Resposta: C Vai mais uma questão CESPE: (CESPE – DPE/AC – 2017 - Adaptada) Considerando-se a legislação pertinente e o entendimento dos tribunais superiores sobre o tema, julgue o item abaixo. O crime de organização criminosa será assim caracterizado apenas quando houver a participação de, pelo menos, quatro agentes maiores de idade. RESOLUÇÃO: De fato, é traço elementar da organização criminosa a associação de QUATRO ou mais pessoas. Contudo, não se exige que todos os agentes sejam maiores de idade! Item incorreto. Prof. Henrique Santillo Aula 09 9 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Vamos a mais uma: (FCC – TJ/SC – 2017 – Adaptada) Julgue o item abaixo. A lei de crime organizado se aplica às infrações penais previstas em convenção internacional quando iniciada a execução no país devesse ter ocorrido no estrangeiro. RESOLUÇÃO: Isso mesmo! Ainda que não se façam presentes os requisitos das organizações criminosas, alguns dispositivos da Lei de Organização Criminosa também se aplicam às infrações penais previstas em convenção internacional quando iniciada a execução no país devesse ter ocorrido no estrangeiro. Confere comigo: Art. 1º (...) § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Estamos indo muito bem: (FGV – TJ/SC – 2018 - Adaptada) Em determinada cidade, quatro oficiais de justiça, de maneira recorrente e organizada, com plena divisão de tarefas, com o objetivo de obter vantagem indevida, se reuniam para orquestrar e praticar crimes de falsidade ideológica de documento particular (art. 299. Pena: reclusão de 1 a 3 anos e multa) na própria cidade, documentos esses que não tinham qualquer relação com a função pública que exerciam. Considerando o fato narrado, julgue os itens abaixo. Descobertos os fatos, a conduta dos funcionários públicos não configura crime de organização criminosa em razão da sanção penal prevista para os delitos que praticavam e pretendiam praticar. RESOLUÇÃO: Perfeito! A associação entre os quatro oficiais de justiça não configura uma organização criminosa pelo fato de objetivar a prática de crime de falsidade ideológica, cuja pena máxima é inferior a 4 anos: Art. 1º, § 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Mas e aí, será que a constituição de uma organização criminosa - por si só – é conduta punida por lei? Vamos descobrir agora! Prof. Henrique Santillo Aula 09 10 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Crime de Organização Criminosa A resposta para o questionamento anterior é positiva: Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. Veja as condutas nucleares do crime de organização criminosa: → Promover: fomentar, fazer avançar. → Constituir: formar, dar existência, estabelecer, organizar. → Financiar: custear despesas, bancar, fornecer os meios financeiros. → Integrar: fazer parte, compor, juntar-se, tornar-se membro, incorporar-se, seja pessoalmente ou mediante pessoa interposta (laranja) OrganizaçãoCriminosa Perceba que estamos diante de um tipo misto alternativo! O sujeito que participa da constituição e integra uma organização criminosa pratica apenas um único delito. O crime de organização criminosa é formal! Como estamos diante de um crime formal, a sua consumação se dá com a mera associação de 4 ou mais pessoas para a prática de infrações penais com pena máxima superior a 4 anos (ou qualquer pena, se de natureza transnacional). Isso mesmo! Não importa, para fins de consumação do crime do art. 1º, se a organização criminosa efetivamente praticou qualquer crime por ela planejado - daí vem a explicação para que ele também seja considerado crime autônomo. Aninha, Bolinha, Cezinha e Dezinho constituíram e participaram de organização criminosa voltada à prática do crime de homicídio, tendo realizado várias reuniões por vários meses. Haverá a punição da conduta dos quatro elementos, ainda que não tenha sido praticado qualquer crime de homicídio. E se a organização chegar a praticar o crime? Aí a situação complica, pois os seus integrantes passarão a responder por ele em concurso material com o de organização criminosa... Prof. Henrique Santillo Aula 09 11 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Circunstância Agravante Há o agravamento da pena para o sujeito que exerce o comando da organização criminosa, independentemente de sua contribuição para a prática de atos executórios – o que representa uma verdadeira autoria de escritório. Art. 2º, § 3º A pena é AGRAVADA para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. É o caso, por exemplo, do líder da facção PCC (Primeiro Comando da Capital) que dá as ordens diretamente de seu “escritório” para serem seguidas por seus “soldados”, hierarquicamente inferiores. Causas de Aumento de Pena Ao contrário das circunstâncias agravantes, as causas de aumento da pena são estabelecidas em quantidade: Fixa “aumenta-se a pena até a metade” Variável “aumenta-se a pena de 1/6 a 2/3” Foi exatamente essa a forma estabelecida pela Lei nº 12.850/13: Art. 2º, § 2º As penas aumentam-se até a METADE se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo. (...) § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): I - se há participação de criança ou adolescente; II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal; III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. Prof. Henrique Santillo Aula 09 12 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Vamos esquematizar? Funcionário Público Integrante de Organização Criminosa O funcionário público poderá sofrer o afastamento cautelar de suas funções em caso da existência de indícios suficientes de que ele integra uma organização criminosa, sem prejuízo de sua remuneração. Art. 2º, § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. O afastamento cautelar consiste na suspensão do exercício da sua função. Professor, qual o fundamento desse afastamento? Para que o acusado não se utilize de suas funções para obstruir a investigação dos crimes por meio da eliminação