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CLÍNICA – LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO SCHEILA MARIA ETIOLOGIA: Causas ambientais e relacionadas a exposição são menos claras: o Pó de sílica, cigarro e estógeno pós menopausa risco o Amamentação está associada a risco A fotosensibilidade é um fator precipitante de doença de pele. A luz UV estimula queratinócitos leva a superexpressão de ribonucleotídeos nucleares nas superfícies celulares, secreção de citoquinas que simulam produção de auto-anticorpos. EPIDEMIOLOGIA: + frequente em mulheres, afroamericanos, entre 15-44 anos, frequência maior entre a puberdade-menopausa (15:1), crianças e mulheres >55 (2:1). Não tem predileção por idade em homens. As erupções cutâneas ocorrem tipicamente na face ou extremidades, que são regiões expostas ao sol. Embora os espaços interfalangianos sejam afetados, as articulações MCF, IFP e IFD são poupados. O LES varia de relativamente benigna a rapidamente progressiva e até mesmo fatal. Exacerbações e remissões por toda a vida e as características das doenças variam entre os indivíduos. Noventa e cincos por cento dos pacientes, no momento do diagnóstico, são representados por mulheres em idade fértil OU SEJA: O LES acomete predominantemente mulheres jovens durante a idade fértil, tendo uma proporção sexo feminino/masculino referido como 9:1 na maioria das estatísticas. A doença costuma se manifestar entre 15-45 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária. Existe um predomínio na raça negra, sendo 3-4 vezes mais frequente que nos brancos, frequência entre puberdade/menopausa 15:1. A frequência entre crianças e mulheres >55 anos é de 2:1. CARACTERÍSTICAS E PATOGENIA: doença autoimune multissistêmica crônica com desenvolvimento de focos inflamatórios em vários tecidos e órgãos do corpo A doença evolui com períodos de exacerbações e remissões, comprometendo principalmente a pele (dermatite), articulações (artrite), serosas (serosite), glomérulos (glomerulite) e o SNC (cerebrite). É UMA poliartrite simétrica episódica, de carácter migratório ou aditivo, e quase sempre não deformante O LES pode começar de forma aguda ou insidiosa, mas é, por definição, uma doença crônica, remitente e recidivante. No entanto, independente da forma clínica de apresentação, a maioria dos doentes tem períodos de exacerbações intercalados por períodos de relativa melhora ou mesmo de inatividade. Os sintomas constitucionais são bastante frequentes, tais como mal-estar, fadiga, cefaleia, artralgia generalizada, mialgia, linfadenopatia, queda do estado geral, febre e perda ponderal. Apesar de comuns, esses achados são inespecíficos e não apontam para o diagnóstico da doença. Os locais mais caracteristicamente envolvidos pelo processo patológico do LES são: (1)”PELE”, (2)”ARTICULAÇÕES”, (3)”RINS”, (4)”SISTEMA NERVOSO CENTRAL – SNC”, (5)”SISTEMA CARDIOVASCULAR”, (6)”SEROSAS” e (7)”SISTEMA HEMATOLÓGICO E IMUNE”. MANIFESTAÇÕES: a) MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS: As lesões discoides são circulares com margens eritematosas hiperpigmentadas e escamosas, ligeiramente elevadas e centros atróficos despigmentados, nos quais todos os apêndices dérmicos são destruídos. As lesões podem ser deformantes, particularmente na face e no couro cabeludo. A erupção cutânea mais comum do LES é um eritema fotossensível ligeiramente elevado, ocasionalmente escamoso, na face (particularmente nas bochechas e no nariz – a erupção cutânea tipo “borboleta” 30 - 60% dos pacientes). A piora dessa erupção cutânea acompanha com frequência uma exacerbação da doença sistêmica. b) MANIFESTAÇÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS: poliartrite intermitente, artralgias e artrites em 85% dos pacientes – Artropatia cumulativa e migratória. Varia de leve a incapacitante, caracterizada por tumefação dos tecidos moles e hipersensibilidade nas articulações, mais comumente nas mãos (IFP e MCF), punhos e joelhos, mas as articulações dos tornozelos, cotovelos, ombros e quadris podem ser acometidas. As deformidades articulares (mãos e pés) se manifestam apenas em 10% dos pacientes. Portanto, quase todos os pacientes com LES apresentam poliartralgia e mialgias (95%), representando, portanto, as manifestações clínicas mais comuns. c) MANIFESTAÇÕES RENAIS: 70% dos pacientes serão acometidos. MAU PROGNÓTICO. Nefrite é habitualmente a manifestação mais grave do LES, particularmente porque a nefrite e a infecção constituem as principais causas de mortalidade na primeira década da doença. Levando em conta que a nefrite é assintomática na maioria dos pacientes com lúpus, um exame de urina deve ser solicitado a qualquer pessoa com suspeita de LES. Os pacientes com as formas proliferativas causadores de dano glomerular (III e IV) demonstram habitualmente hematúria e proteinúria microscópicas (> 500mg por 24hrs), sendo que metade destes desenvolve a síndrome nefrótica e, a maioria, hipertensão. d) MANIFESTAÇÕES PULMONARES: A manifestação pulmonar mais comum do LES é a “Pleurite” (50%) com ou sem “Derrame Pleural” (30%). Essa manifestação, quando leve, pode