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LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

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–
 
 1 
 
• Colagenoses 
É um grupo de doenças reumatológicas que, além de comprometer as articulações, provoca inflamação em 
outros órgãos/sistemas, principalmente no TECIDO CONJUNTIVO, por meio de um mecanismo autoimune. 
Dentre as doenças que estão nesse grupo, o Lúpus eritematoso sistêmico é a mais comum, embora também 
haja esclerodermia, dermatopolimiosite e síndrome de Sjögren. 
• Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) 
É uma doença AUTOIMUNE MULTISSISTÊMICA CRÔNICA, cuja característica mais 
marcante é o desenvolvimento de FOCOS INFLAMATÓRIOS em vários tecidos e órgãos. 
Clinicamente, o LES é marcado por um curso com EXACERBAÇÕES e REMISSÕES na 
pele (dermatite), nas articulações (artrites), nas serosas (serosites), nos glomérulos 
(glomerulite) e no SNC (cerebrite) – por isso é chamada de “doença das ites”. Enquanto 
a artrite reumatoide depende diretamente da imunidade CELULAR para o seu 
desenvolvimento (linfócitos T), o LES utiliza a vertente HUMORAL da imunidade, ou seja, 
a produção de AUTOANTICORPOS!! 
➔ Obs: Em latim, Lupus significa LOBO, termo utilizado na idade média pois as lesões de pele 
características da doença pareciam “mordidas de lobo”. 
 
• Epidemiologia 
O LES tem uma maior prevalência em MULHERES JOVENS entre 15-45 anos, com uma 
proporção mulher/homem de 9:1. Há um maior predomínio da RAÇA NEGRA, sendo 3-4x mais 
frequente do que nos brancos. Vale destacar que essa discrepância na prevalência feminina é 
maior quanto mais no centro do período REPRODUTIVO (menacme) a mulher estiver! 
 
• Patogênese 
Como citado anteriormente, a atividade HUMORAL aqui é responsável pela produção de 
AUTOANTICORPOS contra AUTOANTÍGENOS. Quando há ligação anticorpo e antígeno, 
formam-se IMUNOCOMPLEXOS que ativam o sistema complemento, dando início a 
quimiotaxia e inflamação tecidual!! Estes imunocomplexos formados podem se formar ao nível 
LOCAL (onde houve a ligação) ou podem fazer DEPOSIÇÃO TECIDUAL distante do local de 
origem. 
Não se sabe exatamente o porquê da formação de autoanticorpos, porém tudo indica que seja resultante de 
uma complexa interação entre FATORES GENÉTICOS E AMBIENTAIS. 
➔ Fatores Genéticos – São considerados essenciais para o desenvolvimento da doença, uma vez que 
estudos com gêmeos univitelinos evidenciam concordância de até 57% para o LES, assim como os 
parentes de primeiro grau apresenta incidência aumentada quando há presença de LES. 
–
 
 2 
 
 
➔ Fatores Ambientais – Como visto, a concordância entre gêmeos univitelinos não é 100%, o que reforça 
a participação de fatores além do genético, sendo, dentre eles, os AMBIENTAIS. Esta interação genética 
e ambiental tem bases fisiopatológicas na existência de RECEPTORES DE RECONHECIMENTO DE 
PADRÕES MOLECULARES ANÔMALOS (receptores TLR), que estão presentes em diversos tipos celulares 
(macrófagos, células dendríticas, linfócitos B...). Estes receptores reconhecem antígenos constantes em 
diversas espécies, como o LPS nas bactérias gram negativas, iniciando a resposta imune 
INESPECÍFICA/IMEDIATA (representada pela fagocitose) e, posteriormente, a ESPECÍFICA (representada 
pelo estímulo de linfócitos T e B). Além do reconhecimento de antígenos exógenos, os TLR podem, em 
algumas condições, reconhecer AUTOANTÍGENOS ENDÓGENOS, seguindo a sequência de ativação 
imunológica (inespecífica → específica) com a formação de AUTOANTICORPOS! Estes autoanticorpos 
podem ser contra moléculas NUCLEARES e MEMBRANOSAS, sendo estas últimas principalmente nas 
hemácias, nos leucócitos e nas plaquetas = Sistema Reticuloendotelial. Também pode haver atividade 
autoimune para os antígenos NEURONAIS do SNC (chamados anti-P), que causam alterações 
psiquiátricas decorrentes da necrose de neurônios no hipocampo (nossa). 
o Raios Ultravioletas - A exposição aos RAIOS ULTRAVIOLETAS TIPO B é o fator 
ambiental mais discutido, podendo desencadear a atividade lúpica em 70% dos 
pacientes. Essa fração dos raios UV é responsável por exercer efeitos 
IMUNOGÊNICOS nos queratinócitos, como indução da apoptose, lesão direta 
ao DNA, modificação de proteínas de membrana (Ro e La) tornando-as 
antigênicas e liberação de INTERLEUCINAS! Estes mecanismos explicam o 
comportamento “epidêmico” do lúpus no verão. 
 
o Hormônios Sexuais – Enquanto os estrogênios são IMUNOESTIMULANTES (atividade dos linfócitos B), 
os ANDROGÊNIOS E PROGESTÁGENOS fazem o oposto, justificando a maior incidência do LES na 
idade reprodutiva! Pacientes que fazem uso de Anticoncepcional Oral (ACO) tem risco aumentado de 
LES em até 2x!! 
 
o Medicamentos – Várias drogas estão associadas ao “lúpus farmacoinduzido”, sendo o principal 
mecanismo subjacente a DEMETILAÇÃO DO DNA, que facilita a expressão exagerada de genes antes 
inativos, como os de citocinas e fatores inflamatórios. Os principais fármacos relacionados são 
“hidralazina, procainamida, isoniazida, fenitoína, clorpromazina, metildopa, quinidina, interferon-alfa 
e agentes anti-TNF. 
 
o Tabagismo – Os estudos evidenciaram que algumas substâncias presentes no cigarro 
podem causar a produção de ANTICORPOS ANTI-DNA. 
 
o Exposição à sílica – A poeira da sílica encontrada no manuseio do solo, cinema, fumaça de cigarro 
parece aumenta a incidência de LES principalmente em MULHERES NEGRAS. 
 
