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Madeira para Obras

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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
ENSINANDO E APRENDENDO
BIOLOGIA DA MADEIRA
A madeira é uma estrutura composta de uma massa de células unidas por lignina. As células 
são tubulares em formato aproximado de longos canudos microscópicos e estão dispostas ao longo 
do tronco e dos galhos em posição aproximadamente paralela ao respectivo eixo.
As árvores crescem durante toda a vida, alternando períodos de crescimento e dormência em 
cada ciclo vegetativo. O crescimento ocorre graças a uma disposição periódica de células numa 
camada muito fina denominada câmbio. É no câmbio onde efetivamente ocorre o crescimento da 
árvore. 
MEDULA: é a parte central de troncos e galhos e deve ser descartada por ser de baixa resistência e 
susceptível à doenças e ataques de fungos e insetos.
CERNE: é a parte mais nobre da madeira. È a madeira madura que constitui a coluna de sustentação 
da árvore e normalmente é de cor mais escura que o alburne.
ALBURNE: é a madeira de formação mais recente, cujas células armazenam e transportam os 
nutrientes da árvore.
CÂMBIO: é uma camada muito fina de tecido celular vivo que vai formando o alburne do lado 
interno e o líber do lado externo.
LÍBER: é um tecido que transporta nutrientes sintetizados no processo de fotossíntese e que também 
vai formando a cortiça.
CORTIÇA: é a camada mais externa da árvore e é formada por células mortas. É uma capa protetora 
que se desprende do tronco à medida que a árvore cresce.
ANEL DE CRESCIMENTO: é o quanto aumenta a seção transversal de um tronco ou galho num 
período vegetativo. Em climas temperados esse período é de um ano, porém em regiões tropicais ou 
equatoriais algumas espécies podem Ter até 2 ciclos anuais de crescimento intercalados com 
períodos de dormência.
Em cada anel há duas camadas de madeira de cores distintas correspondentes aos períodos 
específicos dentro de cada ciclo vegetativo completo.
A madeira que se forma no início de cada período vegetativo, que normalmente coincide com 
a primavera/verão, constitui a parte clara de cada anel de crescimento. Essa camada é de maior 
espessura e mais porosa do que aquela formada no outono/inverno que é de menor espessura, mais 
densa e mais escura.
A sucessão dos anéis de crescimento e, dentro deles, a diferença de cor entre a madeira de 
primavera/verão e a de outono/inverno é o que confere a cada peça uma característica única que a 
diferencia de qualquer outra peça de madeira, mesmo sendo obtida do mesmo tronco.
TECNOLOGIA DA MADEIRA
PLANOS DE REFERÊNCIA PARA CORTES EM RELAÇÃO AOS ANÉIS DE CRESCIMENTO
 
