Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bioética Introdução à Bioética e à Biotecnologia Ana Paula de Ma+os Arêas Dau e-‐mail: ana.areas@ufabc.edu.br 15/02/2015 Calendário da disciplina Dia Assunto da aula 15/02 Introdução à Biotecnologia e à BioéGca 22/02 ÉGca em pesquisa com animais 29/02 ÉGca na experimentação em humanos* 07/03 FerGlização in vitro 14/03 Pesquisa com células-‐tronco e clonagem* 21/03 Transgênicos e meio ambiente Propriedade intelectual – patentes (aula a distância) 28/03 Eutanásia e testamento vital* 04/04 Trans-‐humanismo 11/04 Direitos autorais, éGca nas publicações e privacidade e divulgação de informações em Biotecnologia 18/04 Prova 25/04 Vista das provas 02/05 Exame * Assuntos dos quais serão cobradas aCvidades no Tidia para nota. Em geral, o prazo de entrega das aCvidades será de aproximadamente 2 semanas. Critério de avaliação M = (P x 0,7) + (A x 0,3) M: média final P: prova A: média das aGvidades selecionadas O Exame vale como prova subsCtuCva caso o aluno falte à prova ou fique com F. Correlação entre conceitos e notas Conceito Notas A 8,5 -‐ 10 B 7,0 -‐ 8,4 C 5,5 – 6,9 D 4,5 – 5,4 F < 4,5 Literatura adotada • ArGgos da área • Estudos de caso • Material próprio • Reportagens Filoso;ia do curso • Estudo individual é tão importante quanto a aula. • O que importa é entender e analisar criGcamente os conceitos e não decorar! • Estudos de caso ajudam a contextualizar os conceitos! De;inições de Biotecnologia • Segundo a Convenção sobre diversidade Biológica da ONU, a "Biotecnologia define-se pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de utilidade." • Possui dependência interdisciplinar entre várias áreas: Marcos da Biotecnologia • Cruzamento tradicional de culGvares • Melhoramento genéGco de gado • Tecnologia do DNA recombinante • Melhoramento de vegetais e gado com base nos genes que codificam certas caracterísGcas – Melhoramento molecular. • Manipulação de células – programação molecular • Avanços rápidos geraram necessidade de discussão sob a luz da ÉGca. • Surgiu a BioéCca. A questão central da Ética é: o que nos obriga a sermos bons? • Os filósofos Humeanos dizem que nos guiamos pelos senGmentos. Os KanGanos defendem a ação pela razão. • Os Humeanos dizem que somos movidos pelos desejos, emoções. Quase como os outros animais. A bondade e a maldade se relacionam com emoção moral. • Os KanGanos argumentam que os desejos e os senGmentos podem ser imorais. Por isso, tudo deve ser racionalizado. Chamam isso de juízo éGco. A questão central da Ética é: o que nos obriga a sermos bons? • As respostas podem ser baseadas em ideologias diferentes, mas todas convergem para os valores morais. • Valores são os critérios úlGmos de definição de metas ou fins para as ações humanas. • Não necessitam de explicações além deles mesmos para exisGrem. Ex: devemos ser bons porque a bondade é um valor. A Ética • É muito comum ouvirmos: “Isto não é ético” ou “Fulano é uma pessoa ética”. Mas o que é Ética? • Segundo o Prof. de Ética, Luís Peluso: • “Será que sabemos realmente o que estamos dizendo quando afirmamos que somos seres éticos? O fato é que todos nós concordaríamos que a Ética tem a ver com a realização da "excelência" do humano através de nossas ações. A "excelência" é a perfeição, ou seja, o completo desenvolvimento das potencialidades humanas.” Luís Alberto Peluso: Ética para principiantes, 2011 A Ética • Ética é um conjunto de valores morais (princípios) que norteiam a conduta humana na sociedade/grupo. • Varia conforme o tempo e a sociedade/ grupo. Os valores correntes nem sempre são moralmente aceitáveis Arcabouço moral individual • Pode ser influenciado pela éGca do grupo. • Reflete os valores e verdades pessoais. • Pode mudar com o tempo e o contexto social. • Define para o indivíduo as noções de “certo” e “errado”, refleGndo-‐se em suas aGtudes. De;inições de valores • Um valor é uma concepção, explícita ou implícita, própria de um indivíduo ou caracterísCca de um grupo, a respeito do desejável, o que influi na seleção dos modos, meios e fins de ação