–
 
 3 
 
o Agentes Microbiológicos – A correlação entre INFECÇÃO VIRAL e DOENÇA 
AUTOIMUNE é bem estabelecida nos estudos, uma vez que os vírus podem 
promover MODIFICAÇÕES ANTIGÊNICAS que simulem autoantígenos 
(exemplo fictício: os vírus alteram proteínas que se tornam semelhantes ao 
DNA, determinando a produção de anticorpos anti-DNA). O vírus Epstein-Barr 
apresentou uma alta prevalência de infecções prévias em pacientes com LES! 
A infecção por HIV, por outro lado, causa depleção de Linfócitos T CD4, 
inibindo certas doenças autoimunes, como o LES! 
• Clínica 
O LES pode iniciar de forma FUMINANTE ou INSIDIOSA, mas, por definição, é uma doença CRÔNICA, 
REMITENTE e RECIDIVANTE. Os sintomas iniciais, assim como em outras condições autoimunes, podem 
revelar o comprometimento de APENAS UM SISTEMA ou um comprometimento MULTISSISTÊMICO – 
independente da forma de manifestação, a maioria dos doentes tem períodos de EXACERBAÇÃO intercalados 
com períodos de ACALMIA. 
Sintomas Constitucionais 
➔ Fadiga (90%) 
➔ Febre (80%) 
➔ Emagrecimento (60%) 
➔ Mal Estar 
➔ Queda do Estado Geral 
 
Leões Pele e Mucosas 
As lesões cutaneomucosas podem ser classificadas em ESPECÍFICAS e INESPECÍFICAS em função da presença 
ou não da DERMATITE DE INTERFACE quando se realiza a biopsia de pele (infiltrado inflamatório na junção 
dermoepidérmica). Além desta divisão, as lesões podem ser divididas com relação ao TEMPO DE EVOLUÇÃO 
(aguda, subaguda e crônica). 
➔ Lesões Específicas 
o Agudas – erupção malar, Fotossensibilidade 
o Subagudas – Lesões eritematodescamativas 
difusas (psoriásia, anular...) 
o Crônicas – Lúpus discoide, alopecia discoide 
➔ Não Específicas 
o Alopecia não-discoide 
o Vaculite 
o Lúpus bolhoso 
o Fenômeno de Raynaud 
o Livedo Reticular 
o Úlceras Mucosas
 
–
 
 4 
 
➔ Lesões Específicas 
o Agudas – A lesão mais característica é a ERUPÇÃO MALAR, que se constitui de uma lesão eritematosa 
elevada na região das bochechas e do nariz, por vezes podendo ser 
dolorosa ou pruriginosa – muito frequentemente é uma lesão precipitada 
pela EXPOSIÇÃO SOLAR! O principal diagnóstico diferencial deve ser feito 
com a ACNE ROSÁCEA, que difere do eritema malar pela presença de 
PÁPULAS e PÚSTULAS e localização que inclui os SULCOS NASOLABIAIS. 
Além da erupção malar, há a FOTOSSENSIBILIDADE, que é uma lesão 
ERITEMATOSA que surge logo após a exposição a raios UVB ou a luz 
artificial fluorescente – devido a isso, sua localização é mais frequente nas 
regiões expostas ao sol (V cervical, face e extremidades). A presença de 
fotossensibilidade está relacionada a positividade para o anticorpoanti-Ro. 
 
o Subagudas – Essas lesões estão associadas ao LÚPUS CUTÂNEO SUBAGUDO, que pode estar ou não 
associado ao LES!! Nestes casos, as lesões são ERITEMATODESCAMATIVAS DIFUSAS, NÃO 
ULCERATIVAS e que predominantemente estão localizadas nos membros superiores e na parte superior 
do tronco. Estas lesões costumam não deixar cicatrizes, mas são RECIDIVANTES e precipitadas pela 
EXPOSIÇÃO SOLAR – geralmente acompanhadas de SINTOMAS MUSCULARES e a presença do ANTI-
Ro!!! Demais lesões do lúpus cutâneo subagudo: 
▪ Erupção papuloescamosa (lenticular) – mimetiza a psoríase 
▪ Lesões eritematoanulares, policíclicas – mimetiza o eritema anular centrífugo 
▪ Erupção lúpica nas mãos – envolve o dorso das falanges e poupa os nós interfalangeanos 
 