MADEIRAS BRASILEIRAS
Algumas árvores como as coníferas (pinho, pinus) fornecem madeiras macias enquanto que a 
maioria das árvores tropicais de folhas espalmadas fornecem madeiras duras (cedro, maçaranduba, 
peroba, ipê, jatobá, angelim, etc).
Em princípio não há restrições técnicas para a utilização de qualquer espécie de madeira na 
construção de móveis e objetos de madeira.
Alguns fatores, porém, são determinantes na seleção de madeiras, independente da espécie a 
que pertencem.
O veio, a textura, a trabalhabilidade, a facilidade e a qualidade final do acabamento que 
possibilitam, são fatores importantes.
A resistência mecânica é importante quando se tratar de elementos estruturais.
Além das madeiras tropicais, existem as opções de espécies estrangeiras cultivadas no Brasil, 
como o pinus e o eucalipto; ambos são amplamente utilizados na produção de muitos tipos de chapas 
manufaturadas como o MDF e os aglomerados, além de serem disponibilizadas na forma de tábuas, 
sarrafos e pontaletes aparelhados.
O DESDOBRO
A madeira é obtida do corte de árvores adultas sendo que o tronco fornece a maior parte para 
uso em marcenaria e carpintaria. As sobras podem ser utilizadas como fonte de energia térmica na 
forma de lenha ou carvão ou ainda na fabricação de chapas de aglomerados.
Derrubada, a árvore é despida da copa e dos galhos. O tronco é então cortado em toras que 
são transportadas à serraria onde será feito o desdobro. Este é um corte feito com base num plano 
racional elaborado em função da posição dos anéis de crescimento, visando a obtenção das 
características técnicas da madeira mais adequadas para cada aplicação.
DESDOBRO POR CORTES PARALELOS
Corte comercial freqüente realizado para 
obtenção de peças de uso geral e de diferentes 
características não destinadas à aplicações 
específicas.
DESDOBRO POR FEIXES PARALELOS
Plano de corte especializado que visa a 
obtenção de peças para aplicações estruturais. 
As vigas assim obtidas têm elevada rigidez 
mecânica sendo particularmente indicadas 
para carpintaria.
DESDOBRO EM CORTE RADIAL (FEIXES CRUZADOS)
Este plano de corte visa a obtenção de peças dimensionalmente mais estáveis e menos 
sujeitas ao encanoamento. 
DESDOBRO EM QUARTOS
Este plano de corte especializado visa a obtenção de peças de excelentes qualidades técnicas. Este é 
o melhor plano de corte pois permite obter todas as peças com a disposição dos anéis de crescimento 
perpendiculares às faces da peça.
SELEÇÃO DE MADEIRAS
Na seleção de madeiras para fins de marcenaria, deve-se dar preferência àquelas peças cujos 
anéis de crescimento estiverem em ângulo entre 45º e 90º em relação à face da peça.
 
 Peças de corte radial – de melhor qualidade- Peça de corte tangencial – de pior 
qualidade - 
Se a madeira for utilizada para fins estruturais, na forma de vigas para telhados ou outros fins, 
a configuração dos anéis de crescimento deve ser tal que confira a maior rigidez mecânica ao 
elemento estrutural.
 CORTE RADIAL CORTE TANGENCIAL
 Viga flexível Viga rígida
Anéis predominantemente perpendiculares à face Anéis predominantemente paralelos à face
MADEIRAS SERRADAS
São denominadas madeiras serradas as peças de madeira obtidas diretamente do desdobro de 
toras ou numa etapa subseqüente.
São madeiras em bruto cujas superfícies ásperas poderão necessitar de aparelhamento ou não, 
dependendo da aplicação.
As peças são cortadas obedecendo padrões comerciais aceitos e recebem denominações de uso 
corrente de acordo com suas dimensões.
Para o aparelhamento, deve-se considerar que a madeira bruta perderá em torno de 2 a 3mm de 
cada face ou borda. Assim, de uma prancha de espessura nominal de 4 cm, pode-se planejar a 
obtenção de, no máximo, 3,4 a 3,5 cm de espessura.
TABELA DE PRANCHADOS
ESPESSURA
(cm)
LARGURA COMPRIMENTO
4
6
8
Variável
de 10 cm a 80 cm
Variável
de 1m a 6m
ESPESSURA: é padronizada.
LARGURA: é variável em função do diâmetro do tronco do qual foi obtida a prancha e do tipo de 
desdobro adotado.
COMPRIMENTO: é variável em função do comprimento do tronco e da conicidade do mesmo.
Exemplo de cálculo de custo comercial por unidade de volume:
 
 
Madeira: freijó
 Preço unitário: R$ 1.200,00
Dimensões da peça:
espessura nominal: 4 cm = 0,04m
largura: 18 cm = 0,18m
comprimento: 2,83 m = 2,83m
 