de provas, intimidação de testemunhas ou vítimas etc. Além disso, será necessário afastá-lo de suas funções para evitar que ele cometa novos crimes! Pena AGRAVADA Comandante/Mentor da Organização Criminosa Pena AUMENTADA ATÉ A METADE Emprego de Arma de Fogo Pena AUMENTADA DE 1/6 A 2/3 Participação de criança ou adolescente concurso de funcionário público, valendo-se da função conexão com outras organizações transnacionalidade da organização / Produto do crime enviado ao exterior Prof. Henrique Santillo Aula 09 13 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF ATENÇÃO! Por ser um afastamento cautelar, a remuneração do funcionário público é mantida! Estão incluídos no conceito de funcionários públicos os agentes políticos, servidores públicos, bem como os particulares em colaboração com o Poder Público. Efeitos da Condenação A condenação pelo crime de organização criminosa ainda trará dois efeitos extrapenais ao funcionário público (incluindo aí os detentores de mandado eletivo): Perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo, independentemente da quantidade de pena aplicada. Impossibilidade (interdição) de ocupação de qualquer cargo público (inclusive função pública) com efeitos futuros, pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. Confere aí: Art. 2º (...) § 6º A condenação com trânsito em julgado ACARRETARÁ ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. ATENÇÃO! Assim como ocorre na Lei de Tortura (Lei nº 9.455/1997), a perda do cargo é considerada efeito extrapenal AUTOMÁTICO e OBRIGATÓRIO, dispensando inclusive fundamentação. Investigação em Caso de Participação de Policial Imagine só como é grave a participação de um agente policial em organização criminosa! Nesse caso, visando evitar que as investigações contra ele sejam prejudicadas pelo corporativismo, a Lei de Organizações Criminosas determinar que não será a delegacia de polícia que instaurará a investigação, mas sim a Corregedoria de Polícia, sob fiscalização do Ministério Público. Perceba que a Lei nº 12.850/13 permite expressamente a perda do mandado eletivo e a respectiva interdição por 8 anos, situação que não ocorre com o afastamento cautelar (há discussões a respeito - as quais dificilmente serão objeto de cobrança em uma eventual questão de prova) Prof. Henrique Santillo Aula 09 14 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Art. 2º, § 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. Professor, por que o Ministério Público participará das investigações? Pelo desdobramento do controle externo da atividade policial exercido pelo MP: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; Interessante, não? Disposições Acrescentadas Pela Lei Anticrime A Lei nº 13.964/2019 acrescentou dois parágrafos ao artigo 1º, disciplinando questões processuais acerca do estabelecimento penal e do regime de cumprimento da pena. Art. 2º [...] § 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em ESTABELECIMENTOS PENAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA. § 9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. Os líderes de organizaçõescriminosas armadas ou que tenham armas à disposição passam a cumprir a pena, inicialmente, em estabelecimentos penais de segurança máxima. Os condenados por integrar organizações criminosas ou por crimes praticados através delas, ficam afastados dos benefícios prisionais – como o livramento condicional e a progressão de regime - enquanto ainda existirem elementos que indiquem a manutenção do seu vínculo com a organização! Sabemos bem que, na prática, alguns apenados coordenam a prática de crimes de dentro dos estabelecimentos penais, mantendo contato com eventuais outros membros da ORCRIM... Temos, então, o acréscimo de um novo requisito para que o condenado possa progredir de regime e obter o livramento condicional: ele deve “cortar relações” com o grupo criminoso! Resolva esta questão CESPE: (CESPE – MPCE – 2020) A respeito de aspectos penais da Lei de Licitações e Contratos (Lei n.º 8.666/1993), da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n.º 9.613/1998) e da Lei de Organização Criminosa (Lei n.º 12.850/2013), julgue o item seguinte. Prof. Henrique Santillo Aula 09 15 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF A perda do cargo público constitui efeito automático extrapenal da condenação transitada em julgado por crime de organização criminosa praticado por servidor público. RESOLUÇÃO: Perfeito! A perda do cargo é efeito AUTOMÁTICO da condenação transitada em julgado por crime de organização criminosa praticado por servidor público. Art. 2º (...) § 6º A condenação com trânsito em julgado ACARRETARÁ ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. Item correto. Toma aí uma excelente questão CESPE: (CESPE – MP/CE – 2020) No que se refere a organização criminosa, assinale a opção correta, com base na Lei n.º 12.850/2013. a) É circunstância elementar da organização criminosa a finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza mediante a prática de infrações penais, consumando-se com a prática, pelos membros da organização, de quaisquer ilícitos com penas máximas superiores a quatro anos. b) É circunstância elementar da organização criminosa a estrutura ordenada, caracterizada pela divisão formal de tarefas entre os membros da sociedade criminosa. c) Organização criminosa é crime comum, não exigindo qualidade ou condição especial do agente, mas terá pena aumentada se houver concurso de funcionário público e a organização valer-se dessa condição para a prática de infrações penais. d) Organização criminosa não configura um tipo penal incriminador autônomo, mas meramente a forma de praticar crimes. e) A associação estável e permanente de três ou mais pessoas para a prática de crimes é requisito para a configuração de organização criminosa. RESOLUÇÃO: a) INCORRETA. Sabemos que o crime de organização criminosa (art. 1º) é formal, o que significa dizer que não é exigida a efetiva