responder ao tratamento com AINEs, mas quando mais grave, os pacientes necessitam de uma sequência de terapia com glicocorticoides. Os infiltrados pulmonares também ocorrem como manifestação do LES ativo, sendo difíceis de distinguir de uma infecção nos exames de imagem. As manifestações pulmonares que ameaçam a vida consistem em inflamação intersticial que evolui para fibrose e síndrome da contração pulmonar e hemorragia intra-alveolar. Todas exigem provavelmente uma terapia imunossupressora agressiva precoce. e) MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS: A “Pericardite” (30%) é a manifestação cardíaca mais frequente que responde habitualmente à terapia anti-inflamatória e raramente resulta em tamponamento. As manifestações cardíacas mais graves são a miocardite (10%) e endocardite fibrinosa de Libman-Sacks (10%). O acometimento endocárdico pode resultar em insuficiência valvar, mais comumente das valvas mitral ou aórtica, ou em eventos embólicos. Ademais, os pacientes com LES correm maior risco de IAM devido habitualmente à aterosclerose acelerada (8%), que resulta provavelmente de choque imune, da inflamação crônica e/ou do dano oxidativo às artérias. O Fenômeno de Raynaud não é especifico, porém ocorre em 60% dos pacientes com LES. f) MANIFESTAÇÕES HEMATOLÓGICAS: A manifestação hematológica mais frequente do LES é a “Anemia” (70%), habitualmente normocítica e normocrômica, que reflete uma enfermidade crônica. A leucopenia (65%) também é comum, consistindo quase sempre em Linfopenia (50%) e não em granulocitopenia. A trombocitopenia também pode ser um problema recorrente, sendo que se a contagem de plaquetas estiver baixa e não houver sangramento anormal, a terapia poderá ser desnecessária. g) MANIFESTAÇÕES GASTROINTESTINAIS: A anorexia, as náuseas, às vezes com vômitos e a diarreia (30%) podem ser manifestações de uma exacerbação do LES, o mesmo podendo ocorrer com a dor abdominal difusa provavelmente causada por peritonite autoimune e/ou vasculite intestinal. h) MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS: Existem muitas manifestações do LES relacionadas com o SNC e SNP. Em alguns, pacientes, estas são as principais causas de morbidade e mortalidade. A manifestação mais comum do lúpus difuso no SNC é a disfunção cognitiva leve (50%), como dificuldades de memória e raciocínio. As cefaleias (25%) também são comuns e, quando lancinantes, indicam com frequência uma exacerbação do LES. As crises convulsivas (20%) de qualquer tipo podem ser causadas pelo lúpus. i) MANIFESTAÇÕES OCULARES: A “Síndrome Sicca” (Síndrome de Sjogren) e a conjuntivite inespecífica são comuns no LES, mas raramente ameaçam a visão.Em contrapartida, a vasculite retiniana e neurite óptica são manifestações séricas. A cegueira pode manifestar-se ao longo dos dias a semanas. LEMBRAR: em 1/3 dos pacientes pode ocorrer linfadenopatia difusa em algum momento. Linfonodos não dolorosos, esplenomegalia, doenças hematológica malignas associadas (linfoma não Hodgkin) PROGNÓSTICO: Acometimento isolado da pele e sistema músculo-esquelético: curso da doença mais suave e maior taxa de sobrevida . Acometimento renal e doença do SNC: maior morbimortalidade Sobrevida de 10 anos (90%) e 15 anos (80%). A mortalidade atualmente é resultado de efeitos colaterais dos medicamentos ou eventos cardiovasculares. Comorbidades que aumentam o risco de morbi-mortalidade em pacientes com LES: Infecções, hipertensão, dislipidemia, DAC, aterosclerose, DM, osteoporose, CA de pulmão, câncer hepatobiliar. DIAGNÓSTICO: 4 ou mais dos 11 critérios apresentados, intercalados ou simultaneamente, 1) ERUPÇÃO MALAR: Erupção em asa de borboleta; 2) ERUPÇÃO DISCÓIDE: Manchas eritematosas elevadas; 3) FOTOSSENSIBILIDADE: Erupção cutânea devido a luz solar; 4) ÚLCERAS ORAIS: Indolores e também na nasofaringe; 5) ARTRITE: Não erosiva, acomete no mínimo 2 articulações periféricas com dor, tumefação ou derrame; 6) SEROSITE: Pleurite e pericardite, por exemplo; 7) DISTÚRBIO RENAL: Proteinúria e cilindros celulares no sedimento urinário; 8) DISTÚRBIO NEUROLÓGICO: Convulsões e psicose; 9) DISTÚRBIO HEMATOLÓGICO: Anemia hemolítica, leucopenia, Linfopenia e trombocitopenia; 10) DISTÚRBIO IMUNOLÓGICO: Anti-DNA positivo ou Anti-Sm positivo ou antifosfolipídeo (nível sérico de anticardiolipina anormal, teste positivo para anticoagulante lúpico e VDRL falso-positivo); 11) ANTICORPO ANTINUCLEAR: Positivo por imunofluorescência ou outro método; TESTES PARA AUTOANTICORPOS: 1) FATOR ANTINUCLEAR FLUORESCENTE (FAN): Por ser muito sensível (mais de 98%), pode ser usado como teste de triagem, considerando-se um título maior ou igual a 1:80. Entretanto, ele não tem especificidade; 2) AUTOANTICORPOS ESPECÍFICOS: Os principais autoanticorpos relacionados ao LES podem ser divididos nos seguintes grupos: (1)”ANTIMEMBRANA CELULAR”, (2)”ANTINUCLEARES”, (3)”ANTICITOPLASMÁTICOS” e (4)”ANTIFOSFOLIPÍDEO”. Entre os principais e mais usados estão os antinucleares, podemos citar o anti-DNA, o anti-Sm, o anti-RNP, o anti-Ro (SS-A) e o anti-La (SS-B) e o anti-Histonas.
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