Volume = espessura x largura x comprimento = 0,04m x 0,18m x 2,83m = 0,0203m3
Preço = volume x preço unitário = 0,0203m3 x R$ 1.200,00/m3 = R$ 24,36
Obs: O valor do frete incide diretamente no custo da madeira.
MADEIRAS SERRADAS
DENOMINAÇÃO CONFIGURAÇÃO
ESPESSURA
(cm)
ALTURA
OU
LARGURA
(cm)
COMPRIMENTO
viga 6
12
16
20
30
2m e acima, 
até 6m 
variando de meio em 
meio metro
caibro 5 6
2m e acima,
até 6m,
variando de meio em 
meio metro
ripa 1,5 5 2m e acima, 
até 5m
ripão 2,5 5 2m e acima, 
até 5m
quadrado
7,0
7,5
10
15
20
7,0
7,5
10
15
20
variável.
Algumas madeiras, 
somente por 
encomenda.
sarrafo 2,5
57,5
10
variável de 2m a 6m
tábua 2,5
15
20
25
30
variável de 2m a 6m
MADEIRAS APARELHADAS
DENOMINAÇÃO CONFIGURAÇÃO
ESPESSURA
(mm)
ALTURA
OU
LARGURA
(mm)
COMPRIMENTO
ripa
10
10
10
20
30
50
2m e acima,
até 6m
sarrafo
10
10
70
100
2m e acima,
até 6m
tábua
10
10
10
10
150
200
250
300
2m e acima,
até 6m
sarrafo
20
20
20
50
70
100
2m e acima,
até 6m
tábua
20
20
20
20
150
200
250
300
2m e acima,
até 6m
quadrado
7
8
10
15
20
30
50
70
7
8
10
15
20
30
50
70
2m e acima,
até 6m
SECAGEM DA MADEIRA
Na construção civil é freqüente o uso de madeiras serradas ainda verdes, principalmente para 
andaimes e escoramentos. Mesmo na construção de telhados e outras estruturas de madeira, embora 
seja desaconselhável, na maioria das vezes são utilizadas madeiras verdes por problemas econômicos.
A secagem da madeira pode ser natural ao ar livre ou em áreas cobertas porém com livre 
circulação do ar e pode, também, ser induzida em estufas em condições especiais.
Uma madeira será considerada seca quando o teor de umidade estiver entre 8% e 16%, em 
peso, dependendo do processo de secagem.
Independente do processo de secagem adotado, a madeira tenderá a absorver novamente a 
umidade do ar e a ficar em equilíbrio higroscópico com o ambiente.
Admite-se que no ponto de equilíbrio a umidade contida na madeira seca estará próxima de 
20% da umidade relativa do ar do ambiente onde estiver sendo armazenada ou utilizada.
SECAGEM ARTIFICIAL
É adotada por grandes indústrias colocando-se as pilhas de madeira em plataformas móveis e 
estacionadas dentro de câmaras fechadas onde a madeira fica imersa numa corrente contínua de ar 
quente e vapor à temperatura e velocidades controladas por alguns dias dependendo do tipo e da 
espessura da madeira.
SECAGEM NATURAL
A madeira deve ser empilhada em condições tais que o ar circule livremente entre as várias 
peças. Se for empilhada ao ar livre necessitará de cobertura, mesmo que provisória, para protegê-la da 
chuva e evitar encharcamento. Pode também ser empilhada em abrigos, mas sempre em condições que 
permitam a livre e constante circulação do ar. 
TEMPO DE SECAGEM
Varia de acordo com a espécie da madeira.
Madeiras macias – prazos mais curtos
Ex.: pinho e pinus – dois meses para cada centímetro de espessura 
Madeiras maduras – prazos mais longos – três a cinco meses para cada centímetro de espessura.
Medindo o teor de umidade: Apoiando os eletrodos em dois pontos distintos da peça, circulará uma 
corrente elétrica proporcional ao teor de umidade. O aparelho indicará em porcentagem o resultado 
representativo do teor de umidade contida na madeira.
DEFEITOS DA MADEIRA
Trincas e rachaduras
Nós
Empenamentos
São freqüentes nas extremidades e devidas à 
secagem muito rápida pelo topo em relação à 
secagem mais lenta pelas faces e bordas. Pode-
se evitar ou minimizar estas rachaduras 
cobrindo o topo com tinta impermeabilizante 
no início do processo de secagem.
Correspondem aos pontos onde os galhos 
estavam fixos ao tronco. Ao cair o galho, 
permanecerá o nó, que é constituído de uma 
madeira morta muito mais dura do que aquela 
que está em volta dele. Por causa dessa 
diferença de densidade, os nós tendem a se 
soltar. As fibras da madeira se dispõem sempre 
de forma irregular em volta do nó o que torna 
difícil trabalhar a madeira nas proximidades do 
mesmo.
Defeito de planicidade devido principalmente à 
estocagem incorreta. Pode ocorrer também 
devido à liberação de tensões internas por 
causa do desdobro.
Encanoamento
Arqueamento
É a deformação característica de peças de 
madeira em cuja seção transversal as linhas dos 
anéis de crescimento têm comprimentos 
crescentes. Sendo a contração tanto maior 
quanto mais comprida for a linha do anel de 
crescimento, a peça assumirá esse formato 
característico.
É um defeito em que se observa o 
encurvamento da peça pelas bordas. 
Freqüentemente este defeito é acompanhado de 
outros defeitos de planicidade.
LAMINAÇÃO DA MADEIRA
PROCESSO DE LAMINAÇÃO
O processo de laminação é o mais utilizado na obtenção de lâminas de madeira. A peça roliça, 
previamente preparada , é colocada entre as ponteiras de uma máquina semelhante a um torno e, 
girando, vai de encontro às facas compridas da máquina que efetuam um corte tangencial. Obtém-se 
uma lâmina contínua à semelhança do desenrolar de um rolo de papel. Essas lâminas são utilizadas 
para fabricação de compensados. 
PROCESSO DE FAQUEAMENTO
Neste processo as lâminas são cortadas acionando-se a peça de madeira maciça preparada e 
presa com garras, num movimento de sobe e desce, passando-a de encontro com a faca que, a cada 
passada, retira uma lâmina sem perda de material.
 