 
–
 
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o Crônicas – a principal lesão crônica cutânea do LES é o LÚPUS DISCOIDE, podendo aparecer, até 
mesmo, na ausência de outras manifestações sistêmicas. O lúpus discoide ocorre em 20% dos 
pacientes com LES, porém apenas 15% dos pacientes com lúpus discoide apresenta lúpus sistêmico!!! 
Esta lesão predomina na FACE, PESCOÇO, COURO CABELUDO e PAVILHÃO AURICULAR e tem 
padrão de evolução em placas eritematosas infiltradas e hiperpigmentadas que evoluem com 
HIPOPIGMENTAÇÃO e ATROFIA no centro da lesão – esta atrofia é fator de risco para carcinoma 
epidermoide! O lúpus discoide costuma deixar cicatrizes, incluindo a alopecia irreversível. 
▪ Paniculite de Kaposi – é uma forma RARA do lúpus cutâneo crônico, sendo caracterizada por 
NÓDULOS FIRMES E DOLOROSOS no tecido subcutâneo que podem evoluir para atrofia. Estes 
nódulos são decorrentes de VASCULITE em arteríolas do tecido adiposo, que causa infiltração 
de mononucleares perivasculares. Caso essa paniculite se desenvolva logo abaixo de um lúpus 
discoide, chama-se de LÚPUS PROFUNDO! 
➔ Lesões Não-Específicas do LES 
o Alopécia não discoide – muito comum no LES (40-70%) e, via de regra, é 
REVERSÍVEL com o controle da doença. Sua causa está no aumento da 
apoptose dos folículos pilosos. 
 
o Vasculite cutânea – ocorre em 20% dos casos de LES, sendo manifestada 
por LESÕES PETÉQUIAS ou URTICARIFORMES. Em casos mais graves, 
podem surgir ÚLCERAS CUTÂNEAS e até mesmo NECROSE DIGITAL! 
 
o Livedo Reticular e Telangiectasias – achados relativamente comuns em 
pacientes lúpicos. O livedo é marcado pelo vasoespasmo das arteríolas 
ascendentes da derme intercalado por regiões de vasodilatação. 
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 6 
 
o Fenômeno de Raynaud – distúrbio causado por VASOESPASMO EPISÓDICO das artérias digitais, 
sendo manifestado pela sequência PALIDEZ→CIANOSE→RUBOR. Ocorre em até 30% dos pacientes 
com LES, mas é achado típico de outra colagenose: a esclerose sistêmica! 
o Lúpus Bolhoso – uma forma rara de lúpus cutâneo 
 
o Úlceras Mucosas – ocorrem no palato, lábios, septo nasal, vagina... São úlceras tipicamente 
INDOLORES, diferentemente das úlceras herpéticas! 
Manifestações Articulares/Musculares 
Quase todos os pacientes apresentam ARTRALGIA e MIALGIA (95%), 
sendo que as manifestações articulares são transitórias e com caráter 
MIGRATÓRIO, SIMÉTRICO e DISTAL – dura cerca de 1-3 dias em cada 
articulação. Pode haver rigidez matinal, mas esta tem duração inferior a 
1h. As articulações mais envolvidas pela artrite são MÃOS, PUNHOS e 
JOELHOS, sendo que, ao contrário da artrite reumatoide, a artrite lúpica 
NÃO CAUSA EROSÃO, embora alguns casos demonstrem 
DEFORMAÇÕES ARTICULARES por comprometimentos dos tecidos de 
sustentação periarticulares. Quando ocorre DEFORMAÇÃO que não 
está associada a EROSÃO, chama-se de ARTROPATIA DE JACOUD. Essa 
artrite lúpica classicamente apresenta POUCO OU NENHUM derrame 
articular! Em casos de persistência da dor em poucas topografias 
articulares após a resolução da poliartrite deve-se suspeitar de 
OSTEONECROSE por obliteração de microvasos! 
➔ Miopatia – pode ser devido a DOENÇA ou ao TRATAMENTO com 
corticoides/hidroxicloroquina. 
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Manifestações Renais 
Considerando as manifestações renais em conjunto, são elas as responsáveis pelo 
desenvolvimento de algum grau de NEFROPATIA no LES (grande 
morbimortalidade). O comprometimento renal é um dos 11 CRITÉRIOS de 
diagnóstico para o LES, sendo evidenciado pelo achado de proteinúria superior a 
500mg/24h ou +3 no EAS e/ou identificação de cilindros celulares no sedimento 
urinário! A topografia renal mais acometida é ao nível do GLOMÉRULO, podendo 
determinar qualquer um dos tipos de síndromes glomerulares com hematúria 
isolada, cilindrúria, proteinúria isolada, síndrome nefrítica e nefrótica – Essas 
manifestações são decorrentes do depósito de IMUNOCOMPLEXOS DNA+ANTI-
DNA e de fragmentos do SISTEMA COMPLEMENTO. Devido a isso, a quantificação 
sérica de anti-DNAds e complemento é útil para o monitoramento da RESPOSTA 
TERAPÊUTICA da nefrite lúpica. 
 
Manifestações Pulmonares 
A pleurite lúpica ocorre em 50% dos casos de LES e é mais frequente que o achado de derrame pleural! Este 
último pode ser unilateral ou bilateral, que é a forma mais comum, sendo do tipo EXSUDATIVO com níveis 
de GLICOSE NORMAIS (a artrite reumatoide tem níveis elevados). 
➔ Pneumonite – pode cursar com FEBRE,TOSSE,DISPNEIA, 
HEMOPTISE e rx de tórax com infiltrado alveolar difuso, 
manifestações que respondem bem ao uso de corticoides! 
Lembrar que a causa mais comum dos infiltrados pulmonares é 
a PNEUMONIA (infecção)! 
➔ Fibrose Pulmonar – pode ser desenvolvida, assim como na artrite 
reumatoide. 
➔ Hipertensão arterial pulmonar – pode ocorrer na ausência de 
fibrose intersticial. 
➔ Tromboembolismo Pulmonar (TEP) - cerca de 10% dos pacientes 
com LES desenvolvem a trombose venosa profunda e, 
consequentemente, TEP. 
➔ Síndrome do Pulmão Contraído – entidade lúpica rara em que os 
pacientes desenvolvem queixas de DISPNEIA com RX de tórax com 
elevação da hemicúpula diafragmática e sem alterações no parênquima. 
 