prática das infrações penais pretendidas pelos agentes. b) INCORRETA. A divisão de tarefas entre os membros da organização pode ser feita também informalmente. Art. 1º (...) § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. c) CORRETA. De fato, o crime do art. 1º é comum pelo fato de não exigir qualidade especial do sujeito ativo. Prof. Henrique Santillo Aula 09 16 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Além do mais, se um de seus membros for funcionário público e a organização se valer dessa qualidade para a prática das infrações penais pretendidas, a pena será aumentada: Art. 1º (...) § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): (...) II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal. d) INCORRETA. O crime de organização criminosa não depende da prática das infrações penais pretendidas, sendo delas autônomo. e) INCORRETA. Exige-se a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas: Art. 1º (...) § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Gabarito: c) Vem de CESPE comigo, meu povo! (CESPE – DEPEN – 2015) Determinada organização criminosa voltada à prática do tráfico de armas de fogo e extorsão esperava um grande carregamento de armas para dia e local previamente determinados. Durante a investigação policial dessa organização criminosa, a autoridade policial, de acordo com informações obtidas por meio de interceptações telefônicas autorizadas pelo juízo, identificou que o modus operandi da organização tinha se aprimorado, pois ela havia passado a contar com o apoio de um policial militar, cuja atribuição era negociar o preço das armas; e um policial civil, ao qual cabia a tarefa de receber o dinheiro do pagamento das armas. No local onde seria efetivada a operação, verificou-se a atuação de José, de quatorze anos de idade, a quem cabia a tarefa de receber e distribuir grande quantidade de cigarros estrangeiros contrabandeados, fomentando assim o comércio ilegal, a fim de diversificar os ramos de atividade do grupo criminoso. A autoridade policial decidiu, por sua conta e risco, retardar a intervenção policial, não tendo abordado uma van, na qual os integrantes do grupo transportavam as armas e os cigarros. Em seguida, os policiais seguiram o veículo e, horas depois, identificaram o fornecedor das armas e prenderam em flagrante os criminosos e os policiais envolvidos na organização criminosa. Após a prisão, o policial militar participante da organização criminosa negociou e decidiu colaborar com a autoridade policial, confessando, nos autos do inquérito policial, sua participação no delito imputado e também delatando outros coautores e partícipes, o que contribuiu para o esclarecimento de outros crimes. Com referência a essa situação hipotética, julgue o seguinte item com base na Lei n.º 12.850/2013, que trata de organizações criminosas, investigação criminal e outras matérias correlatas. Com relação ao policial civil envolvido na organização criminosa, se necessário à investigação ou à instrução processual, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, sem prejuízo de sua remuneração. RESOLUÇÃO: Prof. Henrique Santillo Aula 09 17 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Isso mesmo. Caso haja indício da participação do policial civil – um funcionário público – em organização criminosa, o juiz poderá afastá-lo do cargo se isso for necessário à investigação ou à instrução processual. Mas, atenção: O policial civil continuará recebendo remuneração durante o período de afastamento! Art. 2º, § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. Item correto. Veja esta aqui: (VUNESP – PC/SP – 2018) Nos termos da Lei no 12.850, de 2 de agosto de 2013, se houver indícios suficientes de quefuncionário público integra organização criminosa, poderá o Juiz determinar a) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público pelo prazo de 4 anos, contado a partir do cumprimento da pena. b) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público pelo prazo de 8 anos, contado a partir do cumprimento da pena. c) a perda do cargo ou mandato eletivo e a interdição para o exercício do cargo público pelo prazo da sentença penal condenatória, subsequente ao cumprimento da pena. d) seu afastamento cautelar do cargo, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual. e) seu afastamento cautelar do cargo, com prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual. RESOLUÇÃO: O afastamento cautelar do funcionário público suspeito de integrar organização criminosa será feito para o bom andamento da instrução processual, quando for necessário, sem prejuízo da remuneração! Art. 2º, § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. Item incorreto. Questão para você: (IBFC – PC/RJ – 2014) No crime de promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa, previsto no artigo 2º da Lei nº 12.850/2013, são circunstâncias que aumentam a pena de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços), exceto: a) A participação de criança ou adolescente. Prof. Henrique Santillo Aula 09 18 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF b) O concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal. c) O produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao financiamento de campanha eleitoral. d) A organização criminosa que mantiver conexão com outras organizações criminosas independentes. e) As circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. RESOLUÇÃO: Dentre as alternativas, a única que não representa causa de aumento de pena de 1/6 a 2/3 é destinação do produto ou proveito da infração penal, no todo ou em parte, ao financiamento de campanha eleitoral – na realidade, a causa de aumento incidirá se a remessa for ao exterior: Art. 2º, § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; Resposta: C Crime de Embaraço ou Impedimento de Investigação A Lei nº 12.850/13 também tipifica a conduta daquele que impedir ou embaraçar de forma indevida a investigação que envolva