 
PADRÕES COMERCIAIS
A unidade de medida para comercialização das lâminas decorativas de madeiras é o m2. As 
lâminas podem ser adquiridas avulsas ou em amarrados de 24 lâminas numeradas na seqüência em 
que foram cortadas. A espessura pode variar entre 0,6mm e 0,8mm e o comprimento entre 2,5m e 
2,9m. A largura pode variai entre 10cm e 60cm.
Exemplo de cálculo:
MADEIRA:............................................imbuia 
PREÇO UNITÁRIO:.............................R$ 6,00/m2
DIMENSÕES DA LÂMINA:
 largura:....................................32 cm = 0,32m
 comprimento:..............................2,9m = 2,9m
Área = largura x comprimento = 0,32m x 2,9m = 0,928m2
Preço = área x preço unitário = 0,928m2 x R$ 6,00/m2 = R$ 5,57
CHAPAS MANUFATURADAS
COMPENSADOS
Os compensados são constituídos de lâminas de madeira sobrepostas, em número ímpar, com as fibras 
cruzadas entre si de forma que uma lâmina compense as deformações da lâmina adjacente.
COMPENSADOS LAMINADOS
Os compensados laminados são obtidos sobrepondo-se as lâminas de madeira de 1mm a 3mm de 
espessura sempre em número ímpar (3,5,7,9,etc.) As lâminas são coladas entre si e prensadas à quente. 
Normalmente as lâminas de capa estão dispostas com as fibras no sentido longitudinal.
PADRÕES COMERCIAIS
ESPESSURA
(mm)
LARGURA X COMPRIMENTO
(mm)
4 – 6 – 8 – 10 – 12 – 15 – 
16 – 18 – 20 – 22 – 25 – 30 
1600 x 2200
1600 x 2750
1220 x 2440
COMPENSADOS SARRAFEADOS 
COMPENSADOS MULTI-SARRAFEADOS
 
São constituídos de um núcleo de pequenos 
sarrafos de madeira maciça prensados lado-
a-lado e encapado com duas lâminas de 
madeira em cada face.
São mais estáveis e resistentes que os 
laminados.
São chapas constituídas de um núcleo de 
mini-sarrafos de madeira prensados lado-a-
lado, encapado com duas lâminas de 
madeira em cada face.
PADRÕES COMERCIAIS
ESPESSURA
(mm)
LARGURA X COMPRIMENTO
(mm)
15 e acima, 
até 30mm 
1600 x 2200
1600 x 2750
1220 x 2440
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