Manifestações Cardíacas 
➔ Pericardite – é a entidade mais frequente, sendo manifestada por DOR PERICÁRDICA – essa 
sintomatologia não costuma ter muitas repercussões! O derrame pericárdico pode 
acontecer, mas o tamponamento e a pericardite constritiva são raros. 
➔ Miocardite – pode ser manifestada por TAQUICARDIA SINUSAL ou TAQUIPNEIA 
AOS ESFORÇOS associadas ao aumento do índice cardiotorácico no RX de tórax 
e alterações inespecíficas no ECG! Caso evolua, pode levar a uma insuficiência 
cardíaca congestiva. 
➔ Endocardite de Libman-Sacks – forma verrucosa e não bacteriana de 
ENDOCARDITE ou VALVULITE (principalmente da face atrial da valva mitral). Essa 
inflamação pode causar INSUFICIÊNCIA MITRAL e/ou AÓRTICA leve a moderada 
com consequente sopro. A manifestação mais temida da endocardite é a EMBOLIA ARTERIAL. 
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 8 
 
➔ Coronariopatia – pode ser tanto aterosclerótica como vasculítica, que causa INFARTO AGUDO DO 
MIOCÁRDIO (IAM) até mesmo em mulheres jovens! O risco de eventos cardiovasculares aumenta em 
MAIS DE 10X nos pacientes lúpicos, uma vez que o estresse oxidativo da inflamação acelera a formação 
de placas ateroscleróticas por deposição de lipídios na parede vascular. 
 
Manifestações Psiquiátricas 
Cerca de 50% dos pacientes com LES apresenta DISFUNÇÃO COGNITIVA (geralmente 
do tipo leve), que pode evoluir para a DEMÊNCIA LÚPICA (fase avançada e grave). 
➔ Psicose Lúpica – é um critério diagnóstico para o LES e mnifesta-se no PRIMEIRO 
ANO de doença por meio de um quadro de delirium com ilusões persecutórias, 
alucinações auditivas/visuais e flutuação do nível de consciência. Essa psicose 
pode ser desenvolvida também pelo tratamento com corticoesteroides! Foi 
descoberto um autoanticorpo relacionado às manifestações psiquiátricas: anti-P!!! 
 
Manifestações Neurológicas 
Essas manifestações costumam aparecer mais associadas a um quadro sistêmico, sendo difícil sua ocorrência 
de forma isolada. 
➔ Cefaleia - O sintoma mais frequente é a CEFALEIA, quepode ser do tipo MIGRANEA 
ou TENSIONAL. 
➔ Convulsões – podem aparecer de qualquer forma – grande mal, pequeno mal ou 
focal. 
➔ AVE isquêmico – pode ser resultante de 4 processos distintos, sendo estes: trombose 
cerebral na síndrome do anticorpo antifosfolipídio; embolia cerebral na endocardite 
de Libman-Sacks; vasculite cerebral e embolia arterioarterial por doença 
aterosclerótica carotídea ou vertebral. 
 
Manifestações Hematológicas 
A manifestação mais comum é a ANEMIA NORMOCÍTICA NORMOCRÔMICA causada por eritropoese 
deficitária e disponibilização de ferro bloqueada (a famosa “anemia de doença crônica”). Queda do 
hematócrito pode ser um dos critérios de atividade lúpica. As ANEMIAS CARENCIAIS (ferropriva, 
megaloblástica) também são comuns nesses indivíduos. 
➔ Uma ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE por anticorpos “quentes” 
(IgG), Coombs direto positivo, é observada em 10% dos pacientes com 
LES. O mecanismo é a ligação de autoanticorpos antifator Rh na 
membrana das hemácias, estimulando a fagocitose pelos macrófagos 
esplênicos. 
➔ Trombocitopenia leve está presente em até 15-25% dos casos; 
considerando-se apenas níveis menores que 50.000/mm3, essa taxa cai 
para 10%. O principal mecanismo é o surgimento de autoanticorpos IgG 
contra antígenos de superfície plaquetária. O grau de trombocitopenia 
varia de leve a acentuado. A associação anemia imuno-hemolítica + 
trombocitopenia autoimune, ou síndrome de Evans, tem no LES a sua 
causa mais comum 
➔ A leucopenia autoimune é comumente encontrada, com a contagem inferior a 4.000/mm3 sendo um 
critério diagnóstico de LES. A leucopenia também É PARÂMETRO DE ATIVIDADE LÚPICA. A linfopenia 
–
 
 9 
 
(< 1.500/mm3) autoimune também é um critério e achado frequente (50%), contribuindo para o 
conhecido estado de imunodepressão da doença. Por outro lado, neutropenia não é um achado comum. 
➔ As exacerbações inflamatórias do LES podem cursar com LINFADENOPATIA CERVICAL OU 
GENERALIZADA E ESPLENOMEGALIA, achados indicativos de hiperatividade imune. Quando ocorrem, 
podem ser tão acentuadas a ponto de simularem um distúrbio linfoproliferativo. 
➔ O lúpus pode cursar com autoanticorpos contra vários dos fatores de coagulação, especialmente o 
ANTICORPO ANTIFATOR VIII (fator anti-hemofílico). O resultado pode ser um distúrbio hemorrágico 
(coagulopatia adquirida), na presença de PTT alargado e TAP (INR) normal. Curiosamente, a hemorragia 
NÃO RESPONDE À REPOSIÇÃO DE PLASMA FRESCO ou crioprecipitado, mas responde à administração 
do complexo protrombínico ativado (Prothromplex). 
 