organização criminosa: Art. 2º (…) § 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Esse tipo possui duas as condutas nucleares: → Impedir (mais grave) – obstar, impossibilitar, proibir → Embaraçar – complicar, perturbar Investigação da Infração Penal Professor, se o agente também embaraçar o processo penal, ele também comete este delito? SIM! Devemos compreender o termo investigação em seu sentido amplo, abarcando toda a persecução penal para alcançar as investigações que ocorrem durante o inquérito policial e no processo criminal! Prof. Henrique Santillo Aula 09 19 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Pense aqui comigo... Após o oferecimento da denúncia e a instauração da ação penal, a investigação continua “a todo vapor”, pois são investigados os fatos – agora sob o crivo do contraditório! Assim, o crime se consuma se de qualquer modo o sujeito atrapalhar ou perturbar o andamento normal da investigação ou do processo, ainda que não atinja o seu objetivo. Esse inclusive é um entendimento recentíssimo do STJ. Veja que didático: “Não é razoável dar ao art. 2º, § 1º, da Lei n. 12.850/2013 uma interpretação restritiva para reconhecer como típica a conduta do agente de impedir ou embaraçar a investigação somente na fase extrajudicial. Com efeito, as investigações se prolongam durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Não havendo o legislador inserido no tipo a expressão estrita “inquérito policial”, compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o sentido de persecução penal como um todo, até porque carece de razoabilidade punir mais severamente a obstrução das investigações do inquérito do que a obstrução da ação penal. Frise-se que também no curso da ação penal são feitas investigações e diligências objetivando a busca da verdade real, sendo certo que as investigações feitas no curso do inquérito, como no da ação penal, se diferenciam, primordialmente, no que diz respeito à amplitude do contraditório, ampla defesa e o devido processo legal. Ressalta-se que a persecução penal é contínua não havendo de se falar em estancamento das investigações com o recebimento da denúncia. Ademais, sabe-se que muitas diligências realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é possível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente independentes da persecução penal”. STJ. 5ª Turma. HC 487.962-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 28/05/2019 (Info 650). Prof. Henrique Santillo Aula 09 20 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Da Investigação e dos Meios de Obtenção da Prova Bom, todos nós sabemos da existência de inúmeras organizações criminosas estruturadas de forma profissional, sobretudo por praticarem infrações penais que dificilmente deixam vestígios, o que compromete a persecução penal e a impunidade de alguns membros. Por esse motivo, é muito difícil obter provas com a utilização de métodos tradicionais de investigação, como a oitiva de testemunhas e a busca e a apreensão, dado o nível de profissionalismo das ORCRIM. Se faz necessário, então, o emprego de algumas técnicas especiais de investigação para que as autoridades consigam desvendar o modo de atuação das organizações criminosas, além da identidade de todos os seus membros... Tendo isso em mente, além dos que já são previstos em leis, o art. 3º da Lei 12.850/2013 traz um rol de meios de obtenção de provas que poderão ser utilizados no curso da persecução penal (IP + fase processual), para investigar a organização criminosa em si como também para as infrações penais dela decorrentes. Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: I - colaboração premiada; II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; III - ação controlada; IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. § 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para contrataçãode serviços técnicos especializados, aquisição ou locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) § 2º No caso do § 1º , fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da realização da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) Para nossa aula, nos interessa os seguintes meios de obtenção de prova: Colaboração Premiada Ação Controlada Infiltração de Agentes http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13097.htm#art158 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art61 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art61 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13097.htm#art158 Prof. Henrique Santillo Aula 09 21 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Prontos para estudá-los? Colaboração Premiada A colaboração premiada é uma técnica especial de investigação através da qual o coautor ou partícipe da infração penal presta auxílio e colabora trazendo dados desconhecidos e de importância para as investigações, buscando uma vantagem ou recompensa. Ah, é muito importante dizer que a Lei Anticrime agora nos traz expressamente a natureza jurídica do instituto em questão: Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. Além de constituir um meio de obtenção de prova, a colaboração premiada tem natureza de verdadeiro negócio jurídico processual, que deve ser negociado entre o investigador e o acusado! Tá vendo a importância do instituto? As informações obtidas por meio do acordo de colaboração premiada podem ser utilizadas para fazer a prova de determinados fatos e, assim, fortalecer uma tese de defesa! O art. 4º nos traz a figura da colaboração premiada ou eficaz, beneficiando o agente que trair o seu grupo, delatando a prática de crimes cometidos pela organização e apontando seus respectivos autores e partícipes. Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. § 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). Prof. Henrique Santillo Aula 09 22 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Particularmente sou muito a favor da colaboração premiada... Como eu te disse há pouco, os métodos tradicionais de obtenção de provas (testemunhas, requisição de documentos, interrogatório de suspeitos etc.) são insuficientes para a investigação do modus operandi e da composição de uma organização criminosa! Sendo assim, a colaboração seria uma espécie de “traição do bem”, pois o agente age contra o crime e a favor de toda a sociedade! É claro que ele merece um “prêmio” ... Sendo assim, temos alguns pressupostos: Perceba que o acusado deverá confessar de forma espontânea a sua participação no crime! De nada adianta ele depor e tentar se eximir de sua culpa, incriminando os demais agentes. Se ele se limitar a imputar a responsabilidade a terceiros, sem confessar a sua própria, ele será considerado informante ou testemunha, não colaborador. Objetivos da Colaboração Premiada A colaboração premiada tem por objetivo um (ou mais) dos seguintes resultados: → Identificação dos demais coautores e participes da organização e das infrações praticadas (Delação Premiada) → Revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas (Delação Premiada) → Prevenção contra novas infrações; → Recuperação total ou parcial do produto e/ou proveito da atividade criminosa; → Localização de eventual vítima com sua integridade física preservada. Pressupostos Legais Para que o colaborador faça jus a um dos prêmios, três pressupostos deverão ser levados em conta: Art. 4º, § 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta (1) a personalidade do colaborador, (2) a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a (3) eficácia da colaboração. O colaborador deve ser coautor ou partícipe O colaborador deve confessar o seu envolvimento no ato criminoso O colaborador deve fornecer informações eficazes Prof. Henrique Santillo Aula 09 23 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF A personalidade do colaborador Dessa forma, não seria possível, por exemplo, fazer um acordo de colaboração premiada com o Fulano que integra uma organização criminosa voltada ao extermínio dos seres humanos mediante o pagamento de uma recompensa. Que personalidade perigosa, não acha? A natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso O STJ já negou o benefício do perdão judicial a um investigador de polícia “envolvido com extorsão mediante sequestro”, mas optou por aplicar, contudo, o prêmio da diminuição de pena, de modo que a “natureza” do delito foi determinante para a decisão: “[...] 1. Não preenchimento dos requisitos do perdão judicial previsto no artigo 13 da Lei n.º 9.807/99. Paciente investigador de Polícia, envolvido com extorsão mediante sequestro. Circunstância que denota maior reprovabilidade da conduta, afastando a concessão do benefício. 2. A delação do paciente contribuiu para a identificação dos demais corréus, ao contrário do entendimento esposado pelo Tribunal de origem, pois, inclusive, exerceu papel essencial para o aditamento da denúncia. 3. Ordem concedida, aplicando-se a causa de diminuição de pena prevista no artigo 14 da Lei n.º 9.807/99, reduzindo a reprimenda imposta em 2/3, tornando-a, em definitivo, em quatro anos de reclusão, em regime inicial fechado”. (STJ - HC: 49842 SP 2005/0187984-6, Relator: Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA) A eficácia da colaboração A colaboração é considerada eficaz se ela gerar pelo menos um dos resultados que vimos no tópico anterior! Exemplo: Vamos supor que o colaborador revele o paradeiro da vítima. As autoridades policiais, contudo, chegam no cativeiro e descobrem que a pobre vítima já estava morta. Nesse caso, o agente não fará jus a qualquer prêmio, pois a sua colaboração não foi eficaz! Professor, já falamos tanto dos prêmios que poderão ser concedidos ao agente colaborados ... Quais são eles? É o que vamos ver agora! Prêmios Legais O colaborador pode ser agraciado com os seguintes benefícios legais: Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder (1) o perdão judicial,(2) reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou (3) substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (...) § 5º Se a colaboração for posterior à sentença, (4) a pena poderá ser reduzida até a metade ou (5) será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. Prof. Henrique Santillo Aula 09 24 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Como acabamos de ver, seis são os prêmios previstos pela Lei das Organizações Criminosas: ATENÇÃO! Quero que você perceba que é possível que a colaboração se dê APÓS A SENTENÇA CONDENATÓRIA, ocasião em que o colaborador fará jus aos seguintes prêmios: Pena reduzida até a metade Progressão de regime sem a observância dos requisitos objetivos. Veja só o tempo de cumprimento de pena exigido para progressão de regime estabelecido pela Lei de Execuções Penais, com significativas alterações promovidas pela Lei Anticrime: Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; P rê m io s L e g a is Perdão judicial Apenas te lembrando que o perdão judicial é causa extintiva da punibilidade! Redução da pena em até 2/3 Nesse caso, a colaboração é anterior à sentença condenatória. Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, mesmo sem a presença dos requisitos do art. 44 do CP; O colaborador poderá ter a substituição da PPL por PRD ainda que receba pena privativa superior a 4 anos e seja reincidente COLABORAÇÃO APÓS A SENTENÇA Redução da pena até a metade (1/2) Com isso, podemos afirmar que a colaboração premiada poderá se dar inclusive na fase de execução da pena! COLABORAÇÃO APÓS A SENTENÇA Progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos. O colaborador poderá progredir de regime sem a observância do requisito de cumprimento de pena, segundo a Lei de Execução Penal (LEP) Prof. Henrique Santillo Aula 09 25 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional. Veja como a CESPE pode te cobrar este tópico: (CESPE – PGM Belo Horizonte/MG – 2017 - Adaptada) À luz do CP e da legislação penal extravagante, julgue o item abaixo. Poderá ser reduzida até a metade a pena de membro de organização criminosa que realizar colaboração premiada após a prolação da sentença. RESOLUÇÃO: Se a colaboração prestada for muito relevante, o MP ou o Delegado de Polícia poderão se manifestar pedindo ao juiz a concessão do perdão judicial ao colaborador (ainda que o benefício não tenha sido pedido na proposta inicial de colaboração) com a consequente extinção da punibilidade: Art. 4º, § 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). Assim, embora as partes tenham proposto um benefício, nada impede que posteriormente, a depender da colaboração, seja concedido um benefício maior. Prof. Henrique Santillo Aula 09 26 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Perfeito! Um dos prêmios que poderá ser concedido àquele que colabora após a sentença é a redução da pena até a metade: Art. 4º, § 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. Item correto. Vamos treinar com uma questão: (FCC – TJ/GO – 2015 - Adaptada) De acordo com a Lei no 12.850/2013, que define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal, julgue o item abaixo. Não será admitida colaboração premiada depois de proferida sentença condenatória. RESOLUÇÃO: Este é um pega recorrente: a colaboração premiada pode ser admitida pelo juiz inclusive após a sentença condenatória: Art. 4º, § 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. Item incorreto. Vamos a uma questão: (FCC – DPE/RS – 2017) Em relação à colaboração premiada, prevista na Lei n° 12.850/2013, julgue o item abaixo. Para a concessão do benefício da colaboração, consistente na redução da pena em até 2/3, o juiz levará em conta a eficácia da colaboração e não a personalidade do colaborador. RESOLUÇÃO: Item incorreto! Para a concessão de qualquer benefício pela colaboração premiada, o juiz levará em conta, dentre outros requisitos: a personalidade do colaborador a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso a eficácia da colaboração Assim, a personalidade do colaborador será sim considerada pelo juiz. Confira: Art. 4° (...) § 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração Prof. Henrique Santillo Aula 09 27 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Não Oferecimento da Denúncia Além disso, há um outro prêmio (talvez o mais desejado de todos... rs): Art. 4º (...) § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá DEIXAR DE OFERECER DENÚNCIA se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - não for o líder da organização criminosa; II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. Isso mesmo! Estamos diante do acordo de não denunciar ou acordo de imunidade, em que o Ministério Público poderádeixar de oferecer denúncia e promover o arquivamento dos autos de investigação se o colaborador, cumulativamente: Muita atenção ao último requisito, acrescido pela Lei Anticrime: A denúncia só poderá deixar de ser oferecida se a colaboração se referir a infração penal da qual o MP não tenha conhecimento prévio. Isso quer dizer que o colaborador deve surpreender o MP com fatos novos e com aptidão a abrir novas linhas de investigação – a regrinha parece bastante óbvia, mas, acredite, havia bastante discussão doutrinária e jurisprudencial sobre o requisito. Infrações não conhecidas previamente pelo Ministério Público... Isso não deixa margem para subjetivismos? NÃO FOR O LIDER DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA FOR O PRIMEIRO A PRESTAR EFETIVA COLABORAÇÃO PRESTAR COLABORAÇÃO QUE REVELE INFRAÇÃO PENAL A RESPEITO DA QUAL NÃO SE TINHA PRÉVIO CONHECIMENTO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 Prof. Henrique Santillo Aula 09 28 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Para não haver dúvidas, a Lei Anticrime acrescentou o § 4º-A e estatuiu a seguinte presunção sobre o conhecimento prévio: § 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público ou a autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. Como eu havia dito a você, o colaborador, para não ser denunciado, precisa “surpreender” o Ministério Público com fatos inéditos, que não tenham sido objeto de apuração por qualquer tipo de procedimento investigatório! Supondo que o colaborador preenche os requisitos exigidos para o não oferecimento da denúncia... Como é que fica o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública incondicionada? Prezado/a... O acordo de não denunciar é uma EXCEÇÃO à obrigatoriedade da ação penal pública incondicionada! Agora, tenho pra você uma questão: (AOCP – AGEPEN/PA – 2018 – Adaptada) A Lei nº 12.850/2013 disciplina a possibilidade de colaboração premiada àqueles que tenham colaborado voluntária e efetivamente com a investigação. Acerca da colaboração premiada, julgue o item abaixo. O Ministério Público deverá deixar de oferecer denúncia mesmo se o colaborador for o líder da organização criminosa. RESOLUÇÃO: PRESUNÇÃO DO CONHECIMENTO PRÉVIO DA INFRAÇÃO INQUÉRITO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO Quando já tiver sido instaurado, para a apuração dos fatos apresentados... Prof. Henrique Santillo Aula 09 29 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Item incorreto! Se o colaborador for o líder da organização criminosa, não será possível deixar de denunciá-lo, ainda que ele tenha sido o primeiro a prestar a colaboração eficaz e que as autoridades não tenham instaurado procedimento investigativo para apuração do fato. Mais uma: (VUNESP – PGM de Andradina/SP – 2017 - Adaptada) Nos termos do art. 4° da Lei n° 12.850/13, que trata da colaboração premiada, julgue o item abaixo: O Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia contra quem tenha colaborado efetiva e voluntariamente para a investigação, permitindo a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas, desde que não seja o líder da organização criminosa e seja o primeiro a colaborar. RESOLUÇÃO: A assertiva poderia ser considerada correta antes da entrada em vigor da Lei Anticrime, que passou