Resenha Marilena Chauí - Público x Privado

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Resenha: Público x Privado – Marilena Chauí
A política nasceu na Grécia Antiga e nela funcionava a vontade coletiva, que era expressa em público, nas assembleias. A ideia de política dos gregos era aquela que eles mesmos criaram. Eles submeteram o poder ao conjunto de prática, criando a esfera política. Os romanos aderiram à este conceito de política.
Ambos, gregos e romanos, passaram a diferenciar a autoridade política da autoridade privada. No lar, o chefe da família, chamado de "despotes", era a autoridade privada. Houve a entrada do Cristianismo e a criação das Igrejas, que também eram autoridades privadas, pois o detentor de todas as verdades, decisões e imposições era Deus que tinha como porta-voz o padre. Nesses dois espaços, não havia política, apenas poder. 
Foi decidido que o espaço público não pode ser regido pelos valores do espaço privado. A política é constituída de instituições e leis, e não de força e poder. As leis não correspondem apenas à vontade dos governantes, mas sim à vontade coletiva, expressa em público através de deliberação, discussão e voto.
O que passa a importar não é a qualidade do governante, mas a qualidade das leis, instituições, do direito, da justiça, das decisões. Tudo isto escolhido e criado pelo povo, sem estar, necessariamente, de acordo com as opiniões e vontades do governante. 
A política atua com a ética sob três critérios:
1º critério: A relação entre meio e fins na ética é uma relação na qual não há exercícios da violência.
2º critério: A ética busca nessa esfera que lhe é própria a ideia de que nenhuma autoridade é legítima, se ela for despótica.
3º critério: Pode valer para ética e política que é a redefinição de liberdade.
Para a política ser compatível com a ética, ela tem de ser democrática, tem de haver liberdade através dos direitos, igualdade perante à lei (Isonomia), pois ética é liberdade e política é liberdade também. 
As leis não se identificam com a vontade dos governantes, elas exprimem uma vontade coletiva. Essa vontade coletiva se exprimia em público, nas assembleias, através da deliberação, da discussão e do voto.