Manifestações Gastrointestinais 
Sintomas gastrointestinais inespecíficos como ANOREXIA, NÁUSEAS E VÔMITOS são 
observados somente numa minoria de pacientes, mais comumente relacionados à 
terapêutica com AINEs e corticoides. Caso haja dor abdominal difusa importante num 
paciente com LES, com ou sem descompressão dolorosa, deve-se pensar em três 
possibilidades principais: 1 – Peritonite (Serosite); 2 – Vasculite Mesentérica; 3 – 
Pancreatite. 
 
Manifestações Oculares 
As manifestações oculares ocorrem em cerca de 15% dos pacientes com LES. A mais 
comum é a CERATOCONJUNTIVITE SECA (SÍNDROME DE SJÖGREN), associada ou 
não à xerostomia. Episclerite e esclerite também podem ser observadas. Uma 
complicação oftalmológica mais grave, porém menos frequente, é a vasculite 
retiniana. A presença de EXSUDATOS ALGODONOSOS NA FUNDOSCOPIA – 
denominados corpos citoides – constitui sinal específico de vasculite retiniana (o 
exsudato é decorrente de isquemia retiniana localizada). 
 
• Manifestações Laboratoriais Inespecíficas 
Especialmente a ANEMIA de doença crônica é um dos achados mais CLÁSSICOS no LES, podendo ser 
utilizado como um MARCADOR DE ATIVIDADE da doença – por exemplo, a melhora da anemia significa que 
o LES está entrando em remissão. Como já citado, a anemia de doença crônica é do tipo normocítica e 
normocrômica acompanhada pelo AUMENTO DO VHS (velocidade de hemossedimentação). A proteína C 
reativa (PCR) pode estar normal, não sendo um bom marcador de atividade da doença – quando houver um 
grande aumento do PCR, pode indicar INFECÇÃO BACTERIANA. Além destes, a HIPOCOMPLEMENTEMIA é 
resultante do consumo de fatores do sistema complemento, sendo que a NEFRITE LÚPICA e a manifestação 
que cursa com menores níveis séricos de complemento. 
 
• Diagnóstico de Lúpus 
Até 2012, o diagnóstico era feito utilizando os critérios de classificação do American College of Rheumatology, 
que preconizava a necessidade de 4 ou mais critérios para CONFIRMAR o diagnóstico de LES – abaixo de 4 
critérios era “LES provável”. Foi percebido que essa classificação não permitia a confirmação em pacientes 
que, apesar de apresentarem um quadro clássico evidente de LES (exemplo: mulher, FAN +, azotemia, 
proteinúria, hematúria e biopsia renal com nefrite lúpica III ou IV), não fechavam os 4 critérios da classificação! 
Diante disso, foram publicados em 2012 os critérios de SLICC (Systemic Lupus International Collaborating), 
que, para fechar diagnóstico, preconiza ter 4 ou mais doa 17 critérios, sendo pelo menos 1 CLÍNICO e 1 
–
 
 10 
 
IMUNOLÓGICO ou basta ter uma BIOPSIA RENAL com algum dos padrões de nefrite lúpica associada a 
positividade para FAN e/ou anti-DNAds. 
 
 
 
• Manifestações Laboratoriais Específicas 
 
➔ Fator Antinuclear (FAN) – É uma medida muito SENSÍVEL (95%) para o LES e, portanto, utilizada para a 
TRIAGEM de pacientes (títulos maiores ou iguais a 1:80 são significativos). Por outro lado, é uma medida 
POUCO ESPECÍFICA, uma vez que o FAN está positivo em várias outras doenças (esclerose sistêmica 
90%, síndrome de Sjogren 70%, artrite reumatoide 35%). Além disso, cerca de 10% da população normal 
apresenta FAN POSITIVO! O FAN não é somente um anticorpo específico, mas sim um exame que avalia 
a presença de 1 ou mais anticorpos (imunoflorescência) tanto nucleares como citoplasmáticos – alguns 
autores sugerem a necessidade de mudança do nome para PAAC = Pesquisa de Anticorpos contra 
Antígenos Celulares. 
o Obs: Diante dos achados da imunofluorescência, os padrões encontrados podem AUMENTAR A 
ESPECIFICIDADE por sugerir o tipo de autoanticorpo presente. Por exemplo, o achado de anti-DNAds 
(anti-DNA nativo) e anti-Sm são MARCADORES ESPECÍFICOS de LES, inclusive faz parte dos critérios 
diagnósticos. 
–
 
 11 
 
 
➔ Autoanticorpos Específicos – São divididos em grupos: 
o Antinucleares – Anti-DNA, anti-Sm, anti-RNP, anti-Ro (SS-A), anti-La (SS-B) e anti-histonas 
o Anticitoplasmáticos – anti-P 
o Antimembrana celular - anticorpor antilinfócito, anti-hemácia, antiplaqueta e antineuronais 
o Antifosfolipídio 
 
➔ Anti-DNA – anticorpos que se ligam diretamente ao DNA, podendo ser de dois tipos: 
anti-DNA dupla-hélice e anti-DNA hélice única. O dupla-hélice é MUITO 
ESPECÍFICO (95%) para LES, além de apresentar importante relação com a 
ATIVIDADE da doença (altos níveis estão relacionados a nefrite lúpica) – está 
presente em 70-75% dos pacientes. Já o anti-DNA hélice única é INESPECÍFICO e 
pode estar presente em diversas DOENÇAS AUTOIMUNES! 
 