acessíveis. (KLUCKHOHN, 1968) • Um princípio abstrato e generalizado de comportamento com o qual os membros de um grupo se sentem fortes, posiGva e emocionalmente compromissados e fornece um padrão para julgar atos e metas específicas. Qualquer grupo com alguma coesão irá formar algum sistema de valores. Subjetividade dos valores • Quando pensamos em nossos valores, pensamos no que é importante em nossas vidas. Cada um de nós detém numerosos valores [...] com variados graus de importância. Um valor pode ser muito importante para uma pessoa, mas muito desimportante para outra. (SCHWARTZ, 2005a, p.22) Sistemas de valores: Estudo de caso • Questão das crianças indígenas deficientes. Link matéria do FantásCco: h+ps://www.youtube.com/watch?v=Hi8IyiFS76QValores morais mutáveis e imutáveis • Muitos valores variam conforme as normas vigentes em uma sociedade, mas outros, são imutáveis. • Valores imutáveis (perenes) são princípios. • Os princípios norteiam a norma de conduta e o padrão éGco dos indivíduos em uma sociedade. Surgimento da Bioética • Albert Schweitzer diz que o princípio de toda éGca deve ser a reverência pela vida, de uma forma ampla, o que engloba a natureza como um todo. • Segundo Schweitzer, “uma éGca que nos obrigue apenas a preocupar-‐nos com os homens e a sociedade não pode ter este significado. Somente aquela que é universal e nos obriga a cuidar de todos os seres nos põe de verdade em contato com o Universo e a vontade nele manifestada.” Trecho do prefácio de “BIOÉTICA: A éGca da vida sob múlGplos olhares” Alvaro Angelo Salles (Organizador) Surgimento da Bioética • Baseado nas ideias de Schweitzer, Van Rensselaer Po+er propõe, em 1971, o termo BioéGca e enfaGza a necessidade de se procurar uma nova conduta, formada a parGr de dois componentes que devem ficar inseparáveis: o conhecimento técnico-‐biológico e a promoção dos valores humanos. Dizia que a BioéGca é a ponte para um futuro com dignidade e qualidade de vida humanas. Trecho do prefácio de “BIOÉTICA: A éGca da vida sob múlGplos olhares” Alvaro Angelo Salles (Organizador) Surgimento da Bioética • Andre Hellegers, fisiologista holandês e fundador do The Joseph and Rose Kennedy Ins<tute for the Study of Human Reproduc<on and Bioethics, passou a empregar a palavra em senGdo mais amplo, relacionando-‐a com a éGca da medicina e das ciências biológicas. • Ambos os precursores no emprego da palavra (Po+er e Hellegers), procuraram soluções normaGvas para problemas que, desde o início dos anos 1950, inquietavam os meios cien~ficos. Tratava-‐se de avaliar as consequências dos rápidos avanços nas ciências biológicas e controlar, ou humanizar, os seus efeitos. ReGrado do site Bioé<ca, Biodireito e Direitos humanos, disponível no link: h+p:// www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/paradigmas_textos/v_barreto.html A Bioética baseia-‐se em princípios – principialismo de Beauchamp e Childress • A BioéGca se ocupa da determinação do padrão de conduta relacionada a qualquer procedimento biológico, biomédico ou médico, envolvendo seres vivos capazes de senGr dor ou de ter qualquer nível de consciência (sencientes). O que norteia este padrão de conduta são os princípios. A Bioética baseia-‐se em princípios • Os princípios são valores universais, fundamentais e perenes, por isso, são adotados como norma para direcionar a conduta em ciência. Os valores bioéGcos foram publicados em 1978 no Relatório Belmont pela "Comissão norte-‐americana para a proteção da pessoa humana na pesquisa biomédica e comportamental". Os 4 princípios foram fundamentados no Principles of Biomedical Ethics de Beauchamp e Childress, de 1979. • Princípio da autonomia • Princípio da beneficência • Princípio da não-‐maleficência • Princípio da jusGça/equidade Princípios da Bioética • Autonomia: respeito ao sujeito da pesquisa/ procedimento, dignidade e liberdade de decisão. • Beneficência: o bem do sujeito e/ou da sociedade é o principal objeGvo deste princípio. • Não maleficência: Obrigação de não causar nenhum Gpo de dano ao sujeito da pesquisa/ procedimento. • JusCça/equidade: procedimento padrão e benecios igualmente distribuídos entre os indivíduos. Sobre os princípios • O que se encontra por detrás da aplicação mecânica desses princípios, como se fosse possível a sua aplicação conjunta, é a tentaGva de jusGficar-‐ se a hegemonia de uma das três dimensões da saúde na sociedade contemporânea, o paciente, o médico e a sociedade. Os quatro princípios somente adquirem senGdo lógico se forem considerados como referentes a cada um dos agentes envolvidos: a autonomia, referida ao indivíduo, a beneficência e não-‐maleficência ao médico e a jusCça à sociedade e ao Estado. ReGrado do site BioéGca, Biodireito e Direitos humanos, disponível no link: h+p:// www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/paradigmas_textos/v_barreto.html Sobre os princípios • A aplicação isolada de cada um desses princípios, no entanto, terminará por consagrar situações sociais injustas. Torna-‐se, então, necessário procurar um modelo que não permita a hegemonia de um princípio sobre os três outros, mas que assegure a jusGficação, a integração e a interpretação dos quatro princípios. Em outras palavras, como fazer com que a autonomia seja preservada, a solidariedade garanGda e a jusGça promovida. ReGrado do site BioéGca, Biodireito e Direitos humanos, disponível no link: h+p:// www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/paradigmas_textos/v_barreto.htmlSabendo de tudo isso… Pensemos a respeito da a;irmação abaixo: “Eu não queria ter de usar os dados nazistas, mas não existem outras opções para a minha pesquisa, nem nunca exisGrão num mundo éGco”. John Hayward, médico da Universidade de Victoria, Canadá, que estuda os efeitos do frio no corpo humano. Marcos para a Bioética • 1948: Declaração universal de direitos humanos. • 1964: 1a Declaração de Helsinki. • 1993: Programa de BioéGca da UNESCO* foi estabelecido. • 1996: Publicada no Brasil a resolução 196/96 que delimita os princípios da experimentação em humanos. • 1997: Declaração de BioéGca e Direitos Humanos da UNESCO. • 2008: Publicada no Brasil a Lei Arouca que delimita os princípios da pesquisa em animais. • 2010: Publicação do Novo Código de ÉGca Médica. • 2012: Publicada resolução 466/12 que atualiza a resolução 196/96. *UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Órgãos consultivos e ;iscalizadores brasileiros • CONCEA: Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (nacional) • CEUA: Comissão de éGca no uso de animais (local) • CONEP: Comissão Nacional de ÉGca em Pesquisa (nacional) • CEP: Comitê de ÉGca em Pesquisa em humanos (local) Membros dos órgãos ;iscalizadores devem ter formação adequada -‐ áreas muito amplas Outras áreas: Biodireito • Uma área nova do Direito se apresenta em resposta aos avanços biotecnológicos: o Biodireito. • Afirma que todos tem direito a um meio ambiente sadio e pleno e devem ter sua dignidade como indivíduos respeitada. • Baseia-‐se no princípio da prevenção e da precaução. • Prevenção: algo potencialmente danoso à saúde humana e ao meio ambiente deve ser evitado. Nesse caso, os riscos são conhecidos e previsíveis. • Precaução: Se há dúvida quanto à segurança de algo, seu uso deve ser evitado. Nesse caso, há incertezas quanto aos riscos. Ética x moral x lei • A ÉGca e a moral versam sobre valores individuais e de grupos/sociedade que norteiam as ações dos indivíduos. • Como estes conceitos variam, faz-‐se necessária a adoção de princípios e valores consensuais expressos na forma de lei. • A lei obriga todos os indivíduos a seguirem um padrão de norma de conduta e convivência para que a dignidade humana e de outros seres vivos seja respeitada. Para fazer após a aula • Assistam aos vídeos listados abaixo: • ÉGca no coGdiano – Profs. Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho • l i nk : h+ps : / /www.youtube .com/watch? v=eE9J4oHop0E • BioéGca -‐ Prof. Álvaro Valls • l i nk : h+ps : / /www.youtube .com/watch? v=y8kpsJy3W20 • Também leiam o texto: Princípios de Bioé<ca, disponível na ferramenta Repositório (Material complementar) da aba da disciplina no Tidia.
Compartilhar