a prever mais um requisito para a celebração do “acordo de imunidade”: A proposta de acordo de colaboração deve se referir a infração de cuja existência o Ministério Público não tenha prévio conhecimento! Item incorreto. Suspensão do prazo para oferecimento da denúncia ou processo Agora imagine que no curso das investigações, a colaboração do delator dependa de mais dados para que seja solicitado ao juiz o prêmio. Nesse caso, é possível a suspensão do prazo para oferecimento da denúncia ou do processo por até seis meses (prorrogáveis por mais seis), com a suspensão do prazo prescricional. Art. 4º, § 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. ATENÇÃO! Não estamos diante de um prêmio autônomo! Trata-se de uma medida voltada para que o colaborador cumpra com os objetivos previstos no objeto da colaboração. Prof. Henrique Santillo Aula 09 30 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Acordo de colaboração premiada Quem realizará as negociações com o colaborador? Inicialmente, realizam a negociação: O delegado, o investigado (ou acusado) e o seu defensor, contando com a manifestação do Ministério Público; OU O Ministério Público, o investigado (ou acusado) e seu defensor (art. 4.º, § 6.º). Veja só: Art. 4º, § 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. Muito se discutiu acerca da constitucionalidade da participação do Delegado de Polícia na negociação do acordo de colaboração... O STF bateu o martelo pela constitucionalidade do dispositivo: O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do MP, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. Os §§ 2º e 6º do art. 4º da Lei 12.850/13, que preveem essa possibilidade, são constitucionais e não ofendem a titularidade da ação penal pública conferida ao Ministério Público pela Constituição (art. 129, I). STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 20/6/18 (Info 907). Bom, a proposta de acordo de colaboração chegou à mesa do membro do MP... e agora? O Ministério Público poderá indeferir sumariamente a proposta de acordo, desde que apresentada a devida justificativa. Poderá ser negada a tentativa de formalizar um acordo de colaboração premiada com o Fulano que integra uma organização criminosa voltada ao extermínio dos seres humanos, mediante o pagamento de uma recompensa... Para o indeferimento sumário, ele considerou a personalidade do agente. Prof. Henrique Santillo Aula 09 31 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Art. 3º-B (...) § 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente indeferida, com a devida justificativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A partir do momento em que o MP recebe a proposta de formalização do acordo de colaboração, forma- se um marco inicial que irá Demarcar o início das negociações Constituir o marco de confidencialidade Além disso, com o início das tratativas, as partes deverão formalizar um Termo de Confidencialidade, que só poderá ser levantado (extinguido) após decisão judicial. Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o início das negociações e constitui tambémmarco de confidencialidade, configurando violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente indeferida, com a devida justificativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Aceitando negociar com o interessado, o MP ou a autoridade policial firmam um termo de confidencialidade que, por si só, não suspende o curso das investigações contra o colaborador, o qual deverá apresentar os fatos relevantes à colaboração. Contudo, atenção! Se estiver definido no acordo, é possível que haja a suspensão: Da aplicação de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, como a prisão preventiva. Da aplicação de medidas cíveis, como a obrigação de reparar os danos no juízo cível. Art. 3º-B (...) § 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de Confidencialidade não implica, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à propositura de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas processuais cíveis admitidas pela legislação processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 Prof. Henrique Santillo Aula 09 32 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF § 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e interesse público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de confidencialidade serão elaborados pelo celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo advogado ou defensor público com poderes específicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Importante mencionar que o § 4º do art. 3º-B permite que o colaborador, na fase das tratativas, faça a prova dos fatos descritos, com todas as suas circunstâncias! Dessa forma, ele poderá levar testemunhas ou solicitar perícias para identificar ou complementar os fatos objetos da investigação, em uma verdadeira tentativa de convencer o celebrante de que a colaboração é relevante e útil ao interesse público! Além disso, antes de firmar o acordo, os agentes estatais poderão realizar diligências com a finalidade de investigar a veracidade das informações preliminares fornecidas pelo colaborador. No âmbito de uma investigação de organização criminosa direcionada para a prática do crime de peculato, o colaborador Juquinha indica o envolvimento de quatro servidores públicos e relata os horários em que os valores eram desviados. Tendo por base essas informações, a autoridade policial (celebrante) realiza diligências para investigar o sistema de monitoramento do local, restando demonstrado que os servidores delatados efetivamente colocavam os valores dos quais tinham a posse no interior de um envelope, subtraindo-o em proveito dos membros da organização criminosa. As imagens obtidas com o auxílio do colaborador poderão instruir o acordo, de modo a demonstrar ao juiz a viabilidade da colaboração. Por fim, a Lei Anticrime acrescentou o art. 3º-B, que regulamentou ainda mais as tratativas acerca da colaboração premiada: Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada SEM A PRESENÇA DE ADVOGADO CONSTITUÍDO OU DEFENSOR PÚBLICO. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença de outro advogado ou a participação de defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 Prof. Henrique Santillo Aula 09 33 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF § 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar TODOS OS FATOS ILÍCITOS para os quais concorreu e que tenham RELAÇÃO DIRETA com os fatos investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos adequadamente descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corroboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Segundo o § 3º, o delator deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados. Historicamente, muitos delatores acabavam narrando fatos ilícitos sem qualquer relação com o fato objeto da investigação, o que prejudicava o andamento da investigação em curso e criava ilações. Formalidades do acordo de colaboração Vamos falar agora a respeito das formalidades do acordo de colaboração premiada? O termo de acordo de colaboração deverá ser feito por escrito e conter: → O relato da colaboração e seus possíveis resultados (identificação de coautores; crimes cometidos; delitos a praticar etc.). Importante mencionar que o prêmio deve ser proporcional à amplitude do resultado! Ex: se da colaboração do agente for possível a identificação dos coautores, a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas, a prevenção de novas infrações penais e a recuperação total do produto do crime, nada mais justo que a concessão do perdão judicial, concorda?! → As condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia → A declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor Para provar a voluntariedade do colaborador. → As assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor. → Se necessário, as medidas protetivas ao colaborador e à sua família http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14Prof. Henrique Santillo Aula 09 34 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Confere aí: Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter: I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor; V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário. Homologação judicial do acordo de colaboração Vamos prosseguir! Formalizado o acordo, os documentos serão encaminhados ao juiz que, para fins de homologação, deverá ouvir em sigilo o colaborador e analisar a regularidade, legalidade, voluntariedade e adequação dos benefícios pretendidos e resultados alcançados pela colaboração: Art. 4º (...) § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ATENÇÃO! O Juiz não participa das negociações! Como vimos, ele apenas tem poderes para homologar o acordo firmado entre colaborador e o MP (ou com o Delegado). E se os requisitos exigidos se mostrarem ausentes ou insuficientes? http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art33 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 Prof. Henrique Santillo Aula 09 35 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF Quem nos dá a resposta é o § 8º: Art. 4º (...) § 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, DEVOLVENDO-A ÀS PARTES para as adequações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019). § 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações. A depender do caso, O colaborador e o MP poderão readequar a proposta de acordo: podem, por exemplo, requerer a redução da pena privativa de liberdade ao invés da concessão do perdão judicial. Ou reduzir em um terço e não em dois, a depender dos resultados que a colaboração pretende alcançar. Antes da Lei Anticrime, o juiz poderia adequar a proposta de ofício, sem a participação dos envolvidos – o que não é mais permitido! O meu papo com você agora é sobre a nulidade de determinadas cláusulas do acordo! Podemos dizer, com segurança, que são nulas as cláusulas: Que violem a definição de regime de cumprimento de pena estabelecida pelo CP e pela LEP ou relacionadas aos requisitos de progressão de regime que não estejam abrangidos pelo § 5º do art. 4º! Que prevejam a renúncia ao direito de impugnar a decisão homologatória do acordo Assim, decisão do juiz que homologa o acordo de colaboração PODERÁ SEMPRE SER IMPUGNADA por qualquer das partes! Art. 4º (...) § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Proposta de acordo que não atender aos requisitos legais Juiz recusa a sua homologação e... Devolve-a às partes para as adequações necessárias http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art14 Prof. Henrique Santillo Aula 09 36 de 124| www.direcaoconcursos.com.br Legislação Especial p/ Policial Rodoviário Federal da PRF II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão homologatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Questão para você: (VUNESP – PGM de Andradina/SP – 2017 – Adaptada) Nos termos do art. 4° da Lei n° 12.850/13, que trata da colaboração premiada, julgue o item abaixo. O juiz participará ativamente das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifesta-ção do Ministério Público ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. RESOLUÇÃO: Juiz participando ativamente das negociações para a formalização do acordo de colaboração?! Pode marcar como incorreta, pois sabemos que a atuação do magistrado se restringirá à homologação (ou não) ou à adequação do acordo. Art. 4º, § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º , o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor. § 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. Por fim, o novo § 7º-A reforça que, antes da concessão do benefício pactuado, o magistrado deverá analisar, de forma fundamentada, o mérito: → Da denúncia → Do perdão judicial → Das primeiras etapas de aplicação de pena § 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de
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