➔ Anti-Sm – o antígeno Sm (Smith) é uma proteína que se encontra ligada a pequenas partículas de RNA 
nuclear, sendo MUITO ESPECÍFICA para LES – alguns autores consideram o anticorpo MAIS ESPECÍFICO 
do LES (99% especificidade). Apesar de tudo isso, é uma proteína encontrada apenas em 30% dos casos 
e que não tem relação com a atividade da doença! 
 
➔ Anti-RNP – O antígeno RNP (ribonucleoproteína) também é encontrado ligado a pequenas partículas de 
RNA nuclear. Está presente em 40% dos casos de LES e, quando em altos títulos, tem relação com a 
DOENÇA MISTA DO TECIDO CONJUNTIVO (DMTC). 
 
➔ Anti-Ro (SS-A) e Anti-La (SS-B) – O antígeno Ro e La são fosfoproteínas ligadas a fragmentos de RNA 
nuclear. Os autoanticorpos contra esses antígenos geralmente aparecem JUNTOS. Ambos anticorposestão associados à SÍNDROME SECA (Sjogren) e apresentam correlação NEGATIVA com a nefrite lúpica1 
o Anti-Ro – presente em 30% dos casos de LES. Tem grande relação com o LÚPUS CUTÂNEO 
SUBAGUDO, FOTOSSENSIBILIDADE, VASCULITE e DOENÇA PULMONAR INTERSTICIAL. Gestantes 
lúpicas anti-Ro positivas tem maior chance de filhos com BLOQUEIO CARDÍACO CONGÊNITO ou 
LÚPUS NEONATAL 
o Anti-La – presente em 10% dos casos de LES 
 
➔ Anti-histonas – são autoanticorpos contra histonas (proteínas que se ligam ao DNA de dupla hélice). De 
acordo com o tipo de histona surgem anticorpos específicos que, por sua vez, têm maior especificidade 
para alguns fatores. Anti-H2 – LES farmacoinduzido por procainamida e quinidina; Anti-H1, H3, H4 – 
hidralazina, clorpromazina. 
 
➔ Anti-P – o antígeno P é uma proteína ligada aos ribossomos – os anti-P estão presentes em 20% dos 
casos de LES, havendo uma correlação com PSICOSE LÚPICA E DEPRESSÃO. 
 
➔ Anticorpos Antimembrana – são autoanticorpos que se ligam a ANTÍGENOS DA 
SUPERFÍCIE de alguma célula. Os principais exemplos são anticorpos anti-
hemácia IgG (60%), antilinfócito (70%), antiplaqueta (30%) e antineuronais (60%). 
Algumas correlações laboratoriais e clínicas nesses casos: anti-hemácia + 
anemia hemolítica coombs positiva; antiplaqueta + trombocitopenia autoimune; 
antilinfócitos + linfopenia. 
 
➔ Antifosfolipídio – Composto por anticoagulante lúpico, anticardiolipina e anti-beta2glicoproteína1. A 
presença desses anticorpos marca SÍNDROME ANTIFOSFOLIPÍDIO! 
–
 
 12 
 
 
 
Tratamento 
Nos anos 50, a sobrevida média em 2 anos do LES era de 40% dos pacientes, enquanto, 
atualmente, cerca de 90% dos pacientes vivem por mais de 10 anos! Essa mudança no 
padrão de morbidade deve-se ao DIAGNÓSTICO PRECOCE e ao ADVENTO DE 
CORTICOESTEROIDES E IMUNOSSUPRESSORES. Diante disso, os objetivos gerais do 
tratamento incluem: CONTROLE DOS SINTOMAS, PREVENÇÃO/REDUÇÃO 
COMPLICAÇÕES, AUMENTO DA SOBREVIDA. 
➔ Medidas Gerais – Os portadores de LES necessitam de REPOUSO RELATIVO (devido à fadiga), sendo 
10h de sono por noite + cochilos à tarde suficientes. As atividades físicas devem ser correlacionadas ao 
grau de atividade da doença, sendo que NUNCA DEVEM CAUSAR EXAUSTÃO. Diante da possibilidade 
e probabilidade de manifestações cutâneas, os pacientes lúpicos devem UTILIZAR PROTETOR SOLAR e 
evitar medicamentos que potencializem os efeitos da luz ultravioleta, como tetraciclinas e psoralenos. 
Como a presença de LES, por si só, é um agravante cardiovascular, diversas medidas para redução dos 
fatores de risco adicionais (cardiovasculares) devem ser adotadas – controle da pressão arterial (PA), 
monitorização da glicemia e perfil lipídico, dieta saudável, abandono do tabagismo... Quanto ao lúpus 
farmacoinduzido, não existem evidências científicas que sustentem a necessidade de EVITAR esses 
medicamentos naqueles pacientes JÁ PORTADORES DE LES. 
o Imunização Ativa – até pouco tempo acreditava-se que as vacinas induziam SURTOS DE ATIVIDADE 
lúpica, sendo, portanto, contraidicadas. Atualmente, as evidências demonstram que as vacinas 
ANTIPNEUMOCÓCCIA e ANTI-INFLUENZA inativadas são seguras. O problema com a imunização 
ativa é que os níveis de anticorpos protetores após a vacinação são INFERIORES ao da população 
saudável. 
 
 
 
 
 
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Arsenal Terapêutico 
➔ Antimaláricos – Hidroxicloroquina (até 400mg/dia ou 5mg/kg/dia) ou Cloroquina (250-500mg/dia) – A 
IMUNOMODULAÇÃO é capaz de reduzir a FADIGA, ARTRITE e a 
RECIDIVA, poupando o uso de corticoides, além de apresentar um efeito 
antitrombótico e hipolipemiante. O exame oftalmológico inicial e depois 
anual (trimestral se usar cloroquina – efeito tóxico) deve ser realizado, 
uma vez que os antimaláricos possuem toxicidade retiniana! Nos 
pacientes assintomáticos, são indicadas DOSES PROFILÁTICAS visando 
a redução do número de recidivas. 
 
➔ Antiinflamatórios Não Esteroidais (AINEs) – Auxiliam no controle das 
manifestações MUSCOLOESQUELÉTICAS e nas SEROSITES, sendo a 
meningite asséptica um efeito colateral clássico (principalmente quando 
utiliza-se ibuprofeno). Deve-se suspeitar de TOXICIDADE HEPÁTICA E 
RENAL mediante elevação de aminotransferases e escórias nitrogenadas. 
Os pacientes lúpicos possuem maior risco de HIPERTENSÃO ARTERIAL AGRAVADA OU INDUZIDA por 
uso de AINES. Ao menor sinal de nefrite lúpica, os AINEs devem ser interrompidos!!! 
 
➔ Corticoesteroides - Os corticosteroides representam a pedra angular da terapêutica do lúpus. São 
empregados em formulações TÓPICAS (hidrocortisona, triancinolona e betametasona) para o rash 
lúpico, INTRALESIONAIS (lúpus discoide), ORAIS (prednisona) e PARENTERAIS (metilprednisolona). 
o A ação dos corticoides é dose-dependente. Quando se pretende um efeito eminentemente anti-
inflamatório, devemos prescrevê-los em doses baixas (0,5 mg/kg/dia). Altas doses (1-2 mg/kg/dia) 
devem ser utilizadas objetivando um estado de imunossupressão. 
o Osteoporose - O paciente lúpico tem risco aumentado de 
osteoporose, tanto pelo uso de corticoides quanto pelo baixo 
grau de atividade física e pouca exposição ao sol. Recomenda-
se REPOSIÇÃO DE CÁLCIO (1.500 mg/d) e VITAMINA D (800 
U/d) nas pacientes em menopausa e em todos os usuários de 
corticoides; a prescrição de BISFOSFONADOS EM DOSES 
PROFILÁTICAS (ex.: alendronato 35 mg/semana) agora faz parte 
das recomendações para quaisquer pacientes que utilizem 
corticoides em doses ≥ 5 mg/dia de prednisona (ou equivalente) 
por MAIS DE TRÊS MESES. 
o Suspensão – a suspensão dos corticoides deve resultar em dois 
eventos que devem ser lembrados: EXACERBAÇÃO DA DOENÇA 
e INSUFICIÊNCIA SUPRARRENAL AGUDA. 
o Obs: É importante lembrar que, sempre que um paciente for 
candidato à pulsoterapia com metilprednisolona, existe risco de 
ESTRONGILOIDÍASE DISSEMINADA (ou síndrome da 
hiperinfecção) em pacientes previamente infestados pelo parasita 
intestinal S. stercoralis, o que é relativamente comum em nosso 
meio. A ivermectina mostrou em um estudo comparativo 
resultados superiores ao tiabendazol, sendo prescrita na dose de 200 mcg/kg durante dois dias 
consecutivos. 
 
 
 
 
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➔ Citotóxicos – Drogas como a CICLOFOSFAMIDA, MICOFENILATO e AZATIOPRINA são associadas aos 
corticoides no tratamento das manifestações mais GRAVES, como glomerulonefrites proliferativas! 
o Ciclofosfamida - A ciclofosfamida tem como principais paraefeitos: (1) cistite hemorrágica; (2) fibrose 
e transformação neoplásica das células epiteliais da bexiga; (3) toxicidade à medula óssea; (4) 
azospermia e (5) toxicidade ovariana. A prevenção da esterilidade pode ser feita com análogos de 
GnRH antes de cada dose de ciclofosfamida... 
o Micofenolato - O micofenolato é relativamente mais seguro, e tem como principais efeitos adversos 
intolerância gastrointestinal (particularmente diarreia), supressão medular (anemia, leucopenia e 
trombocitopenia) e infecções oportunistas. 
o Azatioprina - A azatioprina pode ser associada aos glicocorticoides nos esquemas de indução da 
remissão, porém, por ser menos eficaz que a ciclofosfamida e o micofenolato, SEU EMPREGO É 
RESERVADO AOS CASOS DE INTOLERÂNCIA àquelas drogas ou indisponibilidade das mesmas. Seus 
paraefeitos são semelhantes aos do micofenolato. 
o Metotrexate – pode ser utilizado em manifestações cutâneo-articulares, mas não para a remissão. 
 
➔ Belimumab - um anticorpo monoclonal totalmente humano que inibe a atividade do FATOR 
ESTIMULADOR DE LINFÓCITOS B uma citocina envolvida na patogênese do LES. Os estudos que 
validaram o belimumab demonstram que a associação deste fármaco é benéfica em pacientes com LES 
cutâneo e/ou musculoesquelético que vinham em uso de combinações variadas de AINEs, antimaláricos, 
corticoides e imunossupressores (ex.: micofenolato, azatioprina), mas que NÃO OBTINHAM UM 
CONTROLE ADEQUADO das manifestações da doença 
 
• Tratamentodo LES de acordo com cada manifestação 
➔ Lúpus Cutâneo – Lembre-se que os antimaláricos possuem bons resultados para o tratamento de lesões 
cutâneas! Nas lesões de pele bem localizadas devem ser tratadas inicialmente com COSTICOSTEROIDES 
TÓPICOS, inicialmente de baixa potência (ex.: hidrocortisona), podendo-se aumentar a potência em 
caso de insucesso (ex.: betametasona = média potência). Os corticoides tópicos mais potentes são os 
fluoretados (ex.: clobetasol), mas eles possuem um importante inconveniente: seu uso prolongado (> 2 
semanas) pode causar ATROFIA DA PELE, o que se torna particularmente limitante para o tratamento de 
lesões localizadas na face. 
 
➔ Lúpus Articular e Muscular - As artralgias, artrites e mialgias respondem muito bem 
aos AINEs convencionais (ex.: ibuprofeno, diclofenaco), bem como aos inibidores 
da COX-2. Nos casos refratários, pode-se lançar mão da PREDNISONA EM DOSES 
BAIXAS/INTERMEDIÁRIAS (de ≤ 7,5 mg/dia até 30 mg/dia) ou iniciar os 
ANTIMALÁRICOS (hidroxicloroquina, cloroquina), para reduzir a dose do AINE e 
poupar corticoides. Nos casos de artrite intensa e refratária, pode-se lançar mão 
do metrotexate, geralmente com boa resposta. 
 
➔ Serosite Lúpica - A pleurite, a pericardite e os derrames serosos devem ser tratados com AINES ou 
corticosteroides orais em doses anti-inflamatórias. 
 
➔ Formas Graves - As principais formas de LES que ameaçam a vida do paciente são: nefrite, acometimento 
do SNC, miocardite, pneumonite, vasculite sistêmica, anemia imuno-hemolítica e trombocitopenia. A base 
da abordagem terapêutica nesses casos é a IMUNOSSUPRESSÃO AGRESSIVA, realizada com 
corticosteroides em altas doses associados ou não aos imunossupressores citotóxicos. 
o Lúpus Renal - Os corticosteroides sempre estão indicados no tratamento da nefrite lúpica. Nos casos 
brandos (classe III leve), a dose de 0,5 mg/kg/dia de prednisona deve ser utilizada, em geral com 
ótima resposta. Nos casos mais graves (classe III grave ou IV), a dose deve ser alta (1-2 mg/kg/ dia), 
e nos casos de glomerulonefrite rapidamente progressiva, a pulsoterapia com metilprednisolona está 
indicada. Os imunossupressores têm papel decisivo no tratamento da nefrite lúpica, e são feitos em 
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 15 
 
associação ao corticoide nos casos graves. A abordagem é dividida em INDUÇÃO DA REMISSÃO E 
MANUTENÇÃO DA REMISSÃO – na indução da remissão a droga mais utilizada é a ciclofosfamida. 
 
o Lúpus no SNC - A psicose lúpica, a vasculite do SNC e a mielite transversa devem ser tratadas com 
PREDNISONA EM ALTAS DOSES OU PULSO DE METILPREDNISOLONA. Os imunossupressores 
citotóxicos (especialmente a ciclofosfamida) estão indicados nos casos graves e recidivantes de 
neurolúpus, ou que necessitem de altas doses de manutenção do corticoide. 
▪ Psicose por corticoide - Às vezes, é difícil a diferenciação entre psicose lúpica e psicose induzida 
pelo corticoide. Deve-se ressaltar que a psicose pelo corticoide geralmente surge nas primeiras 
semanas de tratamento, quando a dose ultrapassa 40 mg/dia de prednisona ou equivalente... 
Seja como for, a conduta nesses casos é a redução do corticoide, se possível, observando a 
evolução do quadro. 
 
➔ Lúpus na Gestação - A princípio, devemos considerar a gestação de uma 
lúpica como GRAVIDEZ DE ALTO RISCO, devido ao aumento da incidência 
de complicações tanto para a mãe como para o feto ou recém-nato (aborto 
espontâneo, natimorto, prematuro). O que se sabe é que as lúpicas com 
doença ativa, especialmente quando possuem COMPROMETIMENTO 
RENAL E/OU HIPERTENSÃO ARTERIAL, estão sob risco de piora dos sintomas 
e da disfunção renal. Por isso, recomenda-se que as mulheres com LES só 
devam engravidar após um período de pelo menos seis meses de remissão 
da doença. Aquelas que apresentam nefrite lúpica devem ser 
desaconselhadas a engravidar. Durante a gravidez, o tratamento dos sinais 
e sintomas do LES deve ser feito principalmente com AINEs, corticosteroides 
e hidroxicloroquina. A ciclofosfamida, o metotrexate e o warfarin (antes da 
14ª semana, principalmente) são contraindicados pelo risco de teratogênese. 
o Contraceptivos - os contraceptivos orais contendo estrógenos em doses altas aumentam a chance de 
exacerbação do LES. Entretanto, estudos recentes mostraram que estrógenos em baixas doses (<35 
mcg de etinilestradiol) podem ser bem tolerados, associando-se à ocorrência de atividade lúpica em 
apenas 15% dos casos, não muito diferente da população lúpica geral. 
 
• Lúpus Farmacoinduzido 
Em indivíduos geneticamente predispostos, a exposição a certas drogas pode ocasionar reações de natureza 
“autoimune” que produzem manifestações clínicas parecidas com as do lúpus eritematoso sistêmico. 
 
 
 
 
 
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 16 
 
 
Referências 
• Medcurso 2019, Reumatologia Volume 2 
• BERTSIAS, G., CERVERA, R., BOUMPAS, D. Systemic Lupus Erythematosus: Pathogenesis and 
Clinical Features 
• Lahita G, ed. Systemic lupus erythematosus, 5th edn. Amsterdam: Elsevier, 2011

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